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Curso ENSINO RELIGIOSO. Disciplina DIDÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO

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Curso

ENSINO RELIGIOSO

Disciplina

DIDÁTICA DO ENSINO

RELIGIOSO

(2)

Curso

ENSINO RELIGIOSO

Disciplina

DIDÁTICA DO ENSINO

RELIGIOSO

Antonio NEY

Carly MACHADO

Élcio SANT’ANNA

Maria ESTHER

Vilson CARVALHO

www.avm.edu.br

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Sobre

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a

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ores

Mecânica pela UFF. Atualmente estou cursando o Doutorado na mesma instituição. Destaco que fiz pós-graduação “lato sensu” em Engenharia de Segurança pela Fundação da Escola de Engenharia da Souza Marques, em Gestão da Qualidade Total no Programa de Formação de Executivos da Grifo Enterprise, especialização em Política e Estratégica pela ADESG e em Logística e Mobilização Nacional pela ESG. Tenho formação de docente em Matemática para o Ensino Fundamental e Médio e de Gestão Escolar pela Candido Mendes.

Trabalho como docente no programa de pós-graduação “A Vez do Mestre” desde o ano de 2000 e no programa de ensino a distância, tendo elaborado já vários módulos para os cursos de pós-graduação, principalmente nas áreas de Política Educacional, Planejamento e Gestão. Meu nome é CARLY MACHADO. Tenho graduação em Psicologia pela UFRJ, mestrado em Psicologia Social nesta mesma instituição e Doutorado em Ciências Sociais pela UERJ. Fiz também Pós-Doutorado na Universidade McMaster, no Canadá. Sou professora do Instituto A Vez do Mestre – IAVM - desde 1999 e trabalho nos cursos a distância desta instituição desde 2001. Atualmente sou Coordenadora de Educação a distância do IAVM. Sou também professora na Universidade Estácio de Sá, nos cursos de Psicologia. Minha área de pesquisa inclui debates sobre tecnologia, sociedade, mídia e religião. Espero que você aproveite bastante esta disciplina. Estou à disposição para contatos através do email carly@vezdomestre.edu.br

Olá! Meu nome e MARIA ESTHER ARAÚJO. Sou graduada em Fonoaudiologia (UNESA), Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior (UCAM/IAVM)) e Gestão de EaD (UFJF) com formação e Saúde e Meio Ambiente, Ergonomia e Tecnologia do Trabalho para Qualidade de Vida (FIOCRUZ). Sou Mestre em Gestão Ambiental e minha Linha de Pesquisa foi em Saúde e Educação, cujo foco principal foi a Saúde do Trabalhador Docente e a Relação com o Ambiente de Trabalho. Costumo participar de eventos relacionados a Políticas na área de Saúde e Educação buscando um aperfeiçoamento constante. Atualmente, além de docente em aulas presenciais, atuo com Educação a Distância (EAD), tanto na pós-graduação quanto na pós-graduação.

Oi, eu sou o ELCIO. Sou mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e em Ciências da Religião pela UMESP – Universidade Metodista de São Paulo. Tenho participado de diversos congressos brasileiros e internacionais, onde venho abordando aproximações e iniciativas interdisciplinares da pesquisa relativas à religião e literatura do mundo bíblico. Ultimamente tenho estudado o perfil pluralista dos cultos do Israel antigo e Oriente Médio. Desde 1988, leciono na área de Bíblia em instituições de cunho confessional, livres

Eu me chamo VILSON SÉRGIO DE CARVALHO e atuo no Instituto AVM desde 1996, dando aulas nos cursos presenciais de pós-graduação e como membro da equipe pedagógica de seus cursos na modalidade a distância. Me formei em Psicologia pela UFRJ, universidade onde conclui meu bacharelado, licenciatura e mestrado em psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social, onde tive a oportunidade de estudar a Educação Ambiental e suas múltiplas relações com o desenvolvimento de comunidades. Recentemente conclui meu doutoramento em Ecologia Social também pela UFRJ. Atuo também na área de consultoria ambiental em comunidades e instituições sensíveis ao tema, integrando equipes interdisciplinares.

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Su

m

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o

07

Apresentação

09

Aula 1

A didática que temos e a didática

que queremos

39

Aula 2

Metodologia do ensino em sala de

aula

79

Aula 3

Pedagogia por projetos

113

Aula 4

Parâmetros curriculares para o

ensino religiosos

151

Aula 5

Didática aplicada ao ensino religioso

191

AV1

Estudo dirigido da disciplina

194

AV2

Trabalho acadêmico de

aprofundamento

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(7)

Didática do Ensino

Religioso

C

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Apresen

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Vamos estudar o conceito de Didática e sua importância no processo de ensino-aprendizagem dentro e foram do âmbito escolar. Didática como ferramenta de trabalho. Didática nas diferentes modalidades de ensino: particular e a pública. Estudo das questões relativas à experiência e à prática em sala de aula; dos processos e comportamentos planejados e método de ensino; dos instrumentos mediação do ensino. Os pressupostos teóricos para elaboração de projetos em pedagogia, tratando também de aspectos mais práticos como os ligados a integração entre teoria-prática, contextualizada a realidade do aluno. O conceito de Ensino Religioso no seu novo posicionamento no campo secular, atribuído pelos Parâmetros Curriculares para o Ensino Religioso (PCNER). O fenômeno religioso no âmbito da escola e, a religião e processo de ensino-aprendizagem e estratégias ao conteúdo religioso, fazendo uso da própria cultura popular (folclore, MPB, Youtube) um ponto de partida para um aprofundamento plural das manifestações religioso.

Objetivo

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Este caderno de estudos tem como objetivos:

 Conceituar a didática identificando sua importância no processo de ensino-aprendizagem dentro e foram do âmbito escolar;  Definir o contexto do ensino, em sua dinâmica particular e

pública;

 Identificar a dinâmica do trabalho didático na sala de aula: os papéis dos sujeitos envolvidos no trabalho pedagógico, do planejamento, dos recursos materiais e humanos, da avaliação e das novas contribuições e avanços da ciência e da tecnologia;  Estruturar os processos e comportamentos planejados e método

de ensino;

 Discutir os pressupostos teóricos para elaboração de projetos em pedagogia e avaliação de projetos de trabalho como forma de repensar a escola;

 Discutir o conceito de Ensino Religioso no seu novo posicionamento no campo secular, atribuído pelo PCNER;

 Identificar o Ensino Religioso como substrato as ciências da religião;

 Identificar as questões que envolvem religião e processo de ensino-aprendizagem.

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(9)

A Didática que Temos

e a Didática que

Queremos

Maria Esther Araújo Vilson Sérgio de Carvalho

A

ULA

1

Apresen

ta

çã

o

Conceito de Didática e sua importância no processo de ensino-aprendizagem dentro e foram do âmbito escolar. Didática como ferramenta de trabalho. Didática nas diferentes modalidades de ensino: particular e a pública. O trabalho didático na sala de aula: sujeitos envolvidos, o planejamento, os recursos materiais e humanos, a avaliação e as contribuições e avanços da ciência e da tecnologia.

Objetivo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conceituar Didática;

 Identificar sua importância no processo de ensino-aprendizagem dentro e foram do âmbito escolar;

 Enfocar a Didática como uma ferramenta útil de trabalho. Definir o contexto do ensino, em sua dinâmica particular e pública;

 Identificar a dinâmica do trabalho didático na sala de aula: os papéis dos sujeitos envolvidos no trabalho pedagógico, do planejamento, dos recursos materiais e humanos, da avaliação e das novas contribuições e avanços da ciência e da tecnologia.

(10)

Educação como processo

Ao contrário do que possa parecer, estas perguntas não são fáceis de ser respondidas. Várias pessoas já tentaram respondê-las, gerando inúmeras definições para o que seja educar. Embora todas elas sejam corretas, as mesmas variam significativamente, dependendo dos postulados teóricos sobre as quais se baseiam.

A etimologia da palavra educação já convida a um paradoxo. Advinda do latim “ex-ducere”, educar significa literalmente “conduzir para fora”. Nesse sentido, ela pode ser identificada com uma espécie de

exteriorização, ou formas de conduzir uma exteriorização (movimento de dentro para fora).

Perceba que a idéia implícita nessa significação remete à alimentação do potencial de cada

indivíduo, de maneira a estimular o aprendizado,

ou à mudança de comportamento (transformação interior) mediante o uso da razão (de dentro para fora).

Outro sentido comum da palavra educar é o de

alimentar, nutrir. Nesse caso estamos falando de um

movimento contrário ao da exteriorização, ou seja, o de

interiorização de algo, mais especificamente de um conhecimento que é trazido de fora com o objetivo

de somar, de abastecer o sujeito.

Estas tensões encerradas na própria etimologia da palavra educação já demonstram o porquê das dificuldades de se chegar a uma definição mais precisa do que esta venha a ser.

Você Sabe qual é o significado da palavra “educação”?

Tem a exata noção de para que ela serve?

:: Etimologia:

Etimologia se refere ao estudo que busca o sentido das palavras a partir de suas origens Dica do professor Não é exatamente assim que nos sentimos quando aprendemos? Um novo conhecimento nos abastece, e com ele nos sentimos diferentes.

(11)

Além dos conflitos presentes na própria origem etimológica do termo, existem outros, como por exemplo o questionamento sobre se podemos ou não falar de uma única definição geral de educação. Como aponta Brandão (1996), não existe uma educação, mas sim educações. Segundo o autor, “não existe um modelo único de educação, assim como a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor” (p.9). Ao defender essa idéia, Brandão se refere ao fato de que a educação está presente nos

mais diferentes âmbitos: na igreja, na escola, em

casa, na rua, ou seja, na vida de maneira geral, onde formal ou informalmente, estamos sempre aprendendo um pouco mais. Sob essa ótica, ele dirá que a educação nada mais é do que:

Não sabemos o que você respondeu no primeiro questionamento, mas independente de sua resposta, é preciso reconhecer que tentar definir o que vem a ser educação não é uma tarefa fácil. Necessária à sobrevivência humana e à transmissão da herança cultural, a educação esteve sempre presente nos diferenciados grupos desde os tempos mais remotos.

É inquestionável o valor da educação como uma peça fundamental para a conquista do desenvolvimento sócio-econômico de um país. Não é à toa que os países desenvolvidos possuem altos índices de escolarização. Podemos então dizer que a educação está entre as atividades mais importantes de uma sociedade. No entanto, a nível nacional nos encontramos diante de um quadro educacional extremamente diversificado. Um grande percentual da população brasileira ainda é privada da educação escolar, sem acesso a informações elementares que deveriam servir fundamentalmente

”uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de

sua cultura, em sua sociedade” (p. 10)

Para refletir

De que forma você pensa a cultura de seu aluno, em sua prática como educador? Os autores em educação que discutem o tema da Cultura nos fazem refletir sobre a forma como os adultos e, particularmente os professores, rejeitam a cultura dos jovens antes de conhecê-la e conceder-lhes uma chance.

Sobre esse assunto sugerimos o filme “Meu mestre, meu herói”, com Morgan Freeman.

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para que o indivíduo se conheça, compreenda a si mesmo e possa se relacionar melhor com seu meio e os demais membros da comunidade onde vive.

Segundo Piaget, a lógica, a moral, a linguagem e a compreensão de regras sociais não são inatas, ou seja, pré-formadas, nem são impostas de fora para dentro, por pressão do meio. São construídas por cada indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento. Portanto, educar não é uma tarefa específica da escola.

Cabe à sociedade, principalmente à família, propiciar experiências, trocas pessoais e conteúdos culturais que, interagindo com o processo de maturação biológica, permitam ao indivíduo atingir capacidades cada vez mais elaboradas de conhecer e atuar no mundo físico e social.

Afinal, qual seria o sentido da educação senão o de propiciar valores, isto é, de oferecer pontos de

referência para uma vida mais digna e mais humana?

Sob essa ótica, a tarefa educar implica:

Dialogar, permitir que o ser surja (desabroche) e se afirme;

Ajudar o outro a ser coerente com a sua maneira de viver a vida, com seu senso de justiça, com suas expectativas para que, assim, o educando possa viver melhor consigo mesmo e com o outro (conviver);

Permitir e até promover situações para que o indivíduo aprenda a viver intensamente, com a preocupação de que o indivíduo se desenvolva como um todo, física e emocionalmente, ao mesmo tempo em que cresça cognitivamente, buscando alternativas de situações de aprendizagem, que resultem na conquista de objetivos, tanto na escola quanto em seu cotidiano social. Dica de leitura Sobre Piaget, sugerimos a leitura do livro: DOLLE, Jean-Marie.Para Compreender Jean Piaget. Editora Agir.

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De forma abrangente, muitos autores escreveram sobre esse comprometimento da educação com o desenvolvimento integral da humanidade. Um deles, o professor Imídio Nérice (1992) chegou a identificar sinteticamente 22 objetivos da educação voltados para essa proposta.

 Dar oportunidade para cada um revelar-se e realizar-se;

 Formar a mentalidade científica (formação do espírito crítico e livre);

 Desenvolver a capacidade de esforço e persistência (luta pela conquista);

 Predispor e preparar o homem para o exercício profissional;

 Tornar o educando independente (auto-determinado);

 Levar a ter confiança em si e em seus semelhantes;

 Sensibilizar para a responsabilidade;

 Tornar comunitário (estruturar o cidadão consciente e ativo);

 Desenvolver a criatividade;

 Conscientizar sobre a provisoriedade do conhecimento;

 Sensibilizar para a preservação da natureza;  Formar o profissional eficiente;

 Levá-lo a dar o melhor de si (senso estético);  Desenvolver a capacidade de apreciação

(crítica);

 Desenvolver a tolerância (paciência e respeito para com o diferente);

 Possibilitar melhor conhecimento da sociedade e da natureza;

 Predispor para o respeito ao próximo (solidariedade);

 Formar a consciência cívica (amor à pátria e à nação); Importante Veja se você concorda com o autor! Aproveite o momento para examinar os itens ao lado e fazer uma reflexão sobre aqueles que você considera mais importantes em sua prática pedagógica.

(14)

 Levar à aprendizagem do transcendente (busca de uma explicação maior);

 Formar o homem ético e moral (formação da própria consciência política);

 Favorecer a elevação espiritual (enxergar além do plano material);

 Informar formando (não apenas transmitir, mas construir o conhecimento);

Após esta breve sinopse, podemos dizer que educar é um processo onde sempre encontraremos, de forma direta ou indireta, atividades (práticas e reflexivas) e relacionamento humano.

Com base nas informações apresentadas, é possível levantarmos a seguinte questão:

De uma forma simplificada podemos dizer que ela se processa de forma cíclica, conforme o esquema a seguir: Atividades e relacionamento humano Novos Conhecimentos Aprendizado +

Objetivos Conhecimentos adquiridos

A aprendizagem é estimulada por atividades e/ou relacionamentos humanos capazes de desencadear novos processos de construção, onde aprendemos construindo nossa própria estrutura cognitiva e não apenas registrando estímulos que, associados a conhecimentos previamente estruturados,

Para refletir Já que a educação é um processo, como faremos a aprendizagem acontecer?

(15)

levam-nos à capacidade de uma nova compreensão, atingindo novos objetivos.

Por isso a insistência de educadores como Paulo Freire (1997) de que venhamos a promover uma

educação libertadora, que realmente provoque essa

capacidade no aluno, de refletir, de pensar, de criar; e não uma educação bancária, meramente informática e reforçadora da cultura do “decoreba”.

Com essa mentalidade é vital que entendamos que a tarefa de educar não é uma tarefa fácil e o motivo da dificuldade reside no fato de que ela não se resume a algo pronto, regrado (como uma receita a ser seguida), mas pelo contrário, suscita de muitas vivências e de muitos questionamentos novos que exigirão um repensar e recriar contínuos.

Daí o entendimento da educação como um

processo e não um estado acabado. O termo processo

sugere nitidamente a idéia de movimento, de alguma coisa em andamento e é justamente esse movimento uma das principais características do educar. A educação é na verdade um processo dialógico

(interativo) deflagrador de outros processos, cuja

reunião contribuiria para formação integral do homem no que tange às suas dimensões biológicas (DB), psicológicas (DP), sociais (DS), culturais (DC) e políticas (DP).

EDUCAÇÃO DB DP DS DP

PROCESSO

Dica de leitura

Sobre este assunto, veja o clássico livro: FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. Dica do professor Participe da elaboração deste texto conosco, escrevendo nas laterais suas opiniões sobre o tema da Educação como um Processo, concluindo a leitura deste item:

(16)

EXERCÍCIO 1

Etimologicamente a palavra educar significa:

( A ) Conduzir para dentro;

( B ) Conhecimento;

( C ) Conduzir para fora;

( D ) Explicar;

( E ) Saber oculto.

Repensando a didática

Tradicionalmente concebida como uma disciplina pedagógica de cunho técnico e instrumental, a didática vem sendo revisada nas últimas décadas como uma

reflexão sistemática do processo de ensino-aprendizagem. O paradigma de uma didática definida,

enquanto um conjunto de conhecimentos técnicos usados para transmitir algum conhecimento, tem sido gradualmente substituído pelo paradigma do

questionamento e/ou da problematização dos diferentes elementos que influenciam no processo de ensino-aprendizagem e dos que são por este influenciados. É o que você verá nesta seção.

Essa “nova didática”, como faz questão de enfatizar Candau (1983, 1996), assume como foco de atuação não apenas o “como fazer pedagógico” - sem dúvida sua dimensão mais reconhecida e valorizada -, mas também “por quê? e para quem fazer?”. Nesse sentido, não mais interessa pensar apenas que tipo de metodologia, aparato ou dinâmica eu devo utilizar para dar uma aula; mas também, e principalmente, ter uma

idéia clara de onde vou chegar a partir do caminho que escolher, tendo sempre em mente o

alunado e a cultura escolar com os quais devo me confrontar. Quer saber mais? Existem dois âmbitos culturais referentes à Educação: a Cultura da Escola, que diz respeito à dimensão cultural de qualquer instituição escolar, independente da realidade em que se encontra, e a Cultura Escolar que é singular, e se refere à combinação de diferentes âmbitos culturais: do professor, do aluno, dos funcionários, cada qual com suas especificidades. Para

aprofundamento no assunto, leia Escola e Cultura, de Claude Forquin, Editora ArtMed.

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Lembre-se que um resultado positivo na escolha de um método dentro de uma determinada realidade didática não significa em hipótese alguma a garantia desse mesmo resultado dentro de uma outra realidade, ainda que com características semelhantes.

Para melhor compreendermos o que é didática, é importante entendermos seu objeto de estudo: isto é, o jogo do ensino-aprendizagem. Cabe em primeiro lugar ressaltar que estamos falando de dois processos distintos:

Apesar de percebermos a nítida e estreita relação entre eles, ensinar não significa necessariamente aprendizado por parte do outro. A preocupação maior da didática reside justamente numa tentativa de “costurar” os dois processos, tentando fazer com que o ensino promova realmente o

aprendizado.

Você já viu que a educação é um processo articulado, onde de forma contínua e inovadora, a vivência e o relacionamento humano buscam, através de novas experiências, respostas a questões que levarão o indivíduo a alcançar novos conhecimentos. Neste sentido, reflita:

Exemplificando, se eu escolhi o retroprojetor para ministrar uma aula X na turma Z, devo ter claro porque optei por esse meio para dar esse tipo aula nessa turma específica e não um outro qualquer. Esse “ter claro” implica, obviamente, saber onde essa escolha vai me levar, quais as suas vantagens e seus limites, e ainda, quais os seus efeitos na turma escolhida.

ensinar e aprender

Qual seria o papel da escola?

Como atender as necessidades das pessoas que procuram a escola?

Quem a procura e para que a procuram? O que é preciso para facilitar este processo?

(18)

Se entendemos que o processo ensino-aprendizagem está, direta ou indiretamente, relacionado a dinâmica interrelacional, certamente o

componente afetivo estará presente, não devendo

ser ignorada a necessidade de adquirir atitudes que levem ao crescimento pessoal, interpessoal e intragrupal, ou seja, a dimensão humanista do processo.

Aspectos como objetivos instrucionais, seleção de conteúdo, estratégias de ensino, avaliação e outros, também são necessários para que o processo ocorra como ação intencional, sistemática e organizada, de forma a propiciar um melhor aproveitamento na transmissão e construção dos novos conhecimentos: a

dimensão técnica facilitadora do processo.

A dimensão político-social é um aspecto importante do processo ensino-aprendizagem, e como este processo acontece dentro de uma cultura específica, com uma organização social montada, esta dimensão é capaz de influenciar toda a prática pedagógica.

Desta forma, o domínio do conhecimento que a civilização produziu é um dos fatores que contribui para melhor situar o indivíduo frente aos fatos sociais. Com essa preocupação, a escola proporciona acesso a um conhecimento sistemático, fornecendo mecanismos para produção e reelaboração de novos saberes. Por meio destes atributos, a escola será capaz de colaborar com as novas e inadiáveis transformações sociais.

A escola precisa estar adequada ao contexto

social no qual se insere e do qual seus alunos se

originam. O valor que representa enquanto instrumento de transmissão, reflexão e produção de saber, é importante e continua sendo visualizada,

Dica do professor

Para refletir sobre a dimensão político social da educação leia o capítulo Tendências Pedagógicas na Prática Escolar de José Carlos Libâneo, que você encontra no livro Filosofia da Educação, de Cipriano Luckesi (Editora Cortez).

(19)

principalmente pelas classes populares, como um indispensável mecanismo de ascensão social. Porém, uma indagação permanece presente entre os educadores:

A questão de como ensinar, que quase encobriu a importância dos conteúdos escolares, é então redefinida, voltando as preocupações para o que deve ser ensinado pela escola e a quem este conhecimento se destina.

Tomando-se o ato pedagógico como educativo em sua essência, Bordas (1994) esclarece acerca dos componentes fundamentais que devem alicerçar o currículo escolar, tais como:

 A organização e reorganização contínua rumo ao crescimento cognitivo e afetivo;

 Grau de inter-relação para o alcance dos objetivos;

 Os valores presentes em um dado momento histórico.

Ao professor apresentam-se duas alternativas:

Ou ele transmite informações técnicas desvinculadas dos seus próprios fins e do contexto concreto

em que foram geradas, muitas vezes fora da vivência da população

a que se destina, utilizando-se o que aqui denominaremos comodidática instrumental;

Ou nega esta visão tecnicista da educação, buscando relacionar seus compromissos políticos e

ideológicos com a expectativa e necessidade

do seu público alvo.

É preciso deixar bem claro, porém, que competência técnica e competência política não são aspectos contrapostos. A prática pedagógica, por

ser política, exige a competência técnica como facilitadora deste processo.

O que ensinar de forma a atender as necessidades e expectativas da sociedade?

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É importante que nós educadores entendamos que reduzir a prática pedagógica à dimensão humanista ou tecnicista é limitar a aprendizagem. A articulação dessas dimensões configura verdadeiramente o centro da concepção do processo ensino-aprendizagem.

Nesta perspectiva de uma articulação multidimensional, é que entendemos que a didática deva se situar; uma didática fundamental, que procura partir de uma prática pedagógica concreta, realmente vivenciada e de seus determinantes, trabalhando continuamente a relação teórico-prática.

Só assim, partindo de uma didática fundamental, poderemos responder as questões que

tanto afligem os educadores:

,

Existem, na verdade, muitos fatores em pauta no jogo do ensinar x aprender, e a didática se constitui como um importante instrumento para pensar esses fatores, oferecendo a você, professor, algumas pistas que irão lhe ajudar como proceder de forma eficiente e eficaz na promoção da aprendizagem em sua classe. Através da contribuição da didática, é possível saber até que ponto seus alunos têm acompanhado as aulas; em que momento você deve mudar a técnica utilizada; como está seu relacionamento com a turma e até com a escola; e outra série de questões.

Por isso mesmo é que a didática ultrapassa, ou melhor, transcende o espaço da sala de aula, podendo ser empregada sempre que em qualquer situação você deseje transmitir um conhecimento qualquer a alguém, de forma que o mesmo possa

Que venho eu fazer aqui? O que vêm eles fazer aqui?

O que espero eu deles? O que esperam eles de mim?

Dica de leitura Sobre os conceitos de Didática Fundamental e Didática Instrumental, confira o livro Rumo a uma nova didática de Vera Candau, da Editora Vozes.

(21)

entender o que você deseja que o outro compreenda. Seja esse alguém um aluno, um pai, ou um funcionário da escola.

Muitas vezes estamos fazendo uso da didática sem nos dar conta desse uso, pois as situações didáticas se fazem presentes nos mais diferentes momentos de nosso dia a dia.

Quando você conversou com seu filho usando a linguagem dele (suas gírias e maneiras de se expressar) para que ele entendesse melhor o ensinamento que você queria transmitir, você estava fazendo uso de um recurso didático.

Do mesmo modo que, ao transmitir uma idéia para alguém se utilizando de um desenho, mapa ou representação gráfica, é também uma utilização de recurso didático com fins ao aprendizado. Pense um pouco nisso e reflita sobre a idéia que você tinha de didática.

A Arte da Didática: Problemas e Desafios

Cada dia me convenço mais de que a Didática é uma arte. Não se trata aqui de fazer poesia, ou de pensar a didática de maneira romântica, mas simplesmente refletir sobre a didática em todas as suas facetas, isto é, em termos de quem a executa, a quem se destina, do que ela exige e a que ela se pretende. Mais do que a mera transmissão de conhecimento em sala de aula, exemplificada na figura do “professor bancário” de Paulo Freire, valoriza-se cada vez mais a necessidade de se construir o conhecimento com o aluno, num processo mútuo de aprendizagem, onde a didática se apresenta como uma ferramenta pedagógica fundamental. Não apenas como uma ferramenta técnica, mas como uma ferramenta problematizadora atenta a todos os detalhes que interferem na dinâmica ensino-aprendizagem. Hoje, mais do que saber escolher e utilizar os meios adequados para dar aula, o professor que utiliza bem a didática é aquele que se preocupa com os elementos que direta ou indiretamente afetam o jogo ensino x aprendizagem que este promove dentro ou fora de sala de aula.

(22)

Fundamentos de didática geral

Como lidar com a diversidade rompendo práticas pedagógicas excludentes? Quais são os principais dilemas dos professores ao longo da carreira?

O que ensinar?

Por que os professores resistem às inovações e, em particular, às propostas curriculares?

E é nesse sentido que a arte da didática se expressa de forma mais palpável. Não basta ser feliz apenas na escolha e execução do método de trabalho, outros fatores como: exercício da criatividade, promoção de um ambiente favorável, planejamento geral, tomada de decisões, motivação da turma, atenção ao tempo, improvisação, são igualmente importantes e não podem ser ignorados do fazer e pensar didático. A arte da didática resume-se, portanto, na tentativa de combinar esses elementos (buscar uma aula dinâmica, dentro de um clima democrático e motivador, unindo teoria e prática etc.) com a correria do dia a dia, a resistência da instituição - às vezes dos próprios colegas de profissão -, a desmotivação dos alunos, a desqualificação profissional e a desvalorização salarial.

O objetivo aqui, ao contrário do que pode se pensar, não é o de desanimar ninguém. Minha intenção resume-se apenas em apresentar a didática como uma arte, que como qualquer outra, tem seus problemas e exigências, mas que, por outro lado, também apresenta suas vantagens e compensações. Por exemplo, qualquer arte exige paixão, desejo, e na didática a situação não é diferente. Existe um sentimento muito forte, maior do que os problemas acima citados, que nos impulsiona a um emprego cada vez mais eficaz da didática. Talvez essa sensação advenha do sentimento de alteridade que todo professor tem ao contribuir decisivamente para a vida do outro, em termos de conscientização da realidade, exercício efetivo da cidadania, e possibilidade de construir sua própria história. Quem não se emocionou ao sentir que conseguiu transmitir algum conhecimento em aula e ao perceber esse entendimento a partir das próprias contribuições de sua turma? Como definir esse sentimento, como expressar em palavras esse misto emocional de satisfação consigo mesmo e com o outro no processo de aprendizagem? Talvez seja mesmo intraduzível, afinal toda arte tem também os seus mistérios.

(23)

Leia atentamente esta seção para compor um instrumental necessário para responder a estas perguntas.

As questões acima povoam o dia-a-dia dos professores e perpassam a disciplina que procura fugir dos manuais, das receitas, das prescrições de procedimentos infalíveis que indicam soluções milagrosas.

Lembrando sempre da diversidade cultural no cotidiano escolar e na sala de aula, você verá, a seguir, uma breve exposição das práticas pedagógicas:

 A formação do profissional;  As propostas curriculares;  Projeto político-pedagógico;  Planejamento didático;  A avaliação da aprendizagem.

Para facilitar a discussão das questões, dividiremos a exposição em quatro unidades:

1. Protagonista da sala de aula em cena;

2. Planejamento educacional de currículo e de ensino;

3. Planejamento e projeto político-pedagógico: desafios para a construção do conhecimento na escola;

4. Desafiando a avaliação da aprendizagem na escola.

O que são temas transversais? É apenas mais um modismo?

Profissionais experientes precisam planejar? É possível avaliar respeitando singularidades?

(24)

PROTAGONISTA DA SALA DE AULA EM CENA

Problematizar a dificuldade da escola aceitar o aluno tal como ele é, constitui-se em ponto de partida deste estudo. Nosso objetivo inicial será discutir a

formação de professores para a diversidade cultural.

 Como ver os alunos como diferentes entre si, com potencialidades distintas, com direito de acesso ao conhecimento?

 Até que ponto a presença de um aluno ideal no imaginário dos professores tem favorecido “a produção do fracasso escolar”, dificultando confiar no aluno e na sua capacidade de aprender?

 Como lidar com a diferença em sua positividade?

 Por que teimamos em produzir alunos padronizados, exatamente idênticos, negando suas particularidades?

 É o aluno que tem que se submeter à lógica da escola ou será a escola que deve-se orientar para atender aos alunos?

 Como os saberes, os valores, os interesses, as expectativas, as histórias de vida dos alunos podem ser reconhecidos, compreendidos e valorizados?

É necessário ao professor refletir sobre os destinos que são construídos ou destruídos nas salas de aula, como também o exame dos saberes que a criança leva para a escola e, ainda, as dificuldades de se lidar com eles. Quem é o aluno que, na vida cotidiana, responde a demandas cada vez mais complexas e na escola fracassa? Em que medida seu fracasso é resultado de conceitos e preconceitos sobre o aluno e sua família? Qual é o peso do estigma no processo ensino-aprendizagem? Dica de leitura Buscando referências sobre como desenvolver o potencial particular do aluno, de acordo com uma conceituação moderna de inteligência que respeita as diferenças, leia de Alicia FERNÁNDEZ, A Inteligência Aprisionada – Abordagem Psicopedagógica Clínica Da Criança E Sua Família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

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A formação de professores precisa ser repensada. É necessário que esteja comprometida em

reverter as práticas pedagógicas que ignoram o universo cultural de alunos e alunas. Os

professores, tanto aqueles que ainda se encontram em sua formação inicial como os que já estão no exercício profissional, não podem deixar de refletir sobre as múltiplas formas de romper com os estereótipos, preconceitos e discriminação ainda existentes no espaço da sala de aula.

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL DE CURRÍCULO E DE ENSINO

O mundo moderno vem sendo objeto de profundas e aceleradas transformações econômicas, políticas e sociais que sinalizam para a necessidade da formação de um educador capaz de pensar, pesquisar, decidir, planejar e executar as atividades educacionais em sintonia com os avanços da sociedade.

Se qualquer atividade exige planejamento, a educação não é uma exceção. De acordo com Claudino Piletti, em Didática Geral, em nível educacional, alguns planejamentos são absolutamente necessários para o bom andamento do processo:

1.- Planejamento educacional

Consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos a longo prazo que definam uma política de educação.

2.- Planejamento de currículo

O problema central do planejamento curricular é formular objetivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais. Embora o currículo seja mais ou menos determinado, cabe à escola interpretar e operacionalizar estes currículos. A escola deve procurar adaptá-los a situações concretas, selecionando aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das suas famílias e da comunidade.

(26)

3.- Planejamento de ensino

Podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos.

Um planejamento de ensino deverá prever:

 Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a partir de objetivos educacionais;

 Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos;

 Procedimentos e recursos de ensino que estimulam as atividades de aprendizagem;  Procedimentos de avaliação que possibilitem

verificar, de alguma forma, até que ponto os objetivos foram alcançados.

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: DESAFIOS

PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA

Compreendemos o projeto político-pedagógico como o plano global da instituição ou o projeto

educativo, um instrumento teórico-metodológico, cuja

finalidade é contribuir para a organização do

conhecimento escolar. Sua construção deve envolver

e articular todos os que participam da realidade escolar (corpo docente, discente e comunidade) de forma que estes pensem, com base na própria realidade, sobre a singularidade que a caracteriza, sua autonomia, os objetivos das ações desenvolvidas e a maneira de operacionalizá-las de forma mais política, crítica e criativa.

Em relação a esse projeto, a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394, de

Dica de leitura

Para obter dicas sobre planejamento, leia MENEGOLLA, M. E; SANTA'ANNA, IM Por que planejar? Como planejar? da Editora Vozes, 1999.

(27)

1996 – no seu Artigo 12, Inciso I, propõe, como um dos objetivos dos estabelecimentos de ensino a

elaboração e a execução de sua proposta pedagógica.

No que se refere aos docentes, encontramos no Artigo 13 – Incisos II e V outras referências normativas que sugerem sua participação na elaboração e no cumprimento dos planos de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento, o que inclui sua participação integral nos períodos dedicados

ao planejamento. Essa tarefa exigirá maior

envolvimento com a realidade do aluno e a realidade institucional, maior tempo para pensar os objetivos, o currículo, os métodos e a avaliação da escola.

O fato é que se não assumirmos criativamente a responsabilidade sobre os rumos de nossas práticas nas instituições de ensino em que lecionamos, corremos o risco de perder o sentido sobre o nosso fazer, restando-nos, apenas, uma visão fragmentada e distorcida da realidade.

DESAFIANDO A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

Um curso que propõe refletir sobre os fundamentos da didática, buscando qualificar profissionais para a prática docente, não poderia deixar de trabalhar e refletir sobre as questões referentes à avaliação no cotidiano escolar, na medida em que avaliar implica julgamento de valor. Todos sabemos da complexa e árdua tarefa que configura o ato de julgar outro ser humano.

Observe alguns problemas relacionados à avaliação:

(28)

conceitual, ocorrida durante a avaliação feita pelos professores que confundem, usualmente, o ato de medir com o de avaliar os alunos envolvendo, freqüentemente, apenas memorização de fatos e informações;

 A ausência ou a existência de critérios arbitrários para avaliar; e

 A utilização da avaliação como instrumento disciplinador do alunos, revelando, muitas vezes, o caráter autoritário do professor.

Uma questão não menos importante a ser considerada na avaliação da aprendizagem está relacionada aos fins da educação. Da mesma forma que o planejamento e os procedimentos de ensino, a avaliação não se realiza em um espaço neutro, mas é

contextualizada e depende de uma concepção de homem, de sociedade e de mundo que perpassam a prática pedagógica. Sua prática poderá privilegiar

tanto uma postura reprodutora como uma postura transformadora do professor, sendo os objetivos da avaliação determinados em função dessa postura.

Assim, três questões básicas são colocadas:

(29)

Elas não poderão ser respondidas sem antes discutir as diferentes concepções de avaliação, bem como os pressupostos que a fundamentam, o que você verá em outros módulos irão compor esta matéria.

DIDÁTICA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

O conhecimento não se transfere, se produz, se recria.

(Paulo Freire)

Entendido como um desafio a ser explorado pela didática e pela pedagogia, ainda existem muitas questões sobre como se processa o conhecimento do aluno. Mergulhe neste desafio através da leitura de mais esta seção!

Se pensarmos sobre a existência e o papel da escola, veremos que ela existe “em” e “para” um determinado contexto social. Neste sentido, as escolas são realidades sociais, e como necessidade social precisam ser dinâmicas, integrando os aspectos teóricos e práticos aqui já mencionados. O professor aparece como figura-chave do currículo, interpretando o proposto e convertendo seus conteúdos em aprendizagem compreensiva e significativa.

Um aspecto relativamente novo a ser pesquisado e aprofundado relaciona-se ao mecanismo de “como se produz o conhecimento do aluno”.

Nesta reflexão, é importante entendermos o papel do currículo na construção do conhecimento: currículo como projeto de formação integral realizado pela escola e a partir dela. Também é importante sabermos que o currículo vai muito além do O conhecimento e a aprendizagem, geralmente, são vistos como duas realidades distintas. Enquanto a aprendizagem é pessoal, o conhecimento é público. Porém, a interdependência – conhecimento e aprendizagem – é de tal sorte que não se pode produzir um sem o outro.

(30)

rol de disciplinas e conteúdos, tampouco se limita a aspectos meramente epistemológicos e metodológicos, à forma de abordagem dos conteúdos, mas sim uma

intervenção mais efetiva na prática e na realidade social construtora do conhecimento.

A construção de um currículo deve contemplar esta indissociabilidade entre teoria e prática, dentro de um conteúdo programático para a formação do senso crítico e o despertar da criatividade, não se limitando a ser um mero repasse de informações. O conteúdo é importante, mas não suficiente para aperfeiçoar o currículo. Não basta mudar o conteúdo, se for mantido o método anterior.

Embora ciente da necessidade de uma mudança, muitos fatores ainda limitam a execução de uma proposta inovadora:

 Precária reflexão sobre as práticas educativas;  Falta de referência ao projeto

político-pedagógico;

 Formação inadequada do educador;

 Limitação dos espaços necessários e possíveis para a ação dos educandos;

 Escassa explicitação, na prática, da dimensão política do ato educativo;

 Ênfase ao “fazer técnico-pedagógico” que caracteriza um paradigma meramente tecnológico;

 Predomínio da racionalidade técnica nas práticas curriculares, enfatizando os interesses e demandas de uma sociedade desenvolvimentista e capitalista;

 Escassa interação teórico-prática;  Ênfase na quantidade de informações;

 Escola não vista como espaço de construção e reelaboração coletiva do saber;

 Separação entre conteúdo, forma, sujeito que conhece e objeto a ser conhecido.

Para pensar

Pensando na realidade da sua instituição escolar, quais desses fatores você considera mais graves, dificultando a inovação pedagógica, e assim necessitando de mudanças urgentes? Destaque aqui mesmo no texto estes fatores, e se quiser, aproveite para escrever algo sobre eles. Quem sabe este exercício não poderá ajudá-lo a escolher um bom tema para o seu trabalho monográfico?

(31)

Estes são alguns equívocos a serem questionados nas nossas escolas, capazes de dificultar a aquisição de novos conhecimentos. Faz-se necessário superar esta visão e propor uma nova concepção que leve a práticas mais consistentes, tendo em vista provocar mudanças nas ações educativas, favorecendo a construção do conhecimento. Esta proposta deve constituir uma preocupação básica de nossas análises na busca de uma aproximação entre o proposto e o executado em uma didática voltada para a construção do conhecimento. Isto deve acontecer desde a infância, através de interações do sujeito com os objetos que procura conhecer.

O conhecimento é construído por cada indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento, processo que se dá como sucessão de estágios que se diferenciam uns dos outros por mudanças qualitativas. Estas mudanças permitem não só a

assimilação de objetos de conhecimento compatíveis com as possibilidades já construídas, mas também servem de ponto de partida para novas construções, sendo um dos objetivos principais da educação o desenvolvimento da autonomia, tanto intelectual como moral.

Um exemplo presente na publicação “Multieducação – Núcleo Curricular Básico – Rio de Janeiro - 1996” pode ilustrar perfeitamente o que aqui colocamos como autonomia.

Durante uma aula de geografia, a professora e os alunos da 8ª série lêem um texto do livro didático sobre aspectos sócio-econômicos do Oriente Médio. Dentre as informações, o texto afirma que os países ali localizados se caracterizam por serem muito ricos em petróleo, e que suas populações são muito pobres, muitas delas nômades, vivendo em cabanas no deserto.

Após a leitura inicia-se um exercício de fixação das informações. Um aluno, após meditar, aparentando não compreender muito bem a lógica da situação, pergunta: “Professora, se existe tanto petróleo, se o país é tão rico, por que o povo é tão pobre?”

(32)

O exemplo aqui citado demonstra como pode se dar a aquisição de novos conhecimentos na escola, através da participação, compatíveis com os já construídos, que serviram de ponto de partida para uma nova construção. Por isso, a escola enquanto espaço intelectual de produção de conhecimento, de ensino e de aprendizagem, precisa libertar-se do modelo de educação domesticadora preponderante.

Instaurar mudanças metodológicas, entretanto, não pode ser algo imposto por tendências ou atos administrativos. Requer, para tanto, adesão daqueles que fazem a educação cotidianamente, que precisam ser autores de um projeto transformador, como o aqui proposto.

Voltamos novamente para a questão de que, enquanto autores de um processo de reorientação das práticas que desenvolvem, os professores/escola precisam traduzir também os fins políticos da

educação escolar e encontrar relevância naquilo que realizam. Em consonância com esta natureza

política do ato pedagógico, ensinar não é apenas aplicar procedimentos e técnicas de ensino, mas envolve uma

consciente fundamentação teórica sobre o método e uma visão crítica sobre seus limites e possibilidades.

Para isso, a aplicação de uma determinada proposta metodológica deverá estar condicionada à situação cognitiva dos alunos bem como ao saber anterior que possuem.

Este aluno foi capaz de perceber, autonomamente, uma contradição, não aceitando passivamente as informações. Sua autonomia não foi manifestada apenas no plano intelectual, mas também no moral, pois foi capaz de agir a partir de valores morais, conscientemente assumidos como os mais eticamente corretos.

(33)

A opção por um determinado conjunto de procedimentos metodológicos precisa levar em conta

a realidade, questionando-a e, em determinados

casos, adaptando-a. Só assim será possível se pautar numa proposta metodológica que favoreça a construção da cidadania e conduza para um pensar crítico.

(...) Uma metodologia que torne os alunos capazes de, através do trabalho e da reflexão coletivas, construírem sua autonomia, capazes de repensar sua realidade pessoal para construir sua identidade e de formar-se como cidadãos (...)

(Bordas, 1994, p. 556)

Você chegou ao final deste módulo. Através de sua leitura, certamente foi possível rever conhecimentos já aprendidos e construir outros mais. Esperamos que os conteúdos e as propostas aqui trabalhados possam auxiliá-lo em uma prática pedagógica bem-sucedida.

EXERCÍCIO 2

A promoção de uma educação libertadora em oposição a educação bancária é defendida por:

( A ) Darcy Ribeiro; ( B ) Vera Candau; ( C ) José Libâneo; ( D ) Paulo Freire; ( E ) Gilberto Freire.

(34)

EXERCÍCIO 3

O planejamento que se traduz como uma especificação do "planejamento de currículo" é: ( A ) Planejamento geral; ( B ) Planejamento educacional; ( C ) Planejamento escolar; ( D ) Planejamento de ensino; ( E ) Planejamento de etapas.

EXERCÍCIO 4

Reconheça qual a afirmativa que não é problema relacionado à avaliação.

( A ) Falta de clareza conceitual; ( B ) Uso de critérios arbitrários; ( C ) Ausência de critérios;

( D ) Utilização da avaliação como instrumento disciplinar;

( E ) A utilização da reflexão na avaliação.

EXERCÍCIO 5

A chamada didática instrumental se refere a uma:

( A ) Preocupação com o "como fazer" pedagógico (métodos);

( B ) Preocupação com o "porquê fazer" pedagógico (motivos);

( C ) Preocupação com o "para quem fazer" pedagógico (alunos);

( D ) Preocupação com a relação professor-aluno; ( E ) Didática fundamentalista de base rogeriana.

(35)

EXERCÍCIO 6

Considere as frases abaixo e assinale a única opção verdadeira:

( A ) A instauração de mudanças metodológicas é um processo que requer uma atitude impositiva por parte do professor em relação a seus alunos; ( B ) A nova lei de diretrizes e bases (LDB) não propõe

que os docentes participem plenamente do processo de elaboração e execução da proposta pedagógica;

( C ) Segundo Brandão (1996), não faz sentido falarmos em uma educação e sim em “educações”, levando em consideração o fato de que a educação estar presente em diferentes âmbitos;

( D ) Podemos considerar a tarefa de educar como uma tarefa fácil, especialmente devido a troca profícua que se estabelece entre professor e aluno;

( E ) A nova LDB propõe apenas a instauração de novas medidas administrativas.

(36)

EXERCÍCIO 7

Um dos desafios enfrentados pela didática refere-se à produção curricular. Podemos encarar o currículo como:

( A ) A proposta regimentar da escola;

( B ) O roteiro dos conhecimentos que serão trabalhados em aula;

( C ) Um projeto de formação integral realizado pela escola e a partir dele, ir além do rol de disciplinas e conteúdos;

( D ) Um conjunto de especificações metodológicas a serem utilizadas pelo professor;

( E ) Uma forma de abordar o conteúdo das disciplinas.

EXERCÍCIO 8

Existem problemas que dificultam a execução de uma proposta curricular inovadora. Dentre estes, qual se destaca nas opções abaixo?

( A ) Uma constante interação entre teoria e prática; ( B ) Um projeto político-pedagógico direcionado ao

mercado;

( C ) A formação adequada do professor (educação continuada);

( D ) A reflexão constante sobre as práticas educativas; ( E ) A inadequação das práticas educativas com as

necessidades mercadológicas.

(37)

EXERCÍCIO 9

As preocupações e as diferenças, os preconceitos e as expressões próprias de cada povo fazem parte das tensões hoje presentes no campo educativo. Esses questionamentos se referem particularmente à:

( A ) Pluralidade política; ( B ) Diferenças de classe; ( C ) Regime de governo; ( D ) Fundamentação científica; ( E ) Diversidade cultural.

EXERCÍCIO 10

Dentre os itens a serem considerados na elaboração do planejamento de ensino poderíamos destacar:

( A ) Os procedimentos e recursos de ensino a serem preparados;

( B ) Os procedimentos administrativos da escola; ( C ) Os objetivos educacionais gerais da escola; ( D ) O exercício da autoridade didática do professor; ( E ) O primado de utilização de todas as técnicas de

ensino.

RESUMO

Vimos até agora:

 Educação como processo a ser construído;

 O Exercício de repensar a didática dentro das perspectivas pedagógicas recentes;

 Os fundamentos de didática geral, tomando o desenvolvimento histórico como e suas consequências;

(38)

 Protagonista da sala de aula em cena;

 Planejamento educacional de currículo e de ensino e os desafios para os educadores;

 Projeto político-pedagógico: desafios para a construção do conhecimento na escola;

 O desafio da avaliação da aprendizagem no contexto da educação escolar;

 A didática na dinâmica da construção do conhecimento, suas contribuições e problemas.

(39)

Metodologia de

Ensino em Sala de

Aula

Carly Machado

A

ULA

2

Apresen

ta

çã

o

Estudo das questões relativas à experiência e à prática em sala de aula; dos processos e comportamentos planejados e método de ensino; dos instrumentos mediação do ensino.

Objetivo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Identificar as questões relativas à experiência e à prática em sala de aula;

 Estruturar os processos e comportamentos planejados e método de ensino;

(40)

Introdução

Tradicionalmente concebemos as “Metodologias de ensino” como práticas que se dão em sala de aula. Em outras palavras, sugestões para atividades de aprendizagem na sala de aula.

Entendemos, no entanto, que o processo ensino aprendizagem se dá em diversos âmbitos, e a sala de aula é apenas um destes ambientes, mas não o único. A construção de conhecimento, numa perspectiva contemporânea, se realiza em rede: rede que articula pessoas (dentro e fora do ambiente institucional educativo) e saberes (científicos e não científicos). Nesta perspectiva, ensinar é uma atividade ampla que implica, sobretudo, em mobilizar os modos de e conhecer dos educandos, implicando-os na dinâmica de produção de conhecimentos dentro e fora da sala de aula.

Afirma Ramal (2002):

Vivemos numa era em que o

conhecimento assume novas

configurações. Ele se modifica

permanentemente, sendo atualizado

dia-a-dia pelas descobertas das

ciências e por essa inteligência coletiva que produz saberes em conjunto, na grande rede do ciberespaço. A memória da humanidade já não está confinada nas bibliotecas, mas sim em

contínua reconstrução. Nesse

contexto, a capacidade de gerenciar a informação se torna, muitas vezes, a competência mais valiosa.

(RAMAL, Andrea Cecilia. “Pedagogo: a profissão do momento”. Rio de Janeiro: Gazeta Mercantil, 6 de março de 2002.)

A Educação tradicional se apóia na oralidade e na textualidade. Modos ainda fundamentais e sempre referenciais para a produção de conhecimento. No

Quer saber mais? Andrea Ramal é Doutora em educação pela PUC/Rio. Possui livros e artigos na área de Tecnologias na Educação e neste contexto cibercultural discute o papel do educador na sociedade contemporânea. Veja os artigos de sua autoria disponíveis no site de sua empresa www.instructionalde sign.com.br

(41)

entanto, a prática educativa dialoga com linguagens comunicativas que atualmente se utilizam da síntese de uma série de elementos: combinação de sons, imagens e textos. Neste contexto, a educação é convidada a rever seus aspectos metodológicos, tanto pelo desenvolvimento tecnológico que atinge diversos setores da sociedade, quanto pelos modos de conhecer estimulados pela cultura contemporânea e tradicionalmente excluídos do ambiente educativo.

As possibilidades comunicativas e o acesso às informações favorecem a formação de equipes multidisciplinares de professores e alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem à superação de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que vivemos.

Para isso, o ensino se transforma. Segundo Kenski (2003), preocupados em superar desafios e ir além, alunos e professores buscam informações nos diversos ambientes e meios tecnológicos e as comparam com a realidade em que vivem. Aproveitam os momentos de encontros nos espaços tradicionais das aulas, não mais para receber informações, mas para analisar e discutir os dados coletados visando ir além da informação, domá-las, orientá-las para suas reais necessidades de pesquisa e aprendizagem. Informações não mais compreendidas como verdades absolutas, mas analisadas criticamente como contribuições para a construção coletiva dos conhecimentos que irão auxiliar a diferenciada aprendizagem de cada um.

No ensino superior estas questões se colocam se maneira ainda mais intensa. O ambiente universitário

Dica do professor Veja se conhece esta história: Um homem de repente acorda. Olha o entorno e percebe que tudo está completamente diferente! Onde será que ele está? O que aconteceu?

Aos poucos, depois de alguns

reconhecimentos, percebe que dormiu durante muitos anos, na verdade décadas, séculos! Não identifica quase nada ao seu entorno: quando chega em hospitais, clubes, empresas, tudo está completamente mudado! Os recursos se transformaram muito, e ele se impressiona com tantas mudanças. Mas ele resolve então, atordoado, procurar uma escola... - Ufa! (suspira o homem) Aqui está tudo como era antes... exatamente como em minha época! Dica do professor Enquanto a universidade é o foco das inovações científicas, ela é por vezes um verdadeiro “museu” de práticas pedagógicas!!!

(42)

deve ser provocador de pesquisa, questionamento, perguntas que fomentem a busca de aprofundamento e desenvolvimento intelectual. Sendo assim, romper com o modelo didático da reprodução é um desafio do ensino no nível superior.

No entanto, não é a linguagem que define esta ruptura. Uma pedagogia não reprodutivista é uma postura, uma atitude envolta em um campo de valores e práticas. Sendo assim, todos os procedimentos de ensino podem ser investidos desta atitude: desde a aula expositiva até as redes de aprendizagem colaborativa. Da mesma forma, metodologias aparentemente inovadoras podem servir de simples “maquiagem” de práticas tradicionais, monológicas e autoritárias. Por isso, a grande questão a ser desenvolvida no educador é o fortalecimento de seus valores sobre o processo ensino aprendizagem, o conjunto de intenções que orientam sua prática. Somente a partir desta atitude clara as diversas metodologias serão legitimamente modos de dinamizar a atitude cognitiva dos educandos e seus processos de aprendizagem.

Desta maneira, as metodologias de ensino serão aqui analisadas em dois âmbitos: práticas voltadas para o ambiente da sala de aula e linguagens educacionais que expandem o campo da construção de conhecimento para um ambiente de aprendizagem em rede.

Esperamos que esta última apostila da disciplina de Didática do Ensino Superior possa ser uma representação do que aqui estamos propondo: que a partir da leitura do texto apresentado você possa expandir sua pesquisa, criar conexões, quebrar o texto, rasgá-lo, como diz Pierre Lévy, para que você possa apossar-se dele e transcendê-lo, ultrapassá-lo,

(43)

misturando a ele sua “história”, seus interesses, seu desejo de ser educador.

A sala de aula na universidade

O professor universitário que quer mudar sua prática na sala de aula, evitando os problemas decorrentes de uma postura tradicional em relação ao ensino, encontra-se numa zona de transição de paradigmas. Segundo Castanho (apud Veiga e Castanho, 2000), principal ator na situação universitária, o professor é um sujeito histórico, vive num contexto social e político que deve ser levado em conta para que se entendam suas ações. Afirma Castanho (apud Veiga e Castanho, 2000:87):

Pierre Levy

“O que acontece quando lemos ou escutamos um texto? Em primeiro lugar, o texto é perfurado, ocultado, permeado de brancos. São as palavras, os pedaços de frases que não ouvimos (não só no sentido perceptivo, mas também intelectual do termo). São os fragmentos de texto os quais não compreendemos, não tomamos em conjunto, não reunimos uns aos outros, negligenciamos. Paradoxalmente, ler, escutar, é começar por negligenciar, por não ler ou desligar o texto.

Ao mesmo tempo em que rasgamos o texto pela leitura, nós o ferimos. Nós o recolocamos sobre ele mesmo. Nós relacionamos, umas às outras, as passagens que se correspondem. Os pedaços dispersos sobre a superfície das páginas ou na linearidade do discurso, nós os costuramos em conjunto: ler um texto é reencontrar os gestos textuais que lhe deram seu nome.”

Tecnologias intelectuais e modos de conhecer

– Pierre Levy Disponível em

http://empresa.portoweb.com.br/pierrelevy/index2. html

Urge pensar numa nova forma de ensinar e aprender, que inclua a ousadia de inovar as práticas de sala de aula, de trilhar caminhos inseguros, expondo-se, correndo riscos, não se apegando ao poder docente, com medo de dividi-lo com os alunos e também de desvencilhar-se da racionalidade única e pôr em ação outras habilidades que não as cogniti-

Pierre Levy Dica do professor Experimentar o novo dá insegurança, medo, sensação de risco.

Começar a dar aulas na universidade é sempre assim. No entanto, este “frio na espinha” indica que estamos nos superando. Quando o professor começa a dar aula sem se arriscar ele deixa de

experimentar o novo!E isso é fatal na prática docente.

(44)

A aula deve ser entendida como espaço para a dúvida, leitura, interpretação de textos, trabalhos em grupo, poesias, músicas, observações, vídeos. No entanto, uma das grandes dificuldades para o professor em experimentar estes diversos procedimentos é que em sua própria formação ele normalmente nunca as experimentou: nem no ensino básico, nem em sua formação superior. Aprendemos em salas de aula tradicionais, com pouca ou nenhuma inovação e criatividade. Atuar diferente deste “modelo” é difícil, pois tendemos a ser professores de acordo com os professores que tivemos. Praticar com outros procedimentos que nunca experimentamos é algo muito mais trabalhoso e raro. Normalmente replicamos propostas que fizeram conosco e com as quais nos identificamos. O mesmo se dá em sala de aula: quando vivenciamos uma experiência inovadora, tendemos a compartilhá-la com outros. Se não experimentamos nenhuma inovação, acabamos por nos manter praticando aquilo que já conhecemos e dominamos.

vas apenas. Pensar-se como participante do desvelamento do mundo e da construção de regras para viver com mais sabedoria e com mais prazer.

Referências

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