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Indicadores de segurança do trabalho para direcionamento do sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho

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ENEGEP 2006 ABEPRO

Indicadores de segurança do trabalho para direcionamento do sistema

de gestão de segurança e saúde no trabalho

Béda Barkokébas Junior. (UPE / UNICAP) bedansht@upe.poli.br Juliana C. Véras (UPE / FMR) julianansht@upe.poli.br Eliane Maria G. Lago (UNICAP) elianensht@upe.poli.br Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani (UPE) emiliansht@upe.poli.br

Resumo

Este trabalho apresenta indicadores de segurança que servem de base para a estruturação do sistema gestão de segurança e saúde no trabalho no setor da construção civil. Estes indicadores fazem parte do “método de avaliação e controle dos riscos de acidentes do trabalho para construção civil” que está sendo aplicado a uma empresa de grande porte atuante na região metropolitana do Recife. Os indicadores foram extraídos através de observações sistemáticas em canteiros de obra e foram divididos em quatro: indicador quantitativo – IQt indicador qualitativo – IQL, indicador econômico – IE e indicador ou índice de risco per capta – IRpc.. Os resultados alcançados indicaram redução de 97% nos

riscos de acidentes do trabalho (IQt). Em termos econômicos (IE), o passivo de segurança do

trabalho, que inicialmente atingia a cifra superior a R$ 305 mil, passou a R$ 18 mil. Os resultados se mostram positivos, porém esta empresa apresenta cenário peculiar. É de grande porte; possui certificação ISO 9001/2000; e, a iniciativa deste trabalho partiu dos mandos da empresa.

Palavras-chave: Sistema de gestão, Segurança e saúde no trabalho, Indústria da construção.

1. Introdução

Nos últimos anos, o controle da inflação, a concorrência entre as empresas, a conseqüente busca para se produzir mais e a menores custos, fez com que as empresas passassem a incorporar o “processo de melhoria contínua”, ou seja, produzir sempre buscando aperfeiçoar as ações de forma a padronizar as atividades e obter o controle do sistema produtivo.

No estado de Pernambuco houve uma busca crescente das empresas de construção civil pela certificação através do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat – PBQP-H, e/ou ISO 9000/2000. Registram-se no Estado 108 (cento e oito) empresas certificadas e 49 (quarenta e nove) em processo de certificação.

Contudo, as empresas de pequeno porte nem sempre conseguem acompanhar este sistema devido à falta de qualificação profissional e aos custos envolvidos com a implantação do mesmo. Sabe-se que 89,27% dos estabelecimentos atuantes no setor da construção civil possuem até 19 empregados (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2003).

No que se refere à questão de investimentos em produtos e/ou processos, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003) revelou que de 70 mil empresas pesquisadas, apenas 31,52% implementavam inovação, seja em produto, processo ou ambos. Outro fato observado é que a taxa de inovação é crescente com o porte das empresas, variando de 26,6% para as empresas que empregam entre 10 e 49 pessoas a 75,6% para as empresas com 500 ou mais pessoas empregadas, nota-se mais uma vez a questão da capacidade de investimentos com o porte da empresa. Torna-se evidente a necessidade de se estudar questões relacionadas à organização do trabalho.

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Ademais da questão da inovação tecnológica, outro fator que envolve os setores produtivos é o relativo à Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Além da imposição Legal, é dever social garantir um ambiente de trabalho seguro e livre de agentes causadores de acidentes e doenças ocupacionais.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2003) ocorrem no mundo cerca de 250 milhões de acidentes de trabalho e 160 milhões de doenças relacionadas ao trabalho. No que se refere aos acidentes fatais, ocorrem cerca de 1,1 milhões de acidentes excedendo os acidentes de trânsito (999.000), a violência (563.000), as guerras (502.000) e a AIDS (312.000). A OIT prevê ainda que as doenças relacionadas ao trabalho se duplicarão em 2020, se não forem implantadas medidas preventivas.

No Brasil, o Ministério da Previdência Social (2006) indica que durante o ano de 2004 foram registrados 458.956 acidentes de trabalho, sendo 28.540 (6,22%) relativos à indústria da construção. A mesma fonte indica ainda que em Pernambuco foram registrados 9.043 acidentes de trabalho, sendo 5,85% referente à indústria da construção.

O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Pernambuco – SINDUSCON/PE, publicou trabalho (SINDUSCON/PE, 2006) que apresenta análise das Comunicações de Acidentes de Trabalho – CAT registradas no Estado durante o ano de 2004. Verificou-se que a indústria da construção civil é responsável 7,14% dos acidentes ocorridos no Estado. Os dados apresentam a construção civil em 7o lugar, antecedido por indústria da transformação (28,91%), comércio-reparação de veículos automotores-objetos pessoais e domésticos (12,16%), agricultura-pecuária-silvicultura-exploração florestal (10,29%), atividades imobiliárias-aluguéis e serviços prestados às empresas (10,01%), transporte-armazenagem e comunicação (8,76%), saúde e serviços sociais (7,30%).

Os acidentes de trabalho representam altos custos para a empresa, a sociedade e para o próprio trabalhador. De acordo com Barkokébas Junior et al. (2004a) o custo relacionado com um acidente pode tomar proporções bastante avultosas. Os custos não ficam apenas na esfera financeira, mas com muito mais propriedade no âmbito social, e neste imensurável, pois a vida humana e a invalidez não podem ser quantificadas. Os autores descrevem ainda, que acidente ocorrido em canteiro de obras, onde teve como vítima o engenheiro da obra, chegou ao custo total do acidente de R$ 1.786.738,61 (este valor inclui custos referentes à segurança, indenizações, impostos e contribuições, e rendimento médio estimado do trabalhador se não tivesse morrido, além de outros custos diretos e indiretos para a empresa).

Verifica-se então que a preocupação em criar uma cultura organizacional voltada para a Segurança e Saúde no Trabalho passa a ser uma necessidade das empresas. Segundo Véras et al. (2003a), esta idéia deve partir da alta administração da empresa que deve integrar, nos esforços da organização, ações efetivas voltadas para segurança, saúde, bem-estar e moral de seus funcionários, através de uma abordagem estruturada para a avaliação e o controle dos riscos no trabalho. Esta abordagem estruturada pode ser incorporada às empresas através da adoção de sistema de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho (GSST).

2. Sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho - GSST

A ILO-OSH 2001 apresenta diretrizes estabelecidas pela OIT para implantação do sistema de GSST. São diretrizes voluntárias e não certificáveis, elaboradas como um instrumento prático para auxiliar as empresas e órgãos de fiscalização a aperfeiçoarem a eficácia da segurança e saúde no trabalho. O principal objetivo destas diretrizes é contribuir para proteção dos trabalhadores contra os riscos de acidentes, enfermidades, incidentes e óbitos no ambiente de trabalho.

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Para aplicação a nível nacional, por parte dos governantes, a ILO-OSH 2001 recomenda a criação de uma estrutura para o sistema de gestão da SST, preferencialmente com o apoio da legislação e regulamentação vigente no país. Já para aplicação interna, ou seja, no âmbito da empresa, as diretrizes têm o intuito de facilitar orientação sobre a integração dos elementos do sistema de gestão da SST como um componente das disposições em matéria de política e de gestão. Têm a intenção, ainda, de motivar a gerência e responsáveis pelos trabalhadores, para aplicação de métodos adequados para melhoria contínua dos resultados da SST (FUNDACENTRO, 2005).

No caso da indústria da construção no Brasil, que possui características específicas no seu processo de produção, o nível de implantação de sistemas de gestão em SST encontra-se em sua fase inicial (BARKOKÉBAS JR., MARTINS & VÉRAS, 2003). Cada obra tem sua particularidade, a começar pelo local de construção. Conforme Véras (2003b) as obras de edificações levam a mudança constante do ambiente de trabalho, cuja movimentação da mão-de-obra, ao longo da produção, é considerada característica evidente do setor. A autora complementa, ainda, que outro aspecto importante é a logística dos materiais e do trabalho na obra, como forma de planejamento para a situação “ideal” de execução.

Devido a esses fatores, o gerenciamento de segurança nos canteiros de obras é realizado de forma pontual, buscando atender aos requisitos normativos sem um sistema de padronização dentro da empresa, ou seja, as soluções são aplicadas em cada canteiro não existindo padronização e aplicação aos outros canteiros de uma mesma empresa (BARKOKÉBAS JR. et al., 2004a). O planejamento da segurança, segundo essa abordagem, é por natureza deficiente, podendo-se concluir que existe necessidade de estratégias de gerenciamento que explorem as interfaces da segurança com a gestão da produção (SAURIN & GUIMARÃES, 2000).

Com base nestas informações propôs-se a implantação de um sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho para empresas da construção civil, cujo programa piloto está sendo desenvolvido junto a uma empresa de grande porte, atuante no setor de construção de obras verticais da região metropolitana do Recife.

3. Objetivo

Apresentar os indicadores de segurança que direcionam a implantação e estruturação do sistema de Gestão Segurança e Saúde no Trabalho (GSST) para a construção civil, aplicados a uma indústria de grande porte da região metropolitana do Recife.

4. Metodologia

A metodologia adotada na pesquisa toma como base o “método de avaliação e controle dos riscos para construção civil” (BARKOKÉBAS JUNIOR et. al., 2004b) aplicado no campo da engenharia de segurança do trabalho.

A empresa onde está sendo implantado o método é de grande porte, atuante no setor de construção de obras verticais, com uma média anual de 12 canteiros de obras localizadas na região metropolitana do Recife. Emprega cerca de 800 funcionários e possui certificado de sistema de gestão da qualidade (ISO 9000/2001). Esta empresa subcontrata a execução de serviços como pintura, aplicação de gesso, montagem de formas, ferragens, dentre outros. Com isso, o grupo de pesquisa teve acesso acerca de vinte e três micro empresas.

O desenvolvimento deste método é objeto do projeto de pesquisa com financiamento do FINEP/HABITARE e do SEBRAE.

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dos indicadores de não conformidade relativos à legislação de segurança do trabalho, terem sido revelados a partir da implantação do sistema de gestão de qualidade. Além de que, a competitividade cada vez maior do mercado exige da empresa uma atuação mais responsável, e que se dá em parte através da promoção da saúde dos seus colaboradores. Assumindo assim, a responsabilidade social no que diz respeito aos seus clientes internos.

A primeira etapa do trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico preliminar de segurança e saúde no trabalho (SST) através da identificação das práticas e procedimentos existentes, verificação do atendimento a requisitos de legislação, verificação da eficácia e eficiência dos recursos investidos em SST, identificação das áreas prioritárias, estabelecimento de metas e planos de ação. Por fim, foi realizado direcionamento do processo de implantação do sistema de GSST. Para realização desta etapa, foi desenvolvido um protocolo baseado na NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Esta norma regulamentadora (NR) dispõe sobre as exigências que esta indústria deve atender. Os gráficos 1 e 2 apresentam os resultados desta etapa, que estão discutidos nos resultados deste trabalho.

Com base na análise dos indicadores da primeira etapa, foram estruturados os primeiros Procedimentos Operacionais – PO. Inicia-se a segunda etapa do processo. Os PO obedecem a mesma estrutura delineada pelo sistema de gestão em qualidade da empresa. Porém ressalta-se que a concepção dos PO teve a participação dos mestres e obras e dos integrantes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), além do SESMT (Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho), este composto pelos técnicos de segurança do trabalho e pelo Gerente de Segurança e Qualidade da empresa.

Esta estrutura permitiu que os PO fossem estruturados atendendo, efetivamente aos requisitos básicos da empresa: segurança versos produção. Conceito que deve ser preconizado em toda ação de intervenção de SST. Ambos devem ser nivelados. A segurança não pode inibir a produção, e a produção não pode ser executada sem segurança. Este deve ser o princípio básico da Engenharia.

Paralelamente ao desenvolvimento dos PO, foram realizadas visitas aos canteiros de obras em ciclos que tiveram início em março de 2003 e terminaram em maio de 2005. Cada ciclo teve duração aproximada de 45 dias, durante o qual foram visitados todos os canteiros de obras da empresa em questão. Foi feito um total de 11 ciclos de visitas aos canteiros de obras conforme discriminado na Tabela 1.

Estes 11 ciclos compõem a “fase I” de análise nos canteiros de obras. O desenvolvimento do método encontra-se numa segunda fase, que adota outros critérios de avaliação, que por hora não caberiam serem considerados neste trabalho. A Tabela 1 indica que o número de obras visitadas foi diferente de ciclo para ciclo, pois durante o período de análise algumas obras foram concluídas e outras tiveram início. Por exemplo, no Ciclo I havia 14 obras em andamento, enquanto que no Ciclo II havia 11 obras, tendo em vista que três das obras foram concluídas quando do início do segundo ciclo de visitas.

Visitas técnicas N.º de obras da empresa

Ciclo I 14 Ciclo II 11 Ciclo III 12 Ciclo IV 10 Ciclo V 11 Ciclo VI 11 Ciclo VII 13 Ciclo VIII 12

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Ciclo IX 12

Ciclo X 12

Ciclo XI 10

Tabela 1 – Quantidade de canteiros de obras visitados por ciclo

Ao final de cada ciclo foi apresentado à empresa um relatório contendo análise dos dados, através dos quais foram apresentados à situação geral da empresa em relação às condições de segurança e higiene do trabalho.

Estes dados foram tabulados em ferramenta computacional, gerando quatro “indicadores de segurança”, a ver:

a) Indicador quantitativo (IQt) – indica a quantidade de itens em desacordo e grave e

iminente risco;

b) Indicador qualitativo (IQL) – indica que situação representou o desacordo ou grave e

iminente risco;

c) Indicador econômico (IE) – representa o passivo convertido em multas aplicáveis as

situações não conforme, é tomado como parâmetro o quadro de multas da NR 28 – Fiscalização e Penalidades;

d) Indicador per capta (IRpc) – apresenta o indicador quantitativo dividido pelo número de

trabalhadores da obra. O índice é apresentado em porcentagem. Este indicador possibilita a comparação entre as obras com relação ao atendimento às normas, versos a quantidade de trabalhadores expostos aos riscos de acidentes.

As visitas às obras foram realizadas por integrantes do grupo de pesquisa, onde era preenchido o protocolo de análise dos riscos de acidentes. Durante a visita era realizado o registro fotográfico da situação da obra. Sempre observando as boas e más práticas. Após o fechamento de cada ciclo, eram realizadas análises individuais das obras e uma geral.

5. Resultados

Os indicadores quantitativos foram representados através de um gráfico que indica o número de itens em desacordo com a norma e a quantidade de situações de grave e iminente risco (GIR) da empresa como, conforme indica o Gráfico 1.

0 20 40 60 80 100 c ic lo I c ic lo I I c ic lo I II c ic lo I V c ic lo V c ic lo V I c ic lo V II c ic lo V II I c ic lo I X c ic lo X c ic lo X I N ú m e ro t o ta l - IQ t desacordo grave e iminente risco

Gráfico 1 – Evolução do Indicador Quantitativo - IQt

Da análise dos dados observa-se à queda dos itens com grave e iminente risco, que passou de 69 para 2, equivalendo a uma redução de 97,1% da ocorrência. Com relação aos itens em desacordo, também houve redução, com as ocorrências passando de 69 para 12, resultando em queda percentual de 82,6.

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Em seguida, realizou-se análise qualitativa dos dados, indicando quais foram os itens da legislação identificados no IQt. Dos 39 (trinta e nove) itens e cerca de 350 (trezentos e

cinqüenta) subitens que é composta a NR 18, foram considerados os 14 itens de maior relevância, tendo em vista os riscos de acidentes. O Gráfico 2 indica os itens analisados da NR 18 no ciclo 1. Como pode-se observar, as instalações elétricas apresentaram maior risco de acidentes, representado por 28 ocorrencias de grave e iminente risco. Com respeitos as situações em desacordo, as áreas de vivência representaram 15 situações não conforme. Baseadas nestas informações foram identificadas às áreas prioritárias, desenvolvidos os objetivos estratégicos, e os primeiros PO. Após os 11 Ciclos, verifica-se a redução das não conformidades. Qualitativamente, houve uma redução significativa com relação as ocorrências de GIR nas instações elétricas, de 28 para zero, como observa-se no gráfico 3.

Indicador Qualitativo - IQL

5 11 0 15 0 0 0 4 7 1 0 2 14 10 0 2 2 7 3 13 0 0 0 0 6 28 0 8 0 5 10 15 20 25 30 NR 18.30 Galerias e Tapumes NR 18.29 Ordem e Limpeza NR 18.27 Sinalização de Segurança NR 18.26 Prot. Contra Incêndio NR 18.23 EPI NR 18.21 Instalações Elétricas NR 18.15 Andaimes NR 18.14 Mov.e Trasp. de materiais e pessoas NR 18.13 Proteção contra queda NR 18.12 Escadas, Rampas e Passarelas NR 18.8 Armações de Aço NR 18.7 Carpintaria NR 18.6 Escavações e Fundações NR 18.4 Áreas de vivência It e n s d a N R 1 8

DESACORDO GRAVE E IMINETE RISCO

Gráfico 2 – Indicador Qualitativo – IQL no ciclo 1

Indicador Qualitativo - IQL

1 5 0 0 0 0 0 0 1 0 0 3 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 5 10 15 20 25 30 NR 18.30 Galerias e Tapumes NR 18.29 Ordem e Limpeza NR 18.27 Sinalização de Segurança NR 18.26 Prot. Contra Incêndio NR 18.23 EPI NR 18.21 Instalações Elétricas NR 18.15 Andaimes NR 18.14 Mov.e Trasp. de materiais e pessoas NR 18.13 Proteção contra queda NR 18.12 Escadas, Rampas e Passarelas NR 18.8 Armações de Aço NR 18.7 Carpintaria NR 18.6 Escavações e Fundações NR 18.4 Áreas de vivência It e n s d a N R 1 8

DESACORDO GRAVE E IMINETE RISCO

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O terceiro índice analisado foi relativo à questão econômica, ou seja, o passivo representativo de SST para empresa. Os valores das multas são estipulados através do anexo II da NR 28, que se baseia na gravidade e no número de funcionários da empresa; no caso da construção civil, são considerados os empregados expostos ao risco de acidentes, ou seja, o número de trabalhadores no canteiro de obras. Os valores fixados na NR 28 são baseados em UFIR, cujo valor adotado no método é de R$ 1,0641.

O Gráfico 4 apresenta o indicador econômico – IE, que demonstra o passivo econômico que

poderia ser aplicado em forma de multa a empresa durante cada ciclo. Para cada canteiro de obras foi realizado o cálculo dos valores de multa, da seguinte maneira: considerando-se, por exemplo, um canteiro de obras com número de empregados entre 26 a 50 funcionários, têm-se os valores para desacordo e grave e iminente riscos de 831 UFIR e 3.335 UFIR, respectivamente, valendo-se pelo menor valor a ser aplicado de acordo com a norma. Multiplicando-se R$ 1,0641 pelo número de desacordos e grave e iminente risco, chega-se aos valores estimados das multas.

Indicador Econômico - IE 0 100000 200000 300000 400000 500000 c ic lo I c ic lo I I c ic lo I II c ic lo I V c ic lo V c ic lo V I c ic lo V II c ic lo V II I c ic lo I X c ic lo X c ic lo X I V a lo r e m R $

passivo de segurança do trabalho

Gráfico 4 – Indicador Econômico - IE

Em termos econômicos, o passivo de segurança do trabalho, que inicialmente atingia a cifra superior a R$ 305 mil, representa, atualmente, o valor de R$ 18 mil, representando uma redução de 94% do valor das multas passíveis.

O quarto indicador proposto pelo método é o índice de risco per capta – IRpc. Este índice

indica a amplitude do risco em relação ao número de trabalhadores/colaboradores expostos ao risco. Como as duas variáveis (índice quantitativo e número de trabalhadores/colaboradores) são independentes e oscilam entre as obras, o IRpc oferece condições de identificar o grau de

risco percentual de cada obra.

Com isso, verifica-se o número de trabalhadores na obra no momento da visita, o IQ (desacordo ou grave e iminente risco) e aplica-se a seguinte fórmula:

100 × = NT IQ IRpc ,

A Tabela 2 indica o IRpc equivalentes ao ciclo 11. Na primeira coluna verifica-se a quantidade

de obras visitadas no ciclo. Na segunda e terceira colunas, indica-se a obra e a data da visita. A quarta coluna indica a quantidade de desacordos, ou seja o IQt-desacordos. Feito o cálculo

como indicado na formula acima, chega-se ao IRpc apresentado na quinta coluna. O mesmo

processo é realizado com o IQt – GIR. Como análise pode-se observar que as obras I e J

onde o IQ é número de desacordos ou GIR

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apresentaram duas ocorrências de desacordo, porém o IRpc da obra I foi de 2,2% e da obra J

0,7%. Foi significativa a variação em função do número de trabalhadores na obra, expostos a mesma quantidade de riscos. Observando a obra H, esta obteve o IRpc de 3,3%, com apenas

uma ocorrência de desacordo, mas representou maior risco de acidentes por trabalhador que as demais com duas ocorrências.

n. Obra DATA DESACORDO IRpcDES GIR IRpcGIR

1 Obra A 01 mar 05 3 4,9% - - 2 Obra B 01 mar 05 - - - - 3 Obra C 18 fev 05 - - - - 4 Obra D 08 mar 05 - - - - 5 Obra E 17 fev 05 2 2,1% 1 1,1% 6 Obra F 10 mar 05 2 1,7% - - 7 Obra G 08 mar 05 - - 1 2,8% 8 Obra H 18 fev 05 1 3,3% - - 9 Obra I 23 fev 05 2 2,2% - - 10 Obra J 14 abr 05 2 0,7% - -

Tabela 2 – Índice de risco per capta

6. Conclusões

A avaliação e controle dos riscos são indispensáveis para a garantia do ambiente de trabalho seguro, gerando uma sistematização que será possível a partir do momento em que os riscos puderem ser identificados, quantificados e qualificados.

Os indicadores de segurança propostos pelo “método de avaliação e controle dos riscos de acidentes do trabalho para construção civil” estão dando coerência ao modelo do sistema de gestão em SST aplicado na empresa.

Tal conhecimento possibilita o direcionamento de investimentos em programas e sistemas na área de segurança do trabalho, impulsionando a melhoria das condições de vida do trabalhador, que levam a minimizar as condições de riscos existentes nos ambientes de trabalho.

Por fim, deve-se ter em mente que promover a segurança do trabalho é economicamente vantajosa; além da obrigação legal, é dever moral, devido aos aspectos sociais envolvidos, causando danos a todos os segmentos: empresas, trabalhadores e sociedade; resultando para todos, custo econômico e humano.

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