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A História Não Contada Da Igreja Do NT - Frank Viola

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Academic year: 2021

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Texto

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não-contada

Novo Testamento

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FRANK VIOLA

•K -A . .C*-w

Um guia extraordinário para

entender o Novo Testamento

(2)

v í)cj a o (T\ovo ^estamento se tom ar vivof

Entenda a Palavra de Deus como nunca antes!

Novo Testamento é, muitas vezes, difícil de entender. A maior razão é porque ele

não está organizado em ordem cronológica. As cartas de Paulo, por exemplo,

estão organizadas por tamanho em vez de cronologicamente. Isso faz o Novo

Testamento mais ou menos como um quebra-cabeça! Por essa razão, um conhecido

erudito da Bíblia disse que ler as cartas do Novo Testamento é como ouvir alguém em

uma ponta de uma conversa telefônica. O livro que você tem em mãos reconstrói o outro

lado para que você possa entender virtualmente cada palavra!

A História Não-contada da Igreja do Novo Testamento é um manual bíblico

único que combina Atos e as Epístolas cronologicamente, criando uma história fluida!

Essa obra dá aos leitores um relato interessante e esclarecedor do drama do Novo

Testamento como se fosse narrado por quem o viveu. Ele inclui datas, mapas e

informação do pano de fundo sobre o povo, as cidades e os eventos da igreja do primeiro

século dando ao leitor a sensação de “você está lá”.

Esteja perto, e pessoalmente, dos apóstolos Paulo, Pedro, Tiago e João e aprenda

sobre suas lutas pessoais. Entenda as circunstâncias por trás de cada carta inspirada que

eles escreveram. Assista o caótico redemoinho do povo e dos eventos do primeiro

século colocados no lugar diante de seus olhos. Descubra o que realmente era “o espinho

na carne” de Paulo. Aprenda o que aconteceu a todos os apóstolos depois de o livro de

Atos ter sido terminado. Seja conduzido à viva e inspirada atmosfera do primeiro século

e descubra as riquezas escondidas que há na Palavra de Deus!

g^ranfc

(\)io ta

É autor de uma série de livros sobre a renovação e a reforma

radicais da igreja. Sua paixão é ver a centralidade de Jesus Cristo

e a vida da igreja primitiva restauradas. Frank faz parte

do movimento da igreja em casa. Ele vive na Flórida.

(3)

The Unfold Story o f the New Testament Churcb

© Copyright 2004 Frank Viola

Publicado em inglês por Destiny Image Publish^rs> ^nc P. 0 . Box 310

Shippensburg, PA 17257-0310 www.destinyimagem.com

A História Não-contada da Igreja do Novo Testíi,rie,lt0 © 2009 Editora Restauração

w w w. ed i tora re stauracao. co m . b r

Tradução: João Alfredo Revisão: Francisco Nunes

(4)

Com meu mais profundo amor e apreço, para um anjo que vive na Terra: minha mãe, Jeanette.

(5)

R

e c o m e n d a ç õ e s

Muitos de nós fomos desafiados pelos livros anteriores de Frank que exa­ minam a vida e a prática da igreja no Novo Testamento. Agora com essa história, focada em nos ajudar a ver a igreja em seu contexto no Novo Tes­ tamento, numa ordem cronológica apropriada, somos grandemente auxilia­ dos a entender as várias cartas do Novo Testamento. Quando examinamos os escritos de Pedro, Paulo e João e o contexto no qual eles escreveram, o livro de Frank ajuda a tornar o por quê de suas cartas tão claro quanto o

para quê\ Leia esse livro de um fôlego e você se maravilhará com a história

da igreja primitiva revelada diante dos seus olhos.

Tony Dale, editor

H om e 2 House magazine (revista De Casa em Casa)

Essa obra proporciona informação muito necessária que agora está reunida pela primeira vez! Leia-o como eu fiz: com uma caneta marca-texto na mão! Obrigado, Frank, pela forma com que você deixou que o Senhor o usasse na preparação disso para o benefício de todos nós!

Ralph W. Neighbour, Jr., autor

Where Shall We Go From Here? (Para Onde Vamos Daqui?)

Frank Viola produziu um relato proveitoso e atraente da igreja do Novo Testamento, colocando, de forma útil, pessoas e eventos em seu contexto cultural do primeiro século. Apesar de nem todos concordarem com to­ dos os detalhes da reconstrução ou interpretação teológica do autor - pois qualquer reconto desse tipo inevitavelmente envolve alguma interpretação

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8 ■x?' A História N ão-Contada da Igreja do Novo Testamento

esse relato ajuda crentes contemporâneos a apreciar mais plenamente o notável dinamismo dos nossos mais antigos ancestrais cristãos.

Howard A. Snyder, autor

The Community o f the K ing (A Comunidade do Rei) Liheratin the Laity (Libertando o Laicato) A Kingdom Manifesto (Um Manifesto do Reino) D ecoding the Church (Decodificando a Igreja)

Franlc Viola nos deu um tipo diferente de história da igreja, uma história não da instituição, mas do Corpo. Ela é focada no povo de Deus e suas lutas; cm Paulo e seus convertidos, inimigos, discípulos e amigos; em Pedro e João e as igrejas que eles originaram e levantaram. O livro de Frank enfatiza o que se passou entre os santos para criar valor eterno mais do que o que aconteceu politicamente para criar a igreja dos séculos subsequentes. Embora a maioria das histórias seja escrita pelos vencedores para justificar sua vitória, A História

Não-contada nos dá a história das primeiras igrejas como povo pertencente a

Deus, fossem elas completamente vitoriosas ou em problemas.

Hal Miller, autor

Christian Community: Biblical or Opcional?

(Comunidade Cristã: Bíblica ou Opcional?) Frank Viola conseguiu de novo! Dessa vez ele combinou todo o Novo Tes­ tamento em uma história simples e cronológica. Gostei disso! Promoverei esse livro e o darei de presente para os amigos este ano.

Nate Krupp, autor

God s Simple Plan fo r His Church

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C

o n t e ú d o

Preâm bulo... 11

Prefácio... 15

Introdução... 21

P rólogo... 27

C apítulo ! O Prim eiro Movimento: A Divindade na Eternidade P assada... 29

C apítulo 2 O Segundo Movimento: O Filho é Enviado à Terra...31

C apítulo 3 As Crônicas de N a zaré... 33

C apítulo 4 As Crônicas da G alileia... 35

C apítulo 5 O Elemento Central do Drama: o C alvário... 37

C apítulo 6 O Terceiro Movimento: Nasce a Ig re ja ... 41

C apítulo 7 As Crônicas de Jerusalém ...43

C apítulo 8 As Crônicas de A ntioquia... 59

C apítulo 9 As Crônicas da Galácia... 67

C apítulo 10 As Crônicas da G récia... 87

C apítulo 11 As Crônicas de Efeso...105

C apítulo 12 As Crônicas de R om a...133

C apítulo 13 As Crônicas Pós-cativeiro...147

C apítulo 14 O Quarto Movimento: O Filho Volta à Terra... 167

C apítulo 15 O Movimento Final: A Divindade na Eternidade Futura... 169

E p ílo g o ... 171

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r e â m b u l o

F

rank Viola prestou ao mundo um imenso favor. Ele “arrumou” o Novo Tes­ tamento para nós! A Bíblia que temos hoje é totalmente inspirada, sim. Mas a ordem das cartas do Novo Testamento é, bem, um completo matagal. Em lugar de estarem organizadas por data, estão em ordem de tamanho!

Tenho um amigo erudito que possui milhares de livros. Ele saiu de férias certa vez, deixando sua casa aos cuidados de uma governanta inex­ periente, mas caprichosa. Quando retornou, viu que ela tinha amavelmente arrumado todos os livros por tamanho. Ele não gostou muito.

Sim, isso é exatamente o que você e eu enfrentamos todas as vezes que abrimos o Novo Testamento. E quase como um quebra-cabeça chinês. Na realidade, Gálatas foi a primeira carta que Paulo escreveu. Mas alguém no segundo século organizou o Novo Testamento como o temos hoje co­ locando os quatro Evangelhos e Atos bem no começo, depois as cartas de Paulo, colocando a mais longa primeiro (Romanos) e a mais curta por último (Filemon). Então, incluiu todas as demais. Esse não foi um processo inspirado! E nenhum erudito reivindica que tenha sido.

Mas, mesmo se alguém hoje tivesse organizado o Novo Testamento em ordem, com os livros mais antigos primeiro, você ainda teria uma pequena tarefa vitalícia cm mãos. Você ainda teria de imaginar por que cada livro foi escrito, bem como quem eram todas aquelas pessoas de nomes estranhos mencionadas pelos autores do Novo Testamento e como essas cartas foram usadas para cumprir o propósito eterno de Deus por todo o Império Romano! Em resumo, você ainda não seria capaz de ver a magnífica floresta da Igreja Primitiva em meio a todas as árvores (a torrente de nomes, cidades, viagens e cartas). Mas todas essas coisas se tomarão vivas para você conforme Franlc expuser o relato do Novo Testamento ano após ano.

Ainda mais importante é que você verá e sentirá pela primeira vez o drama épico da revelação do plano-mestre do Deus eterno para as eras. Dian­ te He çpnç olhos o eaótieo redemoinho de nessoas e eventos do nrimeiro

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12 e*c:' A Historia Ncio-Cont&da. da Igreja do Novo Testamento

século se encaixará, e você será grandemente encorajado. Por quê? Porque o drama ainda não acabou, amigo. Hoje, você e eu mais uma vez estamos sendo chamados para completar o que nossos irmãos e irmãs do primeiro século começaram: apresentar e expressar Jesus Cristo em comunidades abertas, livres e saudáveis que estão edificando o reino de Deus.

É nosso mais elevado privilégio hoje completar a vitória na batalha que eles começaram. O drama continua, com a iniciativa em suas mãos e nas minhas.

Contudo, não podemos apreciar de fato a imensidão da obra na qual estamos envolvidos a menos que captemos a linha da história desde seu co­ meço. Por isso, vamos voltar com Frank para os primórdios mais antigos, no tempo antes do tempo, quando o Cordeiro foi morto antes da fundação do mundo.

James H. Rutz, autor

Megashift

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Alguém pode sempre encontrar algum tipo de significado num verso da Escritura. Mas, aqueles que entendem que os livros do Novo Testamento foram escritos para um povo específico, em lugares específicos, cerca de dois mil anos atrás, sabem que essa não é uma boa ideia. Se o texto do Novo Testamento f o i escrito p ara fazer sentido para as pessoas do p ri­ meiro século, então, precisam os tentar nos colocar no lugar delas para determ inar o que os escritores neotestamentários pretendiam que seus leitores entendessem com aquilo que escreveram. Se tentarmos dar senti­ do para a Bíblia sem conhecer a pessoa que escreveu, aqueles que leram e a sociedade na qual viviam, seremos inclinados a ler na Escritura os valores e idéias de nossa sociedade. Esse poderia ser o maior erro, j á que nossa cultura é muito diferente daquela dos antigos rom anos.1

1. Jam es Jeffers: The Greco-Roman World o f lhe N ew Testament Era: E xploring the

Background o f Early C hristianity (Dow ners Grove: InterVarsity Press, 1999), p. 11.

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P

r e f á c i o

s páginas que se seguem apresentam o desenrolar do drama da igreja do Novo Testamento em ordem cronológica. Uma grande porção está baseada na narrativa de Lucas. Lucas escreveu uma obra em dois volumes conhecidos como Lucas e Atos. O primeiro, o Evangelho de Lucas, narra a história de Jesus nos dias de Sua carne da Galileia até Jerusalém. O segundo volume, Atos dos Apóstolos, narra a história de Jesus - agora no Espírito operando por meio de Seu Corpo - de Jerusalém até Roma.2

A História Não-contada da Igreja do Novo Testamento é a única que

mescla em ordem cronológica o drama que encontramos em Atos com o res­ tante do Novo Testamento, produzindo assim uma história que flui. Ela tam­ bém guia os leitores por cada carta neotestamentária em ordem cronológica, dando-lhes o pano de fundo histórico por trás de cada uma delas. Desta for­ ma, esse livro é um misto de comentário narrativo e um manual da Bíblia.

Alguém poderá pensar que a história dos cristãos do primeiro século é perfeitamente conhecida por quem lê e estuda a Bíblia. Mas não é. Mais assus­ tador é que a vasta maioria dos pastores, professores de Bíblia e de seminários são aflitivamente ignorantes dela. A razão para isso tem a ver com o modo como os ministros são treinados hoje em dia. Isso requer esclarecimentos.

Num seminário ou colégio bíblico típico existe uma desconexão fun­ damental entre a história da igreja e as cartas do Novo Testamento. O estu­ dante ou o seminarista estuda os eventos mencionados em Atos no curso de “história da igreja” . Ele então aprende a exegese (interpretar e expor) das cartas neotestamentárias numa aula de “estudo do Novo Testamento”. O

2. Tanto o Evangelho de Lucas como Atos cobrem um período de tempo de cerca de 32 anos. (Lucas cobre de 4 a.C. a 30 d.C.; Atos cobre de 30 d.C. a 62 d.C.). Além disso, am bos têm m ais ou m enos a mesma extensão. Os antigos historiadores na tradição grega tentavam m anter os volumes de uma série histórica que estivessem escrevendo do mesmo tam anho e proporção. De maneira interessante, os últim os 23% do Evan­ gelho de Lucas relatam os eventos da provação e morte de Jesus, enquanto os últimos 74% fie Atos relatam os eventos uue conduzem à orovacão e orisão de Paulo.

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16 •*?> A História Não-Contada da Igreja do Novo Testamento

resultado: o que Deus juntou o homem separa.3 Uma história que flua livre­ mente e harmonize a narrativa de Atos com as cartas do Novo Testamento é uma carência imensa nos currículos.

Uma habilidade valiosa que o seminário proporciona é a da exegese da Escritura. Dessa forma, os seminaristas se tornam mestres em analisar os livros da Bíblia separadamente. Eles são como os ecologistas que ana­ lisam a composição de uma árvore. Eles são treinados para retirar a casca, examinar a seiva, colocar a raiz sob um microscópio e dissecar as folhas. Mas perdem o quadro maior por causa dos detalhes e são cegos para verem a realidade mais ampla da floresta.

Uma vez que eles dão passos para trás e sondam toda a floresta, estão então aptos para ver como cada árvore veio a existir, em que ponto da floresta foi plantada e seu relacionamento com as demais árvores. Aprender a história da igreja do Novo Testamento permite à pessoa essa perspectiva mais ampla.4

Enquanto lê as páginas seguintes, tenha em mente que os eruditos discordam sobre data e origem de alguns dos livros do Novo Testamento. A este respeito, tenho seguido amplamente as conclusões de F. F. Bruce, Donald Guthrie e John A. T. Robinson. Quanto à sequência e data crono­ lógica dc cada evento do Novo Testamento, segui principalmente a crono­ logia que se encontra na Berkeley Version o f the New Testament (Versão Berkeley do Novo Testamento) e do livro de Ben Witherington The Acts o f

Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary (Atos dos Apóstolos: Um Co­

mentário Sócio-Retórico).

O presente livro está dividido em cinco seções. Cada uma representa um “movimento” específico que Deus fez para cumprir Seu propósito eter­ no. As cinco seções são:

» O primeiro movimento: o plano eterno de Deus é concebido na eternidade passada.

3. O livro de Atos e as epístolas são parte do m esmo cânon do Novo Testamento. Por­ tanto, a informação contida nas epístolas deve ser usada para preencher os vazios que aparecem na história de Atos, e a história de Atos deve ser usada para derram ar luz sobre as epístolas. O presente livro tenta fazer ambos.

4. Para uma discussão sobre as aplicações práticas da história (que são surpreendentes), ver minha série sobre a reform a radical da igreja: R ethinking Wineskin (Vol. 1) (Re­ considerando o Odre); Who is Your Covering? (Vol. 2) (Quem é a Tua Cobertura?);

Cristianismo Pagão (Vol 3)); So You Want to Start a H o m e Church? (Vol 4) (Você

Quer, Realm ente, Começar Uma Igreja cm Casa?; From N azareth to Patmos: The

Saga o fth e New Testament Church (Vol 5) (De Nazaré a Patmos: A Saga da Igreja do

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Prefácio ^ 1 7

© O segundo movimento: Deus envia Seu Filho à Terra a fim de es­ tabelecer a base para Seu plano eterno. Jesus e os Doze prefiguram o plano eterno de Deus na Galileia.

® O terceiro movimento: nasce a Igreja, e o plano eterno de Deus encontra expressão visível na terra. Os capítulos 6 a 8 são basica­ mente um recontar de Atos 1-12. O livro chega a passos largos ao capítulo 9, onde começa a descortinar o pano de fundo das epísto­ las do Novo Testamento.

® O quarto movimento: Deus envia Seu Filho de volta à Terra para consumar Seu plano eterno.

• O movimento final: o plano eterno de Deus se conclui na eterni­ dade futura.

As fontes que usei para compilar a história aparecem na bibliografia no final do livro. Escolhi também limitar os detalhes sociológicos e históri­ cos para que o leitor não se distraia do fluir da história. Aqueles que deseja­ rem obter mais detalhes ou verificar minhas conclusões poderão consultar a bibliografia. As notas de rodapé proveem importantes referências bíblicas e históricas que tanto expandem como dão apoio as minhas conclusões. Informações vitais sobre cada carta, jornadas apostólicas de Paulo e condi­ ções sociológicas do primeiro século aparecem em caixas cinza. Você deve ler todas as caixas já que elas são uma parte importante da história.

Ao ler a palavra “igreja” neste livro, não pense em uma denominação, um edifício ou um culto religioso. A palavra “igreja” no Novo Testamento é a tradução do vocábulo grego ekklesia, e significa uma assembleia - ou reunião - dos membros de uma comunidade. Colocando de outra forma, a igreja é a comunidade daqueles que creem em Jesus Cristo e que se reúne para expressá-Lo. Esse é o significado original da palavra, e será usada assim em todo o livro.

Finalmente, gostaria de reconhecer minha dívida para com Gene Edwards por me inspirar c desafiar a criar um modelo completo da igre­ ja primitiva. Sua pesquisa pioneira e discernimento aguçado desse campo totalmente negligenciado tem lançado um fundamento sólido para m im e para outros edificarem sobre ele.5 Também estou em débito com F. F Bruce,

5. Edwards escreveu uma série dc livros cham ados First-Century D iaries (D iários do Primeiro Século) (Editora SeedSowers) que conta a história da igreja do prim eiro sé­ culo em form a de novela. Sua série é dirigida para o lado direito do cérebro enquanto o livro que você tem em mãos é dirigido para o lado esquerdo.

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18 ~ás A História Não- Con tada da Igreja do Novo Testamento

Donald Guthric e Ben Witherington por sua insuperável erudição e cuida­ dosa análise da história da igreja primitiva. Um agradecimento especial para Frank Valdez e Mike Biggerstaff por revisarem o manuscrito, e a Curt Shirley por criar os mapas.

Minha esperança ao escrever este livro é que o Senhor o use para dar a Seu povo uma visão nova e impactante da história da igreja primitiva, a qual, na realidade, é a história Dele.

Frank Viola Jacksonville, Flórida

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O arranjo das cartas de Paulo no Novo Testamento é em geral pelo seu ta­ manho. Quando as rearranjamos em sua ordem cronológica, encaixando- as tanto quanto possível em sua posição na vida registrada em Atos dos Apóstolos, elas começam a revelar mais de seus tesouros; elas se tornam auto-explic ativas, com um alcance maior do que quando esse pano de fu n ­ do é ignorado.6

6. G. C. D. Howley em “The Lcttcrs o f Paul”, New International Bible Com entary (“As Cartas dc Paulo”, Novo C om entário Bíblico Internacional) (Grand Rapids: Zonder- van, 1979), p. 1095.

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I

n t r o d u ç ã o

V

ocê já leu alguma vez a Bíblia sem entender o que estava lendo? Você já leu alguma vez as cartas de Paulo e se perguntou: “O que ele quis dizer quando escreveu esses versos? A quem especificamente essa carta foi escrita? Como eram as pessoas a quem ele escreveu? Onde Paulo estava quando escreveu, e o que estava sentindo? Que fatos levaram-no a escrever essa carta?”

Você já leu alguma vez todo o livro de Atos e pensou consigo mesmo: “Quando exatamente esses eventos aconteceram? E em que ponto nessa interessante epopeia Paulo, Pedro, Tiago, João e Judas escreveram suas cartas? Como todos os livros do Novo Testamento se encaixam? Quais fatos históricos especiais ocorreram durante o primeiro século e que influ­ ência tiveram sobre a igreja primitiva?”

O presente livro responde a essas e outras perguntas. O conteúdo dc suas páginas é uma sinopse histórica, cronológica e sociológica dc todo o Novo Testamento. Seu propósito é dar a você uma visão panorâmica da igre­ ja do primeiro século em seu ambiente cronológico e sócio-histórico. O valor

de se ter tal visão é inestimável. Mas podemos destacar algumas razões. Em primeiro lugar, compreender a história da igreja dará a você um en­ tendimento totalmente novo de cada carta do Novo Testamento - um enten­ dimento rico, apurado e empolgante. Você será conduzido para a atmosfera viva e inspiradora do primeiro século. Você sentirá o que passava no coração dos escritores ao redigir as cartas. As circunstâncias para as quais se dirigi­ ram se tornarão claras. As pessoas a quem escreveram se tornarão vivas.

Você não verá mais as epístolas como leituras estéreis e complicadas. Em lugar disso, elas se tornarão vozes vivas e inspiradas que fazem parte de um a história viva e inspirada. O resultado? Você se apegará ao Novo Testamento como nunca antes! O erudito F. F. Bruce certa vez afirmou que ler as cartas de Paulo é como ouvir um lado de uma conversa telefônica.

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2 2 « A História Não-Con tada da Igreja do Novo Testamento

Em segundo lugar, com preender a história ajudará você a ver “o qua­ dro todo” que sustenta os eventos que seguiram o nascimento da igreja e seu subsequente crescimento. O “grande quadro” tem em seu centro um padrão inalterável da obra de Deus. E esse padrão reflete o alvo último dc Deus: ter uma comunidade na terra que expressa Sua natureza dc forma visível. O tema de uma comunidade ordenada por Deus constitui um fio unificador que percorre toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. Portanto, o presente livro não apenas o ajudará a entender melhor o Novo Testamento, como também irá dar a você uma nova visão do propósito eterno de Deus, que é o que há de mais íntimo em Seu coração.

Terceira: compreender a história da igreja do Novo Testamento lhe dará com o contexto histórico apropriado que o capacitará a aplicar acu­

radamente a Escritura à sua própria vida. Comumente, os cristãos tomam

versos fora do contexto e os aplicam de modo equivocado à vida diária. Ver a Escritura em seu contexto histórico correto o resguardará de cometer esses erros tão comuns.

A quarta razão é que compreender a história o libertará para sempre do estilo “recortar e colar” para o estudo bíblico que domina o pensamento evangélico de hoje. Essa é a prática comum de ir ao Novo Testamento com tesoura e cola, recortando e então colando sentenças desconexas (versos), unindo trechos tirados de livros que foram escritos separados por décadas.

Esse método “recortar e colar” tem gerado toda sorte de perigos es­ pirituais - um deles é a prática popular do montão de versos juntos para construir doutrinas instáveis. Outra é aquela do “texto-prova” para ganhar argumentos teológicos. (A vasta maioria de cristãos ocidentais comporta-se como se a mera citação de alguns versos aleatórios e descontextualizados findasse qualquer discussão sobre praticamente todos os assuntos.)

Os medievais chamavam o método de “recortar e colar” de “cordão dc pérolas”. Você toma um texto, encontra uma conexão metafórica remota com outro e, voilá, nasce uma doutrina blindada. Mas essa é uma forma patética de entender a Bíblia. Embora seja genial para ler nossos próprios preconcei­ tos no texto, é horrível para entender a intenção dos autores bíblicos.

Corretamente se diz que uma pessoa pode provar qualquer coisa ao tomar versos bíblicos fora do contexto. Deixe-me demonstrar como al­ guém pode “biblicamente” provar que é da vontade de Deus que os crentes cometam suicídio. Tudo o que você precisa fazer é “recortar” dois versos de seu contexto histórico e uni-los.

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Introdução <<?» 2 3

“E e/e [Judas]... se foi... e se enforcou ” (Mt 25:5). “Então disse Jesus... Vá e faça o mesmo ” (Lc 10:37b).

Embora esse seja um exemplo ultrajante do método “recortar e co­ lar”, ele nos permite considerar um ponto extremamente importante. Sem entender o contexto histórico do Novo Testamento, os cristãos têm constru­ ído doutrinas e inventado práticas que têm fragmentado o corpo de Cristo em milhares de denominações. Entender a seqüência de cada livro do Novo Testamento e o ambiente sócio-histórico que o sustenta é um remédio para esse problema.7

Apresentei quatro razões pelas quais redescobrir a história do Novo Testamento é algo que vale a pena ser feito. Mas há mais uma razão. Há uma chance muito boa de que isso revolucione sua vida cristã e seu rela­ cionamento com seu Senhor.

7. Os livros que com põem o N ovo Testam ento estão grosseiram ente fora de seqüência. Q uando o cânon neotestam entário foi com pilado durante o segundo século, as epís­ tolas de Paulo foram arranjadas dc acordo com o tam anho m ais do que de acordo com a data. A divisão em capítulos foi adicionada em 1227 c a divisão em versos foi inserida em 1551. Ver o capítulo 11 do meu livro Cristianism o Pagão para um relato detalhado de com o isso aconteceu c seus efeitos.

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Tomamos como certeza básica que um autor estava tentando comunicar algo significativo à audiência para a qual escrevia. Esse entendimento procura descobrir quem escreveu o texto, quando ele fo i escrito e quais assuntos ele pretendia tratar em seu próprio tempo. Somente quando cap­ tamos a situação histórica, tanto do autor como da audiência, podem os esperar entender a mensagem comunicada.8

8. David L. Barr, An Introduction: N ew Testament History{Uma Introdução à H istória do N ovo Testamento), (New York: Wadsworth Publishing Company, 1995), p. 6.

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r ó l o g o

A

gora estamos prontos para começar nossa jornada. Encontre um lugar confortável para sentar. Pegue sua versão favorita do Novo Testamento e a coloque a seu lado. Levarei você à mais notável história do mundo, a história não-contada da igreja do primeiro século.

A história começa no passado antes do tempo...

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r i m e i r o

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o v i m e n t o

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i v i n d a d e

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t e r n i d a d e

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a p ít u l o

1

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. ” (Jo 17:21-23)

“E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou po r meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fe z em Cristo Jesus nosso Senhor. ” (E f 3:9-11)

“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode men­ tir, prometeu antes dos tempos dos séculos. ” (Tt 1:2)

E

o tempo antes do tempo. Nada existe exceto a Comunidade da Trindade: Deus, o Pai, Deus, o Filho, e Deus, o Espírito Santo. Deus é tudo. Há uma inquebrável comunhão entre as três pessoas da Divindade1, entre o Pai e o Filho por meio do Espírito Santo. Um concilio é realizado. Deus concebe um plano. Ele envolve esse plano em mistério e o esconde no Filho. O plano será desvendado em um determinado tempo distante, no futuro. Paulo de Tarso mais tarde chamará esse plano eterno de “o propósito

I. “ Divindade” é o term o bíblico e teológico para o que é comum ente conhecido como “Trindade” : o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ver A t 17:29; Rm 1:20; Cl 2:9.

r

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3 0 *?. A História Não-C ontada da Igreja do Novo Testamento

eterno” (E f 1:11; 3:11; 2Tm 1:9) e “o mistério” (Rm 16:25; E f 1:9; 3:3-9; Cl 1:26; 2 :2 ).

O que é esse plano? É isto: na eternidade passada, a Divindade propôs um dia expandir Sua comunhão para um povo ainda não criado. Colocando de outra forma, Deus deseja produzir uma comunidade na terra que refleti­ rá a comunidade que é encontrada entre o Pai, o Filho e o Espírito.

Deus, que vê o fim desde o princípio, dá o primeiro passo para levar avante esse plano. No Filho Eterno estão escondidos alguns a quem Deus escolheu para fazerem parte da comunidade que estabeleceu (E f 1:4). O nome dos escondidos está escrito em um livro eterno chamado “o livro da vida” (Ap 17:8; 20:12; 21:27).

Dentro da Divindade há um Cordeiro. Ele é Deus, o Filho. Em uma data futura Deus simbolizará esse Cordeiro por um animal criado chamado pelo mesmo nome. O Cordeiro existe hoje, na eternidade passada, e Ele foi morto (1 Pd 1:19,20; Ap 13:8). Deus completa todas as coisas antes de criar todas as coisas (Hb 4:3).

O propósito eterno de Deus o faz criar um universo e uma terra. Ele teceu em Sua criação figuras e imagens de Seu Filho e da futura comuni­ dade que irá expressar Sua natureza. Deus, então, escolhe um povo para Si mesmo: a nação de Israel. Toda a vida e a história de Israel prefiguram a comunidade espiritual que um dia manifestará a natureza eterna de Deus na terra (At 7:38; Rm 2:28,29; ICo 10: lss; G1 6:16; Cl 2:16ss; Hb 10:1 ss).

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"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. ” (G1 4:4)

O S

e g u n d o

M

o v i m e n t o

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Ca p í t u l o 2

C

hega a hora marcada. Deus, o Pai, envia o Filho Eterno para a terra. O Filho se tornará a corporificação de todos os símbolos encravados na criação. Ele também cumprirá tudo o que a nação de Israel prefigurou (Os 11:1; Mt 2:15; Cl 2:16; Hb 6-10).

O Filho virá à terra para manifestar e corporificar o propósito eterno de Deus para a humanidade. Ele também morrerá pelos pecados do mundo e ressuscitará como o Cabeça de uma nova raça - uma raça que foi esco­ lhida antes da fundação do mundo - , uma raça1 que incluirá tanto os judeus como os gentios (Cl 1:2; E f 1-3; ICo 10:32). O Filho virá ao mundo para estabelecer a comunidade que a Deidade propôs na eternidade passada (Mt

1. Os cristãos do segundo século referiam -se a si mesmos como “a terceira raça” . 16:18; E f 5:25-27).

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A s C

r ô n i c a s

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a z a r é

4 a. C . a 2 8 d. C .

“E dará à luz um filho e chamar ás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que f o i dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é:

Deus conosco. ” (M t 1:21-23)

A

Divindade assume a humanidade. O Filho de Deus penetra no ventre de Maria e nasce em Belém. Ele é criado na mal-reputada cidade de Nazaré c se torna conhecido como “Jesus dc Nazaré”. Naquela cidade, Jesus experimenta a comunhão com o Pai exatamente como a conhecia na eterni­ dade passada. Jesus é um carpinteiro por profissão. Viveu trinta anos antes de começar Seu ministério terreno (Mt 1-3; Mc 6; Lc 1-4).

A Comunidade Triúna está presente no interior de nosso Senhor já que Ele tem comunhão com o Pai por intermédio do Espírito que Nele habita. A comunidade do Pai, Filho e Espírito mora dentro Dele (Cl 2:9). A comunhão eterna que existe dentro da Divindade continua inquebrável. Ela simplesmente se move dos céus para a terra onde Jesus faz residência.

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28 D.C

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30 D.C.

“E subiu ao monte, e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar. ” (Mc 3:13,14)

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a Galileia, Jesus chamou doze homens para estarem com Ele por três anos (Mc 3:13ss). Ele os treinou para tomarem Seu lugar depois que deixasse a terra. São eles (Mt 10:2-4; Mc 3:14-19; Lc 6:13-16):

® André (irmão de Pedro)

® Bartolomeu (também chamado de Natanael) ® Tiago, filho de Zebedeu

• Tiago, filho dc Alfeu ® João, filho de Zebedeu ® Judas Iscariotes

® Judas (também chamado de Labeu e apelidado dc Tadeu) ® Mateus (também chamado de Levi)

® Filipe

@ Simão, o Zelote1 (também chamado de Simão Cananita) ® Tomé (também chamado de Dídimo)

Por três anos, o Senhor Jesus conduz os Doze à mesma experiência que Ele conheceu em Nazaré (Lc 6-23). Isto é, exatamente como o Filho tem comunhão com o Pai, os Doze aprendem a ter comunhão com o Filho.

1. Os zelotes eram um grupo judeu revolucionário violentam ente oposto ao governo m mano sobre a Palestina. Essa ala militante do m ovim ento de independência dos jiulnr. tomou a liderança na revolta contra Roma cm 66 d.C.

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3 6 «<?> A História Não- C ontada da Igreja do Novo Testamento

Jesus também conduz os Doze a uma prefiguração da experiência de comunidade que Deus deseja ter na terra. Eles se tornarão o embrião dessa comunidade. Eles têm encontros informais e simples com Jesus nos quais Ele é o centro e o objeto da adoração e da comunhão.

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“Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Ce/as, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, po r mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns j á dormem tam­ bém. ” (1 Co 15:3-6)

P rim avera de 30 d.C.

Faltam quatro dias para a Páscoa1. Toda família israelita foi protegida por um cordeiro sem mancha. Os cordeiros são colocados à parte por qua­ tro dias para preparação. No mesmo dia, Jesus, o Cristo (Messias), entra na cidade de Jerusalém (Mt 21:1 ss; Mc 11:1 ss; Jo 12:1 ss).

Sexta-feira, 7 de abril de 30 d.C.2

Das 12h às I5h o balido dos cordeiros imaculados enche Jerusalém conforme são mortos para a festa da Páscoa. No mesmo momento, Jesus

1. A festa da Páscoa é descrita em Êxodo 12-13.

2. Esta é a data tradicional para a morte do Senhor. A lguns eruditos contem porâneos preferem 3 de abril de 33 como data mais precisa. E alguns creern que Cristo foi crucificado na quarta ou na quinta-feira. Ver a obra clássica de Harold H oenher Chro­

nological Aspects o f the Life o f Christ (Aspectos Cronológicos da Vida dc Cristo)

(Zondervan).

(28)

3 8 ^ A História Não- Contada da Igreja do Novo Testamento

Cristo - o verdadeiro Cordeiro de Deus - é crucificado (Mt 26:2; Jo 19-21; ICo 5:7; lPd 1:19; Hb 9:14). Assim que Jesus respira pela última vez, um terremoto atinge aquela região e a cortina (véu) que cerca o Santo dos Santos no templo é rasgada em dois, de alto a baixo (Mt 27:50,51; Mc 15:37,38). Isso significa que o caminho para a comunhão com o Pai foi agora aberto para que todos os homens o experimentem (Hb 10:19,20)3.

Mediante Sua morte, Jesus resolve todo o problema da queda do ho­ mem e da rebelião de satanás (Rm 5-7; G1 6:14; Cl 1:20; 2:14,15; Ef2:14-

16; Hb 2:14,15). José de Arimateia, um rico membro do Sinédrio e discípu­ lo de Jesus, coloca o corpo de Cristo em uma sepultura nova e nunca usada (Mt 27:57-60; Mc 15:42-46; Lc 23:50-53; Jo 19:41,42).

Domingo, 9 dc abril de 30 d.C.

A festa dos feixes das primícias chegou. Um israelita anda pelo campo e localiza os primeiros feixes de cevada que se sobressaem. As folhas de­ monstram que haverá uma colheita vindoura. Ele puxa as que se saem do solo e as leva ao sacerdote. Este move o feixe de cevada no templo diante de Jeová. No mesmo momento, o Senhor Jesus Cristo sai da sepultura como as Primícias de todos os que ressuscitarão da morte (Lv 23:1 Oss; 1 Co 15:23).

Jesus foi colocado na terra como um grão dc trigo, sofrendo a morte só. Mas, nesta manhã, Ele ressuscitou como um novo grão que brotou - com muitos outros a seguir (Jo 12:23,24).

Depois de Sua ressurreição, Jesus se encontra com os Doze e sopra o Espírito Santo sobre eles (Jo 20:21,22). Jesus Cristo agora habita nos Doze, exatamente como o Pai habita Nele.

Cristo fica na terra por 40 dias; durante esse tempo aparece intermi­ tentemente aos Doze. Ele também aparece a 500 de Seus seguidores. Quan­ do aparece, fala-lhes sobre o Reino de Deus (At 1:3; ICo 15:4-7).

Depois de completar os 40 dias, Jesus se encontra com os Doze no Monte das Oliveiras. Ele os envia para pregar o evangelho e fundar a igre­

3. Historicam ente, Deus habitou sobre a tam pa da arca da aliança no Santo dos Santos do tem plo, onde Ele podia ter comunhão com o homem (ver Ex 25:22ss; Hb 9:1-8). Até esse ponto, a única pessoa que estava autorizada a entrar além da cortina (véu) que cercava o Santo dos Santos era o sumo sacerdote. E ele somente podia entrar ali uma vez por ano. Quando morreu, Jesus abriu um cam inho para todo o povo de Deus entrar no Santo dos Santos (espiritualm ente falando) e ter comunhão com Deus.

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0 Elemento Central do Drama* o Calvario 3 9

ja.4 Mas a eles foi ordenado que esperassem em Jerusalém até que seu en­ vio fosse ativado - foi-lhes dito que esperassem pela promessa do Espírito (Lc 24:49; At 1:1-12).

19 de maio de 30 d.C.

Jesus Cristo desaparece em uma nuvem c ascende aos céus onde toma Seu lugar à direita do Pai (Rm 8:34; E f 1:20; Cl 3:1; Hb 1:3; 8:1; 10:12; 12:2; 1 Pd 3:22). Jesus Cristo entra em Seu atual ministério de Sumo Sacer­ dote por Seu povo (Hb 2:17-10:21). Quando os Doze fixam os olhos para vê-Lo sumir, dois varões vestidos de branco se colocam diante deles c lhes asseguram que Jesus voltará da mesma forma que ascendeu.

Os Doze caminham uma jornada de um dia de sábado (pouco mais de um quilômetro) do Monte das Oliveiras até a cidade de Jerusalém. Eles são acompanhados por 108 discípulos (seguidores) de Jesus (At 1:9-15).

Jesus Cristo é agora o crucificado, ressurreto, ascenso e entronizado Se­ nhor da glória! Sua obra no Calvário pavimentou o caminho para Sua igreja

a comunidade que expressará Sua natureza - ser edificada na terra.

I A palavra apóstolo significa “enviado” . Apóstolos, ou obreiros apostólicos, são pesso­ as chamadas por Deus para plantar igrejas, isto é, são “plantadores de igrejas”. (Veja meu livro So You Want to Start a H ouse Church? para mais detalhes.)

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“Porque a vida fo i manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos fo i manifestada; o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. ” (1 Jo 1:2,3)

“Nele, digo, em quem também fo m o s feito s herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que fa z todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade. (E f 1:11)

“E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fe z em Cristo Jesus nosso Senhor. ” (E f 3:9-11)

“[Ele] que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos fo i dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos." (2Tm 1:9)

s páginas seguintes contêm a história da igreja primitiva. A igreja - a

ekklesia - é a comunidade que Deus tinha em vista desde a eternidade

passada, uma comunidade que expressará Sua natureza divina na terra. A igreja é constituída dos que foram escolhidos e escondidos no Filho antes do princípio dos tempos. Quando a igreja nasce, esses escondidos começam a sc manifestar. O propósito eterno de Deus de expandir a comunhão divina que existe dentro da Divindade encontra seu cumprimento na igreja e por meio dela (Ef 3:9-11).

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"De sorte que fo ram balizados os que de bom grado recebe­ ram a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comu­ nhão, e no partir do pão, e nas orações. ” (At 2:41,42)

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proximadamente 120 discípulos judeus mantêm uma reunião de ora­ção no cenáculo dc uma casa em Jerusalém onde todos eles estavam vivendo. A casa provavelmente pertencia à Maria, mãe de João Marcos (At 12.12).' Os Doze estão presentes (At 1:12-15). Também estão presentes Ma­ ria, a mãe de Jesus, os irmãos Dele - Tiago, Judas, José e Simão (Mt 13:55; Mc 6:3) - e algumas mulheres.

Pedro fala ao grupo e os convence, a partir de uma profecia em Sal­ mos, que alguém deve substituir Judas Iscariotes (ele cometeu suicídio depois de trair Jesus). José (também conhecido como Barsabás e Justo) e Matias são indicados para serem o substituto de Judas.2 Os dois homens estiveram com Jesus desde o princípio de Seu ministério. Os Doze oram a Deus para selecionar o homem certo, lançam sortes3, e elas caem sobre Matias, que é unido aos Doze (At 1:16-26).

1. Esta pode muito bem ser a m esm a casa que Jesus usou para ter a refeição da Páscoa na noite de Sua morte (Mc 14:15ss; Jo 20:19,26).

2. De acordo com a tradição, Josc Barsabás era um dos 70 que Jesus enviou durante Seu ministério terreno (Lc 10:1 lss).

3. Lançar sortes era um costume hebreu para conhecer a mente do Senhor em um assunto (Pv 16:33). Depois que o Espírito foi derram ado em Pentecostes, não vem os mais os cristãos primitivos usarem esse recurso.

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4 4 ■<?> A História Não-Con tada da Igreja do Novo Testamento

Domingo, 29 de maio de 30 d.C.

É o dia de Pentecostes. Judeus que falam hebraico, que falam o grego e prosélitos (gentios de nascimento que se converteram ao judaísm o) de todas as partes do Império Romano lotaram a cidade de Jerusalém para ce­ lebrar a festa. Entre as nações representadas estão: partos, medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frigia, Panfília, Egito, Líbia, Roma, Creta e Arábia.

Para Aguçar o Foco

O império romano está atualmente desfrutando a Pax (Paz) Ro­

mana; seu imperador Augusto (reinou de 27 a.C. a 14 d.C.) se

estabeleceu da Espanha ao Mar Negro, do Egito ao Canal Inglês. Para a maioria da população, a vida e o comércio no império são seguros. Existem entre 70 milhões e 100 milhões de pessoas vivendo no território romano, metade das quais é de escravos. (O império é tocado pelo trabalho escravo. Os escravos não têm direitos legais e são vistos como propriedade pessoal de seus senhores. Alguns romanos ricos possuem mais de 20.000 escra­ vos.) Poucos no império romano fazem parte da classe rica dos senadores - a maioria pertence à classe plebeia pobre. Mais da metade da população é dependente da distribuição regular gra­ tuita de grãos. Noventa por cento dos trabalhadores do império estão nas fazendas e nas herdades.

Há entre três milhões e oito milhões de judeus no império. Dois terços deles vivem fora da Palestina. Estes são chamados de Dispersão (Diáspora). Porque os judeus têm crenças estranhas (servem a apenas um Deus) e práticas estranhas (guardam o sá­ bado e não comem carne de porco), são desprezados pela maio­ ria dos gregos e dos romanos. (Muitos gregos e romanos veem a circuncisão como mutilação, o sábado, como uma desculpa para a preguiça e as dietas dos judeus, como tolice.) Contudo, o judaísm o é tolerado e protegido pela lei romana.

Jerusalém é uma cidade com menos de dois quilômetros quadra­ dos. A população normal é estimada em 60 mil pessoas, judeus em sua maioria. Durante a celebração do Pentecostes, entre 125 mil a 500 mil pessoas são acrescentadas. Lucas menciona 16 países diferentes que estão representados para celebrar a festa.

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As Crônicas de Jerusalém -c.s 4 5

A cidade é composta de muito ricos, de indigentes, bem como de artistas e de mercadores. A Jerusalém do primeiro século é a cidade mais distinguida no oriente.

O Novo Testamento usa a palavra “subindo” quando descreve os que viajam para Jerusalém. A cidade está 800 metros acima do nível do mar. A maioria dos residentes fala e entende apenas o aramaico (hebraico mishnaico). Dez a vinte por cento da popu­ lação fala grego - alguns o têm como segunda língua, enquanto outros falam somente grego. Instruídos e mercadores aprendem o grego por causa dos negócios. Os romanos têm presença em Jerusalém na fortaleza Antônia. Mas eles procuram se guardar e não se misturam com o povo.

São 9 horas. Um sacerdote preparou duas massas de pães ázimos, der­ rama óleo sobre eles e os coloca num forno para serem assados (Lv 23:15- 17). No mesmo momento, o Espírito Santo desce sobre o cenáculo onde os 120 estão. Ele entra na sala com o ruído de um vento tempestuoso e enche os 120 com Sua presença e poder.1 Línguas de fogo lhes aparecem sobre a cabeça e eles falam em línguas que nunca tinham aprendido (At 2:1-12). Como resultado, aqueles que visitam Jerusalém, vindos dc todo o Império Romano, ouvem Deus sendo manifestado em sua própria língua e dialeto!

(E significativo que o dia dc Pentecostes tenha sido dado para a come­ moração da entrega da lei. De acordo com a tradição judaica, a lei foi so­ brenaturalmente proferida no Sinai nas 70 línguas das nações do mundo.)

Nasce a igreja em Jerusalém

Com a vinda do Espírito, Jesus Cristo, o Cabeça, batiza 120 judeus em Seu Corpo. A primeira igreja nasce na terra! 1 lá agora uma comunidade de pessoas que contêm a vida dc Deus e estão expressando Sua natureza! Jesus Cristo está sendo expresso em Jerusalém!

(Espiritualm ente falando, um dos pães foi assado. Dez anos passa­ rão, e o Senhor batizará os gentios no mesmo corpo. E isso será o cum pri­ mento da figura dos dois pães cobertos de óleo que foram colocados em um forno no dia de Pentecostes. Os judeus e os gentios serão batizados em um corpo, constituindo uma nova raça e uma nova comunidade espiri­ tual.) (IC o 12:13; E f 2:11-19)

4. Os Doze já foram cheios interiormente quando C risto ressuscitou. Hoje, eles foram fortalecidos exteriorm ente. Os 108 receberam tanto o enchim ento interior como o fortalecimento exterior do Espírito.

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4 6 "O A. Historiei N ao-C on tada da Igreja, do Novo Testamento

O ruído vindo do cenáculo faz com que uma multidão de judeus ve­ nham ver o que está acontecendo. Os judeus estão confusos ao ouvir muitos dialetos de várias nações sendo falados por 120 residentes dc Jerusalém. Alguns perguntam o que significa esse fenômeno estranho; outros acusam os 120 de estarem embriagados.

Pedro, cercado pelos onze apóstolos, se levanta no meio de uma Jeru­ salém aglomerada. Ele prega Jesus Cristo a uma audiência judia, e a exorta a se arrepender e a ser batizada em nome de Jesus. Três mil judeus respondem e são acrescentados à igreja recém-formada. A comunhão da Comunidade Triúna foi agora ampliada de 12 para 120 e disto para 3.000 (At 2 :14ss).

A primeira atitude espontânea desses novos cristãos é de se encontra­ rem, e fazerem isso constantemente. As reuniões informais que aconteciam na Galileia com Cristo como o centro são agora trazidas para Jerusalém pe­ los Doze. E isso se reproduz entre 3.000 pessoas (vv. 41-47). os membros da igreja devotam-se ao ensino dos apóstolos, à ceia do Senhor, à oração e à comunhão. Os Doze estão realizando sinais e maravilhas na cidade. A igreja está em temor ao observar o poder de Deus se tornar visível.

Muitos dos judeus que vieram a Jerusalém para a festa do Pentecostes escolheram permanecer na cidade. Desejam aprender dos doze apóstolos mais do que retornar para casa. (Jerusalém tem a única igreja da terra!) Esses peregrinos deixam casa e trabalho e se instalam na cidade. Os crentes de Jerusalém vendem suas propriedades e juntam seus recursos para cuidar dos novos visitantes.

A igreja em Jerusalém é um microcosmo da cidade. Ela inclui tanto ricos como pobres, bem como um número substancial de judeus que falam somente o grego (helenistas) e judeus que falam somente o aramaico5 ou os que falam ambos, aramaico e grego (hebreus).

Começa a Vida da Igreja

30 e 31 d.C.

Todos os dias, os Doze ministram às multidões no pórtico de Salomão (também chamado de as colunas de Salomão).6 Essa é uma área ampla e aberta localizada no lado leste do pátio exterior do templo. E simplesmente um pórtico amplo com um telhado sobre ele (3:11; 5:12). Ali a igreja adora o Senhor e ouve a pregação dos apóstolos. A igreja também se encontra em casas para tom ar a ceia do Senhor, compartilhar refeições, ter comunhão e

5. Ou hebraico mishnaico.

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As Crônicas de Je rusalém 4 7

adorar a Deus. Novos convertidos são alcançados diariamente e são acres­ centados à igreja. Ela goza da simpatia das pessoas da cidade.

São 15 horas, a hora judaica de orar. Pedro e João se dirigem para o tem­ plo a fim de participar da reunião de oração. Quando se aproximam do edifício, encontram um homem que era coxo de nascimento. Ele mendiga junto à porta do templo - chamada “a Porta Formosa” - todos os dias. (A Porta Formosa é a Porta de Nicanor, que é feita de incomparável bronze coríntio.)

Quando Pedro e João estão para entrar no templo, o homem lhes pede dinheiro. Eles não lhe dão dinheiro, pois não têm nenhum. Em lugar disso, curam o homem em nome de Jesus. Completamente atônito, o homem salta sobre os pés e começa a saltar e a louvar a Deus. Ele, então, entra no templo com Pedro e João.

Aqueles que veem o homem andando estão chocados e em temor. Por isso correm para as colunas de Salomão onde o homem está em pé com Pedro e João. Tomando a frente de sua extasiada audiência, Pedro e João pregam a Jesus Cristo (At 3).

Os sacerdotes, os guardas do templo e alguns saduceus7 ouvem Pedro e João pregarem a Cristo e Sua ressurreição. Ficam muito perturbados pelo ensinamento da ressurreição; por isso detêm os dois homens. Pedro e João são presos e colocados na cadeia pela noite. Muitos dos que ouviram a pregação dos dois apóstolos são convertidos. A igreja em Jerusalém cresce rapidamente para 5.000 homens. Se forem contadas mulheres e crianças, o total é de pelo menos 10.000.8

7. Havia dois partidos religiosos principais no primeiro século em Israel: os fariseus e os saduceus. Os saduceus controlavam a direção do templo, negavam a existência dc es­ píritos, dos anjos, da alma, da vida depois da morte e a ressurreição. BI cs observavam apenas a lei de Moisés (os cinco primeiros livros do A ntigo Testamento) e ignoravam o resto. Os fariseus abraçavam todo o Antigo Testamento c criam em espíritos, anjos, alm a e ressurreição. Eram puristas sectários, obcecados com o legalisrno estrito, espe­ cialmente com relação às leis judaicas sobre alim entação e sobre purificação cerim o­ nial. Dos 500 mil ou mais judeus residentes na Palestina, mais dc 6.000 eram fariseus. Os saduceus tinham as mãos nas alavancas do poder político. Eles eram “a classe do­ m inante” daqueles dias. Os saduceus eram encontrados entre os ricos latifundiários e famílias aristocráticas sumo sacerdotais. Os fariseus eram constituídos principalm ente de artesãos e m ercadores das classes média e baixa urbana.

K. Lucas indica o crescim ento constante da igreja em Jerusalém ao longo de Atos. No nascim ento da igreja, 3.000 são convertidos (2:41). A igreja agora tem um a “ m ulti­ dão” de crentes (4:32). Não muito depois, ela aumenta para 5.000 homens. Ela passou de uma “ m ultidão” para “ m ultidões” (5:14). Pouco tempo depois, o núm ero de crentes se multiplica grandem ente (6:7). Com a perseguição de Saulo, a igreja se dissolve. M as 20 anos mais tarde, ela cresceu para “m iríades” (2 1 :20).

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4 8 ^ A História Não-Con tada da Igreja do Novo Testamento

No dia seguinte, Pedro e João são trazidos diante do Sinédrio para serem interrogados. Aquele é o senado e a corte suprema para a nação ju ­ daica. É tanto religioso como político. Ele tem 70 membros e é presidido por um sumo sacerdote, o qual é respeitado como a voz dc Deus na terra. A m aioria dos membros do Sinédrio é de saduceus. Anás, o ex-sumo sacerdo­ te, está presente; seu genro, Caifás, é o sumo sacerdote atual.9

O Sinédrio ordena que Pedro e João digam por qual poder eles realiza­ ram o milagre. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João pregam a Jesus Cristo ao Sinédrio! Este se admira da ousadia dos dois homens, e notam que eles estiveram com Jesus. Já que o homem curado está em pé entre eles, os do Sinédrio não podem negar o milagre. Mandam que Pedro e João saiam da câ­ mara do conselho e conferenciam entre si. Sabendo que não podem negar o milagre, decidem proibir Pedro e João de curar e ensinar no nome de Jesus.

Os dois apóstolos são chamados de volta e ouvem a decisão do Sinédrio. Eles respondem que devem obedecer a Deus mais do que ao homem e explicam que não podem parar de falar sobre aquilo que experimentaram de Cristo.

O conselho ameaça os dois homens, mas os liberta porque não sabe como puni-los sem causar um distúrbio. Pedro e João imediatamente repor­ tam à igreja em Jerusalém o que aconteceu. A igreja tem uma reunião de oração. Os irmãos pedem por ousadia, poder de cura e a continuação dos milagres. O Espírito Santo desce no lugar com poder, fazendo tremer as fundações. A igreja é enchida com o Espírito Santo, e os apóstolos continu­ am a pregar a Jesus Cristo ousadamente.

A igreja em Jerusalém é de uni coração e uma alma. Os discípulos mantêm tudo em comum. Os doze apóstolos dão testemunho da ressurreição de Cristo com grande poder. Ninguém na igreja tem necessidade. De tempo em tempo, todo aquele que possui terras ou propriedades as vende e traz o dinheiro aos Doze, que o distribuem a todos que têm alguma necessidade.

Um dos homens que faz isso é José, levita nativo da ilha de Chipre. Ele voluntariamente vende sua terra e traz o dinheiro aos apóstolos.10 José é um encorajador; por isso os apóstolos o apelidaram de “Barnabé”, que significa “filho de encorajamento” (ou “da consolação”, em nossa versão) (At 4).

9. O governo de Caifás se estende de 18 d.C. a 36 d.C. N esse período, o sumo sacerdote não mais realiza seu ofício pela linha sanguínea, m as por nom eação. O sumo sacerdo­ te dos dias de Jesus foi nom eado por Pilatos.

10. A “terra” ou “cam po” de Barnabé se refere a uma propriedade dc tamanho m édio ou maior. D iferentem ente do que está prescrito na lei, os levitas naquele tempo podiam possuir terras.

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As Crônicas de Jerusalém ^ís 4 9

Começa a Perseguição

31 a 33 d.C.

Ananias e Safira, sua esposa, vendem uma propriedade e dào parte do dinheiro da venda à igreja, mas mentem aos apóstolos dizendo que deram lodo o valor. Deus mostra a Pedro essa mentira. Pedro torna conhecido o pccado deles e lhes diz que mentiram a Deus e não aos homens. Um após o outro, Ananias e Safira caem por terra e morrem. Como resultado, grande temor atinge a igreja (5.1-11).

Muitos sinais e maravilhas são feitos pelas mãos dos apóstolos en­ quanto os Doze continuam a pregar a Cristo nas colunas de Salomão. (Os apóstolos não saíram de Jerusalém e ninguém, exceto eles, está pregando o evangelho.) Multidões de pessoas em Jerusalém e das vilas vizinhas trazem seus doentes e endemoninhados para as ruas sobre camas e macas para serem curados por eles. Todos são curados. O mero passar da sombra de Pedro traz cura para alguns. Multidões, tanto de homens como mulheres, são conduzidos ao Senhor.

O sumo sacerdote e seus amigos (que eram saduceus) reagem com violento ciúme. Os Doze são detidos e colocados na prisão. Mas um anjo os liberta à noite e lhes diz para voltar ao átrio do templo e recomeçarem a pregar a Cristo. Eles obedecem, entram no átrio ao amanhecer e começam ;i pregar novamente.

Quando o Sinédrio fica sabendo disso, o capitão da guarda do templo e seus guardas detêm novamente os Doze e os trazem diante do Sinédrio. ICies são questionados, mas respondem que devem obedecer a Deus e não ;ios homens.

Os saduceus estão furiosos e querem matá-los. Mas Gamaliel, o edu- cador farisaico mais significativo e influente daqueles dias e especialista na lei religiosa, persuade a corte a deixar os varões em paz. (O rabino Gama- liel é o m aior professor de seus dias e é honrado por todos. Ele é também o cabeça de sua própria escola na tradição Hillel", e Saulo de Tarso é um de seus alunos (22:3).)

Os apóstolos são açoitados; isto é, eles recebem “quarenta chicotadas menos uma” 12. O chicote usado é chamado de flagelo. É feito de 39 cordas dc couro amarradas em três grupos de 13 cordas. As cordas eram carregadas

11 A escola de Hillel era a ala liberal dos fariseus, em oposição à escola Sham mai, con­ servadora.

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5 0 A História N ão-C on tada da Igreja do Novo Testamento

com pedaços de osso e metal e presas a um forte punho de madeira. Os apóstolos são açoitados nas costas e no peito.

O Sinédrio lhes ordena que não falem mais no nome de Jesus. Depois de serem soltos, os Doze se alegram porque foram considerados dignos dc sofrer pelo nome do Senhor. Destemidamente, diariamente proclamam Jesus Cristo no átrio do templo e no lar dos crentes (5.12-42).

Crise em Jerusalém

A igreja em Jerusalém enfrenta seu primeiro problema interno. Como ela está crescendo rapidamente em número, os judeus gregos (helenistas) co­ meçaram a se queixar contra os judeus hebraicos (hebreus)1’. Todos os dias, o alimento é igualmente distribuído entre os membros da igreja; no entanto, os judeus gregos sentem que suas viúvas estão sendo desprezadas.

Para resolver esse problema, os Doze reúnem toda a igreja. Eles expli­ cam que não podem devotar tempo para esse problema já que estão ocupados com o ministério da Palavra. Assim, instruem a igreja a escolher sete homens para supervisionarem a distribuição do alimento. Eles precisam ser espiritu­ ais (cheios do Espírito) e práticos (cheios de sabedoria). A igreja alegra-se com essa ideia e escolhe sete homens, todos judeus gregos. São eles:

® Estêvão, homem cheio de fé, graça, poder e do Espírito Santo ® Prócoro

® Parmenas

® Nicolau de Antioquia, um convertido ao judaísm o14 ® Timão

® Nicanor ® Filipe

A igreja apresenta esses sete homens aos Doze, que lhes impõem as mãos em oração. A Palavra de Deus avança e a comunidade de crcntes aumenta grandemente. Uma grande quantidade de sacerdotes judeus é con­ vertida e acrescentada à igreja (At 6.1-7).

13. Os judeus gregos (helenistas) são nascidos fora da Palestina, falam somente grego e adotaram a cultura e os costum es gregos. Os judeus hebraicos falam somente aramai- co ou hebraico mishnaico (ou aram aico e grego) e adotaram a cultura c os costumcs judaicos. A m aioria dos judeus hebraicos era nascida na Palestina.

14. De acordo com Irineu (180 d.C.), esse homem mais tarde fundou o partido nicolaíta, que é condenado cm Ap 2:6-15.

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As Crônicas de Je rusalém «cs 51

Estêvão é M artirizado

Estêvão, um dos “sete”, começa a pregar a Cristo em Jerusalém, re­ alizando sinais que confirmam a Palavra. Ele freqüenta uma das 365 sina­ gogas da cidade, a dos libertos15 (também chamada de sinagoga dos liber­ tinos). Ele debate com os judeus gregos que a freqüentam. (Essa sinagoga é freqüentada por judeus de Cirene, Alexandria, Ásia e Cilícia. Saulo de Tarso a freqüenta também e ouve Estêvão pregar.)

Os judeus gregos tentam argumentar com Estêvão, mas não podem superar sua sabedoria ou o Espírito pelo qual ele fala. Assim, eles secreta­ mente persuadem alguns a acusarem-no falsamente. Estêvão é acusado de blasfemar contra o templo e contra a lei de Moisés.

Essa acusação causa violenta agitação na sinagoga. Estêvão é ime­ diatamente agarrado pelos anciãos e mestres da lei ,e diante do Sinédrio é acusado de estar pregando a Jesus de Nazaré, o qual prometeu destruir o templo. Todo o conselho começa a fitá-lo. Muito embora sejam hostis con­ tra ele, notam que seu rosto é como o de um anjo - fulgurante como alguém conscientemente colocado na presença de Deus.

O sumo sacerdote pergunta a Estêvão se as acusações são verdadei­ ras. Este responde com uma longa defesa na qual passa por todo o Antigo Testamento e exalta Jesus Cristo ao fazer isso. Ao fim de sua defesa, acusa os judeus pelo assassinato do Messias e de desobediência à lei dc Deus. O Sinédrio está furioso, a ponto de ranger os dentes para ele. Estêvão olha para o céu e vê Jesus, em pé (não sentado) à direita de Deus, esperando para recebê-lo.

Quando ouvem isso, os judeus cobrem os ouvidos, gritam com toda força e arrastam Estêvão para fora da cidade. Com raiva violenta, ape­ drejam-no. (Ao Sinédrio é permitido pronunciar e executar a sentença de morte em somente um caso: ofensas contra a santidade do templo (6:14).16 Por essa razão, qiiando Jesus foi trazido para ser julgado diante do mesmo conselho, foi feita uma tentativa de condená-Lo com a acusação de falar contra o templo (Mc 14:57ss). Se aquela tentativa tivesse sucesso, não seria necessário submeter o caso de Jesus a Pi latos.)

15. Os libertos são ex-escravos. Alguns deles se tornaram ricos e influentes. N o entanto, a m aioria permaneceu pobre e tem menos segurança do que em sua vida anterior dc escravos.

16. Quando a Judeia se tornou província de Roma, em 6 d.C., a jurisdição para as penas capitais eram reservadas ao governador romano exceto nesse único caso.

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5 2 ^ A História Não- Contada da Igreja do Novo Testamento

Quando está sendo apedrejado, Estêvão ora: “Senhor Jesus, recebe meu espírito” 17. Ele cai sobre os joelhos e acrescenta: “Não lhes imputes este pecado” 18. Estêvão tem uma morte brutal e injusta, tornando-se o pri­ meiro mártir da igreja. Homens piedosos o sepultam e lamentam sua perda (At 6:8-7:60; 8:2).

A Igreja é Espalhada por Toda a Palestina

Saulo de Tarso, um homem jovem com cerca de 30 anos, um fariseu bem conhecido, testemunha a morte de Estêvão. Ele guardou as roupas dos executores, demonstrando completo apoio ao brutal assassinato.

Saulo atua como um comissionado do Sinédrio e começa a assolar a igre­ ja em Jerusalém. Ele invade as reuniões da igreja nos lares, arrastando homens e mulheres para a prisão. Para escapar da perseguição, a igreja em Jerusalém se dispersa por toda a Judeia, Samaria e Galileia. Alguns fogem para mais longe, como Damasco, na Síria - uma cidade a mais dc 200 quilômetros ao norte de Jerusalém. Os Doze permanecem em Jerusalém e se escondem.

Os cristãos que se dispersaram por toda a Palestina começam a espa­ lhar o evangelho nas novas localidades para as quais vão. E a primeira vez que o evangelho está sendo pregado fora de Jerusalém. Novas igrejas são fundadas por toda a Palestina como resultado. A comunidade dos redimi­ dos se transplantou de Jerusalém para a Judeia, Galileia e Samaria. Jesus Cristo agora começa a ser expresso nessas regiões. Os Doze deixam Jeru­ salém e começam a viajar para estabelecer essas novas igrejas (At 8:1-4). Os irmãos de Jesus, inclusive Judas, também começam a viajar (IC o 9:5).

Para Aguçar o Foco

Tendo recebido o mesmo nome hebraico de Saul, rei de Israel, Sau­ lo nasceu hebreu da tribo de Benjamim em torno de 5 d. C., na Cilícia, na cidade de Tarso, um dos maiores centros da cultura hele- nista. Essa é uma cidade universitária com uma grande população. Tarso é a principal cidade da Cilícia, com uma população mista e um passado rico, testemunha do primeiro encontro romântico

17. N essa frase ecoam as últim as palavras de Jesus ao Pai: “ Pai, em Tuas mãos entrego Meu espírito” (Lc 23:46).

18. Mais uma vez, Estêvão ecoa o espírito de perdão de Jesus Cristo quando também foi injustam ente morto (Lc 23:34).

Referências

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