Reforma do Regime dos Recursos em
Processo Civil
(Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de
Agosto)
Sumário
Aplicação da lei no tempo e regime dos recursos em
legislação extravagante
Simplificação do regime de resolução de conflitos
Os objectivos da reforma dos recursos em processo civil
Simplificação e celeridade processual Racionalização no acesso ao STJ
Maior uniformização de jurisprudência
Aplicação da lei no tempo
(arts. 8.º e 11.º do DL 303/2007)
Entrada em vigor da nova lei: 1 de Janeiro de 2008. O DL 303/2007 não é de aplicação imediata.
O novo regime apenas se aplica aos processos entrados após 1 de Janeiro de 2008.
Concretizações:
Ex. 1: se a parte recorreu para a Relação, o novo valor da alçada dos tribunais
de 1.ª instância (€ 5 000) não é aplicável.
Ex. 2: se a parte pretende recorrer para o STJ, as regras mais restritivas de
acesso ao Supremo (“dupla conforme”) não são aplicáveis.
• O novo regime também não se aplica aos processos que antes de 1 de Janeiro de 2008 já deram entrada nos tribunais de 1.ª instância:
Ex.: se acção já estiver proposta no dia 1 de Jan. de 2008, e se o valor da acção
o permitir, a causa poderá ser sucessivamente reapreciada pela Relação e pelo STJ, independentemente de a decisão da Relação confirmar ou não a decisão da 1.ª instância (“dupla conforme”).
Excepção (“aplicação imediata”):
• Os artigos tendentes à
concretização da
tramitação electrónica dos processos (“processo
desmaterializado”) identificados no art. 11.º/2 do
DL 303/2007.
• A Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro,
procede à regulamentação de alguns dos artigos
mencionados naquele preceito. Os remanescentes
aplicar-se-ão imediatamente aos processos
Regime dos recursos em legislação
extravagante
(art. 4.º do DL 303/2007)
De forma a prevenir a subsistência do
sistema dualista baseado na dicotomia entre
“recurso de apelação”/“recurso de agravo”, o
art. 4.º do DL 303/2007 procede à unificação
dos recursos em legislação extravagante.
• As referências ao agravo interposto na primeira
instância entendem-se feitas ao recurso de
apelação;
• As referências ao agravo interposto na 2.ª
instância entendem-se feitas ao recurso de
revista;
• As referências à oposição de terceiro
entendem-se feitas ao recurso de revisão.
Regime dos recursos em legislação
extravagante
Sem prejuízo das adaptações necessárias,
pretende-se ainda que o regime da legislação avulsa siga o
disposto no CPC, que constitui direito subsidiário.
Artigo 4.º/2 do DL 303/2007:
“Os recursos previstos nos números anteriores
seguem, em cada caso, o regime instituído pelo
Código de Processo Civil, sem prejuízo das
adaptações necessárias”.
Regime dos recursos em legislação
extravagante
Em resumo… (Aplicação da lei no tempo e regime
dos recursos em legislação extravagante)
1 – O DL 303/2007 entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2008;
2 – O diploma não se aplica aos recursos pendentes nem aos processos
já entrados na 1.ª instância antes de 1 de Janeiro de 2008;
3 – Excepção: os artigos relativos à desmaterialização do
processo aplicam-se aos processos pendentes (Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro);
4 – O regime da distribuição nos tribunais superiores mantém-se o
mesmo enquanto os respectivos preceitos não forem regulamentados;
Em resumo… (Aplicação da lei no tempo e regime
dos recursos em legislação extravagante)
5 – Os recursos previstos em legislação extravagante
passam a seguir o disposto no CPC, deixando de
distinguir entre recurso de apelação e recurso de
agravo.
Simplificação do regime de resolução de conflitos de
jurisdição e de competência
Pretende-se simplificar a resolução de uma questão previa ao litígio: a determinação do tribunal competente (arts. 115.º e ss.).
Alterações fundamentais:
• A resolução do conflito (de jurisdição ou de competência) passa a estar cometida aos presidentes dos tribunais superiores e não às respectivas secções, pleno das secções ou ao plenário;
• O processo de resolução de conflitos tem natureza urgente (art. 117.º/2);
• A tramitação é simplificada: i) audição das partes, ii) vista ao Ministério Público, iii) decisão (arts. 117.º-A e 118.º).
• Competência do presidente do STJ:
i) Para conhecer dos conflitos de jurisdição cuja apreciação não pertença ao tribunal de conflitos (art. 43.º/3 da LOFTJ);
Simplificação do regime de resolução de
conflitos
ii) Para conhecer dos conflitos de competência cuja apreciação competia anteriormente às secções, ao pleno das secções ou ao plenário (art. 43.º/3, als. a) a e) da LOFTJ).
• Competência do presidente da Relação:
- Para conhecer dos conflitos de competência cuja apreciação competia anteriormente às secções (art. 59.º/2 da LOFTJ).
Simplificação do regime de resolução de
conflitos
• Em resumo… (Simplificação do regime de resolução
de conflitos)
1 – A resolução dos conflitos de jurisdição e de competência passa a ser competência do presidente dos tribunais superiores;
2 – A existência de um conflito de competência pode ser suscitada pelo tribunal mesmo quando as partes o não invoquem;
3 – O processo de resolução de conflitos tem natureza urgente;
4 – A tramitação do processo de resolução de conflitos é simplificada.
Objectivos da reforma dos recursos em processo civil
Simplificação e celeridade processual
O art. 691.º (Recurso de apelação) procede a três alterações fundamentais:
1) Equiparação, para efeitos recursórios, das decisões que põem termo ao processo, sejam estas decisões de mérito ou de forma (art. 691.º/1);
2) Adopção de um regime monista de recursos, com supressão do recurso de agravo e reformulação do recurso de apelação (art. 691.º/ 1 e 2);
3) Introdução da regra de impugnação de decisões interlocutórias com o recurso que vier a ser interposto da decisão final (art. 691.º/3).
1) Equiparação, para efeitos recursórios, das decisões que
põem termo ao processo, sejam estas de mérito ou de
forma:
Artigo 691.º/1
“Da decisão do tribunal de 1.ª instância que ponha termo ao processo cabe recurso de apelação”.
Ex. 1: Tribunal condena o Réu no pagamento da quantia
peticionada pelo autor.
Ex. 2: Recurso do despacho que confirme o não recebimento da
petição inicial.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
• Regime de recorribilidade:
Decisão imediatamente recorrível (“nada há por que esperar” - o processo terminou).
• Prazo para a interposição de recurso:
30 dias contados a partir da notificação da decisão do tribunal (art. 685.º/1).
A estes 30 dias poderão acrescer 10 dias se o recurso tiver por objecto a reapreciação da prova gravada (art. 685.º/7).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
• Modo de subida:
Expedição do recurso (“subida”) nos próprios autos
(art. 691.º-A/1/a).
• Efeito da interposição do recurso:
Por regra, o recurso não suspende a possibilidade
de o Autor executar a decisão – efeito meramente
devolutivo (art. 692.º/1 e 4).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
2) Adopção de um regime monista de recursos, com
supressão do recurso de agravo (art. 691.º/ 1 e 2):
Artigo 691.º/2
“Cabe ainda recurso de apelação das seguintes decisões do tribunal de 1.ª instância: a) Decisão que aprecie o impedimento do juiz;
b) Decisão que aprecie a competência do tribunal; c) Decisão que aplique multa;
d) Decisão que condene no cumprimento de obrigação pecuniária; e) Decisão que ordene o cancelamento de qualquer registo;
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Artigo 691.º/2 (cont.)
f) Decisão que ordene a suspensão da instância; g) Decisão proferida depois da decisão final;
h) Despacho saneador que, sem pôr termo ao processo, decida do mérito da causa; i) Despacho de admissão ou rejeição de meios de prova;
j) Despacho que não admita o incidente ou que lhe ponha termo;
l) Despacho que se pronuncie quanto à concessão da providência cautelar, determine o seu levantamento ou indefira liminarmente o respectivo requerimento;
m) Decisões cuja impugnação com o recurso da decisão final seria absolutamente inútil; n) Nos demais casos expressamente previstos na lei”.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
• Regime de Recorribilidade:
A decisão é imediatamente recorrível.
• Prazo para a interposição de recurso:
15 dias, salvo no caso previsto na alínea h)
(art. 691.º/5).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
• Modo de subida:
Por regra, o recurso “sobe” separadamente do
processo, que permanece no tribunal “a quo” (arts.
691.º-A/2 e 691.º-A/1, als. b), c) e d)).
• Efeito da interposição do recurso:
Por regra, efeito meramente devolutivo, salvo nos
casos identificados no art. 692.º/3.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Em especial, a alínea d) do n.º 2 do art. 691.º:
• “Decisão que condene no cumprimento de obrigação
pecuniária”.
• O artigo 692.º/3/e) atribui efeito suspensivo ao
recurso interposto das decisões previstas na alínea
d) do art. 692.º, não se incentivando, contudo, o
recurso por parte dos devedores.
• A alínea d) insere-se no n.º 2 do art. 691.º que, por
oposição ao n.º 1, apenas cura de decisões
interlocutórias e não de decisões finais.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Ex: se o tribunal de 1.ª instância, condena o réu, na
sentença, no pagamento de 1000 €, a parte vencida
pode recorrer dessa decisão, mas, como se trata do
recurso de uma decisão final, o efeito do recurso é
meramente devolutivo.
O recurso de uma decisão final (no caso, de mérito)
que condene o réu no pagamento de certo valor
não recai em nenhum dos casos em que
excepcionalmente o recurso tem efeito suspensivo –
art. 692.º, n.º 3.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
3) Impugnação de decisões interlocutórias com o recurso
que vier a ser interposto da decisão final:
Artigo 691.º/3
“As restantes decisões proferidas pelo tribunal de 1.ª instância podem ser impugnadas no recurso que venha a ser interposto da decisão final ou do despacho previsto na alínea l) do n.º 2”.
Ex: O despacho que admite o incidente.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Regime de recorribilidade:
As decisões previstas no n.º 3 do art. 691.º não são
imediatamente recorríveis – o recurso deve esperar
pela decisão final.
Prazo para a interposição de recurso:
• 30 dias.
• O recurso das decisões interlocutórias previstas
no art. 691.º/3 é realizado conjuntamente com o
recurso das decisões finais.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
•
Modo de subida:
O recurso destas decisões acompanha o recurso das
decisões finais, por isso, a subida é nos próprios autos.
•
Efeito da interposição do recurso:
Por regra, efeito meramente devolutivo.
(Ou seja, mesmo nos casos em que o recurso da
decisão final tenha efeito suspensivo, esse efeito
parece não se comunicar à decisão interlocutória
impugnada conjuntamente com a decisão final).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Não havendo recurso da decisão final:
Artigo 691.º/4
“
Se não houver recurso da decisão final, as decisõesinterlocutórias que tenham interesse para o apelante independentemente daquela decisão podem ser impugnadas num recurso único, a interpor após o trânsito da referida decisão”.
Ex: se a parte ficou satisfeita com a decisão final, mas é prejudicada com
uma decisão interlocutória diversa das previstas no art. 691/2, pode interpor recurso após o trânsito em julgado da decisão final.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Prazo para a interposição de recurso:
• 15 dias após o termo do prazo de 30 dias para interposição de recurso da decisão final (art. 691.º/4).
• Qualificação: possível recurso extraordinário inominado.
Modo de subida:
O recurso sobe em separado do processo, que permanece no tribunal “a quo” (art. 691.º-A/2).
Efeito da interposição do recurso:
Efeito meramente devolutivo (art. 692.º/1).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Unificação dos actos de interposição de recurso e de
apresentação de alegações (arts. 684.º-B/1 e 2 e
685.º-C/1 e 3):
O requerimento de interposição de recurso é
obrigatoriamente acompanhado das alegações.
Não existe qualquer prazo autónomo para a
apresentação das alegações.
Desincentivam-se
eventuais
recursos
menos
ponderados.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Deixam de existir dois despachos (o
despacho de admissão de recurso e o
despacho de subida do recurso) passando a
existir um único despacho (art. 685.º-C/1).
A dicotomia estabelecida entre “efeitos da
interposição do recurso” e “efeitos da subida
do recurso” é menos vincada.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Segue-se a solução já estabelecida no Código de
Processo Penal (CPP), no Código de Processo do
Trabalho (CPT) e no Código de Processo nos
Tribunais Administrativos (CPTA):
• Artigo 411.º/3 CPP;
• Artigo 81.º/1 do CPT;
• Artigo 144.º/2 CPTA.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Revisão do regime de arguição de vícios e reforma da
sentença (art. 669.º):
O pedido de aclaração da sentença e o pedido de reforma da sentença quanto a custa e multas passam a ser realizados nas alegações de recurso (art. 669.º/1 e 3);
O pedido de reforma da sentença fundado em manifesto lapso do juiz (p. ex., fundado no erro na determinação da norma aplicável) só é admissível quando a causa não admita recurso. Se o recurso for admissível, o juiz “a quo” não pode reapreciar a decisão anteriormente proferida (art. 669.º/2).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Simplificação do regime de vistos aos juízes - adjuntos (art.
707.º):
Os vistos dos juízes-adjuntos passam a ter lugar após a entrega do projecto de acórdão, quando já existe uma proposta de solução (art. 707.º/2);
As vistas são simultâneas e não sucessivas, através de meios electrónicos (art. 707.º/2);
O prazo de vista é reduzido de 15 para 5 dias (art. 707.º/2);
O processo é inscrito em tabela para ser agendado na próxima sessão do julgamento decorrido que seja o prazo de 30 dias para o relator elaborar o acórdão (art. 709.º/1).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Simplificação e celeridade
Em resumo… (Simplificação e celeridade)
1 – As decisões que põem termo ao processo passam a dispor do
mesmo regime, não se distinguindo entre decisões de mérito e decisões de forma;
2 – Abandona-se o sistema dualista, suprimindo-se o recurso de agravo,
que é integrado no recurso de apelação (monismo recursório);
3 – As decisões interlocutórias que não recaiam no art. 691.º/2 são
impugnadas conjuntamente com o recurso da decisão final;
4 – Quando não houver recurso da decisão final, as decisões
interlocutórias podem ser impugnadas após o trânsito em julgado da decisão final.
Em resumo… (Simplificação e celeridade)
5 – O requerimento de interposição de recurso deve ser acompanhado
das respectivas alegações.
6 – Os pedidos de aclaração da sentença e de reforma da sentença
quanto a custas e multas passam a ser feitos nas alegações de recurso, deixando de ser possível requerer a reforma da sentença por manifesto lapso do juiz quando a causa admita recurso.
7 – O regime de vistos aos juízes-adjuntos processa-se
Objectivos da reforma dos recursos em processo civil
Racionalização no acesso ao STJ
Alteração do valor das alçadas (art. 5.º do DL 303/2007):
Actualização do valor das alçadas dos tribunais da Relação:
• De € 14 963,94 para € 30 000.
• Actualização superior à correcção monetária (€ 20 691, 44) de forma a reservar o STJ para os casos com expressão económica mais relevante.
Actualização do valor das alçadas dos tribunais de 1.ª
instância:
• De € 3 740,98 para € 5 000.
• A fixação da alçada da 1.ª instância num valor
abaixo do que resultaria da inflação (€ 8 276,58)
pretende assegurar o direito de as partes
requererem a reapreciação da decisão da 1.ª
instância (duplo grau de jurisdição).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
Fixação do valor da causa pelo juiz (art. 315.º):
De forma a evitar um aumento injustificado do
valor da causa na PI, frustrando o aumento
do valor das alçadas, a fixação do valor da
causa passa a estar cometida ao juiz.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
Sem prejuízo da indicação pela parte na PI, o juiz fixa
obrigatoriamente o valor da causa num dos seguintes
actos processuais:
• No despacho saneador (art. 315.º/2/1.ª parte);
• Na sentença – nos processos identificados no art. 308.º/3 e naqueles em que não haja lugar a despacho saneador;
• No despacho de admissão do recurso – se antes do valor da causa ser fixado em algum dos actos anteriores for interposto recurso.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
A “Dupla conforme” e a Revista Excepcional (arts. 721.º e
721.º-A):
Actualmente a parte pode recorrer até ao STJ (Recurso de Revista) mesmo no caso de existirem duas decisões convergentes: a decisão do tribunal de 1.ª instância e a decisão da Relação.
Nestes casos, justifica-se racionalizar a possibilidade de recurso ao STJ:
Artigo 721.º/3 (“Dupla conforme”):
“Não é admitida revista do acórdão da Relação que confirme, sem voto de vencido e ainda que por diferente fundamento, a decisão proferida
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
Excepção: Revista Excepcional (art. 721.º-A/1):
• Quando esteja em causa uma questão cuja apreciação, pela sua relevância jurídica, seja claramente necessária para uma melhor aplicação do direito;
• Quando estejam em causa interesses de particular relevância social;
• Quando o acórdão da Relação esteja em contradição com outro, já transitado em julgado, proferido por qualquer Relação ou pelo Supremo Tribunal de Justiça, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito, salvo se tiver sido proferido acórdão de uniformização de jurisprudência com ele conforme.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
Utilização de conceitos indeterminados, à
semelhança do art. 150.º do CPTA.
A decisão quanto à
existência dos
pressupostos que condicionam a Revista
Excepcional deve ser objecto de apreciação
preliminar sumária, a cargo de três juízes
escolhidos anualmente pelo presidente do
STJ de entre os mais antigos das secções
cíveis.
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Racionalização no acesso ao STJ
Em resumo… (Racionalização no acesso ao STJ)
1 – A alçada do tribunal da Relação é actualizado de € 14 963,94 para €
30 000;
2 – A alçada dos tribunais de 1.ª instância é actualizada de € 3 740
para € 5 000;
3 – O valor da causa passa a ser fixado pelo juiz, o que não
prejudica o dever de a parte fazer a sua indicação na petição inicial;
4 – Se a Relação decidir no mesmo sentido que o tribunal de 1.ª
instância não é possível recorrer para o STJ (“dupla conforme”), excepto em casos particulares (Revista Excepcional).
Objectivos da reforma dos recursos em processo civil
Maior uniformização de jurisprudência
Recurso extraordinário para uniformização de jurisprudência (arts. 763.º e ss.):
A função do STJ enquanto órgão de uniformização de jurisprudência deve ser reforçada, possibilitando-se assim, a prazo, um maior número de Acórdãos de Uniformização de Jurisprudência (AUJ).
As partes passam a dispor de um recurso extraordinário, nos casos em que o Supremo, em secção, proferir acórdão contraditório com outro anteriormente proferido, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão de direito.
O recurso extraordinário não é admitido se o acórdão recorrido estiver de acordo com jurisprudência uniformizada do STJ.
Julgamento ampliado de revista (art. 732.º-A):
Prosseguindo o objectivo de uniformização de jurisprudência, estabelece-se igualmente o dever de o relator e de os adjuntos proporem obrigatoriamente o julgamento ampliado de revista quando se verifique a possibilidade de vencimento de uma solução jurídica contrária a jurisprudência uniformizada do STJ (art. 732.º-A/3).
Objectivos da Reforma dos Recursos:
Maior uniformização da jurisprudência
Em resumo… (Maior uniformização da jurisprudência)
1 – Excepcionalmente, as partes podem recorrer das decisões do
STJ quando este proferir acórdão contraditório com outro anteriormente proferido (recurso para uniformização de jurisprudência);
2 – O julgamento ampliado de revista deverá ser obrigatoriamente
proposto pelo relator e pelos adjuntos quando existir possibilidade de a decisão do Supremo ser contrária a jurisprudência uniformizada.
Outras alterações ao regime dos recursos
Impugnação da decisão sobre matéria de facto (art. 685.º-B):
Quando as partes pretendam impugnar a decisão sobre a matéria de facto e seja possível a identificação precisa e separada dos depoimentos nos termos do n.º 2 do art. 522.º-C, o recorrente deve indicar com exactidão as passagens da gravação em que se funda.
É abandonada a possibilidade de transcrição dos depoimentos por entidades externas ao tribunal.
Reforço dos mecanismos de defesa contra demoras abusivas
(art. 720.º):
Quando a parte suscite incidentes reputados dilatórios, se esses incidentes visarem impedir o trânsito em julgado da decisão, procede-se à extracção de traslado, prosseguindo os autos os seus termos no tribunal recorrido.
A decisão impugnada através de incidente infundado não obsta ao trânsito em julgado e a decisão a proferir no traslado só será decretada depois de, contadas as custas a final, o requerente as ter pago, bem como todas as multas e indemnizações fixadas pelo tribunal.
Clarificação dos pressupostos de admissibilidade do recurso
“per saltum” (art. 725.º):
Os pressupostos do valor da causa (superior à alçada da Relação) e da sucumbência (metade da alçada da Relação) são cumulativos e não alternativos.
Possibilidade de alegações orais no STJ, se o relator assim o
entender ou a requerimento fundamentado das partes (art.
727.º-A).
Introdução de um novo fundamento para o recurso
extraordinário de revisão (art. 771.º/f)):
Permitir o recurso quando uma decisão interna transitada em julgado seja inconciliável com decisão definitiva de uma instância internacional de recurso vinculativa para o Estado português, designadamente a Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
Em resumo… (Outras alterações ao regime dos recursos)
1 – Aquando da impugnação da decisão sobre a matéria de facto,
o recorrente deve indicar com exactidão as passagens da gravação em que se funda;
2 – Os mecanismos de defesa contra incidentes dilatórios são
reforçados;
3 – Explicita-se que os pressupostos de admissibilidade do
Em resumo… (Outras alterações ao regime dos recursos)
4 – Prevê-se a possibilidade de alegações orais no STJ, caso o
relator as entenda necessárias ou as partes o requeiram fundamentadamente;
5 – É introduzido um novo fundamento para o recurso
extraordinário de revisão quando uma decisão interna transitada em julgado seja inconciliável com decisão definitiva de uma instância internacional de recurso vinculativa para o Estado português.
Síntese conclusiva
O DL 303/2007 apenas se aplica aos processos entrados após 1 de Janeiro de 2008, pondo termo à distinção entre recurso de apelação e recurso de agravo no CPC e na legislação extravagante;
O DL 303/2007 prossegue o objectivo do “processo desmaterializado”, a concretizar mediante portaria;
O processo de resolução de conflitos de jurisdição e de competência é simplificado;
As alterações e inovações apresentadas prosseguem os objectivos de Simplificação e celeridade processuais, de Racionalização no acesso ao STJ e de Maior uniformização de jurisprudência.