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Cleber Monteiro Muniz - Jornadas ao Além

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Academic year: 2021

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Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Um paralelo entre os estados oníricos

conscientes e as viagens astrais

Cleber Monteiro Muniz

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Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Jornadas ao Além

Um paralelo entre os estados oníricos

conscientes e as viagens astrais

Cleber Monteiro Muniz

Especialista em Abordagem Junguiana pela COGEAE da PUC-SP. Idealizador, vocalista, guitarrista e com positor do grupo ESPLENDOR (world m usic com tendência ibérico-m edieval e tem áticas onírico-arquetípicas).

Pesquisador associado ao Interpsi - grupo de estudos de interconectividade m ente-m atéria e consciência - do Centro de Estudos Peirceanos do COS da

PUC-SP.

Professor de geografia na rede m unicipal de ensino de Diadem a, SP, Brasil. RESUM O:

Os sonhos lúcidos e as viagens astrais parecem ser fenôm enos psíquicos idênticos ou m uito sem elhantes. O m undo astral existe no interior do hom em sob form a onírica e paralelam ente ao m undo vígil. O despertar intra-onírico da

consciência (a capacidade do ego sonhador m anter a lucidez enquanto seu corpo físico está adorm ecido no leito) m arca os prim eiros passos no terreno da

viagem astral. PALAVRAS-CHAVE:

sonho - consciência - viagem astral - introspecção - vidas paralelas Journeys to Beyond

A parallel between the conscious oniric states and the astral voyages

For Cleber Monteiro Muniz

Specialist in Junguian Approach by COGEAE of PUC-SP.

Idealizer, vocalist, guitarist and com poser of the group ESPLENDOR (world m usic with iberian m edieval trend and archetipical oniric them atics). Researcher associated with the Interpsi group - study center in m ind-substance

interconectivity and conscience - of the Center of Peircean Studies in the COS of PUC-SP.

Geography teacher in the Diadem a cityhall net of education, SP, Brazil. ABST RACT :

T he lucid dream s and the astral voyages seem to be identical or very sim ilar psychic phenom ena. T he astral world exists in the inner of the m an under oniric form and parallel to the wak ing world. T he intra-oniric awak ening of the

conscience (the capacity of the dream er ego to k eep the lucidity while its physical body is asleep in the stream bed) m ark s the first steps in the land of

the astral voyage. KEY WORDS:

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Índice:

Introdução

O mundo astral, os sonhos e a consciência

Os procedimentos para despertar no mundo astral-onírico

O conteúdo das experiências imediatas com os mundos

interiores

Conclusão

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Introdução

Há modalidades de saber, não reconhecidas como científicas e que podemos qualificar como místicas ou esotéricas, nas quais encontramos referências a viagens conscientes da alma durante o sono do corpo físico para "outro mundo" de natureza onírica.

Embora sejam místicas, tais formas de conhecimento refletem experiências humanas pois nelas se baseiam. Por tal razão, convém à ciência abordá-las e dissecá-las sem preconceito para ver o que contém.

Uma postura que rechaçasse as experiências humanas presentes às culturas esotéricas de antemão, ao invés de sobre elas lançar a luz da ciência, estaria nos privando da oportunidade de ampliarmos o conhecimento humano.

As chamadas "viagens astrais" se incluem entre as modalidades esotéricas de experiência humana. Podem ser compreendidas, conceituadas e explicadas dentro das teorias e terminologias científicas existentes e academicamente aceitas.

Fenômenos reais que desafiam a lógica à qual nossa consciência está adaptada pertencem, provavelmente, a outra lógica que se processa fora dos seus limites. Podem, porém, ser contatados se prestarmos atenção ao inconsciente que "nos dá uma

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oferece. É também capaz de comunicarnos aquilo que, pela lógica, não podemos saber. Pensemos nos fenômenos de sincronicidade, nos sonhos premonitórios e nos pressentimentos!" (Jung, 1963,

p.262). Há processos inconscientes que transcendem a lógica formal. Não devemos considerá-los inexistentes. As viagens da alma podem pertencer a essa categoria de fenômenos. Ademais, o que hoje é inconsciente para nós amanhã poderá não sê-lo.

Em algumas culturas espirituais, o "outro mundo" é denominado mundo astral e é explicitamente identificado com o mundo dos sonhos. Dentre os autores representantes desta tendência, selecionarei três cujos trabalhos tratam principalmente da aprendizagem, da difusão e da descrição da viagem e do mundo astral: Lobsang Rampa, Samael Aun W eor e Joaquim Enrique Amortegui Valbuena.

São autores pouco conhecidos. Focaram as obras principalmente sobre os aspectos prático e pedagógico, as descrições da viagem e do mundo astral e suas relações com os sonhos. Os trabalhos que desenvolveram são adequados a uma análise comparativa que envolva estados oníricos conscientes e viagens astrais por serem ricos em detalhes a respeito desta última.

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O mundo astral, os sonhos e a consciência

De acordo com o que escreveram esses autores, o mundo onírico e o mundo astral seriam o mesmo mundo. As pessoas adentrariam ao mundo astral nas horas do sono e todas as cenas oníricas seriam acontecimentos que se dão em seu interior. Não haveria, portanto, diferença alguma entre os sonhos e as vivências astrais. Escreveu Valbuena (2000):

"Como falamos do astral, quero perguntar-lhe se tem sonhado com pessoas que morreram há anos; com lugares e pessoas que você não conhece fisicamente, o que as pessoas chamam comumente sonhos: ‘À noite sonhei tal coisa’. Porém, ninguém se detém a pensar porque estava sonhando com outros locais ou lugares se o seu corpo físico estava descansando em sua cama?

Esse é o Plano Astral ou Quinta Dimensão (...)." (p. 43)

Aqui o autor afirma que os sonhos são vivências da quinta dimensão. Segundo seu ponto de vista, sonhamos com lugares e pessoas que nunca vimos no mundo físico porque são parte do mundo astral. A afirmação demonstra uma relação de identidade entre os mundos astral e onírico.

O sono seria uma viagem às vastidões interiores, nas quais possuiríamos templos de iniciação espiritual (W eor, s/d1), pois quando "o corpo dorme, o EGO vive nos mundos internos e

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transporta-se a distintos lugares. Nos mundos internos somos provados muitas vezes. Nos templos internos recebemos a iniciação." (p. 103, grifo meu)

Entrar no astral seria mergulhar nos sonhos, literalmente. As pessoas seriam habitantes astrais sem o saber. Os sonhos, enquanto fenômenos internos, possuiriam realidade. E uma vez lá, seria possível dar-se conta disso (idem):

"As pessoas no Astral andam sonhando. Quando alguém se dá conta de que está sonhando, quando diz: ‘isto é um sonho, eu estou sonhando, eu estou em corpo astral, eu estou fora do meu corpo físico’, o sonho desaparece, como por encanto, e então o indivíduo fica desperto no mundo astral. Um mundo novo e maravilhoso aparece ante aquele que antes sonhava." (p. 132)

Verifica-se aqui a referência a um despertar no interior do sonho que teria como consequência a abertura de um leque de possibilidades exploratórias. O despertar seria o ato de dar-se conta de que se está em um sonho durante o seu processamento e não depois. Trata-se de um estado alterado de consciência. Nesse funcionamento consciente diferente do comum haveria discernimento de que as imagens contatadas são oníricas. Algo semelhante e com forte impressão de realidade objetiva ocorreu em um dos sonhos de Jung (1963):

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foi depois da morte de minha mulher. Ela me apareceu em sonho como se fosse uma visão. Postara-se a alguma distância e me olhava de frente. Estava na flor da idade, tinha cerca de trinta anos e trajava o vestido que minha prima, a médium, lhe fizera, talvez o mais belo que jamais usara. Seu rosto não estava alegre e nem triste, mas expressava conhecimento e saber objetivos, sem a menor reação sentimental, além da perturbação dos afetos. Sabia

que não era ela, mas uma imagem composta ou provocada por

ela em minha intenção. Nessa imagem estava contido o início de

nossas relações, os acontecimentos de nossos trinta e cinco anos de casamento e também o fim de sua vida. Diante de tal totalidade permanecemos mudos pois dificilmente podemos concebê-la. A

objetividade vivida nesse sonho (...) pertence à individuação que

se cumpriu." (p. 258, grifos meus).

O relato acima revela que Jung teve um sonho no qual contatou a imagem de sua esposa e estava consciente de que tinha diante de si uma imagem surgida em sonho e não a esposa exterior real. Também pode ser verificada a atribuição de um caráter objetivo ao sonho. O contato da anima com a consciência se deu por meio de uma imagem que continha, em si, os indicadores de seu próprio caráter onírico: a mulher falecida apareceu viva e com trinta anos de idade, o que não correspondia à realidade dos fatos exteriores presenciados na época. O sonhador soube lê-los e não perdeu a noção de que estava dentro de um sonho e diante de uma

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imagem que não era tridimensional. Sua consciência estava funcionando em um modo pouco comum para a maioria das pessoas.

A lucidez às vezes pode ser incipiente. Algumas pessoas quase chegam a reconhecer o sonho, sendo capazes de ensaiar vôos ou outras atitudes ousadas com a compreensão de que não representam perigo mas sem o discernimento articulado de que estão sonhando (W orsley, 2001).

Jung (1963) relata que uma de suas alunas sonhou estar no além, isto é, morta. Embora o relato, nesse caso, nada diga explicitamente sobre o grau de consciência do ego a respeito de estar ou não no mundo onírico, deixa claro que o mesmo concebia as imagens que lhe chegavam como extra-físicas:

"Uma de minhas alunas de quase sessenta anos teve um

sonho particularmente importante, mais ou menos dois meses antes de morrer: ela chegava ao além; numa sala de aula, nos primeiros bancos, estavam sentadas várias de suas amigas falecidas. Uma atmosfera de expectativa geral reinava no ambiente. (...) o sonho descreve um auditório muito singular, impossível de ser encontrado na Terra(...)" (p. 265)

De acordo com o sonho, as imagens experimentadas pertenciam a um mundo que seria encontrado além da morte. A aluna não estava confundindo a cena onírica com cenas físicas: a

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tomava como parte de um mundo no qual se adentraria após a desencarnação da alma. Isso não significa exatamente que a sonhadora possuísse o discernimento, no instante do sono, de que experimentava um acontecimento interno. Não obstante, estava mais próxima de compreendê-lo do que estaria se, ao invés das imagens de vida no além, houvesse sonhado com imagens exclusivas desta vida, ou seja, com cenas que não lhe fornecessem nenhum elemento denunciador de seu caráter extra-físico. O conteúdo do sonho era o de uma vida além da morte. Portanto, as cenas correspondiam a uma experiência com o além. A senhora sonhou que passava por uma experiência transcendental na qual conhecia o "outro lado" através de um processo de contato direto proporcionado por inserção total na dimensão desconhecida. A confusão, comum a muitas pessoas, entre cenas oníricas e físicas não ocorreu neste sonho. É possível que a sonhadora possuísse uma incipiente consciência de estar atuando "fora" do universo vígil.

Para certos místicos, adquirir esse tipo específico de consciência dentro dos sonhos seria nascer para um novo mundo: o astral. O novo nascimento daria à pessoa oportunidades extraordinárias. Em uma concepção muito próxima, Kelzer (2001) afirmou que a possibilidade de contato direto e consciente com a dimensão dos sonhos nos coloca ante uma descoberta comparável à de Cristóvão Colombo no que se refere às chances de exploração de um mundo desconhecido.

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As leis que regeriam o mundo astral seriam outras, diferentes das que regem o mundo exterior. Tornariam possíveis certos acontecimentos absurdos, inconcebíveis para o mundo físico como, por exemplo, mover-se a altíssimas velocidades, conversar com os mortos ou investigar tudo o que existe no universo, uma vez que não haveria limite para as possibilidades oferecidas pelos sonhos. Para nos movermos em tal mundo, teríamos um corpo semelhante ao corpo físico (Valbuena, 2000):

" Esse é o Plano Astral ou Quinta Dimensão, onde não existe o peso, nem a distância, à qual pertence o Corpo Astral; um corpo exatamente igual ao físico, energético, que se move a grandes velocidades como o pensamento, capacitado para investigar tudo o que queira no Universo." (p. 43)

O corpo astral corresponde, provavelmente, a uma representação interna do corpo físico do próprio sonhador, uma imagem mental da porção física de nossa anatomia. Se moveria à velocidade do pensamento, podendo ir instantaneamente de um lugar a outro. A inexistência da distância lhe facultaria a capacidade de visitar todas as partes do mundo interno. Ao que parece, é um corpo sutil energético que apresentamos sob estado onírico ou durante a meditação profunda, o qual nos permite ultrapassar os limites do espaço e do tempo fixados pela natureza física (Tarab Tulku XI, 2001) e nos proporciona a nítida sensação de que temos olhos, boca e mãos (Eeden, 1913).

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A forma de manifestação do corpo e das cenas astrais seriam definidos pelos fluxos de libido: o infindável jogo de impulsos conscientes e inconscientes de pensamentos e sentimentos. Logo, podemos dizer que o corpo astral é um corpo de desejos. Este "é

um corpo que se amolda com facilidade, reagindo às vibrações à sua volta" (Pereira, 2001).

A façanha de voar e mover-se como o relâmpago por horizontes paradisíacos seriam possíveis (Rampa, s/d):

"No astral podemos viajar a qualquer velocidade que queiramos. ‘Queremos’ é uma palavra deliberada porque na realidade queremos a velocidade a que viajamos, a altitude e a rota. Se, por exemplo, quisermos apreciar o cenário fantástico do mundo astral, com seus prados verdejantes e seus lagos abundantemente providos, podemos flutuar leves como lanugens, logo acima da terra, logo acima da água ou nos elevarmos alto e planar acima dos picos das montanhas astrais" (p.16)

Em geral, a flutuação ou o vôo intra-oníricos são sinais de lucidez iminente (Eeden, 1913). Ao que tudo indica, o fluxo da libido ("querer") seria o principal fator de influência sobre o que se experimentaria. Através do querer se poderia definir a velocidade do vôo astral. Obviamente, isso implica em uma submissão do ego aos limites do seu poder. Se definimos a velocidade e a rota da viagem através do querer, então não temos nenhum poder de

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controle nos campos em que a vontade é fraca e pouco ou nada queremos. O controle estaria circunscrito aos limites do poder da vontade ficando o restante sob domínio dos fluxos autônomos de desejo.

Para Valbuena (2000), tais viagens seriam comuns, realizadas por todas as pessoas à noite sem o perceberem:

"Não tenha medo, surpresa ou muita alegria quando se veja flutuando em corpo astral: isto fazem-no todos os seres humanos e nada lhes tem acontecido. O que ocorre é que saem inconscientemente e não fazem as coisas à vontade" (p. 45)

Aqui, o ingresso consciente se configura como isento de perigo. Ao tomar consciência de estar no astral, o estudante não deveria se exaltar. A atuação sob forma astral seria algo inofensivo e realizado por toda a humanidade sem o saber. A tomada de consciência não implicaria em risco para o viajante onírico. Rampa (s/d) afirmou que até poderia ser fonte de inspiração para inventos:

"Um grande inventor pode ter visto algo no astral mas, possivelmente, não fazia viagens conscientes. Assim, quando acordasse de manhã, teria uma idéia maravilhosa para uma ‘nova invenção’ e correria para seus cadernos e anotaria especificações e desenharia esboços. E então... Bem, ele teria inventado algo que o mundo desejava há muito tempo." (p. 50)

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à vigília. Do interior da psique brotariam idéias que poderiam ser aplicadas no sentido de satisfazer aspirações coletivas.

Os procedimentos para despertar no mundo astral-onírico

Autores que escreveram sobre viagens astrais afirmaram ter aperfeiçoado técnicas através das quais se poderia penetrar conscientemente no mundo que se descortina durante o sono ou despertar em seu interior após se ter entrado inconscientemente. Não obstante, poucas técnicas para reconhecimento do sonho durante seu processamento, dentre as muitas oferecidas pela vasta literatura atual, foram testadas formalmente (Price, 2001).

Como veremos adiante, os métodos para realização de viagens astrais e os procedimentos indutores de sonhos lúcidos apresentam pontos em comum.

Uma estratégia para que ultrapassássemos conscientemente o umbral entre o sono e a vigília, penetrando despertos no mundo onírico, seria a imaginação, ou visualização, voluntária e firme de que estamos deixando o corpo aliada à compreensão do que estamos fazendo. A firmeza de propósito no sentido de mantermos a consciência lúcida seria de vital importância (Rampa, s/d):

"Não há nenhum segredo na viagem astral, só é necessário ter confiança, só é necessário o conhecimento firme de que vai-se

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fazer uma viagem astral enquanto inteiramente desperto. E a melhor maneira de começar é imaginar que se está viajando, imaginar que se está fora do corpo. Esta palavra ‘imaginação’ é muito mal empregada. Talvez fosse melhor dizer ‘visualize-se’. Portanto, visualize-se deixando seu corpo de carne, visualize-se escorregando gradualmente para fora flutuando acima daquele corpo de carne deitado." (p. 43)

Do mesmo modo que no trabalho para obtenção de sonhos lúcidos (LaBerge & Levitan, 2001), a prática da viagem astral exigiria a confiança em manter a consciência desperta. É uma necessidade difícil de ser atendida no início do aprendizado mas que, com o passar do tempo e a adoção de uma postura mental correta, vai sendo satisfeita até o ponto da pessoa conseguir obter sonhos lúcidos com facilidade e quando desejar (idem).

Algumas pessoas poderiam tirar proveito de sonhos repetitivos para despertar e viajar no astral através da indução consciente e proposital dos mesmos (W eor, s/d2):

"Certas pessoas muito psíquicas, sensíveis e impressionáveis possuíram sempre em si mesmas o elemento iniciador.

Essas pessoas caracterizam-se pela repetição contínua de um mesmo sonho; revivem periodicamente essa ou aquela cena ou vêem constantemente em suas experiências oníricas essa ou aquela criatura ou símbolo.

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Toda vez que o elemento iniciador – símbolo, som, cor, pessoa, etc. – é lembrado no despertar do sono normal, o aspirante, ainda com os olhos fechados, continua vendo a imagem-chave familiar e imediatamente, de maneira intencional, tratará de dormir de novo, prosseguindo com o mesmo sonho.

Diremos, em outras palavras, que o aspirante propõe-se a voltar consciente ao seu próprio sonho e, por isso, continua intencionalmente com o mesmo mas trazendo-o para o estado de vigília, com plena lucidez e auto-controle.

Converte-se assim em expectador e ator do sonho com a vantagem, por certo nada desprezível, de poder abandonar a cena à vontade a fim de mover-se livremente no mundo astral. O aspirante, liberto então de todas as travas da carne, fora do seu corpo físico, acha-se desprendido do seu velho e familiar ambiente, penetrando em um universo regido por leis diferentes." (p. 202)

Ao sonho repetitivo se daria continuidade logo ao despertar por meio da imaginação consciente. Em seguida, a pessoa retornaria ao mesmo em estado de lucidez. O estudante se desprenderia da cena induzida voluntariamente e viajaria em astral.

O procedimento acima em nada parece diferir da técnica MILD (Mnemonic Induction of Lucid Dream - Indução Mnemônica de Sonhos Lúcidos) utilizada por Stephen LaBerge para indução de estados oníricos conscientes. Esta consiste em retornarmos

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voluntariamente a um sonho do qual acabamos de despertar. O retorno é obtido pela visualização de nós mesmos atuando oniricamente em estado de lucidez (LaBerge & Levitan, 2001).

Seria importante anotar os sonhos para se descobrir aqueles que sempre se repetem a fim de usá-los como ponto de apoio para o despertar da consciência astral, o que seria possível por serem recorrentes. As repetições seriam detectadas através de anotações e consideradas agentes facilitadores do reconhecimento da natureza onírica das cenas (W eor, s/d2):

"Quando o gnóstico tem o registro dos seus sonhos descobre um sonho que se repete sempre. Este, sem dúvida, é motivo mais que suficiente para anotar todos os sonhos no caderno ou bloco. A experiência onírica sempre repetida é, inquestionavelmente, o elemento iniciador que, utilizado com inteligência, nos conduz ao despertar da consciência.

Toda vez que o místico, deitado em sua cama, adormece intencionalmente, meditando no elemento iniciador, o resultado nunca se faz esperar muito: em geral o anacoreta revive conscientemente tal sonho, podendo separar-se da cena à vontade para viajar pelos mundos supra-sensíveis.

Qualquer outro sonho pode também ser usado com esse propósito, quando conhecemos realmente a técnica.

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prosseguir com ele mesmo intencionalmente; neste caso deve adormecer outra vez, revivendo sua experiência onírica com a imaginação." (p. 206)

O elemento iniciador seria o tema recorrente nos sonhos. Iniciaria o adepto no despertar da consciência astral porque, ao ser repetitivo, poderia ser aproveitado como aviso denunciador ou sinal indicador de que o sonhador se encontraria fora do corpo físico. A própria cena seria reveladora de seu modo astral de existir.

A disciplina teria enorme importância espiritual e um especial significado para a vida por ser "uma preparação esotérica para esse

sonho final que chamamos morte." (idem, p.207).

O despertar na dimensão existencial que transcende o tempo seria um preparo para o destino final. De fato, a experiência, ainda em corpo físico e em vida, da morte e da transição para a eternidade as torna menos penosas (Pereira, 2001). Os sonhos lúcidos tornam a morte menos aterrorizante (Lange, 1997).

Por outro lado, também se poderia despertar dentro do sonho após nele se ter entrado inconscientemente. Isso exigiria uma educação constante da atenção durante a vigília. A pessoa se acostumaria durante o dia a discernir constantemente se estaria ou não no mundo onírico mediante a observação dos elementos exteriores que a rodeiam aliada a um pequeno salto, a ser dado o maior número de vezes possível. Assim seria a prática (Valbuena,

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2000):

" (...) quando uma pessoa quer fazer a diferenciação de onde

se encontra, se está fisicamente ou em astral, olha ao seu redor tudo o que a rodeia, as pessoas, as casas, o lugar, e se faz esta pergunta: ‘por que estou vendo tal e tal coisa?’, parecendo-lhe raro. ‘Será que estou em corpo astral ou em corpo físico?’ e dá um saltinho com a intenção de ficar flutuando.(...)

Não necessita que vá saltar um metro, com centímetros que se eleve do chão já se sabe se está fisicamente ou não. Se não flutua é porque está fisicamente e se flutua é porque está em corpo astral." (p. 46)

A auto-indagação deveria ocorrer ante qualquer acontecimento estranho ("parecendo-lhe raro"). A flutuação após o salto seria um indicador do teor astral da cena que se estivesse presenciando. Além de saltar, seria preciso também se perguntar e observar os objetos externos que estivessem ao redor em busca de discernimento. A disciplina seria adotada conscientemente, em estado de vigília, para repercutir à noite, dentro do sonho. Trata-se de uma intervenção no funcionamento inconsciente que não era estranha para Jung (1963):

"(...)da mesma forma que o inconsciente age sobre nós, o aumento da nossa consciência tem, por sua vez, uma ação de ricochete sobre o inconsciente." (p. 282).

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A focalização da consciência sobre o lugar em que se está e sobre os objetos que dele fazem parte visando saber se pertencem ou não a um sonho, aumenta sua abrangência e profundidade no que se refere à captação do espaço no momento presente. A pessoa se dá conta de onde está e sua atenção se volta com mais clareza ao aqui-agora, o que "ricocheteia" sobre o inconsciente.

A disciplina diária é considerada importante. Recomenda-se ao estudante que realize a prática do discernimento "diariamente,

todas as vezes que mais possa durante o dia, em seu trabalho ou onde estiver e verá os resultados" (Valbuena, 2000, p. 47).

Ao que tudo indica, estas são atitudes psicológicas muito próximas aos testes de realidade que tornam lúcido o sonhador usual (Harari & W eintraub, 1993). A pessoa pergunta a si mesma se está ou não sonhando e, se houver adquirido a postura mental correta durante o dia, reconhecerá o sonho enquanto se processa. Algumas pessoas consideram a auto-indagação natural e não sentem nenhum constrangimento ao fazê-la. Outras, entretanto, a rejeitam e são incapazes de realizá-la sem se sentirem estúpidas (Bouchet, 2001). Penso que este sentimento se deve ao condicionamento da consciência em depreciar a realidade psíquica, crendo que esta somente assume a forma tridimensional.

A proposta seria a de aproveitar o sono para se poder exercitar a habilidade de "dormir acordado" (Rampa, s/d):

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"(...) viajamos no astral quando dormimos, o truque é permanecer acordado, e fazê-lo é apenas uma habilidade que se precisa adquirir, como se adquire a habilidade de respirar." (p. 48)

A necessidade que se colocaria ao interessado em realizar a aventura seria a de tomar consciência do processo. Para o aspirante, "(...) o que interessa é não sair inconscientemente,

dormido, mas sim sair conscientemente do corpo físico e mover-se a plena vontade." (Valbuena 2000, p. 44). Haveria uma diferença

radical entre os abandonos consciente e inconsciente do mundo exterior. No primeiro caso, a pessoa teria mobilidade total no mundo dos sonhos.

Por meio do despertar intra-onírico, se poderia obter um tipo de conhecimento inacessível às pessoas comuns. O êxito em sair conscientemente em astral proporcionaria ao estudante a chance de realizar longas jornadas, rumo às vastidões interiores, à plena vontade. A consciência poderia desvendar mistérios e o oculto deixaria de sê-lo (idem):

"Quando queremos saber por nós mesmos aquilo que as pessoas chamam Ocultismo, lá conhece-se e deixa de ser oculto."

(p. 44)

Não haveria, portanto, segredos que se ocultassem ao aventureiro nesse mar vastíssimo que é o inconsciente. A pessoa poderia adquirir o conhecimento por si mesma, sem recorrer à

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crença em outrem.

Um ensinamento de teor semelhante foi dado por Jesus no Logion 5 do Evangelho de Tomé (Leloup, 2000):

"Reconhece aquilo que está à tua frente e o que te é oculto te será revelado. Com efeito, não há nada encoberto que não será manifestado" (p. 16)

Neste Logion, a consciência do homem é tida como incapaz de ver o que está à sua frente, adormecida para aquilo que está diante de si. É uma indicação que parece ser válida também para o modo como as pessoas atuariam no astral. Os acontecimentos estranhos e impossíveis para a lógica vígil, sinais denunciadores do sonho, estariam à noite diante da consciência egóica e esta seria incapaz de lê-los para reconhecer o óbvio à sua frente. O conteúdo ocultado estaria diante da consciência sem que esta o enxergasse. Ao aprender a fazê-lo, não haveriam campos desconhecidos impenetráveis.

A resposta à indagação sobre onde a pessoa estaria em um dado instante seria extraída dos elementos que a circundassem, componentes do mundo em que estivesse inserida, e do resultado obtido com o salto. Não seria necessário procurar a resposta através do raciocínio uma vez que o próprio mundo indicaria a diferença. Bastaria apenas que o aspirante permitisse que as imagens lhe chegassem à consciência e revelassem seu modo de

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existência. A resposta à pergunta "onde estou?" estaria no próprio mundo que se observa. É um caso de reconhecimento do que está diante de si.

A lucidez pode ser prolongada e intensificada pela observação cuidadosa (Eeden, 1913). A esta podemos, ainda, associar estímulos exteriores visuais, auditivos e táteis que levem o ego a recordar-se de que está sonhando.

Basicamente, os métodos indutórios consistem em mecanismos de lembrança que levem o sonhador, em instantes posteriores aos da vigília, a recordar-se de algo que possa denunciar-lhe o sonho. Este princípio permitiu o desenvolvimento de técnicas testáveis em laboratório. As técnicas permitiram a obtenção deliberada de sonhos lúcidos e consistiram na combinação de estímulos externos com a postura crítica dos testes de realidade (LaBerge, 2001; LaBerge & Levitan, 2001).

Visando desenvolver técnicas que permitissem o reconhecimento do sonho à vontade, LaBerge aplicou estímulos externos a voluntários em sono REM previamente preparados para questionarem a si mesmos se estavam ou não sonhando. Os estímulos informavam aos sonhadores sobre sua condição enquanto dormiam e foram aplicados pelas vias tátil, auditiva e visual. O resultado foi um aumento significativo na quantidade de sonhos lúcidos (idem).

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O conteúdo das experiências imediatas com os mundos

interiores

Apesar de onírico, o mundo astral possuiria alto grau de

numinosidade, impactando fortemente aquele que nele penetra com a consciência desperta e impregnando-lhe com uma vívida impressão de realidade. Rampa (s/d) assim descreve a realidade astral objetiva:

"Os mundos astrais (sim, no plural!) são muito reais. As coisas são tão verdadeiras e tão concretas nesses mundos quanto nos parecem ser aqui nesta Terra; na verdade parecem mais substanciais porque lá há mais sentidos, mais faculdades, mais cores e mais sons. Podemos fazer muito mais no estado astral." (p.

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Percebe-se facilmente aqui a pluralidade, a concretude e a numinosidade atribuídas às imagens interiores experimentadas. A sensação de realidade que proporcionariam pareceria equiparar-se à das imagens externas e até ultrapassá-la.

Sob estado onírico consciente, experimentamos endopercepções refinadas. Por vezes, as cores são mais intensas e variadas do que as vistas durante o estado vígil (Gillespie, 2001). Os detalhes sutis dos objetos são captados pela acurada visão

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interna (W orsley, 2001). A sensação da voz é maravilhosa e nos deixa perplexos mesmo depois de ouví-la muitas vezes. Podemos usá-la em tom alto, gritar e cantar (Eeden, 1913). Os sabores podem ser notados com perfeita clareza e a partir de impressões voluntárias (idem).

O mundo astral seria passível de exploração, característica também apontada por Eeden (ibidem) com relação ao sonho lúcido. Possuiria elementos autônomos a serem conhecidos, o que é igualmente atribuído ao inconsciente que apresenta porções de existência objetiva e funcionamento autônomo. O mundo da alma é composto por elementos e processos que o ego desconhece e não controla (Jung, 1963):

"Filemon (...) trouxe-me o conhecimento decisivo de que existem na alma coisas que não são feitas pelo eu, mas que se fazem por si mesmas possuindo vida própria. Filemon representava uma força que não era eu. Em imaginação, conversei com ele e disse-me coisas que eu não pensaria conscientemente. Percebi com clareza que era ele, e não eu, quem falava. Explicou-me que eu lidava com os pensamentos como se eu mesmo os tivesse criado; entretanto, segundo lhe parecia, eles possuem vida própria, como animais na floresta, homens numa sala ou pássaros no ar: ’Quando vês homens numa sala, não pretenderias que os fizeste e que és responsável por eles’, ensinou-me. Foi assim que , pouco a pouco, me informou acerca da objetividade psíquica e da ‘realidade da

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alma.’ " (p. 162, grifo meu)

Filemon era uma entidade psíquica viva e autônoma, que habitava a psique de Jung e com ele dialogava durante suas práticas de imaginação ativa e lhe expunha seu ponto de vista.

Os diversos elementos psíquicos possuem, no mundo da alma, existência independente. Eram comparados por Filemon a homens em uma sala. Não somos nós que os criamos, eles existem por si mesmos e não funcionam da maneira que queremos mas da maneira que é peculiar às suas próprias naturezas. Daí a possibilidade de descobrirmos o novo em nosso interior a partir de imagens que se gestam por si mesmas. Como aventureiros no desconhecido, penetramos no mundo das imagens interiores em busca do descobrimento.

Para os místicos com os quais estamos nos ocupando, as imagens interiores seriam portadoras e veículos de expressão de verdades que transcendem as limitações físicas. De maneira semelhante pensavam os valentinianos. No Logion 124 do evangelho gnóstico de Felipe (In: Tricca, 1992), está escrito:

"Manifestos são os mistérios da verdade à maneira de modelos e imagens" (p. 202)

Os mistérios se manifestariam na forma de imagens. Estas conteriam segredos reveláveis. A verdade estaria nelas e através

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Estando consciente no sonho, uma pessoa poderia interagir diretamente com seu universo imaginal. Os mistérios contidos nas imagens oníricas poderiam ser revelados pelo contato direto com as figuras do inconsciente. O contato poderia ser através do diálogo ou da contemplação.

A atribuição de um caráter verdadeiro às imagens psíquicas experimentadas conscientemente e que ultrapassa as impressões de certeza das percepções físicas pode ser encontrada na concepção de verdade dos gnósticos do século I e II d.C. (Tricca, 1992):

"Acreditam os gnósticos que o homem, quando na face da Terra, não consegue ver o real, só o ilusório, que ele confunde com o real." (p. 177)

O que se experimentaria no mundo tridimensional, para os gnósticos, seriam apenas ilusões que encobririam uma verdade mais objetiva. Haveriam outras modalidades de percepção além desta que conhecemos.

Embora parecesse não chegar a tanto, Jung (1963) também atribuía grande importância ao lado psíquico da existência, o qual não poderia ser negligenciado uma vez que "diante dos

acontecimentos interiores, as outras lembranças empalidecem: viagens, relações humanas, ambiente (...). As circunstâncias exteriores não podem substituir as de ordem interior" (p. 20).

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A negligência para com o interno produz efeitos nefastos. A época em que vivemos "colocou a tônica no homem daqui,

sucitando assim uma impregnação demoníaca do homem e de todo o seu mundo. A aparição dos ditadores e de toda a miséria que eles trouxeram provém de que os homens foram despojados de todo o

sentido do além, pela visão curta de seres que se acreditavam

muito inteligentes. Assim o homem tornou-se presa do inconsciente. Sua maior tarefa, porém, deveria ser tomar consciência daquilo que, provindo do inconsciente, urge e se impõe a ele, em vez de ficar inconsciente ou de com ele se identificar. Porque nos dois casos ele é infiel à sua vocação, que é criar consciência. À medida que somos capazes de discernir, o único sentido da existência é acendermos a luz nas trevas do ser puro e simples." (idem, p. 282, grifo meu).

Ao ser despojado do sentido do além por uma pretensa sabedoria, o homem se tornou monstruoso, demoníaco. O sentido do além é, pois, indispensável à saúde psíquica. O homem precisa buscá-lo e cultivá-lo. O inconsciente deve ser encarado frontalmente, sem evasivas ou covardias. Devemos tomar consciência daquilo que se nos impõe desde o inconsciente.

Os sonhos nos são impostos pelo inconsciente. Ao invés de tomarmos consciência do que são, tendemos a permanecer inconscientemente neles inseridos e a nos identificamos com suas imagens. É necessário, entretanto, que tomemos consciência dos

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novo. Acordar para o novo é obter conhecimento, como faziam os gnósticos que o buscavam através de estados alterados de consciência (Tricca, 1992):

"Seus adeptos acreditavam que a gnosis, o Conhecimento, podia chegar ao homem por meio de transes, quando o discípulo ficava livre para circular pelas diversas esferas. O que faziam alguns filósofos gregos" (p. 177)

Durante o "transe" (que prefiro chamar de meditação) a consciência empreenderia jornadas pelos Eons, as regiões internas ou esferas onde receberia a Gnosis. De maneira similar, na viagem astral a pessoa circularia por esferas internas. Há, neste ponto, uma correspondência entre ambas as modalidades de experiência.

O inconsciente é uma fonte de conhecimento, uma porta para o transcendente (Jung, 1963):

"(...) há (...) indícios que mostram que uma parte da psique, pelo menos, escapa às leis do espaço e do tempo. A prova científica foi estabelecida pelas experiências bastante conhecidas de Rhine. A lado de inumeráveis casos de premonições espontâneas, de percepções não espaciais e outros fatos análogos, dos quais busquei exemplos em minha vida, essas experiências provam que, por vezes, a psique extrapola a lei da causalidade espaço-temporal. Disso resulta que as representações que temos do espaço, do tempo e também da causalidade são incompletas. Uma

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imagem total reclama, por assim dizer, uma nova dimensão; só então poderia ser possível dar uma explicação homogênea à totalidade dos fenômenos. É por esse motivo que ainda hoje os racionalistas persistem em pensar que as experiências parapsicológicas não existem; pois seriam fatais à sua visão do mundo. Porque se tais fenômenos podem produzir-se, a imagem racionalista do universo perde o seu valor por ser incompleta. Então a possibilidade de outra realidade, atrás das aparências, com outras referências, torna-se um problema intransponível e ficamos constrangidos em abrir os olhos para o fato de que nosso mundo de tempo, espaço e causalidade está relacionado com uma outra ordem de coisas, atrás ou sob ele, ordem na qual ‘aqui’ e ‘ali’, ‘antes’ e ‘depois’ não são essenciais. Não vejo qualquer possibilidade de contestar que ao menos uma parte de nossa existência psíquica se caracteriza por uma relatividade de espaço e de tempo. À medida que nos afastamos da consciência, esta relatividade parece elevar-se ao não espacial e a uma intemporalidade absolutas." (pp. 264-265, grifo meu).

O nosso aparato cognitivo consciente não nos permite alcançar os fenômenos em sua totalidade devido ao fato de estarem limitados espacialmente e temporalmente. As representações de espaço e tempo da consciência egóica provém da natureza das percepções que lhe são acessíveis. Isso, porém, não significa que não haja na psique outras formas ou níveis de percepção, em outras

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escalas, com outras abrangências e profundidades. O espaço e o tempo, tal como os conhecemos, são relativos e possuem existência subjetiva. O inconsciente pode perceber o tempo de forma distinta do Ego e isso é verificável em alguns sonhos. Quando a consciência modifica seu funcionamento, pode experimentar formas diversas de percepção e até mesmo rumar em direção ao absoluto, a inexistência total de qualquer percepção relativa de espaço e tempo. As porções da psique ocupadas pelo inconsciente percebem os fenômenos da natureza de maneira própria. Observe-se as alusões de Jung a uma nova dimensão, à não-temporalidade e à não-espacialidade em porções da psique afastadas da consciência e compare-se as mesmas com a passagem já citada em outra parte desse trabalho (Valbuena, 2000):

"Esse é o Plano Astral ou Quinta Dimensão, onde não existe o peso, nem a distância(...)" (p.43).

No interior da psique, a noção de espaço é muito diferente da que conhecemos aqui.

Se houver um caminho para a elucidação do problema de uma existência da alma na ausência do corpo, será o do inconsciente porque em "decorrência de sua relatividade espaço-tempo, o

inconsciente tem melhores fontes de informação que a consciência, a qual apenas dispõe de percepções sensoriais. Por esse motivo, estamos reduzidos, no que se relaciona com o mito de uma vida

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‘post mortem’, às escassas alusões do sonho e a outras manifestações espontâneas do inconsciente." (Jung, 1963, p. 274)

Não obstante a concepção do mundo astrai como real e concreto, o caráter imaginário e psíquico do mesmo não é negado mas, ao contrário e embora isso nos soe paradoxal, é reforçado. O mundo astral não é visto como outro mundo físico paralelo a este mas como um mundo psíquico e interno, contendo inclusive representações mentais dos objetos exteriores. A matéria que o comporia seria sutil e altamente plástica, moldável pelo pensamento e de acordo com os desejos. A velocidade de locomoção seria a do pensamento, o que atesta que o mundo é visto como sendo de natureza psíquica e não física. Não é concebido como outro universo exterior tridimensional distinto deste em que estamos e a ele paralelo. Seria tão real quanto o físico, paralelamente ao qual existiria sem perder o caráter psíquico.

A cada objeto das percepções externas corresponderia uma faceta interna ou duplo astral (Valbuena, 2000):

"Tudo o que vemos aqui, o que nos rodeia, as casas, as pessoas, os carros, têm um duplo que é o astral" (p. 46)

Jung (1963) admitiu a existência de um duplo interno para os objetos externos ao afirmar que o mundo de três dimensões, "no

tempo e no espaço, parece (..) um sistema de coordenadas: o que se decompõe aqui em ordenadas e abcissas, ‘lá’, fora do tempo e

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do espaço, pode aparecer talvez como uma imagem original de múltiplos aspectos ou talvez como uma nuvem difusa de conhecimentos em torno de um arquétipo." (p. 267)

O mundo real estaria, então, fora de nós e também dentro de nós, como é dito no Logion 3 do evangelho gnóstico de Tomé (Leloup, 2000):

"Disse Jesus:

Se vossos guias vos afirmarem: eis que o Reino está no Céu

então, as aves estarão mais perto do Céu do que vós; se vos disserem:

eis que ele está no mar,

então, os peixes já o conhecem...

Pelo contrário, o Reino está dentro de vós e, também, fora de vós." (p. 15)

O Reino estaria dentro do homem e também fora. Ambos os

lados da existência seriam abrangidos pelo sistema onde há um centro dominante, regulador. A palavra reino não seria usada se Jesus não estivesse se referindo a um conjunto de elementos conectados e regulados por um princípio central. Não há reino sem

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rei. Um lado do reino seria interno e outro externo.

O reino interior seria particular. Cada pessoa teria seu próprio mundo astral pessoal (Rampa, s/d):

"Em primeiro lugar, não há apenas um mundo astral, mas muitos, tantos na realidade quanto há diferentes vibrações pessoais." (p. 20)

A afirmação reforça a idéia de que o mundo astral é interior pois cada pessoa possuiria seu próprio mundo particular. A quantidade de mundos astrais existentes seria igual à quantidade de vibrações pessoais. Para que uma pessoa compartilhasse com outra o mesmo mundo astral, deveria possuir exatamente a mesma vibração pessoal que ela, ou seja, características vibracionais idênticas. Entendo que tais características vibracionais são as características mentais e emocionais. Quanto mais próximas as pessoas forem psiquicamente umas da outras, maior seria a proximidade entre os seus respectivos mundos astrais e vice-versa. No nível do inconsciente coletivo, o mundo astral de todas as pessoas seria o mesmo.

O pensamento seria o principal agente que definiria o teor das vivências experimentadas e a substância com a qual se confeccionaria os objetos de uso como, por exemplo, casas e roupas. Ao longo das jornadas haveria encontros maravilhosos uma vez que os "mundos astrais são lugares bonitos: há paisagens

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maravilhosas com cores jamais sonhadas na Terra, há música, música com a qual nem se sonha na Terra, há casas, mas cada pessoa pode construir sua casa em pensamento. Pensa-se, e se nos concentrarmos, ela EXISTE. Da mesma maneira, quando se chega ao mundo astral, a princípio estamos completamente nus, no mesmo estado em que chegamos à Terra; só depois pensamos que espécie de roupas vamos usar - não é necessário usar roupas mas a maioria das pessoas o faz por alguma estranha razão - e pode-se apreciar a mais notável coleção de vestimentas, porque cada qual faz a própria roupa de acordo com o estilo em que esteja pensando. Do mesmo modo, constróem suas casas em qualquer estilo que imaginem. Não há automóveis, naturalmente, nem ônibus, nem trens, não se precisa deles. Para que nos estorvarmos com um carro, quando nos podemos deslocar tão depressa quanto queiramos, só em pensar? Assim, apenas com o poder da mente, pode-se visitar qualquer parte do mundo astral." (idem, pp. 24-25)

Ao que tudo indica, a mente seria a matéria que comporia o mundo fantástico no qual se adentra nas horas em que a consciência abandona os sentidos externos do corpo e se ocupa totalmente com as imagens do universo psíquico. As roupas seriam confeccionadas e as casas seriam construídas apenas através do pensamento, sem nenhum recurso material adicional. Seriam elementos componentes do nosso universo imaginal. Ir para o astral seria mergulhar em um sonho. Uma jornada astral seria uma viagem

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da alma para dentro de si mesma.

De acordo com W orsley (2001), a geração de imagens dentro do sonho lúcido nem sempre se sucede imediatamente ao pensamento, podendo sofrer um breve atraso em relação à intenção de desencadeá-la voluntariamente.

A função compensatória dos sonhos em relação às funções sexuais reprimidas na vida consciente externa também é mencionada (Rampa, s/d):

"Sim (...) há vida sexual no astral, mas é muito melhor do que qualquer coisa que possamos experimentar na Terra, porque possuiremos uma gama de sensações mais acentuada. De modo que, se não tiverem uma vida sexual satisfatória na Terra, lembrem-se que no astral a terão, porque ela é necessária para tornar uma pessoa equilibrada" (p.26)

Evidencia-se uma maior intensidade no prazer sexual experimentado em sonhos catárticos do que em situações vígeis. Seriam sensações e percepções endopsíquicas em estado puro.

Referindo-se a si próprio na terceira pessoa, Rampa fornece um relato (idem) cujo conteúdo mostra um sentimento de liberdade proporcionado pela viagem:

"O velho rodou sua cadeira para junto da cama, muito dura, e transferiu-se para ela. Com um suspiro de alívio deitou-se. ‘Agora

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para a liberdade’, pensou, ‘liberdade para vaguear à vontade pelo mundo afora em viagem astral’. Por alguns momentos descansou, perdido em meditação; afinal, decidida a viagem da noite, relaxou o corpo para iniciar os estágios preparatórios.

Logo sobreveio o ligeiro estremecimento conhecido, quase um sobressalto, como se tivesse levado um susto, e com esse estremecimento o corpo astral libertou-se do físico. Libertou-se e flutuou para o alto, cada vez mais alto." (pp. 34-35)

Esse sobressalto e estremecimento é conhecido por muitas pessoas, bem como uma sensação de paralisia que algumas dizem ter ao deitar-se. Esta última teria uma explicação (ibidem):

"Quando uma pessoa está recostada e de repente sente-se paralisada, isto é um sinal perfeitamente normal, não há nada errado. Apenas significa que a separação dos dois corpos está impedindo os movimentos do corpo físico e a chamada paralisia é, na realidade, uma denominação errônea. Trata-se, simplesmente, de uma forte resistência ao movimento. Com frequência, a pessoa parece ao mesmo tempo estar espreitando através de um túnel, que pode ser vermelho, preto ou cinzento. Mas não importa a cor, isto é um bom sinal, demonstra que se está saindo." (p. 45)

Quando o sono se apodera do corpo levando-o a não se mover com a mesma intensidade dos momentos em que está acordado, a consciência normalmente o deixa. Uso a palavra "deixa" no sentido

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de que as faculdades perceptivas conscientes se desligam do mundo exterior em grande medida e a pessoa passa a perceber com mais intensidade os sons e imagens internos. Pode-se afirmar que, nesse sentido, a consciência abandona o mundo exterior e o corpo físico, ao menos numa certa medida. Pelo que lemos aqui, a paralisia é um estado em que o corpo físico já não atende aos comandos motores conscientes, sendo um indicador positivo de que se conseguiu levar a consciência até o ponto em que ela está prestes a penetrar no mundo dos sonhos sem se desvanecer. Não haveria, portanto, razão para o desespero de algumas pessoas que passam por essa experiência e a mistificam. A impressão de que se está morrendo ou sendo asfixiado provavelmente seria resultante da resistência do corpo ao movimento consciente pois a respiração depende de contrações diafragmáticas, que são movimentos. Como o ritmo dos movimentos respiratórios durante o sono é diferente do ritmo dos mesmos durante a vigília, haveria, em consonância com essa idéia, uma resistência do corpo às tentativas de se continuar com este último.

Ao continuar o relato, Rampa (s/d) escreve que o velho (ele próprio) "(..) subiu cada vez mais alto, até ver a luz do sol, e

prosseguiu célere através do Atlântico. Logo um satélite passou zunindo, um satélite que brilhava como prata ao refletir os raios solares. Mas o velho não se incomodava com satélites ou qualquer outra coisa dessa natureza. Eram coisas comuns, corriqueiras." (p.

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36).

Note-se a semelhança deste relato com uma visão de Jung (1963):

"Parecia-me estar muito alto no espaço cósmico. Muito ao longe, abaixo de mim, eu via o globo terrestre banhado por uma maravilhosa luz azul. Via também o mar de um azul intenso e os continentes. Justamente sob meus pés estava o Ceilão e na minha frente estendia-se o subcontinente indiano. Meu campo visual não abarcava toda a Terra, mas sua forma esférica era nitidadmente perceptível(...) via também os cumes nevados dos Himalayas, mas cercados de Brumas e nuvens.(...) Sabia que estava prestes a

deixar a Terra." (p. 252)

Esta visão foi tida por Jung em um estado de quase-morte, enquanto durava a perda de seus sentidos devido a um enfarte cardíaco. Em ambos relatos, o ego voou até as alturas.

Eeden (1913) nos diz que, durante os sonhos lúcidos, podemos contemplar um profundo céu azul, nuvens, luz solar, muitos tipos de fenômenos luminosos e lindas paisagens imensas. Nestas aparece um céu ensolarado e através delas podemos voar largamente. Tais impressões evocam sentimentos de gratidão e de ser abençoado que nos inspiram.

O tamanho do sol e a intensidade de sua força variam. Às vezes, aparecem vários sóis. A luminosidade pode ser intensa. A

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alegria e a devoção nos assaltam (Gillespi, 2001).

Devido à lucidez elevada, o sonhador não perde a recordação de sua existência diária e de sua condição. Pode dirigir a atenção e tomar livremente atitudes voluntárias (Eeden, 1913).

O impacto psíquico da experiência é poderoso. Por vezes, os modelos de universo, consciência, sentimentos, pensamentos e reações que estão na base de nossas estruturas de realidade são quebrados e todas as experiências formais são transcendidas (Kelzer,2001).

Entretanto, a coerência na concepção de viagem astral como experiência interna parece ficar perturbada em certos casos:

"(...) Quando efetuamos viagens astrais, não estamos num corpo de carne mas num corpo que pode penetrar materiais que ao primeiro pareceriam sólidos. (...) podemos (...) submergir na rocha sólida.(...)Podemos ver com perfeita clareza, embora para um corpo de carne fosse uma completa e total escuridão. Podemos afundar e, talvez, ver ali um vulto gigante, capturado há meio milhão de anos atrás, incrustado no que é agora carvão sólido. Nesse carvão sólido, então, há um vulto gigante intacto, perfeitamente preservado, como mastodontes e dinossauros que já foram descobertos." (Rampa, s/d, p. 127)

(42)

sensorial: estudaríamos em corpo astral fenômenos não-astrais do mundo tridimensional, o que caracterizaria a experiência mais como uma O.B.E.(Out of Body Experience - Experiência Fora do Corpo). Isso parece contradizer o anteriormente afirmado, de que as imagens são internas, e deixa transparecer certa confusão ou indefinição a respeito do que se enxerga em tal estado. Talvez pudéssemos ser auxiliados pelo conceito junguiano de sincronicidade ou pela consideração de que o interior e o exterior são reflexos e facetas um do outro, como se lê na obra de Armando Cosani (2000):

"Até agora, tens pensado que teus cinco sentidos te informam sobre o mundo exterior.

Não é assim, não há tal mundo exterior nem há tal mundo interior. Estes são ilusórios conceitos que não podem penetrar mais além das formas. O real é que [tu] não és forma e que, sendo vida, és tudo quanto É."

Apenas pela transcendência da oposição entre os mundos exterior e o interior poderíamos encontrar alguma solução para o problema da contradição detectada nas afirmações dos ocultistas a respeito do teor das percepções acessadas em astral.

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Conclusão

Tanto nas experiências fora do corpo como nos sonhos lúcidos verificam-se percepções com forte impacto realístico e poder de imitação das percepções normais. Ambos parecem ser muito próximos e até existem relatos de experiências intermediárias (Green & Gackenbach, 2001). Penso, entretanto, que as visões obtidas através deste estado alterado de consciência pertencem mais ao lado psíquico de nossa existência. O satélite, as montanhas, o mar, o mastodonte, o carvão, a rocha, o dinossauro e as nuvens vistos em astral não devem ser os mesmos que veríamos caso subíssemos fisicamente aos mesmos pontos do planeta em um balão ou descêssemos sob sua crosta mas sim representações pertencentes ao mundo dos sonhos.

Não pretendo afirmar ou negar a possibilidade da viagem astral substituir os cinco sentidos na tarefa de explorar o mundo físico, proporcionando uma modalidade incomum de acesso direto ao que está fora do homem. Muitos de nós já comprovamos a realidade das coincidências significativas em nossas vidas. Entretanto, não compreendo como o fenômeno da sincronicidade poderia sofrer manipulações conscientes em uma proporção tão grande. Por precaução, parece-me prudente considerar primeiramente as vivências astrais como portas que dão acesso

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direto e relativamente consciente ao mundo altamente numinoso das imagens arquetípicas, presentes no inconsciente. Isso seria mais mais sensato do que acreditar irrefletidamente que sejam um meio de contato da consciência com fenômenos externos na ausência do funcionamento dos cinco sentidos. Até onde saibamos, a substituição total dos modos de percepção ainda não pôde ser provada.

É importante manter o cuidado com relação às comunicações do inconsciente, mantendo a recordação de que é "preciso (...)

preservar o espírito crítico e lembrar-se de que ‘comunicações’ dessa espécie podem ter também um significado subjetivo, e coincidir ou não com a realidade." (Jung, 1963, p.264). Por outro

lado, não devemos nos esquecer de que, algumas vezes, os maiores avanços da ciência surgem justamente nos pontos em que ela é mais resistente às mudanças (Green & Gackenbach, 2001).

É muito cedo para haver um consenso na ciência a respeito da essência dos sonhos lúcidos pois a variedade de modos sob os quais se apresenta forma uma escala cujos extremos estão além do alcance do nosso atual campo de visão, adentrando ao terreno da experiência mística (Kelzer, 2001). Porém, a análise do material literário aqui exposto parece apontar na direção seguinte: a viagem astral é uma modalidade de sonho na qual o ego tem consciência de que o processo onírico está se dando e de que está nele inserido. Entretanto, a consciência de que o corpo dorme não impede o

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sonhador de acreditar que algumas imagens que acessa são tridimensionais. Nem sempre o reconhecimento do sonho leva à compreensão de que se está mergulhado na introversão e de que as "percepções astrais" são na verdade percepções endopsíquicas.

Ao experimentar alguns acontecimentos sincrônicos envolvendo as visões oníricas e o mundo exterior, o ego parece julgar, em alguns casos, que está tendo percepções exteriores, confundindo as imagens internas com os fenômenos físicos.

Os sonhos constituem um mundo real, existente dentro do homem e concreto à sua própria maneira. O reconhecimento de seu teor por parte do sonhador e nos exatos instantes em que se processam, permite que sejam estudados in loco e submetidos a experimentos exploratórios com consciência e juízo crítico.

Os viajantes astrais são onironautas. Ativam intra-oniricamente a consciência por meios parecidos, se não idênticos, aos utilizados pelos cientistas. De modo semelhante ao que disse Campbell (apud Grof & Grof, 1997), não se perdem e nem se afogam no mar do inconsciente como psicóticos. Aprenderam a nadar, a mergulhar e a navegar em suas águas. Contatam, por meios diretos, uma dimensão do espírito humano de difícil acesso por vias usuais.

A inserção consciente nos mundos internos durante os períodos em que o corpo está adormecido nos lança a um ponto

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limítrofe entre a experiência esotérica e a experiência científica. Abre portas à expansão desta última por campos que tradicionalmente são considerados impenetráveis por serem de domínio exclusivo das crenças religiosas.

Não há fatos sobrenaturais. O que existem são fatos naturais incompreendidos. O círculo das possibilidades não termina onde nosso saber se extingue mas aumenta indefinidamente à medida em que extendemos e aprofundamos a ciência e o alcance intelectual (Blavastky, 1991).

A oportunidade de nos experimentarmos vivos, íntegros e com um corpo psíquico de natureza análoga ao que jaz desfalecido no leito à noite pode nos auxiliar a elucidar a questão da existência humana sob estados fisicamente incorpóreos e a questão da existência de outros mundos, espirituais. São questões que não mais podem ser evitadas sob o pretexto de pertencerem exclusivamente ao campo do interesse religioso e das crenças.

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Copyright © 2001 Cleber Monteiro Muniz. All Rights Reserved.

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Dados sobre o Autor e sua Obra

Cleber Monteiro Muniz, 32 anos; brasileiro; Casado; natural de Santo

André, SP; Brasil. Especialista em Abordagem Junguiana pela COGEAE da PUC-SP. Idealizador, vocalista, guitarrista e compositor do grupo ESPLENDOR (world music com tendência ibérico-medieval e temáticas

onírico-arquetípicas). Licenciado em geografia. Pesquisador do Interpsi - grupo de estudos de interconectividade mente-matéria e consciência - do Centro de Estudos Peirceanos do COS da PUC-SP. Professor de geografia na rede municipal de ensino de Diadema, SP, Brasil.Integrante do projeto de musicalização popular Musicalizando Diadema

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO A Experiência Onírica Consciente: Viagens da Consciência ao Mundo dos Sonhos. Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Abordagen Junguiana pela COGEAE da PUC-SP.

ARTIGOS PUBLICADOS

O que é a Consciência e como Cultivá-la.. In: Poder da Mente no 3, Ano I.

São Paulo: Scala, 2002.

Experiências Oníricas Conscientes: Educação Psíquica para o Despertar Intra-Onírico In: Catharsis no 39 (Revista de Saúde Mental). São Paulo: Marigny &

Kerber, setembro-outubro de 2001.

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Referências

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