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Silva Neto, Manoel Jorge - Curso de Direito Constitucional

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Academic year: 2021

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(1)DIREITO. CONSTITUCIONAL. Atualizado ate a EC 52/2006. 23 edil;30. •. Lumen ~~~JurislGf;itora.

(2) I I,. ,. MANDEL JORGE E SILVA NETO. Professor de Direito Constitucional nos Cursos de Gradua~ao e P6s·Gradual;ao (Mestrado e DOlltorado) da F'acuJdade de Duelto da Universidade Federal da Bahia. Mestre e DOlltO!. em Direito Constitllcional pela PUC/SF.. Procurador do Ministerio PUblico do Trabalho (BA).. Membra da Academia Nacional de Direito do Trabalho (ANDT) (Cadeira nO 64). CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL Atualizado ate a EC n Q 52/2006 22 edic;:ao. EDITORA LUMEN JURIS. Rio de Janeiro. Outubro de 2006.

(3) Copyright © 2006 by Manoel Jorge e Silva Neto. Produ~ao Editorial Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.. A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA. nao se responsabiliza pela originalidade desta obra. nem pelas opini6es nela manifestadas por seu Autor.. reprodu~ao total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanta as caracteristicas. graficas e/ou editoriais. A vio]at;ao de direitos autorais. constitui crime (C6digo Penal, art. 184 e §§, e Lei nO 6.895, de 17/12/1980), sujeitando-se a busca e apreensao e indeniza~6es diversas (Lei n Q 9.610/98).. E proibida a. Todos as direitos desta edit;ao reservados a. Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.. Impressa no Brasil. Printed in Brazil. ~. ii.

(4) ~. Sumario. Nota a Primeira Edic;:ao Nota a Segunda Edigao. , xxvii ... xxix. Capitulo 1 - Teoria da Constituigiio 1.1. Justificativa para uma Teoria da Constitui9ao......................................... 1.2. Conteudo da Teoria da Constituigiio 1.3. Problemas da Teoria da Constitui9iio......................................................... 3. 3. 4. 5. Capitulo 2 - Poder Constituinte...... 2.1. Introdu9iio......................................................................... 2.2. Legitimidade do Poder Constituinte 2.3. A Formulagiio Te6rica de Sieyes. 7. 7. 7. 9. Parte I. Teoria da Constituigiio e Controle de ConstitucionaJidade. 2.4. Natureza, Caracteres e Titularidade do Poder Constituinte.................... 12. 2.5. Especies de Poder Constituinte................................................................. 2.5.1. Poder Constituinte Derivado e Poder Constituinte Decorrente:. Express6es EquivDcas? ".......... 2.6. Limita90es ao Poder de Reforma 2.7. Muta9iio Constitucional.............................................................................. 2.7.1. Conceito.............................................................................................. 2.7.2. Divergemcia Terminologica na Doutrina 2.7.3. Caracteres da Muta9iio Constitucional........................................... 2.7.4. As Constitui96es Flexiveis Podem Sofrer Muta9iio Constitu­ cional?.................................................................................................. 13. 17. 18. 22. 22. 23. 23. Capitulo 3 - Constitui9iio 3.1. Conceito.............. 3.2. Concep90es Sobre as Constitui90es.......................................................... 3.2.1. A AceP9iio Sociol6gica de Constitui9iio 3.2.2. 0 Sentido Politico de Carl Scbmitt 3.2.3. A Concep9iio Juridica de Hans Kelsen 3.2.4. A ConceP9iio de Constituigiio Total.. 3.3. Classifica9iio das Constitui90es 3.4. Objeto e Conteudo das Constitui90es....................................................... 3.5. Elementos das constitui90es. 25. 25. 25. 25. 27. 28. 29. 30. 34. 35. 24. xiii.

(5) Capitulo 4 - Hist6ria do Constitucionalismo .. 4.1. Justificativa do Capitulo . 4.2. a Surgimento da ProtcqBo aos Direitos Fundamentais . 4.3. a Constitucionalismo Chlssico e a Revoluq8.o Ftancesa . .. 4.3.1. a Constitucionalismo Classico e a Racionaliza<;ao do Poder 4.4. A Derrocada do Constitucionalismo Classico e 0 Surgimento do Cons­ titucionalismo Social. .. .. 4.5. Fundamentos do Constitucionalismo Social . 4.6. Importancia do constitucionalismo social .. 4.7. Evolugao .. .. 4.7.1. As Constitui90es Liberais dos Seculos XVIII e XIX .. 4.7.2. As Constitui90es do Seculo XX 4.7.2.1. A Constituigao do Mexico de 1917 . 4.72.2. A Constitui9ao de Weimar .. 4.7.2.3. A Constituigao da Italia de 1947 .. 4.8. Constitucionalismo Social no BrasH .. 4.9. A Constituigao Europeia de 2003: Constituigao sem Estado? ... Capitulo 5 - Historico das Constituigoes Brasileiras 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. 5.5. 5.6. 5.7. 5.8.. Razao do Tratamento Especifico do Tema A Constituigao Imperial de 1824 A Constituigao Republicana de 1891 A Constituigao de 1934 A Constituigao de 1937.................. ... A Constituigao de 1946 A Constituigao de 1967 A Constituigao de 1969. .. ... . . .. . . . .. Capitulo 6 - Interpreta<;ao da Norma Constitucional .. 6.1. Introdu9ao .. 6.2. Interpretaqao da Norma .. . 6.2.1. Interpretagao e HermenEmtica 6.2.2. Limites a Interpretaqao . 6.2.3. A Tese da Unica Interpreta9ao Correta .. 6.2.4. Processos Classicos de Interpretaqao da Norma .. 6.3. Tecnicas de lnterpretagao Constitucional.. .. 6.3.1. Interpretaq8.o Constitucional em Sistema de Commom Law .. 6.3.2. Neoconstitucionalismo e Tecnicas de Interpretaq8.o Constitu­ cional................................................. . . 6.3.2.1. 0 Metodo Topico e a'Interpretagao Constitucional . 6.3.2.2. A Interpreta<;ao Constitucional e 0 Pensamento Possibi­ !ista de Haberle .. 6.3.2.3. A Semiologia e a Interpreta<;ao Constitucional . 6.3.2.4. A Tecnica de Ponaeragao de Interesses .. . 6.4. Principios de Interpretagao Constitucional. 37 37 37 39 40 41. 42. 45. 48. 48. 49. 49. 50. 52. 53. 58. 61 61 61 64 66 68 69 70. lI t. 72. 75 75 77 79 80 81 82 88 89 91 92 98 98 102 103. xiv. -.

(6) ,. 6.4.1. 6.4.2. 6.4.3. 6.4.4. 6.4.5. 6.4.6. 6.4.7. 6.4.8.. 0 0 0 0 0 0 0 0. Principia Principia Principia Principia Principia Principia Principia Principia. da da do da da da da da. Unidade...................................... Concordi'mcia Pratica Efeito Integrador Corregao Funcional.................................................. Interpretagao Conforme a Constituigao Coloquialidade Maxima Efetividade................................................. Proporcionalidade. 108. 109. 110. 110. 111. 113. 114. 115. Capitulo 7 - Aplicabilidade das Normas Constitucionais .. 7.1. Constituigao em Sentido Material e Formal............................................. 7.1.1. Distingao Necessaria entre Eficacia, Aplicabilidade, Validade, Vigemcia, Vigor e Exist€mcia .. ,......................................................... 7.1.2. A Vigencia, a Eficacia e a Retroagao da Norma Constitucional.. 7.2. A Nova Ordem Constitucional em Face da Anterior: Recepgao, Revo­ gagaa, Repristinagao e Desconstitucionalizag8.o 7.3. Evolugao Te6rica da Eficacia Constitucional 7.3.1. A Eficacia na Moderna Doutrina Constitucional........................... 7.3.1.1. A Doutrina Brasileira e a Moderna Teoria da Eficacia. Constitucional.............. 7.4. A Supereficacia das Normas Constitucionais de Direito Social............. 7.5. Efeitos das Normas Constitucionais Programaticas 7.5.1. 0 Direito Fundamental ao Minima Existencial.............................. 7.6. Eficacia do Preambulo 7.7. Norma Constitucional com Eficacia Plena.............................................. 7.8. Norma Constitucional com Eficacia Relativa Restringivel..................... 7.9. Norma Constitucional com Eficacia Relativa Complementavel............. 7.10. A Constitucionalizagao Simb6Iica............................................................ 7.10.1. Constitucionalizagao Simb6lica, Autopoiese e Alopoiese. 119. 119. Capitulo 8 - Controle de Constitucionalidade 8.1. Supremacia da Constituigao 8.2. Tipos de Inconstitucionalidade.................................................................. 8.3. Momentos para a Efetivagao do Controle de Constltucionalidade ....... 8.4. Sistemas de Controle RepressivD das Normas Inconstitucionais.......... 8.5. 0 Controle de Constitucionalidade no Direito Estrangeiro 8.6. Evolugao do Controle de Constitucionalidade no Brasil.............. 8.7. Modos de Exercicio do Controle Jurisdicional no Brasil......................... 8.7.1. 0 Controle Difuso 8.7.2. 0 Controle Concentrado 8.7.2.1. A Fiscalizagao Direta da Constitucionalidade no Brasil.. 8.7.3. A Argiiigao de Descumprimento de Preceito fundamentaL....... 8.7.4. Parametro de Controle de Constitucionalidade no Brasil............. 8.8. A Participagao do Senado no Controle de Constitucionalidade 8.9. 0 Controle de Constitucionalidade e a Pertinencia Tematica.... 120. 127. 128. 129. 134. 137. 144. 147. 149. 151. 153. 153. 155. 156. 156. 159. 159. 160. 162. 163. 164. 166. 167. 168. 168. 169. 176. 179. 180. 183. xv.

(7) 8.10. 0 Procedimento na Fiscalizagao Abstrata da Constitucionalidade..... 8.11. Distin~ao entre eficacia erga omnes e efeito vinculante.,............ 8.12.0 Cantrole de Constitucionalidade e a Principia da Simetria... 8.13. Efeitos da Declara~ao de Inconstilucionalidade 8.14. a Poder Executivo e as Leis Inconstitucionais 8.15. Coisa Julgada e Controle de Constitllcionalidade............................ 8.16 Controle de Constitucionalidade e Normas Revogadas.......... 186 192 194. 197 201. 202 205. Parte II. do Estado Brasileiro. Poderes Executivo, Legislativo e. JUdiciario. Fun~6es Essenciais a Justi~a. Tributa~ao e Or~amento. Organiza~ao. Capitulo 9 ~ Principios Fundamentais , "............... 9.1. Justificativa do Capitulo............................................... 9.2. as Principios Fundamentais como Normas Juridicas.. 9.2.1. Os Principios Fundamentais em Especie. Republica, Federac;ao e Estado Democn'ltico de Direito............................................... 9.2.1.1. Os Fundamentos do Estado Brasileiro...... .. . 9.2.1.1.1. A Soberania .......... 9.2.1.1.2. A Cidadania....................................... 9.2.1.1.3. A Dignidade da Pessoa Humana....... 9.2.1.1.4. Os Valores Sociais do Trabalho e da Livre Ini­ ciativa......................................................... 9.2.1.1.5.0 Pluralismo Politico............................. 9.2.1.2. 0 Paragrafo Unico do art. 10 da Constitui~ao 9.2.1.3. a art. 2.Q da Constitui\fao e a Triparti~ao das Fun~oes Estatais 9.2.1.4. Os Objetivos Fundamentais da Republica Federativa do Brasil (art. 32) 9.2.1.5.0 Art. 40 e as Rela,oes Internacionals. Capitulo 10 - Organiza,ao do Estado Brasileiro............................................ 10.1. Considerac;oes Iniciais sobre a Forma Federativa de Estado ".. 10.1.1. Natureza Juridica do Estado federaL.......................................... 10.1.1.1. Teoria da DivisilO da Soberania ou da Dupla Sobe­ rania............................ .. . 10.1.1.2. Teoria do Direito dos Estados-membros 10.1.1.3. Teoria da Participac;ao dos Estados-membros na For­ ma~ao da Vontade do Estado Federal ou Teoria do Estado Unitario Qualificado........................................... .. 10.1.1.4. Opiniao.............. 10.2.0 art. 18 da Constitui~ao e a Organiza~ao do Estado Brasileiro 10.3. Os Territorios na Constitui~ao de 1988.................................................... 10.4. a Distrito Federal.................. 10.4.1. A Ouestao da Autonomia DistritaI.... xvi. 209. 209. 210. 210. 216 216. 221. 222. 224 225. 226 228 229 233 239. 239. 240. 240 241. 242 242. 243 244. 245. 246. ---.

(8) ... •. 10.4.2. Organiza,ao do Distrito FederaL................................................. 105. Os Municipios 10.5.1. A Lei Orgi'mica Municipai 10,5.2. A Controversia sabre a Inclusao dcs Municipios na Federagao Brasileira .. 10.5.3. Criac;ao, Incorpora,ao, Fusao e Desmembramento de Muni­ cipios................................................................................................ 10.5.4. Competi'mcias dos Municipios...................................................... 10.6.As Veda,6es Impastas aas Entes da Federa,ao Brasileira................... 10.6.1. Os Documentos Publicos e 0 Art. 19, II....................................... 10.6.2. 0 Art. 19, III, eo Principio da Isonomia entre Brasileiras ......... 10.7. Os Estadas na Federa,ao Brasileira......................................................... 10.7.1. Bens dos Estados 10.7.2. Paderes Legisiativa, Executivo e Judiciario dos Estados-Mem­ bras 10.8. A Uniao na Federa,ao Brasileira 10.8.1. Bens da Unii'lo.... Capitulo 11 - Competencias na Federa,ao brasileira..................................... 11.1.1ntraduc;ao. 11.2. A Teoria das Poderes Implicitos 11.3. A Teoria da Predominancia do Interesse..................................... 11.4. As Competencias em Esp;,cle 11.4.1. Competencias Exclusivas......................................... 11.4.2. CompetEmcias Privativas '................... 11.4.2.1. Requisitos a Delega,ao da Competencia Privativa.... 11.4.3. Competencias Comuns.................................................................. 11.4.4. Competencias Concorrentes............................................... 11.4.4.1. A Competencia Suplementar................................ 11.4.5. Cornpct€mcia Residual eu Rernanescente '.. «... 247. 248. 248. 251. 252. 254. 256. 256. 256. 257. 260. 260. 263. 263. 267. 267. 267. 269. 270. 270. 273. 276. 279. 282. 285. 286. Capitulo 12 - Interven,ao Federal...................................... 289. 12.1. a Principia da Nao-Intervengao 289. 122. Caracteres da Intervenc;ao Federal.......................................................... 290. 12.3. Esp;,cies de Interven,aa 290. 12.3.1. A Interven,ao Espontanea............................................................ 290. 12.3.2. A Interven,ao Provocada 293. 12.3.2.1. A Requisigao Prevista no Art. 36, II, e a Obrigatorie­ dade da Edi,ao do Decreto Interventivo pelo Presi­ dente da Republica......................................................... 294. 12.3.3. A,ao Direta de Inconstitucionalidade Interventiva 296. 12.3.3.1. Hipoteses de Cabimento................................................ 297. 12.4. Controle Politico da Intervcng<1o 298. 12.5. Manifesta,ao do Conselho da Republica ou do Conselho de Defesa. Nacional "............................................................... 299. xvii.

(9) Capitulo 13 - Divisiio das Fungoes Do Estado. 13.1. Critica a "Tripartigiio" do Poder. 13.2. Evolugiio Te6rica da Tripartigiio das Fungoes Estatais. 13.3. Presidencialismo e Parlamentarismo. Caraeteres. . . .. , .. 301 301 302 304. Capitulo 14 - Poder Legislativo. . 14.1. a Pader LegislativD. Bicameralismo Federativo. Funcionamento do. Congresso Nacional , . 14.2.0rganizagiio . 14.2.1. As Comissoes Parlamentares de Inquerito . 14.2.1.1. As Comissoes Parlamentares de Inquerito no Direito. Constitucional Estrangeiro. Origem .. , . 14.2.1.2. As Comissoes Parlamentares de Inquerito na Consti­ tuigiio Brasileira de 1988 .. . 14.2.1.3. Pressupostos Constitucionais a Criagiio de CPI 14.3. Atribuig6es e Competencias Exclusivas do Congresso Nacional.. . 14.4. A Ciimara dos Deputados . 14.5.0 art. 50 da Constituigiio e a Fiscalizagiio do Poder Executivo .. 14.6.0 Senado .. 307. 14.7. Prerrogativas Parlamentares. .. . 14.7.1. Justilicativa .. 14.7.2. Especies de Prerrogativas 14.7.2.1. Imunidade material ou inviolabilidade .. 14.7.2.2. Imunidade Formal ou Processual .. .. 14.7.2.3. Privil<,gio de Foro 14.7.2.4. Parlamentares e Dever de Testemunhar .. .. 14.7.2.5. Isengiio do Servigo Militar .. 14.8. Vedagoes Parlamentares. As Incompatibilidades 14.9. Perda do Mandato Parlamentar .. 14.10. 0 Principio da Unidade de Legislatura e a Perda do Mandato .. 14.11. Fiscalizagiio contilbil, linanceira e orgamentaria. 0 Tribunal de Contas da Uniao. Composigao ,. . .. 14.11.1. Competencia do Tribunal de Contas da Uniiio. .. 14.11.2. 0 Sistema de Controle Interno. . 14.11.3. Tribunais de Contas Estaduais e Municipais. Capitulo 15 - 0 Processo Legislativo. .. 15.1. 0 Processo Legislativo. Conceito e Natureza Juridica. . 15.2.0 art. 59 da Constituig8.o e a Hierarquia das Especies Normativas .. . 15.3. Especies de Processo Legislativo 15.4.0 Rito no Processo Legislativo Ordinaria . . 15.4.1. A Iniciativa: Reservada ou ExcIusiva e Concorrente xviii. 307. 308. 310. 310. 312. 317. 319. 320. 323. 324. 326. 326. 327. 327. 329. 331. 332. 332. 332. 334. 335. .,. 336 337 339 339 341 341 341. 342. 343. 344. , :i.

(10) ... 15.4.2. Discussao e Votagao 15.4.3. Revisao: Aprovagao, Emendas e Rejeigao................................... 15.4.4. A Intervengao Presidencial no Processo Legislativo Brasileiro. A Sangao.......................................................................................... 15.4.4.1. 0 Defeito de Iniciativa e a Teoria da Convalidagao Condicionada... 15.4.4.2. 0 veto 15.4.5. Promulgagao e Publicagao............... 15.5.0 Rito no Processo Legislativo EspeciaL............................................... 15.6.0 Processo Legislativo e as Leis Delegadas........................................... 15.7. Os Decretos Legislativos e as Resolugoes 15.8.0 Processo Legislativo e as Medidas Provis6rias 15.8.1. A Edig;lO de Medidas Provis6rias Ap6s a EC nO 32/01....... 345 345. 346 347 348 349. 349. 350. 352 354 357. Capitulo 16 - Poder Executivo 16.1. Introdugao 16.2. Classificagao 16.3. Titular do Poder Executivo no Brasil........................................................ 16.4. Classificagao das Atribuigoes do Presidente da Republica 16.5. Eleigao do Presidente da Republica. Condigoes de Elegibilidade. Mandato. Prazo para a Posse. Substitutos do Presidente da Republi­ ca. Impedimento/Vacancia e 0 art. 80 da Constituigao 16.6. Responsabilidade do Presidente da Republica 16.7. Amplitude do § 40 do Art. 86..................................................................... 361 361 361 362. 362. Capitulo 17 - Administragao Publica............................................................... 17.1. Introdugao. A Fungao Administrativa. Administragao Publica Direta e Indireta 17.2. Principios Constitucionais da Administragao Publica 17.2.1. 0 Principio da Legalidade 17.2.2. 0 Principio da Impessoalidade 17.2.3. 0 Principio da Moralidade... 17.2.4. 0 Principio da Publicidade 17.2.5. 0 Principio da Eficiencia 17.3. Questoes Constitucionais sobre os Servidores Publicos 17.3.1.0 Art. 37, I, eo Acesso aos Cargos, Empregos e Fungoes PU­ blicas................................................................................................ 17.3.2.0 Art. 37, II, e 0 Concurso Publico 17.3.3. 0 Exame do Art. 37, Incisos II e IX, e os Problemas da Contra­ tagao de Servidores Temporarios 17.3.4. Concurso PUblico: Readmissao, Reversao e Transposigao it Luz do Art. 37, II, da Constituigao....................................................... 17.3.4.1. Consideragoes sobre a Transposigao do Regime Cele­ tista para Estatutario. 369. 363 364 367. 369 371 371 372 375 376 378 380 381 382 385 388 389 xix.

(11) 17.3.5. 0 Art. 37, II, e 0 Problema dos Requisitos Fixados em Edital.. 17.3.6. Greve nO Servigo Publico............................................................... 17.3.7. Valor Maximo para Remuneragoes e Subsidios 17.3.8. Acumulagao de Cargos publicos 17.3.9.0 § 3Q , I, do Art. 37 e 0 Direito de Reclamagao.................. 17.3.10.0 Art. 41 e a Estabilidade dos Servidores Publicos.................. ,. 391. 391. 394. 396. 396. 397. Capitulo 18 - Poder Judiciario 18.1. Organizagao do Poder Judiciario Brasileiro 18.1.1. 0 STF e Corte Constitucional? 18.2. A Fungao Judicial. Fungoes Tipicas e Atipicas do Poder Judiciario 18.3. 0 Art. 93 e a Organizagao da Magistratura Nacional 18.4. Juizados Especiais e Justiga de Paz 18.5. Autonomia Administrativa e Financeira do Poder Judiciario 18.6. A Constituigao e 0 Regime de Precatorios 18.7. Garantias. Vedagoes Constitucionais Impostas aDs Juizes 18.8. Compet€ m cias do Supremo Tribunal Federal.......................................... 18.9.0 Supremo 'lribunal Federal e a Sumula Vinculante.............................. 18.10.0 Conselho Nacional de Justiga 18.10.1. Atribuigoes do Conselho Nacional de Justiga 18.11. 0 Superior Tribunal de Justiga............................................................... 18.11.1. Competencias do Superior Tribunal de Justiga 18.12. as Tribunais Regionais Federais e os Juizes Federais 18.12.1. Competencia dos Tribunais Regionais Federais....................... 18.12.2. Competencia dos juizes federais................................................ 18.13. Os Tribunais e Juizes do Trabalho 18.13.1. Competencia da Justiga do Trabalho......................................... 18.13.1.1. Os Dissidios Coletivos e a Competencia da Justiga. do Trabalho 18.13.2. Os Tribunais Regionais do Trabalho 18.14. Tribunals e Juizes Eleitorais................................................................ 18.15. Tribunais e Juizes Militares 18.15.1. Competencia da Justiga Militar................................................. 18.16. Tribunais e Juizes dos Estados 18.16.1. Competencia da Justiga Estadual.............................................. 18.16.2. Funcionamento da Justiga Estaduai.......................................... 18.17. Disciplina Constitucional dos Servigos Notariais e de Registro ......... 405. 405. 405. 406. 407. 411. 412. 413. 416. 417. 418. 420. 421. 424. 424. 426. 427. 427. 430. 431. CapitUlo 19 - Fungoes Essenciais a Justiga.................................................... 19.1. a Principia da Inercia da Jurisdigao e as Fungoes Essenciais a Jus­ tiga 19.2.0 Ministerio Pilblico.................................................................................. 19.2.1. Principios Institucionais "........................................................ 447. xx. \. I. 438. 440. 441. 442. 443. 443. 443. 444. 444. 447. 448. 449. ,r \,.

(12) 19.2.1.1. 0 Principio do Promotor NaturaL................................. 19.2.2. Autonomias Funcional, Administrativa e Financeira do Minis­ terio Publico................ 19.2.2.1. Alterac;:iio de Lei Complementar e Autonomia do Mi­ nisterio Publico............... 19.2.3. Organizac;:iio do Ministerio Publico no Brasil.............................. 19.2.3.1. 0 Conselho Nacional do Ministerio Publico................. 19.2.3.1.1. Atribuic;:oes do Conselho Nacional do Mi­. nisterio Publico.............................................. 19.2.3.1.2. Funcionamento do Conselho Nacional do. Ministerio Publico 19.2.4. Garantias Funcionais 19.2.5. Vedac;:oes 19.2.6. Func;:oes Institucionais.............................................. 19.2.7.0 Ministerio Publico Junto aos Tribunais de Contas...... 19.3. A Advocacia Publica.. 19.4. A Advocacia........... .. 19.5. A Defensoria Publica..... 19.5.1. A dimensiio atual do acesso a Justic;:a 19.5.1.1. Acesso a Justic;:a e a Defensoria Publica....................... 450. 455. 458. 460. 462. 463. 464. 464. 466. 468. 477. 478. 481. 482. 482. 483. Capitulo 20 - Estado de Defesa e Estado de Sitio 20.1. Introduc;:iio 20.2. Principios Atinentes ao Estado de Defesa e Estado de Sitio 20.3. Pressupostos Materiais a Decretac;:iio de Estado de Defesa e de Esta­ do de Sitio 20.4. Pressupostos Formais a DecretaC;:iio de Estado de Defesa e Estado de. Sitio 20.5.0 art. 139 e as restric;:6es aos direitos individuais. 485. 485. 485. 487. 488. Capitulo 21 - Tributac;:iio e Orc;:amento 21.1. 0 Sistema Constitucional e as Especies Tributiirias.............................. 21.2. Competencias Constitucionais 1hbutarias 21.3. Principios Constitucionais Tributarios 21.4. Impostos da Uniiio 21.5.lmpostos dos Estados e do Distrito Federal............................................ 21.6.lmpostos dos Municipios........................................................................... 21. 7. Repartic;:iio das Receitas Tributiirias 21.8. Financ;:as Publicas....................................................................................... 21.8.1. Normas Gerais sobre Financ;:as Publicas 21.8.2. 0 Sistema Constitucional Orc;:amentario 21.8.3. Classificac;:iio do Orc;:amento Publico............................................ 21.8.4. Principios Constitucionais On;amentarios 21.8.5. Vedac;:oes Orc;:amentiirias................................................................ 491. 491. 491. 492. 499. 499. 499. 499. 501. 502. 502. 504. 505. 506. 486. xxi.

(13) ParteID Direitos e Garantias Fundamentais - Ordem Economica e Financeira - Ordem Social Capitulo 22 - Teoria dcs Direitos Fundamentais 22.1. Justificativa do Capitulo . 22.2.0pgiio pela Expressiio "Direitos Fundamentais" . 22.2.1. Significado da Expressiio "Direitos e Garantias Fundamentais". 22.3. As Geragoes dos Direitos Fundamentais .. 22.4. Visao Critica das Direitos Fundamentais . . 22.5.Caracteres das Direitos Fundamentais 22.6. A Teoria das Limites Imanentes dcs Direitos Fundamentais ".. 22.7. A Materialidade dos Direitos Fundamentais . 22.8. A Eficacia Direta au Horizontal das Direitos Fundamentais .. 513. 513. 513. 515. 516. 517. 518. 518. 519. 520. Capitulo 23 - Direitos Individuais . 23.1. Vma Questao Inidal: as Destinatarios das Direitos Individuais . 23.2. Direito a Vida .. 23.2.1. Pena de Morte e Plebiscito .. 23.2.2. Direito a Vida e Aborto . 23.2.3. Direito a Vida e Eutam\sia . 23.3.0 Principia da Isonomia .. 23.3. L Discriminagiio Legitima e Ilegitima .. 23.3.2. Igualdade Entre Homens e Mulheres . . 23.4. 0 Principio da Legalidade 23.5.0 Art. 5 Q, III, a Tortura e 0 Tratamento Desumano ou Degradante .. 23.6.0 Direito de Reuniiio . 23.7.0 Direito de Associagiio .. 23.8.0 Direito do Autor ,.. 23.9.0 Tribunal do Juri. . 23.10. Direito de Liberdade. 0 Principio da Liberdade-Matriz . 23.10. L Liberdade de Manifestagiio do Pensamento . 23.10.2. Liberdade Religiosa . 23.10.2. L As Constituigoes Brasileiras e a Protegao a Liber­ dade Religiosa .. 23.10.2.2. A Protegao a Liberdade Religiosa na Constituigao de 1988 .. 23.10.2.3. Ouestoes Controvertidas sobre a Liberdade Reli­ giasa ,. 23.10.2.3.1. A inclusao do Nome de Deus no Pream­ bulo do Texto Constitucional Afasta a Posigao laica do Estado brasileiro? ........ 23.10.2.32. A Expressiio "Deus seja louvado" em Notas de Real - Hipotese de Proselitis­ rna Religioso do Estado brasileiro? .. 523. 523. 524. 524. 526. 528. 530. 531. 532. 533. 535. 537. 538. 539. 540. 543. 544. 548. 0< • • • • ,. xxii. ... 550. 552. 555. 555. •. I. •. 556. l,.

(14) ,. •. 23.10.2.3.3. A Polemica sabre a Dia da Semana pa­ ra a Realizagao de Concurso Publico.... 23.10.2.3.4. 0 Sacrificio de Animais nas Liturgias do Candomble e Umbanda - Exame a Luz da Constituigao e da legislagao ordim\­ ria 23.10.2.3.5. A Transfusao de Sangue e a Opgao Re­ ligiosa....................................................... 23.10.3. Liberdade de Expressao da Atividade Intelectual, Artistica, Cientifica e de Comunicagao 23.10.4. Liberdade de Agao Profissional.................................................. 23.10.5. Liberdade de Informagao Jornalistica 23.11. Os Direitos Individuais a Intimidade e a Vida Privada 23.11.1. Direito a Intimidade e Liberdade de Informagao Apos a EC n Q 45/04 23.12. Direito a Honra 23.13. Direito a Imagem 23.13.1. Distingao entre Imagem-Atributo e Honra................................ 23.13.2. Direito de Imagem e Direito de Arena 23.13.3. Direito de Imagem dos Acusados 23.14. Inviolabilidade do Domicilio 23.15. Inviolabilidade das Comunicag6es 23.16. Direito de Propriedade 23.17. 0 Principio da Irretroatividade Relativa da Lei.................................... 23.18. 0 Principio do Devido Processo LegaL................................................ 23.18.1. 0 Principio do Contraditorio e da Ampla Defesa 23.18.2. 0 Principia da Proibigao da Prova Ilicita 23.18.3. 0 Principia da Presungao de NflO-Culpabilidade 23.18.4. 0 Principia da Publicidade dos Atos Processuais . 23.18.5.0 Devido Processo Legal e 0 Processo Penal........................... 23.18.6. Os Principios do Juiz e do Promotor Natural............................ 23.18.7.0 Art. 5Q , LXXVIII, e a Razoavel Duragao do Processo 23.19. Garantias Constitucionais Penais............................................ 23.20. 0 Direito de Petigao 23.21. 0 Principia do Direito de Agao. Capitulo 24 - Direitos Sociais Trabalhistas 24.1. Conceito e Classificagao dos Direitos Sociais 24.2. Os Direitos Sociais Trabalhistas na Constituigao de 1988..................... 24.2.1. a Principia de Protegao ao Hipossuficiente e sua Insenfao na Constituigao de 1988............................................................ 24.2.2. A Protegao a Relagao de Emprego 24.2.3. 0 Fundo de Garantia do Tempo de Servigo 24.2.4. 0 Salilrio Minima 24.2.5. Piso Salarial........ 558. 559 561 563 564. 565 566 570 572 572 576. 576 577 579 584 586 587. 590. 590 591 593 595 596. 597. 598 603. 605 606 609 609 609. 610. 611 612 613 615. xxiii.

(15) 24.2.6.0 Principio da Autonomia Privada Negocial Coletiva. 616. 24.2.7. Repouso Semanal Rernunerado, Preferencialmente aos Do­. mingos 24.2.8. As Ferias 24.2.9. Licen~a e Estabilidade i; Gestante 24.2.10. Licen~a-Paternidade 24.2.11. Aviso Previo Proporcional ao Tempo de Servi~o....................... 24.2.12. Redu~ao dos Riscos Inerentes ao Trabalho............................... 24.2.13. A Prescri~ao dos Direitos Trabalhistas 24.2.14.0 Principia Constitucional da Nao-Discriminagao e as Rela­ ~6es de Trabalho 24.2.15. A Proibi~ao ao Trabalho da Crian~a e do Adolescente............ 24.2.16. Os Direitos dos Trabalhadores Domesticos... 24.2.17. Os Direitos Sociais Trabalhistas Coletivos e 0 Art. 8Q da. Constitui~ao. 617. 618. 618. 619. 619. 619. 620. 621. 622. 623. 623. 629. 24.2.18.0 Art. 9Q da Constitui~ao e 0 Direito de Greve......................... 24.2.19. A Participa~ao dos Trabalhadores e Empregadores em Orgaos. Publicos e nos Cargos de Representa~ao na Empresa. 631. Capitulo 25 - Direitos da Nacionalidade 25.1. Nacionalidade: Conceito e Natureza Juridica.... . 25.2. Distin~ao entre Povo, Na~ao e Popula~ao........... 25.3. Nacional e Cidadao 25.4. Classifica~ao 25.5. Conflitos Negativos e Positivos de Nacionalidade 25.6. Nacionalidade Originaria na Constitui~ao de 1988......... . 25.7. Nacionalidade Adquirida na Constitui~ao de 1988............................. 25.8. Cargos Privativos de Brasileiros Natos... 25,9, Distingao entre Brasileiros Natos e Naturalizados 25.10. Perda da Nacionalidade Brasileira............................................ 25.11. A Lingua Portuguesa e os Simbolos Nacionais............................. 633. 633. 633. 634. 634. 635. 635. 637. 638. 638. 639. 640. Capitulo 26 - Direitos Politicos e Partidos Politicos 26.1. Conceito de direitos politicos. 0 art. 14 da Constitui~ao. 0 Sufragio. Universal............ 26.2. Instrumentos de Democracia Participativa ,.......................... 26.3. Capacidade Eleitoral Ativa 26.4. Capacidade Eleitoral Passiva........................................................ . 26.4.1. EJegibilidade dos Militares 26.5. Perda ou Suspensao dos Direitos Politicos 26.6. Partidos Politicos. Conceito. Natureza Juridica. 26.6.1. Principios Constitucionais dos Partidos Politicos....................... 26.6.2. Fidelidade e Disciplina Partidarias 26.6.3. Direito de Antena. 641. 641. 642. 643. 643. 645. 645. 646. 646. 647. 648. xxiv. J.

(16) ,. Capitulo 27 - lnstrumentos de Garantia de Direitos 27.1. Nota Explicativa ao Capitulo 27.2.0 Habeas Corpus 27.3.0 Mandado de Seguranya Individual e CoIetivo 27.4.0 Mandado de Injunyao 27.5.0 Habeas Data............................................................................................ 27.6. A Ayiio Popular 27.7. A Ayiio Civil Publica. 651 651 651 653 658 662. 664 667. Capitulo 28 - Ordem Economica e Financeira.... 28.1. Ambig(i.idade da Expressiio "Ordem Economica". Conceito de Ordem Economica. Objetivos da Ordem Economica 28.2. Principios Gerais da Atividade Economica. Modelos de Ordem Eco· nomica. A Opyiio Constituinte.................................................................. 28.3. A Intervenyiio do Estado no Dominio Economico na Constituiyao de 1988. A Intervenyiio Direta e Indireta. 0 PIanejamento Economico 28.4. Livre Concorr€ m cia e a § 40 do Art. 173 28.5. Monopolio da Uniiio 28.6. Politica Urbana............................................................................................ 28.6.1. Usucapiiio Pro·Moradia 28.7. Politica Agraria, Fundiaria e Reforma Agraria........................................ 28.7.1. Usucapiiio Pro Labore 28.8. Insuscetibilidade de Usucapiiio de Imoveis PUblicos Urbanos e Rurais. 28.9.0 Sistema Financeiro Nacional.................................................................. 675. 680 686 687 688. 692 692. 694 694 694. Capitulo 29 - Ordem Social.......... 29.1. Introduyiio 29.2. A Seguridade Social................................................................................... 29.2.1.0 Direito a Saude 29.2.2. A Previdencia Social...................................................................... 29.2.3. A Assist€ m cia Social 29.3. Educayiio, Cultura e Desporto 29.4. Ciencia e Tecnologia 29.5. Comunicayiio Social 29.6. Meio ambiente. Conceito. A Proteyiio no Sistema Constitucional 29.6.1. Classificayiio do Meio Ambiente 29.6.2. Principios Constitucionais Ambientais................................. 29.7. A Familia na Constituiyiio de 1988. A Crianya, 0 Adolescente e a Idoso. 29.8. Os indios. 697. 697 697. 699 703. 705 706 710 711 714 717 718. 719 723. Referencias BibliogrMicas.. 727. indice Remissivo. 743. In dice Onomastico. ,. ,.. ,. _........ 675 676. 763. xxv.

(17) III. Nota. a Primeira Edigao. Vimos afirmancto obsessivanlente que a aus€mcia de cultura constitucional. e causa de muitos dos males da civilizag8.o brasileira na atualidade. Ultrapassada ha seculos a Escola da Exegese, prevalece infelizmente a cul­ tura dos codigos em detrimento da preservagao dos valores supremos do orcte­ namento juridico plasmados no texto constitucional. Algo, no entanto, esta ffiudancto. Com efeito, tem-se pressentido grande interesse sobretudo na procura por curses de pos-graduagao em direito constitucional, lata e stricto sensu, circuns­ tancia a revelar a resgate da disciplina. Digna de destaque tambem e a forma como a doutrina mais abalizada vern sistematicamente amparando suas conclusoes a partir e com fundamento no sis­ tema constitucional, seja no ambito do direito civil, penal ou do trabalho. As constantes referencias no trabalho as decis6es do Supremo Tribunal Federal e de outros tribunais superiores e estaduais decorrem da circunstancia de a propria Constituiqao Federal ter-Ihes atribuido 0 papel de guardi6es do sistema constitucional. Este Curso de Direito Constitucional e elaborado dentro dessa fase de soer­ guimento cientifico do direito constitucional, cuja pretensao e colaborar, ainda que modestamente, para a definitiva consolidagao da cultura constitucional no nosso Pais. Salvador, janeiro de 2006.. xxvii.

(18) •. Nota. a Segunda Edigao. Fai com muita alegria que recebi a noticia dos amigos da Lumen Juris quan­ ta ao termino da lil. edigao apes tres meses de sua publicagao. Jose Ingeiieros, ensaista, poeta e psic6logo argentino, afirma com habitua­ lidade que "na vida 0 mais efetivo e 0 afetivo". :E ineliminavel a felicidade de quem escreve, quando, ah~m da divulgagc3.o da ciEmcia, consegue fazer amigos. E e assim, sem pieguice e com sinceridade, que considero cada leitar deste Curso, esteja onde estiver: urn amigo com 0 qual divido 0 prazer do estudo do direito constitucional; divido as esperangas de uma constituic;ao concretizada; divido as sonhas de urn Pais menos desigual para as futuras geragoes. Muito obrigado! Salvador, julho de 2006.. xxix.

(19) :!IaVaI'TVNOIOflULSN08 :!Ia :!I'IOH.I.N08 :!I OyOIfl.I.I.I.SN08 va VIHO:!I~. I. :!I.I.HVd. l 4.

(20) •. Capitulo 1. Teoria da Constituigao. 1.1. Justificativa para uma Teoria da Constituigao Qual 0 sentido de dedicarem-se capitulos especificos sabre Teoria da Constituigao? Quando se constr6i uma casa, e imprescindivel edificar, inicialmente, a base fundante e 0 alicerce indispens8veis a seguranga da construgao. No campo da ciEmcia juridica, de igual modo, reveste-se de importancia sin­ gular 0 estudo da teoria geral, tanto que 5e cogita da presenga de uma teoria geral do direito, do processo, do delito (no direito penal) e tambem de uma Teoria da Constituigao. Se a constituig.3.o e, inegavelmente, 0 estatuto fundador da sociedade politi­ ca, desponta clara a necessidade de uma teoria que 5e proponha - em momento anterior ao estudo de urn sistema constitucional em particular - a examinar a fen6meno do constitucionalismo e todos as desdobramentos que cercam a anali­ se desta realidade. Nao seria correto se lanc;ar ao estudo das questoes mais candentes e con­ trovertidas do direito constitucional sem se municionar com as subsidios da Teoria da Constituic;ao. A Teoria da Constituigao, au Thoria Constitucional, desempenha a insubsti­ tuivel papel de oferecer as conceitos basicos sabre a constituigao, 0 que servira de auxilio para a exame das normas constitucionais concretas. It intuitivo, no entanto, que a entendimento do conteudo da Teoria da Constituigao nao deve se dissociar da demonstragao, no Texto de 1988, dos dis­ positivos atinentes as contengoes ao poder de reforma constitucional, ou a out~ ros enunciados que guardem correspondencia com a assunto a ser investigado. Gomes Canotilho explicita que "a Teoria da Constituic;ao nao se limita a uma tarefa de 'investigagao' ou 'descoberta' dos problemas politico-constitucionais nem a uma fungao de elemento 'concretizador' das normas da lei fundamental. (... ) a Teoria da Constituigao servini tambem para 'racionalizar' e 'controlar' a pre­ compreensao constitucional (... ). A necessidade de fundamentagao da pre-com~ preensao obriga a uma teoria material da constituigao".l. 1. Cf. Jose Joaquim Gomes Canotilho, Constitui'r30 dirigente e vinculalYao do legislador, pp. 80-81, No que S8 refere ao que propria mente vern a ser "pre-compreensao constitucional". informarnos que a Capitulo 6, relativo a interpreta'rao da constitui'rao, tratara do tema de modo especifico.. 3.

(21) ... Manoel Jorge e Silva Neto. 1.2. Conteudo da Teoria da Constitui<;:ao Para bern entender a constituic;ao positiva, e necessario reconhecer no poder constituinte a sinergia capaz de eriar e dar forma a urn Estado, porquanto e a constituir;ao 0 texto regulador da sociedade politica. Mas, 0 rol das considerar;6es empreendidas pela Teoria Constitucional nao deve, em verdade, ser limitado ao conceito do poder constituinte, mas igualmen­ te esquadrinhar a sua natureza, especies e limita~oes. Como nao poderia deixar de ser, a estudo da constitui~ao se eneontra inse­ ride no conteudo da disciplina. Advirta-se, apenas, que nao sera investigado urn dado sistema constitucional, mas sim a constitui~ao genericamente considerada, trazendo-se, para tanto, a contribui~ao dos te6ricos, especialmente Ferdinand Lassalle, Carl Schmitt e Hans ReIsen. Outrossim, a fate de as normas constitucionais serem as primeiras dentro do sistema positivo (pois antes deIas 56 havia 0 direito natural) termina por provo­ car uma abissal dessemelhan~ano seu processo de interpreta~ao. Surge dai, como eonteudo, a interpretac;ao das normas constitucionais, assunto de invulgar relevancia para a compreensao dos preceptivos incorpora­ dos a Lei Fundamental, posta que 0 seu entendimento s6 se fara possivel me­ diante a referencia a conjunto de principios hermenEmticos especificos. A constitui~ao e sempre auto-aplicavel? As disposi~6es constitucionais oca­ sionam todos as efeitos expressos nos seus comandos? As indaga~6es estao afi­ nadas ao tema da aplicabilidade das normas constitucionais, oportunidade em que se vai averiguar se pode a constitui~ao, a partir de sua vigencia, operar to~ das as consequencias de carater normativo. Jose Joaquim Gomes Canotilho expoe que a Constituic;ao e a estatuto jUrl­ dico do fenomeno politico,2 do que necessariamente se extrai a ila~ao segundo a qual nao e apenas texto com fei~ao jurigena, mas, de modo semeIhante, vincula­ do a fatores politicos, sociais, culturais e economicos. Firma-se, assim, a importfmcia do estudo do percurso hist6rico do constitu­ cionalismo de uma forma geral e da hist6ria das Constitui~oes brasileiras, sem que isso implique 0 desvirtuamento do conteudo da disciplina, maxime porque nao se realizara na Teoria Constitucional estudo circunstanciado da Constitui~ao de 1988, conquanto as referEmcias ao sistema constitucional se apresentem reco­ mendaveis para tornar 0 mais dldatico possivel a seu exame. Incluimos, assim, ao final desta parte do Curso, 0 controle de constituciona­ lidade, promovendo referencia aos sistemas, modos de exercicio e efeitos da declaragao de inconstitucionalidade, sempre com a indicac;ao da jurisprudencia do Supremo Tribunal Federal. Portanto, esta parte tern 0 seguinte conteudo: i) poder constituinte; ii) estu­ do da constitui~ao (conceito, classifica~ao, objeto, conteudo e elementos); iii) his~. 2. 4. Cf. Direlto Constitucional e Teoria da Constituir;ao, p. 1.193.. l.

(22) ,. Curso de Direito Constitucional. t6ria do constitucionalismo; iv) hist6rico das Constituic;oes brasileiras; v) inter­ pretac;ao das normas constitucionais; vi) aplicabilidade das normas constitucio­ nais; vii) nogoes de controle de constitucionalidade.. 1.3. Problemas da Teoria da Constitui<;ao 3. o primeiro problema a ser investigado e que nao hat haje, uma situar;ao c1as­ sica em sede de Teoria da Constituic;ao, consoante nos informa Canotilho, com­ preendendo por "( ... ) situa<;8.o classica aquela em que se verifica urn acordo dura­ douro em tarmos de categorias teoricas, aparelhos conceituais e metodos de conhecimento" ,4 A impossibilidade de convergencia doutrinaria para tratamento uniforms do conteudo da Teoria da Constituic;ao decorre do fato da diversidade dos proble­ mas constitucionais atuais e, logicamente, das respostas oferecidas pelos estu­ diosos, que nao sao semelhantes. 5 A Thoria da Constituhiao deve ser entendida como uma teoria emergente do processo hist6rico em que nos encontramos, da incorporaqao de novas ordens normativas inseridas em comunidades politicas com maior amplitude (Comuni­ dade Europeia, por exemplo) e da submissao do fato economico a. globalizaqao. 6 Sem duvida, basta que se examine a quantidade de teorias que se opoem, atualmente, a concepqao de soberania infrene idealizada por Jean Bodin a tim de que se constate de que algo mudou e continua mudando no ambito da Teoria da Constituiqao. Mas outros problemas da Teoria da Constituiqao sao apontados por Cano­ tilho.. Certo que os modelos constitucionais nao tern alcanqado a desejada afini­ dade aos diferentes ambitos e praticas sociais, surgem os problemas de inc1usao da Teoria da Constituigao,7 visto que muitas vezes as constituigoes nao conse­ guem densificar os problemas da mudanga e inovagao juridicas. Os problemas de referenda decorrem do atavico atrelamento a. concepgao individualista que prossegue firme em diversos sistemas constitucionais, despre­ zando a realidade - mais fatica que juridica - da existencia de atores coletivos. B Os problemas de reflexividade, por sua vez, dizem respeito a impossibilida­ de de 0 Estado e 0 sistema constitucional gerarem urn quadro de respostas que. 3. 4 5 6 7 8. Recorremos a enunciar;ao de Canotilho sem, todavia, fazer referencia a todos os problemas des­ tacados peto constitucionalista portugues. 0 leitor encontrara 0 elenco completo dos problemas da Teoria da Constituir;ao na obra "Direito Constitucional e Teoria da Constituir;ao", pp. 1.331­ 1.338. Idem, p. 1.317. Idem, ibidem. Idem, Ibidem. Idem. p. 1.331. Idem. p. 1.332.. 5.

(23) Manoel Jorge e Silva Neto. atenda adequadarnente ao conjunto cada vez mais complexo e crescente de exi­ gencias sociais. 9 as problemas de reinvenqao do territ6rio 10 sao relevantes para a Thoria da Constituigao porque a integragao regional e inevitavel criagao de 6rgaos supra-es­ tatais com poder para impor suas decis6es a cada Estado (como e a hip6tese do Tribunal Europeu e do Tribunal Penal Internacional) relativizarn sobremaneira a ideia kelseniana de territ6rio como ambito espacial de validez de uma ordem juri­ dica. as problemas de risco tambem afetam a Teoria da Constituigao na medida em que os modelos atuais nao conseguem resolver 0 problema da radical "assi­ nalagmaticidade do risco", que significa 0 seguinte: a) 0 risco de catastrofes e criado por uns e suportado por outros; b) quem participa das decis6es de risco sao organismos aos quais carece legitimidade democratica para decidir sobre a sorte de comunidades inteiras; c) localizam-se as fontes de risco precisamente nos paises mais debeis social, economica, cultural e cientificamente, situando industrias e atividades perigosas em paises mais desprotegidos, consumando-se uma injustiqa ambiental.1 1. 9 10 11. 6. Idem, ibidem. Idem, p. 1.334. Idem, p, 1.338..

(24) ~. Capitulo 2. Poder Constituinte. 2.1. Introduc;:ao. o fenomeno do poder se apresenta viavel a investigagao pela ci€mcia politi­ ca, pela Sociologia, Teoria do Estado e tambeffi pelo Direito Constitucional. Aqui, nos dominios do que se convenciona denominar de Teoria da Consti­ tuigao, resplandece a importancia do estudo da faIga que e capaz de constituir uma nova sociedade politica estatal: 0 poder constituinte. Propomo-nos, neste Capitulo 2, desenvolver algumas ideias em torn a a legi­ timidade do poder constituinte. a doutrina de Emmanuel Sieyes (quem inicial­ mente promoveu a distingao entre poderes constituinte e constituido), a sua natureza e titularidade, especies, 8, finalmente, as limitag6es impostas ao poder reformador.. 2.2. Legitimidade do Poder Constituinte Para manter-se de pe, 0 moderno edificio juridico busca suporte no pilar da hierarquia das normas, porque, de sorte a viabilizar a harmonia do sistema nor­ mativo,l se submetem os preceitos ordenadores existentes a urn escalonamento que, de rnais a mais, tern por escapo a propria sobrevivencia do sistema.. De logo, presenciamos questao fundamental que DaD pode, em absoluto, deixar de sec atacada e concerne a indagac;ao a respelto de 5e, efetiv;;:lmente, a ordenamento juridieD configura urn sis­ tema, au seja, num sentido generico. "conjuntD de elementos relacionados entre si, ordenados de acordo com determinados principias, forman do urn todo au uma unidade", como, por exemplo, 0 sistema solar (el. Japiassu, Hilton e Marcondes, Danilo, Dicionario Basico de Filosofia, p. 226). Kelsen, em sua Thoria Pura do Direito, visualiza a sistema de normas estatico - aquele que reU­ ra da norma hipotetica fundamental 0 conteudo e 0 fundamento de validade - e 0 sistema dina­ mica, em que toda expedi<;:ao de normatividade e aplica<;:ao de norma superior par alguem com­ petente. Para Bobbio, requisito essencial para a configura9B.0 de sistema, a1em de conexidade com a todo, e a fato de haver Illter-relacionamento coerente dos elementos sistemicos. Acena ele para tres slgnificados de sistema: a) ordenamento em que as normas jurfdlcas sao derivaveis de alguns pnndplOs gerais, considerados a £ei903o de postulados de urn sistema cientifico; b) orde­ namento da materia, Levado ao fim e ao cabo mediante processo mdutivo, partindo-se do con­ teudo das slmp1es normas com a finalidade de coustruir conceitos sempre mais gerals, e classl­ fica<;:6es au divisao da materia (Jurisprudencia sistematica, centrada na classifica9ao): c) orde­ namento juridico tipificado como sistema tendo em vista a impossibilidade de nele coexistirem normas iucompativeis (c£. Bobbio, Teoria do Ordenamento Juridico. pp. 75-80). Aduz Bobbio, ainda, que, "se num ordenamento vern existir normas incompativeis, uma das duas au ambas devem ser eliminadas. Se isso e verdade, quer dizer que as normas de urn ordenamento tern urn certo relacionamento entre si, e esse re!acionamento e a relacionamento de compatibilidade. que. 7.

(25) Manoel Jorge e Silva Neto. Exemplificando 0 quanto se afirmou, poderemos concluir que meTa e sim­ ples ordem de servigo expedida por chefe de setor de repartigao publica devera se curvar ao disposto em portaria emitida pelo Secretario da unidade polltica (Estado ou Municipio). que, por sua vez, nao podera desbordar os limites ditados pela lei, que, ainda, estara adstrita ao que ordena a constitui<;:30 na hipotese, especialmente porque 0 texto constitucional, no plano hierarquico das norm as juridicas, posta-se no apice do sistema do direito positivo, servindo, ao mesmo tempo, de arcabou<;:o institucional do Estado e de instrumento normative no qual todas as demais leis buscam 0 fundamento de validade. Depreende-se, por conseguinte, que dos atos juridicos em geral e exigida a legalidade, ou seja, consanancia, adequagao a lei, e desta exige-se conformac.;;ao ao conteudo constitucional, "(... ) sob sangao de imediata invalidade e mediata declara<;:8.o de inconstitucionalidade".2 E da constituic.;;ao? 0 que se cobra da norma a surgir como fundamento de validade de todo 0 sistema? E demandada a legitimidade,3 resultado da corres­ pondencia do desejo coletiva e politicamente manifestado pela sociedade e as finalidades do Estado positivamente inseridas na Constitui<;:ao. Hermann Heller, ao criticar 0 decisionismo politico de Carl Schmitt (assunto a ser abordado no capitulo seguinte aD analisarmos n concepgao politica da cOIlS­ titui<;:ao). acentua: ''A questao da legitimidade de uma Constitui<;:ao nao pode,. 2 3. 8. i. II(. implica a exclusao da incompatibilidade. Note-se porem que dizer que as normas devam ser compatlveis nao quer dizer que se encaixem um&s nas outras, isto e, que constituam urn siste­ ma deduLivo pl:!rfeito. Nesse terceiro sentido de sistema, 0 sistema juridico nao e urn sistema de­ dutivo, como no primeiro sentido: e urn sistema num sentido menos incisIvo, se se quiser num sentido negativo, isto e, uma ordem qne exclui a incompatibilidade das suas partes simples" (ob cit., p. 80) Maria Helena Diniz, diversamente, nao concebe 0 direito como sistema jurfdico, "( ... ) mas uma realidade que pode ser estudada de modo sistematico pela ciencia do direito. t indubitavel que a tarefa mais importante do jurista consiste em apresentar 0 direito sob nma forma sistematica, para [aeiliLar seu conhecimento e maneja pelos que 0 aplicam" (cf. Conflito de Normas, p. 12). E de real importancia 0 esclarecimento quanto a impossibilidade de se promover a identificalf8.0 entre "sistema normativo", como mencionamos no subitem, e "sistema juridico" porque, como assinala Tercio Sampaio Fermz Jr., "a estrutura complexa dn propria norma nos obriga a falar em encac\eamento de significalfoes normativas. expressao esta que bern resnme as multiplas cama­ das dimensionais que compoem a fenomeno juridico. Neles se compreendem nao as normas como formas validas para 0 comportamento finalistico, mas tambem formas categoriais, validas para as tormas anteriores" (ct. Conceito de Sistema no Direito, p. 173). Idem, ibidem. Convem anotar que 0 termo Jegitimldade, atualmente, expressa nao apenas 0 legitimo conforme lei. A acep<;:.3o comum que vern sendo sistemo.ticamcntc atribuida palavra revela a ideia de legitimidade como no<;:.3o paralela lei ou, algumas vezes, ate mesmo superior, quando induz a pensar na norma juridica editada em consonancia com os procedimentos constitucionalmente previstos, decorrendo dai a distin<;:8.0 entre legitimo e legal e legitimidade e legalidade, distin­ lfao consumada para traduzir uma eventual incornpatibihdade da norma posta e aspiraqoes de ordem social, politica, econ6mica, au ainda para delinear uma falta de identidade do direito posi­ tivo com a ordem moral (v. TEhcio Sampaio Ferraz Jr" Constituilf8.0 de 1988: Legitimidade. Vi­ gencia e eficflcia. Supremacia, p. 15).. a. a. a.

(26) ,. Curso de Direito Constitucional. naturalmente, ser contestada, referindo-se aD seu nascimento segundo quais­ quer preceitos juridicos positivos, validos com anterioridade. Mas, uma Consti­ tuic;ao precisa, para ser Constituigao, algo mais que uma relagao facticia e insta­ vel de dominagao, para valer como ordenac;8.o conforme 0 direito, uma justifica­ gao segundo principios eticos de direito".4 Por via de conseqii€ m cia, infere-se que a constituic;8.o nELD traslada, tao­ samente, 0 simples ata de positivar 0 poder politico. Representa, de igual modo, a positivac;ao dos valores juridicos a imperarem quando da sua concepc;ao. Reside ai a legitimidade 5 da constituic;ao. qual seja: a correspondencia real dos valores juridicos, objeto de positivagao constitucional, e as aspirag6es de urn povo. E 0 poder constituinte? Como se opera a sua conceituagao? Bidart Campos informa que poder constituinte "( ... ) e a competencia, capa· cidade ou energia para constituir ou dar constituigao ao Estado, ou seja, para organiza-lo" .6 o decisionismo politico de Carl Schmitt conduz a ideia de que "poder cons­ tituinte e a vontade politica cuja forga ou autoridade e capaz de adotar a concre­ ta decisao de conjunto sobre modo e forma da propria existEmcia politica, deter­ minando assim a existEmcia da unidade politica como urn todo". 7 Podemos, em sintese conceituar poder constituinte como a [orqa capaz de. constituir uma nova sociedade politica estatal.. 2.3. A Formulagao Teorica de Sieyes Em seu "Qu'est-ce que Ie tiers etat?", urn dos celebres manifestos deflaga­ dores da Revolugao Francesa, publicado em 1788, 0 abade Emmanuel-Joseph Sieyes trouxe a baila as reivindicag6es da burguesia contra os privilegios da nobreza e do Absolutismo Monarquico, sistema de governo despotico e centrali­ zador que imperava no Velho Continente ha mais de urn milenio. De acordo com a formulagao de Sieyes, 0 Terceiro Estado era representado pela nagao au pelo povo, incumbido de suportar todos os onus do processo de produgao, exercendo, ainda, as cargos subalternos na Administragao Publica, eis que as cargos honorificos e lucrativos eram exercidos pela nobreza e pelo clero, privilegiados sem merito, segundo 0 seu entender. A classe privilegiada, configu­ rando urn autentico corpo indolente, se traduzia verdadeiramente em obstaculo. 4 5. 6 7. Cf. Hermann Heller, Thoria del Estado, p. 298.. 0 sentido de legitimidade ao qnaL nos referimos se coaduna com 0 de substrata empirico de aspi­. rag6es normatlvas a que alude Tercio Sampaio Ferraz Jr. (ct. Constituigao de 1988. cit., p. 15). ou seJa, smtonia entre a normatividade e as "pretens6es" sociais, econ6micas, politicas au culturais de uma comunidade. Ct, German J. Bidart Campos, Filosofia del Derecho Constitucional. p. 162. Ct. Carl SchmItt, Thada de 1a Constituci6n, pp. 93-94. 9.

(27) Manoel Jorge e SUva Neto. ao progresso do pais e deveria ser suprimida. B 0 Terceiro Estado, entao, passou a reivindicar participagao politica atraves da escolha de cidadaos a ele vincll1a­ dos de alguma forma. Com 0 objetivo maior de fundamentar as reivindicag6es do Terceiro EstF.l.do no tocante a participagao politica, de forma inaugural, e tambem original, SieVes promoveu distingao entre 0 poder constituinte e os podeles constitllldos, con­ cluindo a respeito da exist€ m cia de tres fases no evolver da comunidade politica. Em sintese, na fase inicial, 0 que efetivamente importa e a intenljao dos indivi­ duos isolados em constituirem ou organizarem uma nagao. N a fase posterior, a vontade real comum eo movel (motivo) de atuagao da sociedade politica, que, no entanto, tern a sua manifestagao prejudicada a vista da dispersao do povo pelo territ6rio. Portanto, ern uma ultima fase, ha, por assim dizer, uma "selec;ao" de assuntos notoriamente vinculados ao interesse pUblico, e, nesse passo, os "asso­ ciados" da unidade polltica "( ... ) conHam 0 exercicio desta por~ao de vontade nacional, e por conseguinte de poder, a alguns dentre eles".9 A Constituigao, na qualidade de instrumento normativo fundador da entida­ de politica, define, relativamente aos "associados" representantes, os 6rgaos de representag8.o, as suas formas, fungoes afetas e meios de eKerce-las. Evidencia, ademais, ser 0 poder constituinte inalienavel, permanente e incondicionado. Persiste ainda que a Constituic;ao esteja em vigencia e dotadn de plena eficacia. o querer politicamente nao se submete a Constituigao, Os poderes constituidos, diversamente, sao !imitados e condicion ados , eis que existcm porque assim 0 quis 0 poder constituinte e atuam segundo a regra estabelecida na Constituigao, na medida em que 'Ila naci6n existe ante todo, es el origen de tOdD. Su volunt.ad es siempre legal, es la ley mismR Antes que ella y por encima de ella solo existe el derecho natural".10. FilcH e rematar ace rca da tentativa de SieVes quanto a buscar fora do siste­ ma positivo urn dileito publico subjetivo inaliennvel do povo de autoconstituigB.o, e nao par outro motivo e que se afirma ser jusnaturalista11 a sua posigao. 8. 9 10 11. Cf. Sieyes, lQue es el Tercer Estado?, p. 11. Argumenta Sieyes; ""Ouien osariR. pm:.';, decir que e1 terce, estado no tiene en s1 todo 10 nec€ s ario para formar una nac1an comp1eta? Es el hombre fuer­ te y robusto, uno de cuyos brazos esta todavia encadenado. 51 se suprimiera el orden privilegiado, la naci6n no seri<l mp.nos en encaden'ldo. sino algo mas. As!, ':::qll() es el Thrcer l::stado? Todo, pera un todo trabado y oprimido. OU9 seria sin el orden privilegiado? Todo, pero un todo Iibre y flore­ ciente. Nada pll€de marchar sin &1, y todo iria infimtamente mejor sin Ins ntros. No basta haber mostrado que los privilegiados, lejos de ser utiles a 1a naci6n, no pueden sino debllitarla y danar­ la; hay que probar ahora que e1 orden noble no entra en 113 organizaci6n social; que podra ser una carga pAra la naci6n, pero quo forma parte de ella". Idem, pp. 71-73,. Ct. Sieyes, ob. cit .. p. 75.. Reconhecerr.os a existencia de cinco sentidos distintos para a expressao jusnaturalismo au direi­. to natural. Primeiramente, 0 jusnaturalismo dos escolasticos - a escolastica esta. voltada aos ensi.namentos Of: fi!osofia e teologia ministrados nas escoli::l::i para a forma9ao de religiosos e Ulll­ versidades oa Europa ao longo da ldade Media, principalmente entre os seculos IX e XVII e caracterlzam, de forma mais marcante, peJa tentativa de harmonizar os dogmas do Cristianismo e as verdades reveladas nas Escrituras com as doutrinas filosoficas classicas (d. Hilton Japiassu. 10. ,. l. ---.----­.

(28) •. ----Corso de Direito Constitucional. A natureza juridica do poder constituinte foi duramente contestacta no secu­ 10 XIX pelo positivismo juridica, ao entender tal corrente que, sendo anterior a ---_.-­. e Danilo Marcondes, Dicionario BasicD de Filosofia, p. 84) - admitia a direito natural como urn conjunto de nOlmas, DU de principias marais originarios, imanentes ao t8cido social, positivados au naa pelo sistema do direito positivD porquanto decorrem da natureza das coisas e do homern, razao por que sao apreendidos, de imedlato, peJa inteligfmcia humana como verdadeiros (d. Maria Helena Dmiz, Compendia de Introduqao a Cienda do Direito, p. 34). No 8ntanto, a partir do sacula XVII, a feiqao objetiva e material do jusnaturalismo escolastico foi transmudada para a doutrina do direito natural subjetivo e formal em que "C·.) a natureza do homem e uma realidade imutavel e abstrata, por ser-lhe a forma inata, independente das varia­ 90es materiais da conduta" (d. Maria Helena Diniz, ob. cit., p. 35). "(. .. ) Para essa teoria do direi­ to natural sUbjetivo, os preceitos do justa e do injusto continuam validos, mesmo se suposta a inexistencia de Deus, por terem seu fundamento nas leis imanentes razao humana (Grotius)". "A concepyao do direito natural subjetivo e formal considera inatas no hOmem as tendencias para a liberdade fisica e moral e para a igualdade, se nao nas qualidades fisicas, intelectuais e morais, pelo menos na dignidade essencial a natureza humana, presente em cada individno e exigindo dos outros que a respeitem e tratem como especificarnente igual (Pufendorf)" (cf. Maria Helena, ab. cit., pp. 38-39). Immanuel Kant formu/au a teoria do direito racional produto da exacerba9ao do plano jusnatura­ lista subjetivo e formal. De acordo com a teoria, tomando-se par pressuposto ser a hom em racional e livre, esta, par con­ seguinte, apto a se impor normas de conduta, "( ... ) designadas par normas eticas, validas para todos as seres racionais, que, por sua racionalidade, sao fins em si e nao a serviyo de outros. (... ) A obediencia do homem sua propria vontade livre e aut6noma constitui, para Kant, a essencia da moral e do direito quando a obrigatoriedade for cognoscivel pela razao pura, independente de lei Natural. As normas juridicas, para tal concepyao, serao de direito natural. se sua extrema ou de direito positivo, se dependerem, para obrigarem, de legislayao extrema" (cf. Maria Helena Diniz, ob. cit., pp. 39-40). No seculo XIX, entretanto, houve ferrenha oposiyao ao arcabouyo fi/os6fico do direito natural, nomeadamente par parte dos historicistas, sociologos e positivistas do direito, a ponto de quase se extinguir a escola jusnaturalista. Coube, pon~m. a Rudolf Stammler e Giorgio Del Vecchio 0 esforyo dirigido ao retorno ao direito natural. Stammler formulou uma teoria do direito natural de compostura variavel, repelindo a concepyao Jusnaturalista material fundada na natureza humana. "Sustenta ele que a direito natural nao pode ser visto como urn sistema organico de preceitos concretos, validos com carater absoluto para qualquer povo, tempo e lugar, mas apenas como urn criteria diretor, que plasme as ftguras juridicas, de acordo com as circunstancias sociais, au espayo-temporais, com a tradiyao histori­ ca, com 0 tipo de sociedade, com a cultura etc. Ba uma so ideia de justiya (direito natural de con­ teudo variavel) e inumeros direitas justos, conforme as variayoes da materia social e as diversas circunstancias de cada apoea". "Na base da teoria stammleriana esta uma concepyao ideal de sociedade, que se desenvolve par meio de criterios formais de valorayBo" (cf. Maria Helena Diniz, ob. cit., p. 41). Del Vecchio, por autro lado, foi tam bam urn dos importantes "restauradores" da doutrina do direito natural, muito embora nao estivesse voltado para a preservayao do modelo original (obje­ tivo e materiaL) do lusnaturaLismo. Perseguia urn modelo de direito natural sempre atento ao ideal do justo, permanente e imutavel. mas, par outro prisma, compativel com os varios materiais hist6rico-condicionados. "Ao est abe­ lecer a sentido de 'natureza humana', como principia juridico, Del Vecchio esclarece que pode designar duas coisas bern diversas. Se analisarmos a expressao sob a prisma da causalidade, 'natureza' e a totaIidade do real empirico, isto e, 0 conjunto de todos as fen6menos Hgados entre si por vinculos causais; logo, 'homem' e uma particula infinitesimal da natureza como todo. Este criteria da causalidade a uma forma de conhecimento a priori, au seja, universal e necessaria, que funciona como condiy3o de possibilidade de experiencia. Essa considera y03o causal da natu­. a. a. 11.

(29) Manoel Jorge e Silva Neto. peder constituinte ao dire ito posto, nao haveria como considerar a sua juridda­ de. Contudo, nao iremos mais longe no presente tergiversar, pois se trata a con­ troversia de objeto do estudo da filosofia do direito. 12. 2.4. Natureza, Caracteres e Titularidade do Poder Constituinte Sem, evidentemente, atigarmos a curiosidade do leitor, porquanto a natureza fatica ou juridica do poder constituinte e estudada com profundidade pelos jusfi­ 16sofos,13 diriamos, acompanhando Georges Burdeau, que sao caracteres essen­ dais do poder constituinte a inicialidade, a autonomia e a incondicionalidade. 14 reza nao faz aferit;:oes valorativas. Se a estudarmos baseados na concept;:ao teleologica, nao mais. aparece como uma unidade mecanica de fenomenos, mas como uma ordem valorativa, como urn. principio que se desenvolve em marcha ascendente, como razao que vivifica e organiza a mate­. ria" (cf. Maria Helena Din[z, ob. cit., pp. 41-42).. Ao fim, perscrutando 0 mais recente sentido atribuido a terminologia direito natural, avistamos,. na d~cada de 70, a concept;:ao quantica do dire ito, idealizada pelo iusfilosofo brasileiro Goffredo. Telles Jr.. Adverte 0 cientista que 0 sistema do direito positive nem sempre e aquele que os indiv(duos sub­. missos a tal normatividade gostariam de ter.. Para Goffredo Telles Jr., "0 direito natural e urn conjunto de normas juridicas promulgadas, isto. e, oficializadas pela inteHgencia governante, de conformidade com 0 sistema etico de referencia. da coletividade em que vigora. 0 direito natural e 0 direito legitimo, que nasce, que tern raizes,. que brota da propria vida, no seio do povo. 0 governo s6 pode declarar 0 direito conforme a ideia. de ordem juridica acalentada pelo grupo social que dirige".. "(... ) 0 direito legitimo e quantico porque delimita, quantifica a movimentat;:ao humana, segun­. do 0 sistema etico de referencia que espelha disposit;:oes geneticas da coletividade. 0 direito. quantico nao e arbitrario. E quantico porque e feito sob medida, e e a medida da liberdade huma­. na. E quantico porque relaciona 0 dever ser com a ser de urn sistema social de referencia" {et.. Maria Helena Diniz, ob. cit., p. 46).. 12 Luis Roberto Barroso expoe que "passando ao largo da discussao entre 0 jusnaturalismo e a posi­ tivismo quanta a natureza do poder constituinte, certo e que ele ~ a energia inicial que institui uma determinada ordem juridica, criando ou reconstruindo a Estado atraves de uma constitui­ t;:ao, que e a primeira expressao do direito positivo. Ela representa nao apenas a positivat;:ao do poder, como tambem a indicat;:ao dos valores juridicos supremos, firmando diretrizes e progra­ mas que devem nortear a atuat;:ao do governo e da sociedade. Em muttos casos, a constituit;:ao consiste, como incisivamente costumava dizer Piero Calamandrei, sobretudo em uma polemica contra 0 passado e em urn program a de reform as em direya.o ao futuro" (ct. 0 direito constitucio­ nal e a efetividade de suas normas - timites e possibilidades da Constituiyao brasileira, p. 66). 13 Ainda assim, trazemos a posi980 de Santi Romano (ct. Principios de Direito Constitucional Geral, p. 252), a qual acompanhamos: "A format;:8o de um novo Estado, no seu procedimento, e um fato ou uma serie de fatos que, nos momentos em que se desenvolvem, nao podem ser Juridicamen­ te apreciados pela mesma ordenat;:ao estatal, que ainda nao existe e comet;:a a existir apenas depois que eles se efetivarem. lsto nao impede que possam ser regulados ou qualificados por outras ordenar;oes, por exemplo, pelo direito internacional dos demais Estados, por alguma orde~ nat;:ao provisoria que seja instaurada por fort;:a revolucionaria ou para regular seu movimento". 14 Cf. Traite de Science Politique, pp.184-185. Mirma Burdeau: "Le pouvoir constituant est un pou­ voir initial, autonome et inconditionne. n est initial parce qu'iJ n'existe au-dessus de lui, ni en fait ni en droit aucun autre pouvoir_ (. ..) L:autonomie du pouvoir est Ie corolJaire de son caractere ini­ tial. (. ..) on peue dire que Ie pouvoir constituant est inconditionne car (...J iJ n'est subordonne a aucune regle de forme ni de fond.". 12.

(30) ,. CUISO de Direito Constitucional. Ante a existemcia de qualquer nucleo organizada, saberemos, decerto, que contribuiram determinados sUjeitos para a sua forma~ao. Exemplificando, uma sociedade comercial nEW poderia sUbsistir au ser cria­ da senaa atraves de manifestagao de vontade de individuos (socios) que, poste­ riormente, r8so1veram pela institucionaliza~aoda pessoa juridica de direito pri­ vado atraves do contrato social ou de sociedacte. Guardadas as necessillias proporgoes, da mesma forma ocone com a enti­ dade estatal. Ha, com evidencia, necessidade de manifestagao de vontade de alguns indi­ viduos para eriar 0 Estado. Dai surge a inicialidade acentuada por Burdeau,15 a vista de inexistir nenhum Dutro poder acima do poder constituinte; a autonomia, em virtude de caber ao seu titular decidir acerca do valor juridico a conformar a estrutura do Estado, e, por ultimo, a incondicionalidade, maxime porque nao se subordina a qualquer regra de forma ou de fundo. Poder constituinte, em suma, e 0 poder inicial, aut6nomo e incondicionado, tendente a, criando 0 Estado, dota-lo de estrutura peculiar atraves de uma Cons­. tituigao. A ideia de poder constituinte esta vinculada a de constituic;ao escrita,16 muito embora nada impec;a a manifestac;ao de tal poder com reIac;ao aquelas cos­ tumeiras ou hist6ricas. Ocone que, nestas, a manifestac;ao constituinte se protrai no tempo. Com relac;ao a titularidade do poder constituinte, haveremos de distingui-Ia do exercicio desse poder, pais, com efeito, nao ha, comumente, coincide!llcia entre 0 titular e a exercente do poder constituinte. Excetuando-se a hip6tese de revoluc;ao - quando, no caso, 0 titular sera a mesmo a exercer 0 poder -, a titula­ ridade e conferida ao povo e 0 exercicio aqueles por ele eleitos com 0 objetivo maior de manifestagao constituinte e consecuc;ao de suas aspirac;6es, guindan­ do-as ao status de finalidade da unidade politica, fundamento mesmo da razao de ser e de existir do Estado.. 2.5. Especies de Poder Constituinte Ainda que Georges Burdeau saliente inexistirem poderes constituintes dis­ tintos,17 deparamo-nos com imensa dificuldade na sustentac;ao de tese de tal jaez, porquanto e a proprio tratadista que afirma ser a poder constituinte inieial, aut6nomo e ineondicionado.. 15 16. 17. Idem, ibidem.. Karl Loewenstem afirma ser universal 0 fenomeno da constituigao escrita, surgindo como inevi­. tavel conseqiiencia das conquistas das revolugbes francesa e e americana, a tal ponto que, "(... ) a soberama popular e a constituigao escrita se converteram, pratica e ideologicamente, em con­ ceitos sinonimos" (cf. Thoria de la Constitucion. pp. 159-160). Ob. cit., pp. 181-182, 184 e 189.. 13.

(31) Manoel Jorge e Silva Neto. Ora, prontamente se descortina a nitida diferenciac;:ao entre os poderes constituintes, porque vislumbrarnos urn lirnitado; outro, ilimitado. Urn condicio· nado; outro, incondicionado. Urn derivado; outro, origin8.rio. Destarte, surge, assim, a conhecida classificac;:ao do poder constituinte em origim3.rio. e derivado.. o poder constituinte origin8.rio corresponde a poder de fato,. porquanto nao exist€mcia de poder de direito quando ainda sequer existia a propria unidade estatal com a sua ordena~ao especifica, a nao ser que queim· mas fundamenta-Io na concepc;:ao jusnaturalista. A constituic;:ao e emanac;:ao do poder constituinte. Por outro lado, concebida e com can3ter de definitividade, perenidade. Ocone que a realidade cambiante das relagoes sociais, politicas e economicas denota, por vezes, a conveniencia de modificac;:ao de aspectos pontuais do texto constitucional, surgindo, nesse passo, 0 poder constituinte derivado, 0 poder reformador, ou ainda 0 poder de com}:lEltencia constitucional derivada. Trata-se, em verdade, de aspecto vinculado a tecnica constitucional, eis que se tornaria impossivel 0 chamamento do constituinte originiHio a cada vez que os fatores de ordem social. politica ou economica apontassem para a rnudanl$a da constituiqao. Outrossim, fala·se ainda em poder constituinte material e poder constituin· te formaL a primeiro precede logicamente 0 segundo, "( ...) porque a ideia de Direito precede a regra de Direito, 0 valor comanda a norma, a opgao politica fun­ damenta a forma que elege para agir sobre os fatos. E precede-o histoncamente, porque (sem considerar, mesmo, a Constituigao institucional de antes do consti· tucionalismo) ha sempre dais tempos no processa constituinte, 0 do triunfo de certa ideda de Direito ou do nascimento de certo regime e a da forrnalizal$ao dessa ideia au desse regime, (... )".1 8 0 poder constituinte formal eo "( ... ) poder de decretaqao de normas com a forma e forga juridica proprias das formas cons­ titucionais" 19 au "(... ) de criaqao originaria de urn complexo normativo ao qual se atribui a forga de constituigao" .20 Nessa linha de pensamento, adverte Gonzalez Casanova: "Nao e 0 mesmo constituir uma sociedade politica que elaborar, aprovar e promu!gar urn docu­ mento legislativo chamado constituil$ao. No primeiro caso, a constituil$ao mate· rial de uma sociedade politica e produto ou fruto da politics, do regime de coisas que cristaliza em uma politica, republica ou Estado (sociedade organizada de urn modo ou outro). a poder constituinte em tal caso 8 a efetiva e dinamica interagao dos poderes sociais, entendidos como liberdades, como direitos (jus), como com· portamentos usuais e normais dos individuos e de grupos. (... ) Mas se entende· mos por constituiqao a cria<;ao de texto legal que pretende regular a organizayao dos poderes politicos do Estado e as relagoes entre eles, al8m de garantir deter~ minados direitos e liberdades dos cidadaos, entao havemos de nos perguntar. e logico adrnitir·se a. 18. Cf. Jorge Miranda, Manual de Direito Constitncional, p. 63.. 19. Idem, Jbidem.. 20. Cf. Jose Joaquim Gomes Canotilho, Direito Constitucional. plIO.. 14. J.

(32) ... Curso de Direito ConstitucionaJ. quem tern direito a tal criac;ao normativa dentro da preexistente sociedade poll­ tica" ,21 Tomando por parametro as acep\=oes poder constituinte material e formal, visualizamos, respectivamente, dais momentos sobremaneira distintos, con­ quanta interligados e indissociavois, no que se refere aD surgimento de determi­ nada sociedade politica. De inicio, resolvem as membros da comunidade pre­ estatal pela formar;Em de ente coletivo, formayao asta a se perfazer mediante pro­ cesso continuo e gradativo cuja difusividade do titular do poder e sua nota essen­ cia1. Em urn segundo instante, encontraremos 0 manarca, a assembleia consti~ tuinte au Dutro argao apontado pelo poder fundacional 22 diante do encargo de elaborayao de urn documento formalizador dos comandos originariamente extra­ tados. Nos, particularmente, preferimos denominar poder constituinte inato aque­ la energia materiaUzada no elemento fundador e apta a determinar 0 apareci­ mento da criatura politica coletiva, bern assim 0 sujeito (rei, ditador, assembleia ou 6rgao canstituintc) quo conduz a historico encargo de elabora~aoda norma de reg€mcia do ordenamento positivo. Dissemos inato em virtude de 0 ente politico traze-Io consigo, sempre. Representa, sem duvida, caracteristica sua de compostura inarredavel, porquan~ to podera se manifestar a qualquer tempo, independente do fate de ja portar a sociedade polltica urn texto formal. Vira a tona toda vez que fatores metajuridi­ cos e extranormativos 0 impuserem, incondicionalmente, a ayao dirigida aD apa­ gamento da moldura constitucional anterior. E sta, por issa mesma , inata aa ente estatal 0 poder constituinte material originario,23 porque, embora nao se revele com certa freqiiencia, a acampanha. Denominamos, outrossim, poder constituinte adquirido aquele que necessa­ ria e abrigatoriamente deriva da especie inata. Seu cometido esta direcionado a modificayoes localizadas do texto constitucional, rnalgrado lirnitadas pelo e1e­ mento fundador (trataremos das limita\=oes impostas ao poder constituinte adquirido au derivado no proximo subitem 2.6). Trata-se de poder adquirido em razao de se inserir na estrutura organizati­ va do Estado por conveniencia do poder constituinte inato, porque, COIfl.O diluci~ damos linhas atras, inviavel seria a convocac;:ao do sUjeito detentor da competen~ cia originaria a cada vez que se tornasse imperiosa a altera\=aa pantual da Lei Maior.. ?1 22. 23. Cf. Gonzalez Casanova, Teoria del Estado y Derecho Constitucional, p. 210.. A expressao "poder fundador" foi, de forma inaugural, enunciada por Maurice Hauriou (ct.. Principios de Derecho Publico y Constltucional, pp. 314-315), ao assentar que a "operagii.o mediante a qual f;e estabelecem as regras de superlegalidade constitucional nao diferem. por sua natureza, daquelas mediante as quais se estabelecem as demais regras de Direlto. E uma operaC;ao de fundaqiio que sup6e urn poder fundadoI e urn procedimento de fundaqao. Aqui, 0 poder fundador toma 0 nome de poder constituinte (. .. )" (os grifos sao nossos). It de autoria de Jorge Miranda a expressao "poder constituinte material origincirio" (cc. Manual, cit., p. 65).. 15.

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