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UTILIZAÇÃO DO AÇAÍ COMO INDICADOR NATURAL ÁCIDO-BASE

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Academic year: 2021

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UTILIZAÇÃO DO AÇAÍ COMO INDICADOR NATURAL ÁCIDO-BASE

Fernanda Menezes COSTA1 (UEPA) – E-mail: fernandamenezes17@hotmail.com Johan Carlos Costa SANTIAGO1 (UEPA) – E-mail: johansantiago@hotmail.com.br Maria Dulcimar de Brito SILVA1 (UEPA) – E-mail: mariadulcimar@gmail.com

João Joaquim Campos da COSTA1 (UEPA) – E-mail: joaojoaquim2009@gmail.com

1. Universidade do Estado do Pará. Grupo de Pesquisa em Ciências e Tecnologias aplicadas a Educação, Saúde e Meio Ambiente – GPC. Belém, PA, Brasil.

RESUMO: O açaí (Euterpe oleracea) é uma espécie, tipicamente amazônica, que além de ser rica fonte

nutritiva, possui em sua composição importantes substâncias antioxidantes, como as antocianinas. A escolha da matéria-prima se deu, principalmente, por ser uma espécie nativa e do conhecimento de todos os alunos da região e teve a finalidade de mostrar aplicações alternativas para o açaí.A atividade foi realizada com 23 alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública em Santa Izabel do Pará, onde os alunos foram orientados a observarem o comportamento do indicador ácido-base natural em função do meio e relatarem quais conclusões puderam ser tiradas através da atividade. Com a aula experimental, foi possível observar que o experimento facilitou significativamente a compreensão e assimilação do conteúdo de ácidos e bases, estimulando a aprendizagem e o interesse dos alunos.

Palavras Chave: Ensino de Química. Experimentação. Indicador de pH. Área Temática: Ensino de Química (ENQUI).

INTRODUÇÃO

O açaí (Euterpe oleracea) é uma espécie, tipicamente amazônica, que além de ser rica fonte nutritiva, possui em sua composição importantes substâncias antioxidantes: antocianinas (LIMA, 2012). Essas substâncias são pertencentes à classe dos flavonoides e são as responsáveis pela mudança na coloração de soluções em função do pH do meio em que se encontram (SILVA et al., 2009).

As antocianinas constituem o grupo de pigmentos de origem vegetal mais importante, depois da clorofila, além de serem o maior grupo de pigmentos solúveis em água e são encontradas, em maior quantidade, em angiospermas (LOPES et al., 2007). São, normalmente, responsáveis pelas cores azul, violeta e todas as tonalidades de vermelho que aparecem em flores, frutos, algumas folhas, caules e raízes de plantas (MALACRIDA; MOTTA, 2005).

Imagem 1: Caroços de açaí e a polpa do fruto.

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A utilização de materiais do cotidiano possibilita uma maior compreensão e assimilação do conteúdo que se é desenvolvido em sala de aula (CORRÊA et al., 2011). A escolha da matéria-prima, Euterpe oleracea, se deu, principalmente, por ser uma espécie nativa e do conhecimento de todos os alunos da região, facilitando o acesso aos materiais necessários e, além disso, mostrar aplicações alternativas para o açaí.

“Há mais de 200 anos, se utilizam esses indicadores naturais, como a jabuticaba, o repolho roxo, o extrato de violeta, rosas, pau-brasil, casca de feijão preto, amora, uva, jambolão, entre outros; mas aos poucos estão oferecendo lugar aos sintéticos. Apesar disso, os indicadores naturais (extratos naturais) são importantes para oferecer maior facilidade de compreensão dos conceitos químicos, por envolver o uso de poucos reagentes, materiais e também por possuírem baixo custo” (MARQUES et al., 2011).

A utilização de um indicador produzido através do açaí também chama atenção dos alunos por ser de baixo custo e de fácil preparação, deste modo, o uso dos indicadores naturais é considerado uma excelente opção quando se deseja trabalhar o conteúdo de ácidos e bases realizando experimentos em sala de aula.

“Muitas críticas ao ensino tradicional referem-se à ação passiva do aprendiz que frequentemente é tratado como mero ouvinte das informações que o professor expõe. Tais informações, quase sempre, não se relacionam aos conhecimentos prévios que os estudantes construíram ao longo de sua vida. E quando não há relação entre o que o aluno já sabe e aquilo que ele está aprendendo, a aprendizagem não é significativa” (GUIMARÃES, 2009).

No Ensino Médio, o aluno tem seu contato com a Química de forma mais específica, sendo necessário que o professor torne a aula mais atrativa e produtiva. A experimentação também pode ser utilizada como método avaliativo. Durante as atividades experimentais é possível avaliar se o conteúdo está sendo bem exposto ou não, levando em consideração a participação dos alunos.

OBJETIVO

No ensino sobre substâncias ácidas e básicas, torna-se interessante o uso de materiais alternativos, devido aos poucos recursos disponibilizados pelos laboratórios de escolas públicas. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi utilizar uma matéria-prima bastante conhecida pelos alunos, para auxiliar na explicação de como funciona um indicador ácido-base e qual a importância do seu uso na identificação de substâncias ácidas e básicas.

METODOLOGIA

A atividade foi realizada em Janeiro de 2015, e computou com a participação de 23 alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública em Santa Izabel do Pará. Inicialmente foi feita uma revisão conceitual sobre substâncias ácidas e básicas, e em seguida foi realizado um experimento para caracterizar essas substâncias através de um indicador ácido-base natural de açaí.

Para a preparação da solução indicadora de açaí, foi utilizada 50g da polpa do fruto e, em seguida, foi misturada com 100 mL de álcool etílico comercial (72,5%). Após a preparação, a solução foi filtrada com o auxílio de um funil e papel filtro e armazenada em um vidro âmbar. Em seguida, a solução obtida foi separada em quatro copos enumerados de 1 a 4, cada copo contendo 5 mL da solução indicadora previamente preparada. Posteriormente, foram adicionados 5 mL de suco de limão, 5 mL de leite de magnésia, 5 mL de detergente e 5 mL de vinagre, respectivamente. Para melhorar a visualização dos tons das cores, foram adicionados 10 mL de água destilada em cada

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Os alunos foram orientados a observarem o comportamento do indicador ácido-base natural em função do meio, e em seguida, relatar quais conclusões podem ser tiradas através desta prática. A imagem 2 apresenta a viragem do indicador em meio as diferentes soluções.

Imagem 2: Variação na coloração do indicador ácido-base natural de açaí em função do pH do meio.

Foto: Johan Santiago.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando o registro feito pelos alunos nos questionários, constatou-se que 78,3% fizeram considerações satisfatórias a respeito da prática, tendo conseguido associar os conhecimentos teóricos ao fenômeno observado. A associação do conteúdo visto em sala de aula com a atividade prática é bastante importante para o desenvolvimento do pensar científico do aluno, pois segundo Guimarães (2009),

“(...) quando o experimento é realizado com a intenção de que os alunos obtenham os resultados esperados pelo professor, não há problema algum a ser resolvido, e o aprendiz não é desafiado a testar suas próprias hipóteses ou encontrar inconsistência entre sua forma de explicar e a aceita cientificamente. Terá apenas que constatar a teoria e desprezar as divergências entre o que ele percebeu e o que acha que o professor espera que ele obtenha”.

Foi mencionada a variação na coloração; as semelhanças e divergências, que podem classificar as substâncias em suas devidas funções, tal como relata o aluno A - “O limão é ácido e

ficou de cor vermelha igual ao vinagre, então o detergente e o leite de magnésia são base porque ficaram da mesma cor verde”. Nota-se que este aluno utilizou a comparação das cores para

identificar a acidez ou a basicidade das substâncias envolvidas no experimento. Durante a realização do experimento também foi importante a escolha das substâncias a serem analisadas (suco de limão, leite de magnésia, detergente e vinagre), pois são todos bastante presentes no cotidiano desses estudantes.

Sobre a importância de se conhecer o caráter ácido-básico de uma substância, relata o

aluno B - “Sabendo que a substância é ácida ou básica, poderemos usar elas adequadamente

evitando acidentes por falta de conhecimento, e caso aconteça algo errado, saberemos como corrigir isso”. Conhecer as substâncias envolvidas em atividades experimentais é sempre de

extrema importância, tendo em vista que existem diversas substâncias nocivas e capazes de causar sérios problemas não só durante aulas experimentais, mas em qualquer lugar onde se realize algum tipo de experimentação.

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Segundo Rossi (2013), muitas vezes é possível notar que existe certo receio dos alunos ao trabalhar com substâncias ácidas e básicas ou substâncias não muito conhecidas por eles, no laboratório, ou seja, a identificação dos reagentes e seus valores de pH são essenciais para a segurança de todos os envolvidos na prática, inclusive para evitar acidentes.

CONCLUSÕES

Com o trabalho realizado foi possível identificar que a aula experimental facilitou significativamente a compreensão e assimilação do conteúdo de ácidos e bases, estimulando a aprendizagem dos alunos. Com o experimento realizado, ficou evidente que os alunos compreenderam de maneira clara, o comportamento do indicador ácido-base natural desenvolvido com materiais alternativos.

Neste sentido, foi observado o pensar científico dos alunos com relação ao desenvolvimento do experimento. Através dos relatos dos estudantes, observou-se de que forma eles concluíam quais as substâncias eram ácidas e quais eram básicas. O experimento é de fácil execução, podendo ser realizado outras vezes em sala de aula com outras substâncias também do cotidiano dos estudantes.

Atividades desse tipo costumam despertar o interesse e a curiosidade do aluno nas aulas de Química, que geralmente é uma disciplina vista como complicada. Nesse caso, o auxílio da atividade experimental é essencial para mostrar que a teoria explicada durante as aulas, pode ser demonstrada através de práticas simples e utilizando materiais acessíveis e interessantes.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, P. G.; LOBATO, C. C.; SANTOS, C. B. R.; MORAIS, S. S. S.; Utilização de materiais

alternativos referentes ao caráter ácido-base nas aulas de química. In: 51º Congresso Brasileiro

de Química, 2011.

GUIMARÃES, C. C.; Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo

à Aprendizagem Significativa. QNEsc. Vol. 31, N° 3, 2009.

LIMA, C. P.; Estudo fitoquímico, bromatológico e das propriedades biológicas de frutos de

Euterpe edulis Martius (Arecaceae). Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade

Federal do Paraná, UFPR, Curitiba, 2012.

LOPES, T. J.; XAVIER, M. F.; QUADRI, M. G. N.; QUADRI, M. B.; Antocianinas: uma breve

revisão das características estruturais e da estabilidade. R. Bras. Agrociência, Pelotas, Vol.13,

Nº 3, p. 291-297, jul-set, 2007.

MALACRIDA, C. R.; MOTTA, S.; Compostos fenólicos totais e antocianinas em suco de uva.

Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 25(4): 659-664, out.-dez. 2005.

MARQUES, J. A.; BIAZOTO, K.; BIASE, L. H.; DOMINGUINI, L.; Estudo do comportamento

de antocianinas como indicadores naturais. In: 1º Seminário de Pesquisa, Extensão e Inovação

do IFSC, 2011.

ROSSI, A. V.; O PIBID e a Licenciatura em Química num Contexto Institucional de Pesquisa

Química Destacada: Cenário, Dificuldades e Perspectivas. QNEsc. Vol. 35, N° 4, p. 255-263,

2013.

SILVA, J. D.; SILVA, A. S. S.; ANTERO, R. V. P.; BORGES, E. C. L.; Estudo da eficácia do

Referências

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