A Pluriatividade das famílias rurais no município de
Presidente Lucena – RS
Agnaldo Lacerda Lopes
Orientadora: Daniela Dias Kuhn
Coorientador: Maycon Noremberg Schubert
Porto Alegre
2017
Pluriatividade das famílias rurais no município de Presidente Lucena - RS
2
INTRODUÇÃO
Pluriatividade; Escolha do tema; Tema; Motivação da pesquisa; Ao final apresentar resposta;
Quais efeitos, as atividades não agrícolas, têm sobre os
trabalhadores, então rurais inseridos nestas atividades?
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL Analisar as famílias rurais relacionadas com a pluriatividade no meio rural de Presidente Lucena RS OBJETIVOS ESPECIFICOS Identificar os motivos que influenciam no interesse deatividades não agrícolas; Identificar como se compõe a
renda familiar;
Analisar quanto ao gênero, como ocorre o trabalho dentro e fora da
UPA;
Relacionar a perspectiva de futuro das famílias pluriativas no
meio rural com a pluriatividade;
REFERENCIAL TEÓRICO
4
Sergio Schneider
(Coordenador do Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e de Sociologia da UFRGS);[...] desarticulação do sistema agrícola colonial das regiões do Vale do
Sinos e da Encosta da Serra a partir da década de 70, podem-se
destacar: a constante pressão demográfica (agravada pelos
mecanismos de herança por partilha) sobre propriedades de reduzido
tamanho[...]. SCHNEIDER, 1996).
SCHNEIDER (2001), entende que a pluriatividade é uma estratégia de
reprodução social, presente nas unidades agrícolas operam
fundamentalmente com base no trabalho da família [...] .
SCHNEIDER, 2003 [...] é preciso adentar no ambiente intrafamiliar
para conhecer melhor os mecanismos pelos quais uma família se torne
pluriativa e de que modo ela exerce está pluriatividade.
REFERENCIAL TEÓRICO
5 José Graziano da Silva(Atualmente como diretor-geral da Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO);
O meio de reter a população rural pobre nos seus atuais locais de moradia, é com a criação de empregos, novas ocupações não agrícolas em zonas rurais, é a única estratégia capaz de simultaneamente, manter a população rural nos seus locais e ao mesmo tempo elevar a renda. (GRAZIANO,1999).
Mauro Eduardo Del Grossi(Prof. Universidade de Brasilia – UnB );
[...]famílias agrícolas de menores áreas e as pluriativas acabam sendo em sua maioria excluídas dos programas de apoio à agricultura familiar por terem uma elevada proporção de suas rendas originárias de atividades não agrícolas.[...] GRAZIANO e DEL GROSSI,(1999, p. 53).
REFERENCIAL TEÓRICO
6 João Rua (Prof. do Dep. de Geografia da UERJ e PUC- Rio);
[...] Pluriatividade tem como principal desfecho o abandono das atividades agrícolas, com a passagem gradual do meio rural para o meio urbano.[...] (Rua, 2006).
Carlos Alves do Nascimento (Prof. do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia);
[...] o equívoco das analises da pluriatividade no Brasil, se deve ao fato desta temática importada não ter sido assimilada, levando-se em consideração certas especialidades da realidade brasileira. Pluriatividade no Nordeste e na Região Sul. (NASCIMENTO, 2009).
REFERENCIAL TEÓRICO
7 Luciano Zanetti Pessôa Candiotto (Prof. do Dep. de Geografia da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE );
Conforme CANDIOTTO (2007) novas atividades agrícolas, sobretudo as não agrícolas, intensificam-se alterando a estrutura dinâmica técnica e social, fomentam o debate entorno do rural e suas transformações.
Marcelo Antonio Conterato (Prof. da UFRGS, vinculado ao Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) e ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR);
Para Conterato (2009), desenvolvimento só existe como tal na medida em que passa a ser percebido como uma situação que promove mudanças em determinada coletividade humana.
METODOLOGIA
Abordagem da pesquisa é qualitativa;
Amostragem da pesquisa, atores envolvidos;
Entrevistas semiestruturada;
Instrumentos e assessórios para realização
da pesquisa
Técnica de analise de conteúdo;
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS UPA Nº Localidade Tamanho (ha) Forma de Aquisição Atividades Agrícolas Comercialização da Produção Agrícola
Valor Médio Hectare (R$)
1 Linha Nova Baixa 8 Herança Olericultura Ceasa a 40% do preço de comércio
80.000,00
2 Picada Schneider 18 Herança Citricultura,
acacicultura
Carvão mercados locais, CEASA, 50% Do preço de comércio
80.000,00
3 Linha Nova 5 Compra Citricultura CEASA, 50%
Do preço de comércio
80.000,00
4 Sede 3 Herança Avicultura de Corte,
Olericultura
Avicultor integrado preço variável
CEASA 50%
100.000,00
5 Linha Nova Baixa 10 Compra Plantio cana-de-açúcar para fazer melado
Comercializa direto com agroindústria cana processada como melado
80.000,00
6 Sede 3 Compra Olericultura Comercialização direta
mercados e restaurantes
100.000,00
7 Picada Schneider 11 Herança Bovinocultura Leite Cooperativa Piá preço de mercado
70.000,00
8 Linha Nova Baixa 6 Herança Olericultura CEASA, 50%
Do preço de comércio
80.000,00
9 Nova Vila 8 Herança Olericultura CEASA 50% do preço de
comércio
100.000,00
10 Arroio dos Ratos 3,3 Herança Olericultura CEASA 50% do preço de comércio
80.000,00
11 Vila Rica 6 Herança Citricultura CEASA 50% do preço de
comércio
70.000,00
12 Morro do Pedro 3 Herança Citricultura CEASA 50% do Preço de
comércio
70.000,00 Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017.
Tabela 02: Unidades Produtivas Agrícolas entrevistas.
Referente a tabela 02
Localidades Rurais do município de Presidente Lucena; Transformações ocorridas nas propriedades familiares; Especulação Imobiliária Rural;
Comercialização das Unidades produtivas agrícolas;
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
UPA Nº Nº Membros Familiares Nº Membros Aposentados ou Pensionistas Nº Membros Pluriativos Nº membros Pluriativos Sexo
Motivos que levam as famílias a manterem-se nas atividades agrícolas
Atividade Não Agrícola
M F
1 4 2 2 1 1 Compromissos morais com
a família
Indústria alimentos;
Indústria calçadista
2 3 0 1 1 0 Por identificação com
agricultura
Serviço público
3 5 0 4 1 3 Finalidade, subsistência Indústria de alimentos
Prestação de serviços
4 3 0 2 1 1 Por identificação com o
meio rural
Indústria Calçadista Indústria Metal mecânica
5 3 0 1 0 1 Identificação com atividade
agrícola
Indústria de calçadista
6 5 0 1 1 1 Identificação com atividade
agrícola Prestação de serviços 7 3 1 2 1 1 Identificação e comprometimento familiar Serviço público; Prestação de Serviços
8 4 0 1 0 1 Comprometimento familiar Serviço público
9 3 0 2 1 1 Por se identificar com a
agricultura
Serviço público
10 3 2 2 1 0 Por se identificar com
agricultura
Indústria Metal mecânica
11 3 0 3 1 2 Pelo
potencial da propriedade e por remuneração
Indústria Calçadista; Indústria de alimentos; Serviço Público
12 3 0 2 1 1 Alternativa de renda a mais Serviço público; Indústria de
alimentos
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017. 11
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS Tabela 03 – Componentes familiares, gênero, atividade não agrícola
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
Componentes familiares;
Aposentadorias no Meio Rural;
Como se divide o trabalho na família, entre os gêneros? Atividades não agrícolas;
Atividade % de cada atividade Indústria de calçados 17.39%
Indústria de alimentos 26.08%
Prestação de serviços 17.39%
Indústria Metal mecânica 8.69%
Serviço Público 30.43% Tabela 04: Participação das atividades pluriativas.
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017.
Os motivos para realizar atividades agrícolas em tempo parcial;
Referente a tabela 03
UPA % Renda não agrícola para família rural % Renda não agrícola utilizada na atividade agrícola Politica pública % Renda comprometi da com o crédito % Renda utilizada em manutenção da UPA
Onde a família gasta maior parte da renda
% Gasto no local
1 40% 15% --- 0,0 10% Sede Local 60%
2 20% 10% PRONAF 30% 10% Cidade (Polo Regional) 80%
3 95% 10% PROINRURAL 0,0 10% Cidade (Polo Regional) 80%
4 20% 30% PRONAF
15% 5% Sede Local 70%
5 15% 0,0 PRONAF 30% 10% Cidade (Polo Regional) 70%
6 30% 30% PRONAF 55% 15% Cidade (Polo Regional) 70%
7 80% 30% PRONAF
PROINRURAL
5% 20% Sede Local 80%
8 30% 0,0 PRONAF 0,0 15% Sede Local 70%
9 50% 60% --- 0,0 15% Cidade (Polo Regional) 80%
10 80% 40% PROINRURAL 0,0 15% Cidade (Polo Regional) 90%
11 80% 20% PROINRURAL 0,0 10% Cidade (Polo Regional) 90%
12 80% 20% PROINRURAL 0,0 10% Cidade (Polo Regional) 80%
Tabela 05 - Comparativo das entrevistas com as rendas familiares.
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017.
13 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
Renda não agrícola para a família rural;
Comparativos de rendas não agrícolas utilizadas na atividade agrícola; Políticas Públicas;
Renda utilizada na manutenção da UPA;
O local que a família gasta maior parte da renda;
PROINRURAL UPAs ( % )
PRONAF UPAs (%)
Renda comprometida com crédito Média (%)
41,66% 41% 29%
Tabela 06: Acesso a politicas públicas e comprometimento com crédito.
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017.
Local %
UPAs/ com renda gasta no local
%
Renda gasta no local Sede Local 33,66% 70%
Cidade (Polo Regional) 66,66% 80% Tabela 07: Estratos das rendas totais familiares, quanto ao gasto (%)
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017. 14
UPA Nº
Atividades de descanso e distração
Ambiente social que participam
Renda menor agrícola o que será feito
Perspectiva futuro 1 Domingos, Férias Futebol, Associação Religiosa, Associação comunitária, Sindicato
Atividades não agrícolas, sem vender a propriedade
Sem sucessão familiar, possibilidade de abandono das atividades agrícolas,
filhos em atividades não agrícolas.
2 Domingos
Associação Religiosa Sindicato
Continuar na atividade e aguardar a crise passar
Investir na propriedade e se qualificar mais para produzir. UPA possui
sucessão familiar
3
Domingos, no verão férias
Bailes, futebol, Associação Religiosa
Abondar a atividade agrícola Sem sucessão familiar, possibilidade de abandono das atividades agrícolas,
filhos em atividades não agrícolas. Possibilidade de venda de área
4
Domingos que não tenha trabalho
Futebol, Associação Religiosa,
Realizar atividade não agrícola e aguardar a crise
passar
Satisfação com a produção agrícola investir e modernizar sempre a
produção
5
Domingos que não tenha trabalho
Associação Religiosa, Sindicato
Continuar na mesma atividade e aguardar a crise
passar
Satisfeito e motivado, espera um prospero futuro comprar mais área investir na propriedade modernizar e
beneficiamento. Sucessor definido.
6 Domingos
Associação Religiosa, Sindicato
Continuar na mesma atividade e aguardar a crise
passar
Satisfeito com a condição atual, futuro é ter a produção mais tecnificada modernizada. Sucessão familiar
definida.
7 Domingos
Associação Religiosa Deixar de trabalhar na propriedade e vender
propriedade
Indefinido. Sem sucessor familiar
8 Não
Realiza descanso e férias
Associação Religiosa Continuar na mesma atividade e aguardar a
crise passar
Indefinido. Sem sucessor familiar
9
Domingos, Férias
Sindicato dos trabalhadores, assoc.
religiosa
Realizar atividade não agrícola, sem vender a
propriedade
Sem sucessor familiar
10 Tira férias
Associação religiosa Seguir na atividade e aguardar a crise passar
Sem sucessor familiar
11
Domingos, Férias
Associação Religiosa, Atividades culturais
Deixar de trabalhar na atividade agrícola e vender a
propriedade
Sem sucessor familiar
12 Domingos, Férias Associação Reliosa, Atividades esportivas
Realizar atividades não agrícolas
Indefinido sem sucessor familiar
Fonte: Elaborado pelo Autor, pesquisa de campo 2017.
15 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
Referente a tabela 08
Atividades de descanso e distração ;
50% das famílias realizam uma pausa nas atividades e gozam de férias. 33,33% das famílias, a principal atividade é o futebol.
Participação em ambiente social;
100% das famílias entrevistas fazem parte de associação religiosa. 41.66% são sócios do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ivoti. 33,33% das famílias, praticam atividades esportivas.
Perspectiva de futuro;
66,66% das famílias entrevistadas não possuem o sucessor familiar. 25% das famílias entrevistadas, já possuem o sucessor familiar.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Motivos que influenciam no interesse por atividades não agrícolas; Buscam a independência financeira do gestor da família da UPA Renda não agrícola no setores industriais da região é tentador Buscar o pertencimento a grupos sociais
Penosidade do trabalho agrícola Autonomia financeira
identificação como se compõe a renda familiar;
41,66% das famílias > 80% da renda total familiar 58,33% das famílias < 50% da renda total familiar
51, 66% dos totais de renda das famílias, são as não agrícolas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto ao gênero como ocorre o trabalho dentro e fora da UPA; Trabalho dentro da UPA, o que cabe a cada gênero,
A participação feminina em atividades pluriativas ocorre em 91,66% das UPAs, 56,52% das ocupações não agrícolas tem a participação feminina,
Relacionar a perspectiva de futuro das famílias;
Ausência de perspectiva, de futuro nas propriedades sem sucessão familiar, ausência de planejamento futuro a longo prazo,
UPAs com perspectivas de futuro com a sucessão familiar, com planejamento a longo prazo;
Investimentos principais modernização, para reduzir a penosidade, qualificação, ampliação de produção, aquisições de áreas e bens materiais, Sentimento de pertencimento ao local,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nestes indicadores de ocupação, revelados pesquisa campo, pode-se afirmar que a pluriatividade é sim uma estratégia familiar para reprodução social, conforme Schneider definiu em suas pesquisas, está estratégia familiar, contribui para reduzir a desigualdade entre os gêneros nos diversos campos socioeconômico incluído o trabalho.
Por todos os dados apresentados nesta pesquisa percebe-se que a pluriatividade causa efeitos transformadores nas famílias pluriativas e no trabalho rural do município de Presidente Lucena, com a atribuição de renda não agrícola para as famílias inseridas nestas atividades pluriativas, também contribuindo para diminuição das desigualdades de renda entre os gêneros, pluriatividade possibilita inserção socioeconômica de membros familiares que com o emprego não agrícola conquistam a autonomia financeira, está combinação de atividades agrícolas e não agrícolas é capaz de contribuir para promover o desenvolvimento rural local. Citado por CONTERATO a partir de mudanças em uma determinada coletividade.