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PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente. Cibercultura. Conectivismo.

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Academic year: 2021

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REDE: A CIBERCULTURA E O CONECTIVISMO NA FORMAÇÃO DOCENTE

Eduardo S. Junqueira Jaiza Helena Moisés Fernandes Grupo de Pesquisas LER - UFC

RESUMO

Este artigo apresenta estudo qualitativo desenvolvido junto a um grupo de licenciandos de diversos cursos de uma universidade da região nordeste participante da disciplina Cibercultura e Educação 2013.2, voltada à formação docente a partir dos princípios da Cibercultura e do Conectivismo. A sociedade contemporânea vivencia um novo movimento cultural, a cibercultura. Destarte, a educação formal deve se apropriar de elementos conceituais e práticas paradigmáticas da cibercultura. A pesquisa investigou os percursos online vivenciados e as aprendizagens para a docência construídas pelos licenciandos, organizados de forma multidisciplinar, no processo de criação e aplicação de material didático colaborativo em rede (MDCR). O trabalho colaborativo e cooperativo desenvolvido pelos licenciandos incluiu diversas interações com uma turma de alunos de ensino médio de uma escola pública. Adotou-se a perspectiva etnográfica de pesquisa, com documentação e análise dos percursos dos licenciandos em atividades online (em um grupo do Facebook e em duas comunidades criadas na rede social virtual Aprender em Rede), na construção do MDCR e na escola parceira. Foram realizadas entrevistas em profundidade com um grupo de participantes. Os resultados indicam que os licenciandos conferiram, no MDCR, grande importância aos diversos gêneros discursivos (textos dissertativos, poesias, paródias) bem como a outros elementos hipermodais (imagens, vídeos, músicas). Observou-se nos conteúdos e nas atividades propostas com fins de aprendizagem no MDCR, uma adequação aos princípios das duas abordagens teóricas mencionadas. Os relatos dos licenciandos e os percursos documentados e analisados caracterizam a experiência de formação docente baseada na criação, compartilhamento e aplicação de material didático aberto, em rede. A formação lhes permitiu constituir ação docente ancorada na reflexão sobre a prática, na qual conectaram e selecionaram fontes de informação e realizaram a troca e articulação de saberes com fins didático-pedagógicos, inseridos da dinâmica de fluxos e compartilhamentos na internet, de modo mais amplo.

PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente. Cibercultura. Conectivismo.

INTRODUÇÃO

O abrangente fenômeno da Cibercultura e da comunicação colaborativa em rede aponta para a necessidade de se estabelecer processos de design participativo, em que usuários-alunos possam cooperar, abrindo-se a possibilidade de disponibilização de conteúdos abertos articulados para fins de aprendizagem cada vez mais interativos e democráticos (LEMOS, 2004). Esses princípios têm balizado o desenvolvimento de

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universidade na região nordeste, voltadas aos diversos cursos de licenciatura, integrando atividades do Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE), financiado pela CAPES. A natureza e a produção desses materiais fundamentaram-se no paradigma da Cibercultura e suas relações com o processo de aprendizagem e formação docente. Segundo Lévy (1999), no campo da cibercultura, o computador se distancia da condição instrumental, aproximando-se e alimentando um terreno cultural e comunicacional no ciberespaço.

O presente estudo constitui-se com base no arcabouço multidisciplinar e na perspectiva do Conectivismo (SIEMENS, 2004), buscando a compreensão do caráter complexo, dinâmico, diverso e convergente de experiências educacionais relacionadas à rede na formação docente contemporânea.

REFERENCIAL TEÓRICO

Siemens aponta limitações de teorias da aprendizagem frente aos novos modos de viver da sociedade a partir das tecnologias digitais e redes de comunicação e estabelece as bases conceituais do Conectivismo (SIEMENS 2004):

• A aprendizagem é um processo de conectar nós ou fontes de informação especializadas. Dessa forma, a criação de materiais educativos em rede se dá pela junção de saberes em áreas diversificadas.

• A capacidade de saber mais se torna mais importante do que aquilo que se sabe em um momento dado. Considera-se que o saber mais diz respeito à dinâmica das trocas, ao fluxo contínuo das informações compartilhadas.

• A alimentação e manutenção das conexões são necessárias para facilitar a aprendizagem contínua

• A habilidade chave de ver conexões entre áreas, ideias e conceitos não está restrita aos professores.

• A atualização é a intenção das atividades conectivistas de aprendizagem. A internet permite aos usuários vasta fonte de pesquisa, cabendo a eles a triagem do que é relevante ou não.

O ESTUDO SOBRE OS MDCR

Trata do desenvolvimento de material didático colaborativo em rede (MDCR) voltado à formação de alunos das diversas licenciaturas, matriculados na disciplina Cibercultura e Educação no semestre 2013.2 da referida universidade. Essas atividades

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incluíam:

• Pesquisas na internet de conteúdos hipermidiáticos (vídeos, artigos, sites).

• Avaliação dos materiais pesquisados pelos licenciandos quanto à̀ sua qualidade acadêmica e adequação aos objetivos da formação.

• Utilização dos materiais selecionados na criação de um blog com fins de aprendizagem a partir de interações com os alunos de ensino médio de uma escola pública.

Essa proposta de formação de professores foi ancorada na prática, pois estabeleceu um diálogo entre Universidade e escola. A pergunta norteadora do estudo foi: Como gerar melhorias de aprendizagem do aluno em seu processo de formação docente ao se instituir uma prática pedagógica orientada por formulações teóricas no marco da cibercultura e baseada na proposição dos materiais didáticos colaborativos em rede? À medida que os licenciandos aplicavam o MDCR em construção (um blog) junto aos alunos da escola, obtinham feedback sobre os conteúdos e atividades propostas, configurando-se num processo de construção, aplicação, avaliação e reconstrução do MCDR, cujo endereço é: http://cibercultura20132.wix.com/ sustentabilidade

Desenvolveu-se um estudo qualitativo de perspectiva etnográfica (BOGDAN; BIKLEN, 2003), buscando-se documentar e dar sentido às ações complexas dos sujeitos envolvidos a partir da visão deles sobre as ações desenvolvidas. A coleta de dados contemplou a documentação e mapeamento dos weblinks estabelecidos. Essa documentação permitiu verificar a qualidade dos recursos, a diversidade de perspectivas teóricas e a diversidade de modos de linguagens (escrita, sonora, etc.). Realizou-se a verificação dos percursos de aprendizagem online do grupo de licenciandos e verificação dos dados de navegação registrados nos espaços web (comunidades em redes sociais virtuais), os materiais incorporados ao MDCR e atividades com alunos da escola parceira. Essa verificação resultou em um mapeamento por frequência, tipologia, qualidade e temática do MDCR.

RESULTADOS E ANÁLISE

A busca, compartilhamento, análise e apropriação de conteúdos da internet para fins didáticos ocorreram também à distância durante a construção do MDCR, um blog sobre o tema da Sustentabilidade, como destacou uma participante: “a gente teve que

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discutir muito para criar o site [blog], então teve que interagir a distância mesmo, fora das aulas para poder criar” (Licencianda 2, entrevista).

No processo de construção do blog, os materiais eram linkados e compartilhados a partir de três espaços na internet: o grupo do Facebook, do qual participavam os licenciandos, alunos da escola e monitores da disciplina; uma comunidade de aprendizagem da disciplina e outra específica do grupo responsável pela criação do MDCR. As práticas dialógicas e de compartilhamento ocuparam espaço significativo. O grupo criado no Facebook propiciou a interação e compartilhamento de materiais entre os licenciandos e os alunos da escola, com vistas à construção do MDCR. Os licenciandos compartilhavam materiais pesquisados e/ou elaborados por eles nas comunidades virtuais.

As pesquisas dos licenciandos tinham rigor teórico e informacional do conteúdo e abrangiam conteúdos em múltiplas linguagens (imagens, textos, elementos audiovisuais), com fins à melhoria da aprendizagem e à adequação do blog aos alunos da escola. Conteúdos textuais formais (textos dissertativos e de opinião) ganharam status semelhante a outros gêneros textuais (paródias, quadrinhos, poesias, esquetes). Segundo os licenciandos, a diversidade de recursos e linguagens facilitou a interação dos alunos com os conteúdos. A mesma tessitura de linguagens se aplicava às atividades propostas aos alunos durante atividades na escola.

A temática do blog, atual e transversal, centrou-se na Sustentabilidade, a partir de interesse manifesto dos alunos da escola e contribuiu para a criação de um MDCR interdisciplinar. A análise dos conteúdos do blog revelou boa distribuição dos recursos entre as diversas linguagens: visuais, audiovisuais, textuais e hipertextuais. Nas atividades, há solicitações aos alunos de produção e publicação de materiais na rede. Os conteúdos e atividades disponibilizados remeteram os alunos a outros espaços interativos da internet (websites como YouTube, Picture Collage, Piccollage, Facebook, Instagram, Twitter). Os espaços de comentários, abertos aos alunos e aos usuários da rede, facilitaram as interações e potencializaram diálogos ampliados.

Em relação à tipologia, foram utilizados vídeos não muito longos e textos com fotos e diferentes abordagens da temática. Os hipertextos remetiam os alunos aos sites de pesquisa, publicação de vídeos, eventos, espaços de comentários e editores de textos e imagens online. Vídeos produzidos pelos alunos da escola integraram o blog.

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A presença e as trocas dos licenciandos na internet permitiram-lhes vivenciar novas experiências pedagógicas no processo de formação docente: “Fizemos um verdadeiro laboratório, né, foi algo assim inovador de trabalhar com Facebook na sala de aula. Já nos ofereceu uma panorâmica de como explorar as redes sociais dentro de uma sala de aula, por exemplo, trabalhar com vídeos, YouTube, Facebook” (Licenciando 1, entrevista). Outro aluno afirmou que: “a questão da internet, o uso dela, eu acho que aproxima muito o aluno do professor, principalmente, no caso, nós criamos um grupo no Facebook. Então, os alunos postavam alguma coisa, a gente postava também e encurtava essa distância professor-aluno” (Licenciando 4, entrevista).

Ao navegarem pelos “labirintos” da internet para construírem sua prática docente, os licenciandos aprimoraram habilidades de busca e compreensão sobre fontes de informação e linguagens. O MDCR fomentou a reflexão, induziu a criação e compartilhamento de materiais em rede pelos licenciandos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da perspectiva pedagógica do Conectivismo, os licenciandos puderam conectar fontes de informação e agregar saberes com fins didático-pedagógicos, inseridos da dinâmica de fluxos e trocas da internet, de modo mais amplo, mas também entre eles e os alunos da escola. O blog constitui-se como espaço de atualização de saberes, criação e manutenção de novas conexões entre áreas de saberes, ideias e linguagens. Os licenciandos vivenciarem diversos princípios da Cibercultura e do Conectivismo em sua formação docente. A rede, para eles, constituiu-se como espaço de reflexão e de exploração de novas possibilidades no exercício da docência com junção e troca de saberes, produção e compartilhamento de MDCR com fins didáticos. REFERÊNCIAS

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Qualitative research for education. New York: Allyn and Bacon, 2003.

LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 2ªed. Porto Alegre: Sulina, 2004.

LÉVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.

SIEMENS, G. Connectivism: A learning theory for the digital age, 2004. Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>. Acesso em: 04 fev. 2012.

Referências

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