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AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS PARA TRATAMENTO DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS PARA TRATAMENTO DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.)

Juliana Parisotto Poletine1, Cleber Daniel de Goes Maciel1, Fabiano Borin Telli1, Maurício Dutra

Zanotto2, José Geraldo Carvalho do Amaral3

1Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista - ESAPP, parisotto@netonne.com.br,

maciel@fca.unesp.br,

borintelli@ig.com.br ; 2Unesp Botucatu, zanotto@fca.unesp.br.; 3CETADI,

SAA-SP,cetadi.bauru@ig.com.br.

RESUMO - Com o objetivo de avaliar o comportamento de dois genótipos de mamoneira quanto à

influência do tratamento de sementes sobre algumas características agronômicas, conduziu-se o presente trabalho em área experimental da Fazenda Modelo pertencente à Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, no período compreendido entre novembro de 2005 e abril de 2006. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial (2 x 10), comparando-se dois genótipos de mamoneira: híbrido Lyra e cultivar AL Guarany 2002 e nove fungicidas, alguns deles recomendados para o tratamento de sementes na cultura da soja (incluindo-se misturas), mais testemunha. Foram avaliadas as seguintes características: altura de plantas, diâmetro de caules, produtividade e incidência de doenças. Concluiu-se que o tratamento de sementes com fungicidas proporcionou aumento de produtividade da mamoneira, para ambos os genótipos estudados e que a mistura carboxyn + thiram propiciou a maior produtividade entre os produtos avaliados. Observou-se a presença de mofo cinzento (Botrytis ricini) e murcha de fusarium (Fusarium oxysporum) em praticamente todas as parcelas.

INTRODUÇÃO

A grande importância da ricinocultura atualmente justifica-se pelo fato de que existe um crescente interesse por fontes alternativas de energia, principalmente por aquelas que contribuam em mitigar as emissões de CO2, característica das fontes tradicionais de energia fóssil. Para isso, o uso de

biocombustíveis, como lenha, carvão vegetal, bioetanol, óleo de dendê e biodiesel produzido pela esterificação de óleos vegetais com metanol e etanol, são vistos hoje como alternativas viáveis, tendo justificativas econômicas, sociais e ambientais (URQUIAGA et al., 2005). Mas, conforme FREIRE et al. (2001), apesar de sua importância, a situação da ricinocultura brasileira é precária, com inexistência de cultivares melhoradas, resistentes à doenças e sistemas racionais de cultivo que permitam ao produtor retorno condizente com o capital e o serviço familiar investido.

Para minimizar as perdas ocasionadas pelo surgimento de doenças, LIMA et al. (2001), aconselham a utilização da estratégia conhecida como manejo integrado de doenças, onde um dos itens fundamentais é a realização do tratamento de sementes, visando a eliminação ou redução do

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inóculo inicial. Segundo SAVY FILHO (2005), a sanidade da mamoneira pode ser obtida, preventivamente, com rotação de culturas, evitando-se locais com histórico de patógenos de solo, além de ser imprescindível o tratamento de sementes com fungicidas, utilizando-se produtos com princípio ativo a base de benomyl, iprodione e thiram, os quais proporcionam boa proteção à germinação e reduzem o inoculo inicial do patógeno. Em função do exposto e considerando-se a escassez de informações sobre o tratamento de sementes na ricinocultura, uma vez que não existem produtos químicos recomendados para tal prática, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do uso de fungicidas, em características agronômicas na cultura da mamoneira.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Modelo da Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, localizada no município de Paraguaçu Paulista/SP, com solo do tipo LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO - textura arenosa, no período compreendido entre novembro de 2005 e abril de 2006, utilizando-se o híbrido Lyra e a variedade AL Guarany 2002. A escolha dos fungicidas utilizados e suas misturas foi feita com base na recomendação do uso de benomyl e thiram (SAVY FILHO, 2005), bem como pela utilização de outros fungicidas para tratamento de sementes na cultura

da soja, sendo: thiram (300 ml ia 100 Kg-1 semente), carbendazin (60 ml ia 100 Kg-1 semente), captan

(160 g ia 100 Kg-1 semente), thiram+carbendazin (140+70 ml ia 100 Kg-1 semente),

thiabendazole+thiram (200 ml ia 100 Kg-1 semente), mancozeb+carbendazin (200 g+70 ml ia 100 Kg-1

semente), difeconazole (33 ml ia 100 Kg-1 semente), carboxin+thiram (250 ml ia 100 Kg-1 semente),

difeconazole+thiram (15+150 ml ia 100 Kg-1 semente) e testemunha. As parcelas foram dispostas num

Delineamento em Blocos Casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial 2 x 10 (dois genótipos e nove fungicidas + testemunha), sendo constituídas com as dimensões de 4,0 x 3,0 m, com cinco linhas, obedecendo-se espaçamento 1,0 x 1,0 para a variedade AL Guarany 2002 e 1,0 x 0,5 para o híbrido Lyra.

As sementes foram colocadas em sacos plásticos, acrescentados os fungicidas e água destilada, procedendo-se a agitação manual, até a distribuição uniforme do produto sobre as mesmas, com exceção da testemunha, a qual não recebeu aplicação de produto químico. Após este procedimento, as sementes foram acondicionadas em bandejas plásticas e assim permaneceram até que ocorresse a secagem dos tratamentos aplicados. As sementes tratadas e a testemunha ficaram armazenadas em sacos de papel, em ambiente cuja temperatura variou de 20-25°C, até o momento do plantio, o qual foi realizado manualmente, deixando-se três sementes por cova, no dia 21 de Dezembro

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de 2005. A adubação de plantio baseou-se em resultado de análise de solo do local, aplicando-se 300

Kg ha-1 da fórmula 04-14-08. Após a emergência das plantas, foi realizado desbaste manual,

deixando-se uma planta por cova. Aos 45 dias após a germinação, a adubação de cobertura foi efetuada

aplicando-se 30 g linha-1 de uréia. Na área onde o ensaio foi instalado havia sido implantada a cultura

da mamoneira na safra anterior, o que possibilitou o aproveitamento das fontes de inóculo já presentes no solo, uma vez que não foi realizada inoculação artificial de nenhuma das doenças mencionadas.

Os seguintes parâmetros foram avaliados, em cada uma das linhas e 80 parcelas: a) altura média das plantas: foram tomados dados da altura de cinco plantas ao acaso por parcela, em centímetros, desde a superfície do solo até o ápice do ramo mais alto, com o auxílio de régua de madeira; b)diâmetro do caule: foram tomados dados da largura do caule de cinco plantas ao acaso por parcela, em centímetros, 50 cm acima da superfície do solo, com o auxílio de paquímetro; c)observação da incidência de doenças: principalmente murcha de fusarium (F.oxysporum) e incidência de mofo cinzento (B. ricini); d) produtividade média (kg ha-1): foram tomados dados dos frutos

descascados, em gramas por parcela, corrigidos por covariância para estande ideal de 10 plantas por parcela, de acordo com a metodologia proposta por VENCOVSKY e BARRIGA (1992), com posterior

conversão para produtividade média em Kg ha-1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de

variância pelo teste F, com as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas – SANEST.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos para altura de plantas (cm), diâmetro de caules (mm) e produtividade

média (Kg ha-1), provenientes do desdobramento dos fatores cultivares e fungicidas encontram-se na

Tabela 1. Maiores alturas de plantas foram observadas na variedade AL Guarany 2002 em relação ao híbrido Lyra, o que já era de se esperar, uma vez que este último genótipo é de porte baixo, recomendado para colheita mecânica, concordando com AMARAL (2003) e SEMENTES ITAQUERÊ (2004). Entretanto, as alturas de plantas da variedade foram significativamente inferiores àqueles descritos na literatura (1,60 a 2,60 m) (SAVY FILHO, 2005). Tal fato pode ter sido conseqüência de menor espaçamento utilizado para este genótipo (1,0 x 1,0 m), uma vez que a testemunha apresentou o menor valor para altura de plantas, descartando que esta redução de porte fosse efeito da aplicação de fungicidas. Com relação ao híbrido Lyra não ocorreram diferenças em relação ao uso de diferentes fungicidas e suas misturas, inclusive a testemunha. Pequenas diferenças puderam ser detectadas no estudo da cultivar AL Guarany 2002, com as menores alturas tendo sido obtidas pela média de plantas

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que foram submetidas aos tratamentos a base de thiram, carbendazin, e difeconazole+thiram, não diferindo significativamente da testemunha.

A avaliação do diâmetro de caules em mamoneira constitui-se em medida importante sendo desejável que as plantas apresentem valores o mais baixo possível, uma vez que cultivares de mamona com diâmetros de caule mais grossos, causam problemas por ocasião da colheita mecânica. Dessa forma, percebe-se que o ideal é a obtenção de genótipos com caules mais finos aliados a porte reduzido. Em função dos dados apresentados, nota-se que houve diferença estatística (p < 0,05), para os genótipos estudados, com maiores valores obtidos para os diâmetros das plantas da cultivar AL Guarany 2002, concordando com os dados existentes na literatura, que mencionam correlação positiva entre altura de plantas e diâmetro de caules (FREIRE et al., 2001). Este genótipo não sofreu diferenças significativas para este parâmetro, em função da aplicação dos diferentes fungicidas. Já o híbrido Lyra, apresentou diferenças significativas, com os maiores valores de diâmetro de caule tendo sido obtidos mediante a aplicação dos tratamentos a base de captan, thiram+carbendazim, mancozeb+carbendazin e carboxin+thiram, tratamentos que também proporcionaram maiores alturas de plantas.

Para a avaliação da produtividade média (Kg ha-1), houve diferença estatística, para as três

fontes de variação estudadas, ao nível de significância de 5% de probabilidade. Observa-se que as cultivares comportaram-se diferentemente em relação à aplicação dos fungicidas e houve interação significativa, ou seja, influência do fator cultivar sobre o fator fungicida e vice-versa.

A partir dos desdobramentos dos fatores observa-se que maiores produtividades médias foram obtidas para a cultivar AL Guarany 2002, discordando do fato de que híbridos apresentam maior produtividade (FREIRE et al., 2001), como é o caso do genótipo Lyra. Estes valores inferiores para produtividade média podem ser explicados pelo fato de que híbridos são mais suscetíveis às principais doenças, principalmente o mofo cinzento (SAVY FILHO, 2005), com ocorrência na área experimental durante a condução do trabalho, além de que o período de semeadura recomendado varia de fevereiro a março, ou seja, condições de “safrinha”. Para ambos genótipos as maiores produtividades médias foram obtidas submetendo-se as sementes à mistura carboxin+thiram, com diferença significativa entre as testemunhas e todos os demais tratamentos estudados.

Durante a condução do experimento, observou-se a presença de mofo cinzento (B.ricini) e murcha de fusarium (F. oxysporum), em praticamente todas as parcelas, com incidência variável e sintomas menos agressivos observados nas parcelas que corresponderam aos fungicidas a base de captam, thiram+carbendazim, mancozeb+carbendazin e carboxin+thiram, corroborando o fato de que

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quanto maior a severidade da doença, menor a produtividade, principalmente pela presença do mofo cinzento da mamoneira, destruindo o racemo.

CONCLUSÃO

Conclui-se que o tratamento de sementes com fungicidas proporcionou aumento de produtividade da mamoneira, para ambos os genótipos e que a mistura carboxyn + thiram propiciou a maior produtividade entre os produtos avaliados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, J. G. C do. Variabilidade genética para características agronômicas entre progênies

autofecundadas de mamona (Ricinus communis L.) cv. AL Guarany 2002. 2003. 59p.Tese (Doutorado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu, 2003.

FREIRE, E. C.; LIMA, E. F.; ANDRADE, F. P. de. Melhoramento genético. In: AZEVEDO, D. M. P. de.; LIMA, E. F. (Org.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa, 2001. p.229-256.

LIMA, E. F.; ARAÚJO, A. E. de.; BATISTA, F. A. S. Doenças e seu controle. In: AZEVEDO, D. M. P. de.; LIMA, E. F. (Org.). O Agronegócio da Mamona no Brasil. Brasília: Embrapa, 2001. p.191-212. SAVY FILHO, A. Mamona: Tecnologia Agrícola. Campinas: EMOPI, 2005. 105p.

SEMENTES ITAQUERÊ. A cultura da mamona no cerrado brasileiro. Primavera do Leste: Sementes Itaquerê/Sementes Armani, 2004. (Fôlder).

URQUIAGA, S.; ALVES, B. J. R.; BOODEY, R. M. Produção de biocombustíveis: a questão do balanço energético. Revista de Política Agrícola, Ano XIV, n.1, mar.2005, p.42-46.

VENCOVSKY, R., BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 486p.

Tabela 1. Valores de altura de plantas (cm), diâmetro de caules (mm) e produtividade média (Kg ha-1),

em função de diferentes tratamentos de sementes em dois genótipos de mamona. Paraguaçu Paulista/SP, 2006.

Altura de Plantas (cm) Diâmetro de Caules (mm) Produtividade (Kg ha-1)

Tratamentos Lyra AL Guarany Lyra AL Guarany Lyra AL Guarany

Tirad 77,50 a B 84,25 bc A 1,00 b B 1,75 a A 992,5 d B 1212,5 d A Carbendazin 77,75 a B 89,50 abc A 1,00 b B 1,75 a A 1032,5 d B 1202,5 d A Captan 78,25 a B 99,50 ab A 1,50 ab B 2,50 a A 1292,5 bc B 1475,0 c A Thiram + Carbendazin 79,75 a B 96,75 ab A 1,85 a B 2,25 a A 1363,75 b B 1581,25 b A Thiabendazole + Thiram 75,25 a B 98,75 ab A 1,00 b B 2,25 a A 972,75 d B 1157,5 d A Mancozeb + Carbendazin 80,00 a B 103,00 a A 1,85 a B 2,25 a A 1255,75 c B 1496,25 bc A Difeconazole 77,50 a B 97,25 ab A 1,00 b B 2,00 a A 951,25 d B 1148,5 d A Carboxin + Thiram 81,00 a B 98,50 ab A 1,85 a B 2,25 a A 1543,75 a B 1821,00 a A

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Difeconazole + Thiram 80,25 a B 90,25 abc A 1,00 b B 2,50 a A 973,75 d B 1460,0 c A

Testemunha 72,00 a B 78,00 c A 1,00 b B 1,75 a A 922,5 d B 953,75 e A

F calc. Cult. = 36,02* F calc. Cult. = 44.84* F calc. Cult. = 346,08* F calc. Fung.= 1,24 NS F calc. Fung.= 1,35 NS F calc. Fung.= 152,36*

F calc. C x F = 0,83 NS F calc. C x F = 2,44 NS F calc. C x F = 9,54*

D.M.S (5%) Cult. = 5,07. D.M.S (5%) Cult. = 0,22. D.M.S (5%) Cult. = 23,67. D.M.S (5%) Fung. = 18,68. D.M.S (5%) Fung.= 0,83. D.M.S (5%) Fung. = 87,09. C.V (%) = 3,76. C.V (%) = 2,81. C.V (%) = 4,26.

1/Médias seguidas de mesma letra minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey

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