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INFLUÊNCIA DO BENEFICIAMENTO DO ALGODÃO SOBRE O CONTEÚDO DE NEPS/G NA FIBRA, EM ALGODOEIRAS DO ESTADO DO MATO GROSSO (*)

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Academic year: 2021

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INFLUÊNCIA DO BENEFICIAMENTO DO ALGODÃO SOBRE O CONTEÚDO DE NEPS/G NA FIBRA, EM ALGODOEIRAS DO ESTADO DO MATO GROSSO (*)

Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva (Embrapa Algodão / odilon@cnpa.embrapa.br), João Cecílio Farias de Santana (Embrapa Algodão),Maurício José Rivero Wanderley (Embrapa Algodão),

Valdinei Sofiatti (Embrapa Algodão), José Wellingthon dos Santos

RESUMO – Propôs-se, com este trabalho estudar o conteúdo de Neps/g na fibra do algodão durante o processo de beneficiamento em 12 algodoeiras do Estado de Mato Grosso. O experimento consistiu de uma combinação fatorial de quatro etapas de beneficiamento do algodão e 12 algodoeiras em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Amostras de algodão foram coletadas nas seguintes etapas: a) antes do descaroçamento, ou seja, o algodão em caroço passou por todos os processos de limpeza das algodoeiras; b) após o descaroçamento, coletou-se a fibra do algodão após a ação das serras do descaroçador; c) sem costelation, a fibra não passou pelo processo de limpeza do costelado; d) com costelation, a fibra foi submetida ao processo de limpeza por este equipamento. Em todos os processos retiraram-se quatro amostras de pluma com peso individual de 350 gramas para serem analisadas mediante o instrumento AFIS (Advanced Fiber Information System) da Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis, para determinação do conteúdo de Neps/g da fibra. Os resultados obtidos revelam que o processo de descaroçamento proporciona incremento significativo de Neps/g, da ordem de 80% em relação ao processo de limpeza do algodão em caroço. Entre os processos de descaroçamento e limpeza da fibra por meio do costelation, constatou-se incremento de 23% no conteúdo de Neps/g na pluma. Das 12 algodoeiras avaliadas, quatro apresentaram conteúdo de neps/g na pluma considerado alto, necessitando de uma revisão geral nos equipamentos de beneficiamento e de limpeza.

Palavras-chave: qualidade de fibra, defeitos da fibra, descaroçamento

INTRODUÇÃO

A expansão da fronteira agrícola no Cerrado Brasileiro com a cotonicultura e a demanda externa pela fibra de qualidade, obrigaram os produtores a novas posturas sobre o beneficiamento, como modificações e melhorias das algodoeiras, a inclusão de novos sistemas de limpeza ou aquisição de algodoeiras modernas com alta eficiência e grande capacidade de trabalho, o que tem resultado em melhoria substancial da qualidade da pluma brasileira (RUTHEFORD, 2005).

O beneficiamento do algodão é uma operação prévia à industrialização têxtil e consiste na separação da fibra das sementes por processos mecânicos, buscando-se manter as características intrínsecas da fibra e conferir, ao algodão, boa qualidade comercial; contudo, a falta de cuidado durante os processos de colheita, acondicionamento e transporte do algodão, propicia um algodão em caroço “sujo”, com matérias estranhas diversas e indesejáveis pela indústria têxtil uma vez que, a remoção

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desses contaminantes dificulta e onera significativamente o beneficiamento refletindo-se, muitas vezes , em deságio no preço final do fardo (MAYFIELD et al.,1999).

Os defeitos encontrados na fibra do algodão iniciam sua ocorrência, ainda na planta, e se estendem até a formação do fio passando pelo véu da carda. Um desses defeitos tem grande importância na indústria e está intimamente relacionado com a qualidade da fibra, do fio e do tecido, sendo denominado de “neps”, que são minúsculos emaranhados fibrosos que se formam a partir da ruptura da fibra quando submetida aos esforços mecânicos característicos do beneficiamento ou de fibras imaturas, que não se desfasem durante o processamento têxtil (BAKER e GRIFFIN JUNIOR, 1984). A indústria têxtil considera ideal que esta característica esteja contida na fibra, na quantidade de 200 a 250 Neps/g (ZELLWEGER USTER, 1995).

O desenvolvimento do equipamento AFIS – Advanced Fiber Information System, proporcionou o estudo mais eficiente das características física da fibra, visto que chega a analisar em uma única prova, cerca de 300 mil fibras individualmente analisando, além do Neps/g, outras características (CHEIKHROUHOU et al., 1997).

Objetivou-se com este trabalho, estudar o conteúdo de Neps/g na fibra do algodão, durante o processo de beneficiamento em 12 algodoeiras do Estado de Mato Grosso.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado em 12 algodoeiras do Estado de Mato Grosso, no processo de beneficiamento da fibra do algodão da cultivar CNPA ITA 90, safra 2002/2003. Os tratamentos foram constituídos por uma combinação fatorial 4 x 12 (quatro etapas do beneficiamento do algodão, em 12 algodoeiras de produção do Estado de Mato Grosso). Nesse experimento, as observações não foram controladas e para a análise estatística dos dados considerou-se, um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições (HOFFMANN, 1980). Foram coletadas amostras de algodão nas seguintes etapas: a) no processo de limpeza do algodão, passando pelos seguintes equipamentos: catador de pesados, batedor inclinado, limpador e extratores alimentadores, antes do processo de descaroçamento; b) após o descaroçamento, coletou-se a fibra do algodão após a ação das serras; c) sem costelation a fibra não passou pelo processo de limpeza do costelado; d) com costelation, a fibra foi submetida ao processo de limpeza por meio do costelation. Na primeira etapa, se retiraram, antes do processo de descaroçamento, quatro amostras com peso 1,5 kg de algodão em caroço e o beneficiamento deste algodão foi realizado em máquina de rolo. Após o descaroçamento e nos demais processos foram retiradas quatro amostras de pluma com peso individual de 350 gramas para serem analisadas mediante o instrumento AFIS (Advanced Fiber Information System) da Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis, para a determinação do conteúdo de Neps/g da fibra em cada etapa do processo de beneficiamento do algodão. As algodoeiras utilizadas para este estudo foram das localidades de Campo Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis e Serra da Petrovina, no Estado de Mato Grosso, e os equipamentos do beneficiamento utilizados foram provenientes de dois fabricantes, sendo dez da marca Piratinga, com 90 serras, e duas da marca Lummus, com 170 serras. Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisou-se, na Tabela 1, as quantidades de Neps/g contidas na fibra da cultivar CNPA ITA 90, oriundas de 12 algodoeiras do Estado de Mato Grosso. Houve interação entre as fases do processo de beneficiamento do algodão e as algodoeiras que realizam este beneficiamento, mostrando que a

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quantidade de Neps/g da fibra pode ser afetada pelo processo de beneficiamento e, também, pelo adequado funcionamento e regulagem dos equipamentos utilizados no processo, o que é variável entre as algodoeiras.

Tabela 1. Conteúdo de Neps/g da fibra do algodoeiro da cultivar ITA 90 durante as diferentes fases do processo de beneficiamento em 12 algodoeiras do Estado do Mato Grosso, safra 2002/2003

Fases do processo de beneficiamento Algodoeiras Antes do descaroçamento Depois do descaroçamento Sem a ação do constelation Com a ação do constelation Algodoeira 1 172,25 Ca 303,25 Bb 301,25 Bb 356,50 Aa Algodoeira 2 182,00 Ba 169,50 Bf 197,00 Be 357,75 Aa Algodoeira 3 171,00 Ba 356,00 Aa 354,25 Aa 364,25 Aa Algodoeira 4 165,75 ab 281,25 Bbc 296,00 Bbc 360,00 Aa Algodoeira 5 113,75 Ccd 229,75 Be 246,50 ABcde 274,25 Abc Algodoeira 6 157,75 Babc 243,25 Acde 271,00 Abcd 260,00 Ac Algodoeira 7 133,50 Babcd 237,5 Acde 248,00 Aab 275,00 Abc Algodoeira 8 117,50 Cbcd 264,25 Bbcd 302,25 ABe 317,50 Aab Algodoeira 9 100,50 Bd 219,25 Adef 199,00 Ade 235,50 Ac Algodoeira 10 101,25 Cd 209,00 Bef 233,50 Bde 318,25 Aab Algodoeira 11 119,50 Bbcd 227,25 Ade 235,25 Ade 254,50 Ac

Algodoeira 12 96,00 Cd 196,25 Bef 196,00 Be 242,50 Ac

Média Geral 135,9 244,71 267,77 301,33

CV (%) 9,54

Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Na maioria das algodoeiras, houve diferenças significativas quanto a quantidade de Neps/g entre as diferentes fases do processo de beneficiamento do algodão. Na fase inicial do beneficiamento, compreendida pela limpeza do algodão em caroço, antes do processo de descaroçamento a quantidade média de Neps na fibra foi de 135,9 Neps/g, considerada muito baixa de acordo com Zellweger Uster (1988). Mesmo antes do processo de descaroçamento, notaram-se diferenças significativas entre as algodoeiras quanto ao conteúdo de Neps/g da fibra. Esses resultados mostram que a matéria-prima pode chegar à algodoeira com conteúdo variável de Neps/g ou, ainda, que a limpeza inicial realizada antes do processo de descaroçamento pode contribuir para a formação de Neps na fibra, sendo importante tanto a regulagem adequada dos equipamentos de colheita antes do beneficiamento, quanto a manutenção e regulagem adequada na algodoeira.

O processo de descaroçamento, que consiste na extração da fibra da semente, proporcionou aumento significativo na quantidade de Neps/g em relação ao processo anterior, em todas as algodoeiras. O descaroçamento ocasionou aumento médio de 80,1% na quantidade de Neps/g na fibra devido, provavelmente, à ação dos dentes das serras sobre as fibras, as quais separam as sementes

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da pluma.

Após o descaroçamento, quando não se utilizou o costelation, a quantidade média de Neps/g na fibra foi similar nos dois processos, sendo essa quantidade considerada mediana (ZELLWEGER USTER, 1988). Por outro lado, quando utilizou-se o costelation no processo de beneficiamento constatou-se incremento de, aproximadamente, 12,5% em relação ao processo anterior, porém este incremento faz com que a quantidade de Neps/g presente na fibra passe a ser classificada na categoria alta de acordo com Zellweger Uster (1988), o que é indesejável pela indústria têxtil.

As algodoeiras apresentaram grande variação no conteúdo Neps/g na fibra, após a passagem pelo costelation. Das 12 algodoeiras avaliadas, oito delas apresentaram conteúdo de neps/g considerado médio, variando de 242,50 neps/g na algodoeira de no 12 a 275,00 neps/g na algodoeira

de no 7. As demais algodoeiras apresentaram esta característica em nível considerado muito alto,

sendo que os valores variaram de 356,50 neps/g na algodoeira de no1 a 364,25 neps/g correspondente

a algodoeira no 3. Ressalta-se que é recomendável que a quantidade de Neps/g esteja na faixa de

200/250 neps/g (ZELLWEGER USTER, 1995).

CONCLUSÕES

O processo de descaroçamento aumenta em média 80% o conteúdo de Neps/g da fibra, em relação ao processo de limpeza do algodão em caroço.

Entre os processos de descaroçamento e limpeza da fibra por meio do costelation, constatou-se incremento de 23% no conteúdo de Neps/g na pluma.

Quatro das 12 algodoeiras analisadas apresentaram alto nível de neps/g na pluma, necessitando de uma revisão geral nos equipamentos de beneficiamento e de limpeza da pluma.

CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO

Orienta as algodoeiras a realizarem manutenção nos equipamentos de beneficiamento além de regulá-los adequadamente, pois neste processo podem ocorrer aumentos consideráveis no conteúdo de Neps/g da fibra do algodão. Equipamentos de descaroçamento mal ajustados podem ocasionar aumento na quantidade de Neps/g.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKER, R.V.; ANTHONY, W.S.; SUTTON, R.N. Seed cotton cleaning and extracting. In: ANTHONY, W. S.; MAYFIELD, W.D. Cotton ginners handbook. Washington: USDA, 1994. p. 69-90. (USDA. Agricultural Handbook Number, 503).

CHEIKHRONHOU, M.; SILVA, M.C.; KIRSCCHNER, A. Metrologia de fibras têxteis. Textilia, n.24, p.40-44, jun./ago. 1997.

HOFFMANN, R. Estatística para economistas. São Paulo: Pioneira, 1980, 379p.

MAYFIELD. W.D.; ANTHONY, W.S.; BAKER; R. V.; HUGHS, S.E.; LALOR, W.F. Ginning. In: SMITH. C.W.; COTHREN, J.T. Cotton: origin, history, tecnology and production. New York: John Wilys, 1999. Cap. 4, p.684-727.

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cleaning. In: ANTHONY, W.S.; MAYFIELD, W.D. Cotton ginners handbook. Washington: USDA, 1994. p. 102-119. (USDA. Agricultural Handbook Number, 503).

RUTHEFORD, R. Beneficiando com qualidade para o mercado internacional. Cuibá: LUMMUS do Brasil, 2005. 4p.

ZELLWEGER USTER. AFIS: testing data analysis. In: ZELLWEGER (Uster, Suiça) Technical encyclopedia. Suíça, 1995. p.1021-1050.

ZELLWEGER USTER. AFIS: testing data analysis. In: ZELLWEGER (Uster, Suiça) Technical encyclopedia. Suíça, 1988. (Uster News Bulletin, 36).

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