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Palavras-Chave: Cidades inteligentes, tecnologia e sustentabilidade.

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Academic year: 2021

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SMART CITIES: DIMENSÕES E INDICADORES PARA TRANSFORMAR A CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU/PR EM UMA CIDADE MAIS INTELIGENTE.

Ana Lucia de Paula Martins1 Marcos Disarsz Junior2 Willens Vaz Mariano3 Sinvales Roberto Souza4

RESUMO

Com o grande êxodo rural dos últimos anos, a população urbana cresceu desenfreadamente, assim como seus problemas, no contexto de proporcionar melhor qualidade de vida para seus habitantes surgem as cidades inteligentes, atrelando o emprego de tecnologias sustentáveis, para resolução de problemas encontrados no cotidiano da população urbana. Cada vez mais cidades estão investindo em projetos na área, nacional e internacionalmente, com isso, entendeu-se a necessidade de observar a cidade de Foz do Iguaçu, com características únicas e grande potencial de se tornar mais inteligente. Esse estudo teve por objetivo propor indicadores capazes de mensurar os atributos e conceitos sobre smart cities, por meio do objetivo específico de identificar o desempenho ambiental, social, econômico e tecnológico da cidade de Foz do Iguaçu para se tornar smart city. A metodologia aplicada neste estudo foi a pesquisa qualitativa, tendo abordagem exploratória, os instrumentos de coleta utilizados foram a entrevista, técnica de observação, análise documental e pesquisa bibliográfica. Com a análise dos dados obtidos foi possível mensurar indicadores para a cidade de Foz do Iguaçu, além do entendimento de como a cidade está buscando um futuro mais tecnológico e sustentável. Por fim, é importante lembrar que o processo de desenvolvimento é uma constante, de forma que as cidades inteligentes utilizam das TIC’s para dar mais eficiência as demandas da sociedade. Compreender as transformações geradas através das TIC’s é um processo em construção, além disso, a singularidade de cada região é um desafio, de modo que os modelos de análise das cidades devem ser adaptados as realidades locais. A cidade enfrenta diversos problemas, necessitando da modernização em áreas de mobilidade, habitação e urbanismo. Por meio dos indicadores foi possível identificar que o processo de desenvolvimento visa a maior qualidade de vida da população e quais os pontos necessitam de solução para que Foz do Iguaçu se tornar mais inteligente. A cidade ainda tem muito a fazer para um futuro que proporcione maior qualidade de vida, mas já planeja e investe no assunto.

Palavras-Chave: Cidades inteligentes, tecnologia e sustentabilidade. ABSTRACT

In parallel to the increase of rural flight in the last decades, the urban population has rapidly increased as much as the problems faced by the cities. Looking for ways to solve such

1

Acadêmico do Curso de Administração do Centro Universitário Dinâmicas das Cataratas – UDC. Email: analuciadepaula2511@hotmail.com

2

Acadêmico do Curso de Administração do Centro Universitário Dinâmicas das Cataratas – UDC. Email: mdisarsz@gmail.com

3

Acadêmico do Curso de Administração do Centro Universitário Dinâmicas das Cataratas – UDC. Email: willens.vam@gmail.com

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Mestre, Orientador, Professor e Coordenador do Curso de Administração do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC, e-mail: sinvales@udc.edu.br

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problems the idea of Smart Cities has gotten popularity over the years. Developing ways to improve citizens’ quality of life by utilizing technology and sustainable solutions. Investments in cities technology projects has become a national and international trend, therefore, this article takes a closer look at the city of Foz do Iguaçu, which has some unique characteristics and great potential to be a smarter city. This study aims to establish indicators that can measure Smart Cities’ characteristics to objectively identify the environmental, social and economic performance of Foz do Iguaçu. A qualitative research was applied in an exploratory purpose, the methodology used to achieve this article’s objective involved interviews, observation, documental analysis and bibliographical research. By analyzing the data obtained through research it was possible to measure Foz do Iguaçu indicators and how the city strides for technological and sustainable advances. The progress process is a constant, so that smart cities use TIC’s to develop society's in a smart way. The process to understand the changes generated through TIC’s is a something under construction, in addition, the uniqueness of each region is a challenge as well, so the analysis models of cities must be adapted to local realities. The city faces several problems, requiring modernization in areas of mobility, housing and urbanism. Through the indicators, it was possible to identify that the development process aims at a better quality of life for the population and which points need a solution in order for Foz do Iguaçu to become more intelligent. In conclusion, there are many improvements to be done, but the city has already begun its way to become a smarter city.

Keywords: Smart Cities, tecnology and sustainability.

1. INTRODUÇÃO

A transição do estilo de vida humano, de uma realidade rural, com menor densidade populacional, para sua concentração em espaços urbanos ocorreu através de mudanças no estilo de vida dos habitantes, gerado em grande parte através da primeira e segunda revolução industrial, isto é, ao longo dos séculos XVIII e XIX, onde as populações partiam do campo para trabalhar nas grandes fábricas que começaram a se formar em diversas localidades. Além da adaptação da população aos centros urbanos, foi necessário o desenvolvimento de meios de comportar o grande volume de pessoas em cidades que não estavam preparadas para o grande êxodo rural ocorrido.

Desta forma as cidades cresceram de maneira descompassada e sem algum processo de organização que atendesse as reais necessidades da grande população urbana que viria a se formar. Além disso, as empresas e indústrias presentes no meio urbano não tinham capacidade de suprir todas as pessoas que buscavam melhores oportunidades de vida. Com isso, meios de lidar com as disparidades sociais, intensificadas pela grande concentração de pessoas disputando recursos e espaços limitados, tem sido pauta da governança pública desde a origem dos seus problemas. Isso fez com que as dinâmicas dos centros urbanos se alterasse na tentativa de sanar os problemas causados pelo grande número de pessoas vivendo nesses locais, principalmente, a partir da década de 90, onde no mundo todo iniciou-se o debate

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sobre a geração de qualidade de vida para a população mundial atrelado a sustentabilidade, na mesma época surgiram avanços tecnológicos nunca imaginados anteriormente que poderiam auxiliar a população de diversas maneiras.

Atualmente, os problemas que já estavam sendo encontrados nas metrópoles começaram a atingir cidades menores em menor escala. Assim, busca-se cada vez mais inovar e encontrar soluções rápidas e baratas que atendam da melhor forma possível à população, onde se percebeu que o uso das TIC’s (Tecnologias da Informação e Comunicação) poderia ser uma solução viável para alguns dos diferentes problemas encontrados, trazendo assim melhor qualidade de vida para a população. Diante disso, iniciou-se um processo de implantação de um novo modelo de cidade: as smart cities, ou em tradução, cidades inteligentes, que são modelos de espaços sociais modificados para suprir as necessidades urbanas através da tecnologia, desenvolvimento sustentável e participação social.

Esse modelo de cidade busca integrar as diversas camadas da sociedade através da tecnologia, proporcionando desenvolvimento e acesso a serviços básicos para todos os cidadãos.Dessa forma, consegue-se diminuir algumas disparidades, como o desemprego e a falta de saneamento básico, transformando o ambiente em um local mais agradável param se viver de forma mais sustentável. Atualmente, grande parte das cidades busca inspiração em modelos de cidades inteligentes e iniciam seus processos para a implantação de tal projeto, para assim criar ferramentas para uma cidade mais funcional, com maior qualidade de vida para sua população. Isso traz além uma melhor qualidade de vida para os habitantes do município, um olhar mais atento de especialistas e estudiosos para essas localidades, iniciando um ciclo de benefícios entre instituições públicas e privadas, que se dedicam na busca por soluções de problemas do cotidiano do local.

Para a transformação de cidades tradicionais para inteligentes ocorrer é necessário a atenção em diversos indicadores, que devem ser analisados e ter seus projetos de melhoria implantados. Alguns indicadores podem ser destacados: economia, sustentabilidade e tecnologia, porém, cada estudo leva em consideração uma quantidade diferente de indicadores, apresentando grande variação. Cada estudo possui uma abordagem diferente e gera importâncias diferentes para cada indicador, assim as unidades administrativas devem se manter atentas às diversas faces de um município, atendendo à todas as suas necessidades.

Internacionalmente várias cidades na Europa, Ásia e América do Norte são consideradas modelo no assunto, como por exemplo, Nova York, Dubai e Paris. No Brasil, há um programa que busca incentivar cidades a implantar projetos para a sua transformação em cidades inteligentes, visando o ano de 2030, o Programa Cidades Sustentáveis possui grande

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abrangência por parte dos governos municipais, por exemplo, Campinas/SP, Florianópolis/SC e Foz do Iguaçu/PR. Esta última, que é o objeto deste estudo, atualmente busca se desenvolver unindo parcerias com o setor privado e o Governo Federal Brasileiro através da Usina Hidrelétrica de Itaipu, e já possui o projeto piloto de bairro inteligente: a região do bairro Vila A, onde será implementado diversos instrumentos que realizarão melhorias necessárias ao bairro.

Diante das situações mencionadas, surge o questionamento: Quais os instrumentos e indicadores poderiam ser implantados no contexto das smart cities para Foz do Iguaçu tornar-se mais inteligente e sustentável? Para responder tal questionamento, este estudo possui o objetivo de identificar dimensões que possam direcionar a transformação de cidades comuns em smart cities, por meio do objetivo específico de analisar o desempenho ambiental, social, econômico e tecnológico da cidade de Foz do Iguaçu para se tornar smart city.

Analisa-se no âmbito do desenvolvimento sustentável econômico como é possível visualizar a relação direta com o critério “Economia”, visto que destaca questões como desenvolvimento regional de indústrias, da capacidade empreendedora e da inovação local. De certa forma, o critério “Conexões Internacionais” das cidades inteligentes também contribuí para a questão econômica do desenvolvimento sustentável, pois por meio do conhecimento global uma cidade tem a possibilidade de atrair mais investidores. Além disso, são analisados indicadores como os de governança, mobilidade, tecnologia e planejamento urbano, entre outros, que influenciam as questões do desenvolvimento sustentável em mais de uma área, seja econômica, social ou ambiental.

Por conta dos fatores apresentados, o presente trabalho irá analisar a cidade de Foz do Iguaçu, localizada no interior do Paraná, que no último censo realizado em 2010 segundo o IBGE apresentou mais de duzentos e cinquenta mil habitantes, e iniciou seu processo para tornar-se uma smart city, além disso, a cidade possui algumas características que dão destaque em relação às outras, como o setor forte do turismo e a tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai. Outro fator traz à cidade grande potencial tecnológico para o desenvolvimento: a Usina Hidrelétrica de Itaipu, juntamente com o PTI (Parque Tecnológico de Itaipu). Os dois juntos são responsáveis por grandes pesquisas em diversos setores, tendo grande foco na sustentabilidade, com isso entende-se que a cidade tem potencial para implementação de projetos que integrem a tecnologia e a sustentabilidade.

O município iniciou um processo de implantação de novas tecnologias atendendo diversas áreas, como o PTI, buscando transformar a região de Vila A, em um bairro

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inteligente, sendo um experimento de cidade inteligente em menor escala, que pode futuramente ser expandido a outras localidades da cidade.

2. BASE TEÓRICA

Nesta parte do estudo, serão expostos os conceitos que explicarão o que é e como funciona uma smart city, além de relacioná-la com a sustentabilidade, demonstrando sua importância atual e como este conceito tem sido implantado nacional e internacionalmente, além disso, será demonstrado como ocorre a sua avaliação e equiparação.

Para se entender o que é smart city primeiro necessita-se entender o conceito de cidade, que segundo Lencioni5 (2008) significa: aglomeração durável caracteriza pela

presença de mercado e a posse de administração pública. Lencioni (2008), ainda afirma que essa aglomeração pode variar de tamanho, onde pode haver uma cidade de dois mil habitantes e outra de dez milhões, assim, o conceito de cidade varia conforme a região avaliada. Com o passar dos séculos as cidades foram se transformando em metrópoles, e com isso iniciaram-se dificuldades para os governos atenderem suas populações que cresceram proporcionalmente, onde atualmente pode-se observar cidades sem infraestrutura alguma para suportar sua população, alguns desses problemas podem ser identificados facilmente como a falta de saneamento básico e enormes congestionamentos.

A partir da necessidade de soluções para esses problemas graves iniciaram-se estudos de soluções práticas em diversas partes do mundo, onde pesquisadores começaram a empregar a tecnologia cada vez mais nas soluções desenvolvidas. Para Weiss (2019), o conceito de cidade inteligente se configura como um caminho viável para que as cidades possam fazer frente aos desafios presentes e futuros, tendo as TICs como meio para tal.Segundo Pardo & Nam (2011, apud WEISS, 2017, p. 164):

[...] a criação de cidades inteligentes deve ser encarada como um processo contínuo de harmonização entre o mundo físico e o mundo virtual, que contemple todos os subsistemas do sistema urbano, orientando-se à prestação de serviços e ao desenvolvimento socioeconômico e não apenas encarado como uma revolução tecnológica para resolver um fenômeno particularmente localizado. (PARDO & NAM, 2011 apud WEISS, 2017 p. 164)

Esse “melhoramento” com a transformação da cidade em smartcity pode ser implantado tanto em cidades menores quanto em grandes metrópoles, a partir de soluções

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LENCIONI, Sandra (Professora Doutora do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo).

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básicas que podem ser adaptadas e simplificadas conforme a necessidade e o porte da cidade que busca implantar essa solução.

O conceito de smart city possui diferentes significados para diferentes autores,por exemplo Solek e Oliveira (2019) demonstram diferentes vertentes desse significado; as smart cities podem ser um meio do poder público melhorar a provisão dos serviços públicos e da democracia nos espaços urbanos (ANTHOPOULOS e FITSILIS, 2013 apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019, p.21); ou então como uma cidade avançada de alta tecnologia que relaciona pessoas, informações e elementos de cidade empregando novas tecnologias, com o intuito de formar uma cidade sustentável (BAKICI et al., 2013 apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019, p. 21); ou ainda pode-se descrever as smart cities como áreas geograficamente bem definidas, onde os recursos tecnológicos (TIC, logística, energia e outros) colaboram entre si, para gerar benefícios para a população em geral (DAMERI, 2013 apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019, p.21).

2.1 HISTÓRICO DE CIDADES INTELIGENTES

Silveira (2017 apud RODRIGUES et al., 2019), afirma que as smart cities surgem no contexto da globalização, ou seja, surgem numa época onde o mundo começava a passar por enormes mudanças em diversos contextos como o tecnológico e o econômico, surgindo assim maiores adversidades em diversas áreas com proporções cada vez maiores. Com isso diversas cidades começaram a implementar processos e projetos que direcionam para as cidades inteligentes.

Para Cocchia (2014 apud RODRIGUES et al., 2019), nos anos noventa começou a ser propagado o conceito de crescimento inteligente, algo que chamou a atenção de vários pesquisadores para solucionar problemas relacionados à diversos pontos das cidades. As cidades inteligentes tornam-se soluções práticas e eficazes que colaboram com o desenvolvimento destes ambientes. SegundoKomninos (2014 apud BENITES, 2016):

Esses trabalhos já associavam a inteligência urbana à vantagem competitiva alavancada, no caso das inteligente cities, pela geração e difusão de conhecimento em redes e, no tocante às smartcities, ao desenvolvimento das metrópoles amparado pelo avanço tecnológico, inovação e integração econômica globalizada. (KOMNINOS, 2014 apud BENITES, 2016)

Segundo Guimarães (2018), nos anos noventa iniciou-se a grande expansão e evolução das tecnologias em diferentes áreas, a partir disso os governos começaram a empregar tais tecnologias como soluções para problemas que tinham nas suas cidades. O autor afirma que na época muitos estudos surgiram com o objetivo de criação de métodos para implantação

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dessas tecnologias na promoção de serviços administrativos de qualidade, visando um melhor aproveitamento de tecnologia na automação de processos.

Guimarães (2018), citando Mahizhnan (1999), afirma que uma cidade que pode ser usada como exemplo desse início das cidades inteligentes, é Cingapura. Essa cidade iniciou seu processo para se tornar uma cidade inteligente já nos anos oitenta, onde começou a desenvolver soluções tecnológicas no país, com foco na capital, e às implantar de forma inteligente, transformando uma cidade baseada no comércio e em multinacionais, que vinha desde os anos sessenta, em um centro tecnológico reconhecido internacionalmente, e que busca o título de “ilha inteligente”.

Benites (2016), afirma que o desenvolvimento e estudos das smartcities surgem ao redor do mundo por volta de 1997, a partir da assinatura do Protocolo de Kyoto, onde diversos países se comprometeram a desenvolver atividades para a diminuição de emissão dos gases que causam o efeito estufa. Isso fez com que diversas localidades implantassem soluções inteligentes com foco na sustentabilidade.

Segundo Cohen (2015 apud CUNHA, 2019) pode-se entender o histórico das cidades inteligentes as separando em 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0. As cidades 1.0 seriam o início da utilização das tecnologias como melhoradoras de problemas encontrados no dia a dia das cidades, tem seu marco a partir da união de instituições privadas e públicas para o fornecimento de internet rápida a toda a população. Com isso se têm a forte expansão dos provedores de internet, com destaque para os instalados em locais públicos com a finalidade de fornecer wi-fi gratuito em pontos de grande movimentação de pessoas.

Etezadzadeh (2015 apud BENITES, 2016), afirma que a fase 1.0 era caracterizada por ações empíricas conduzidas em sua maior parte pela iniciativa privada, na tentativa de identificar padrões que consolidasse uma smart city. Ou seja, essa fase pode ser entendida como uma fase de testes, onde iniciam-se experiências em diversas cidades com várias tecnologias diferentes, visando entender melhor o que funcionaria para a resolução de cada problema, buscando soluções que se adaptassem em diversas localidades, e assim conseguir estabelecer através de pesquisas um conceito único de cidade inteligente.

A fase 2.0 segundo Cohen (2015 apud CUNHA, 2019), seria a fase onde muitas cidades estão na situação onde o poder público busca cada vez mais soluções práticas a serem implantadas para a facilitação do 3.0. O autor afirma que grande parte das cidades está nessa fase, procurando investir cada vez mais na preparação para chegar à fase 3.0 e 4.0, ou seja, essas cidades estão passando por uma fase de transição a partir da implementação de novas tecnologias em seu cotidiano. Benites (2016) complementa Cohen afirmando que a fase 2.0 é

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caracterizada pelo início de maior atenção à inclusão, diversidade e alta qualidade de vida e à perspectiva social, além da inclusão do setor acadêmico e empreendedor nas tomadas de decisão.

Nas cidades 3.0, Cohen (2015 apud CUNHA, 2019) afirma que surgem as atividades de compartilhamento, ou seja, tem parte de seu foco na sustentabilidade, já que vai à contrapartida do consumo procurando desenvolver atividades que possam ser usadas por várias pessoas, algumas vezes simultaneamente. Nessa fase se têm o surgimento de algumas startups que focam no assunto, como a UBER e o Airbnb, nessa fase as cidades começam a regulamentar essas atividades e criar adaptações para melhor implementação, focando na sustentabilidade e na economia.

Cohen (2015 apud CUNHA, 2019) afirma que a fase 4.0 possui grande ligação com a Quarta Revolução Industrial, que possui como base tecnologias IOT (Internet of Thing)6, onde quase tudo é automatizado e há troca de informações entre si. Essa fase pode ser encontrada em algumas localidades modelo ao redor do mundo, como no Vale do Silício, onde a busca pela automação está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas que vivem no local. Ademais, Cohen (2015 apud CUNHA, 2019) acrescenta que a fase 4.0 também pode ser marcada pelo surgimento de mais startups, ou seja, o crescimento não só das startups, mas dos ecossistemas de inovação e incubadoras, que estão cada vez mais presentes nas cidades,contribuindo de forma muito importante para o desenvolvimento de novas ideias baseadas em tecnologia, que em grande parte auxiliam no desenvolvimento das cidades. Essas fases podem ser visualizadas de forma sintetizada no quadro 01 a seguir:

Quadro 01 - Fases de desenvolvimento das cidades inteligentes

FASE AUTORES CARACTERÍSTICAS EVOLUÇÃO

1.0 ETEZADZADEH (2015 apud Benites, 2016); COHEN (2015 apud Cunha, 2019). Forte participação da iniciativa privada; Realização de muitos testes.

Essa fase é onde começa a se formar um conceito e um modelo de cidade inteligente.

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2.0

COHEN (2015 apud Cunha, 2019); Benites (2016).

Maior participação do poder público; Grande investimento.

Nessa fase inicia-se o processo de formação de TICs a serem implantadas nas cidades.

3.0

COHEN (2015 apud

Cunha, 2019). Atividades compartilhamento; de Sustentabilidade;

Nesse momento, as TICs são implantadas, surgem startups com grande foco

no auxílio da

transformação das cidades.

4.0

COHEN (2015 apud

Cunha, 2019). Quarta revolução industrial; Internet das coisas; Ecossistemas de inovação.

Nesta fase as cidades já foram transformadas, e iniciam seu processo de automação no poder público e privado, a partir das TICs desenvolvidas anteriormente.

Fonte: Elaborado pelos autores com base no exposto anteriormente, 2020.

Outra forma de melhor entendimento das cidades inteligentes pode ser através das escolas, onde Solek e Oliveira (2019, p. 21), explicam que o conceito de smartcity pode ser dividido em quatro escolas.Primeira, a escola reflexiva que tem seu foco no desenvolvimento humano através da tecnologia com o cidadão agindo de forma mais participativa, sua principal característica é o avanço tecnológico proposto (ANGELIDOU, 2015, apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019). Segunda, a escola do pensamento pragmático que idealiza a gestão através dos cidadãos, o foco se tornam as soluções criativas feitas pelas cidades, essa escola retira um pouco de seu foco da tecnologia (RODRIGUEZ, 2018, apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019).Terceira, a escola do pensamento restritivo com foco nas técnicas de desenvolvimento integrado, assim como na conectividade e abrangendo a IOT,essa escola retorna a tecnologia como uma de suas principais características (EVANS, 2002, apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019). Quarta, a escola do pensamento crítico foca na insatisfação dos cidadãos, a respeito das cidades inteligentes, essa insatisfação seria resultado do aproveitamento das corporações na venda de tecnologias para implantação nas cidades, com isso a escola busca o questionamento

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dos cidadãos, e traz como principal característica as pessoas (DATTA, 2015, apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019)7.

Segundo Gama et al. (2012 apud GUIMARÃES, 2018, p. 152), a implantação de uma smart city deve seguir um processo, seguindo determinados fatores para que ocorra da melhor forma. Na primeira fase, chamada de zero, é denominada de caótica, onde as cidades ainda não possuem TICs auxiliando em seu gerenciamento, essa fase é onde muitas cidades encontram-se quando iniciam o processo. A próxima fase pode ser chamada de fase um ou inicial, onde a cidade começa a se planejar e definir quais as TICs que serão utilizadas. Na fase dois, ou nível gerenciado, as cidades já possuem as informações necessárias e iniciam a implantação de algumas TICs, por exemplo, sensores em rios. A fase três, chamada de integrada, as TICs já estão empregadas, os cidadãos têm participação ativa e o governo realiza a integração disso tudo. A última fase, quatro ou otimizado, a cidade começa a desenvolver suas próprias TICs e inovar cada vez mais, e normalmente se torna pioneira em alguns fatores.

2.2 DIMENSÕES E INDICADORES DA CIDADE INTELIGENTE

As cidades inteligentes possuem como principal característica a junção dos elementos que a compõem: tecnologia, governo e sociedade, como resultado da integração desses agentes, há o aprimoramento do desenvolvimento de suas dimensões.

Dado o elevado grau de complexidade do paradigma das smartcities, bem como da sua medição, os modelos de avaliação de uma smartcity presentes na literatura encontram-se, na sua maioria, repartidos em várias dimensões, de maneira a, posteriormente, ser mais perceptível entender o comportamento e evolução da cidade consoante cada uma dessas áreas de relevo. Segundo os autores mais citados no que toca a esta temática, como Giffinger et al. (2007) e Batty et al. (2012), existem 6 dimensões que caracterizam verdadeiramente uma cidade inteligente que são o governo, a comunidade, a economia, o ambiente, a mobilidade e a qualidade de vida. (GONÇALVES, 2018, p. 17-18).

Desenvolver uma avaliação exige o estabelecimento de parâmetros de comparação (CABRITO, 2009); para as cidades inteligentes esses parâmetros são os indicadores ou as dimensões, que podem ser utilizados para melhor avaliar as cidades. No contexto de avaliação de smart cities, dimensões podem ser entendidas como a conjuntura de uma área da cidade. Segundo estudo desenvolvido pela IESE Business School as dimensões fundamentais das

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Perceber-se que as quatro escolas divergem em alguns pontos no seu foco, porém todas estão baseadas num dos principais pontos de qualquer cidade: o cidadão. Esta possui forte papel numa smartcity, ele deve sempre participar e auxiliar na gestão, além de colaborar em diferentes pontos, como na sugestão do desenvolvimento das soluções.

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cidades são: capital humano, coesão social, econômico, governança, ambiental, mobilidade e transporte, planejamento urbano, alcance internacional e tecnologia. Estas nove dimensões fundamentais descritas no estudo, apesar de interligadas, possuem suas características próprias que definem seus indicadores, onde se consegue a realização de melhores avaliações. A avaliação das cidades contribui para o entendimento de seus pontos fortes e fracos, sendo de interesse de seus gestores e stakeholders a mensuração das características da cidade que possuem maiores investimentos, e os pontos que carecem de desenvolvimento. As informações das dimensões a seguir foram baseadas no documento disponibilizado no site da IESE Business School em 2019.

Capital humano: O aprimoramento dessa dimensão deve ser o principal objetivo de uma smart city: uma governança inteligente deve atrair e manter talentos, isso ocorre através de investimento na qualidade de vida da população ou atraindo pessoas que possuam qualificação de fora da cidade. O estabelecimento de indicadores de avaliação referentes ao capital humano trata de fatores complexos e subjetivos, mas há consenso internacional que o nível de educação e acesso à cultura são questões chaves para a realização da sua mensuração. Coesão social: Trata-se de uma dimensão sociológica, definida como o grau de consenso dos membros da sociedade, descrita no contexto urbano como o grau de concomitância de grupos que apresentam características distintas (renda, cultura, idade, profissão e afins) que participam da mesma cidade. Ações nesse âmbito exigem análise de fatores como ações em relação à imigração, desenvolvimento da comunidade, cuidados com os idosos, eficácia do sistema de saúde e segurança pública. Os indicadores desta dimensão avaliam questões como o grau de desigualdade social(através do índice de Gini), taxa de mortalidade, número de hospitais públicos ou privados, entre outros.

Econômico: A Economia tem por objetivo o aumento da circulação de valores dentro da cidade, segundo Silva (2017 p. 18) a economia tem um papel fundamental em desenvolver a área de empreendimentos da sociedade, a criação de marcas, inovações patentes, produzir e se adaptar às mudanças do mercado, as avaliações feitas tange a produtividade, salários, facilidade de se abrir uma empresa.

Governança: Esta dimensão enxerga o cidadão como o principal ator na resolução das questões da cidade, o aumento da participação popular é uma característica das cidades inteligentes. Um importante papel do eixo governança é sua relação com as finanças da cidade, outro, é a percepção de corrupção por parte da população, e para isso e outras questões o acesso a informações pelo meio digital é uma das ferramentas que auxiliam a população; para essas demandas o estudo apresenta indicadores para avaliar suas nuances.

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Ambiental: A relação sustentável da cidade com o ambiente é um símbolo das smartcities, a utilização das TICs para gestão dos recursos ambientais provém alternativas ao uso de recursos não renováveis e na logística de resíduos. Os indicadores apresentam dados relacionados à qualidade de vida das pessoas, a geração média de resíduos anual por pessoa e se as medidas de descarte adequado são tomadas pela população e incentivadas pelo governo, pois, a produção de lixo urbano pode ser sinal de possíveis problemas a saúde dos habitantes.

Mobilidade e transporte: Essa dimensão está fortemente ligada às questões da sustentabilidade e qualidade de vida dos habitantes, tendo como um objetivo das cidades inteligentes a facilitação do deslocamento urbano e o acesso a serviços públicos. Além da sustentabilidade, a dimensão é de grande valia para o setor econômico, tendo atuação crucial para a movimentação das forças de trabalho além dos setores econômicos dependentes da locomoção, como a área logística. Os indicadores analisam questões como o tempo gasto no tráfego, tempo de deslocamento entre pontos da cidade; apresenta um indicador binário se a cidade em questão apresenta ou não trens de alta velocidade; no viés sustentável há indicadores comoo compartilhamento de bicicletas e o número de bicicletas por família.

Planejamento urbano: Esta dimensão também possui compromissos com a qualidade de vida da população e sustentabilidade, além disso, um planejamento urbano eficiente influência na dimensão econômica por gerar riquezas e proporcionar maiores investimentos por parte do setor privado. Os indicadores avaliam a existência de espaços para uso público como parques, bosques e praças; verificam a existência ou não de infraestruturas para o bem-estar social como laboratórios de saúde públicos, sistemas de dados; trazem informações dos cidadãos e sistemas de saúde públicos;além disso, apresentam o número de estruturas presentes na cidade: prédios, torres e construções de menor porte.

Alcance internacional: Nesta dimensão a ideia para o desenvolvimento dos indicadores está ligada a como a marca da cidade é vista internacionalmente, tendo uma visão da cidade como produto: que tem seus pontos fortes trabalhados, pelo governo e instituições privadas, para ser vendida para investidores, turistas e pessoas que tenham interesses em se mudar para a cidade. Os indicadores abrangem o setor turístico, através das avaliações de número de hotéis, número de conferências e reuniões e a quantidade de passageiros que passam pelo aeroporto; outro setor relacionado a essa dimensão é o de bares e restaurantes, avaliados a partir de uma comparação de preços de comidas e bebidas.

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Tecnologia: Esta destaque-se por ser considerada o backbone8 de uma cidade que

almeja tornar-se smart city, considerando ela, a tecnologia, como o principal fator integrador das outras dimensões, possibilitando o desenvolvimento sustentável das cidades através do fluxo de informações das áreas e possibilitando maior participação das pessoas. Os indicadores selecionados apresentam dados como o número de pessoas conectadas às redes sociais, quantidade de computadores por casas, quantidade de casas que possuem conexão com a internet, velocidade da conexão com a internet.

Segundo Mazzo (2018), a partir de uma perspectiva integrada e holística, as cidades inteligentes podem ser dividas em seis dimensões: Governança inteligente: corresponde à interação da população com seus governantes, avaliando sua participação no planejamento de políticas públicas; Economia inteligente: a economia inteligente tem seu foco baseado no empreendedorismo e como as TICs influenciam esse setor; Ambiente inteligente: esta dimensão refere-se à preocupação com os recursos naturais, e como cada cidade trabalha o assunto; Mobilidade inteligente: a dimensão avalia a integração de tecnologias e sistemas sustentáveis na logística municipal; Pessoas inteligentes: corresponde ao capital humano da cidade e seu nível de qualificação. Vida inteligente: refere-se à qualidade de vida entregue a população, avaliando quesitos como segurança e infraestrutura.

Entre os principais indicadores está a economia, que segundo Flores e Teixeira (2017) cada cidade deve desenvolver um entendimento a respeito da ligação entre a sociedade e a economia, propiciando a igualdade e inclusão social, ou seja, promover ações necessárias para gerar um equilíbrio na sociedade, onde todos seja acessível o necessário para sobreviver.

Outra dimensão para cidades inteligentes é a sustentabilidade, que segundo Bachendorf et al. (2019), aliado ao crescimento acelerado das cidades e sua população, as práticas a partir da sustentabilidade surgem como uma forte alternativa para políticas públicas com foco na melhoria da qualidade de vida. A sustentabilidade vem sendo cada vez mais comentada e desenvolvida por diversos países no mundo, a partir do momento em que se percebe o avanço da destruição causada pelos seres humanos no planeta. Por exemplo,o assunto está inclusive se tornando requisito para, a realização de exportações para determinados países, causando sanções econômicas em determinados países.

Quando se fala em smart city é necessário entender o uso da tecnologia como uma das principais formas de solução para as adversidades encontradas nas cidades. Para Navarro et al. (2017, apud CORTESE et al., 2019, p. 273), os diversos conceitos de cidades inteligentes

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incluem o uso da tecnologia como parte fundamental no processo da criação de soluções inteligentes facilitadores para o dia-a-dia nas cidades, respeitando suas limitações em dimensão e orçamento. Segundo Caragliu (2013 apud SOLEK e OLIVEIRA, 2019), inicialmente as smart cities tinham seu foco direcionado quase inteiramente para as TICs, e seu trajeto deveria seguir a linha da tecnologia.

Os indicadores são as características que compõe os eixos dos estudos que fazem o ranqueamento de cidades inteligentes, são estes indicadores que recebem as notas e compõe a conjuntura da das dimensões. Feitos com o objetivo de mapear os atributos das cidades (Ranking ConnectedSmartCities, 2019).

Indicadores são atribuídos às dimensões as quais mais se relacionam, e então separados possuindo um setor principal, entretanto, devido à abrangência e conexão social, governamental e sustentável das cidades, os indicadores são utilizados em mais de um eixo, não sendo exclusivos de seu setor principal.

Existem diversos estudos científicos que se propõem a apresentar modelos de avaliação das cidades e classificação de indicadores de cidades inteligentes (ConnectedSmartCities – CSC; EuropeanSmartCities; IESE Cities in Motion), em geral, eles possuem características em comum com definições parecidas, citando o estudo de Guimarães (2001) que escreve que o número de indicadores de uma cidade inteligente varia de 28 a 400 indicadores, dependendo do autor do estudo e que os indicadores da dimensão digital diferem de estudo para estudo. Apesar das diversas classificações de autores diferentes, elas possuem seus pontos em comuns, pois tratam do mesmo assunto, cidades inteligentes, devem se limitar a operar na avaliação de indicadores inerentes às smart cities.

2.3 MODELOS DE AVALIAÇÃOE RANKING DE CIDADES INTELIGENTES Os modelos de avaliação passaram a ser um padrão mundial para identificar o desempenho das Cidades Inteligentes, a avaliação dos indicadores apresentam aos stakeholders informações para seus investimentos, mas além do ranqueamento das cidades, existem outras fontes de comparação entre elas, o benchmarking que busca estabelecer comparações entre os projetos das cidades e dashboards, que são painéis que fornecem visualização de informações e dos principais indicadores de uma forma rápida (HIROKI, 2019). Apesar de existirem diferentes formas de avaliar uma cidade inteligente, os meios mais populares presentes em estudos são os rankings.

Desta maneira, segundo Albino et al. (2015 apud FLORES et al., 2017), a descrição das medidas e proporções, bem como a utilização de modelos de classificação e análise dos

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resultados das cidades, baseando-se em smart city, possibilita que administradores públicos decidam quais os fatores devem ser levados em consideração para a melhor gestão do tempo e dos recursos.

Para Silva (2017), devido à complexidade e relevância do assunto, assim como a falta de uma definição de conceito único para as cidades inteligentes, muitos estudos buscam identificar quais os fatores que devem compor um projeto de smart city. Desta forma, segundo Albino et al. (2015 apud FLORES et al., 2017) identifica que os trabalhos acadêmicos não se preocupam em apenas definir as dimensões do projeto de desenvolvimento da smart city, além disso, buscam encontrar os indicadores que acompanham cada dimensão analisada.

Portanto para Tanguay et al. (2009 apud SILVA, 2017) indicadores apresentam valores para a análise de fenômenos, e desta forma, proporciona a avaliação do desempenho do evento em questão. Podendo ser classificados como elementos espaciais, temáticos ou temporais, podendo ser um mais importante que o outro conforme o peso da sua informação para o ponto analisado.

Para Cunha (2019), rankings atraem a atenção em geral e chamam a atenção para as questões da ciência regional em particular, ou seja, podem ser usados para uma cidade ganhar maior notoriedade em determinado assunto. Rankings que elencam cidades podem acabar estimulando uma competição saudável entre cidades com o intuito de gerar melhorias, como por exemplo, no aspecto sustentável, no entanto essa competição pode tornar-se desleal, de forma que alguma cidade pode tentar prejudicar outra.

A seguir alguns rankings que elencam cidades inteligentes, tendo como um de seus indicadores a sustentabilidade ou o meio ambiente:

Smart City Wheel

Segundo Cunha (2019), a ferramenta desenvolvida pelo professor e estrategista climático Boyd Cohen, divulgada em 2012, auxilia no planejamento de modernização de cidades através de seis dimensões (meio ambiente, mobilidade, governo, economia, pessoas e vida), que seguem dezoito indicadores, divididos igualmente em três para cada área de avaliação. O ranking, porém, sofre com a dificuldade de as cidades responderem os questionários para ser realizado. Sua representação é realizada através de uma roda, como na figura 01 a seguir, que mostra a roda da Smart City elaborada por Cohen (2013).

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Fonte: Cohen (2013 apud CUNHA, 2019). Ranking ArcadisSustainableCities Index

Segundo Flores e Teixeira (2017), inicialmente o ranking tinha o objetivo de avaliar cinquenta cidades, com o intuito de avaliar a viabilidade dessas cidades como lugares para viver, seu impacto ambiental, sua estabilidade financeira e como esses elementos se complementam, para o ano de 2016 foram avaliadas um total de cem cidades.

O ranking analisa três dimensões para a sustentabilidade com seus respectivos indicadores: pessoas (educação, saúde, demografia, desigualdade de renda, poder de compra, balanço trabalho-vida e criminalidade); planeta (riscos ambientais, espaços verdes, energia, poluição do ar, emissão de gases do efeito estufa, administração de resíduos e água potável e saneamento); lucro (infraestrutura de transporte, desenvolvimento econômico, facilidade de fazer negócios, turismo, conectividade e empregabilidade).

SmartCities Index

O Smartcities Index é um estudo elaborado pela Easy Park, onde foi realizada uma análise de quinhentas cidades em diferentes países, criando um ranking das cem cidades que melhor gerenciam seus recursos com eficiência.

Para isso foram analisados vinte e quatro fatores divididos em sete índices, são eles: transporte e mobilidade (estacionamento inteligente, serviços de compartilhamento de carro, tráfego, transporte público, pontos de carga eletrônica e investimentos em infraestrutura); sustentabilidade (energia limpa, edifício inteligente, depósito de lixo, proteção ambiental e desempenho ambiental); governança (participação cidadã, digitalização do governo,

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planejamento urbano e educação); economia da inovação (ecossistemas de negócio e ecossistemas de blockchain); digitalização (4G LTE, velocidade da internet, pontos de acesso WI-FI, utilização de smartphones e cyber segurança); padrão de vida (padrão de vida); percepção de especialistas (como a cidade está se tornando inteligente) (EASYPARK, 2020).

O ranking “Connected Smart Cities – CSC”

Elaborado pela empresa de consultoria Urban Systems, o ConnectedSmartCities é uma plataforma online que faz a avaliação das cidades brasileiras e busca unir empresas e governo, feito com o objetivo de mapear as cidades com maior potencial de desenvolvimento através de indicadores que retratam inteligência, conexão e sustentabilidade.

Os indicadores do estudo foram baseados em estudos teóricos da área como, “Cidades Sustentáveis, Programa Cidades Sustentáveis”, “Escala Brasil Transparente, Controladoria Geral da União”, “Brazil Competitiveness Profile, Fundação Getúlio Vargas”, e também nas normas técnicas ISO 37.120 – SustainableDevelopmentOfCommunities - Indicators for cityservicesandqualityoflife” e “ISO 37.122 – SustainableCitiesIncommunities - Indicators for smartcities” que busca estabelecer definições e metodologias para um conjunto de indicadores a fim de medir o progresso em direção a uma cidade inteligente. A pesquisa se baseia em 11 grupos de características de desenvolvimento sendo: mobilidade e acessibilidade, Urbanismo, Meio Ambiente, Energia, Tecnologia e Inovação, Economia, Educação, Saúde, Segurança, Empreendedorismo e Governança, e essas características são elaboradas em 70 indicadores.

EuropeanSmartCities

Devido às diversas definições de Cidades Inteligentes, a EuropeanSmartCities da Universidade de Tecnologia desenvolveu um modelo que propõe um modelo avaliativo baseado em seis pontos chaves, desenvolvido em 90 indicadores (FLORES e TEIXEIRA, 2017), o modelo não apresenta um ranking de cidades mais inteligentes, mas dispõe em seu portal uma ferramenta de comparação entre as mesmas, a ferramenta separa as cidades europeias em cidades de médio e grande porte, disponibilizando um paralelo de realidades que compartilham maiores semelhanças.

IESE Cities in Motion

O IESE Cities in Motion é uma plataforma de pesquisa lançada pela universidade de IESE Business School em Navarra, Espanha. O projeto tem por objetivo estabelecer uma rede mundial de conexão entre especialistas, empresas da área e administrações municipais de todo o mundo para desenvolver ideias e ferramentas de inovação para gerar cidades mais inteligentes e promover mudanças (IESE Business School, 2019).O ranking

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avaliaasdimensões de capital humano, coesão social, economia, gestão pública, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano, alcance internacional e tecnologia, (HIROKI, 2019 p. 121).

2.4 CARACTERIZAÇÃO DO ECOSSISTEMA DAS CIDADES

INTELIGENTES DENTRO DA INOVAÇÃO

Um ecossistema de inovação pode ser entendido segundo Jucevicius&Grumadaite (2014 apud BENITES, 2016), como um sistema aberto e auto organizado, complexo e adaptativo, ou seja, ecossistema de inovação seria um sistema autossuficiente, com interações diversas e dinâmicas com o ambiente em que estão.

Porém, para se chegar aos ecossistemas de inovação da atualidade, há a necessidade de se entender seu precursor, os sistemas de inovação que surgiram por volta dos anos oitenta (FREEMAN, 1982; LUNDVALL, 1985; FREEMAN, 1987 apud BENITES, 2016), sob a segunda geração de pesquisas em teoria do desenvolvimento econômico (LUNDVALL et al., 2009 apud BENITES, 2016, p.02) como um avanço no enquadramento analítico para o processo de inovação.

Segundo Benites (2016) a partir do surgimento dos sistemas de inovação, se começa a admitir a importância do uso das tecnologias nas cidades e no cotidiano de seus moradores, além da declaração da importância das inovações e como tudo isso impacta no desenvolvimento econômico regional.

Para Jucevicius&Grumadaite (2014 apud BENITES, 2016), os sistemas de inovação seriam uma estrutura estática e institucional. Algo diverso do que se consegue entender hoje sobre os ecossistemas de inovação, que pode ser considerado uma evolução do conceito de sistemas, e torna-se mais aberta e adaptativa em relação à sua estrutura.

“Há 30 anos, a Suécia desenvolveu a Krista Science City, um ecossistema em que o setor público, as empresas e a academia colaboram para o crescimento e o desenvolvimento de tecnologias” (OLIVEIRA; CARVALHO, 2017), ou seja, pode-se entender que um ecossistema de inovação integra as diferentes áreas presentes na sociedade, através de parcerias que geram benefícios mútuos e colaboram para o desenvolvimento das cidades.

Para Audy e Piqué (2016 apud JOAQUIM et al., 2018), os ecossistemas de inovação têm seu fundamento na biologia, ou seja, baseia-se na ideia de um ecossistema natural, onde na biologia desenvolve-se uma vida com diferentes interações com o ambiente, e num ecossistema de inovação, as inovações são criadas e desenvolvidas com interações dos diferentes agentes presentes no local.

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Segundo Spinosa et al. (2018), os ecossistemas de inovação são locais propícios para a inovação, e são de extrema importância para sua desenvoltura. O autor afirma que no Brasil existem vários ecossistemas de inovação presentes nas cidades em forma de parques tecnológicos, que normalmente direcionam parte de suas pesquisas exatamente para o desenvolvimento de smart cities.

Os ecossistemas buscam através de a tecnologia desenvolver inovações que não só beneficia indústrias ou empresas, mas também tem um forte papel socioeconômico e cultural, onde normalmente busca desenvolver ações que atendam à população nessas áreas, normalmente focando sempre no desenvolvimento da região onde estão instalados (DUARTE, 2005 apud SPINOSA et al., 2018).

Borba et al. (2017 apud JOAQUIM et al., 2018), ressalta ainda a importância dos ecossistemas de empreendedorismos de inovação, estarem em áreas específicas de acordo com suas necessidades, ou seja, o autor relata a importância de sua localização e possíveis parceiros na sua área de atuação que estejam localizados e com disponibilidade para parcerias.

Joaquim et al. (2018, p. 01), conclui que:

[...] as atividades voltadas para a consolidação dos ecossistemas de inovação são consideradas prioritárias por governos, empresários e universidades (Tríplice Hélice), que têm buscado melhorar as estratégias de Ciência, Tecnologia e Inovação a longo prazo. (JOAQUIM et al. 2018, p. 01)

Um ecossistema de inovação completo tem a necessidade de integração principalmente com o setor acadêmico da região onde está instalado, pois a partir disso realiza a integração com a sociedade e principalmente com a parte mais responsável pela criação de inovações que alimentem o sistema. Porém há a necessidade de outros fatores além do capital humano encontrado nas universidades, como estrutura relacional, capital financeiro e infraestrutura (JOAQUIM et al., 2018).

Um modelo universalmente aceito para desenvolvimento de um ecossistema de inovação, é o da tríplice hélice (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 2000 apud JOAQUIM et al., 2018), o qual é um processo contínuo, que busca criar um ecossistema para inovação e empreendedorismo. A estratégia é dinâmica, universal e pode ser reproduzida em qualquer parte do mundo, ao contrário do ecossistema, assim entende-se que a tríplice hélice é diferente do ecossistema, porém pode ser usada para a criação de um, apresentando certas vantagens por já ser mais conhecida e estudada.

Os ecossistemas podem ser considerados fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade inteligente, porém ele apresenta certa variabilidade, o que pode dificultar sua

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implantação e desenvolvimento, muitas vezes não permitindo replicação em duas cidades distintas, apesar disso apresentam focos e objetivos similares, sempre voltados para a inovação (JOAQUIM et al., 2018).

2.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CIDADES INTELIGENTES Dentro do espectro das cidades inteligentes, a sustentabilidade é uma pauta ligada aos valores intrínsecos de sua definição, uma cidade pode ser considera inteligente apenas quando suas ações atestam a possibilidade da existência de recursos para as gerações seguintes da mesma forma como para a atual (GUIMARÃES, 2018).

Desta forma o Panorama Setorial da Internet (2017), observa que dentro da amplitude dos objetivos a serem alcançados até 2030 pode se destacar o fim da pobreza, igualdade entre homens e mulheres, redução das desigualdades e as cidades e comunidades sustentáveis.

O termo desenvolvimento sustentável veio como resposta aos problemas ambientais decorrentes do desenvolvimento industrial (BARBOSA, 2008), o conceito inicial atribuído ao termo relacionava a busca de recursos, necessário para o desenvolvimento, alinhado com um pensamento de solidariedade com as futuras gerações, isso se daria através da participação social para a preservação dos recursos ambientais.

Alguns estudos abordados anteriormente (ConnectedSmartCities – CSC, EuropeanSmartCities, IESE Cities in Motion)que caracterizam e fazem o ranqueamento das cidades inteligentes entendem que o desenvolvimento sustentável é imprescindível para as cidades, sendo um dos três pilares (social, ambiental e econômico) da Urban Systems, que devem trabalhar em conjunto com a tecnologia para formar um melhor ambiente para as pessoas que vivem nas cidades.

Ao observar as propostas ambientais do estudo Urban Systems, que se propõem à apresentar um estudo focado nas questões do Brasil, é feito uma distinção de seus indicadores de desenvolvimentos quando relacionados aos estudos internacionais, como o realizado pela IESE Cities in Motion que apresenta indicadores como conforto térmico e maior preocupação com a qualidade do ar, já o estudo com foco na realidade brasileira apresenta indicadores básicos de infraestrutura e acesso a serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, desafios já superados pelos países mais desenvolvidos avaliados pelos estudos internacionais, mas também há preocupação com o descarte e reciclagem.

Além de o Brasil apresentar problemas em serviços básicos de infraestrutura, o estudo Urban Systems relata dificuldade na obtenção de dados para formação de indicadores

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trabalhados pelos estudos estrangeiros, pois as cidades não apresentam medidas da qualidade de ar e falta de métricas como área verde por habitante (URBAN SYSTEMS, 2019).

Segundo Benites (2016) ao citar um relatório da ONU, as cidades ocupam apenas 3% da massa terrestre, entretanto segundo o Departamento de negócios, inovação e habilidades (BIS, 2013) são elas as responsáveis por 80% de todo Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além disso, Benites (2016) citando o relatório da ONU, afirma que tais concentrações urbanas são responsáveis por até 80% de todo consumo de energia do planeta e de cerca de 75% das emissões de gases do efeito estufa.

De acordo com Tsolakis e Anthopoulos (2015 apud BENITES, 2016), os meios urbanos são os grandes responsáveis pelas inovações, porém para Zucaro et al. (2014), os centros urbanos são os causadores de problemas ao passo que também são eles os geradores de oportunidades do desenvolvimento sustentável, tanto em âmbito global, quanto local.

Desta forma, para Leite (2012), são nas cidades que se revelam a urgência do desenvolvimento sustentável, pois são elas os maiores produtores de lixo e onde mais se consomem os recursos naturais, entretanto, são esses mesmos centros urbanos que detêm a capacidade de solucionar tais problemáticas.

Como informa Benites (2016), é importante analisar que até o ano de 2050 a população urbana passará a representar cerca de 66% de toda a população mundial, atingindo a marca superior de 9 bilhões de habitantes no planeta. O relatório acrescenta que é o compromisso de se construir uma nova forma de urbanização que venha a visualizar todas as previsões de sustentabilidade.

Para Caird et al. (2016), são grandes os desafios que os governos locais e prefeituras encaram para que exista a expansão e manutenção das infraestruturas e serviços para garantir o bem estar e a qualidade de vida dos habitantes. Para Pachauri et al. (2014) pode ser acrescentado aos desafios já enfrentados as constantes mudanças no clima, sendo visto como potencializador dos problemas que as cidades enfrentam.

Porém, para Marsal-Llacuna(2015 apud SILVA, 2017) o pacto das cidades que foi encorajado pelas nações apoiadoras da Agenda 21, que ocorreu 1992, é exemplo de respostas aos recorrentes danos do crescimento irresponsável, pois são esses pactos que estimulam as regiões a reduzirem a emissão de gases do efeito estufa e dar equilíbrio ao consumo de energia.

Como descrito anteriormente, a sustentabilidade é um dos pilares das smartcities, para uma cidade ser classificada como uma cidade inteligente, ela necessariamente precisa ter características sustentáveis.

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Mas a principal questão que diferencia uma cidade que aplica os quesitos sustentáveis para uma cidade inteligente pode ser observado em como é realizado a aplicação das medidas sustentáveis, as cidades inteligentes possuem compromissos com o bem estar social e ambiental, mas a mesma procura satisfazer suas necessidades através do uso das tecnologias.

Cidades inteligentes são espaços urbanos com uma gestão focada em eficiência e inovação, resultado da colaboração entre iniciativa pública, privada e sociedade civil. Esta parceria desenvolve projetos que gerenciam a cidade, principalmente através de plataformas de tecnologia, o que resulta em grande produção e análise de dados sobre a população. Dessa maneira, promove-se a sustentabilidade na utilização de recursos e um espaço urbano preparado às suas adversidades. (HIROKI, 2019 p.34).

As cidades inteligentes incluem os benefícios das cidades sustentáveis, a procura da consciência social em relação à produção, consumo, desperdício e descarte, além das exigências com os meios produtivos e ações do meio público para que os agentes pertencentes à sociedade cumpram com essas medidas.

Para entender melhor sobre sustentabilidade, Nalini e Levi (2017), afirmam que se necessita compreender três interfaces presentes no assunto, sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica e a sustentabilidade social, atualmente as cidades inteligentes buscam encontrar soluções para problemas nessas três dimensões.

Por Flores e Teixeira (2017) as cidades sustentáveis possuem como princípio melhorar o bem estar dos cidadãos e da sociedade como um todo através da integração do planejamento e da administração do meio urbano que aproveita os benefícios dos sistemas ecológicos protegendo e nutrindo esses recursos para gerações futuras.

Para Ahvenniemi et al. (2017 apud BACHENDORF et al., 2019), observa-se que as cidades inteligentes buscam cada vez mais a utilização de tecnologias para tornar as cidades mais sustentáveis, tendo um grande foco na diminuição da propagação dos gases que causam o efeito estufa e a melhoria da eficiência energética.

Com o crescimento da população nas cidades, os governos apresentam dificuldades para atender a população com serviços públicos básicos, como energia elétrica e água potável, isso pode ser considerado um grande desafio por muitas administrações já que os recursos estão se tornando cada vez mais escassos. Além disso, para a constituição de um ambiente sustentável há a necessidade de outros fatores, como oportunidades de emprego ou estudo para todos, algo que causa grandes desafios para o planejamento das cidades não só no Brasil, mas no mundo todo (CORTESE et al. 2019).

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Um grande desafio paraas administrações públicas é a poluição presente em diversos elementos, por exemplo, a poluição do ar, causada pela deliberação de gases poluentes na atmosfera. A diminuição de emissão desses gases vem sendo debatido pelos governos de diversos países, pois essa poluição causa cada vez mais danos ao meio ambiente e a população, estando presente desde a diminuição da camada de ozônio até em doenças pulmonares graves que acometem cada vez mais as pessoas. Alguns projetos para diminuição são apresentados periodicamente e muitos países começaram a diminuir sua emissão, através de projetos de diminuição do uso de carros, ou em parcerias com fábricas que buscam diminuir sua emissão, unindo a tecnologia para isso (CORTESE et al. 2019).

Outra preocupação para governantes é a situação econômica, que muitas vezes é sustentada por empresas poluidoras, gerando um termo conhecido como economia de poluição, onde empresas sem respaldo ambiental garantem emprego a milhares de pessoas, e fazem a economia de determinado país funcionar, assim sem essas empresas o impacto econômico gerado seria prejudicial ao país tanto quanto os impactos ambientais (GAUDENCIO, 2015).

Um dos fatores mais contribuintes para essa economia de poluição é o consumo desenfreado pelas pessoas, que faz com que as fábricas necessitem de uma maior produção para atender a demanda, muitas vezes uma demanda desnecessária, que com algumas medidas simples poderia ser evitada. Essa demanda faz com que empresas extraiam muitos agentes do ambiente e utilize outros fatores ambientais desenfreadamente (GAUDENCIO, 2015). Um exemplo claro disso é a agropecuária, que no Brasil utiliza 70% da água potável do país, porém desperdiça quase metade desse valor, principalmente por conta de serviços mal executados ou falta de controle (ANA, 2019).

Nesse sentido entende-se como maior desafio a necessidade da implantação de novas tecnologias para solucionar problemas que persistem há anos, aliando sustentabilidade, inovação e desenvolvimento atingindo todas as camadas da população, sem causar prejuízos em outras áreas (GAUDENCIO, 2015).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia aborda o que foi base para o estudo, com sua tipologia, plano de coleta e público-alvo, além dos procedimentos que foram utilizados para busca de informações para a pesquisa. O método de pesquisa utilizado neste estudo foi a pesquisa qualitativa com intuito de obter os dados descritivos sobre como a cidade de Foz do Iguaçu está se tornando mais inteligente. O tipo de pesquisa aplicado foi a descritiva e o exploratório, através de

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levantamento bibliográfico, análise documental, aplicação da técnica de observação e entrevista. A fundamentação da pesquisa foi realizada através da pesquisa bibliográfica relacionada ao tema. As técnicas de coleta de dados que foram utilizadas no decorrer deste trabalho são: pesquisa bibliográfica, análise documental, técnica de observação e entrevista.

A análise documental foi realizada através do decreto municipal de nº28.244 de 23 de junho de 2020 da cidade de Foz do Iguaçu, que regulamenta no âmbito do município a instituição de ambientes experimentais de inovação científica, tecnológica e empreendedora sob o formato de Bancos de Testes Regulatórios e Tecnológicos. A análise também foi aplicada à relatórios desenvolvidos pelas organizações Urban Systems (Ranking ConnectedSmartCities) e IESE Business School (IESE Cities in Motion Index) que realizaram o ranqueamento de cidades nacionais e internacionais. Os documentos são dados secundários disponibilizados na World Wide Web nas plataformas dos realizadores acrescendo ao estudo.

A técnica de observação foi aplicada através de deslocamento de carro pelo bairro Vila A na cidade de Foz do Iguaçu, realizando-se algumas paradas para melhor observação visual do andamento do projeto “Bairro Inteligente” instaurado no local.A pesquisa bibliográfica foi realizada através de leituras de artigos científicos relacionados ao tema; para a metodologia foi utilizada como base para estruturação das pesquisas, fonte de dados secundários e conteúdo teórico. A base teórica fornecida pela pesquisa bibliográfica foi utilizada para a articulação das entrevistas de caráter qualitativo e exploratório mediante levantamento de informações por entrevistas com representantes da sociedade que estão participando na prática da construção de uma cidade mais inteligente e sustentável.

A entrevista foi realizada com o prefeito da cidade de Foz do Iguaçu, Francisco Lacerda Brasileiro,conhecido como Chico Brasileiro, em busca de informações sobre o andamento dos projetos já inseridos na cidade para o desenvolvimento de uma cidade mais inteligente e quais os próximos projetos que serão implantados.A entrevista foi desenvolvida de forma que as perguntas sejam abertas semiestruturadas, de modo que os entrevistados foram gravados e suas respostas redigidas para posterior análise da pesquisa. A entrevista contribuiu com o delineamento das dimensões da cidade auxiliando nos objetivos da pesquisa que procura estabelecer uma análise do grau de inteligência da cidade de Foz do Iguaçu atribuído pelo ranking ConnectedSmartCities, além de evidenciar projetos em andamento e possíveis futuros projetos que contribuam com o desenvolvimento inteligente da cidade.

A análise dos dados obtidos foi realizada em três etapas; primeiro: houve a obtenção de dados bibliográficos com a preparação de roteiros de entrevista e observação;segundo: iniciou-se a coleta de dados através de entrevista, aplicação da técnica de observação e analise

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documental. Terceiro, após os dados coletados serem transcritos, analisados e selecionados para auxiliar na resposta da pergunta de pesquisa e cumprimento dos objetivos propostos.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS E PROPOSTAS DE MELHORIAS A análise da pesquisa foi realizada mediante dados coletados durante entrevista efetuada com o prefeito da cidade de Foz do Iguaçu referente a cidade e as mudanças do bairro Vila A.Onde encontra-se em andamento um projeto de bairro inteligente, análise documental e aplicação de técnica de observação, visando buscar maiores informações sobre indicadores, projetos e modelos utilizados nos processos necessários para realização de tais projetos.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ANÁLISE

 Caracterização da Entrevista

Para realizar o levantamento de dados complementares à pesquisa, foi realizada uma entrevista com o prefeito do município de Foz do Iguaçu.

1. O Sr. Francisco Lacerda Brasileiro, também conhecido como “Chico Brasileiro”, tem 55 anos, é formado em odontologia, já exerceu os cargos de vereador, vice-prefeito do município de Foz do Iguaçu, deputado estadual e, atualmente, exerce o cargo de prefeito do município. A entrevista foi realizada de forma remota, pela plataforma Google Meet, no dia 18 de setembro de 2020, com a duração de quarenta e cinco minutos, na parte da manhã (10h45 até 11h30).

 Caracterização da Análise Documental

A análise documental foi realizada por meio de um decreto municipal, Decreto nº28.244 de 23 de junho de 2020 da cidade de Foz do Iguaçu, que regulamenta no âmbito do município a instituição de ambientes experimentais de inovação científica, tecnológica e empreendedora sob o formato de Bancos de Testes Regulatórios e Tecnológicos. Assim, conseguiu-se entender melhor como deveria funcionar o projeto de bairro inteligente instaurado no bairro Vila A, no município, além de compreender melhor o que pode ser feito no restante da cidade.

A análise documental também foi realizada através de rankings internacionais que conseguem produzir indicadores e trazer comparações que podem ser realizadas com diferentes cidades do mundo.

 Caracterização do Roteiro de Observação

No dia 19 de outubro de 2020, por volta de 45 minutos, na parte da manhã (entre o período das 10h00 e 10h45), trafegou-se de carro realizando algumas paradas para observação

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do bairro Vila A, para conseguir se visualizar melhorias que estão sendo realizadas, além dos problemas ainda enfrentados pelo bairro.

4.2 INDICADORES

Com a concentração populacional cada vez maior, surgiram mais problemas que as administrações públicas necessitaram resolver, com isso buscou-se aliar tecnologia para a criação de soluções eficientes para dificuldades encontradas no cotidiano urbano atual. Diversas cidades ao redor do mundo começaram a fazer isso, exemplo Londres e Nova York, implantando desde câmeras de monitoramento que trariam mais segurança à população, até mesmo a automação das coisas presentes nas tecnologias IOT que estão se tornando quase indispensáveis, cada vez mais com maior número de adeptos ao redor do mundo.

No Brasil, muitas cidades começaram seus processos de transformação, por exemplo, São Paulo e Curitiba, que buscam atualmente através da tecnologia melhorar a qualidade de vida de seus moradores. Outra cidade que busca essa melhora é Foz do Iguaçu, objeto deste estudo, que através de alguns projetos pequenos almejando tornar-se uma cidade inteligente, sempre mantendo o foco na qualidade de vida das pessoas nos mais diversos âmbitos.

Após a realização de entrevista com o prefeito da cidade de Foz do |Iguaçu, análise documental, aplicação da técnica de observação no bairro Vila Ae revisão dos dados obtidos, tomou-se como categorias pontos que costumam ser utilizados como indicadores de cidades inteligentes. Os indicadores expostos são: Governança (planejamento e políticas públicas);Economia (incentivos empreendedorismo e desenvolvimento);Pessoas (participação na vida pública, criatividade e conhecimento); Vida (saúde, segurança e qualidade de vida); Ambiente (utilização consciente de recursos); Mobilidade (transporte e infraestrutura urbana) (MAZZO, 2020). Como pode ser representada na imagem a seguir, onde se pode perceber que todos as dimensões estão interligadas e dependem umas das outras.

Referências

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