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A REPERCUSSÃO DA CHUVA DE MARÇO DE 2009 NO CÓRREGO DO LEITÃO, MUNÍCIPIO DE BELO HORIZONTE MG

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Academic year: 2021

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João Paulo R. COELHO¹ Fernando M. de OLIVEIRA² Taíza Pinho de B. LUCAS³

¹ Graduado em Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. e-mail: jaopaulorodrigues2@yahoo.com.br ² Graduado em Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH.

e-mail: ollyver1977@yahoo.com.br; ³ Professora do Curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH. e-mail: taiza.lucas@prof.unibh.com

INTRODUÇÃO

Hoje ocorrem no país várias catástrofes ambientais, onde danos materiais e humanos são sentidos, dentre os quais, estão às inundações que geram perdas de bens materiais, humanos e altos custos ao poder público. A ocupação desenfreada e o déficit no tipo de planejamento urbano, aliada às precipitações durante o período chuvoso, têm colaborado bastante para que ocorram tais inundações. Essas áreas, antes ocupadas por vegetação, davam vazão a córregos e rios, sendo nos dias atuais, ocupadas por habitações e áreas impermeáveis como asfaltos, construções, passeios, etc.

Um dos pontos mais importantes no estudo sobre as inundações são as chuvas, que interligadas a escoamentos atmosféricos e variáveis climáticas contribuem nos estudos gerais sobre as precipitações. Tais fatores devem ser discutidos e pensados entre gestores, tendo em vista as características do clima de cada região, tendo estas variações na escala local, em alguns pontos da cidade.

O Córrego do Leitão tem as suas nascentes disseminadas por um amplo anfiteatro localizado na região sul de Belo Horizonte, nas proximidades do Ponteio Lar Shopping, na Avenida Nossa Senhora do Carmo. Canalizado e coberto em quase todo o seu trecho e alterado em grande parte o seu traçado natural sofre impactos significativos no período chuvoso, ele deságua no Ribeirão Arrudas no cruzamento da Avenida dos Andradas com a Avenida do Contorno. A região de estudo localiza-se no limiar da

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Avenida Prudente de Moraes, entre os bairros Cidade Jardim e Santo Antônio, em Belo Horizonte.

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo estabelecer possíveis relações entre precipitações e inundações. À associação do modelo irregular de urbanização e a ocorrência de chuva, causou grandes perdas materiais e sociais, particularmente no verão de 2009. Objetiva-se, especificamente, compreender que tipo de chuva ocorreu no mês de março deste mesmo ano, bem como a atuação dos principais escoamentos atmosféricos que contribuíram para a rápida elevação das águas no córrego do Leitão durante o episódio de chuva dia 16/03/2009.

O trabalho se justifica pela necessidade de se fazer uma pesquisa buscando compreender o problema de inundação atrelado aos processos climáticos. Justifica-se também os poucos estudos sobre este tema e aos tipos de chuvas causadoras de inundações na cidade de Belo Horizonte, como a ocorrida no dia 16 de março de 2009, ocasionando a morte de um idoso na região estudada. Tal fato gerou desconforto na sociedade e também ao poder público. Torna-se necessário relacionar este estudo com o crescimento das cidades e a falta de um planejamento urbano coerente, que tenha o entendimento dos processos climáticos, suas variáveis e os tipos de chuvas ocorridas nos diferentes pontos da cidade, para que se possa evitar ou minimizar as inundações.

FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia deste trabalho será baseada na Análise Rítmica proposto pelo Professor Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro (1975). Segundo o autor a análise baseia-se na sucessão dos tipos de tempo, mediante a constatação das irregularidades do ritmo climático.

Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se dados climatológicos do 5º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (5º DISME\INMET) fornecidos através da parceria BPMET, sendo disponibilizados os seguintes dados do 5° DISME:

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precipitação diária, temperatura máxima diária, temperatura mínima diária, insolação diária, umidade relativa do ar, pressão atmosférica. A localização geográfica do 5º DISME/INMET encontra-se a 43°93’ W e a 19°93’ S, na Avenida do Contorno n° 8.159, no bairro Cidade Jardim, zona sul de Belo Horizonte. O ponto onde ocorreu a inundação estudada neste trabalho pode ser identificado na figura 1 caracterizado pela mancha azul entre as ruas Joaquim Murtinho e Prudente de Moraes.

Arquivos xls* foram tabulados a partir dos dados obtidos através do programa Windows Office Microsoft Excel, foi calculada a precipitação para cada dia do mês considerando a soma dos três horários TMG, 12, 18 e 24 h, observados no gráfico 1 a seguir. O acumulado mensal, a quantidade de chuva esperada para o mês e a porcentagem que choveu além ou aquém do esperado também foram tabulados, analisados no gráfico 2.

Os dados de insolação, temperatura máxima e mínima, foram calculados a partir de um horário sinótico TMG dia, sendo 24, 12 e 18, respectivamente. As variáveis Umidade Relativa do Ar e a Pressão Atmosférica foram calculados pela média de cada dia do mês nos três horários sinóticos 12, 18, 24 h TMG.

Figura 1 – Recorte Carta Inundação Regional Centro-Sul, BH Fonte: PBH

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As imagens de satélite foram captadas a partir do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através do satélite GOES 10 banda 04 de alta resolução. As cartas sinóticas foram também conferidas através do CPTEC. Para uma melhor compreensão, as cartas e as imagens de satélites foram observadas entre os dias 13 a 17 no horário TMG 18h, podendo ser analisadas nas figuras 2 a 7.

RESULTADOS

Segundo o boletim da análise sinótica observado junto ao site do CPTEC, o esperado para o mês de março é de 163.5 mm, particularmente no ano de 2009 choveu 273.2 mm, em outras palavras, 67.1 % a mais que o esperado, conforme o gráfico 2. Houve na cidade de Belo Horizonte três períodos de chuva, segundo consta no gráfico 1, conferidas a partir do 5º DISME, no inicio, meio e fim do mês.

As chuvas que ocorreram no meio e fim do mês consideram-se mais expressivas, o que ocasionou à fatalidade ocorrida no dia 16 e aos dias constantes de chuva no fim do mês, ambas sob a atuação da ZCAS.

Os dados de precipitação do 5º DISME/INMET foram calculados onde os gráficos 1 (precipitação mensal) e 2 (acumulado mensal) podem ser analisados abaixo.

GRÁFICO 1 – Precipitação Março 2009 GRÁFICO 2 – Acumulado Março 2009 Fonte: 5° DISME/INMET Fonte: 5°DISME/INMET

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As outras variáveis climáticas as quais fazem parte deste estudo, baseado na Analise Rítmica de Monteiro (1975) a fim de se chegar à totalidade dos tipos climáticos, se deu da seguinte forma: observamos no gráfico 3 a temperatura máxima e mínima ao longo de todo o mês de março. Os dados de insolação podem ser conferidos a partir do gráfico 4, este também durante todo o mês de março. A média diária das variáveis, Umidade Relativa e Pressão Atmosférica também podem ser analisadas nos gráficos 5 e 6, respectivamente.

GRÁFICO 3 – Cálculo de Temp.máxima/mínima GRÁFICO 4 – Cálculo de Insolação Março 2009, Março 2009, 12 e 18h TMG 24 h TMG

Fonte: 5°DISME/INMET Fonte: 5°DISME/INMET

GRÁFICO 5 – Média Diária de Umidade Rela- GRÁFICO 6 – Média Diária de Pressão Atmos- tiva - Março 2009 férica - Março 2009

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Acrescida da modelagem das variáveis atmosféricas observadas na estação meteorológica, analisa-se a representação da circulação regional, através das imagens de satélites e das cartas sinóticas do mês de março de 2009. Considerando o estudo realizado as imagens descritas se darão pelos dias 13, 16 e 17, por serem mais significativas e ilustrar de maneira mais objetiva e clara a formação da ZCAS.

Figura 2 – Carta Sinótica dia 13 às 18h TMG Figura 3 - Foto Satélite dia 13 às 18h TMG Fonte: CPTEC Fonte: CPTEC

Figura 4– Carta Sinótica dia 16 às 18h TMG Figura 5 – Carta Sinótica dia 16 às 18h TMG Fonte: CPTEC Fonte: CPTEC

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Figura 6 – Carta Sinótica dia 17 às 18h TMG Figura 7 – Foto Satélite dia 17 às 18h TMG

Fonte: CPTEC Fonte: CPTEC

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A ZCAS começou a ser formada no dia 12 a partir de um ciclone subtropical associado a uma frente frontal no sudeste de São Paulo. Tendo maior representação para este trabalho, analisaremos a partir do dia 13 conforme a figura 2, quando a ZCAS já esta a atuar no sul de Minas Gerais. Associa-se a ZCAS o aumento da convecção a partir dos ventos advindos da Zona de Convergência Inter Tropical – ZCIT, que se encontra mais ao sul do continente sul-americano, no sentido nordeste para o centro oeste brasileiro.

Houve no mês dois eventos de ZCAS, um a partir do dia 12, considerado mais fraco, ao qual se destina este trabalho e outro a partir do dia 23 que registrou maior número de dias de chuva no fim do mês, conforme gráfico 1.

Entre os dias 13 a 17 a partir da atuação da ZCAS, proporcionaram no sudeste, chuvas convectivas, observadas nas imagens de satélite através de nuvens cumuliformes que aparecem empilhadas e com um brilho mais intenso, podendo ser analisado nas figuras 3 e 5, analisando também seu enfraquecimento na figura 7.

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Conforme observado na figura 5 a ZCAS esta atuando diretamente na região de Belo Horizonte, no dia 16 as 18 TMG ela atua sobre o centro de Minas Gerais. A partir do gráfico 3 nota-se um aumento na quantidade de calor desde o dia 12. No dia 17, a imagem mostra que o sistema desconfigurou com o alinhamento do Sistema Frontal e o anticiclone passou a atuar na região.

Segundo o CPTEC essa diminuição da força da ZCAS caracterizou uma forte chuva em Belo Horizonte, registrada no dia 17, vista no gráfico 1, considerando o horário INMET, que registra a chuva em a cada 24 h, às 9 horas local de cada dia.

Através dos gráficos podem-se analisar as características da chuva do dia 16, conforme visto anteriormente, a ZCAS atuou na região de Belo Horizonte, sendo acompanhado de uma frente fria, principalmente entre os dias 16 e 17 conforme figura 5. Registrou- se também uma pequena queda na temperatura, que caracteriza o fim do sistema ZCAS devido à diminuição convecção em baixos níveis.

As chamadas “chuvas de verão” se devem a um decréscimo geral da pressão, motivado pelo forte aquecimento no interior do continente (LUCAS, 2007), demostrando modificação nas condições de tempo meteorológico e fortalecimento do anticiclone na circulação atmosférica local. Percebe-se no gráfico 6, quando a ZCAS teve seu inicio, a pressão atmosférica diminui, há convergência de ar e ascensão, o que ocasiona as nuvens, elas são altamente refletoras da energia solar.

Através da formação das nuvens a insolação registrada em superfície também diminui (gráfico 4), o que ocasiona queda da temperatura do ar, como mostra o gráfico 3. Nota- se que as mudanças mais significativas estão registradas no dia 17, a partir das observações das imagens de satélite e pelas cartas de superfície, a chuva observada no dia 16 foi registrada no dia seguinte.

Nota-se que a variação de insolação entre os dias 16 e 17 foi significativa sendo esta inversamente proporcional aos valores referentes à Umidade Relativa do Ar. Para a caracterização do dia 16 registram-se os fatos de forte chuva devido à atuação da ZCAS

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e dos escoamentos atmosféricos, essas precipitações caracterizam-se pela grande intensidade e curta duração e se concentrarem em pequenas áreas.

Esse tipo de precipitação provoca vazões criticas em pequenas bacias hidrográficas (VILLELA e MATTOS, 1975), que registrado pelos gráficos e imagens de satélites baseia- se: aumento da umidade relativa do ar, queda na temperatura, queda na insolação e o aumento da pressão atmosférica, o que caracteriza o tempo meteorológico com convergência do ar em baixos níveis, convergência e formação de nuvens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da realização deste trabalho, pesquisa realizada como Trabalho de Conclusão de Curso, considerando os estudos, observa-se que dentre as características naturais que favorecem as inundações como o relevo, cobertura vegetal dentre outras, a precipitação tem um papel especial. Observando a gama de variáveis climáticas, que atreladas dão um parecer de como cada região pode-se preparar para problemas surgidos no período chuvoso, o ponto deste estudo não é o único na cidade de Belo Horizonte, pois há casos ainda piores ao longo do Ribeirão Arrudas, e também em outros pontos da capital mineira. As obras devem ser pensadas de maneira regional não atuando apenas em um ponto, onde só transfere o problema. Observado o tipo de chuva que caiu sobre Belo Horizonte no dia 16 de março de 2009 pode-se perceber que tal ocorrência poderia ter sido evitada, se um sistema de monitoramento tivesse alertado a população do incidente que poderia estar a vir, partindo do pressuposto da atuação desta frente. Reforça-se a idéia de que o entendimento dos processos climáticos, que afetam a vida nos grandes aglomerados urbanos deve merecer destaque, tanto com referência à situação presente, quanto no que diz respeito à predição e ao planejamento, visando atenuar futuras adversidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos- CPTEC, Disponível em http://satelite.cptec.inpe.br/acervo/goes_anteriores.jsp, Acesso em 01/10/2011.

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Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) - Síntese Sinótica Mensal De Março De 2009, Disponível em http://www7.cptec.inpe.br/~rupload/arquivo/Sintese_mar09.pdf, Acesso em 01/10/2011.

LUCAS, Taiza de Pinho Barroso, Chuvas Persistentes e Ação da Zona de Convergência do Atlântico Sul na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Dissertação de Mestrado, UFMG, 2007.

MONTEIRO, C. A. Teoria e clima urbano. São Paulo: USP, 1975, 181 p.

VILLELA, S.M., MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: Mc Graw Hill do Brasil, 1975.245-p. apud FREITAS, A.J.de. et al. Equações de Chuvas Intensas no Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, Companhia de Saneamento de Minas Gerais; Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 65 p.

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