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Palavras-chave: Temperatura; Fatores do Clima; Zona da Mata Mineira.

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A INFLUÊNCIA DOS FATORES DO CLIMA NA FORMAÇÃO DO

CAMPO TÉRMICO DO PERCURSO PONTE NOVA – VIÇOSA – UBÁ,

NA ZONA DA MATA MINEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ENTENDIMENTO DA RELAÇÃO ENTRE CLIMA E RELEVO

RAFAEL DE SOUZA ALVES1

CASSIA DE CASTRO MARTINS FERREIRA2

EDSON SOARES FIALHO3

Resumo

Objetiva-se com esse trabalho discutir a relação entre clima e relevo, com ênfase na associação entre o campo térmico e os fatores do clima ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá, na Zona da Mata Mineira, a partir de resultados pretéritos e desdobramentos futuros. A área em estudo tem o relevo como o principal fator geográfico influenciando o clima. Situa-se morfologicamente na porção do território brasileiro de domínio morfoclimático dos Mares de Morros Florestados. A temperatura do ar vem sendo registrada por 11 termohigrômetros datalogger, fixados em campo em miniabrigos meteorológicos de PVC. Observou-se que as variações de temperatura não se justificam apenas pela variação altimétrica da área em estudo. Pesquisas futuras almejam identificar quais fatores climáticos são preponderantes na conformação do campo térmico.

Palavras-chave: Temperatura; Fatores do Clima; Zona da Mata Mineira. Abstract:

The objective of this work is to discuss the relationship between climate and relief, with emphasis on the association between the thermal field and the climate factors along the course Ponte Nova – Viçosa – Ubá, in the Zona da Mata Mineira, from past results and future developments. The area under study is the main geographic factor influencing the climate. It is located morphologically in the portion of the Brazilian territory of morphoclimatic domain of the Mares de Morros Florestados. The air temperature has been recorded with 11 datalogger thermometers, fixed in the field in meteorological miniabrigos of PVC. It was observed that the temperature variations are not justified only by the altimetric variation of the study area. Future research seeks to identify which climatic factors are preponderant in the thermal field conformation.

Key-words: Temperature; Climate Factors; Zona da Mata Mineira.

1 Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista

UFJF (Monitoria), instituição a qual prestamos nossos agradecimentos. E-mail de contato:

r.souzaalves@hotmail.com

2 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail de

contato: cassia.castro@ufjf.edu.br

3 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenador

do Laboratório de Biogeografia e Climatologia (Bioclima) da Universidade Federal de Viçosa. E-mail de contato:

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1 – Introdução

O presente trabalho é parte da pesquisa monográfica4 apresentada ao curso

de Geografia da UFV no ano de 2015 (ALVES, 2015), cujas investigações estão sendo levadas à diante no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFJF. Objetiva-se apresentar resultados pretéritos e sinalizar desdobramentos futuros, no que tange à relação entre clima e relevo, com ênfase na associação entre os diferentes campos térmicos e os fatores do clima ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá, na Zona da Mata Mineira.

Nas áreas de relevo movimentado, como nos de Mares de Morros Florestados, a baixa atmosfera comprometida ou não com o tecido urbano é objeto de estudo complexo e desafiador na Climatologia Geográfica, por envolver fatores como declividade, exposição do relevo, variações altimétricas, que redimensionam a energia recebida e singularizam a circulação do ar ao nível local. Em tais áreas, a análise do sítio com vista à compreensão do relevo e suas interações com a atmosfera é fundamental para o entendimento da dinâmica climática.

A área em análise tem cerca de 110 quilômetros de extensão e está compreendida ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá, na Zona da Mata Mineira. Segundo Valverde (1958), a mesma tem o relevo como principal fator geográfico a influenciar em seu clima. Situa-se morfologicamente na porção do território brasileiro denominada por Ab’Sáber (2003) de Domínio Morfoclimático de Mares de Morros Florestados. Apresenta relevo dissecado e movimentado, rico em colinas, vales e morros em meia-laranja, resultantes de dissecação fluvial. Conta com variações altimétricas de cerca de 400 metros e três unidades morfológicas locais, sendo elas a depressão de Ponte Nova, o planalto de Viçosa e o “Golfão de Ubá” (Figura 1).

4 A pesquisa monográfica derivou do projeto de pesquisa intitulado “A importância do sítio no caráter

climático nas cidades localizadas na Zona da Mata Mineira”, vinculado ao CNPq desde o ano de 2011, no qual o primeiro autor foi bolsista de iniciação científica com as atividades desenvolvidas junto ao Laboratório de Biogeografia e Climatologia (Bioclima) da Universidade Federal de Viçosa. Vale destacar que as primeiras investigações (FIALHO, et al. 2011; FIALHO, et al. 2012) foram substanciais para desenvolvimento teórico e metodológico aqui publicizado e precursoras do trabalho de Alves (2015).

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A “depressão de Ponte Nova” consiste numa área rebaixada pela ação erosiva e receptora de cargas de sedimentos (NUNES, 2001). Abarca o munícipio de Ponte Nova dentre os existentes ao longo do percurso. A expressão “planalto de Viçosa” foi utilizada por Orlando Valverde (1958) para definir o trecho em forma de “sela” que liga a Serra do Brigadeiro ao Planalto do Alto Rio Grande, contando com maiores níveis altimétricos em relação as outras duas unidades morfológicas em cena. Abarca os municípios de Teixeiras, Viçosa e Coimbra dentre os existentes ao longo do percurso. Já o “Golfão de Ubá”, segundo Andrade (1961), possui origem tectônica e situa-se numa reentrância do complexo da Mantiqueira nessa localidade. O termo “Golfão”, embora seja mais apropriado para áreas litorâneas, foi assumido como um artifício analítico para expressar a feição côncava do relevo onde se encontram os municípios de São Geraldo, Visconde do Rio Branco e Ubá, em área de planalto rebaixado e de menores altitudes ao longo do percurso em destaque (Figura 1).

Figura 1. Localização geográfica da área de estudo e unidades morfólogicas locais. Fonte: Alves (2015, p. 30 e 32).

2 – Material e Métodos

Nas investigações pretéritas (ALVES, 2015) – as quais objetiva-se levar à diante – os registros de temperatura do ar foram obtidos com a utilização de 11 termohigrômetros datalogger (marca Hobo modelo U10-003, cuja precisão é de ± 0,4°C conforme o fabricante). Os equipamentos foram fixados em campo em

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miniabrigos meteorológicos de PVC, a 10 quilômetros de distância uns dos outros e a 1,5 metros de altura do chão, afastados de áreas urbanas e configurados para realizarem leituras automáticas em intervalos de 1 hora, simultaneamente, ao longo do mês de janeiro (verão) de 2014, de maneira ininterrupta nos 11 pontos amostrais (Figura 2).

Figura 2. Pontos de coleta de temperatura do ar no percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) e ilustração dos miniabrigos meteorológicos de policloreto de vinila (PVC).

Fonte: Alves (2015, p. 42).

A confiabilidade dos equipamentos foi averiguada em duas etapas, a primeira em local fechado e a segunda em local aberto (Estação Meteorológica da UFV) seguindo as indicações de Danni-Oliveira (2002) e Assis (2010). A mesma mostrou-se satisfatória devido a equivalência entre os equipamentos e entre eles e a Estação Meteorológica da UFV (ALVES, 2015).

A escolha dos pontos de medições ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá foi balizada pelos critérios (ALVES, 2015):

 Acessibilidade e segurança dos equipamentos, para evitar furtos e interferências nos registros. Por isso, privilegiou-se a instalação em propriedades privadas;

 Locais mais afastados possível da mancha urbana, para evitar interferências das edificações e dinâmicas da cidade nos registros.

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Após aferição dos dados registrados em campo calculou-se a temperatura média do mês de janeiro em cada ponto de registro, para tornar possível a confecção do mapeamento da distribuição espacial do elemento climático. Um segundo mapeamento da temperatura do ar foi elaborado com base na média do dia 03 de janeiro de 2014, em condições atmosféricas de estabilidade. O propósito disso foi de verificar se há significativa variação na magnitude do campo térmico ao restringir a análise a nível episódico, de menor escala temporal e de médias menos abrangentes. Ambos os mapas de temperatura do ar foram confeccionados por meio do software Surfer 10, utilizando a Krigagem como método de interpolação (ALVES, 2015).

O campo térmico da área em estudo foi analisado junto aos seguintes fatores do clima local: relevo (variação de altitude, mais precisamente), exposição das vertentes e incidência da radiação solar5. Para isso, foram confeccionados junto ao software ArcGIS 10.1 mapas temáticos dos respectivos fatores do clima, a partir de imagens ASTER GDEM, de 30 metros de resolução espacial, cujas inconsistências relativas a presença de depressões espúrias foram devidamente corrigidas seguindo as orientações de Fernandes Filho et al. (2011).

3 – Resultados e Discussões

O comportamento da temperatura média do ar no mês de janeiro de 2014 evidenciou as variações espaciais desse parâmetro climático ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá. Os pontos P8 (375m), P9 (444m), P10 (412m) e P11 (408), sobretudo os 3 primeiros, indicam que o “Golfão de Ubá” foi a área mais quente ao longo do percurso. Os pontos P4 (667m), P5 (669m), P6 (712m) e P7 (779m) indicam que o planalto de Viçosa foi a área menos quente. Já os pontos P1 (461m) e P2 (563m) indicam que a depressão de Ponte Nova, apresenta temperaturas inferiores às registradas no “Golfão de Ubá” e superiores às registradas no Planalto de Viçosa. Observa-se uma variação térmica de no máximo 4,5ºC (Figura 3).

5 A ferramenta utilizada no ArcGIS 10.1 para gerar o produto cartográfico foi Area Solar Radiation. De

acordo com Fernandes Filho et al. (2011), ao utilizá-la é preciso atentar-se aos ajustes dos parâmetros de modo a atender os objetivos desejados. Sendo assim, a latitude estipulada foi de -20º 45’ (condizente a área de estudo) e a escala temporal foi de 01/01/2014 (Start Day) a 31/01/2014 (End Day).

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As médias do mês de janeiro de 2014 englobam dados adquiridos em condições atmosféricas de estabilidade e de instabilidade, o que contribuiu para obscurecer a influência dos fatores climáticos locais e a magnitude do campo térmico. Segundo Mendonça (2003) as condições de tempo anticiclônico são as que mais denunciam as particularidades climáticas locais condicionadas pelos fatores geográficos. Dessa forma, a figura 4, pautada em médias menos abrangentes e dados obtidos em situação sinótica de estabilidade, mostra que as variações térmicas são mais expressivas em comparação aos valores médios do mês de janeiro, haja vista que a magnitude do campo térmico chega aos 7ºC.

Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007) e Varejão Silva (2006) o gradiente térmico adiabático do ar úmido é de 0,6°C a cada 100 metros de altitude. Isso significa que na troposfera a temperatura do ar tende a decrescer a uma razão de 0,6°C a cada 100 metros acima do nível do mar. Tendo por base apenas a razão adiabática entre temperatura do ar e altitude, esperava-se que as diferenças térmicas ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) fossem de aproximadamente 2,5ºC. Isso, porque a diferença máxima de altitude entre os registradores datalogger é de 404

Figura 3. Distribuição espacial da temperatura média do ar do mês de janeiro de 2014. Fonte: Alves (2015, p. 51).

Figura 4. Distribuição espacial da temperatura média do ar do dia 03 de jan. 2014. Fonte: Alves (2015, p. 53).

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metros, sendo P7 (alto da Serra de São Geraldo, 779 metros) o ponto de maior altitude e P8 (sopé da Serra de São Geraldo, 375 metros) o ponto de menor altitude (Figuras 1 e 2). Assim, aponta-se que apenas a mudança de altitude não justifica o comportamento térmico espacial da área de estudo.

Ao analisarem o comportamento da temperatura do ar média diária no percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG), entre os dias 26/10/2013 e 10/11/2013, valendo-se do mesmo material e métodos de coleta de dados aqui empregados, Fialho e Paulo (2014) observaram variações de 6,9ºC. Utilizando a Correlação de Pearson, identificaram valores de R2 = -0,91 e um coeficiente de determinação R2 = 0,84,

demostrando haver forte correlação inversa entre temperatura do ar e altitude, e que 84% das variações térmicas são justificadas pela variação altimétrica da região. Dessa maneira, as análises com base nos dados de janeiro de 2014 aqui discutidas reafirmam os dizeres de Fialho e Paulo (2014), de que outros fatores climáticos devem ser analisados para melhor compreender a variação térmica na área, pois a altitude apenas não justifica o verificado pelos registradores em campo.

A face de exposição das vertentes pode proporcionar diferenças térmicas entre localidades próximas assim como a altitude. No hemisfério sul, encostas voltadas para o quadrante norte recebem maior quantidade de energia solar do que aquelas voltadas para o quadrante oposto, propiciando ambientes mais quentes e de menor umidade. Já as encostas voltadas para os quadrantes leste e oeste recebem quantidades semelhantes de energia solar, porém em momentos distintos do dia. No entanto, as encostas voltadas para oeste, normalmente são mais quentes do que aquelas voltadas para leste, pelo fato da camada de ar junto ao solo já se encontrar mais aquecida no período da tarde, concomitante ao período do dia em que elas recebem maior quantidade de radiação (GEIGER, 1961; MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007, LOPES et al., 2013).

Ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) há predomínio de morros com faces expostas para os quadrantes leste e norte, principalmente para o leste. No entanto, devido à resolução espacial e escala do mapa, bem como o tamanho da área de estudo, não foi possível realizar uma avaliação visual precisa a ponto de afirmar qual município ou unidade geomorfológica local recebe maior

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quantidade de energia em função da exposição da maioria de suas vertentes. Em virtude do caráter generalista, a avaliação visual não permite uma análise comparativa aponto de afirmar, por exemplo, que o “Golfão de Ubá” é mais quente que o planalto de Viçosa porque possui maior quantidade de morros com faces voltadas para os quadrantes norte e oeste (Figura 5).

Geiger e Varejão-Silva compartilham de que a radiação solar recebida por uma área é, usualmente, a maior determinante de seu clima. A entrada de energia na superfície depende do ângulo ao qual a radiação atinge a mesma. A forma como os raios solares incidem podem gerar significativas variações térmicas, como por exemplo, em diferentes vertentes de uma encosta. Parte da energia recebida durante o dia, proveniente da radiação de onda curta, é armazenada pelos componentes do espaço (como o solo) e liberada para a atmosfera no período noturno como radiação de longo comprimento de onda (GEIGER, 1961; VAREJÃO-SILVA, 2006; MENDÔNÇA e DANNI-LIVEIRA, 2007).

No percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) não há nítida correspondência entre áreas de maior incidência da radiação solar e maiores temperaturas do ar. No mês de janeiro de 2014 a área compreendida pelo “Golfão de Ubá” recebeu menor

Figura 5. Mapa de face de exposição do relevo. Fonte: Alves (2015, p. 59).

Figura 6. Mapa de incidência da radiação solar durante o mês de janeiro de 2014. Fonte: Alves (2015, p. 61).

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quantidade de energia em relação ao planalto de Viçosa (Figura 6), no entanto, apresentou maiores temperaturas (Figuras 3 e 4).

A radiação solar que se verifica na superfície da terra resulta da interação de energia entre a atmosfera e a própria superfície, sendo que na escala local o relevo apresenta-se como principal fator de distribuição (POELKING et al., 2009).

No que confere a variação de altitude decorrente das características do relevo no percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG), observa-se uma relação inversa entre a mesma e a radiação solar, uma vez que as áreas mais baixas recebem menor quantidade de radiação, e as áreas mais altas recebem maior quantidade (Figura 6). Segundo Lopes et al. (2013) isso se justifica pelo aumento da radiação solar direta e a diminuição da radiação solar difusa quando em maiores altitudes, tal como verificado por eles na Serra da Mantiqueira.

A figura 7 mostra a quantidade de radiação solar recebida durante o mês de janeiro de 2014 em cada ponto onde se encontram os termohigrômetros, bem como a exposição do relevo nas localidades. Os pontos P4 e P6, situados no Planalto de Viçosa, receberam menor quantidade radiação embora voltados para o quadrante norte. Os mesmos pontos apresentaram temperaturas do ar mais baixas tanto na média mensal (Figura 3) quanto na média diária (Figura 4). Acredita-se que isso decorra dos efeitos de sombreamento, pois, mesmo situados em vertentes direcionadas para norte, a existência de morros mais elevados no entorno pode inibir a incidência dos raios solares em horários específicos do dia, tal como ilustrado na figura 8. Já os pontos P8, P9, P10 e P11, inseridos no “Golfão de Ubá” e em altitudes semelhantes, revelam que a quantidade de radiação solar recebida não apresenta ser diretamente condicionada pela exposição do relevo em que se encontram. O ponto P11, voltado para norte, apresentou valores de radiação semelhante ao ponto P10 voltado para sul. O ponto P9 obteve maior quantidade de energia recebida e apresentou maiores temperaturas, estando ele direcionado para o quadrante leste (Figura 7).

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Considerando as características topográficas nas áreas de Mares de Morros, estima-se que o “descompaço” verificado na relação entre exposição do relevo, radiação solar e temperatura do ar possa estar sendo ocasionado pelo sombreamento do relevo, corriqueiro no percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) (Figura 8).

4 – Considerações Finais

No ano de 2011 foram iniciados os primeiros registros de parâmetros climáticos ao longo do percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá (MG) (FIALHO et al. 2011). Em suma, tem verificado dois núcleos mais aquecidos, relativos a depressão de Ponte Nova e ao “Golfão de Ubá” – sendo esse último mais acentuado – interceptados pelo planalto de Viçosa, menos aquecido. Fialho e Paulo (2014) constataram comportamentos térmicos análogos.

Obteve-se dificuldades em avaliar de que forma a exposição das vertentes propiciam a conformação dos diferentes ambientes térmicos; assim, dizer que os locais de maiores temperaturas do ar se justificam pela exposição de suas vertentes, bem como estabelecer correlações entre elas e a incidência da radiação solar, é uma relação que ainda precisa ser testada.

Figura 7. Radiação solar durante o mês de janeiro de 2014 em cada ponto de registro e exposição do relevo onde os mesmos se encontram. Fonte: Alves (2015, p. 62).

Figura 8. Sombreamento de encostas voltadas para os quadrantes oeste e leste no interior do “Golfão de Ubá”. Registro as 17:00h, fev.2014, com vista do alto da Serra de São Geraldo (P7). Fonte: Alves (2015, p. 63).

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A partir dos pressupostos acima faz-se necessário os seguintes questionamentos: no percurso em baila, o campo térmico e sua magnitude é induzido pelo amoldamento das unidades morfológicas locais? Se a variação de altitude não justifica a conformação e magnitude do campo térmico, qual ou quais fatores climáticos locais são mais influentes?

As investigações futuras estão sendo pautadas nos seguintes objetivos específicos: (1) verificar a correlação entre o campo térmico e as unidades morfológicas locais, a partir da elaboração de mapa temático das mesmas; (2) identificar dentre os fatores climáticos (exposição das vertentes, incidência da radiação solar, vegetação) os mais influentes na conformação do campo térmico e se os mesmos variam entre as unidades morfológicas locais no que tange ao grau de influência; (3) elaborar um mapa de uso da terra e correlaciona-lo com as variações de temperatura do ar, na busca de maiores evidências explicativas.

Após a elaborações dos mapas temáticos de exposição das vertentes e distribuição da radiação solar serão estabelecidas correlações estatísticas entre o campo térmico da área, utilizando o software ArcGIS 10.1, com intuito de chegar-se mais próximo do grau de contribuição de cada uma dessas variáveis na formação do mesmo.

Acredita-se que as investigações propostas contribuirão para um maior entendimento climático da área, em continuidade aos estudos já realizados. São também demandadas por subsidiar estudos de clima urbano ao longo do percurso, a partir da comparação entre registros climatológicos feitos na escala local (a nível do urbano) e registros feitos na escala sub-regional (percurso Ponte Nova – Viçosa – Ubá), de modo simultâneo.

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