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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Processo Eletrônico nº 0046565-66.2013.8.19.0000

AGRAVANTE: MARCELO HENRIQUE SANTOS DA SILVA AGRAVADO: BANCO ITAUCARD S.A.

Relatora: DES. LUCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDEFERIMENTO DE TUTELA ANTECIPADA. A PROPOSITURA DE AÇÃO REVISIONAL NÃO É SUFICIENTE PARA DESCONSTITUIR A MORA. O PEDIDO DE DEPÓSITO FEITO PELO AGRAVANTE NÃO MERECE PROVIMENTO, UMA VEZ QUE ESTE

PRETENDE DEPOSITAR O VALOR QUE

ENTENDE DEVIDO, ALEGANDO JUROS

ABUSIVOS E ANATOCISMO, QUESTÕES QUE DEMANDAM DILAÇÃO PROBATÓRIA E NÃO

PODEM SER VERIFICADAS EM SEDE

DECOGNIÇÃO SUMÁRIA. QUANTO AO PLEITO DE MANUTENÇÃO DA POSSE DO BEM, O

MESMO NÃO FOI APRECIADO PELO

MAGISTRADO A QUO. SUPRESSÃO DE

INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO

DO VERBETE nº 59 DESTE EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO QUE NÃO SE AFIGURA TERATOLÓGICA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO, NOS TERMOS DO ARTIGO 557,

CAPUT DO CPC.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de agravo de instrumento em que o agravante pretende reformar a decisão proferida pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Regional de Bangu com o seguinte teor:

“1) Diante da documentação que acompanha inicial, defiro JG ao autor. 2) Pretende a parte

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incluído nos cadastros restritivos de crédito e seja mantido na posse do bem até a sentença final do processo. Requer ainda consignar valor aproximadamente 60% menor que o contratado. Em que pesem as alegações autorais, verifico que inexiste, por ora, comprovação de eventual conduta ilícita do réu ao pretender cobrar o pagamento da obrigação nos exatos termos em que foi assumida pelo autor, em contrato de financiamento de veículo automotor. Em outras palavras, as alegações de nulidade de cláusula contratual e prática de anatocismo não restaram evidenciadas em cognição sumária. Ademais, o Egrégio STJ assentou entendimento no sentido de que o mero ajuizamento de ação declaratória de revisão de cláusulas pelo devedor não o torna automaticamente imune à inscrição de seu nome em cadastros negativos de crédito, nem elide os efeitos normais da mora. Mister, para tanto, que haja a satisfação cumulativa dos seguintes pressupostos: ação proposta pelo devedor com a finalidade de contestar a existência integral ou parcial do débito; efetiva demonstração de que a contestação se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou do STJ e que, sendo a contestação de apenas parte do débito, seja depositado o valor referente à parte incontroversa, ou prestada caução idônea, ao prudente arbítrio do Magistrado. Sendo assim, entendo que a questão necessita de maior dilação probatória para ser dirimida, necessitando da formação do contraditório, vez que não há elementos, ainda, para que esta Magistrada possa, ao menos, verificar a legitimidade das alegações autorais para impedir a inclusão de seu nome nos cadastros restritivos de crédito ou a retomada do bem pelo credor, ora réu. Ademais, indefiro o depósito de valores pleiteado pela autora considerando que a consignação em pagamento tem como um de seus requisitos o depósito dos valores devido, devendo estes serem os contratados e não o que a consignante entende como devidos, sem ter nenhum fundamento legal ou contratual. Diante do exposto, INDEFIRO a antecipação dos efeitos da tutela. Intime-se...”

Alega o agravante que deve ser permitida a realização dos depósitos nos autos dos valores das parcelas efetivamente em atraso e as vincendas nos valores incontroversos (que o agravante entende como realmente devidos), mantê-lo na posse do bem objeto do contrato.

Menciona ainda, necessidade de proibir o agravado de inscrever seu nome nos órgãos de proteção ao crédito, excluindo-o caso já tenha efetivado o registro.

Dispensadas as informações, diante do conteúdo das cópias apresentadas.

É SUCINTO O RELATÓRIO. DECIDO.

A matéria deduzida nesta sede recursal comporta julgamento monocrático, na forma do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil.

A antecipação dos efeitos da tutela assegura ao requerente, quando deferida, o resultado pratico que ele procura

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Para tanto, se faz indispensável a presença dos seus requisitos autorizadores descritos no artigo 273 do Código de Processo Civil.

Observe-se que deve existir a prova inequívoca para que o Magistrado se convença da verossimilhança das alegações autorais.

In casu, constata-se a ausência desta prova inequívoca

para a reforma do pleito antecipatório requerido na inicial.

Observe-se que a interposição de ação revisional não impede a inserção do nome do autor nos cadastros restritivos de crédito por inadimplência, como se destaca o entendimento sumulado no Superior Tribunal de Justiça:

Súmula n. 380:

“A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.”

Quanto ao pedido de depósito a ser realizado nos autos, observa-se a ausência de verossimilhança nas razões trazidas pelo agravante, uma vez que não se apresenta prova inequívoca da alegada abusividade das cláusulas contratuais e da referida prática de anatocismo.

Deve ser observado ainda, que não é possível, em um juízo de cognição sumária, como na hipótese em comento, apurar a alegada onerosidade excessiva suportada pelo consumidor, tal apreciação demanda dilação probatória.

Saliente-se também que a consignação em pagamento, em hipóteses como a presente, só deve ser permitida consoante entendimento desta Corte, quando o valor depositado corresponder à integralidade do valor da parcela, consoante ajustado no negócio jurídico celebrado pelas partes, ou, acrescido de encargos contratuais e legais decorrentes do pagamento realizado após o vencimento da fatura, evitando-se assim, o inadimplemento.

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Por fim, cabe trazer à lume que a questão ora analisada foi objeto de debate no II Encontro dos Juízes de 2012, que resultou no enunciado 10, que dispõe, in verbis:

“10 - Nas ações de consignação em pagamento, não tem efeito liberatório o mero depósito do valor nominal do débito, sem os encargos legais e contratuais decorrentes da mora. Os depósitos em continuação devem ser tempestivos, sob pena de mora intercorrente.”

Justificativa:

Para que a ação consignatória tenha o efeito extintivo da obrigação, faz-se mister que o depósito seja do valor efetivamente devido, se for observado o prazo do vencimento da obrigação.

Não o sendo, o depósito deverá ser acrescido dos encargos contratuais e legais decorrentes do pagamento a destempo (multa moratória, juros e correção monetária).

Não se presta, de modo algum, a ação consignatória para a modificação do tempo do pagamento ou para a mudança das

condições pactuadas, principalmente renegociação de juros

convencionados.

Não pode o autor de ação consignatória efetuar, a seu talante, depósito em data e valores que melhor lhe aprouver, desrespeitando os prazos e prestações convencionados, a não ser que o faça pelo valor integral da dívida, acrescido dos consectários da mora - se o caso -, pois, ação consignatória visa evitar seja o devedor constituído em mora e não se converter em meio de obrigar o credor ao recebimento de forma diversa da contratada e em valores inferiores aos devidos.

A ação consignatória não tem por escopo propiciar ao devedor o depósito dos valores devidos da forma que lhe for mais conveniente.

Precedentes: Apelação Cível nº 001.001.26808, Des. Odete Knaack de Souza.” (grifei).

Quanto à pretensão no que tange à manutenção da posse do veículo, na leitura da decisão vergastada, verifica-se que o Magistrado a quo não se manifestou expressamente sobre essa questão.

Por esta razão, valorando o principio do juiz natural, o que impede a análise originária nesta sede, sob pena de supressão de instância e considerando a ausência de prova inequívoca das alegações autorais, pode-se aplicar, o enunciado da Súmula 59 deste Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe: “somente se reforma a decisão concessiva ou não da antecipação de tutela, se teratológica, contrária à Lei ou evidente prova dos autos”.

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Posto isso, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO

INTERPOSTO, nos termos do artigo 557, caput, do Código de

Processo Civil.

Rio de Janeiro, 02 de outubro de 2013.

LÚCIA MARIA MIGUEL DA SILVA LIMA

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