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AS RELAÇÕES EXISTENTES ENTRE A OCORRÊNCIA DAS FORMAS DO RELEVO E O USO DO SOLO NA BACIA DO RIO GRANDE - BA

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AS RELAÇÕES EXISTENTES ENTRE A OCORRÊNCIA DAS FORMAS DO

RELEVO E O USO DO SOLO NA BACIA DO RIO GRANDE - BA

ALVES, Ricardo Reis – UFBA (ricardoreisalves@gmail.com) SERATO, Douglas Santana – UFU (douglas.serato@gmail.com) CAMPOS, Eduardo Humberto – UFU (eduardoh.campos@yahoo.com.br) CAMPOS, Pedro Bueno Rocha(pbcampos@netsite.com.br) RODRIGUES, Silvio Carlos – UFU (silgel@ufu.br)

Resumo

O objetivo desta pesquisa é mapear as diferentes morfoesculturas e padrão de formas do relevo existente na Bacia do Rio Grande e, concomitantemente, fazer a relação entre estas formas do relevo e o tipo de uso do solo existente. Esta bacia hidrográfica está localizada no extremo noroeste da Bahia, fazendo divisa com os estados de Goiás, Tocantins e Piauí, possuindo uma área de 76.089 km². É importante destacar que o Rio Grande é um dos principais afluentes do Rio São Francisco, estando situado à sua margem esquerda. A partir da década de 1980, parte desta região passou a ser ocupada em larga escala pela agricultura mecanizada, baseada principalmente na produção de monocultura. A grande extensão desta área, em que há diferentes formações geológicas e diferentes dinâmicas de fluxos de energia e matéria, possibilita a formação da diversidade geomorfológica que existe nesta região. Para fazer o mapeamento das morfoesculturas e dos padrões de forma do relevo foi seguida a metodologia da taxonomia do relevo apresentada por Ross. Foram feitos trabalhos com interpretação de imagens de radar SRTM, tratadas através do software ArcGis 9.2. Como resultado observou-se que as terras planas estão amplamente ocupadas pelos latifundiários, enquanto que nas regiões de relevo mais dobrado o que se vê são pequenas propriedades, fundamentadas na produção de subsistência. Foram identificadas 12 diferentes morfoesculturas entre planaltos, planaltos em patamares, depressão e serras, enquanto que foram identificadas 13 padrões de forma diferentes. É observado pouco planejamento nos processos de ocupação da paisagem regional, desconsiderando fatores importantes, como por exemplo, as formas do relevo, o que acaba gerando uma série de impactos negativos para o Meio Ambiente e para o próprio Homem. Esta análise geomorfológica da bacia e a sua relação com o uso do solo será fundamental para a realização de futuros planos de ocupação deste território.

Palavras chave: Mapeamento geomorfológico, Uso do solo, Taxonomia do Relevo

Abstract

The objective of this research is to map the different morfoescultures and the patterns relief landforms that is possible to find in River Grande Hydrographic Basin and, concomitantly, to make the relation between this relief forms and the soil use. This hydrographic basin is located at northwest of Bahia, making boarding with Goiás, Tocantins and Piauí, having an area of 76.089 km². It is important to detach that the Grande River is one of the more important tributary of the São Francisco River, which is located at its left boarder. After the eighties, part of this region started to be occupied in large scale by the mechanized agriculture, based mainly on monoculture production. The vast extension of this area, where there are different geological formations and different dynamics of energy and material flow, make possible the formation of the geomorphological diversity in this area. For making the mapping of the morfoescultures and the relief pattern forms, it was followed the method of relief division of classes, presented by Ross. It was done works with radar image interpretation (SRTM), which were treated by ArcGis 9.2. As a result, it was observed that the flat terrain are occupied by the landowners, and the region with the abrupt hills are occupied by the short properties, based on subsistence production. It was identified 12 different morfoescultures as plateau, inclined plateau, depression and short mountains, and it was identified 13 different relief pattern form. It is not observed a lot of planning work in the regional occupation process, which do not consider in the past some important factors, for example, the relief forms, what generates a lot of negative impacts for the

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environment and to the Humankind. This geomorphological analyses of this basin and its relation with the soil use is fundamental to the realization of the future plans of territory occupation.

Keywords: Geomorphological mapping, Land use, Classification of the relief.

Introdução

As formas do relevo de uma determinada região sempre refletem no uso que o homem imprime na paisagem. Isto é evidenciado desde as civilizações mais antigas que utilizavam cavernas para morar, ou que faziam terraços para poder realizar o seu cultivo e evitar que o solo fosse erodido. O conhecimento das formas do relevo terrestre passou a ter mais importância a partir da consolidação da Geomorfologia enquanto ciência ainda no século XIX. A partir daí foi possível dar mais credibilidade aos trabalhos de estudos da gênese, levantamento das formas, no mapeamento do relevo e na aplicação da geomorfologia ao planejamento territorial e ambiental.

O mapeamento do relevo brasileiro já foi intensamente estudado por grandes pesquisadores, como por exemplo, Aroldo de Azevedo, Aziz Ab’ Saber e Jurandyr Ross, de maneira que cada vez mais estes estudos foram sendo aperfeiçoados. Entretanto, as pesquisas pontuais, sobre os detalhes do relevo das pequenas e médias bacias hidrográficas ainda são bem escassas no país.

A partir desta carência de estudos é que veio a idéia de desenvolver este trabalho na Bacia Hidrográfica do Rio Grande – BA, que dá ênfase ao estudo da gênese das formas do relevo local, seu mapeamento e o uso das formas do relevo como objeto de planejamento. Esta bacia hidrográfica está localizada no extremo noroeste da Bahia (Fig. 1), fazendo divisa com os estados de Goiás, Tocantins e Piauí, cuja região foi intensamente ocupada pela agricultura mecanizada, principalmente as terras planas e mais úmidas do planalto, e em menor escala as terras planas e mais secas da depressão. Os centros urbanos de destaque na região são: Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto e São Desidério.

A ocupação mal planejada, como foi feita no passado, acabou gerando uma grande quantidade de desequilíbrios no meio ambiente local e regional, como por exemplo, alteração do regime hídrico, supressão excessiva da vegetação e aumento exagerado da erosão de solo. Esta pesquisa surge para suprir a falta de detalhes sobre a Geomorfologia da região, de maneira que as próximas fases de ocupação da paisagem possam ser mais bem planejadas, diminuindo consideravelmente a quantidade de impactos negativos.

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Fig. 1 – A área destacada em verde no mapa do Brasil representa a bacia do São Francisco, enquanto que a área azul indica a Sub-Bacia do Rio Grande, que está destacada à esquerda (Elaborado por: ALVES, 2009).

A gênese do relevo local

A Bacia Hidrográfica do Rio Grande possui uma área de 76.089 km². Nesta vasta bacia é possível encontrar uma diversidade de formas do relevo, com uma gênese bastante complexa e diversificada, sendo caracterizada principalmente pelo contraste entre a abrupta amplitude altimétrica que ocorre em alguns setores (Fig. 2). De acordo com a evolução geológica regional, e considerando a posição geográfica desta bacia, pode-se afirmar que os processos que deram origem a estas formas do relevo iniciaram ainda durante o Paleoproterozóico e perduram até os dias atuais.

Toda a área desta bacia está localizada na borda oeste do Cráton do São Francisco, que é uma área estável tectonicamente. A estrutura geológica da base deste cráton se formou ainda durante o Paleoproterozóico, no ciclo Orogênico Transamazônico, a aproximadamente 2,5 Ga. Naquele momento, estava havendo uma série de processos tectônicos na região, com fusões e afastamento de placas tectônicas, dando origem às estruturas dobradas hoje visíveis no local (Rocha, 1998).

No início do Mesoproterozóico ocorreu a abertura da grande bacia sedimentar (Rift) do Espinhaço-Chapada Diamantina. Mas somente após a grande glaciação do Neoproterozóico é que houveram condições ideais para a formação das rochas calcáreas do Grupo Bambuí, que recobrem as rochas bases datadas do Paleoproterozóico. Houve uma outra fase de sedimentação nesta grande bacia

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sedimentar no final da era Mesozóica, a aproximadamente 85 Ma. Naquele momento ocorreu a sedimentação do arenito da Formação Urucuia, que se caracteriza por ser um pacote bem espesso (aproximadamente 300 metros), e por apresentar argilitos, siltitos e folhelhos em sua base, sendo recoberto por uma capa arenosa (Fernandes et al. 1982, Apud Rocha, 1998).

Fig. 2 – Mapa Hipsométrico da Bacia do Rio Grande (Elaborado por: ALVES, 2008).

O marcante processo de epirogênese do continente Sul-Americano fez com que a partir da era Cenozóica todo este quadro predominante de formação de rochas ígneas e sedimentares, desse lugar a processos erosivos que passaram a atacar drasticamente a região onde hoje se encontra a bacia

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do Rio Grande. A partir destes eventos foi possível notar a influência do clima sobre a gênese do relevo local, ficando evidente os trabalhos erosivos ocorridos a partir de paleoclimas e do clima atual.

A ação dos paleoclimas deu origem a uma série de formas que podem ser encontradas nesta bacia. O grande evento erosivo, que redefiniu os níveis de base da região foi o entalhamento do vale do Rio São Francisco entre a Serra do Espinhaço a leste e o Planalto do Urucuia a oeste (Ab’Saber, 2006). Há evidências, segundo Ab’Saber (2006) e Barreto (1996), de que diversos climas foram dominantes nesta região do oeste baiano, o que é evidenciado por resquícios vivos de vegetação e estudo de datação palinológica, que mostraram a presença de floresta tropical na região. Há também a evidência de aridez, principalmente pela ocorrência dos campos de dunas existentes entre a Serra do Estreito e o Rio São Francisco no município de Barra-BA.

Com o novo nível de base entalhado pelo Rio São Francisco, passou a haver condições para que a sua depressão também se desenvolvesse lateralmente, o que contribuiu para a esculturação lateral do Planalto Urucuia, definindo os seus contornos da face leste. Na Bacia do Rio Grande há evidências nítidas do avanço da depressão do São Francisco sobre o planalto, ocasionado principalmente pela ação da rede de drenagem local. Como evidência desse evento, cita-se as duas gargantas abertas nas Serras do Estreito e do Boqueirão, provavelmente escavadas pela drenagem, hoje representada pelo Rio Grande, que possuía um nível de base bem superior em relação ao atual.

A evolução do relevo tabuliforme foi responsável pela gênese da maior parte do relevo local. As únicas formas de relevo que fogem a esta regra são as serras residuais do Espinhaço, localizadas no baixo Rio Grande. Segundo Casseti (1994), as formas tabulares do relevo se originam a partir da alternância entre climas secos e úmidos, de forma que durante o clima seco o que se percebe é a horizontalização do relevo, ocasionada pelo recuo mecânico das bordas. Durante os climas úmidos, passa a ocorrer o processo de verticalização, ocasionado pela maior dissecação advinda dos processos que envolvem o trabalho da água.

O planalto está tendo a sua área erodida por dois processos distintos: pela pediplanação e pela rede de drenagem, dando origem a uma peneplanície (depressão do São Francisco) e também a planaltos em patamares que circundam a área do “front” das “cuestas”. Os processos de pediplanação foram herdados de paleo-climas mais secos que atuaram na região durante o Quaternário (Ab’Saber, 1998). Um fator que potencializa este processo é o grande diferencial de altitude existente entre o topo da escarpa e a base do planalto, que em algumas áreas registra mais de 300 metros. Por fim, a forma de estruturação das camadas deste planalto acaba potencializando a pediplanação, pois há materiais mais friáveis em baixo, representado pelo argilito, siltito e folhelhos, e uma camada resistente recobrindo este material, representada pelos grãos de quartzo dos arenitos, que são extremamente resistentes aos processos de intemperismo. Com este cenário estruturado, a erosão começa a agir nas partes friáveis, tirando o material que sustenta a camada superior, que logo entra em colapso e cai (Fig. 3). É importante ressaltar que este tipo de erosão é extremamente lento.

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A erosão proveniente da rede de drenagem é um processo muito mais acelerado, que faz com que toneladas de material sejam removidas do planalto a cada ano. Após o período de climas secos que contribuíram para o aplainamento da superfície do planalto, houve uma migração para climas mais úmidos, o que começou adicionar uma grande quantidade de água no sistema. Consequentemente, a umidade começou a se concentrar em determinados pontos, seguindo falhas geológicas, diferenças estruturais e a declividade natural do terreno.

Segundo Casseti (1994), as superfícies aplainadas brasileiras do cretáceo, só tiveram a sua rede de drenagem estruturada a partir dos eventos epirogenéticos ocorridos no pós-cretáceo. A rede de drenagem no Planalto Urucuia não é tão rica, apresentando extensos canais retilíneos e paralelos, com baixa densidade de drenagem e canais tributários bastante curtos. Na zona de contato entre o planalto e a depressão, os canais fluviais entalham vales profundos e paralelos, onde se formam corredeiras e quedas d’água.

Assim que os canais fluviais entram na depressão, eles necessitam recortar uma extensa área onde o relevo também é plano e apresenta baixo índice de declividade, e onde há uma grande carga de material detrítico entulhado. O padrão das formas dos canais neste local é meandrante (Fig. 4), e há formação de uma grande planície fluvial em seu entorno, que apresenta vários paleocanais abandonados pelo rio.

Fig. 3 – Ilustração do processo de Pediplanação, facilmente observado no relevo da bacia do Rio Grande (Fonte: ALVES, 2008).

O intenso trabalho ocorrido ao longo do tempo nesta zona de peneplanície fez com que uma grande quantidade de sedimentos ficassem acumulados, dando origem a uma forma de relevo bastante peculiar, que apresenta uma grande quantidade de lagoas e canais meândricos (Fig. 4). Esta forma de relevo se formou a partir da intervenção dos residuais da Serra do Espinhaço, que impedem a

Superfície friável Superfície mais resistente Atuação da erosão

Queda de material por falta de sustentação

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saída rápida de sedimentos do sistema, proporcionando a formação de um grande leque fluvial de sedimentos. O que também contribui para a gênese deste padrão de forma é a baixa declividade do Rio Grande neste trecho, que possui um valor médio de 11,5 cm/Km, sendo até mesmo menor do que declividade de alguns rios pantaneiros, como o Taquari, que apresenta declividade média de 16,74 cm/Km na região da planície (ADAMÓLI, 2000). Esta baixa declividade também faz com que os sedimentos se depositem e ainda impede a saída rápida da água do sistema, permitindo o abastecimento das lagoas, que pode ocorrer tanto superficial como subsuperficial.

Fig. 4 – Observe o canal do Rio Grande com o seu padrão meandrante e a grande quantidade de lagoas formadas em sua margem esquerda (pontos escuros) (Fonte: LANDSAT/INPE – Organizador: SANTOS, 2008).

Todo este trabalho escultural de degradação que o Planalto Urucuia vem sofrendo, além de ter contribuído para o avanço da Depressão do São Francisco sobre o planalto, deu origem a outras formas de relevo que apresentam escalas diferenciadas. Há uma faixa de transição entre este planalto e a depressão onde observa-se uma rede de planaltos em patamar, que aumentam de altitude na forma de uma rampa no sentido da depressão para o planalto. Em boa parte da linha de contato entre o planalto e o planalto em patamar, é possível identificar um relevo escarpado. Além disso, nota-se também formas de relevo agrupadas, como colinas em diversos graus de entalhamento e formas tabulares.

Mapeamento geomorfológico e a taxonomia do relevo

Fazer o mapeamento geomorfológico de uma região é uma tarefa um tanto quanto complexa. Isto porque existem várias escalas de abordagem do relevo, com gêneses e idades bem distintas. Assim, os mapas de relevo sempre são vistos pelo leitor como de difícil interpretação, pois são muito carregados de informações, que aparecem na forma de cores, códigos de letras e números ou simplesmente linhas que representam algum detalhe no relevo.

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Em 1992, foi publicada por Jurandyr Ross uma nova metodologia de mapeamento geomorfológico, intitulada: O Registro Cartográfico dos Fatos Geomórficos e a Questão da Taxonomia do Relevo. Este método facilitou a confecção dos mapas de relevo. Ele consiste basicamente em separar as formas do relevo de acordo com a escala de ocorrência em seis táxons distintos (Fig. 5). No mapeamento geomorfológico da bacia do Rio Grande foi possível trabalhar com as formas do relevo incluídas no primeiro, segundo e terceiro táxons.

Fig. 5 – Classificação dos táxons do relevo de acordo com Jurandyr Ross (Fonte: Ross, 1992 – O Registro Cartográfico dos Fatos Geomórficos e a Questão da Taxonomia do Relevo; Revista do Depto de Geografia da

USP - Pg. 22, 1992).

Esta bacia hidrográfica está localizada totalmente dentro da morfoestrutura do Cráton do São Francisco. Entende-se então que todas as outras unidades de relevo que forem citadas, ou que já foram mencionadas neste texto, estão contidas sob esta grande morfoestrutura.

No segundo nível de tratamento metodológico, foram identificadas quatro unidades morfoesculturais, que são provenientes de processos de agradação e denudação ocorridos ao longo do tempo geológico, no qual ocorreram variações climáticas e movimentos tectônicos. Estas unidades

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morfoesculturais são: planalto, planalto em patamar, depressão e serras (Fig. 6), tendo as suas áreas apresentadas de maneira subdividida.

Fig. 6 – Morfoesculturas da Bacia do Rio Grande. Os números no corpo do mapa têm a sua legenda na primeira coluna da tabela 1 (Elaborado por: ALVES, 2008).

Os padrões de forma do relevo do terceiro táxon, ocorrem de acordo com sua gênese, que pode ser evidenciado de duas maneiras, representando as formas agradacionais e as denudacionais. As formas de agradação são representadas pela letra “A” e as de denudação pela letra “D”. Nesta bacia foram identificadas duas formas diferentes de superfícies de agradação. A primeira é representada pela

1 2 4 3 5 6 7 8 9 10 11 12

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planície fluvial do Rio Preto e Grande, tendo o símbolo Apf em sua representação (planície fluvial), enquanto que a segunda é representada pelo símbolo Apf/Apl, que indica uma planície formada pela ação fluvial e lacustre (Fig. 7).

As superfícies Apf são de gênese mais recente e foram formadas a partir do trabalho realizado pelos dois principais canais fluviais da bacia, em que uma grande quantidade de sedimentos proveniente das áreas de denudação, associado ao baixo índice de declividade que ocorre na depressão, faz com que os sedimentos se depositem e o curso dos rios alterem de posição, abandonando canais e abrindo outros novos. As áreas com relevo do tipo Apf/Apl tiveram a sua gênese associada a antigos depósitos fluviais, que formaram uma área plana e de baixa declividade, tendo a dificuldade de escoamento possibilitada pela chegada de água subsuperficial proveniente da área dos planaltos e pelo barramento de fluxos que os residuais da Serra do Espinhaço podem proporcionar.

Os padrões de forma do relevo referentes à denudação são representados por uma combinação de letras e números. Os números são provenientes da matriz apresentada por Ross (1992), em que é considerada a distância entre os fundos de vale e também a profundidade dos vales. Esta matriz serve para indicar o nível de dissecação do relevo (Tabela 1), fornecendo informações em forma de pares de números.

Profundidade do

Vale Distância Entre os Fundos de Vale

(1) > 3.750m (2) 1.750 a 3.750m (3) 750 a 1.750m (4) 250 a 750m (5) < 250 (1) < 20m 11 12 13 14 15 (2) 20 a 40m 21 22 23 24 25 (3) 40 a 80m 31 32 33 34 35 (4) 80 a 160m 41 42 43 44 45 (5) > 160m 51 52 53 54 55

Tabela 1 – Matriz de dissecação do relevo (Fonte: Ross, 1992 – O Registro Cartográfico dos Fatos Geomórficos e a Questão da Taxonomia do Relevo; Revista do Departamento de Geografia da USP - Pg. 27,

1992).

As formas de denudação também são representadas seguidas de letras minúsculas que indicam o tipo de forma do relevo. No caso desta bacia, foram identificadas as formas Dt e Dc, que representam respectivamente formas denudacionais tabulares e convexas (Fig. 7).

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Fig. 7 – Unidades morfológicas da Bacia do Rio Grande. O significado dos códigos da legenda deste mapa está inserido na parte escrita (Elaborado por: ALVES, 2009).

Considerações finais

Este trabalho foi feito para concentrar as informações sobre a gênese, mapeamento e uso do relevo como forma de planejamento na bacia do Rio Grande - BA. O que é comum é encontrar as informações geomorfológicas de maneira fragmentada e generalizada, fazendo pouquíssima referência direta a esta porção do território nacional. Para desfragmentar estas informações foram feitos

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levantamentos bibliográficos em obras de geologia, geografia e diretamente em obras literárias de geomorfologia. Além disso, principalmente nas questões referentes ao mapeamento, foram executados trabalhos de campo para confirmar as feições geomorfológicas na paisagem.

As formas do relevo desta porção noroeste da Bahia são bastante peculiares e singulares, devido ao complexo conjunto de processos que deu origem a elas. O relevo é bastante diversificado e precisa ser bem utilizado nos planejamentos para que se tenha uma situação bem próxima do que se prega no conceito de desenvolvimento sustentável, utilizando áreas para o desenvolvimento socioeconômico e outras sendo preservadas.

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Referências

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