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Belo Horizonte - Dezembro 2013 Centro Universitário Uni-BH. As Perspectivas do Rádio Digital no Brasil e em Minas 1

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Belo Horizonte - Dezembro 2013 Centro Universitário Uni-BH

As Perspectivas do Rádio Digital no Brasil e em Minas1

Autora: Priscila Mendes2 RESUMO:

O rádio digital finalmente chega ao Brasil e está em fase de teste desde 2005, autorizado pela Anatel. E, em Minas, as rádios autorizadas foram Rádio Globo e Rádio Itatiaia com o sistema IBOC. Este trabalho aborda como estão os testes para a implantação do rádio digital e as perspectivas do rádio digital no Brasil e em Minas Gerais. A escolha do tema se deu devido ao momento em que o Brasil discute a implantação da tecnologia digital no rádio.

PALAVRAS CHAVE:

Rádio, Rádio Digital, Testes, Modelos, Perspectivas.

A HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL 1.1 A implantação do rádio no Brasil

De acordo com Ortriwano (1985), oficialmente o rádio foi inaugurado no Brasil no dia 7 de setembro de 1922 nas comemorações do centenário da Independência, quando através de 80 receptores importados algumas pessoas da sociedade carioca puderam ouvir em casa o discurso do Presidente Epitácio Pessoa. O transmissor foi instalado no alto do Corcovado na Praia Vermelha e durante alguns dias, após a

1 Artigo Cientifico apresentado ao curso de Pós Graduação Lato Senso Mídia Eletrônica: Rádio e TV do

Centro Universitário Uni-BH, como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista.

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inauguração foram transmitidas óperas diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com Ortriwano (1985), a data considerada como oficial da instalação da radiodifusão no Brasil foi em 20 de abril de 1923, quando começa a funcionar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Roquette Pinto, uma rádio totalmente educativa e elitizada; pois só quem tinha poder aquisitivo podia mandar buscar no exterior os aparelhos receptores que até então, eram muito caros. Mas para Roquette Pinto o rádio logo se transformaria em uma comunicação de massa.

Segundo Tavares (1999), nos anos 20 começava a surgir transmissões de programas ao vivo realizados dentro de auditórios nas rádios do Brasil. Segundo Otriwano (1985), o interesse dos ouvintes em adquirir seu próprio receptor fez com que aumentasse o número de compra dos aparelhos receptores, devido ao grande número de emissoras que surgiram na década de 30. Ainda, em 1934, foi criada “A voz do Brasil” e em 1935, a partir daí, surge a participação do público juntamente com os programas de auditório.

Conforme Ortriwano (1985), o rádio nos anos 40 entra na fase da ‘época de ouro do rádio brasileiro’, pois crescia a concorrência das rádios entre elas. A primeira transmissão do “Repórter Esso” aconteceu no dia 28 de agosto de 1941, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na voz de Romeu Fernandes. No dia 23 de novembro de 1968, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, apresentou pela última vez o “Repórter Esso” com locução de Roberto Figueiredo. Permanecendo assim no ar durante 27 anos.

Ainda, segundo Ortriwano (1985), em 1954, foi lançado pela rádio Bandeirantes de São Paulo, o rádio jornalismo com a entrada de noticias. Assim, o rádio parte para uma fase de uma comunicação mais rápida. De acordo Ortriwano (1985), nos anos 60, começam a surgir as primeiras emissoras em FM (Frequência Modulada) com programação baseada em música ambiente para um público determinado como hospitais, escritórios e também músicas mais alegres para residências, fábricas e indústrias.

Nos anos 70, cresce o número de emissoras operando em FM, todas voltadas para uma programação mais musical. O Governo preocupado com a expansão de rádios

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no país, em 1976, cria a Radiobrás (Empresa Brasileira de Radiodifusão) que tinha como finalidade organizar emissoras.

Na opinião de Meditsch (1999), a chegada da frequência FM melhorou a qualidade do som, também diminuiu custos e multiplicou o número de emissoras fazendo assim que aumentasse o número de opções nas escolhas musicais.

Del Bianco (1999) explica que a primeira transmissão de áudio digital via satélite foi feita pela rádio Bandeirantes, de São Paulo em 1990. Já Prata (2007), diz que a rádio Itatiaia foi a primeira rádio mineira a utilizar um canal via satélite para aumentar seu sinal de transmissão, utilizando a Rede Itasat, na qual é transmitida simultaneamente em AM (610) e FM (95,7). A rádio também pode ser ouvida pelo site3.

Prata (2007), explica que é considerada uma web rádio uma emissora que possa ser acessada através de uma URL4, um endereço na internet e não mais pelo rádio analógico tradicional.

O advento da internet junto à web rádio faz surgir uma nova forma de radiofonia, onde o usuário não apenas ouve as mensagens transmitidas, mas também as encontra em textos, vídeos, fotografias, desenhos e hipertextos. (...) a web, na realidade, provocou uma gigantesca transformação nos sistemas de troca de informações conhecido até agora.

(PRATA, 2007, p.7)

Outras emissoras também utilizam o sistema de transmissão via satélite no Brasil e as webs rádios, fazendo com que assim o rádio viva um melhor momento em relação à qualidade do som se comparado ao ano de 1923 quando se refere a transmissão.

3 www.itatiaia.com.br

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A ERA DIGITAL DO RÁDIO NO BRASIL 2.1 A Era digital do rádio no Brasil

Moura (2002), conta que em novembro de 1990 começa a surgir no Brasil a Era Digital em vários estados brasileiros. Meditsch (1999) cita que anos 90, a maior transformação tecnológica que ocorreu na rádio informativa foi à introdução das redes de computadores como ferramentas de trabalho.

Del Bianco (2004) descreve que no início dos anos 90, o rádiojornalismo também passou por mudanças devido o avanço da tecnologia que contribuiu para alterar o conceito de velocidade e instantaneidade na divulgação da informação. Para Del Bianco (2004) outras digitalizações que contribuíram com a evolução do rádio na Era Digital no Brasil foi o processo de digitalização dos equipamentos que alterou de certa forma o processo de produção no radiojornalismo como um todo.

Já a partir do ano 2000, de acordo com Pessoa (2009) as emissoras de rádio passaram a investir na criação de web sites, na internet disponibilizando parte da programação, promoções e outros serviços.

O RÁDIO DIGITAL NO BRASIL E EM MINAS

3.1 Os testes do Rádio Digital no Brasil e em Minas

A implantação do sistema rádio digital no Brasil já está em teste desde 2005, os testes foram autorizados pela Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações), no dia 12 de setembro de 2005. Em Minas Gerais, as rádios autorizadas a testar a nova tecnologia foram Rádio Globo e a Rádio Itatiaia, ambas na frequência AM.

De acordo com Prata (2007), os testes em andamento pretendem analisar o sinal digital com analógico, a transmissão simultânea e o impacto do sinal digital na recepção de sinais analógicos no mesmo canal.

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Del Bianco (2003) explica que o rádio passa por uma nova e importante evolução tecnológica, e com a digitalização ocorrerá uma melhoria na qualidade do áudio, assim o som do AM (Amplitude Modulada) não terá mais interferência e passará a ter som de FM (Frequência Modulada), e o FM terá som de CD.

A rádio Itatiaia ainda não iniciou os testes para a transmissão no modelo digital, segundo Fialho (2006), embora tenha sido uma das treze emissoras brasileiras autorizadas pela Anatel, a testar o sistema digital de rádio com o sistema IBOC no país. Portanto, ela está investindo na compra de um novo transmissor, na modernização e transferência de seus equipamentos.

Em entrevista realizada com o engenheiro Severino Carneiro5, responsável pelos testes na Rádio Itatiaia, a emissora já possui a licença para iniciar os testes no sistema digital, mas ainda não deu inicio aos testes, mas “participou recentemente de um teste do padrão DRM, porem ela não está de posse dos resultados uma vez que os dados foram obtidos pela Anatel e a analise destes dados ainda não nos foram repassados” afirma Carneiro.

Já os testes realizados na Rádio Globo de Belo Horizonte, o Engenheiro Gilberto Kussler6 esclarece que os testes foram feitos na frequência AM utilizando também o sistema DRM e que os testes com o sistema HD de rádio ainda não foram encerrados devido aos sistemas estarem em evolução.

Já o “problema” da diferença do tempo de transmissão do sinal analógico para o digital ainda permanece, como ressalta Kussler “sistemas digitais sempre terão atrasos, no caso do HD rádio 50% do delay na transmissão e 50% na recepção, dependem do processamento dos sinais digitais”. Os testes com a inclusão de imagens ou textos no display na Rádio Globo serão implementados somente quando existir uma definição do padrão a ser escolhido, afirma Kussler.

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Engenheiro Severino Carneiro é o responsável pelos testes na rádio Itatiaia. Entrevista concedida por e-mail no dia 04/11/2010

6 Eng. Gilberto Kussler é o responsável pela realização dos testes pelo sistema Globo de Rádio. Entrevista

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De acordo com o diretor geral da Abert, Luis Roberto Antonik7, ainda há muito por se feito e definido para que a implantação do rádio digital aconteça, “o sistema DRM é aplicável para o AM e não para o FM, mas o sistema americano (Ibiquity) é muito bom para o FM, mas não tem uma boa solução para o AM, o principal problema brasileiro.”

Até o momento, o padrão a ser escolhido no país, ainda não foi definido, e a divisão de espectro8 não significa o surgimento de novas emissoras, mas a multiplicação dos canais das já existentes, através do Simulcastin9 que permitirá a transmissão de até três programas simultâneos, na mesma frequência para públicos diferentes, como cita Meditsch (1999).

A introdução de novas tecnologias tem impacto não apenas sobre a produção, mas também sobre o produto enquanto tal e sua situação no mercado. A radiodifusão digital, (,,,) vão afetar as atuais emissoras da mesma forma que a chegada da FM afetou a AM. Tanto este impacto quanto o aumento do número de canais com o fim da escassez de banda que as novas tecnologias vão permitir forçam a uma revisão das regulamentações sobre o uso da rádio atualmente em vigor em todos os países. Embora provocadas por razões técnicas, o sentido destas revisões de regulamentação será o de reordenar atividade economicamente e os interesses políticos postos em causa pela nova situação dada. (MEDITSCH, 1999, p.113)

Para Del Bianco (2013) são necessárias algumas orientações para a introdução do rádio digital no Brasil, sendo elas: Primeiro: manter a gratuidade do acesso ao rádio, pois os serviços de textos e imagens nos Estados Unidos são pagos. Segundo: a transmissão de áudio deve ser de qualidade em qualquer situação de transmissão, tanto no analógico, quanto no digital. Terceiro: deve-se permitir uma implantação do sistema gradualmente, assim diminuindo os riscos e os custos com qualquer imprevisto na convergência do digital para o analógico e que enquanto isso ocorra a popularização do aparelho receptor.

7 Luis Roberto Antonik é Diretor geral da Abert, Entrevista concedida por e-mail no dia 20/10/2010. 8 Espectro: trata-se da frequência que define o canal de uma emissora.

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3.2 Os Modelos de Rádio Digital

Segundo o site MiniCom10 (Ministério das Comunicações) os modelos que estão

em teste no Brasil são três: IBOC/HD (americano), DRM/DAB (europeu) e o ISDB (japonês), mas em teste em Minas Gerais está sendo utilizado o sistema IBOC padrão americano em frequência AM com as rádios Rádio Globo e Rádio Itatiaia.

IBOC (In Band On Channel) Sistema Americano

Vantagens: permite a transmissão simultânea dos sinais analógico e digital na mesma frequência atendendo tanto o FM, quanto AM; pode transmitir áudio e dados simultaneamente; possibilita também a criação de até mais três canais na mesma frequência já existente; permitindo assim que sejam transmitidos programas simultâneos, para públicos diferentes.

Desvantagens: não permite a criação de novas emissoras; já na transmissão do sinal AM, apresenta uma diferença de até 8 segundos no delay quando muda para a transmissão do analógico para o digital, onde nesse tempo a informação no rádio fica com atraso.

DRM (Digital Radio Mondiale): Sistema Europeu

Vantagem: transmite sinais tanto digitais quanto analógicos ao mesmo tempo utilizando a mesma frequência, utilizado a transmissão de sinais em AM.

Desvantagem: não possui o serviço em FM, fator que levou o Brasil a descartar esse sistema para testes, já que por enquanto as emissoras não abandonarão o sistema analógico.

DAB (Digital Áudio Broadcasting): Sistema Europeu

Vantagem: o sistema DAB foi criado com o intuito de utilizar a transmissão de sinais digitais de áudio e demais serviços interativos, como textos e imagens atendendo somente a frequência FM,

Desvantagem: o sistema DAB não atende a frequência AM.

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ISDB – Tn (Services Digital Broadcasting – Terrestre narrowband): Sistema Japonês

Vantagens: possui vários canais na mesma frequência; a qualidade do som também é bem próxima ao do cd; permite também a transmissão de texto, áudio e imagens paradas para os aparelhos de rádio.

Desvantagem: o sinal para o rádio vem também do mesmo sinal da TV digital, modelo adotado pelo Brasil.

Existem outros modelos, mas o debate se limitou apenas aos dois padrões o IBOC e o DRM/DAB que atendem em parte as necessidades do Brasil. O site

Observatório da Imprensa11 cita alguns dos motivos para que o governo brasileiro não apresse a escolha do padrão de rádio digital, são eles:

A) Somente emissoras de grande porte, em sua maioria privadas, participaram dos testes do rádio digital. B) As rádios comunitárias ficaram de fora desse processo, o que pode acarretar na adoção de um padrão que não atenda as suas necessidades. C) O Rádio Digital deve ser encarado como um novo serviço de radiodifusão e não como uma atualização tecnológica. A digitalização permite uma multiplicação de canais de frequência e é a oportunidade para novos atores participarem das comunicações de massa.

Os testes para a implantação da nova tecnologia será retomado em 2014 de acordo com Del Bianco (2013), como já dito nas frequências AM e FM em todo o país, e em Minas na frequência AM; mas a dúvida sobre qual modelo a ser adotado pelo país ainda paira sobre a cabeça de muitos técnicos, radiodifusores e empresários.

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AS PERSPECTIVAS DO RÁDIO DIGITAL NO BRASIL E EM MINAS 4.1 O que muda e as novas possibilidades

Com a chegada do rádio digital além da qualidade do som também será o fim das interferências nas transmissões AM, haverá uma maior exploração dos canais que permitirá investir em diversas programações simultâneas transmitidas pela mesma frequência.

Na opinião de Del Bianco (2003) o rádio tende a tornar-se mais segmentado, ainda mais com os recursos que serão disponibilizados, como áudio, textos, gráficos e imagens, assim, transformando o rádio em um meio multimídia.

Já para Del Bianco (2003), os novos profissionais do rádio digital terão que se adaptarem às novas exigências de mercado “ocorrerá um aumento das exigências de especialização profissional e da produtividade individual, pois essas novas tecnologias agilizam o trabalho de produção”. Com a chegada do sistema digital, as mudanças e as possibilidades serão muitas, novos desafios dentre eles o de se fazer rádio devido a novos segmentos que poderão ser criados.

4.2 Interatividade

O rádio agora com a opção de novos recursos como texto e imagens vai exigir de certa maneira uma nova forma de se fazer rádio, assim surgindo novos formatos de programação com a abertura de novos canais dentro da mesma frequência e novas formas de se interagir com os ouvintes. A melhoria do som e a multiplicação dos canais de frequência disponíveis dentro de um mesmo canal deverão tornar mais forte com a chegada da rádio digital.

O rádio tende de fato a tornar-se mais segmentado, em busca de novos públicos e voltado para as diferentes faixas ou segmentos de audiência, o que requer também mais criatividade como conta Del Bianco (2003) “O rádio digital irá alterar o modo de produção da programação, de distribuição de sinais e a recepção da mensagem radiofônica. haverá a necessidade de uma ‘reinvenção’ do rádio para que possa se

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adaptar a nova tecnologia”. Ainda mais diante da possibilidade de se veicular recursos adicionais ao áudio, como textos, gráficos e imagens.

Del Bianco (2003) explica que além da melhoria do áudio, o rádio digital também irá oferecer aos ouvintes opções de interatividades, como informações complementares as notícias, imagem fixa, transmissão de mapas de tempo detalhados, com explicações e alta resolução gráfica e sistemas de informação de trânsito, cotações, detalhes da programação musical como nome da música, intérprete, ou do personagem entrevistado, são alguns dos serviços que serão agregados ao rádio. Os serviços multimídia serão disponibilizados no visor do aparelho através de um display.

A diversificação de conteúdos no rádio será o maior desafio entre os profissionais do rádio devido ao grande número de gêneros e estilos variados que será agregado, tais como: esportes, economia, músicas, entre outros serviços como cita Del Bianco (2003) “O que exigirá dos radiodifusores muita criatividade não somente para gerar conteúdos específicos, como também para enfrentar o desafio de fazer rádio para ser lido”.

Diante da possibilidade de transmissão de dados e oferta de serviços especializados, o rádio não mais se caracterizará como um meio de comunicação exclusivamente sonoro. Boa parte de seu conteúdo também poderá ser lido na tela do cristal líquido do aparelho receptor digital – portátil e multifuncional – ou em outras plataformas de mídias convergentes.

(DEL BIANCO, 2003, p.2)

Para Meditsch (1999), a evolução do rádio nada mais é do que uma transformação necessária.

Na medida em que as condições técnicas são alteradas, as limitações variam e a linguagem se modifica, com implicações sobre os conteúdos a que dão forma (..) o surgimento da rádio criou uma relação nova entre o público, as informações e os acontecimentos a que estas se referem.

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O rádio digital irá proporcionar um novo modo de interação com o ouvinte e, de acordo com Del Bianco (2003), irá alterar também o modo de produção não só da programação, mas como também a produção da notícia. O rádio, de certa maneira, terá que reinventar a forma de se fazer rádio para se adaptar à nova tecnologia.

4.3 Acessibilidade e custo

De acordo com Prata (2007), a nova tecnologia além de não ser acessível à maior parte das emissoras do estado, também ainda não é acessível aos ouvintes. Mas espera-se que o rádio digital seja popularizado o mais rápido possível. O custo dos equipamentos limita o número de emissoras que realizam os testes. No que tudo indica a tecnologia do rádio digital será implantada apenas em longo prazo.

Ainda, segundo Prata (2007) estima-se que a migração para a nova tecnologia ultrapasse os R$ 100 mil em transmissores. Caso a decisão brasileira defina o IBOC, será necessário o pagamento de uma taxa de licenciamento anual de US$ 5 mil a empresa americana Ibiquity.

O investimento médio mínimo é de cerca de R$ 300 mil para uma emissora que já conta com base física bem estruturada. Existem emissoras que já chegaram a investir mais de R$ 1 milhão de reais em período de testes sem saber se o Brasil vai mesmo adotar o sistema IBOC.

O ouvinte terá que arcar também com a compra de um aparelho de som compatível com a tecnologia digital e calcula-se que seja entre R$ 700 e R$ 1,000 – para os aparelhos fixos e entre R$ 550 e R$ 700 para aparelhos automotivos ou caso contrário, não conseguirá observar diferença alguma no som.

Haverá um período no processo de digitalização em que o ouvinte terá ao seu dispor tanto o sinal analógico, quanto o digital (o simulcasting) para não prejudicar os que ainda possuam aparelhos analógicos. Durante o período de simulcasting poderão ocorrer interferências entre transmissões analógicas e digitais.

Por enquanto, a falta de oferta de receptores de rádio digital no país é uma barreira que torna os testes com sinal digital inacessível a população, pois para receber os sinais digitalizados é necessário possuir receptores habilitados para este sistema, os

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novos aparelhos estarão em breve disponíveis para a compra mas até o momento não se sabe quando isso irá acontecer.

Segundo Fialho (2006), em Minas Gerais, apenas duas emissoras, das 350 têm dado passos concretos rumo à implantação do rádio digital, a Rádio Globo AM, que já iniciou os testes em 2005 e a Rádio Itatiaia FM que deve fazer os mesmos testes, mas ainda sem previsão, ambas com o sistema IBOC.

De acordo com Del Bianco (2013), os testes não avançaram, e isso certamente vai impedir que o rádio digital se torne uma realidade em Belo Horizonte nos próximos anos. A evolução do processo tem sido impedida em todo o Brasil pelo atraso na escolha do sistema de transmissão e pela limitação de recursos por parte de pequenas e médias emissoras.

Conforme Del Bianco (2013), em 2001, a Abert criou um grupo técnico Sistema Brasileiro de Rádio Digital (SBDR) para estudar a implantação do rádio digital no Brasil. O grupo tem a missão de acompanhar, pesquisar uma futura decisão do governo e manter informado os radiodifusores quanto ao modelo a ser escolhido.

Enquanto o debate se concentra sobre o padrão digital a ser adotado no país, a preocupação com os novos conteúdos para o novo rádio estão sendo deixados para serem debatidos em segundo plano tanto pelas empresas, quanto pelo governo. Organizações querem que governo de um posicionamento sobre o modelo do rádio digital no Brasil e pressionam para que haja maior divulgação das mídias, com a participação de atores e outros na produção de conteúdos em rádio e TV para divulgação, como ser refere Del Bianco (2003).

Há fortes indicativos de que o rádio digital deverá ser o padrão dominante na radiodifusão brasileira dentro de 10 a 15 anos, quando se espera que pelo menos 95% dos ouvintes tenham aparelho para captar o sinal digital. Não é um tempo longo se considerar que o FM precisou de trinta anos para ter êxito. O momento é de expectativa diante do sistema técnico a ser adotado. Mas também de muita cautela diante dos riscos e incertezas típicas da transição entre o novo e o velho.

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Com a criação do Conselho Consultivo do Rádio Digital pelo Ministério das Comunicações em 2012, à esperança de uma decisão do governo sobre um dos padrões de transmissão digital disponíveis foi renovada. A missão do Conselho é firmar uma posição técnica sobre qual modelo de radio digital funciona melhor.

Segundo relatório divulgado pela ANATEL, os testes realizados com os dois padrões IBOC e DRM mostraram que eles não atendem todas às exigências técnicas para serem adotados oficialmente pelo Brasil. Novos testes estão sendo realizados em escala muito inferior ao IBOC e serão retomados em 2014.

Considerações Finais

Os testes do rádio digital no Brasil começaram em 2005, ainda continuam a passos lentos, pois ainda a data da implantação do rádio digital é incerta. Não ocorreram mudanças e nem grandes novidades nos testes já realizados. Os testes em Minas Gerais e talvez em todo o Brasil estejam mais preocupados com o sinal digital, pois até o momento o problema do delay (transmissão digital e analógica ao mesmo tempo) não foi resolvido, o atraso de 8 segundos continua, de acordo com as informações obtidas através de e-mail enviado aos técnicos responsáveis pelos testes do rádio digital aqui em Minas.

O rádio digital também continua não sendo acessível não só a outras rádios com padrões menores devido ao alto custo dos novos equipamentos, como também aos ouvintes que não tem acesso as informações do que está acontecendo com os testes do rádio digital.

Há muito tempo os ouvintes aguardam a chegada do rádio digital no país, a expectativa para as mudanças são muitas e para que tal fato aconteça é necessário acompanhar os testes no Brasil e aguardar uma definição do governo sobre qual modelo será implantado, pois há ainda uma “briga” entre o IBOC e DAB/DRM, em que cada um defende as necessidades do rádio brasileiro em diferentes aspectos.

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Este estudo pretende uma abordagem acerca desta realidade, buscando informações junto a pessoas que trabalham efetivamente com o rádio e alguns autores, mesmo sendo um assunto ainda pouco debatido e de difícil bibliografia. A continuidade deste estudo é fundamental e necessária devido à importância e relevância que o rádio ainda possui na comunicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEL BIANCO, Nélia. MOREIRA, Sônia V. Rádio no Brasil: Tendências e Perspectivas. Rio de Janeiro. UnB, 1999.

DEL BIANCO, Nélia R. Artigo. E tudo vai mudar quando o digital chegar. 2003. Artigo: Rádio digital no Brasil: indecisão e impasse depois de 10 anos de discussões. 2011

Artigo: Atuação do conselho do Rádio Digital: em busca de um formato de digitalização adequado a realidade a realidade brasileira. 2013

FIALHO, Waldiane. Etal (orgs). Os primeiros passos do rádio digital em Minas Gerais. 2006

LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientifica. São Paulo. Atlas, 2001.

MEDITSCH, Eduardo. A rádio na era da informação: teoria e técnica do novo radiojornalismo. Coimbra. Minerva, 1999.

ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo. Summus, 1985.

PESSOA, Sônia Caldas. Artigo: Rádio e tecnologias digitais: desafios para a formação do jornalista. Fórum Nacional de Jornalismo. 2009.

PRATA, Nair. Etal (orgs). O rádio digital em Minas Gerais – um balanço do primeiro ano de testes. 2006

Artigo: (orgs) Impacto da digitalização no processo de produção de notícias radiofônicas, segundo os jornalistas da rádio Itatiaia. 2008

Artigo: O impacto da digitalização do rádio na opinião dos jornalistas e dos ouvintes. 2011

TAVARES, Reynaldo C. Histórias que o rádio não contou. São Paulo. Editora Harbra, 1999.

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REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

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Acesso em: 08 out. 2013

ANATEL. Disponível em: <http://www.anatel.gov.br/> Acesso em: 17 set. 2013 ANTONIK, Luís Roberto – Ricardo@abert.org.br E-mail em: 04 nov.2010 Assunto: O teste com o sistema Iboc

CARNEIRO, Severino – itasat@itatiaia.com.br E-mail em 04 nov.2010 Assunto: O teste com o sistema Iboc

Del Bianco, Nélia – nbianco@uol.com.br E-mail em: 20 nov 2013 Assunto: Rádio Digital no Brasil e em Minas

KUSSLER, Gilberto – Gilberto@globo.com E-mail em 04 nov. 2010 Assunto: O teste com o sistema Iboc.

MiniCom. Disponivel em: <http://www.mc.gov.br> Acesso em: 17 set. 2013 Observatório da imprensa. Disponível em:

<http://www.observatoriodaimprensa.com.br/> Acesso em: 12 nov. 2013

PRATA, Nair – nairprata@uol.com.br E-mail em: 20 nov. 2013 Assunto: Rádio digital no Brasil e em Minas

Referências

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