AS VIOLÊNCIAS
CONTRA A MULHER
“Nada mais fácil do que aprender a odiar as
mulheres. O que não falta é professor: O pai
ensina. O Estado ensina. O sistema legal ensina. O
mercado ensina. A cultura ensina. A propaganda
ensina”
3
GÊNERO
A substituição do termo "mulher" por "gênero" possibilitou a introdução
de estudos sobre as mulheres em espaços até então tidos como
impenetráveis, pois gênero representava certo status e sofisticação às
pesquisas, além de ter uma conotação mais objetiva e neutra.
Ochy Curiel, 2006
GÊNERO
Na década de 80 o gênero ganha alcance e aceitação mais amplos,
possibilitando a legitimidade das feministas dentro de alguns espaços,
tais como a academia e instituições governamentais, nas quais as
perspectivas feministas tinham sido recebidas, até então, como
LEGISLAÇÃO
QUE
1932
O Código Eleitoral autoriza o voto
para mulheres casadas (com a
autorização o marido), viúvas e
1934
1964
O advento da CF/64 as mulheres passaram não apenas a votar,
Com a CF/34, as restrições
do voto feminino foram
eliminadas do Código
Eleitoral, mas a
obrigatoriedade para o
voto ainda é apenas para
os homens.
1ª ONDA
FEMINISTA:
O VOTO
FEMININO
1997
A Lei das Eleições (Lei nº 9.504)
passou a prever a reserva de
vagas para a participação das
mulheres nos cargos
proporcionais.
2009
A Lei n° 12.034/2009 estipulou uma cota
de 30% de candidaturas para mulheres,
mas diversos partidos lançavam
candidaturas de mulheres apenas para
preencher a cota, sem investir em suas
campanhas.
2018
Resolução do TSE nº 23.553/2017, estabelece que os partidos políticos devem destinar no
mínimo 30% do total de recursos do Fundo Partidário utilizado nas campanhas eleitorais
Até dezembro de 2015, quando foi inaugurado o 1º
banheiro feminino no plenário do Senado, o
banheiro das parlamentares era o do restaurante
anexo ao Plenário, disponível desde 1979, quando
Eunice Michiles, a 1ª mulher a assumir uma
vaga no Senado em 1979. Antes dela, a única
mulher a ocupar o cargo foi a Princesa Isabel
durante o império.
ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020
290 mulheres eleitas que representam 16,20% do total de
pessoas eleitas.
ELEIÇÕES NACIONAL E ESTADUAL DE 2018
As mulheres representam 33,6% do
total de candidaturas, sendo que até
o momento 12,2% das prefeituras
foram eleitas mulheres.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil,
dos 1.187.08 inscritos, 597.856 são homens e 589.224
são mulheres.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (2018):
56,6% dos servidores do judiciário são mulheres
38,8% dos juízes no judiciário são mulheres
"Em outras palavras, as mulheres podem, em circunstâncias extremas
defender publicamente os próprios interesses setoriais, mas não falar pelos
homens nem pela comunidade como um todo."
"(...) uma voz grave revela a coragem masculina e uma voz fina indica a
coverdia feminina."
"(...) mulheres fingindo ser homens pode ser um paliativo, mas não chega
ao cerne do problema."
1962
O Estatuto da Mulher Casada retira a mulher casada do rol de incapacidade relativa do Código Civil de 1916.
1977
O matrimônio deixou de ser indissolúvel com a vigência da Lei do Divórcio.
A adoção do sobrenome do marido passou a ser facultativa e o regime de bens legal
passou a ser o a comunhão parcial
1988
A Constituição Federal de 1988 passou a reconhecer novas famílias, estabeleceu a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão em razão de sexo, idade, cor ou
estado civil.
2ª ONDA
FEMINISTA:
o pessoal é
político!
1990
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu a
2002
O Código Civil atual entra em vigor e dentre inúmeras suas inovações, finalmente regova o art. 219 do CC/16 que considerava “erro essencial” o “defloramento da mulher, ignorado pelo marido”.
2006
A Lei Maria da Penha entra em vigor, trazendo dentre suas grande inovações, conceitos valiosos sobre violência
2015
A Lei 13.104/2015 torna crime hediondo o assassinato de mulheres e por violência doméstica ou de gênero (Feminicídio). A Lei 13.112/2015 altera a Lei de Registros Públicos para atribuir às mulheres igualdade de condições no registro de nascimento do filho. 2017 A Lei 13.505/17 garante que vítimas
de violência doméstica tenham preferência no atendimento policial por servidores do sexo feminino. 2010 A Lei 12.318/2010 trata sobre a alienação parental, no início vista como
forma de garantir o convívio dos pais com seus filhos. Atualmente a lei é duramente criticada como instrumento de reforço de estereótipo punição das mulheres.
2018
A Lei 13.772/2018 altera a LMP para reconhecer que a violação da intimidade da mulher configura violência doméstica e familiar e para criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado.
A Lei 13.641/2018 altera a LMP para tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência.
A Lei 13.718/2018 altera o Código Penal para tipificar os crimes de importunação
sexual e de divulgação de cenas de estupro, estabelecendo o aumento de pena o estupro coletivo e o estupro corretivo.
2019
A Lei 13.931/2019 determina a notificação compulsória os casos em que houver indícios ou confirmação de violência contra a mulher atendida em serviços de saúde públicos e privados.
A Lei 13.880/2019 altera a LMP para determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.
A Lei 13.871/2019 altera a LMP estabelecendo a responsabilidade do agressor pelo ressarcimento dos custos relacionados aos serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência doméstica e familiar
A Lei 13.827/2019 altera a LMP para autorizar, nas hipóteses que especifica, a aplicação de medida protetiva de urgência, pela autoridade judicial ou policial, à mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes, e para determinar o registro da medida protetiva de urgência em banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.
2019
A Lei 13.882/2019 altera a LMP para garantir a matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio. A Lei 13.811/2019 altera o Código Civil para suprimir as
2020
A Lei 13.984/2020, altera a LMP para permitir que juízes possam obrigar o agressor de mulher a frequentar centro de educação e de reabilitação e a ter acompanhamento psicossocial.
A Lei 13.982/2020 estabeleceu medidas excepcionais de proteção social a serem adotadas durante o período de enfrentamento da emergência de saúde
“ISSO QUE CHAMAM DE AMOR É
TRABALHO NÃO REMUNERADO.”
Mulheres que trabalham fora de casa dedicam cerca de 18,1 horas semanais
às tarefas da casa e cuidados com filhos e idosos.
Homens desempregados ou inativos dedicam apenas 12 horas semanais às
mesmas atividades. PNAD (2018)
89% dos filhos de até 03 anos de idade são cuidados pelas mães (MARTINS,
2019)
Segundo dados do IBGE (2017), a taxa de pobreza por família é maior
entre as famílias compostas por mulheres sem cônjuge e com filhos(as).
Metade das mulheres fica desempregada um ano após o início da licença
maternidade, seja em razão de demissão, seja porque decidiu sair do
emprego. (FGV, 2019)
Uma oportunidade de contratação em que as candidatas sejam iguais em
todos os aspectos, havendo uma sutil indicação de que uma delas é mãe,
a probabilidade da mãe ser escolhida é reduzida em 37% (trinta e sete
porcento) - (American Journal of Sociology, 2019).
21
GÊNERO
RAÇA
CLASSE
ANGELA DAVIS
A Autora ilustra como o movimento
sufragista esteve tão dedicado a
conquistar direitos para as mulheres
brancas que ignoraram as outras
formas de opressões.
Muitas
sufragistas
consideravam
mais importante que as mulheres
tivessem o direito ao voto do que os
homens negros.
3ª ONDA
FEMINISTA:
Dados obtidos pelo IBOPE (2019) apontam que em São
Paulo/SP as chances de ser mãe solo na periferia é até 3,5
vezes maior do que nas demais zonas da cidade.
As mulheres negras ganham em média 46% (quarenta e
seis porcento) da remuneração dos homens brancos. São
elas que têm a menor renda entre os trabalhadores com
ensino superior. (PNAD, 2019)
No primeiro semestre de 2020:
•
dos 889 homicídios com a raça informada, 73% foram cometidos
contra mulheres negras;
•
no caso dos feminicídios, as mulheres negras representam 60%
do total (198 dos 333 crimes em que a raça está disponível);
•
nos casos de lesão corporal, as mulheres negras compõem 51%
das vítimas em que a raça é informada
•
o percentual das mulheres negras vítimas de estupro é de 52%
(1.814 de 3.472 registros)
INTERSECCIONALIDADE COM DORES DIVERSAS
JUDITH BUTLER argumenta que o feminismo manteve a posição
dualista do sexo no gênero (pilar do pensamento falocêntrico).
Nesse sentido, algumas correntes dos feminismos não incluem,
por exemplo, as MULHERES TRANS*, sob a justificativa de que
essas não são mulheres.
Intercecções necessárias para além do gênero como pauta
principal racismo, lesbofobia, transmisoginia, que são vistos como
4ª ONDA
FEMINISTA:
“
A violência contra a mulher não é um fato novo. Pelo contrário, é tão antigo
quanto a humanidade. O que é novo, e muito recente, é a preocupação com a
superação dessa violência como condição necessária para a construção de
nossa humanidade. E mais novo ainda é a judicialização do problema,
entendendo a judicialização como a criminalização da violência contra as
mulheres, não só pela letra das normas ou leis, mas também, e
fundamentalmente, pela consolidação de estruturas específicas, mediante as
quais o aparelho policial e/ou jurídico pode ser mobilizado para proteger as
vítimas
e/ou
punir
os
agressores”
A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993)
reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma das
formas de violação dos direitos humanos. Desde então, os governos dos
países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil trabalham para
a eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um
grave problema de saúde pública. O Brasil é signatário de todos os tratados
internacionais que objetivam reduzir e combater a violência de gênero(CNJ).
Cerca de 92 mil mulheres foram assassinadas em todo o mundo nos
últimos 30 anos (dados de 2013), de acordo com estudo apresentado
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da Comissão
Permanente de Acesso à Justiça e Cidadania e do Departamento de
Pesquisas Judiciárias. Deste número, 43,7 mil foram mortas apenas na
última década, o que denota aumento considerável deste tipo de
violência a partir dos anos 90.
Dados Mapa da Violência de 2015: • Dos 4.762 homicídios de mulheres
registrados em 2013, no Brasil, pelo SIM, 2.394, isso é, 50,3% do total nesse
ano, foram perpetrados por um familiar da vítima. • Isso representa perto de
7 feminicídios diários nesse ano, cujo autor foi um familiar. • 1.583 dessas
mulheres foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro, o que representa 33,2%
do total de homicídios femininos nesse ano. Nesse caso, as mortes diárias
foram 4.
O agressor típico muda drasticamente com a idade da vítima: pais para crianças e adolescentes, parceiro para jovens e adultas, filhos e parceiros para idosas
A violência física é, de longe, a mais frequente, presente em 48,7% dos atendimentos, com especial incidência nas etapas jovem e adulta da vida da mulher, quando chega a representar perto de 60% do total de atendimentos. Em segundo lugar, a violência psicológica, presente em 23,0% dos atendimentos em todas as etapas, principalmente da jovem em diante. Em terceiro lugar, a violência sexual, objeto de 11,9% dos atendimentos, com maior incidência entre as crianças até 11 anos de idade (29,0% dos atendimentos) e as adolescentes (24,3%). Destaque entre as crianças, a negligência/abandono por parte dos pais ou responsáveis é registrada em 28,3% dos
A farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes é o marco
recente mais importante da história das lutas feministas brasileiras.
Em 1983, enquanto dormia, recebeu um tiro do então marido, Marco
Antônio Heredia Viveiros, que a deixou paraplégica. Depois de se
recuperar, foi mantida em cárcere privado, sofreu outras agressões e
nova tentativa de assassinato, também pelo marido, por eletrocução.
Procurou a Justiça e conseguiu deixar a casa, com as três filhas.
Depois de um longo processo de luta, em 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.340, conhecida por Lei Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica contra mulheres.
Todo o processo começou no Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (Cejil) e no Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem). Os dois órgãos e Maria da Penha formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra o então marido dela, o colombiano Heredia Viveiros.
Paralelamente, houve um grande debate após apresentação de proposta feita por um consórcio de ONGs (Advocacy, Agende, Cepia, CFEMEA, Cladem/Ipê e Themis), que ganhou grande repercussão internacional e colocou as autoridades do País em xeque.
A discussão então chegou ao governo federal, coordenada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Formou-se um grupo de trabalho formado por representantes de diversos
ministérios, responsáveis pela elaboração de um projeto de lei, encaminhado ao Congresso Nacional.
Antes da sanção da lei, em 2005, foram realizadas muitas audiências públicas para preparar o texto que criasse mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
Nove anos depois da segunda tentativa de assassinato,
Heredia foi condenado a oito anos de prisão. Por meio de
recursos jurídicos, ficou preso por dois anos. Está livre desde
2002. Hoje vive em Natal (RN).
A Polêmica acerca da constitucionalidade da Lei Maria da
Penha
Em 2012, “por unanimidade, a lei que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher teve sua constitucionalidade decidida com o julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade 19, na qual a Advocacia-Geral da União, representando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
pretendeu (e conseguiu) acabar com as divergências em relação à lei. A ação foi motivada por diferentes decisões de juízes e tribunais, que, ao julgar casos de violência doméstica, afirmaram que a lei é inconstitucional”
A Polêmica acerca da constitucionalidade da Lei
Maria da Penha
O STF também decidiu, com base na Lei MP, que qualquer pessoa pode
registrar formalmente uma denúncia de violência contra a mulher, e não
apenas quem está sob essa violência.
Conceito de discrimén positivo:
Em verdade, o que se tem de indagar para concluir se uma norma desatende a igualdade ou se convive bem com ela é o seguinte: se o tratamento diverso
outorgado a uns for ‘justificável’, por existir uma ‘correlação lógica’ entre o ‘fator de discrímen’ tomado em conta e o regramento que se lhe deu, a norma ou a conduta são compatíveis com o princípio da igualdade, se, pelo contrário, inexistir esta
relação de congruência lógica ou – o que ainda seria mais flagrante – se nem ao menos houvesse um fator de discrímen identificável, a norma ou a conduta serão incompatíveis com o princípio da igualdade.
1.
Conceito de discrimén positivo:
“...sempre que a correla ção lógica entre o fator de discrímen e o correspondente tratamento encartar-se na mesma linha de valores reconhecidos pela
Constituição, a disparidade professada pela norma exibir-se-á como
esplendorosamente ajustada ao preceito isonômico. Será fácil, pois, reconhecer-lhe a presença em lei que, ‘exempli gratia’, isente do pagamento de imposto de importação automóvel hidramático para uso de paraplégico.” (Celso Antônio Bandeira de Mello)
A LEI MARIA DA PENHA- ASPECTOS CIVIS
MAIS RELEVANTES
Âmbito de aplicação:
“Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à
autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja
a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
Formas de Violência: art 7
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual
Formas de Violência: art 7
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de
orientação sexual
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
“A violência se alimenta de grandes paixões negativas, tais como ódio, frustração,
medo, sentimento de rejeição, crueldade e, principalmente, desejo de
dominação associado ao potencial de agressividade que há em todo ser humano.
Ela pode se expressar por meio de atos de força física, ameaças e intimidações,
mas pode se expressar também pela dominação, ocultação e sonegação de
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
No fim das relações conjugais, pelo menos uma das partes fica sempre com a sensação de perda. Esse imaginário, a sensação de vazio e de que o outro está em vantagem, ou de que não é justo que o outro fique com a parte do patrimônio, é o que gera a violência patrimonial. Os exemplos mais comuns são a sonegação e o não repasse dos frutos dos bens que deveriam ser entregues ao outro, beneficiando-se da parte que seria do outro ex-cônjuge/companheiro. A retenção de recursos
econômicos/financeiros e o não pagamento de pensão alimentícia também podem se caracterizar como o tipo penal prescrito na Lei Maria da Penha. A invocação e caraterização da violência
patrimonial é um instrumento a mais para fazer valer os direitos da parte economicamente mais fraca, historicamente as mulheres, mas tem passado despercebido da maioria da população e dos
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
Esse elenco de medidas, previsto no art. 24 da lei
Maria da Penha, não é exaustivo, podendo o juiz
determinar outras medidas inominadas de proteção
patrimonial da mulher. Cada situação concreta haverá
de ditar qual a mais apropriada e poderá exigir,
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
Sobretudo quanto ao inciso II, vale menciona quer que não se deve perder de
vista, nessas situações, a posição de eventuais terceiros de boa fé que hajam
se relacionado negocialmente com o ofensor. Daí a imperativa necessidade
de se proporcionar a máxima publicidade à decisão judicial concessiva da
medida protetiva. Nessa senda, a própria Lei compele o juiz a comandar a
remessa de ofícios aos cartórios e repartições competentes para que
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
Autores como em Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista
Pinto sugerem que sejam expedidos ofícios: ao Cartório de
Registro de Imóveis (para os atos de disposição do patrimônio
comum); ao Cartório de Notas (para suspensão de procuração);
à Junta Comercial e ao Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas
(quando vítima e ofensor integrarem a mesma pessoa jurídica) e
ao Departamento de Trânsito quanto à venda de veículos(30)
A importância do reconhecimento da violência patrimonial para o
Direito de Família
Sobre a possibilidade de revogação das procurações concedidas ao ofensor,
Fred Didier adverte que essa medida "ganha importância sobretudo
naqueles casos em que a procuração é irrevogável, ou quando a sua
revogação implicar o pagamento de perdas e danos (arts. 683 a 685, CC). É
importante, também aqui, que se faça uma divulgação mais ampla possível
da decisão judicial, a fim de não ferir direitos e interesses de terceiros de
A quem se aplica à Maria da Penha?
Sogra:
Lesão corporal cometido por sogra à nora. I – Conflito suscitado no juízo criminal comum em face de Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca da Capital, para julgamento de delito praticado na vigência da Lei 11.340/06. II – O artigo 129, § 9º do Código Penal é aplicável às hipóteses de violência doméstica, nas quais a lesão corporal é praticada contra pessoas que integram estrutura familiar, in casu sogra e nora, ligadas, portanto, por laços de afinidade, não importando se entre pessoas do mesmo sexo, amoldando-se os fatos, em consequência, ao disposto 5º e 14 da Lei 11.340/06. Conflito Procedente” (TJRJ – 2ª C. CC 2009.055.00320 – rel. Kátia Jangutta – j.03.09.2009).
A 3ª câmara Criminal do TJ/SC manteve pena contra um homem ,por ameaça a sua cunhada, com base na lei Maria da Penha (11.340/06).
"Cunhada é parente por afinidade em segundo grau na linha colateral, o que permite a sua inserção no âmbito familiar", destacou o desembargador Moacyr de Moraes Lima Filho, relator da apelação em que o réu pretendia afastar-se do enquadramento na lei e ver aplicado o princípio da insignificância para, assim, obter absolvição.
A quem se aplica à Maria da Penha?
A quem se aplica à Maria da Penha?
Namorada ou ex-namorada:
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que Lei Maria da Penha se aplica em caso de violência praticada pelo namorado ou pelo ex-namorado.O namoro é considerado uma relação íntima de afeto sujeita à aplicação da Lei n. 11.340/06, independente do agressor morar ou não com a namorada. Portanto, agressões e ameaças – mesmo que o relacionamento tenha terminado – que ocorram por causa do namoro caracterizam violência doméstica e deve ser aplicado a lei Maria da Penha.
A quem se aplica à Maria da Penha?
Empregada doméstica
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDF), reconheceu, num caso de estupro praticado pelo patrão contra a empregada doméstica, que deve ser aplicado a Lei Maria da Penha. De acordo com o julgador, “a Lei Maria da Penha tem como objetivo oferecer proteção integral à mulher, independentemente da existência de laços familiares ou de relação íntima de afeto entre agressor e vítima, pois a vulnerabilidade é reconhecida em razão do gênero e do local onde a conduta foi praticada”.No caso em julgamento, o réu era acusado de suposta prática de violência sexual contra a sobrinha de sua falecida companheira, que foi
A quem se aplica à Maria da Penha?
Mulheres Trans
“O alcance da Lei Maria da Penha às mulheres transgênero e transexuais, bem como o reconhecimento de outros direitos, a exemplo do uso de banheiro feminino, deve ser definido com base na leitura moralizante da Constituição. Nesse sentido devem ser lidas e interpretadas as cláusulas constitucionais que definem os pressupostos do Estado Democrático de Direito, que integra, politicamente, os conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade”, prossegue o magistrado”( Alexandre Machado de Oliveira, juiz do TJAL. Link para a decisão https://www.conjur.com.br/dl/juiz-determina-aplicacao-lei-maria.pdf)
A quem se aplica à Maria da Penha?
Na relação entre mãe e filha Informativo nº 551
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA. É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Da análise do dispositivo citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de
A quem se aplica à Maria da Penha?
Na relação entre irmãos Informativo nº 499
A hipótese de briga entre irmãos que ameaçaram a vítima de morte amolda-se àqueles objetos de proteção daLei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). In casu, caracterizada a relação íntima de afeto familiar entre os agressores e a vítima, inexiste a exigência de coabitação ao tempo do crime, para a configuração da violência doméstica contra a mulher. Com essas e outras ponderações, a Turma, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus.
Precedentes citados do STF: HC 106.212-MS, DJe 13/6/2011; do STJ: HC 115.857-MG, DJe 2/2/2009; REsp 1.239.850-DF, DJe 5/3/2012, e CC 103.813-MG, DJe 3/8/2009. HC 184.990-RS, Rel. Min. Og
AS VULNERABILIDADES E A VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER
“Quando nasci veio um anjo sacana, aquele mesmo de Drummond - do
Poema das Sete Faces, só que mais torto -, sacana mesmo! e disse-me: vai
ser homem na vida! Só que ele me botou negro. Eu disse: vai dar merda!
Então, ele me botou brasileiro. Eu reclamei: piorou! Não satisfeito, fez-me
pobre. Eu bradei: puta que pariu! Enfim, de pura sacanagem mesmo, ele,
de repente, mudou de ideia e me botou mulher também. Eu, ainda que
resiliente, disse: agora já foi! Não deu outra: estou presa como traficante
de drogas. A Polícia flagrou-me fumando um baseado aqui na minha
calçada - unzinho só -, levou-me para uma Delegacia de Polícia, fui
indiciada por tráfico de drogas - a culpa foi da calçada!, denunciada pelo
Ministério Público como traficante de drogas e, finalmente, condenada
pelo Juiz a cumprir uma estúpida pena de prisão. [...]
“[...] Não teve recurso, pois, como já disse, o filho da puta do anjo sacana
me botou pobre e aqui tem pouco Defensor Público. O Estado não dá
muita importância para esse pessoal que defende gente. Prefere o pessoal
que acusa gente. Dá mais "ibope", apesar de sair mais caro para ele. Anjo
torto?, anjo sacana esse mesmo, pois se tivesse me parido, ainda que
fosse no Brasil, mas homem, branco, classe média (nem precisava ser rico)
- e não necessariamente nesta ordem -, agora estava eu era fumando
outro bom baseado e não escrevendo esta bosta aqui em minha cela
imunda e inumana, junto com outras filhas da puta iguais a mim: pretas,
pobres, mulheres, e no Brasil!” (A História de meu pai, outras histórias e
Violência contra mulheres LGBTQI+:
Mulheres lésbicas e bissexuais estão sujeitas à diversos tipos de violência em função de sua orientação sexual, desde agressões físicas, verbais e psicológicas, até estupros corretivos (que pretendem modificar a orientação sexual da mulher). Mulheres
transexuais também são alvos preferênciais de preconceitos e agressões múltiplas, e ainda tem que lidar com violências dentro de instituições, como as que ocorrem no ambiente de trabalho e nos serviços de saúde
Violência contra mulheres LGBTQI+:
Caso Dandara
No dia 15 de fevereiro de 2017, Dandara dos Santos foi espancada por pelo menos dez pessoas, entre adolescentes e adultos. Após sofrer humilhação, violência física e
psicológica, todas registradas em vídeo que foi publicado nas redes sociais, Dandara é erguida pelo seus agressores e colocada em uma carrinho de mão. O relatório da
autópsia apontou morte por traumatismo craniano. Durante as agressões, ofensas
Violência contra mulheres LGBTQI+:
Crianças intersexuais( para a medicina, DDS) ainda não consideradas casos
de urgência médica pela resolução 1.664/2003:
Art. 2º - Pacientes com anomalia de diferenciação sexual devem ter
assegurada uma conduta de investigação precoce com vistas a uma
definição adequada do gênero e tratamento em tempo hábil;
Violência contra mulheres LGBTQI+:
It is easier to dig a hole than to erect a pole“(É
mais fácil cavar um buraco que erigir um poste).
Violência contra as mulheres de rua:
Segundo a assistente social Rosângela Cruz, que defendeu tese sobre A (in)
visibilidade de gênero no espaço da rua: um estudo com mulheres em situação de rua no Centro Histórico de Salvador, “Entre suas entrevistadas há o caso de uma que teve
os seios chutados por um policial. Ela foi hospitalizada, submeteu-se a uma cirurgia e ficou com sequelas. Mas, como a maioria das mulheres, não denunciou, pois muitas vezes são colocadas como cúmplices de atos violentos e temem procurar as
Violência contra as mulheres em situação de
rua: O caso Janaína Quirino
Violência contra as mulheres em situação de rua, caso Janaína
Quirino: A dor da gente não sai no Jornal( trechos do texto de
Rômulo Moreira, procurador de justiça do estado da Bahia)
Deu no jornal que um Promotor de Justiça da Comarca de Mococa, em São Paulo, no dia 29 de maio do ano passado, ingressou com uma ação de obrigação de fazer
contra o Município de Mococa e também contra Janaína Aparecida Quirino. Para justificar a legitimidade processual para a ação, o membro do Ministério Público valeu-se do art. 127 da Constituição Federal que atribui ao Ministério Público a
defesa dos interesses individuais indisponíveis, além do art. 129, IX, que lhe confere outras funções atribuídas por lei, desde que compatíveis com a sua finalidade.
Violência contra as mulheres em situação de rua: O caso Janaína
Quirino
Na petição inicial, salientou-se que a ação visava a defender “os direitos individuais
indisponíveis da requerida, pessoa hipossuficiente, com grave quadro de dependência química, usuária contumaz de álcool e outras substâncias entorpecentes, internada diversas vezes em instituições próprias ao tratamento de sua drogadição.”
Também constou a advertência que “a requerida já é mãe de cinco filhos, todos menores”, razão pela qual “foi recomendada pelos equipamentos (sic) de saúde e de assistência
social deste Município a realização de laqueadura tubária da requerida Janaína como método contraceptivo.”Segundo ainda a peça vestibular, Janaína “constantemente é
Violência contra as mulheres em situação de rua: O caso Janaína
Quirino
Por fim, “não restando outra alternativa ao Ministério Público
senão o ajuizamento da presente ação”, pediu que o Município de
Mococa fosse “compelido a realizar a laqueadura tubária em
Janaína, bem como submetê-la a tal procedimento mesmo contra
sua vontade”
Violência contra as mulheres em situação de rua: O caso Janaína
Quirino
Desta sentença o Município recorreu ao Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. No respectivo acórdão ficou consignado que Janaína “mostrou-se
reticente à realização do procedimento de laqueadura tubária e, em alguns
momentos, resistente à sua realização, não sendo observada a sua adesão ao
procedimento cirúrgico (fls. 09/10), não mostrando pleno e autônomo
Violência contra as mulheres em situação de rua: O caso Janaína
Quirino
Sem dúvidas, a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo foi acertada, mas,
infelizmente, tardia, pois o procedimento já havia sido realizado em fevereiro deste ano, quando Janaína estava presa e grávida, acusada pelo Ministério Público de tráfico de drogas. Sim, a Justiça tarda!
Este caso leva-nos a pensar qual a razão pela qual o Estado, por meio de dois de seus agentes, arvora-se possuidor e proprietário do corpo de uma mulher, a ponto de decidir por ela – uma pessoa capaz civilmente, como afirmou o próprio Juiz de Direito – qual deve ser a melhor maneira de seguir a sua vida e encaminhar a sua penosa existência.
Violência contra as mulheres em situação de rua: O caso Janaína
Quirino:
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo está pedindo indenização de R$ 1
milhão no caso da mulher de Mococa (SP) que foi submetida a uma cirurgia de
laqueadura sem o seu consentimento.
A ação, que corre em segredo de justiça, foi proposta contra o estado de São
Paulo na semana passada e pede R$ 500 mil de indenização para a vítima,
Janaína Aparecida Quirino, e R$ 500 mil para o fundo de direitos difusos do
estado
.
Violência contra direitos sexuais e reprodutivos da
mulher:
Violência contra direitos sexuais e reprodutivos da mulher:
Violência obstétrica
Em 2011, o Comitê CEDAW, após denúncia internacional realizada pelo Center for Reproductive Rights (Centro por Direitos Reprodutivos) e pela Advocacia Cidadã pelos Direitos Humanos decidiu o caso “Alyne v. Brasil” e declarou a responsabilidade do
Estado brasileiro pela violação do acesso à justiça, da regulamentação das atividades de provedores de saúde particulares e pela discriminação contra as mulheres. O caso refere-se à morte de Alyne da Silva Pimentel Teixeira, brasileira, residente em uma das
localidades mais pobres do Rio de Janeiro e negra, ocorrida em novembro de 2002, logo após a indução de parto, a qual resultou em feto natimorto. A extração da placenta
ocorreu apenas quatorze horas após a indução do parto, o que resultou na deterioração do estado de saúde de Alyne que, após mais de oito horas, foi transferida ao Hospital
Violência contra direitos sexuais e reprodutivos da mulher:
Projetos de Lei que visam proibir a distribuição de
contraceptivos na rede pública de saúde e
O deputado Márcio Labre (PSL-RJ) apresentou 1 projeto de lei (PL
261/2019) que visa a proibir o comércio, propaganda, distribuição e
implantação pela Rede Pública de Saúde de qualquer método contraceptivo
usado por mulheres, como a pílula do dia seguinte e o DIU (Dispositivo
Violência contra direitos sexuais e reprodutivos da mulher:
Mulheres e a vulnerabilidade racial e social:
O caso Miguel-Mirtes
“O INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA – IBDFAM, associação civil sem fins lucrativos, com sede em Belo Horizonte - MG, CNPJ/MF nº 02.571616/0001-48, entidade que congrega profissionais de Direito e outras áreas, vem por meio de sua Comissão de Gênero e Violência Doméstica manifestar seu veemente repúdio aos casos emblemáticos de violências de gênero cometidos nos últimos dias.
Nesta última semana de 2020, fomos atropeladas por uma notícia terrível: o feminicídio brutal de Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, JuÍza do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O autor do crime, seu ex marido, já encontra-se preso.
Infelizmente, não podemos dizer que estamos surpresas com a virulência: foram inúmeras as Vivianes assassinadas em 2020. Entre os dias 24 e 25 desse ano também foram mortas pelos parceiros ou ex parceiros, segundo noticiado pela imprensa, Thalia Ferraz, em Santa
“[...]
Nos primeiros seis meses deste ano, 1.890 mulheres foram mortas de forma violenta, um aumento de 2% em relação a igual período de 2019. Segundo o levantamento, 631 desses crimes foram de ódio motivados pela condição de gênero, ou seja, feminicídio. O Brasil figura em um tenebroso quinto lugar mundial no Ranking do Feminicídio. Um quinto lugar que revela aceitar de forma generalizada a mentalidade extremamente sexista, em que a mulher vira coisa e, como tal, pode virar nada.
Dentre as circunstâncias do feminicídio, diversas delas são bastante comuns em situações de violência de gênero: relação íntima com o agressor, histórico de registro de ocorrência, antecedente de violência com mulheres, dentre outras. No caso de companheiro e ex-marido, o nível da brutalidade é ainda maior. Crimes como esses não podem se repetir ou ser relativizados, do mesmo modo que não podemos minimiza-lo frente ao argumento do amor doentio ou por não se saber lidar com o rompimento dos laços familiares.
“ [...]
Necessitamos de estudos e ações específicas e urgentes no combate ao machismo estrutural que, em sua dimensão mais brutal, ceifa barbaramente a vida de mulheres que apenas pretendem existir com liberdade e independência.
O IBDFAM se solidariza à família da magistrada morta, assim como a todas as famílias que perderam suas filhas, irmãs, mães para a violência de gênero.
O IBDFAM enfileira-se à luta pelos direitos das mulheres e pelo reconhecimento do papel da mulher como sujeito de direitos de forma plena, igualitária, cujo respeito a vida não pode, jamais, ficar em segundo plano.
“ [...]
O IBDFAM luta por todas formas de famílias e pela proteção das vulnerabilidades e não se quedará inerte diante da ineficiência do Estado, que continua a permitir que matem nossas meninas e mulheres.
Isso não pode mais continuar.”
Rodrigo da Cunha Pereira, Maria Berenice Dias, Adélia Moreira Pessoa, Ana Carla Harmatiuk Matos, Fernanda Leão Barretto e Silvana do Monte Moreira.