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A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

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2.

A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS

E A SUB-BACIA BILLINGS

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quantidade e qualidade necessárias para a presente e futuras gerações.

O mau uso e gestão dos recursos hídricos contribuíram para a atual situação crítica desses reservatórios. Acredita-se que isso se deve a falta de conscientização com rela-ção às questões ambientais, sendo estas preteridas às econômicas. No caso da água, priorizou-se a sua utilização para produção de energia, conforme já relatado no ca-pítulo 1. Com o crescimento populacional e conseqüente aumento na demanda por água e a baixa disponibilidade hídrica, tornou-se necessário, desde a década de 1960, a importação de água da Bacia do Piracicaba pelo Sistema Cantareira para ampliar o abastecimento de água da RMSP.

No caso da Billings, o privilégio do setor energético sobre o hídrico é evidente. Durante os anos de 1950, quando foi necessário aumentar a produção de energia, o Governo do Estado determinou que fossem bombeadas as águas do Rio Pinheiros para esta represa, contaminando-a com uma carga enorme de esgoto advinda de diversas áreas da metrópole e, conseqüentemente, poluindo-a. Na década de 1970, a grande quantidade de esgoto, na bacia, ocasionou a proliferação de algas na Represa Billings, e uma série de manifestações por parte de ambientalistas, questionando sobre a gestão adequada dos recursos hídricos.

De um modo geral, a crescente periferização da metrópole e a conseqüente ocu-pação urbana das margens dos principais reservatórios da RMSP e dos seus principais mananciais contribuintes colaboraram de modo significativo para a intensificação da crise de abastecimento de água. A ocupação destas áreas pela população carente em as-sentamentos irregulares e precários, desprovidos de infra-estrutura e lançando efluentes e resíduos domésticos nos corpos d’água, que se juntavam aos efluentes industriais e agrícolas, causou sérios danos ambientais aos mananciais da metrópole.

Neste contexto, na década de 1970, o Plano Metropolitano Integrado de Desenvol-vimento (PMDI) já apontava a necessidade de proteção destas áreas. A instituição das

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Leis de Proteção aos Manancias – LPMs (Lei 898/1975 e 1.172/1976), delimitando as Áreas de Proteção dos Mananciais da RMSP e definindo regras para os usos e a ocupação do solo da bacia, foi importante iniciativa para a ocasião.

No entanto, tais legislações não foram eficientes em seu propósito principal: pro-teger as águas da metrópole. Para muitos autores (ANCONA, op. cit., p.285 a 287), estas legislações eram fruto de uma política centralizadora, tecnocrática, descolada da reali-dade local, e não atingiram seus objetivos, ao contrário, acabaram por incentivar ainda mais as ocupações ilegais nas áreas protegidas, assunto a ser discutido no item 2.1.

Nas décadas de 1980 e 1990, com a intensificação das ocupações irregulares em áreas de mananciais, reafirmou-se a necessidade de reformular a LPM. Nesse período, o país passava por mudanças políticas, que culminaram em uma nova postura e pos-sibilitaram as reformulações no gerenciamento dos recursos hídricos e na LPM. A nova LPM foi aprovada (Lei 9.866/97), propondo uma nova forma de gestão descentralizada e participativa para todo o Estado de São Paulo. (ALVIM et. al, 2007)

A nova Lei definiu um conjunto de instrumentos de planejamento e gestão para proteger, recuperar mananciais e garantir a produção e a melhoria da qualidade de água. Dentre eles, o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA e leis específicas a serem elaboradas para cada sub-bacia levando em consideração as espe-cificidades locais.

À luz das diretrizes definidas pela Lei 9866/1997, a primeira lei específica

elabo-rada foi aprovada em 16 de janeiro de 2006, a Lei Específica da Guarapiranga1 – Lei

Estadual nº 12.233/206 e Decreto 51.686/2007. Esta Lei segue as diretrizes da Lei Es-tadual de Proteção e Recuperação de Mananciais – Lei 9.866/1997 – respeitando as especificidades locais; prevendo a gestão descentralizada e tripartite (estado, município e sociedade civil); e, definindo áreas, instrumentos e ações para recuperação ambiental. Porém, segundo Whately; Santoro; Tagnin (2008), após dois anos de sua aprovação a Lei ainda não entrou efetivamente em vigor, dependendo das articulações políticas entre os atores e de campanha de esclarecimento à população.

A Sub-bacia Billings, atualmente priorizada para abastecimento público, tem como principal referência a Lei Específica da APRM Guarapiranga e apresenta basica-mente o mesmo problema da Guarapiranga: a degradação de suas águas, sobretudo pelos assentamentos ilegais às suas margens. Apesar da situação crítica, o Projeto de 1 A Bacia do Guarapiranga é considerada o segundo maior reservatório de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e atende cerca de 3,7 milhões de pessoas (20% da população da RMSP). A represa Guarapiran-ga, assim como a Billings, foi construída com finalidade energética e, desde a década de 1950 vem demonstrando sinais de deterioração de suas águas em decorrência do despejo de esgotos da metrópole, agravadas a partir da década de 1970 com as ocupações irregulares. (WHATELY;CUNHA, 2006, p.9)

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Lei Específica Billings foi assinado pelo Governador do Estado de São Paulo, José Serra, somente em 24 de setembro de 2008 e encaminhado à Assembléia Legislativa, onde aguarda aprovação.

Enquanto não for aprovada a Lei Específica, continuam valendo as LPMs de 1970, sendo permitidas obras emergenciais definidas pelo Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da RMSP.

Neste contexto, este capítulo aborda os antecedentes da legislação de Proteção dos Mananciais e da Nova Lei de Proteção e Recuperação de Mananciais 9.866/1997 bem

como aspectos que envolvem o Plano Emergencial2 de Recuperação de Mananciais e

principalmente o Projeto de Lei Específica da Sub-bacia Billings. Ainda, busca-se com-preender a importância da adoção da Bacia Hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento, a criação dos comitês de bacias e seu papel na gestão dos recursos hídricos bem como o principal instrumento de gestão da bacia – a Lei Específica, que embora ainda não aprovada, é uma referência para a legislação urbanística.

2 O Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais foi possibilitado pela Nova Lei dos Mananciais (Lei 9.866/97) e regulamentado pelo Decreto nº 43.022/98, permitindo obras emergenciais em áreas de mananciais, quando houver riscos à saúde da população, de deslizamentos, de inundações ou comprometimento dos mananciais. As obras previstas são: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, contenção de erosão, estabilização de taludes, fornecimento de energia elétrica, controle das águas e revegetação. (ALVIM,2003)

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2.1 ANTECEDENTES: A LEGISLAÇÃO DOS MANANCIAIS DA

DÉCADA DE 1970

Desde a década de 1970, os mananciais da Região Metropolitana de São Paulo são protegidos por um conjunto de leis e decretos que têm como princípio preservar os mananciais e garantir o abastecimento da população e de setores produtivos.

Diferentemente de políticas anteriores adotadas entre os anos de trinta até a déca-da de 1970, nas quais se que desapropriavam totalmente as áreas a serem protegidéca-das, a legislação dos anos de 1970 considerou um modelo de ocupação do solo nas áreas contribuintes dos reservatórios e cursos d’água.

A Legislação de Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo,

Leis Estaduais n° 898/1975 e n° 1.172/19763 e Decreto Estadual nº 9.714/77 abrangem

as bacias de todos os reservatórios (existentes e projetados), que integram o sistema me-tropolitano de abastecimento de água, a saber: o Cantareira, o Guarapiranga-Billings e o Alto Tietê. A LPM definiu as Áreas de Proteção aos Mananciais – APM compreendendo 4.234 km² ou 53% do território da Região Metropolitana de São Paulo.

A Lei n. 898/1975 disciplina o uso do solo para a proteção dos mananciais, cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos de interesse na RMSP e a Lei n. 1.172/1976 delimita as áreas de proteção relativas aos mananciais cursos e reservatórios de água, a que se refere o artigo 2º da Lei 898/1975, que estabelece normas de restrição de uso do solo em tais áreas e dá providências correlatas.

A Lei de Proteção aos mananciais – LPM além de delimitar as Áreas de proteção aos Mananciais – APMs, pretende orientar a ocupação das bacias hidrográficas, estabele-cendo duas categorias de proteção e parâmetros de uso e ocupação do solo, de maneira a coibir o adensamento populacional e a poluição das águas.

As áreas determinadas como de 1ª Categoria, conforme art. 2º da Lei 898/1975, são áreas ambientalmente sensíveis e com papel importante no processo de produção de água. A LPM define áreas ou faixas non aedificandi junto aos cursos d’água, sendo 50m

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Fonte: Redesenho sobre imagem disponível em: http://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam2/repositorio/etmc/apm.htm. Acesso em 15 Jul.2008.

para as margens dos reservatórios, 20m a partir dos rios e afluentes definidos na Lei

898/1975 e, nos demais córregos, conforme determinação do Código Florestal4.

Enquadram-se também na primeira categoria, as áreas em cotas inferiores a 1,5m a partir do nível máximo dos reservatórios, as áreas onde as declividades médias fo-rem superiores a 60% e a superfície recoberta por mata e demais formas de vegetação nativa. O objetivo é de garantir maior permeabilidade do solo e infiltração da água da chuva evitando processos erosivos e assoreamento dos cursos d’água.

Nessas áreas são permitidas atividades de lazer, como: o excursionismo, exce-to o campismo; a prática de esporte, desde que não exija construção de edificações permanentes; serviços, obras e edificações destinadas à proteção aos mananciais, à regularização de vazões, ao controle de cheias e à utilização das águas para abasteci-mento e lazer sob controle.

4 O Código Florestal, Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965 inclui as matas ciliares na categoria de áreas de preser-vação permanente, em seu artigo 2º, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada relaciona-se com a largura do curso d’água. Os rios com menos de 10 m de largura - 30 m em cada margem; rios com 10 a 50m – 50 m de cada margem; rios com 50 a 200m – 100 de cada margem; rios com 200 a 600m – 200 m de largura. As nascentes deverão ter um raio de 50m. Os lagos ou reservatórios em áreas urbanas – 30m ao redor do espelho d’água; em área rural com área menor que 20 há – 50m; superior a 20 há – 100 m. As represas hidrelétricas – 100m ao redor do espelho d’água. Fonte: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771compilado.htm. Acesso em 20 Out.2008.

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Nas áreas de segunda categoria, segundo art. 3º da Lei 898/1975, praticamente todos os tipos de uso do solo são permitidos, desde que implantados de acordo com os parâmetros urbanísticos definidos pela Lei. Nelas pretende-se dar um uso e ocupação de densidade baixa e controlada, de acordo com o cálculo da densidade populacional e dos poluentes gerados.

Nessas áreas são permitidos os seguintes usos: residencial, industrial (de acordo com uma relação de indústria constante na Legislação de Zoneanento Industrial), co-mercial, serviços, institucional (exceto hospitais, salvo equipamentos de saúde pública que se destinem ao atendimento das populações locais), lazer, hortifruticultura, flores-tamento, reflorestamento e extração vegetal.

A legislação impõe restrição à ocupação, tornando-a mais rarefeita à medida que se afasta das áreas já consolidadas e das margens dos mananciais. Para tanto, houve a delimitação de três classes ou faixas de segunda categoria e parâmetros urbanísticos, densidades populacionais e taxas de impermeabilização para cada uma delas. A Classe A destina-se a área urbana com densidade de 50 hab/ha, permitindo lotes de 500 m², sendo 20% do terreno sem pavimentação. A Classe B são áreas destinadas à expansão urbana com densidade de ocupação variando entre 25 hab/ha e 34 hab/ha, tendo que deixar 30% da área do lote permeável. Classe C são as demais áreas, com densidade

entre 6 hab/ha e 24 hab/ha e a área permeável de 40%5.

Basicamente, a LPM pretendia evitar a expansão urbana, preservar as matas e garantir o equilíbrio entre a geração de cargas poluentes e a capacidade natural de depuração dos recursos hídricos. Então, para restringir a expansão urbana, os sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotos sanitários atendiam somente as áreas das classes A e B e os efluentes deveriam ser coletados e afastados das áreas de prote-ção. (MARTINS, op. cit.)

Para proteger os mananciais, vinte e sete municípios metropolitanos foram abrangidos pela legislação, dos quais oito ficaram totalmente inseridos nas Áreas de Mananciais6. Cerca de 80% dos mais de 4.300 km² de território abrangido, o limite máximo de densidade populacional foi estabelecido em 12 habitantes por hectare, cor-respondendo a lotes mínimos de cerca de 3.000 m².

5 Fonte: Disponível em: http://www.mananciais.org.br/site/legislacao/leisestaduais7576 . Acesso em: 28.Ago.2008 6 Dentre os 27 municípios envolvidos pela legislação, os de: Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São

Louren-ço da Serra, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm 100% de seus territórios em Área de Proteção aos Mananciais - APM. Os Municípios de Salesópolis e Vargem Grande Paulista têm, respectivamente, 98% e 93% do território em APM. Disponível em: http://www.fundacaofia.com.br/gdusm/apm.htm. Acesso em 10.Out. 2008.

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As fortes restrições ao uso e ocupação do solo e índices urbanísticos homogêneos, os quais não consideravam as especificidades locais, contribuíram intensamente para a desvalorização da terra e ocupação desordenada na área de mananciais. (ALVIM, et. al, 2007)

Além de sua própria complexidade, outros fatores colaboraram para o insucesso da Lei, dentre eles o funcionamento desarticulado dos órgãos responsáveis na aprovação de projetos e na fiscalização de uma área tão extensa e, a pressão social da população de baixa renda, que sem alternativa para moradia, aproveitou-se destas falhas, ocupan-do as áreas esquecidas pelo mercaocupan-do formal.

Segundo Martins (op. cit.), nas áreas tidas como de Proteção de Mananciais, nas bacias das represas Guarapiranga e Billings, diversos loteamentos foram implantados depois da promulgação da legislação de proteção de mananciais, estes, totalmente ile-gais. Isso demonstrava que nem a tão esperada mudança no quadro de ocupações destas áreas, nem o desejado isolamento dos corpos d’água ocorreram.

A situação se agrava e gera conflitos entre os diversos setores e usuários das águas, fomentando as discussões sobre a situação e o futuro deste recurso. A sociedade passou a questionar a forma como os governos gerenciavam os recursos naturais e exigiu me-canismos de participação e controle mais eficazes7.

Nesse clima de insatisfação, diante de uma legislação incapaz de conter as ocupa-ções irregulares e a crescente deterioração da qualidade das águas dos mananciais da RMSP, emerge com a abertura política promovida pelas Constituições de 1988 e 1989, uma nova postura, possibilitando a reformulação dos instrumentos legais na preserva-ção e recuperapreserva-ção dos mananciais não só da RMSP, mas de todo Estado de São Paulo. (WHATELY, op. cit)

Dessa forma, desde o início da década de 1990, há uma preocupação em imple-mentar um processo de planejamento e gestão com soluções articuladas e integradas entre as diversas esferas de governo e sociedade civil para a mitigação dos conflitos presentes nas áreas de mananciais da RMSP. (ALVIM, 2003)

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2.2 A NOVA LEI DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS

MANANCIAIS (1997)

Após mais de vinte anos de vigência da Lei de Proteção aos Mananciais – LPM da década de 1970, ocorreram mudanças no quadro político nacional, dentre elas, a mudança do regime político e, principalmente, a reforma constitucional, propiciando avanços significativos referentes aos instrumentos de políticas ambientais e urbanas.

A Constituição Federal (CF) de 1988, não destaca a questão da água, porém so-mente a União tem o poder de legislar sobre a água e a energia, podendo consentir aos Estados legislarem sobre o assunto, quando lhes é afeto. A Constituição do Estado de São Paulo de 1989 avança em relação a CF, instituindo os princípios de gestão integrada de bacias hidrográficas e as bases da política de recursos hídricos. (Capítulo IV – Dos Recursos Hídricos). (SMA,1995)

A regulamentação da Constituição pela Lei 7.663 de 30/12/1991 veio a estabelecer princípios e diretrizes à Política Estadual de Recursos Hídricos, criar o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH e, como órgãos colegiados, consultivos e deliberativos, de nível estratégico – o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e os Comitês de Bacias Hidrográficas. Tal política determina a adoção da bacia hidrográ-fica como unidade físico-territorial de planejamento, com processo de gerenciamento descentralizado e participativo; o reconhecimento do recurso hídrico como um bem público, de valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada; a compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com a proteção do meio ambiente e desenvolvi-mento sustentável; a participação da sociedade nos processos decisórios, através da

composição dos comitês de bacias hidrográficas8.

Entende-se por bacia hidrográfica, o conjunto de terras drenadas por um rio prin-cipal, seus afluentes e subafluentes. A idéia de bacia hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes, divisores de águas e características dos cursos de água,

prin-cipais e secundários, denominados afluentes e subafluentes9.

Segundo Alvim (2005), a bacia hidrográfica não envolve somente os recursos hídri-cos, inclui também, o território onde ela se insere. Adotando-se essa unidade regional para fins de planejamento, incentiva-se e facilita a participação da sociedade nos pro-cessos decisórios dos conflitos associados à água e seu entorno.

8 Disponível: http://www.rededasaguas.org.br/comite/comite_03.asp. Acesso em 20.nov.2007 9 Disponível: http://www.rededasaguas.org.br/bacia/bacia_01.asp. Acesso em 20.nov.2007

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A dificuldade na adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão é por não coincidirem as divisas político-administrativas com os divisores de águas. Existem tam-bém as inter-relações políticas e socioeconômicas entre as regiões e comunidades, que não respeitam nem as divisas nem os divisores. (SRH, 2002, p.1)

Apesar disso, em 1993, com a Lei 7.633/91 foram oficializadas inicialmente vinte, passando para 21 comitês de bacias no Estado de São Paulo nas 22 Unidades de Geren-ciamento de Recursos Hídricos – UGRHIs.

As UGRHIs constituem unidades territoriais “com dimensões e características que permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos” (art. 20 da Lei Estadual 7663 de 30/12/1991) e, em geral, são formadas por partes de bacias hidrográficas ou por um conjunto delas, não podendo ser consideradas como bacias hidrográficas.

Para Alvim (op. cit., p.164), embora a URGHI seja o recorte referencial da gestão de recursos hídricos no Estado, é na instância do Comitê de Bacia que as ações são coloca-das em prática. Essa autora destaca que se o Comitê é como um fórum político, o qual representa o interesse dos municípios em relação a seus recursos hídricos. Presume-se que, quando necessário, a sua área de atuação incorpore todo o município.

Dentre as 21 URGHIs, a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, região análoga a do Estado de São Paulo, corresponde à UGRHI 06. A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê é aquela que abriga maior contingente populacional (cerca de 17.780 milhões de habitantes segundo IBGE, 2000), pois nela se localiza a Região Metropolitana de São Paulo. Nessa bacia foi constituído, em 1994, o Comitê do Alto Tietê e subdividido em cinco subcomitês cor-respondentes a cinco sub-bacias, considerando as dimensões da bacia e especificidades locais (Alvim, op.cit.). São eles: Pinheiros – Pirapora, Tietê – Cabeceiras, Cotia – Guarapi-ranga, Juqueri – Cantareira e Billings – Tamanduateí.

Dessas sub-regiões, aquelas relativas às áreas Cotia/ Guarapiranga e Billings/ Ta-manduateí são as que merecem maior atenção, pois, além de conterem importantes mananciais ao sul da região metropolitana, elas são as que sofrem maior ameaça em suas águas, como decorrência do intenso processo de loteamentos e ocupações irregu-lares, além do despejo do esgoto proveniente de parte da metrópole.

Diante de um quadro problemático de escassez de água e deterioração de manan-ciais para abastecimento da RMSP, emergiram muitas reivindicações e debates entre representantes do Estado e sociedade civil, demonstrando a necessidade da reformu-lação da LPM, que foi finalmente instituída em 28 de novembro de 1997, como Lei 9.866/1997.

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Tendo como sistema gestor a Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 6733/ 1991), esta lei, sobretudo, prioriza a água dos mananciais protegidos para o abastecimento público em detrimento de qualquer outro interesse. Sendo seu objetivo preservar e recuperar os mananciais de interesse regional no Estado de São Paulo, não se limita somente aos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, como na legislação de proteção aos mananciais da década de 1970. (WHATELY, op. cit)

Em vista disso, segundo o WHATELY (ibidem), a nova LPM estabelece uma política integrada, descentralizada e participativa, envolvendo a população, município e go-verno estadual na preservação dos mananciais, tal qual a Política Estadual de Recursos Hídricos, sendo o Comitê ou os subcomitês responsáveis pela gestão da bacia e da lei. Para tanto, visa integrar a política habitacional à preservação ambiental, compatibi-lizando o uso, a ocupação do solo e o desenvolvimento econômico com diretrizes e normas para a proteção e recuperação da qualidade ambiental das bacias hidrográficas dos mananciais.

A Lei 9.866/1997, advinda de modificações na postura institucional, segundo Alvim (2003), pode ser considerada um instrumento contemporâneo de planejamento ambiental mais democrático, que procura atender as especificidades locais. A lei estabelece também um conjunto de diretrizes e normas de orientação que dependem da elaboração de leis específicas no âmbito de cada sub-bacia.

Deste modo, conforme a Lei 9.866/1997, a Área de Proteção e Recuperação dos Ma-nanciais – APRM pode abranger uma ou mais sub-bacias hidrográficas dos maMa-nanciais de interesse regional para abastecimento público. As APRMs são definidas e delimitadas mediante proposta do Comitê de Bacia Hidrográfica e por deliberação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH, ouvidos o Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA – e o Conselho de Desenvolvimento Regional – CDR , e criadas por lei esta-dual.

A gestão das APRMs está vinculada ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Re-cursos Hídricos – SIGRH, que garante a articulação com os Sistemas de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Conforme o Quadro 2.1 a seguir:

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Quadro 2.1. Sistema de Gestão de Recursos Hídricos

Fonte: Redesenho sobre imagem disponível em: http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/basecon/lrh2000/anexos/sistemadegestoderecur-soshdricos.htm. Acesso em 06.Set.2008

Segundo a Lei, estão previstos instrumentos de planejamento e gestão para as APRMs, como as áreas de intervenção e respectivas diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse regional; as normas para implantação de infra-estrutura sanitária; os mecanismos de compensação financeira aos Municípios; o Plano de De-senvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA; o controle das atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente, capazes de afetar os mananciais; o Sistema Gerencial de Informações; e a imposição de penalidades por infrações às disposições desta lei e das leis específicas de cada APRM.

As Áreas de Intervenção devem ser criadas em cada APRM, para a aplicação de dispositivos normativos de proteção, recuperação e preservação dos mananciais e para a implementação de políticas públicas, além de elaborar o Plano de Desenvolvimento

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Quadro 2.2. Áreas de Intervenção

Com a criação dessas áreas pretende-se disciplinar a ocupação e o uso do solo, e assim possibilitar a recuperação de áreas degradadas e a preservação dos recursos naturais.

Dentre as principais causas de deterioração ambiental está a falta de infra-estrutu-ra sanitária. Com relação à implantação de sistema coletivo de tinfra-estrutu-ratamento e disposição de resíduos sólidos domésticos em APRM (art. 20), será proibida em Áreas de Restrição à Ocupação. A implantação só poderá ocorrer se não houver alternativa e, deverá aten-der normas, índices e parâmetros específicos para as APRMs, a serem estabelecidos por instituição ambiental competente.

Os municípios também devem adotar programas integrados de gestão de resíduos sólidos que incluam, entre outros, a minimização dos resíduos, a coleta seletiva e a reciclagem. (Cap. IV, Seção II, arts. 20 a 24)

O lançamento de efluentes líquidos residenciais em APRM será admitido, desde

que recebam tratamento compatível com a classificação do corpo d’água receptor10.

10 O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA na resolução nº 20 de 18 de junho de 1986, classificou as águas doces em 5 classes: Classe especial, Classes 1, 2, 3 e 4. Somente a Classe 4 não é destinada para o abastecimento doméstico. A Classe Especial pode ser utilizada sem prévia ou com simples desinfecção; a Classe 1 necessita de tra-tamento simplificado e a Classe 2 e 3 necessitam de tratra-tamento convencional para o abastecimento doméstico. Disponivel em: http://sigam.ambiente.sp.gov.br/Sigam2/legisla%C3%A7%C3%A3o%20ambiental/lei%20est%20

1997_09866.pdf. Acesso em: 01.Nov.2008

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 2 Quadro 2 Quadro 2 Quadro 2 Classes Classes Classes

Classes CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Atividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidas

Áreas de Restrição à Ocupação Áreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à Ocupação

Áreas de Restrição à Ocupação Áreas de preservação permanente e de interesse para a proteção dos mananciais

Área de preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação Dirigida

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas para consolidação de usos rurais ou urbanos São permitidas, desde que ofereça as condições ambientais necessárias à produção de água

Áreas de Recuperação Ambiental Áreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação Ambiental Áreas de Recuperação Ambiental

Apresentam usos e ocupações que comprometem a quantidade e qualidade dos mananciais de abastecimento público

Necessitam de intervenção de caráter corretivo. Posteriormente, poderão ser reenquadradas pelo PDPA nas 2 classes acima

Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção

e Proteção Ambiental (PDPA). (MARTINS, 2006; ALVIM, 2003, 2007). De acordo com a lei 9.866/ 1997, Cap. IV, a APRM, conforme Quadro 2.2, pode ser dividida em: Áreas de Restrição à Ocupação, Áreas de Ocupação Dirigida e Áreas de Recuperação Ambiental.

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Os efluentes líquidos de origem industrial deverão ser afastados das APRMs, exceto se for comprovada a inviabilidade técnica e econômica do afastamento e se os efluentes conterem exclusivamente cargas orgânicas não tóxicas. Para infiltração devem se pre-viamente tratados de forma compatível com a classificação do corpo d’água receptor. (Cap. IV, Seção II, arts. 25 e 26)

Dentre os principais instrumentos de planejamento e gestão está o Plano de De-senvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA (Cap. VI), que deverá servir de subsídio para o Projeto de Lei específica, organizando as ações e investimentos de proteção de cada uma das APRMs. O plano visa estabelecer políticas setoriais relativas a habitação, transporte, manejo de recursos naturais, saneamento ambiental e infra-estrutura, que de alguma maneira provoque danos aos mananciais; articular e promover ações para atrair ou induzir a instalação de empreendimentos e atividades compatíveis e desejáveis; orientar outras políticas de proteção; propor metas e normas nas áreas sob intervenção; definir programas de fiscalização e controle e educação ambiental; estabelecer projetos e ações de recuperação, proteção e conservação da qualidade ambiental.

Na tentativa de coibir os danos ambientais nas APRMs, as infrações foram classifi-cadas em leves, graves e gravíssimas, considerando-se a possibilidade de reparação dos danos ambientais. (Cap. VIII, art.35, inciso I a III)

De acordo com as infrações, as sanções vão desde advertências, multas, até pena-lidades de embargo e demolição, que poderão ser impostas na hipótese de obras ou construções feitas sem licença ou com ela desconformes, podendo ser aplicadas sem prévia advertência ou multa, quando houver risco de dano ao manancial.

Dada a gravidade da situação da área de proteção dos mananciais, nos anos de 1990, a nova legislação abriu a possibilidade, enquanto aguardava-se a lei específica, do Estado implementar ações mais imediatas, consideradas pela lei, obras emergen-ciais. Isso seria possível se as condições ambientais e sanitárias da bacia ameaçassem a vida e a saúde pública ou comprometessem a utilização dos mananciais para fins de abastecimento.

A Nova Lei dos Mananciais (Lei 9.866/1997), regulamentada pelo Decreto nº 43.022/1998, define as obras emergenciais como aquelas consideradas necessárias ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, conten-ção de erosão, estabilizaconten-ção de taludes, fornecimento de energia elétrica, controle da poluição das águas e revegetação. Estas obras devem constar de Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana da Grande São Paulo e deverão ser aprovadas pelo órgão colegiado (Comitê).

(16)

As intervenções urbanísticas em área de proteção aos mananciais, antes proibidas, foram possíveis com a promulgação da Lei Estadual 9866/1997, ou seja, a implemen-tação de ações para execução de obras emergenciais é permitida nos casos em que as condições ambientais e sanitárias apresentem riscos à segurança e saúde pública ou comprometam mananciais para fins de abastecimento.

Para tanto, seria formado um Grupo Técnico com representantes da Secretaria do Meio Ambiente, Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA, Departamen-to de Avaliação de ImpacDepartamen-to Ambiental – DAIA, DepartamenDepartamen-to Estadual de Proteção e de Recursos Naturais – DEPRN, Departamento do Uso do Solo Metropolitano – DUSM, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, Secretaria da Habi-tação; Secretaria de Energia, e Secretaria da Saúde.

Anexo ao Decreto 43.022/1998 há uma classificação das áreas de drenagem dos braços dos reservatórios ou sub-bacias dos mananciais e tipos de intervenção permi-tidos no Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da RMSP, no Reservatório Billings na sub-bacia dos rios Alvarengas e Lavras corresponde ao Nível II de Criticidade, conforme Quadro 2.3.

Quadro 2.3. Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório Billings ou de sub-bacias e níveis de criticidade

Fonte: ANEXO do Decreto nº 43.022, de 7 de abril de 1998 que regulamenta a Lei nº 9.866/97

Quadro 3 Quadro 3Quadro 3 Quadro 3

ÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DE ÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DE ÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DE ÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DE

SUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAIS SUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAIS SUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAIS

SUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAIS Nível de Criticidade

Cocaia II Bororé II Taquacetuba I Pedra Branca I Capivari I Pequeno I Grande I Apurás II Guacuri II Grota Funda II Alvarengas/Lavras II

Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Sub-Bacias

BaciasBacias Bacias

do Nível Criticidade dos Mananciais do Nível Criticidade dos Mananciaisdo Nível Criticidade dos Mananciais do Nível Criticidade dos Mananciais

O grau de degradação dos mananciais é indicado pelo Nível de Criticidade: o nível I é atribuído a mananciais que não se encontram em estágio acentuado de degradação, áreas com ocupações esparsas cuja localização e densidade demográfica não se consti-tuem em risco de vida à saúde pública.

(17)

O nível II são mananciais em estágio de degradação, áreas com ocupações consoli-dadas cuja localização e densidade constituem-se em risco de vida à saúde pública.

No referido decreto, os tipos de intervenção permitidos em mananciais classificados como de nível I, são obras necessárias para controle da poluição das águas, contenção de erosão, estabilização de taludes e revegetação. Sendo que as obras necessárias ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e forne-cimento de energia elétrica, somente são permitidas em núcleos populacionais cuja densidade seja maior que 100 hab/ha. Nos de nível II, caso do Alvarengas, área a ser estudada, são de obras necessárias ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, fornecimento de energia elétrica, controle da poluição das águas, contenção de erosão, estabilização de taludes e revegetação.

Dentre as ações do Plano de Intervenção para compensação ambiental em assen-tamentos localizados em área de proteção de mananciais, particularmente no local a ser estudado, está a compensação ambiental, que é parte de um conjunto de diretrizes para o estabelecimento de uma política ambiental no município: informar e cons-cientizar a população local sobre os problemas oriundos da ocupação desordenada e adensamento habitacional em áreas de mananciais e dos objetivos a serem alcançados pelo plano, incentivar os moradores a criar espaços de permeabilidade em calçadas e quintais, campanha de arborização dada a importância das árvores para melhorar a permeabilidade do solo, equilíbrio hidrológico e climático, e, estimular a participação da comunidade e a formação de Comitê de Desenvolvimento Sustentável, para orientar a população. (PMSBC- PROCESSO 2179/2000)

O Comitê de Desenvolvimento Sustentável será o fórum de discussões entre a po-pulação local e o poder público, em problemas socioambientais locais, sejam estes cotidianos ou em ações estratégicas propostas pelo Plano em questões ambientais e em sua melhoria. (Ibidem)

2.2.1 O papel do Subcomitê Billings-Tamanduateí

Os comitês de Bacias Hidrográficas foram criados pela lei que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos (7.663/1991) para gerenciar a água em todas as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (URGHI) do Estado de São Paulo de maneira

descentralizada, integrada e com a participação da sociedade11.

(18)

Antes, o gerenciamento da água era feito de forma isolada por municípios e Es-tado, com informações dispersas de órgãos técnicos ligados ao assunto e com dados incompatíveis. A dificuldade em obter informações concretas repercutia no planeja-mento de obras para captação, abasteciplaneja-mento, distribuição, despejo ou trataplaneja-mento da água, etc, resultando em operações desnecessárias e desperdício de dinheiro público. Isso demonstrou a falta de integração das políticas públicas e de eficiência na gestão dos recursos naturais, o que colaborou na degradação de muitos corpos d’água (Ibidem).

Então, para gerir os recursos hídricos, foram constituídos os Comitês de Bacias, que são organismos responsáveis não só pela gestão dos recursos hídricos, mas também do território que integra a bacia. Suas ações, sobretudo, visam buscar integrações interse-toriais e interinstitucionais, minimizando os conflitos dos recursos hídricos no território a ser gerido. Na Região Metropolitana de São Paulo, que apresenta a escassez de água para abastecimento público, a política de uso e ocupação do solo é fundamental para controle da expansão urbana, visto que este é um dos principais conflitos que interfe-rem na disponibilidade de água desta região. (ALVIM, 2003)

Os comitês são colegiados tripartites compostos por representantes de municípios (prefeitos), de órgãos estaduais e de entidades representativas da sociedade civil (ONGS, universidades, associações) em igual número. Essa composição visa garantir a todos os integrantes do colegiado os mesmos direitos na tomada de decisões que irão influen-ciar na melhoria da qualidade de vida da região e no desenvolvimento sustentado da

bacia. Por isso, os comitês de bacia são considerados “o parlamento das águas”12.

Para ALVIM (2003), o papel do Comitê de Bacia é importante, por ser o órgão que delibera sobre todas as questões que envolvem a água e os elementos que se rela-cionam a ela. Emite pareceres sobre os programas de intervenção da Agência, elege seu Conselho de Administração, fixa tarifas e, é consultado sobre o planejamento dos limites da bacia e da viabilidade de trabalhos na área. Assim, o Comitê de Bacia exerce papel fundamental na gestão integrada de bacia, coordenando todas as instituições que atuam neste território.

A importância dos comitês está em possibilitar a discussão e planejamento para solução de conflitos entre diferentes atores e diferentes esferas de governo. Porém, o desafio encontra-se em intermediar a heterogeneidade de interesses e conseguir chegar a um consenso, sem, no entanto, ferir o interesse público.

(19)

13 O Consórcio Intermunicipal do ABC é composto dos seguintes municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Disponível em: http://www.rededasa-guas.org.br/comite/comite_01.asp. Acesso em 06 Jun.2008.

A participação do Comitê e subcomitês no Plano Emergencial da Bacia do Alto Tietê, segundo ALVIM (2003) são evidentes no processo de gestão dos mananciais, não se restringindo a delimitação das sub-bacias, elaboração de leis específicas ou definição das ações do Plano Emergencial. Com os subcomitês integrando o sistema de gestão de mananciais à gestão dos recursos hídricos, permite-se maior proximidade com proble-mas locais em suas especificidades e na articulação entre as políticas ambientais e as de uso e ocupação do solo.

O Comitê de Bacia do Alto Tietê, foro responsável pela gestão das águas da Ba-cia Hidrográfica do Alto Tietê, foi subdividido em cinco sub-comitês correspondendo às cinco sub-bacias: Cotia-Guarapiranga, Billings-Tamanduateí, Juqueri-Cantareira, Pi-nheiros-Pirapora e Alto Tietê. Cada qual agregando representantes dos municípios que têm sua maior extensão territorial na sub-bacia, além do município de São Paulo que participa de todas as instâncias, devido a sua importância econômica e social dentre os municípios integrantes.(AGUILAR, 2007, p.7)

No caso do subcomitê Billings-Tamanduateí, a maior preocupação envolve a sub-bacia Billings, a deterioração de suas águas e o seu futuro com o empreendimento de ações para recuperação de seus mananciais. A sub-bacia é uma região altamente industrializada e urbanizada, daí a importância da articulação entre a gestão hídrica-ambiental e o uso do solo. (ALVIM, op.cit.)

Para tanto, esse subcomitê possui importante articulação regional com: o

Consór-cio Intermunicipal do ABC13, o Fórum da Cidadania, a Agência de Desenvolvimento do

ABC e a Câmara Regional do ABC, conjuntamente com a sociedade civil, que exerce um importante papel nas tomadas de decisões. (idem,ibidem)

Segundo Alvim (ibid.), dada a complexidade política da área, o sub-comitê Billings-Tamanduateí tem a difícil tarefa de conseguir o consenso entre as partes (sociedade civil, organizações municipais e regionais). Assim como para Neder (2001 apud ALVIM, 2003), não basta possuir o conhecimento das especificidades locais e de diagnósticos elaborados pelos órgãos públicos para a solução dos conflitos.

(20)

2.3 O Projeto de Lei Específica para a Sub-bacia Billings

O Projeto de Lei Específica da APRM Billings, em sua minuta, foi aprovado pelo sub-comitê em 26/04/2007, assinado pelo governador do estado de São Paulo em 24/09/2008 e encaminhado à Assembléia Legislativa.

Esse Projeto de Lei é fruto de discussões públicas com o envolvimento de toda a sociedade, tendo como principal referência a Lei Específica da APRM Guarapiranga ou Lei Estadual nº 12.333/2006. Para ALVIM et al. (2008), a Lei Específica da Guarapiranga representa um importante avanço quanto à instituição de uma nova forma de enfren-tar as especificidades da sub-bacia.

O Projeto de Lei Específica da Billings, assim como a Lei Específica da Guarapiran-ga ,procuram considerar as particularidades das subáreas integrantes, respeitando as suas características e estabelecendo mecanismos para controle e reversão dos danos ambientais decorrentes das ações antrópicas. (AGUILAR, op. cit.)

Ainda segundo ALVIM (op.cit.), as leis específicas de ambas as bacias, apesar de estarem em estágios diferentes, consideram as leis municipais, sobretudo, os Planos Di-retores que ordenam o uso e a ocupação do solo, importantes na definição do conjunto de índices adequados para cada sub-área, objetivando a melhoria de disponibilidade da água. Entretanto, esta mesma autora aponta que, ao incorporar as premissas dos Planos Diretores, a questão da preservação ficou de lado, pois poucas áreas de restrição à ocupação urbana foram indicadas. Esse assunto é importante e deverá ser discutido mais a frente.

As leis específicas de cada APRM estão fundamentadas nas diretrizes da Lei Esta-dual de proteção e recuperação de mananciais (lei nº 9.866/1997), basicamente com o objetivo de adequar o controle de uso e ocupação do solo a parâmetros ambientais para garantir água em quantidade e qualidade necessária. Deve ainda, determinar os limites de cada APRM, definir diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse regional; estabelecer as Áreas de Intervenção para proteção e recuperação dos manan-ciais para abastecimento. (WHATELY; SANTORO; TAGNIN, 2008)

Com a aprovação da Lei Específica, conforme o Capítulo I art. 2º § 3º, o Sistema de Planejamento e Gestão da APRM – Billings estará vinculado ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH, garantindo a articulação com os Sistemas de Meio Ambiente, de Saneamento e de Desenvolvimento Regional. O órgão colegiado do Sistema de Planejamento e Gestão da APRM–B, de caráter consultivo e deliberativo será o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – CBH–AT, que atuará através de seu Escritório Regional.

(21)

Os principais objetivos da lei são: assegurar a produção de água da Bacia Hidrográ-fica do Reservatório Billings para a Região Metropolitana de São Paulo, compatibilizando com a ocupação antrópica; garantir a prioridade no atendimento às populações já re-sidentes na Bacia; propiciar a recuperação e melhoria das condições de moradia com a implementação de infra-estrutura de saneamento ambiental e as medidas compensa-tórias para a regularização urbanística, ambiental, administrativa e fundiária; garantir, nas áreas consideradas de risco ou de recuperação ambiental a implementação de programas de reurbanização, remoção e realocação de população, bem como a recu-peração ambiental; manter a integridade das Áreas de Preservação Permanente, dos

remanescentes de Mata Atlântica e Unidades de Conservação14, de maneira a garantir a

proteção, conservação, recuperação e preservação da vegetação e diversidade biológica natural.

Dentre os instrumentos de planejamento e gestão da Lei 9.866/1997 estão o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA; as Áreas de Intervenção, suas nor-mas, diretrizes e parâmetros de planejamento e gestão da bacia; os Planos Diretores e as respectivas leis municipais de parcelamento, de uso e ocupação do solo, devidamente adequadas às normas e parâmetros estabelecidos por esta lei; o Sistema de Monitora-mento e Avaliação Ambiental; o Sistema Gerencial de Informações – SGI; o Modelo de

Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água – MQUAL15; o licenciamento,

a regularização, a fiscalização, a compensação financeira, urbanística, sanitária e am-biental. (WHATELY; SANTORO, TAGNIN, op.cit)

No rrojeto de Lei, a bacia é dividida em Compartimentos Ambientais, que são unidades de planejamento (vide figura 2.2) com características ambientais próprias, originadas pelos braços dos cursos d’água que deram origem ao Reservatório Billings, criadas com o objetivo de definir diretrizes, metas e normas ambientais e urbanísticas diferenciadas; e, Áreas de Intervenção ou “Área-Programa” sobre as quais estão defini-das as diretrizes e normas ambientais e urbanísticas voltadefini-das para garantir a produção hídrica.

14 A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Esta lei entende como unidade de conservação: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. (Cap.I, art. 2º, parágrafo I)

15 Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL): é definido no projeto de lei especifica da Billings como: “representação matemática a ser adotada como medida de fluxo das cargas poluidoras, relacio-nando, obrigatoriamente, a qualidade da água dos corpos afluentes ao Reservatório Billings, com a intensidade do uso, ocupação e manejo do solo no interior da Bacia Hidrográfica” (Cap. III, Art. 4º § III)

(22)

Foram estabelecidos no capítulo 5 do Projeto de Lei, de acordo com a figura 2.2, cinco Compartimentos ambientais:

Corpo Central I – constituído dos afluentes naturais contribuintes do Corpo •

Central do Reservatório, onde predomina ocupação urbana consolidada, es-tando estes inseridos nos Municípios de São Paulo, Diadema e São Bernardo do Campo;

Corpo Central II – constituído pelos contribuintes do Corpo Central do Reserva-•

tório na área de expansão urbana do Município de São Bernardo do Campo; Taquacetuba-Bororé - constituído pela Península do Bororé e áreas de drena-•

gem das sub-bacias contribuintes do braço do Taquacetuba situadas em suas margens Oeste e Sul, inseridas nos Municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo;

Rios Grande e Pequeno – constituído dos braços dos Rios Grande e Pequeno, •

incluindo as sub-bacias de contribuição do Pedroso e Ribeirão da Estiva, inseri-dos nos Municípios de Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra; Capivari - Pedra Branca - constituído dos braços Capivari e Pedra Branca, inse-•

ridos nos Municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo.

Figura 2.2. Compartimentos Ambientais

(23)

No projeto constituem-se parâmetros urbanísticos básicos para a instalação de usos urbanos, residenciais e não-residenciais ou qualquer outra forma de ocupação como o lote mínimo, cota-parte, coeficiente de aproveitamento, taxa de permeabili-dade e índice de área vegetada. O índice de área vegetada – IVG será exigido para lote com área igual ou superior a 250m², correspondendo a, no mínimo, metade da taxa de permeabilidade estabelecida para cada subárea de ocupação dirigida.

O Projeto de Lei estabelece três categorias de área de intervenção: as Áreas de Res-trição à Ocupação, as Áreas de Ocupação Dirigida e as Áreas de Recuperação Ambiental. (QUADRO 2.4)

No entanto, conforme podemos observar na Figura 2.3, das três categorias des-critas, somente duas prevalecem: a área de ocupação dirigida e a de recuperação ambiental. As áreas de restrição a ocupação resumem-se a raros pontos. Entretanto, comparando as Áreas de Intervenção (Figura 2.3) com a de Remanescentes Florestais (Figura 2.4) notamos que existem muitas áreas em estado avançado de regeneração que poderiam ser classificadas nas áreas de restrição a ocupação.

Segundo Whately; Santoro; Tagnin (2008, p.22), grande parte da sub-bacia foi clas-sificada como Área de Ocupação Dirigida e poucas como Área de Restrição a Ocupação, considerando apenas algumas Unidades de Conservação existentes. As áreas definidas como Baixa Densidade e de Conservação Ambiental apresentam partes do território que concentram 80% do que restou de vegetação na região, que tem papel fundamental no processo de produção de água” e poderiam ser incluídas nas áreas restritas. (ISA, 2007)

Quadro 2.4. Áreas de Intervenção

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 4 Quadro 4 Quadro 4 Quadro 4 Classes ClassesClasses

Classes CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Atividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidas

Áreas de Restrição à Ocupação Áreas de Restrição à Ocupação Áreas de Restrição à Ocupação Áreas de Restrição à Ocupação

Áreas de preservação permanente e de interesse para a proteção e recuperação dos recursos naturais Faixa non aedificandi 50 metros de largura (contados a partir da cota máxima do reservatório – cota 747m)

Atividades de recreação e lazer, educação ambiental e pesquisa científica

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas para consolidação de usos rurais ou urbanos Obras de saneamento

Áreas de Recuperação Ambiental Áreas de Recuperação Ambiental Áreas de Recuperação Ambiental Áreas de Recuperação Ambiental

Apresentam usos e ocupações que comprometem a quantidade e qualidade dos mananciais de abastecimento público

Atividades que ofereçam condições ambientais necessárias à produção de água

Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção

(24)

Vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração

Várzea

Figura 2.3. Áreas de Ocupação Dirigida: Áreas de Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana Consolidadas – SUC Ocupação Urbanas Controladas – SUCt, Ocupação de Baixa Densidade – SBD e de Conservação Ambiental – SCA

Fonte: Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/pdf/apresentacaoleiespecificabillings.pdf. Acesso em 29 Set.2008

Figura 2.4. Remanescentes Florestais em 2006 e Áreas de Preservação Permanente

(25)

As Áreas de Ocupação Dirigida indicadas na Figura 2.3 subdividem-se nas Áreas de Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana Consolidadas – SUC, Ocupação Urbanas Controladas – SUCt, Ocupação de Baixa Densidade – SBD e de Conservação Ambiental – SCA. (QUADRO 2.5)

Quadro 2.5. Áreas de Ocupação Dirigida

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 5 Quadro 5Quadro 5 Quadro 5 Classificação Classificação Classificação

Classificação CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas AçõesAçõesAçõesAções Subárea de Ocupação Especial

Subárea de Ocupação Especial Subárea de Ocupação Especial Subárea de Ocupação Especial SOE

SOE SOE SOE

Área de recuperação ambiental e urbana - favelas

Implantação de infra-estrutura sanitária e reurbanização de favelas, por meio de ações integradas entre o setor público,

empreendedores privados e moradores locais.

Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada SUC

SUC SUC SUC

Área com danos ambientais causados por ações antrópicas

Implantação de infra-estrutura básica; equipamentos públicos; e, ampliar o percentual de área permeável e cobertura de florestal.

Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada SUCt

SUCt SUCt SUCt

Áreas urbanas degradadas para requalificação e recuperação

Implantar novos empreendimentos com saneamento ambiental adequado, e, estimular a ampliação de sistemas de áreas verdes.

Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade SBD

SBD SBD SBD

Limitar os investimentos em sistema viário Promover atividades econômicas compatíveis e incentivar a implantação de sistemas autônomos, individuais ou coletivos, de afastamento, tratamento e destinação final de efluentes líquidos.

Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental SCA

SCA SCA SCA

Induzir a expansão urbana pela ampliação da capacidade do sistema viário

Incentiva ações e programas de manejo, compensação, recuperação e conservação da cobertura florestal; e incentiva a implantação de sistemas autônomos, individuais ou coletivos, de afastamento, tratamento e destinação final de efluentes líquidos.

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida

O compartimento ambiental que envolve a área de estudo corresponde ao Corpo Central I, onde predomina ocupação urbana consolidada. Inserido nos Municípios de São Paulo, Diadema e São Bernardo do Campo. Nele são permitidos lotes com área mí-nima de 250m², porém na subárea de Ocupação Especial – SOE, conforme Quadro 2.6, não há definição da área mínima do lote.

As Áreas de Recuperação Ambiental são as que em razão dos usos e ocupações comprometem a qualidade e a quantidade das águas dos mananciais, exigindo ações de caráter corretivo. São subdivididos em ARA1, ARA2 e AER. (QUADRO 2.2.)

(26)

Quadro 2.6. Áreas de Intervenção e Áreas de Ocupação Dirigida

Quadro 2.7. Áreas de Recuperação Ambiental

Fonte: Projeto de Lei Específica da APRM Billings

Corpo Central I Corpo Central ICorpo Central I

Corpo Central I Corpo CentralCorpo CentralCorpo CentralCorpo CentralII IIII

II TaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaBororé –Bororé –Bororé –Bororé – Rio Grande eRio Grande eRio Grande eRio Grande ePequenoPequenoPequenoPequeno Pedra BrancaPedra BrancaPedra BrancaPedra BrancaCapivari – Capivari – Capivari – Capivari – Lote Mínimo (m²) Coef. de Aproveitamento Tx. de Permeabilidade (%) Índ. de área vegetada (%) Lote Mínimo (m²) 250 250 250 250 -Coef. de Aproveitamento 2,5 1 1 2 -Tx. de Permeabilidade (%) 15 15 15 15 -Índ. de área vegetada (%) 8 8 8 8 -Lote Mínimo (m²) 250 250 250 250 500 Coef. de Aproveitamento 2 1 1 1 0,8 Tx. de Permeabilidade (%) 20 20 20 20 40 Índ. de área vegetada (%) 10 10 10 10 20 Lote Mínimo (m²) 500 500 1000 3000 5000 Coef. de Aproveitamento 0,5 0,5 0,2 0,5 0,2 Tx. de Permeabilidade (%) 40 40 50 70 70 Índ. de área vegetada (%) 20 20 25 35 35 Lote Mínimo (m²) 5000 5000 7500 7500 10000 Coef. de Aproveitamento 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 Tx. de Permeabilidade (%) 90 90 90 90 90 Índ. de área vegetada (%) 45 45 45 45 45 250 2,5 15 8 Subárea de Ocupação Especial

Subárea de Ocupação Especial Subárea de Ocupação Especial Subárea de Ocupação Especial SOE

SOE SOE SOE

Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada SUC SUC SUC SUC

Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Controlada Controlada Controlada Controlada SUCt SUCt SUCt SUCt

Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade SBD

SBD SBD SBD

Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental SCA

SCA SCA SCA

Áreas de Intervenção. Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Intervenção. Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Intervenção. Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Intervenção. Áreas de Ocupação Dirigida

Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção Áreas de Intervenção

Áreas de Intervenção Índices UrbanísticosÍndices UrbanísticosÍndices UrbanísticosÍndices Urbanísticos

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 7 Quadro 7 Quadro 7 Quadro 7 Classificação Classificação Classificação

Classificação CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Ações previstasAções previstasAções previstasAções previstas Área de Recuperação Ambiental 1 –

Área de Recuperação Ambiental 1 – Área de Recuperação Ambiental 1 – Área de Recuperação Ambiental 1 – ARA 1

ARA 1 ARA 1 ARA 1

Assentamentos habitacionais de interesse social pré-existentes, desprovidos de infra-estrutura de saneamento ambiental

Serão desenvolvidos programas de recuperação urbana e ambiental pelo Poder Público e possível parceria com agentes privados - objeto do Programa de Recuperação de Interesse Social – PRIS.

Área de Recuperação Ambiental 2 – Área de Recuperação Ambiental 2 –Área de Recuperação Ambiental 2 –Área de Recuperação Ambiental 2 – ARA 2

ARA 2 ARA 2 ARA 2

Áreas degradadas previamente identificadas Deverão ser imediatamente recuperadas pelos responsáveis pelo dano ambiental - objeto de Projeto de Recuperação Ambiental em Mananciais – PRAM.

Área de Estruturação Urbana Área de Estruturação Urbana Área de Estruturação Urbana Área de Estruturação Urbana Rodoanel – AER

Rodoanel – AERRodoanel – AER Rodoanel – AER

Área de influência direta do Rodoanel Mário Covas. O Rodoanel como indutor em potencial de expansão urbana em áreas totalmente desprovidas de infra-estrutura de saneamento acarretando em poluição, desmatamentos e outros conflitos

O Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental do Reservatório Billings – PDPA deverá elaborar o Programa de Estruturação Urbana Rodoanel

Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida Áreas de Ocupação Dirigida

(27)

O Projeto de Lei propõe diminuir as cargas poluidoras da represa, reprimir a ex-pansão urbana, minimizar o quadro de degradação ambiental e poderá permitir a regularização de empreendimentos, edificações e parcelamento de solo existente, ain-da que não atenain-dam aos parâmetros urbanísticos e ambientais nela estabelecidos para os novos empreendimentos.

Segundo Boletim da SMA (2008)16, com a aprovação desta lei pretende-se: diminuir

os níveis de poluição das águas da Bacia Billings em 70%; estabelecer mecanismos de regularização mediante compensação que pode ser de caráter urbanístico, ambiental ou monetária, o que não significa regularização com anistia aos assentamentos irre-gulares; instituir, nas áreas declaradas de interesse social, Programa de Recuperação e Interesse Social – PRIS, a ser definido pelo município; e, definir a compensação ambien-tal medida pelo índice de área vegetada (IVG)17.

Como já colocado, o Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água – MQUAL18 é um dos principais instrumentos definidos pelo Projeto de Lei. O modelo de simulação MQUAL, idéia central da lei, utilizou-se de dados como da distri-buição populacional (IBGE, 2000), disponibilidade de infra-estrutura sanitária e análise da qualidade da água dos municípios integrantes da sub-bacia. A partir, desses resul-tados, as cargas-limite estabelecidas para os municípios da bacia servirão para balizar o planejamento de uso e ocupação do solo, somando-se a elas as ações de preservação e recuperação urbana e ambiental, instalação de infra-estrutura e estruturas de redu-ção à poluiredu-ção que resultariam na melhoria da qualidade da água. (MARTINS, op. cit.); (SMA.2004); (WHATELY; SANTORO; TAGNIN, op.cit)

Por meio dessas simulações é possível identificar, segundo Martins (id.), que o po-tencial poluidor de aglomerações sem infra-estrutura de saneamento, é cerca de cinco vezes maior do que as que possuem tais serviços, podendo haver redução de cargas com a implementação de áreas verdes. Porém, estes aspectos considerados (população, sistema de tratamento de esgotos e geração de cargas poluidoras) possuem variáveis que poderiam mitigar os danos da urbanização ao ambiente.

16 Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/verNoticia.php?id=183. Acesso em 25 Out.2008

17 O Índice de Área Vegetada – IVG consiste no plantio de árvores na área permeável do lote (tendo este área supe-rior a 250 m², em lotes de áreas infesupe-riores, a área a ser compensada será reduzida à metade), visando a melhoria dos micro-climas das áreas intensamente urbanizadas, gerando maior conforto térmico, ventilação e qualidade ambiental.(Projeto de Lei Específica – art. 27)

18 O Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água –MQUAL foi desenvolvido no Programa Guara-piranga baseado em modelo matemático, objetivando estimar a qualidade da água a partir da relação entre uso e ocupação do solo e disponibilidade de sistemas de saneamento. Constitui-se de 3 módulos: no primeiro é feita uma estimativa de carga poluidora, que é mensurada pela quantidade de fósforo presente na água e, nos demais avalia-se a qualidade da água. (SMA,2004)

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No entanto, segundo o WHATELY; SANTORO; TAGNIN (id.), para o modelo MQUAL Billings, não foram considerados a influência dos eventuais bombeamentos do Rio Pi-nheiros, nem as cargas pontuais ou concentradas (indústrias e áreas contaminadas). Os cálculos são estimados a partir de um padrão de urbanização. Sendo assim, acredita-se que será difícil atingir a meta proposta de reduzir pela metade a poluição até 2015.

O Corpo Central I, conforme Quadro 2.8, deverá sofrer intervenções para recupe-ração e saneamento ambiental porém, comparativamente, será o maior contribuinte de carga de fósforo, e terá o índice de área vegetada mais baixo (IVG) da Sub-bacia Billings.

Quadro 2.8. Compartimentos Ambientais

Embora essa legislação seja bastante contemporânea, a morosidade de sua elabo-ração e aprovação é prejudicial a toda a sociedade. Atualmente a população moradora das áreas de proteção de mananciais aguarda pela aprovação da Lei Específica, enquan-to isso, os conflienquan-tos e tensões se intensificam, ampliando a deterioração das águas do reservatório Billings. (WHATELY; SANTORO;TAGNIN, 2008).

Infelizmente, as últimas notícias dadas pelo Jornal Diário do Grande ABC19, foram

que o Projeto de Lei Específica da Billings não será votado neste ano de 2008. O Projeto terá que passar pelas comissões de Justiça, Meio Ambiente e Finanças, e cada uma delas terá prazo de 90 dias para analisar o projeto.

19 Diário do Grande ABC. Caderno Setecidades. Lei da Billings entra na fila da Assembléia e fica para 2009. Matéria de 25 Nov.2008

Fonte: Projeto de Lei Específica da APRM Billings

Quadro 8 Quadro 8Quadro 8 Quadro 8 Corpo Central I Corpo Central I Corpo Central I

Corpo Central I Corpo Central IICorpo Central IICorpo Central IICorpo Central II Bororé -Bororé -Bororé -Bororé -Taquacetuba Taquacetuba Taquacetuba Taquacetuba Rio Grande e Rio Grande e Rio Grande e Rio Grande e Pequeno Pequeno Pequeno Pequeno Capiv ari Capiv ari Capiv ari Capiv ari -Pedra Branca Pedra Branca Pedra Branca Pedra Branca Diretrizes Diretrizes Diretrizes Diretrizes Ações de recuperação e saneamento ambiental Ações de recuperação e saneamento ambiental Preservar a qualidade ambiental Melhoria de qualidade da água Fomento, apoio e desenvolvimento do manejo sustentável das áreas preservadas Qualidade da água: Qualidade da água: Qualidade da água: Qualidade da água: Abastecimento Abastecimento Abastecimento Abastecimento Redução da Carga de Fósforo a 135 kg/dia 135 kg/dia 135 kg/dia 135 kg/dia Redução da Carga de Fósforo a 11 kg/dia 11 kg/dia11 kg/dia 11 kg/dia Redução da Carga de Fósforo a 27 kg/dia 27 kg/dia27 kg/dia 27 kg/dia Redução da Carga de Fósforo a 103kg/dia 103kg/dia 103kg/dia 103kg/dia Redução da Carga de Fósforo a 5 kg/dia 5 kg/dia 5 kg/dia 5 kg/dia Cobertura Vegetal Cobertura Vegetal Cobertura Vegetal

Cobertura Vegetal Manutenção do

índice de Área Vegetada observada em 2000: 19%19%19%19% Manutenção do índice de Área Vegetada observada em 2000: 45%45%45%45% Manutenção do índice de Área Vegetada observada em 2000: 51%51%51%51% Manutenção do índice de Área Vegetada observada em 2000: 63%63%63%63% Manutenção do índice de Área Vegetada observada em 2000: 67% 67% 67% 67% Compartimentos Ambientais Compartimentos AmbientaisCompartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais

Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais Compartimentos Ambientais

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Neste momento em que se aguarda a aprovação da Lei Específica da APRM-Billings surgem polêmicas quanto aos efetivos benefícios da lei. Uma das questões levanta-das pelos ambientalistas é com relação ao adensamento que surgirá com a aprovação de lotes menores, com 250m², o dobro do que era permitido. Outra questão colocada

pelo urbanista Fábio Vital20 é que, sem a implantação do Plano de Desenvolvimento

e Proteção Ambiental – PDPA, a lei pode transformar-se “em uma simples lei de uso e ocupação do solo, sem a dimensão de sustentabilidade ambiental ou socioeconômica requeridas”.

Para o Instituto Acqua, “os planos diretores municipais, pouco levaram em conta os aspectos regionais ou de suas fronteiras. Dessa forma, é preciso alterar o Projeto de Lei Específica, especialmente o seu zoneamento e as disposições que permitem maior

população, ocupação, uso econômico e a retirada de vegetação”21.

Entretanto, enquanto os novos instrumentos de proteção aos mananciais não fo-rem postos em prática, os municípios que integram a Sub-bacia Billings continuam com a difícil tarefa de equacionar as demandas urbanas às exigências ambientais. São Ber-nardo do Campo, em particular, possui o maior território na sub-bacia e apresenta uma das maiores populações nas áreas de mananciais, cenário de conflitos entre o direito de morar e o dever de preservar o meio ambiente, discutidos no capítulo seguinte.

20 VITAL, Fábio. In: FERRAZ, Adriana. Estado finaliza Lei Específica da Billings. Declaração dada para o Jornal Diário do Grande ABC – Caderno Sete Cidades de 24 Set.2008.

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Referências

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