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RELATÓRIO APELADO: UNIÃO FEDERAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO) - 4ª TURMA VOTO

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RELATÓRIO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal SÉRGIO MURILO WANDERLEY

QUEIROGA (Relator convocado):

Cuida-se de apelação interposta por LEONARDO FERNANDES DE LIMA, em face de sentença que julgou improcedente o seu pedido, consistente em obter reforma militar ex officio, com base no soldo do grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa, sob o fundamento de que contraiu a doença de chagas no período em que estava servindo ao Exército em Garanhuns/PE.

Em suas razões recursais, o apelante alega, em síntese, que restou provado nos autos que adquiriu a enfermidade durante a prestação do serviço castrense e que não obteve o tratamento adequado no primeiro momento do diagnóstico. Afirma que, embora o mal de Chagas possa permanecer assintomático por vários anos, tal fato não afasta o seu caráter crônico e sua natureza incapacitante, sendo, inclusive, uma das causas de incapacidade para a prestação do serviço militar. Requer, portanto, o provimento do seu apelo.

Contrarrazões apresentadas pela União. É o relatório.

VOTO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal SÉRGIO MURILO WANDERLEY

QUEIROGA (Relator convocado):

PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO APELANTE: LEONARDO FERNANDES DE LIMA

ADVOGADO: VALDIR ALBUQUERQUE SILVA APELADO: UNIÃO FEDERAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA

(CONVOCADO) - 4ª TURMA

PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO APELANTE: LEONARDO FERNANDES DE LIMA

ADVOGADO: VALDIR ALBUQUERQUE SILVA APELADO: UNIÃO FEDERAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA

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Como relatado, busca o autor, ora apelante, provimento jurisdicional reconheça o seu direito de ser reformado ex officio, com base no soldo do grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa, sob o argumento de que se encontra incapaz em razão de ter contraído a doença de Chagas durante a prestação do serviço militar.

O instituto da reforma do militar está disciplinado na Lei 6.880/80, conhecida como Estatuto dos Militares, na seção III, do capítulo II, prevendo o art. 106, entre uma de suas hipóteses configuradoras, o caso em que o militar for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas.

Nessa senda, o art. 108 estatui que a incapacidade definitiva pode sobrevir em consequência de:

I - ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública;

II - enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de uma dessas situações;

III - acidente em serviço;

IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço;

V - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e

VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço.

Mais adiante o art. 110, §1º da Lei 6.880/80 estabelece que a incapacidade definitiva, em razão das enfermidades previstas no art. 108, III, IV e V, acima transcrito, implica a reforma ex officio remunerada com base na remuneração do soldo correspondente ao grau hierárquico imediato quando houver impossibilidade para qualquer trabalho, ou seja, incapacidade para os afazeres da vida castrense e civil.

No caso, à vista dos elementos materiais acostados aos autos, constata-se que o autor ingressou nas fileiras do Exército em 2007, no curso de Formação de Sargentos, ocasião em que realizou exames e avaliação médica, sendo considerado apto em Inspeção de Saúde (Id. 4058305.296511). Em 2013, após exercer regularmente suas atividades, foi diagnosticado com portador da Doença de Chagas (Id. 4058305.296545; Id. 4058305.296541).

Em sua contestação a União afirma que o militar postulante nunca foi dispensado por motivo de problema de saúde referente a Doença de Chagas, conforme atestam os pareceres médicos emitidos pela Organização Militar, esclarecendo que, mesmo após a descoberta do diagnóstico, não houve interferência nas atividades inerentes a caserna, conforme menção dos Testes de Aptidão Física e do Quadro de Trabalho Semanal.

Consta ainda dos autos que, em fevereiro de 2014, o autor foi transferido e do 71º BI Mtz (Garanhuns/PE) para o 22º BI (Palmas/TO), conforme publicação no Boletim Interno nº 038, de 24 de fevereiro de 2014, anexado ao feito.

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Realizada a prova pericial, extrai-se do laudo emitido pela perito, que, de fato, o autor é portador da Doença de Chagas e que tal enfermidade possui relação de causa e efeito com o serviço militar, em vista da localidade em que era prestado (respostas aos quesitos 1 e 3, id. 4058305.1352840).

Também foi constatado que, em razão dessa enfermidade, o autor necessita de cuidados médicos permanentes, para avaliação periódica do estágio da doença.

Por outro lado, restou assentado pelo experto que o requerente não está impossibilitado para o exercício de toda e qualquer atividade profissional (resposta ao quesito 2, id. 4058305.1352840), nem apresenta qualquer sintoma incapacitante (resposta ao quesito 6, id. 4058305.1352840).

Pois bem. Cotejando a situação fática, acima delineada, com a legislação militar pertinente, pode-se concluir que o demandante, apesar de ser portador da Doença de Chagas, adquirida em tempo de paz e com relação de causa e efeito com o serviço militar, encontra-se assintomático e, portanto, não pode ser considerado definitivamente incapacitado para o exercício de qualquer atividade profissional, seja na vida castrense ou civil. Assim sendo, inexiste razão para enquadrá-lo na hipótese descrita no inciso V, do art. 108 do Estado Militar.

A concessão de reforma ao militar que contraiu a Doença de Chagas somente tem lugar o enfermo apresentar a manifestação dos sintomas incapacitantes, o que, no presente caso, não restou demonstrado.

Desta feita, o simples diagnóstico da doença de Chagas não pode levar ao reconhecimento do direito do autor de ser reformado automaticamente, mas por outro lado, se os sintomas incapacitantes vierem a se manifestar, é possível nova postulação, a fim de buscar a concessão do benefício.

Nesse sentido, trago à colação o seguinte precedente desta Corte Regional:

ADMINISTRATIVO. MILITAR LICENCIADO. REINTEGRAÇÃO. REFORMA. IMPOSSIBILIDADE. INCAPACIDADE. INEXISTÊNCIA.

1. A Administração tem o direito de licenciar o militar temporário, ex officio, em tendo havido o término do tempo de prestação do serviço militar, nos termos do art. 121, II e parágrafo 3º, a, da Lei nº 6.880/80. Tratando-se de manifestação do poder administrativo discricionário, não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se nessa área.

2. Reforma que só poderia ser concedida se o apelante provasse que o mal de Chagas que o acomete o tornou "incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas" (cf. art. 106, II da Lei nº 6.880/80) e que essa "doença, moléstia ou enfermidade" foi "adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço" (cf. art. 108, IV do mesmo diploma legal). Ou que a doença o tivesse deixado "inválido, isto é, impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho", não sendo necessário, nesse caso, que a moléstia tivesse "relação de causa e efeito com o serviço" (cf. arts. 108, VI e 111, II daquele Estatuto).

3. Laudo pericial atestando que a doença "não tem nenhuma relação com as atividades exercidas no Exército" e que o autor "é capaz para desempenhar qualquer atividade laborativa que o seu grau de instrução permita, pois não tem nenhum comprometimento cardíaco", além de esclarecer que o apelante "possui a doença de Chagas na forma indeterminada", na qual "não há comprometimento cardíaco" e que "existe possibilidade de nunca sair da forma indeterminada ou seja poderá nunca ser cardíaco".

(4)

4. Não estando o apelado incapacitado definitivamente para o trabalho ou mesmo para o serviço ativo das Forças Armadas, não há como "reintegrá-lo" ao Exército, como militar reformado.

5. Ademais, também não resta comprovado que o autor não tinha a doença quando foi incorporado ao Exército, mas apenas que esta foi detectada enquanto ele ainda prestava o serviço militar.

6. Apelação à que se nega provimento.

(PROCESSO: 200805001092614, AC462330/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira Turma, JULGAMENTO: 24/09/2009, PUBLICAÇÃO: DJE 12/11/2009 - Página 157)

Ante o exposto, nego provimento à apelação. É como voto.

PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO APELANTE: LEONARDO FERNANDES DE LIMA

ADVOGADO: VALDIR ALBUQUERQUE SILVA APELADO: UNIÃO FEDERAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA

(CONVOCADO) - 4ª TURMA EMENTA

APELAÇÃO. ADMINISTRATIVO. MILITAR DA ATIVA. PORTADOR DA DOENÇA DE CHAGAS. AUSÊNCIA DE SINTOMAS INCAPACITANTES. REFORMA. IMPOSSIBILIDADE. PERÍCIA JUDICIAL. IMPROVIMENTO.

1. O instituto da reforma do militar está disciplinado na Lei 6.880/80, conhecida como Estatuto dos Militares, prevendo o art. 106, entre uma de suas hipóteses configuradoras, o caso em que o militar for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas. Nessa senda, o art. 108 estatui que a incapacidade definitiva pode sobrevir, dentre outras causas, em consequência de "doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço (inciso IV)".

2. No caso, o autor/apelante ingressou nas fileiras do Exército em 2007, no curso de Formação de Sargentos, ocasião em que realizou exames e avaliação médica, sendo considerado apto em Inspeção de Saúde e que em 2013, após exercer regularmente suas atividades, em 2013, foi diagnosticado com portador da Doença de Chagas.

3. O laudo pericial elaborado pelo perito do juízo atesta que essa doença foi adquirida pelo autor durante a prestação do serviço castrense, possuindo relação de causa e efeito com o mesmo. Por outro lado, restou assentado que o autor, apesar de necessitar de cuidados médicos permanentes, não está impossibilitado para o exercício de atividade profissional, nem apresenta qualquer sintoma incapacitante.

4. Cotejando a situação fática delineada na presente demanda com a legislação militar pertinente, tem-se que o autor/apelante, apesar de ser portador da Doença de Chagas, encontra-se assintomático e, portanto, não pode ser considerado definitivamente incapacitado para o exercício

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO, nos termos do voto do Relator.

Recife (PE), 23 de fevereiro de 2016 (data do julgamento).

mmsa

de qualquer atividade profissional, seja na vida castrense ou civil, razão pela qual não pode ser enquadrado na hipótese descrita no inciso V, do art. 108 do Estado Militar.

5. o simples diagnóstico da doença de Chagas não pode levar ao reconhecimento do direito do autor de ser reformado automaticamente, mas por outro lado, se os sintomas incapacitantes vierem a se manifestar, é possível nova postulação, a fim de buscar a concessão do benefício.

Referências

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