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O TRABALHO PRÁTICO E DIDÁTICO DO PEDAGOGO NA ESCOLA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ DIANTE DA NOVA RACIONALIDADE TÉCNICA: POSSIBILIDADES E LIMITES

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O TRABALHO PRÁTICO E DIDÁTICO DO PEDAGOGO NA ESCOLA PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ DIANTE DA NOVA RACIONALIDADE

TÉCNICA:POSSIBILIDADES E LIMITES

Laurete Maria Ruaro

Clarice Linhares

Resumo:

As mudanças ocorridas na organização do trabalho pedagógico no interior da escola pública do Estado do Paraná foram determinadas pelo surgimento de uma nova racionalidade técnica de trabalho e interferiu no desempenho dos profissionais de educação, inclusive na atuação do pedagogo, agora, denominado professor pedagogo. Este assume o papel antes desempenhado pelo especialista de educação (a orientação educacional, a supervisão e a administração escolar) cada qual tornando-se responsável por parte do processo. O objetivo dessa proposta investigativa é a análise crítica do trabalho deste profissional, responsabilizado pela articulação e a operacionalização de todos os procedimentos didático-pedagógicos, inclusive o projeto pedagógico. Ao assumir a função como articulador de todo processo pedagógico na escola, este perdeu, em certa medida, sua identidade funcional, direcionando sua atenção, ora para atividades de rotina, ora para atividades de organização e planejamento não determinando quais as de real importância dentro do processo educacional. Para organizarmos os dados coletados até agora, inicia-se com menção às pesquisas desenvolvidas nas décadas de 1970 a 1980, em que vários autores fizeram uma profunda reflexão sobre os profissionais que atuavam na escola naquela época e que essas mudanças indicam uma nova racionalidade técnica atendendo os ditames econômicos de mercado. Partindo-se dessa retomada histórica, busca-se fazer um paralelo entre o modelo tecnicista e funcionalista do coordenador pedagógico da década de 1970 a 1980 e o momento atual quando se enaltece o domínio por parte de quem coordena o trabalho pedagógico como aquele que detém responsabilidade sob toda a organização didático-pedagógica.

Palavras-chave: racionalidade técnica; trabalho didático-pedagógico; escola pública.

1. Antecedentes históricos e contextuais da supervisão escolar: a escola como razão institucional

A fim de compreender a estrutura da coordenação pedagógica nas escolas públicas, mais especificamente as referidas às escolas públicas estaduais do Paraná, é necessário compreender que as décadas de 1970 e 1980 se constituíram de profícuas pesquisas apontando a direção que se tomaria a organização pedagógica dos espaços escolares. Naquele momento, ao apresentar os tipos, princípios, objetivos e funções organizados em textos para administradores e supervisores educacionais, com a

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finalidade de promover a melhoria sócio-cultural da América Latina através da escola e da educação, cujos aspectos apontados como analfabetismo, subalimentação,

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subemprego, enfermidade, mortalidade e pobreza poderiam ser dirimidos pela educação como também pela pessoa que fosse responsável pela organização do processo didático-pedagógico. Nascia, então, a figura e a função da Supervisão da Educação, adotando os padrões sócio/culturais/econômicos dos países mais desenvolvidos. Segundo o texto, onde havia exigências de mudança, era mais dinâmica e autoritária, e onde essas eram débeis, ocorria o fenômeno contrário. Para uma supervisão consciente de seu papel, esta deve superar as limitações impostas pelo meio, em que o conceito de homem, de educação, de sociedade é formado a partir de princípios que o salvem da ignorância e do atraso cultural frente aos países mais avançados, cultural e politicamente democráticos.

A evolução recente das formas de produção no mundo do trabalho deu margem às novas práticas de gestão, inclusive a escolar, constituindo uma organização do trabalho pedagógico dentro da escola. A mudança do modelo taylorista para um modelo toyotista baseado em princípios como a formação contínua, sociedade aprendente e formação crítico-reflexiva é na realidade um processo permanente de desenvolvimento organizacional.

A partir da década de 1990, em âmbito federal, estadual e nacional, os novos modelos de organização do trabalho pedagógico já estavam presentes no cenário educacional brasileiro cujo discurso neoliberal, de acordo com os ditames econômicos, deu ênfase ao modelo flexível, à descentralização de recursos, à qualidade total, e a própria otimização de recursos e serviços prestados pelo Estado. O caráter economicista da relação entre educação e desenvolvimento sempre estiveram presentes nos planos de governo de diversos níveis, como também nos documentos produzidos pelos centros de elaboração das políticas sociais. A educação, em certa medida, continua a ser invocada como “tábua de salvação” para o progresso e equilíbrio social, tal como já acontecia na década de 1970, apontada como forma de superar a miséria e a ignorância.

2. A nova racionalidade técnica: possibilidades e limites

A racionalidade técnica do trabalho do pedagogo, frente aos desafios de uma sociedade globalizada, busca uma nova cientificidade obtendo uma visão mais ampla do contexto atual: essa nova forma de organização sugere o domínio de novas competências sobre o processo educacional, sobre o processo ensino-aprendizagem e sobre a organização do trabalho pedagógico da escola, dando ênfase a figura do pedagogo como articulador e mediador. Entretanto, a nova ética de organização do trabalho não deve perder de vista a questão de identidade desse profissional e do papel

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que cabe à escola, ao aluno, ao professor como elementos importantes para transformação social.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, a partir de 2004/2005 há um direcionamento das atividades do pedagogo através das propostas de ações coordenadas pelo setor de gestão escolar, denominada C.G.E. A partir dessas ações formativas desenvolvidas por essa instância, a escola organiza o seu Projeto Político Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular, o Plano de Ação da Escola e o Plano de Ação Docente, com vistas a efetivação a uma gestão democrática. Para essa discussão a Secretaria de Estado da Educação elaborou um documento base estabelecendo um paralelo entre o papel da direção e da equipe pedagógica atendendo o próprio processo de gestão democrática. A gestão democrática, conforme Constituição de 1988, compreende noções de cidadania, da apropriação de bens culturais e do desenvolvimento de todas as potencialidade que significa organizar, dirigir, tomar decisões, ter consciência coletiva e formar seres humanos por meio da educação. Neste aspecto a escola, como instituição social, é também um espaço de mediação entre sujeito e sociedade, entendendo-a como um processo de emancipação humana e de transformação social. O papel político da escola está atrelado ao seu papel pedagógico e garante que o processo de ensino/aprendizagem esteja a serviço da mudança necessária.

Para entender melhor essas ações, segue sistematização das ações do Núcleo Regional de Guarapuava em relação ao período de 2007/2010:

Quadro 1: Ações Coordenação de gestão escolar-CGE - 2007/2010

Grupos de Estudos: processo de - Elaboração de três processos de capacitação - Seleção de textos para estudo

formação

- Análise dos textos e elaboração dos roteiros de estudo continuada para pedagogos, conselheiros - Envio do material ao NRE

escolares e funcionários da SEED/NRE - Total de participantes: 26.200

Encontro NRE-CGE- Formação -Elaboração de um processo de capacitação continuada junto aos NRE para -Seleção de textos para estudos

discutir, analisar e dimensionar o -Contratação de profissionais das IES trabalho pedagógico dos NRE. -Total de participantes: 200

Jornadas Pedagógicas de

Pedagogos- Formação continuada -Elaboração de um processo de capacitação junto às Equipes Pedagógicas das -Seleção de textos para estudo

escolas públicas estaduais para -Contratação de profissionais das IES discutir, analisar e dimensionar as -Total de participantes: 6.500

ações pedagógicas nas escolas

CGE Itinerante- Formação -Elaboração de dois processos de capacitação

continuada de pedagogos e - análise dos projetos Político-Pedagógicos e planos de Ação da diretores das escolas de rede Escola do NRE a ser Visitado

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propostas de ações para apontadas. intervenção na prática pedagógica -Visita aos NRE

das escolas Total de participantes: 8.150

Cadernos Pedagógicos- -Elaboração do manual de produção dos Cadernos Pedagógicos Elaboração e Implementação dos -Divulgação do projeto

Cadernos Pedagógicos para apoio -Contratação de professores das IES para orientação e validação às equipes Pedagógicas, direção, dos artigos

professores e alunos -Publicação dos Cadernos Pedagógicos Edital de Concurso para

-Elaboração do Edital para Concurso Público de Pedagogos Pedagogos

- Elaboração do manual Produções Pedagógicas Produções Pedagógicas -Divulgação e orientação permanente do Projeto -Validação permanente das produções -Publicação das Produções Pedagógicas online

Projeto junto ao Portal Dia-a-dia -Elaboração e seleção de materiais a serem divulgados no

Educação Portal

Desenvolvimento de Projetos junto à TV Paulo Freire Projetos junto à TV Paulo Freire Organização da Gestão Escolar e Políticas Públicas na

implementação da formação continuada a distância

-Construção do caderno de apoio para elaboração do Regimento Regimento Escolar Escolar das escolas

-Construção do Regimento Escolar em todas as escolas estaduais do estado

Conselho Escolar- redimensionar

as ações do Conselho Escolar, -Acompanhamento, junto aos NRE, da organização e ação dos fortalecendo a prática democrática Conselhos Escolares das escolas públicas estaduais.

e participativa

Projeto Político-Pedagógico-

-Dimensionar as práticas pedagógicas das escolas de acordo Orientação para implementação

com os pressupostos dos Projetos Político-Pedagógicos dos projetos.

Instâncias Colegiadas- seu -Acompanhamento, junto aos NRE, da organização e ação das fortalecimento nas escolas Instâncias Colegiadas das escolas públicas estaduais

Planejamento Participativo e -Acompanhamento, junto aos NRE, elaboração e

Plano de Ação das Escolas implementação do Plano de Ação das escolas públicas estaduais Eleição de Diretores -Assessorar no processo de eleição de diretores

-Subsidiar a construção do Plano de Ação do Diretor Assessoria pedagógica aos -Assessoria pedagógicas à Equipe de Educação Indígena, departamentos e programas das Educação do Campo, SAREH, Programa Superação e as

SEED demais

-Reuniões técnicas com as Equipes de Ensino dos NREs e Reuniões técnicas com os NRE Chefias, para assessorar, discutir, analisar e dimensionar as

ações pedagógicas dos NREs Trabalho conjunto com as

-Contato com as demais Secretárias/ Unidades/ órgãos para Secretarias do Estado da Saúde integração com o processo educacional

e do Trabalho

Trabalho em conjunto com os

-Participação em cursos e reuniões, planejamentos e ações que demais departamentos e

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coordenações da SEED

Membros em comissões Participação em várias comissões criadas pela SEED, que envolvem assuntos pedagógicos.

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Fonte: documentos NRE-Guarapuava 2007/2010

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho didático-pedagógico na escola deve se configurar tendo em vista a atividade fim da escola que é o ensino, sendo que as atividades meio devem ser assistidas pela organização técnica (PARO, Ano). Direção e a equipe pedagógica (a que chama-se equipe gestora) precisa encontrar estabilidade teórica, política e relacional para superar conflitos e eliminar relações competitivas, corporativas e autoritárias e que são próprias de rotinas burocráticas do modelo anterior de administração escolar.

De acordo com o edital N. 10/2007-SEED/PR de seleção para concurso público para o preenchimento da carreira do professor/pedagogo prevê a sua participação na gestão escolar como: coordenar o projeto político pedagógico e o plano de ação da escola; aprofundar temas que possibilitem a elaboração de propostas de intervenção; garantir o atendimento as necessidades do educando; elaborar projetos de formação continuada; observar a legislação vigente como a L.D.B. e o Estatuto da Criança e do Adolescente; orientar a comunidade escolar em todas as ações pedagógicas, desde o projeto pedagógico e a proposta pedagógica curricular.

O papel do pedagogo legitima-se não somente na mediação da gestão escolar, mas principalmente no movimento de organização do currículo pela via da gestão. Nessa medida, há que se pensar em uma prática de intervenção pedagógica capaz de mobilizar as instâncias colegiadas e, ao mesmo tempo, apoiar cada um dos elementos que as compõem isoladamente. Não terminamos nossa pesquisa com respostas, mas abrindo o horizonte para pensar em práticas didáticas para auxiliar a práxis da gestão que o pedagogo desenvolve no espaço escolar na contemporaneidade.

REFERÊNCIAS

PARO, V. H. A Gestão da Educação ante as Exigências de Qualidade e Produtividade da Escola Pública. In: SILVA, Luiz H. da (org.) A Escola Cidadã no Contexto da Globalização. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1998.

_____. Administração escolar: introdução crítica. 11ª edição. São Paulo: Editora Cortez, 2002

RANGEL, M. Supervisão pedagógica: um modelo. Petrópolis: Vozes, 1979.

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ.O papel do pedagogo na gestão: possibilidades de mediação do currículo.2010

SILVA, N.S.F.C. Supervisão educacional: uma reflexão crítica. Petrópolis: Vozes, 1987.

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