Desenvolvimento moral pró-social:
Desenvolvimento moral pró-social:
Semelhanças e diferenças entre os
Semelhanças e diferenças entre os
modelos teóricos de Eisenberg e Kohlberg
modelos teóricos de Eisenberg e Kohlberg
Sílvia Helena Koller Sílvia Helena Koller Universidade Fede
Universidade Federal do Rio Grande ral do Rio Grande do Suldo Sul Nara M. G.
Nara M. G. BernardesBernardes Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul do Sul
Resumo: Resumo:
O presente artigo consiste
O presente artigo consiste em uma revisão crítica da em uma revisão crítica da literatura naliteratura na área do desenvolvimento moral pró-social. O modelo teórico
área do desenvolvimento moral pró-social. O modelo teórico dodo desenvolvimento pró-social de Eisenberg é apresentado e
desenvolvimento pró-social de Eisenberg é apresentado e discutidodiscutido em comparação com o modelo teórico de julgamento moral de
em comparação com o modelo teórico de julgamento moral de
Kohlberg. Esses modelos apresentam eno!ues complementares no Kohlberg. Esses modelos apresentam eno!ues complementares no estudo da moralidade. En!uanto Kohlberg estudava o julgamento estudo da moralidade. En!uanto Kohlberg estudava o julgamento moral a partir de transgressão" Eisenberg investiga a moralidade em moral a partir de transgressão" Eisenberg investiga a moralidade em unç#es de aç#es pró-sociais como comportamentos de ajuda. Os unç#es de aç#es pró-sociais como comportamentos de ajuda. Os atores psicológicos !ue podem ser concebidos como determinantes atores psicológicos !ue podem ser concebidos como determinantes da pró-sociabilidade são também apresentados e
da pró-sociabilidade são também apresentados e discutidos.discutidos. $inalmente" a pes!uisa recente crítica
$inalmente" a pes!uisa recente crítica ou corroboradora de ambos osou corroboradora de ambos os modelos é sumari%ada.
modelos é sumari%ada. Palavras-chave:
Palavras-chave: &ró-social" 'oral" (esenvolvimento &ró-social" 'oral" (esenvolvimento
Abstract: Abstract:
Prosocial moral development: similarities
Prosocial moral development: similarities and differencesand differences between Eisenbergs and Ko!lbergs
between Eisenbergs and Ko!lbergs t!eoretical modelst!eoretical models )his paper presents a critical revie* o the literature on pro-social )his paper presents a critical revie* o the literature on pro-social moral development. Eisenberg+s pro-social development model is moral development. Eisenberg+s pro-social development model is presented and discussed
presented and discussed in contrast to Kohlberg+s theor,. )hesein contrast to Kohlberg+s theor,. )hese models ocus on c
models ocus on complementar, vie*s in the stud, o omplementar, vie*s in the stud, o moralit,moralit,.. hereas Kohlberg studied moral judgment using dilemmas
hereas Kohlberg studied moral judgment using dilemmas involvinginvolving transgressions" Eisenberg loos at pro-social actions" such as helping transgressions" Eisenberg loos at pro-social actions" such as helping behavior
reasoning are also presented and discussed.
reasoning are also presented and discussed. $inall,$inall," recent research" recent research critici%ing or corroborating either model is summari%ed.
critici%ing or corroborating either model is summari%ed. Ke!-"ords:
Ke!-"ords: &rosocial" 'oral" (evelopment. &rosocial" 'oral" (evelopment.
"Numa noite de março de 196! uma ovem c#amada $itt% Genovese "Numa noite de março de 196! uma ovem c#amada $itt% Genovese foi fatalmente assassinada no estacionamento do seu
foi fatalmente assassinada no estacionamento do seu condomínio emcondomínio em Nova &or'( )rinta e oito *essoas ouviram seus +ritos e viram seu Nova &or'( )rinta e oito *essoas ouviram seus +ritos e viram seu
assassino
assassino( ,as nen#uma delas! se-uer c#amou a ( ,as nen#uma delas! se-uer c#amou a *olícia (((" *olícia ((("
E
E
ste acontecimento marcante impulsionou o estudo ste acontecimento marcante impulsionou o estudo da pró-da pró-sociabilidade entre os teóricos da &sicologia. O presente artigo sociabilidade entre os teóricos da &sicologia. O presente artigo consiste em uma revisãoconsiste em uma revisão crítica da literatura na área docrítica da literatura na área do desenvolvimento moral pró-social. O modelo teórico do desenvolvimento moral pró-social. O modelo teórico do desenvolvimento pró-social de Eisenberg é apresentado e
desenvolvimento pró-social de Eisenberg é apresentado e discutidodiscutido em comparação com o modelo teórico de julgamento moral de
em comparação com o modelo teórico de julgamento moral de
Kohlberg. Esses modelos apresentam eno!ues complementares no Kohlberg. Esses modelos apresentam eno!ues complementares no estudo da moralidade. En!uanto Kohlberg estudava o julgamento estudo da moralidade. En!uanto Kohlberg estudava o julgamento moral a partir de transgressão" Eisenberg investiga a moralidade em moral a partir de transgressão" Eisenberg investiga a moralidade em unç#es de aç#es pró-sociais como comportamentos de ajuda. Os unç#es de aç#es pró-sociais como comportamentos de ajuda. Os atores psicológicos !ue podem ser concebidos como determinantes atores psicológicos !ue podem ser concebidos como determinantes da pró-sociabilidade são também apresentados e
da pró-sociabilidade são também apresentados e discutidos.discutidos. $inalmente" a pes!uisa recente crítica
$inalmente" a pes!uisa recente crítica ou corroboradora de ambos osou corroboradora de ambos os modelos é sumari%ada.
modelos é sumari%ada.
)eorias *sicoló+icas e o desenvolvimento moral *ró.social )eorias *sicoló+icas e o desenvolvimento moral *ró.social
O desenvolvimento moral pró-social do indivíduo di% respeito ao O desenvolvimento moral pró-social do indivíduo di% respeito ao
processo de a!uisição e mudança dos julgamentos e comportamentos processo de a!uisição e mudança dos julgamentos e comportamentos de ajuda ou beneício dirigidos a outros indivíduos ou grupos. /ão de ajuda ou beneício dirigidos a outros indivíduos ou grupos. /ão aç#es e0ou julgamentos voluntários e deinidos em termos de suas aç#es e0ou julgamentos voluntários e deinidos em termos de suas conse!12ncias positivas. 3 motivação básica da pró-sociabilidade conse!12ncias positivas. 3 motivação básica da pró-sociabilidade consiste em beneiciar o outro" sem inlu2ncias ou press#es e4ternas consiste em beneiciar o outro" sem inlu2ncias ou press#es e4ternas ou" ainda" sem e4pectativas de pr2mios ou recompensas materiais ou ou" ainda" sem e4pectativas de pr2mios ou recompensas materiais ou sociais. 3 pró-sociabilidade pode maniestar-se por meio de
sociais. 3 pró-sociabilidade pode maniestar-se por meio de
intenç#es" aç#es ou e4pressão verbal do raciocínio sobre um dilema intenç#es" aç#es ou e4pressão verbal do raciocínio sobre um dilema moral 5Eisenberg" 6789:
moral 5Eisenberg" 6789: 6779: Eisenberg 6779: Eisenberg ; 'iller" ; 'iller" 678<: /taub"678<: /taub" 67<8=.
67<8=.
3 orma e o conte>do de atos e pensamentos de compartilhar e 3 orma e o conte>do de atos e pensamentos de compartilhar e ajudar aparecem e se modiicam no decorrer da vida" em unção da ajudar aparecem e se modiicam no decorrer da vida" em unção da presença e da interação de
presença e da interação de atores do desenvolvimento humano taisatores do desenvolvimento humano tais como idade" características de personalidade" motivaç#es" habilidades como idade" características de personalidade" motivaç#es" habilidades
e condiç#es situacionais. (esde a década de <?" pes!uisadores t2m e condiç#es situacionais. (esde a década de <?" pes!uisadores t2m tentado criar modelos de desenvolvimento do
tentado criar modelos de desenvolvimento do julgamento moral pró-julgamento moral pró-social e dos comportamentos de ajuda !ue capturem sua
social e dos comportamentos de ajuda !ue capturem sua comple4idade e orneçam diretri%es para o seu
comple4idade e orneçam diretri%es para o seu entendimentoentendimento 5Eisenberg" 678@:
5Eisenberg" 678@: &illavin" (ovidio" Aaertner&illavin" (ovidio" Aaertner" ; Blar" 6786:" ; Blar" 6786:
/ch*art% ; Co*ard" 678D: /taub" 67<8" 67<7=. 3 área da &sicologia /ch*art% ; Co*ard" 678D: /taub" 67<8" 67<7=. 3 área da &sicologia do (esenvolvimento" contudo" mostra !ue essa temática vem sendo do (esenvolvimento" contudo" mostra !ue essa temática vem sendo problemati%ada" mesmo !ue indiretamente" por teorias !ue
problemati%ada" mesmo !ue indiretamente" por teorias !ue
apresentam conceitos e4plicativos do desenvolvimento moral e !ue apresentam conceitos e4plicativos do desenvolvimento moral e !ue incluem aspectos pró-sociais em suas análises.
incluem aspectos pró-sociais em suas análises.
a abordagem psicanalítica" a personalidade estrutura-se em tr2s a abordagem psicanalítica" a personalidade estrutura-se em tr2s instFnciasG o
instFnciasG o id id " o" o e+o e+o e o e osu*ere+osu*ere+o. O id busca gratiicação dos. O id busca gratiicação dos impulsos a im de manter o organismo livre de tensão. O ego é a impulsos a im de manter o organismo livre de tensão. O ego é a instFncia intermediária entre o id e o mundo e4terno" !ue protege o instFncia intermediária entre o id e o mundo e4terno" !ue protege o indivíduo dos riscos a !ue se e4p#e devido Hs tens#es
indivíduo dos riscos a !ue se e4p#e devido Hs tens#es entreentre e4ig2ncias do id e
e4ig2ncias do id e da realidade. O superego" estrutura mais relevanteda realidade. O superego" estrutura mais relevante para o entendimento da pró-sociabilidade" unciona como o
para o entendimento da pró-sociabilidade" unciona como o árbitro daárbitro da conduta moral e dos valores internali%ados do indivíduo" os !uais
conduta moral e dos valores internali%ados do indivíduo" os !uais reletem os padr#es e normas da sociedade. O superego alcança um reletem os padr#es e normas da sociedade. O superego alcança um momento signiicativo em seu desenvolvimento" aos cinco ou s
momento signiicativo em seu desenvolvimento" aos cinco ou seiseis anos de idade" !uando se dá a resolução do Bomple4o de Idipo. anos de idade" !uando se dá a resolução do Bomple4o de Idipo. Juando isto ocorre" a criança identiica-se com o pai ou a mãe" Juando isto ocorre" a criança identiica-se com o pai ou a mãe" dependendo de seu g2nero
dependendo de seu g2nero66" e incorpora ou internali%a alguns dos" e incorpora ou internali%a alguns dos
comple4os padr#es de atitudes" traços" motivaç#es" normas morais" comple4os padr#es de atitudes" traços" motivaç#es" normas morais" valores e proibiç#es !ue regem seus comportamentos. O superego valores e proibiç#es !ue regem seus comportamentos. O superego cont2m dois sub-sistemas" o ego ideal e a
cont2m dois sub-sistemas" o ego ideal e a consci2ncia. O ego idealconsci2ncia. O ego ideal representa os padr#es morais e ideais" en!uanto !ue a consci2ncia representa os padr#es morais e ideais" en!uanto !ue a consci2ncia julga e regula o comportamento do in
julga e regula o comportamento do indivíduo" pune trdivíduo" pune transgress#esansgress#es mediante a culpa e redireciona a gratiicação das puls#es !ue possam mediante a culpa e redireciona a gratiicação das puls#es !ue possam violar os códigos morais internali%ados pela c
violar os códigos morais internali%ados pela criança 5$reud"riança 5$reud" 67?067L=.
67?067L=.
/egundo a teoria psicanalítica clássica"
/egundo a teoria psicanalítica clássica" portanto" o comportamentoportanto" o comportamento humano é instigado amplamente pela auto-gratiicação. 3s puls#es e humano é instigado amplamente pela auto-gratiicação. 3s puls#es e a culpa são os principais determinantes do pensamento e do
a culpa são os principais determinantes do pensamento e do comportamento" incluindo-se aí a consci2ncia social" o senso de comportamento" incluindo-se aí a consci2ncia social" o senso de justiça e as aç#es morais. (e modo divergent
justiça e as aç#es morais. (e modo divergente" outros teóricose" outros teóricos psicanalistas centrali%am no ego" mais do !ue nas
psicanalistas centrali%am no ego" mais do !ue nas puls#es" opuls#es" o desenvolvimento da personalidade e
desenvolvimento da personalidade e da moralidade 5Mreger" 6da moralidade 5Mreger" 67<:7<: $lugel" 67DL: /etlage" 67<9=. Esses psicólogos do ego" como são $lugel" 67DL: /etlage" 67<9=. Esses psicólogos do ego" como são denominados" rejeitam a noção de !ue o comportamento moral e os denominados" rejeitam a noção de !ue o comportamento moral e os valores representam" apenas" a internali%ação dos aspectos
valores representam" apenas" a internali%ação dos aspectos parentaisparentais na inFncia. Enati%am !ue a identiicação e o
na inFncia. Enati%am !ue a identiicação e o desenvolvimento moraldesenvolvimento moral são processos criativos !ue ocorrem também na adolesc2ncia e na são processos criativos !ue ocorrem também na adolesc2ncia e na ase adulta. Embora a criança identii!ue-se" primariamente" com seu ase adulta. Embora a criança identii!ue-se" primariamente" com seu pai ou com sua mãe" também o a% com outros modelos relevantes pai ou com sua mãe" também o a% com outros modelos relevantes ao longo da vida. 3s
moral" nos valores e nas atitudes dos indivíduos !ue são acompanhadas pelo amadurecimento da estrutura egóica.
3 maior contribuição da abordagem psicanalítica ao estudo da pró-sociabilidade reere-se H introdução do conceito de identiicação" !ue e4plica o desenvolvimento do superego" tanto no !ue di% respeito ao senso de culpa e H vergonha" como ao ego ideal do ser humano. 3 identiicação possibilita !ue o indivíduo internali%e valores humanos e incorpore as proibiç#es parentais e sociais" deinindo a adesão a
padr#es de comportamento pró-social. o entanto" devido H 2nase na auto-satisação do indivíduo" esta abordagem não pode e4plicar completamente a pró-sociabilidade" !ue é" por ela" conceituada como um mecanismo de deesa ou uma ormação reativa. 'esmo assim" a abordagem psicanalítica representa uma rica onte de hipóteses sobre o desenvolvimento da culpa" da vergonha e da internali%ação de
proibiç#es e sensibili%ou teóricos comportamentalistas em relação a atores cruciais para o entendimento das origens" do desenvolvimento e das mudanças nas orientaç#es pró-sociais.
Em contraste com a teoria psicanalítica" na !ual os aspectos internos da personalidade são predominantes" a abordagem comportamental enati%a as respostas maniestas do indivíduo no desenvolvimento pró-social. 3 teoria comportamental tradicional airma !ue o
comportamento pró-social é aprendido como !ual!uer
comportamento" por meio de imitação de modelos" reorçamento e aprendi%agem por observação 5Mranco" 678D: Nade-arro*" Pahn-a4ler" ; Bhapman" 678=. /egundo /inner 567<6=" não é em
virtude de um sentimento de pertencer a um grupo !ue um indivíduo age visando o bem dos outros ou se recusa a a%2-lo devido a
sentimentos de alienação. /eu comportamento depende do controle e4ercido pelo ambiente social.
Mandura 567<<" 678@= revisou aspectos da teoria de comportamental tradicional e atribuiu H cognição uma posição undamental neste
processoG intenç#es e auto-avaliação promovem a auto-regulação do comportamento. &or meio de representaç#es cognitivas" os indivíduos podem antecipar as conse!12ncias de seus comportamentos e
modiicar suas aç#es" estabelecendo objetivos e se auto-avaliando. (e acordo com a teoria sócio-cognitiva de Mandura" as crianças
ad!uirem regras e padr#es internos por meio da imitação de modelos e da compreensão das e4plicaç#es dos agentes sociali%adores sobre a moralidade e seu signiicado social. 3 auto-regulação do
comportamento dos indivíduos" reali%ada de acordo com regras e padr#es internali%ados" consiste na principal inlu2ncia ao
desenvolvimento da moralidade. Em suma" o desenvolvimento moral pró-social é visto como produto da interação entre orças sociais e capacidades cognitivas dos indivíduos.
O modelo de desenvolvimento moral proposto pelos cognitivistas diverge ortemente da teoria psicanalítica e da teoria da
comportamental tradicional e apresenta algumas similaridades com o modelo sócio-cognitivista de Mandura. 3s crianças não são concebidas como seres passivos" dirigidos por puls#es ou por orças e4ternas. 3o contrário" agem sobre o ambiente" interpretam e organi%am os
estímulos" comportam-se como seres inteligentes. (e acordo com &iaget 5679067@L=" a intelig2ncia inclue todas as unç#es cognitivas" sendo o principal ator para a adaptação do indivíduo. O
desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre as estruturas mentais e os eventos do ambiente" apresentando-se como uma se!u2ncia de estágios hierár!uicos e invariantes.
3s teorias cognitivistas consideram o desenvolvimento pró-social como um processo cognitivo associado H capacidade do indivíduo de ser empático com os outros e de descentrali%ar-se de si mesmo
5Emler ; Nushton" 67<D: Kohlberg" 67@7: &iaget" 679067@L: Nubin ; /chneider" 67<: Nushton" 67<@=. O entendimento !ue a criança tem de si mesmo e dos outros" a imitação" a identiicação e a
analogia !ue ela a% entre seu próprio self e o dos outros" ormam a base para o desenvolvimento pró-social 5para uma completa revisão teórica" consultar Nade-arro*" Pahn-a4ler" ; Bhapman" 678=. Embora alguns teóricos cognitivistas reconheçam a relevFncia das inlu2ncias sociais" designam a elas um papel menos signiicativo do !ue na teoria comportamental tradicional ou na sócio-cognitivista. 3pesar do esorço dispendido para entender o desenvolvimento moral pró-social" as teorias acima apresentadas não conseguem e4plicá-lo em todas as suas acetas. Elas concordam em muitos tópicos" mas discordam em outros. o entanto" a principal diiculdade na
e4plicação do enQmeno deve-se a dierentes ocos de 2nase !ue cada teoria coloca em determinados aspectos do desenvolvimento pró-social. &ontos importantes são ocali%ados por uma teoria e
desconsiderados por outra" sem !ue haja uma integração !ue permita e4plicar de orma mais completa este enQmeno. Bomo e4emplo"
destacamos a 2nase !ue a teoria cognitivista dá H unção do raciocínio e da tomada de perspectiva do outro" !ue as teorias psicanalítica e comportamental negligenciam. Os pontos de
concordFncia das teorias são" por e4emplo" o autocentrismo inicial da criança" o processo gradual de descentrali%ação e percepção do outro" o desenvolvimento de algumas capacidades e o ac>mulo de
e4peri2ncia !ue inluenciam na pró-sociabilidade. Cá similaridades com relação ao papel dos agentes sociali%adores" entre a teoria cognitivista" a teoria comportamental tradicional e a teoria sócio-cognitivista" embora" as duas >ltimas atribuam maior importFncia a tais agentes. Cá consenso !uanto ao ato do pai e da mãe" dos
ornecem recompensas" aplicam puniç#es e oerecem valores a serem internali%ados.
Os conhecimentos sobre o desenvolvimento moral pró-social não se esgotam nessas teorias psicológicas. Em 67<L" ilson" em seu
livro Socio/iolo+ia" apresentou um novo campo cientíico dedicado a estudos sistemáticos das bases biológicas do comportamento social e descreveu numerosas aç#es desempenhadas por animais !ue
poderiam ser consideradas pró-sociais. )ais animais apresentavam aç#es de auto-sacriício" colocando-se em risco e dividindo seus alimentos com outros. 3s aç#es !ue garantiam a sobreviv2ncia
da!ueles !ue compartilham seus gens oram denominados por ilson 567<L" 67<8= de aç#es de seleç0o de *arentesco. Juando estas aç#es ocorriam com não-parentes" ilson denominou-as de aç#es
de altruísmo recí*roco" por!ue o beneitor ocuparia a posição de receptor de um ato altruístico em algum momento uturo. 3 teoria sociobiológica postula !ue a sobreviv2ncia da espécie baseia-se na transmissão de gens altruístas de uma geração para a outra. 3ssim" mediante aç#es pró-sociais a espécie transmitiria geneticamente os seus gens altruístas intergeracionalmente. Bomparando animais com seres humanos" ilson 567<L= concluiu !ue estes >ltimos também devem possuir uma base de transmissão genética e um potencial biológico para desempenhar atos pró-sociais. Os comportamentos pró-sociais são avoráveis H sobreviv2ncia da sociedade e da espécie" e não apenas do organismo individual. (ierentemente dos animais" o desenvolvimento pró-social humano tem por base também a evolução sócio-cultural. ilson 567<L= reconheceu a importFncia da cultura !ue tende a preservar os comportamentos pró-sociais como padrão avançado de manutenção da vida social" sob a orma velada ou e4plícita de normas" valores e princípios. Os trabalhos de ilson
oram introdu%idos na &sicologia por Bampbell 567<L=" !ue chamou a atenção para as contribuiç#es da /ociobiologia aos estudos
psicológicos" salientando o papel do convívio social na transmissão do altruísmo" além da evolução meramente genética.
3tualmente" no estudo da pró-sociabilidade destaca-se a contribuição de anc, Eisenberg9!ue desenvolveu um modelo teórico e uma
metodologia de avaliação desse aspecto da moralidade. Os estudiosos do desenvolvimento moral até a proposição de Eisenberg 567<7a"
67<7b= vinham se dedicando a investigar" principalmente" o julgamento e o comportamento de transgressão. 3gressão"
desonestidade" incapacidade de resistir H tentação e outros comportamentos considerados socialmente indesejáveis eram o principal oco da atenção dos teóricos da moralidade.
Bomportamentos positivos e pró-sociais oram relativamente
ignorados. O modelo teórico de desenvolvimento moral pró-social de Eisenberg-Merg 567<7a= modiicou essa situação" produ%indo um novo eno!ue no estudo da moralidade. Esse modelo teve como base
empírica entrevistas !ue incluem !uest#es sobre dilemas morais concernentes a aç#es pró-sociais e conlitos entre os desejos de dois indivíduos - o potencial beneitor e o potencial receptor de ajuda. 3 análise das respostas de crianças norte-americanas possibilitou estabelecer os níveis de desenvolvimento moral pró-social
Este modelo apresenta algumas semelhanças conceituais com o modelo do desenvolvimento moral de Ra*rence Kohlberg"
amplamente conhecido e divulgado no Mrasil 5Miaggio" 67<@" 678D" 6788: Koller" 6788: Koller" Srbina" Aon%ale%" ; Tega" 677D: Koller ;
Pamora-Namire%" 6787=. 3 teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg 567@7" 67<6= apresenta uma se!u2ncia hierár!uica e
invariante de estágios !ue ormam um todo estruturado. O raciocínio moral é uma habilidade dinFmica !ue se e4pressa nas justiicativas verbais dadas pelos indivíduos em resposta a dilemas. 3ssim o
indivíduo apresentará um nível de raciocínio moral mais avançado em suas verbali%aç#es. Kohlberg admitia !ue os indivíduos poderiam
maniestar raciocínios de estágios adjacentes" mas não utili%ariam ou teriam acesso a raciocínios de dois ou mais estágios acima de seu estágio dominante. O sistema de codiicação de Kohlberg 5Bolb, et al." 678<= leva em conta verbali%aç#es relativas a outros estágios e a% uma média para determinar o nível de raciocínio moral !ue o indivíduo utili%a com alguma consist2ncia.
O modelo teórico de Eisenberg-Merg 567<7a= não considera" como o de Kohlberg" !ue os estágios de desenvolvimento sejam um todo estruturado ou se apresentem em uma se!u2ncia invariante. )odo o raciocínio moral pró-social verbali%ado pelos indivíduos é avaliado e os julgamentos e4pressos em dierentes níveis não são redu%idos a um só estágio. Sm indivíduo pode apresentar uma variedade de níveis de raciocínio" e4pressos por respostas relativas Hs várias categorias de julgamento moral pró-social ao mesmo tempo.
3s características pessoais e as inlu2ncias da sociali%ação são mais proeminentes no modelo de Eisenberg-Merg do !ue no modelo de
Kohlberg. 3 escolha do raciocínio moral pró-social é inluenciada pelos valores e objetivos do indivíduo !ue" por sua ve%" constituem-se em parte da sua história de sociali%ação e da ormação de sua
personalidade. Esses atores incluem orientação para os valores" nível de auto-estima e o grau de responsabilidade social do indivíduo" os !uais são inluenciados pelas suas próprias necessidades" seus
desejos e seus objetivos pessoais comparados aos dos demais integrantes da sociedade. 3ssim" o nível de desenvolvimento do julgamento pró-social pode ser determinado por dierentes aspectos
!ue se relacionam diretamente H individualidade do agente.
Os atores evolutivos" o desempenho na esera da compet2ncia e as dierenças individuais ornecem ao modelo teórico de Eisenberg-Merg" um certo caráter relativista. 3ssociados a estes aspectos" a inlu2ncia da cultura do indivíduo" da sociedade na !ual ele se desenvolve e de suas características idiossincráticas são undamentais para uma
tomada de decisão moral pró-social 5/taub" 67<8=. Em decorr2ncia" alguns objetivos deinidos pelo indivíduo em um dado conte4to
podem entrar em conlito com objetivos ormulados em outros conte4tos" o !ue revela a importFncia dos aspectos situacionais e ambientais. )ais atores" !uando hierar!ui%ados pelo indivíduo" reletem-se na escolha de uma justiicativa moral pró-social e nas várias ormas de raciocinar sobre ela.
Kohlberg" por sua ve%" enati%a a universalidade do desenvolvimento do julgamento moral" sem privilegiar as dierenças individuais.
Kohlberg 567<6" p.6<8= considera !ue a moralidade"ser! de fato! universal *ara toda a #umanidade! se as condiç2es *ara o
desenvolvimento sócio.moral forem ideais *ara todos os indivíduos em todas as culturas" .
3 maior similaridade entre os modelos teóricos de Kohlberg e Eisenberg-Merg consiste no pressuposto básico de !ue o
desenvolvimento é limitado pelo nível de comple4idade da cognição do indivíduo com relação ao enQmeno social. a visão de Kohlberg" os indivíduos !ue apresentam bai4o ou moderado nível de
uncionamento lógico ou cognitivo" re!1entemente em virtude de sua pouca idade e desenvolvimento incompleto" não são capa%es de
entender ou utili%ar níveis de julgamento moral mais elevados. o domínio do raciocínio moral pró-social aplica-se este mesmo
pressuposto. Brianças pe!uenas são" claramente" incapa%es de
e4pressar altos níveis de raciocínio moral pró-social 5Eisenberg-Merg" 67<7a: Eisenberg" Rennon" ; Noth" 678: Eisenberg" &asternac" ; Rennon" 678D=.
Outro aspecto similar entre os dois modelos teóricos reere-se ao desenvolvimento do raciocínio moral como um todo. O raciocínio moral auto-ocado e0ou egoísta tem sido entendido por ambos como sendo moralmente imaturo. 3 orientação para aprovação dos outros" com adesão Hs normas sociais e aos valores" bem como a orientação auto-rele4iva reerente ao bem-estar dos outros" também oram
propostas por Kohlberg 567@7" 67<6= e Eisenberg-Merg 567<7a= como um nível de moralidade intermediária. $inalmente" a preocupação
pelos princípios éticos abstratos" os imperativos sociais de consci2ncia e a busca do cumprimento das próprias obrigaç#es oram
contempladas no modelo de Kohlberg 567@7" 67<6= e Eisenberg-Merg 567<7a= como um nível relativamente mais avançado de
desenvolvimento moral.
3lém dos aspectos teóricos" e4istem similaridades entre os dois modelos com relação H metodologia. Eisenberg 5678= utili%a uma metodologia !ue" em alguns aspectos" é reminiscente da metodologia ohlbergiana. )al metodologia consiste na utili%ação de entrevistas nas !uais são apresentados dilemas morais pró-sociais hipotéticos e perguntas subse!uentes destinadas a eliciar o raciocínio dos
indivíduos. E4istem" também" dierenças marcantes entre as duas metodologias. &or e4emplo" os dilemas apresentados por Eisenberg não e4igem uma tomada de decisão !ue envolva !uest#es delicadas mas apenas uma escolha entre as necessidades e0ou desejos próprios e as necessidades e0ou desejos de outro indivíduo ou de um grupo. Os dilemas de Kohlberg" ao contrário" e4igem escolhas e4tremadas entre !uest#es de vida 4 morte" autoridade 4 contrato" consci2ncia 4
punição" nas !uais o indivíduo deve decidir entre a transgressão ou a não-transgressão de normas. 3 decisão entre ajudar o outro e
demonstrar pró-sociabilidade nos dilemas de Kohlberg" envolve sempre uma escolha entre a necessidade do outro e a violação de uma norma. )al escolha determina uma séria disputa entre o alto custo de ajudar e o duvidoso beneício a ser alcançado por
transgredir. O custo e o beneício também são contemplados nos dilemas de Eisenberg" mas tendem a ser e!uivalentes para a escolha de ajudar ou não-ajudar o potencial receptor. os dilemas de
Eisenberg" o papel das proibiç#es" puniç#es" autoridades" regras e outros critérios ormais de obrigação são minimi%ados" bem como a 2nase no relacionamento interpessoal com parentes e0ou amigos pró4imos. Os dilemas de Kohlberg apresentam !uest#es !ue
envolvem decis#es morais de indivíduos !ue se relacionam pro4imamente 5como marido e mulher" pai e ilhos" médico e paciente=.
3s justiicativas orientadas para a punição e autoridade" tão evidentes no raciocínio de crianças pe!uenas em resposta aos dilemas de
Kohlberg" são virtualmente ine4istentes nas respostas apresentadas por crianças pré-escolares aos dilemas de Eisenberg 5Eisenberg"
&asternac" Bameron" ; )r,on" 678D: Eisenberg-Merg ; Cand" 67<7: Eisenberg-Merg ; eal" 6786=. ão está claramente deinido" ainda" se esta dierença reere-se ao conte>do ou H estrutura do raciocínio verbali%ado. O ato é !ue as crianças alham em e4ibir este tipo de raciocínio !uando avaliadas em sua pró-sociabilidade. O manual de codiicação do raciocínio moral de Kohlberg 5Bolb, et al." 678<= não contém critérios para avaliar raciocínio pró-social. Sma hipótese para e4plicar a escasse% de verbali%aç#es relativas H autoridade e H
punição seria !ue" em algumas culturas" as crianças não são punidas !uando não au4iliam os outros desde !ue não sejam as causadoras do dano 5Koller" 677D: Pahn-a4ler" Nade-arro*" ; King" 67<7=. Estudos !ue comparam o raciocínio moral e o raciocínio moral pró-social revelaram graus de correlação inconsistentes. 3lguns estudos demonstraram uma correlação bai4a ou moderada 5Eisenberg"
&asternac" ; Rennon" 678D: Eisenberg-Merg" 67<@=. O estudo de Eisenberg-Merg 567<<=" por e4emplo" demonstrou !ue o raciocínio moral pró-social de crianças pode ser mais avançado !ue o raciocínio moral proposto por Kohlberg. o entanto" Kurde 56786= avaliou o julgamento moral de adolescentes" utili%ando uma medida objetiva
-o 3efinin+ 4ssues )est de Nest 567<7= e ao compará-la ao raciocínio pró-social" não encontrou dierenças signiicativas entre eles. Ciggins" &o*er e Kohlberg 5678D= revelaram !ue o raciocínio moral de
adolescentes" em dilemas pró-sociais" era igual ou menos avançado do !ue o raciocínio moral nos dilemas de Kohlberg. Ciggs 567<L= obteve achados similares em respostas de adolescentes a dilemas de ambos os tipos de raciocínio: entretanto" !uando os sujeitos
responderam a medidas objetivas" !ue apresentavam opç#es pré-determinadas" esta relação não se mantinha. Em estudo reali%ado com sujeitos brasileiros" oi encontrada uma correlação negativa signiicativa entre os estágios do raciocínio moral" segundo o modelo teórico de Kohlberg" e a categoria de julgamento moral pró-social aprovação" proposta por Eisenberg. Este resultado é coerente com os achados teóricos de Kohlberg e Eisenberg" ou seja" !uanto maior o estágio de raciocínio moral menor a necessidade de aprovação
e4terna da pró-sociabilidade 53%ambuja" 3rbo" /ilva" ; Koller" 677L=. 3inda !ue e4istam dierenças no !ue di% respeito ao delineamento das pes!uisas e na orma de avaliação das respostas" algumas conclus#es gerais encontradas na literatura de desenvolvimento moral podem ser aproveitadas para o entendimento do
desenvolvimento moral pró-social.
O modelo teórico de Eisenberg-Merg tem sido apoiado por um conjunto de numerosos estudos recentes. (esde a década de <?" estudos transversais 5Eisenberg ; /hell" 678@: Eisenberg-Merg" 67<7b" Eisenberg-Merg ; eal" 6786=" lon+itudinais 5Eisenberg" Rennon" ; Noth" 678: Eisenberg" &asternac" ; Rennon" 678D: Eisenberg-Merg ; Noth" 678?= etransculturais 5Barlo" Koller"
Eisenberg" /ilva" ; $rohlich" 677@a" 677@b: Eisenberg" Moehne" /chuhler" ; /ilbereisen" 678L: $uchs" Eisenberg" Cert%-Ra%aro*it%" ; /haraban," 678@: )ietjen" 678@= t2m sido reali%ados com a inalidade de melhor entender o desenvolvimento moral pró-social. Em 67<<" Eisenberg" em sua tese de doutorado" reali%ou um estudo transversal" cujo objetivo era e4aminar mudanças evolutivas no raciocínio de
crianças sobre dilemas pró-sociais 5'ussen ; Eisenberg-Merg" 67<<=. Os sujeitos oram 69L alunos de segunda" !uarta" se4ta" nona"
décima primeira e décima segunda séries do ensino básico norte-americano. O raciocínio dos sujeitos oi codiicado em vários níveis de julgamento moral pró-social" cujas categorias 5ver Juadro 6=" em
muitos casos são semelhantes Hs categorias dos estágios propostos por Kohlberg. este primeiro estudo" as justiicativas !ue os sujeitos verbali%aram no sentido de ajudar aos protagonistas dos dilemas eram codiicadas separadamente da!uelas dadas H decisão de não ajudar. 3 partir deste primeiro estudo transversal" outros oram propostos com a inalidade de estabelecer uma relação entre o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos e o nível de raciocínio
apresentado nas respostas aos dilemas pró-sociais" tanto nos casos em !ue o sujeito concordava em ajudar ao protagonista da história" !uanto nas situaç#es em !ue ele não se propunha a a%2-lo
5Eisenberg ; /hell" 678@: Merg" 67<7a" 67<7b: Eisenberg-Merg ; eal" 6786=.
3s principais conclus#es de tais estudos transversais revelaram !ueG 5a= as crianças pe!uenas 5D-L anos de idade= apresentavam
potenciais receptores de ajuda: 5b= as crianças maiores 57-6? anos de idade= e4pressavam consideraç#es orientadas para aprovação e desejo de agirem de orma socialmente correta: 5c= os adolescentes maniestavam tanto raciocínios empáticos" !ue reletiam valores e aetos internali%ados" !uanto os demais raciocínios !ue eram
considerados ormas evolutivas menos avançadas.
3 partir das conclus#es dos primeiros estudos transversais" alguns estudos longitudinais oram desenvolvidos. Os dados de estudos longitudinais sucessivos de Eisenberg e colaboradores revelaram-se consistentes com os dos estudos transversais 5Eisenberg" Rennon" ; Noth" 678: Eisenberg" &asternac" ; Rennon" 678D: Eisenberg-Merg ; Noth" 678?=. 3lgumas conclus#es apresentadas em tais estudos oramG 5a= o raciocínio hedonístico diminuía no decorrer da inFncia e o raciocínio orientado para necessidades aumentava neste mesmo período: 5b= vários tipos de raciocínio apareciam pela primeira ve% nas justiicativas de crianças maiores 57-6? anos de idade=" tais como o raciocínio pragmático" o raciocínio orientado para aprovação
interpessoal e aetiva" e a estereotipia de raciocínio: 5c= os raciocínios orientados para a empatia e para valores e aetos internali%ados
apareciam" pela primeira ve%" no início da adolesc2ncia: 5d= mesmo adolescentes !ue" ocasionalmente" verbali%avam raciocínios mais elaborados" apresentavam raciocínios hedonísticos 5entre outros raciocínios menos avançados= em algumas de suas justiicativas. Embora os estudos longitudinais ou transversais tenham permitido !ue osse elaborada uma se!u2ncia de desenvolvimento do
julgamento moral pró-social em níveis 5conorme Juadro 6= também evidenciaram !ue os indivíduos não se situam" e4clusivamente" em um >nico nível de raciocínio ou neste nível e em seus adjacentes. O desenvolvimento do raciocínio moral pró-social também oi
pes!uisado em dierentes países - Estados Snidos" Usrael" &apua ova Auiné e 3lemanha- por meio de estudos transculturais. 3tualmente vem sendo estudado no Mrasil por Koller e colaboradores 5Barlo" Koller" Eisenberg" /ilva" ; $rohlich" 677@a" 677@b: Barlo" Koller" &acheco et al." em revisão: Koller" 677D=.
Em Usrael" $uchs" Eisenberg" Cert%-Ra%aro*it% e /haraban, 5678@= compararam o raciocínio moral pró-social de crianças israelitas
urbanas" crianças !ue vivem em 'i//ut5 e crianças norte-americanas urbanas. &es!uisas anteriores sobre o julgamento moral orneceram bases para as hipóteses deste estudo. os estudos de adler" Nome e /hapiro-$riedman 567<@= e de inon" /haron" 3%gad e Mashir
56786=" oram encontrados maiores escores nas escalas de
responsabilidade social em crianças de ibbut% do !ue em crianças urbanas. Os estudos de 3vgar" Mronenbrenner e Cenderson 567<<= concluíram !ue crianças e adultos de 'i//ut5 eram mais pró-sociais do !ue indivíduos urbanos. )ais resultados mostraram-se convergentes
com a!ueles obtidos por Kohlberg 567<@=" cujo estudo revelou !ue crianças de 'i//ut5 alcançaram maiores escores de julgamento moral do !ue crianças urbanas. o entanto" os achados de Mar-)al" Naviv e /havit 56786= não mostraram dierenças entre esses grupos em
Usrael. $uchs e colaboradores 5678@= revelaram !ue as crianças
americanas utili%am mais o raciocínio orientado para as necessidades ísicas" en!uanto as crianças israelitas verbali%am mais os raciocíniosG hedonista" de reciprocidade direta" de relacionamento aetivo" de
preocupação pela humanidade" de tomada de perspectiva do outro e de orientação para a norma e a lei internali%adas. 3lém disto" os autores veriicaram !ue o grupo de crianças urbanas americanas apresentava escores maiores no raciocínio orientado para as
necessidades ísicas do !ue os demais grupos. O grupo de crianças de 'i//ut5 utili%ava mais o raciocínio de preocupação pela
humanidade e de orientação para a internali%ação de normas e da lei do !ue os demais grupos. O grupo de crianças urbanas israelitas apresentou maiores escores em raciocínio orientado para a tomada de perspectiva do outro do !ue os demais grupos. 3s crianças norte-americanas demonstraram" de orma predominante" um tipo de
raciocínio relativamente mais imaturo" orientado apenas para as necessidades ísicas" psicológicas e materiais. 3s crianças
de 'i//ut5 apresentaram justiicativas relacionadas a normas" valores e regras internali%adas. Os dois tipos de raciocínio apresentados por crianças de 'i//ut5 são considerados relativamente amadurecidos de acordo com o padrão evolutivo e parecem reletir a 2nase ideológica do 'i//ut5 " !ue se baseia na cooperação e no respeito ao outro como cidadão. Em contraste" os dois tipos imaturos de raciocínio
5reciprocidade direta e relação aetiva=" também utili%ados pelos sujeitos israelitas" oram mais usados 5embora
não-signiicativamente= por a!ueles de 'i//ut5 do !ue por crianças urbanas. Estes raciocínios são consistentes" no entanto" com as características de uma sociedade comunitária" !ue enati%a a colaboração e a troca entre os membros do grupo 5$uchs et al." 678@=.
Outro estudo transcultural" reali%ado na &apua ova Auiné é o >nico encontrado na literatura" até o presente momento" !ue ocali%a o raciocínio moral pró-social em uma sociedade não-ocidental. )ietjen 5678@= coletou dados em duas pe!uenas cidades litorFneas" isoladas" em 'aisin" !ue são organi%adas com base nos laços de obrigação entre parentes. 3 autora entrevistou crianças" adolescentes e adultos com um instrumento no !ual as histórias propostas por Eisenberg oram levemente modiicadas para atender Hs peculiaridades da
realidade local. Os habitantes são mais orientados pelo coletivismo do !ue pelo individualismo. 3 análise dos dados revelou !ue as crianças de 'aisin" bem como os adolescentes e os adultos usam mais o
raciocínio pró-social orientado para as necessidades ísicas do !ue !ual!uer outro tipo de raciocínio. O segundo raciocínio mais utili%ado
é o hedonista. O julgamento das crianças pe!uenas de 'aisin
mostrou-se similar ao das crianças norte-americanas de mesma ai4a etária" uma ve% !ue as ormas mais comuns de raciocínio consistiram na orientação para as necessidades ísicas e para o hedonismo" sendo o primeiro mais prevalente do !ue o segundo. o entanto" o
raciocínio de crianças maiores" adolescentes e adultos de 'aisin não se dierenciou de acordo com a idade" como acontece com os norte-americanos. 3s modiicaç#es evolutivas mais signiicativas reerem-se a moderados aumentos de raciocínio" !ue envolvem a orientação para a relação aetiva" a simpatia e para as necessidades psicológicas. 3 re!12ncia do raciocínio hedonista oi maior na inFncia e diminuiu na adolesc2ncia. 3 re!12ncia de raciocínios de autoridade e punição" assim como das categorias de raciocínio mais elevado" oi bai4a em todas as idades. Embora as maniestaç#es do raciocínio moral dos indivíduos de 'aisin possam ser analisadas de acordo com o modelo de Eisenberg" e4istem dierenças entre os indivíduos de 'aisin e os norte-americanos. )ais dierenças reerem-se H aceleração do
desenvolvimento de certos raciocínios e H presença dos mesmos em dierentes ai4as etárias" em cada uma das culturas. Entretanto" nenhum raciocínio novo ou inclassiicável 5segundo Eisenberg= oi apresentado pelos sujeitos inseridos na cultura da &apua ova Auiné 5)ietjen" 678@=.
O ato de os adolescentes e adultos de 'aisin apresentarem pe!uena re!12ncia de raciocínio em níveis mais elevados é consistente com os resultados de pes!uisas transculturais !ue utili%am a teoria do
desenvolvimento do julgamento moral de Kohlberg. )ais resultados" por e4emplo" apontaram !ue indivíduos de culturas não-ocidentais" rurais" bem como de sociedades não-industriais e4ibiam menor incid2ncia de altos níveis de julgamento moral 5isan ; Kohlberg" 6789: )uriel" Ed*ards" ; Kohlberg" 67<8: hite" Mushnell" ;
Negnemer" 67<8=. o entanto" em uma cultura na !ual as relaç#es de parentesco são as mais poderosas" é ra%oável supor !ue os tipos de raciocínio elaborados pelas pessoas estejam relacionados Hs
necessidades dos outros 5ísicas" psicológicas e simpatia=" bem como H preocupação com o !ue é possível dar aos outros 5preocupaç#es hedonísticas e pragmáticas=. Esta abordagem cooperativa e orientada para ajudar aos outros é necessária para a sobreviv2ncia e deve ser valori%ada nestas sociedades.
Outro estudo comparativo oi reali%ado entre indivíduos alemães-ocidentais e norte-americanos por Eisenberg e colaboradores
5Eisenberg" Moehne" /chuhler" ; /ilbereisen" 678L=. Embora estas duas culturas possam parecer semelhantes em muitos aspectos" e4istem dierenças !ue podem determinar a escolha de distintos
julgamentos morais. &or e4emplo" as práticas de sociali%ação dierem em alguns aspectos. Os pais alemães são mais amorosos e dão mais apoio aos seus ilhos do !ue os pais norte-americanos 5(evereu4"
Mronenbrenner" ; /uci" 67@9=" en!uanto mães americanas" aparentemente" permitem !ue seus ilhos desenvolvam mais autonomia do !ue mães germFnicas 5esle, ; Karr" 67@8=.
Os dados das crianças alemãs revelaram !ue o raciocínio hedonístico diminuiu com a idade" ao passo !ue aumentaram os raciocínios de orientação para necessidades" reciprocidade direta" aprovação interpessoal e preocupação pela humanidade. Estes resultados
coincidem com os padr#es evolutivos de raciocínio moral pró-social apresentados pelas crianças americanas. o entanto" as crianças alemãs verbali%aram mais raciocínios de reciprocidade direta do !ue as crianças norte-americanas" en!uanto essas utili%aram
predominantemente" o raciocínio estereotípico. 3s mudanças
evolutivas no julgamento moral pró-social das crianças alemãs oram muito similares Hs encontradas em pes!uisas com crianças norte-americanas 5Eisenberg" 678: Eisenberg-Merg" 67<7a" 67<7b=. Esta similaridade pode ser" provavelmente" atribuída ao papel da cognição social no desenvolvimento do raciocínio moral da criança e a algumas semelhanças básicas na sociali%ação de crianças nas culturas
ocidentais e em países desenvolvidos.
Em suma" o modelo de Eisenberg-Merg 567<7a= vem sendo aplicado em estudos reali%ados em culturas dierentes. Este modelo parte do pressuposto de !ue as e4peri2ncias de sociali%ação" conorme
discutido anteriormente" podem desempenhar um papel undamental no desenvolvimento moral pró-social" promovendo o desempenho de papéis sociais e inluenciando as atitudes pró-sociais das crianças. 3lguns atores" como a biologia" a cultura" a sociali%ação" a educação" os processos cognitivos" a responsividade emocional e as condiç#es situacionais" também contribuem para o desenvolvimento pró-social. 3 ação de tais atores resulta em peculiaridades individuais e é
considerado undamental para a e4pressão e desenvolvimento de julgamentos morais pró-sociais. Estes atores apresentam-se de
orma interdependente" interagindo e inluenciando o desenvolvimento de maneira comple4a.
. Fatores ioló+icos7 oram apontados principalmente pela teoria
sociobiológica e di%em respeito Hs bases genéticas do agir pró-social. Mases !ue são dadas ao indivíduo !ue vai ser educado e sociali%ado em uma dada cultura. Em muitas espécies animais" seus membros prontamente arriscam suas vidas para deender e para preservar outros membros da amília" particularmente os seus próprios
descendentes. 3lém da base genética" a inlu2ncia cultural é muito importante na e4pressão dos comportamentos pró-sociais. Rumsden e ilson 56786= acreditam !ue os atores genéticos e culturais não podem ser separados totalmente" por!ue eles são interdependentes. 3 herança genética pode ser entendida como um potencial para
a!uisição de uma ampla variedade de comportamentos sociais e de características de personalidade. 3s situaç#es sociais determinam a ativação de capacidades cognitivas" como no processo da inormação recebida e na associação delas Hs e4peri2ncias aprendidas" para
utili%ar parte do potencial hereditário recebido. 3lém disto" as dierenças individuais nos comportamentos adaptativos de
cooperação são" em larga escala" produto da evolução social da espécie e da aprendi%agem social 5Eisenberg ; 'ussen" 6787=. - Fatores Culturais! 8ducacionais e Sociais7 3 cultura na !ual uma criança é educada e4erce orte inlu2ncia na sua disposição para cooperar" competir e assumir atitudes pró-sociais. &ara entender
essas inlu2ncias são necessárias descriç#es acuradas das estratégias de sociali%ação Hs !uais esta criança oi e4posta 5Kagan ; Knight" 6786=. Tários estudos oram reali%ados com o objetivo de veriicar a inlu2ncia da educação no desenvolvimento pró-social de crianças. )ais estudos concluíram !ue a base cultural dos indivíduos pode promover ou inibir tal desenvolvimento. &or e4emplo" crianças !ue vivem em conte4tos sócio-culturais" nos !uais a responsabilidade de ajudar os outros é atribuição rotineira das pessoas" são mais pró-sociais e cooperativas do !ue crianças !ue vivem em conte4tos sócio-culturais nos !uais isto não acontece 5Mronenbrenner" 67<?: Noesch" Barlo" Knight" Koller" ; /antos" em revisão: 'ussen ; Eisenberg-Merg" 67<<: Nade-arro*" Pahn-a4ler" ; Bhapman" 678: hiting ; hiting" 67<" 67<L=.
'oore e Eisenberg 5678D= acreditam !ue as crianças parecem
alcançar níveis de comportamento pró-social e cooperativo mais altos se são educados em culturas nas !uais os agentes sociali%adores
airmam a necessidade de !ue a opinião dos outros 5individualmente ou em grupo= seja tomada em consideração. Brianças pe!uenas
mostram-se mais pró-sociais em conte4tos culturais nos !uais elas assumam responsabilidades !ue são importantes para o
uncionamento do grupo. &or e4emplo" crianças de cidades rurais
tradicionais são mais cooperativas e pró-sociais" tanto em relação aos amiliares !uanto com pessoas desconhecidas do !ue crianças de
cidades industriais 5hiting ; hiting" 67<L: hiting ; Ed*ards" 6788=.
3 literatura mostra evid2ncias de !ue a cultura e4erce orte inlu2ncia no desenvolvimento pró-social de crianças por meio da apresentação de modelos 5'oore ; Eisenberg" 678D=. Brianças !ue tiveram
modelos generosos são mais generosas do !ue crianças !ue não os tiveram 5Mranco" 678: Arusec ; /ubisi" 67<?: 'oore ; Eisenberg" 678D: arro*" /cott" ; a4ler" 67<=. Mandura 567<<= airma !ue os modelos podem ensinar novos comportamentos positivos para
crianças" desinibí-las e encorajá-las a e4ibir comportamentos pró-sociais !ue estas já possuem em seu repertório.
3s crianças atribuem comportamentos de ajuda a motivos internos mais re!1entemente do !ue a press#es e4ternas 5(i4 ; Arusec" 678=. Tários estudos" contudo" apontaram a inlu2ncia de modelos como agentes motivadores da e4pressão pró-social" tais
como ami+os5Elliot ; Tasta" 67<?=" *rofessores 5Eisenberg-Merg ; Aeisheer" 67<7: arro*" /cott" ; a4ler" 67<=" *ais 5Nosenhan" 67<?: Nutherord ; 'ussen" 67@8=" e outros adultos 5'oore ;
Eisenberg" 678D=. 3s características da relação entre as crianças e os indivíduos !ue as educam e lhes dão suporte emocional t2m se
revelado importante para o desenvolvimento pró-social 5Mr,ant ; Brocenberg" 678?: 'oore ; Eisenberg" 678D: arro*" /cott" ; a4ler" 67<: Pahn-a4ler" Nade-arro*" ; King" 67<7=. &or
e4emplo" Pahn-a4ler e colaboradores 567<7= demonstraram !ue as reaç#es pró-sociais de crianças com relação Hs pessoas alitas
mostravam-se positivamente associadas aos cuidados maternos empáticos !ue estes haviam recebido. Nutherord e 'ussen 567@8= observaram !ue meninos !ue avaliavam seus pais como modelos de generosidade e compai4ão eram mais capa%es de repartir do !ue meninos !ue percebiam seus pais como sendo menos pró-sociais. 'oore e Eisenberg 5678D= e Nosenhan 567@7" 67<?= airmam !ue a participação em causas pró-sociais está associada com relatos de modelação parental durante a inFncia.
3s técnicas disciplinares utili%adas pelos agentes de sociali%ação são também apontadas pela literatura como bastante eetivas no
desenvolvimento pró-social. 3 técnica indutiva caracteri%a-se por ocali%ar a atenção da criança nos estados aetivos dos outros e nas conse!12ncias de suas atitudes em relação a eles. Os agentes
sociali%adores encorajam as crianças a tomarem o lugar dos outros e a sentirem empatia por eles. Esta técnica e4plicita para a criança !ue ela é responsável pelo seu comportamento e !ue a sua moralidade está mais motivada por atores internos do !ue por atores e4ternos. Em decorr2ncia" as crianças apresentam menos raiva ou medo de serem punidas e respondem ade!uadamente H e4pectativa do agente sociali%ador ou Hs conse!12ncias de seus próprios comportamentos 5Mar-)al" adler" ; Mlechman" 678?: Maumrind" 67<6: (lugoinsi ; $irestone" 67<D: Coman" 67<<: Coman ; /alt%stein" 67@<:
Kar,lo*si" 6789: 'oore ; Eisenberg" 678D: Pahn-a4ler" Nade-arro*" ; King" 67<7=.
Os estudos sobre técnicas assertivas tais como punição ísica"
privação de privilégios ou pr2mios" castigos apresentaram resultados controversos no !ue tange ao desenvolvimento pró-social. Em alguns estudos" essas técnicas revelaram-se positivamente relacionadas com a pró-sociabilidade 5'ussen" Carris" Nutherord" ; Keasse," 67<?: Olejni ; 'cKinne," 67<: Pahn-a4ler" Nade-arro*" ; King" 67<7=" en!uanto !ue em outros aparecem como negativamente relacionadas 5Mloc" 67@7: (lugoinsi ; $irestone" 67<D=.
Coman 567@= airmou !ue o uso de técnicas assertivas"
especialmente por agentes sociali%adores hostis relacionavam-se de orma negativa com o desenvolvimento pró-social e podem impedir a eetividade de outras técnicas de sociali%ação !ue costumam
promover tal desenvolvimento. Bonorme (i4 e Arusec 5678= e /mith" Aeland" Cartmann e &artlo* 567<7=" o uso de técnica asssertiva pode ensinar !ue a ra%ão principal para a criança
comportar-se positivamente é e4terna 5punição= e não interna 5culpa" simpatia=. Juando os adultos atribuem comportamentos positivos a causas internas 5por e4emplo" amabilidade=" as crianças apresentam mais comportamentos pró-sociais em oportunidades subse!uentes de prestar atendimento aos outros 5Arusec" Kuc%,nsi" Nushton" ;
/imutis" 67<8: Arusec ; Nedler" 678?=.
&ara 'oore e Eisenberg 5678D=" agentes sociali%adores !ue utili%am muita punição para promover disciplina" aumentam a hostilidade e não são modelos positivos para imitação. O uso re!1ente de punição pelo agente sociali%ador elicia mais re!1entemente hostilidade com relação a ele e pode diminuir a possibilidade de !ue a criança possa vir a !uerer agradá-lo e atender aos seus pedidos ou ordens.
3lguns teóricos" portanto" concluem !ue os agentes sociali%adores !ue usam predominantemente técnicas assertivas não promovem a habilidade das crianças de sentirem empatia 5como acontece com as técnicas indutivas= e nem mesmo criam um ambiente ade!uado para a aprendi%agem e o desenvolvimento de comportamentos e
julgamentos pró-sociais 5Eisenberg" 677: 'oore ; Eisenberg" 678D=. 3 prática educacional de estimular o desempenho de comportamentos pró-sociais tem sido considerada importante para o desenvolvimento pró-social da criança. &restar um avor a alguém" por e4emplo" pode eliciar a retribuição e a apresentação de um comportamento pró-social 5Aoranson ; Mero*it%" 67@@=. &rocedimentos !ue re!uerem a assist2ncia a outros pode aumentar a re!12ncia das respostas pró-sociais. Juando as crianças se engajam em comportamentos
positivos" aumenta sua auto-percepção como pessoas >teis e"
conse!1entemente" elas apresentarão outros comportamentos pró-sociais no uturo. /e isto ocorre em um curto período de tempo" as crianças podem es!uecer !ue oram" no início" indu%idas a
comportar-se de modo pró-social e vir a perceber-se como pessoa pró-social. Vs ve%es" as crianças são reorçadas pelo seu desempenho em atividades pró-sociais por meio de recompensas materiais"
sociais" ou internas 5sentimentos de compet2ncia ou de recompensa empática=. Juando elas assistem aos outros podem ter oportunidade de ocupar seu lugar e aprender sobre suas perspectivas e seus
sentimentos. Esta aprendi%agem pode levá-las H maior responsividade pró-social em circunstFncias uturas.
3 técnica educacional de e4ortaç#es morais oi também estudada" com relação H sua inlu2ncia no desenvolvimento pró-social" mas não se mostrou eetiva. E4ortaç#es morais !ue apenas se reerem a
normas pró-sociais 5por e4emploG - "3evemos re*artir" = não se mostraram signiicativamente relacionadas com doaç#es anQnimas subse!uentes eetuadas pelas crianças 5Eisenberg-Merg ; Aeisheer" 67<7: 'oore ; Eisenberg" 678D=. Usto talve% ocorra" sugere Mr,an 567<L=" por!ue crianças são mais inluenciadas pelo !ue elas v2em os outros a%erem do !ue pelo !ue elas ouvem eles di%erem. 'oore e Eisenberg 5678D= salientam a importFncia de instruç#es diretas e da atribuição de responsabilidade para eliciar e manter o comportamento pró-social da criança" desde !ue não tenham caráter autoritário.
3lgumas práticas educativas ormais em sala de aula aumentaram a ocorr2ncia de comportamentos pró-sociais em atividades e4pressivas e acad2micas 5Mranco ; 'ettel" 678D=. 3s autoras chamam a atenção para a importFncia da escolha de orientaç#es pedagógicas !ue
tenham como objetivo incrementar o comportamento pró-social e !ue atentem para o ato de !ue certas atividades 5e4pressivas e
acad2micas= avorecem tipos especíicos de comportamento.
(el&rette" Mranco" Beneviva" 3lmeida e 3des 5678@= airmaram !ue a escola tem ad!uirido um papel destacado na educação inantil"
substituindo a amília em parte" porém" progressivamente. 3 escola" em geral" deine seus objetivos educacionais e procura desenvolver ormas de comportamento social !ue considera ade!uadas.
3s oportunidades oerecidas pela educação para !ue os indivíduos desenvolvam atitudes pró-sociais permitem !ue eles aprendam dierentes papéis por meio dos !uais relacionam-se com o meio e observam os outros e a si próprios 5Barlo" Knight" Eisenberg" ;
Notenberg" 6776: Kohlberg" 678D: Krebs ; /turrup" 6786=. 3lgumas práticas educacionais estimulam a a!uisição de e4peri2ncias !ue elevam os padr#es morais e sociais a%endo com !ue os indivíduos avancem no seu desenvolvimento. Outras e4peri2ncias limitam este progresso" impedindo-o ou retardando-o 5Aibbs" 3rnold" Bheesman" ; 3hlborn" 678D: Koller" 6788=. 'uitos estudos ainda podem ser reali%ados no sentido de investigar as práticas educacionais e sua inlu2ncia no desenvolvimento da pró-sociabilidade.
- Fatores Co+nitivos7 incluem-se" a!ui" as percepç#es" avaliaç#es e interpretaç#es das crianças !uanto a situaç#es e4perienciadas" o desenvolvimento cognitivo" a tomada de perspectiva e de decisão moral. 3ntes de ajudar alguém" de agir com consideração pelos outros e de a%er doaç#es" a criança deve perceber e interpretar a situação" bem como a%er iner2ncias sobre os sentimentos dos outros" suas necessidades e seus desejos. 3 partir desta avaliação" toma uma decisão de como ajudar" escolhendo aç#es mais eetivas para beneiciar os outros. /ó então" realmente" ormula e e4ecuta um
plano de ação pró-social. Este processo inclui várias unç#es cognitivas prévias H e4pressão pró-social 5Eisenberg ; 'ussen"
6787=. Embora a relação dessas unç#es com o desenvolvimento pró-social não seja completamente conhecida e entendida" muitas
pes!uisas concernentes aos processos cognitivos oram reali%adas. Estudos !ue compararam níveis de intelig2ncia e e4pressão pró-social revelaram correlaç#es positivas. 'ostraram uma possível relação
entre o desenvolvimento pró-social das crianças" seu nível de intelig2ncia e suas habilidades cognitivas geraisG crianças mais inteligentes são mais capa%es de detectar as necessidades dos
outros" entender sua perspectiva e encontrar uma maneira de ajudá-los 5Mar-)al" Koreneld" ; Naviv" 678L: $riedrich ; /tein" 67<: Arant" einer" ; Nushton" 67<@: Carris" 'ussen" ; Nutherord" 67<@:
Cartshore" 'a," ; 'aller 6797: Krebs ; /turrup 6786: 'ussen"
Nutherord" Carris" ; Kease, 67<?: &a,ne" 678?: Nubin ; /chneider" 67<: Nushton ; iener" 67<L=.
Outro importante processo cognitivo !ue unciona como mediador da e4pressão pró-social é a tomada de perspectiva. 'uitos estudos a deinem como a capacidade do indivíduo asumir papéis sociais" bem como a habilidade de entender e inerir os sentimentos" as reaç#es emocionais" os pensamentos" os motivos e as intenç#es dos outros. 3 tomada de perspectiva t2m sido considerada pré-re!uisito para agir pró-socialmente 5Marrett ; arro*" 67<<: More" 67<L: Epstein" 67<7: Cudson" $orman" ; Mrion-'eisels" 6789: Riben" 67<8: &eterson" 678: Nade-arro*" Pahn-a4ler" ; Bhapman" 678: Nushton" Mrainerd" ; &ressle," 678: /hant%" 678: Snder*ood ; 'oore" 6789b=.
3 criança julga e inere !ue alguém pode estar precisando de ajuda e motiva-se a agir pró-socialmente. Esta iner2ncia atribucional
intermedia a relação entre o necessitado e a atitude pró-social
dirigida a ele 5Marnett" 67<L: Marnett ; 'c'inim," 6788: Mraband ; Rerner" 67<L: Ceider" 67L8: Uces ; Kidd" 67<@: Kelle," 67@<: 'e,er ; 'ulherin" 678?: Neisen%ein" 678@: einer" 678@=. 3 ajuda
dierencial da criança ao receptor em potencial é um aspecto !ue
raramente tem merecido a atenção de pes!uisadores. 3lguns estudos reali%ados revelaram !ue a idade da criança pode ser um ator
undamental para esta ajuda dierencial. $oram também identiicadas outras variáveis como ami%ade 5Merndt" 6786: /taub ; /her" 67<?=" reciprocidade e depend2ncia 5&eterson" 678?=. 3lgumas pes!uisas veriicaram !ue as crianças repartem sua ajuda igualmente entre amigos e estranhos 5/taub ; oerenberg" 6786= ou ainda !ue elas a repartem mais com estranhos do !ue com amigos 5$incham" 6779: right" 67D9=. Esses estudos concluíram !ue provavelmente" as
crianças ajudam mais os estranhos do !ue os amigos" !uando elas se sentem seguras na relação de ami%ade e acreditam !ue seus amigos entenderão suas atitudes 5/taub ; oerenberg" 6786=. o entanto"
!uando o risco de não ajudar o amigo pode aetar seriamente a relação entre o receptor e o beneitor" a criança tende a ajudar imediatamente 5Eisenberg" 678=. Koller 5677D= investigou as
respostas de ajuda entre seis receptores dierentesG o desconhecido" um indivíduo rico" um amigo" um irmão" uma pessoa !ue recém
prestou ajuda ao potencial beneitor e alguém de !uem o potencial receptor não gosta" em uma amostra de crianças e adolescentes escolares" em comparação com meninos5as= em situação de rua.
Teriicou também !ue há dierenças entre as respostas de ajuda para cada receptor.
Outro aspecto !ue está relacionado H ajuda dierencial ao receptor é o nível de julgamento moral. Brianças !ue atingem maiores níveis de julgamento moral" !uando comparadas com crianças menos maduras"
tendem a incorporar e internali%ar amplos princípios morais nos seus raciocínios 5Eisenberg-Merg" 67<7a" 67<7b: Eisenberg" 678:
Kohlberg" 67@7=. /up#e-se !ue crianças moralmente maduras sejam consistentes em suas decis#es sobre potenciais receptores de ajuda. &rincípios internali%ados geralmente precedem aç#es morais. Em contraste" raciocínios morais menos maduros" re!1entemente" envolvem consideraç#es tais como o relacionamento do beneitor potencial com o receptor potencial e os custos ou beneícios de atos especíicos de ajuda. Em decorr2ncia" as decis#es !uanto a ajudar o outro dependem de !uem ele seja e de sua relação anterior com o potencial beneitor 5Eisenberg" 678=. 3lguns estudos mencionam o julgamento moral" como um aspecto cognitivo !ue mostra uma
correlação positiva com o comportamento pró-social. 3 avaliação do julgamento moral de sujeitos desonestos ou inratores alcançou
apenas bai4os níveis 5Koller" 6788: 'alino*si ; /mith" 678L: elsen" Arinder" ; Miaggio" 67@7=. (e modo semelhante" crianças com níveis de julgamento moral mais altos maniestaram mais comportamentos de ajuda e de generosidade do !ue crianças com níveis mais bai4os 5Mar-)al" 6789: Mristoti" 678L: Eisenberg" 678@: Snder*ood ; 'oore" 6789b=.
Eisenberg e colaboradores" em vários estudos" veriicaram !ue crianças mais empáticas e orientadas para as necessidades dos outros tendem a e4pressar mais o comportamento de compartilhar" dividir seus recursos e a%er doaç#es" do !ue crianças !ue
apresentam bai4os níveis de raciocínio moral pró-social 5Eisenberg" Moehne" /chuhler" ; /ilbereisen" 678L: Eisenberg-Merg ; Cand" 67<7: Eisenberg ; /hell 678@: Eisenberg" /hell" &asternac" Rennon" Meller" ; 'ath," 678<=.
- Res*onsividade 8mocional7 Entre estes atores estão a culpa" a simpatia" a preocupação e a empatia pelos outros. Bada uma destas reaç#es emocionais parece aetar a tomada de decisão de ajudar ou não os outros. 'uitas atitudes pró-sociais são e4plicadas pelo
sentimento do beneitor em relação ao receptor da ação. Usto demonstra !ue os comportamentos pró-sociais não são apenas determinados pela lógica e pela ra%ão" mas !ue emoç#es podem
anteceder sua e4pressão 5Eisenberg ; 'ussen" 6787=. 3 empatia" por e4emplo" consiste em um estado emocional vicário !ue surge a partir da percepção do estado emocional do outro e !ue é congruente com esta percepção 5Eisenberg ; 'iller" 678<=. Embora seja uma resposta emocional" a empatia envolve habilidades cognitivas tais como a
percepção do estado emocional do outro e a tomada de perspectiva 5Mranco" 678D: $eshbach" 67<8: Comann" 6789" 678D=. Miaggio 56788= salientou !ue a motivação empática do beneitor relaciona-se ao senso de responsabilidade pela situação penosa em !ue se
encontra o receptor de ajuda.
Tários estudos !ue associaram a maniestação do comportamento pró-social H empatia concluíram !ue esta representa uma condição necessária mas não suiciente para a e4pressão do comportamento pró-social. &or meio das repetidas comparaç#es !ue a% dos próprios sentimentos de pra%er ou de dor 5eliciados por estímulos e4ternos= com as emoç#es correspondentes nos outros" a criança aprende !ue a!uilo !ue torna os outros eli%es ou alivia sua ang>stia é o mesmo !ue a alegra ou alivia 5Eisenberg ; 'iller" 678<: Nushton" 678?: arro* ; a4ler" 67<@=. 3s respostas de ajuda mostraram-se
positivamente correlacionadas com responsividade emocional e com responsabilidade social 5/taub" 67<7=. Este achado conirmou os resultados de Mero*it% e Bonnor 567@@= e de 'idlars, 567@8= de !ue a responsividade emocional apresenta uma relação positiva com o grau de emissão de comportamentos pró-sociais.
- Fatores 4ndividuais e Situacionais7 Entre os atores individuais aparecem o g2nero" a idade e os traços de personalidade !ue se
revelam proundamente relacionados H capacidade de e4pressão pró-social. Os atores situacionais abarcam as press#es e4ternas" os
eventos" os conte4tos sociais !ue constituem poderosos reguladores das reaç#es pró-sociais. &odem envolver dois tipos de eventosG 5a= a!ueles cujos eeitos são permanentes e inluenciam o curso da vida do indivíduo" impelindo-o a tornar-se um indivíduo pró-social ou
egoísta: 5b= a!ueles relacionados ao conte4to social imediato" H
situação ou Hs circunstFncias com as !uais o indivíduo se deronta no seu dia-a-dia" tais como humor" sa>de e outras características
pessoais 5Eisenberg ; 'ussen" 6787=.
(evido Hs inconsist2ncias dos achados" as dierenças do julgamento moral pró-social entre os g2neros t2m sido uma onte de preocupação da &sicologia do (esenvolvimento 5Mar-)al" Naviv" ; Reiser" 678?:
(unn ; 'unn" 678@: arro* ; a4ler" 67<@=. 3lguns estudos
demonstraram !ue as meninas são mais cooperativas" mais capa%es de ajudar e compartilhar do !ue os meninos" em situaç#es !ue
envolvem assist2ncia psicológica 5Nade-arro*" Pahn-a4ler" ; Bhapman" 678: Snder*ood ; 'oore" 6789a=. Outros estudos revelam o padrão inverso !uando se trata situaç#es !ue envolvem situaç#es de risco" perigo em potencial e aç#es de resgate 5Eagl, ; Bro*le," 678@=.
3 área de pes!uisa sobre o desenvolvimento moral pró-social" por sua atualidade" está aberta para vários estudos. 3inda !ue muitas pes!uisas já tenham veriicado aspectos evolutivos da
prósociabilidade" várias !uest#es estão em busca de respostas. 3lém disto" a pes!uisa pode subsidiar programas" !ue propiciem o
desenvolvimento da generosidade e do comportamento de ajuda" mais do !ue apenas avaliar as predisposiç#es dos indivíduos para a sua emissão. 3 pró-sociabilidade pode embasar a &sicologia no au4ílio de uma sociedade mais humana" menos violenta" com políticas
sociais justas" !ue valori%em os indivíduos.
Refer#ncias
3vgar" 3." Mronenbrenner" S." ; Cenderson" B. N." Wr. 567<<=. /ociali%ation practices o parents" teachers" and peers in UsraelG Kibbut%" moshav" and cit,. C#ild 3evelo*ment " :"
6967-699<. X Rins Y
3%ambuja" '." 3rbo" E." /ilva" '. /." ; Koller" /. C. 5677L=. Nelaç#es entre o raciocínio moral pró-social e o raciocínio moral. Reuni0o ;nual da Sociedade rasileira de Psicolo+ia" /.&. X Rins Y
Mandura" 3. 5677<=. Social <earnin+ )#eor% . Engle*ood Blis" e* Werse,G &rentice Call. X Rins Y
Mandura" 3. 5678@=. )#e Social Foundation of )#ou+#t and ;ction7 ; social co+nitive t#eor% . Engle*ood Blis" e* Werse,G
&rentice-Call. X Rins Y
Marnett" '. 3. 567<L=. Eects o competition and relative deservedness o the other+s ate on children+s
generosit,. 3evelo*mental Ps%c#olo+% " 11" @@L-@@@. X Rins Y
Marnett" '. 3." ; 'c'inim," 3. 56788=. Unluence o the reason or the other+s aect on preschoolers+ empath, response. =ournal of Genetic Ps%c#olo+% " 19" 6L-6@9. X Rins Y
Marrett" (. E." ; arro*" '. N. 567<<=. &rosocial behavior" social inerential abilit," and assertiveness in ,oung children. C#ild 3evelo*ment " :" D<L-D86. X Rins Y