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Estudo do comportamento da precipitação para o ano de 2005 no estado de Rondônia

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Academic year: 2021

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Estudo do comportamento da precipitação para o ano de 2005 no

estado de Rondônia

Marcelo José Gama da Silva1 Fábio Adriano Monteiro Saraiva2 Ana Alexandrina Gama da Silva3

1

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM. Estrada do Santo Antônio

2

SEDAM/MCT/CNPq

3

CPATC – Embrapa Tabuleiros Costeiros

ABSTRACT: In 2005, the western and southwestern Amazon experienced an atypical, a

non-related El Niño event, and one of the most intensive reported drought in the region. This study assessed effects of 2005 Amazon drought on precipitation regime in the Stated of Rondônia based on climatologic dataset acquired by the Rondônia Weather Station Network - REMAR/SEDAM. The impacts on precipitation regime were assessed using Quantis technique developed by Xavier et al. (2002), which applies the minimum and maximum climatologic as reference numbers. This research results indicated that almost the entire Rondônia territory presented values between the minimum and maximum climatologic. The only exception were the southwestern and northeastern Rondônia, which presented values below the minimum climatologic and slightly above the maximum climatologic, respectively.

Keywords: Drought, Amazon, Rondônia, Quantis

1 - INTRODUÇÃO

A Amazônia Legal Brasileira corresponde a mais da metade do território nacional, a 2/5 da América do Sul, a 1/20 da superfície terrestre, dispõe de 1/5 da água doce mundial e possui apenas 3,5 milésimos da população mundial (Becker, 1997). É um dos mais importantes ecossistemas do Planeta e a maior floresta tropical contínua e preservada do mundo, com uma área de aproximadamente cinco milhões de km2, sendo a maior parte coberta por Floresta Ombrófila Densa e Aberta e o restante por Cerrados, Campinaranas, Floresta Estacional, Formações Pioneiras e Zonas de Contato (INPE, 2004). Além disso, apresenta uma significativa heterogeneidade espacial e sazonal de pluviosidade, sendo a região com maior total pluviométrico anual do Brasil.

Devido a sua grande extensão territorial a estação chuvosa da Amazônia muda progressivamente de dezembro-janeiro-fevereiro-março, no Sul da região, para abril-maio-junho-julho, na região Noroeste. São vários os estudos que mostram os aspectos da distribuição da precipitação na região Amazônica. Segundo Nobre (1983), na região Norte do Brasil existem três centros de precipitação abundantes: um situado a noroeste da região, com precipitação superior a 3.000 mm/ano; outro localizado na parte central, em torno de 5° S e entre os meridianos de 58 e 65 °W, com precipitação na ordem de 2.500 mm/ano e o terceiro centro localizado na parte nordeste do estado do Pará, com precipitação na faixa de 2.800 mm/ano. Já Marengo (1995) evidenciou três regimes de chuva na America do Sul: um na região Noroeste, onde observa-se chuva abundante durante todo o ano, com máximo em

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abril-maio-junho; um segundo que se estende até a parte central da Amazônia, onde a estação chuvosa ocorre em março-abril-maio; e o terceiro na parte sul da Amazônia, onde o máximo de precipitação ocorre em janeiro-fevereiro-março. Para Kousky & Kayano (1981), Dallarosa (1997) e Molion (1993) os principais mecanismos que provocam chuvas na Amazônia são: convecção diurna resultante do aquecimento da superfície e condições de larga escala favoráveis da atmosfera; linhas de instabilidade originadas na costa Norte-Nordeste do litoral brasileiro e aglomerados convectivos de meso e larga escala, associados à penetração de sistemas frontais oriundo das regiões Sul e Sudeste do Brasil que interagem com a região Amazônica.

No ano de 2005, no entanto, as regiões oeste e sudoeste da Amazônia vivenciaram um quadro atípico de seca. Muitos rios na região se transformaram em um vasto pedaço de terra que remetia ao semi-árido nordestino. Por conta disso, dezenas de animais agonizaram nas margens dos rios e as populações ribeirinhas padeceram com a falta de água nos reservatórios por meses. Marengo et. al. (2009) baseado em estudos climáticos, hidrológicos e nas correlações entre a Temperatura da Superfície do Mar - TSM e precipitação mostraram que a seca de 2005 foi uma das piores registradas na Amazônia, e que esta não estava relacionada ao fenômeno El Niño, como a maioria das anteriores, e sim ao aquecimento das águas do Atlântico Tropical Norte. No caso das secas registradas na Amazônia, como as de 1925-1926, 1968-1969 e 1997-1998, que tiveram como fator principal o El Niño, a estiagem foi maior sobre a região central e oriental da Amazônia. A seca de 2005 foi semelhante à de 1964 que também não esteve relacionada ao El Niño, e o setor mais afetado foi o sudoeste do Amazonas e o estado do Acre.

Neste contexto, o presente trabalho tem o objetivo de analisar se houve impactos desta seca no regime de precipitação de Rondônia, tomando como base os dados climáticos de precipitação pré-existente no estado e os registrados em 2005 pela Rede de Estações Meteorológica de Rondônia – REMAR/SEDAM.

1.1 - Descrição climática da área de estudo

O Estado de Rondônia está localizado na Amazônia Ocidental, situado entre os paralelos de 07º 58’ e 13º 43’ de latitude Sul e os meridianos de 59º 50’ e 66º 48’ de longitude Oeste. Possui uma área de 238.512,80 km2, limitando-se ao Norte com o estado do Amazonas, a Noroeste com o estado do Acre, a Oeste com a República da Bolívia e a Leste e Sul com o estado do Mato Grosso (SILVA, 2010). Segundo o sistema de classificação de Köppen, o clima predominante no Estado é do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com média climatológica da temperatura do ar durante o mês mais frio superior a 18 °C (megatérmico) e um período seco bem definido durante o inverno do Hemisfério Sul, quando ocorre um moderado déficit hídrico com índices pluviométricos inferiores a 50 mm/mês.

A média climatológica da precipitação pluvial para os meses de junho, julho e agosto é inferior a 20 mm/mês. A média anual da precipitação pluvial varia entre 1.400 e 2.600 mm/ano, enquanto a média anual da temperatura do ar varia entre 24 e 26 °C. Em alguns anos, em poucos dias dos meses de junho, julho e/ou agosto, Rondônia encontra-se sob a influência de anticiclones que se formam nas altas latitudes e que atravessam a Cordilheira dos Andes em direção ao sul do Chile. Alguns destes anticiclones são excepcionalmente intensos, condicionando a formação de aglomerados convectivos que intensificam a formação

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dos sistemas frontais na região sul do País. Tais sistemas deslocam-se em direção à região amazônica causando o fenômeno conhecido regionalmente como friagem. Durante aqueles meses, as temperaturas mínimas do ar podem atingir valores inferiores a 6 ºC no sul do estado. Devido a curta duração do fenômeno, ele não influencia, sobremaneira, as médias climatológicas da temperatura mínima do ar (SEDAM, 2007).

2 - MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados para a análise foram obtidos dos estudos do Zoneamento Sócio Econômico Ecológico do Estado de Rondônia – ZEERO, que tiveram como fonte os dados da rede de estações pluviométrica da Agência Nacional das Águas – ANA, no período de 1970 a 2000, os quais foram validados, preenchido as falhas e completados até 2007; em seguida aplicou-se o método dos quantis sugerido por Xavier et al. (2002), onde definiu-se o padrão climatológico de precipitação para o estado de Rondônia. Para analisar o comportamento da precipitação em 2005 foi utilizado os dados coletados pela REMAR (Figura 1).

Figura 1 – Localização das Estações Meteorológicas automáticas de superfície

A técnica dos Quantis, apresentada por Xavier et al.(2002), define as categorias como: muito seco (0 - 15%); seco (15 – 35%); normal (35 – 65%); chuvoso (65 – 85%); e muito chuvoso (85 – 100%) de forma que o mínimo climatológico considerado normal é dado pelo quantil 35% e o máximo climatológico pelo quantil 65%.

Nesse trabalho as analises tiveram como referência o mínimo climatológico e o máximo climatológico considerado normal (Figura 2 e Figura 3). Para os dados de 2005 utilizou-se os totais anuais de precipitação (Figura 4).

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-66 -65 -64 -63 -62 -61 -60 -13 -12 -11 -10 -9 -8 Ariquemes Cacoal Costa Marques Guajará-Mirim Ji-Paraná Machadinho D'Oeste Porto Velho Vilhena Campo Novo São M. do Guaporé R.Moura do Guaporé 950 1250 1450 1650 1850 2050 2250 2450

Figura 2 - Mínimo climatológico de precipitação -66 -65 -64 -63 -62 -61 -60 -13 -12 -11 -10 -9 -8 Ariquemes Cacoal Costa Marques Guajará-Mirim Ji-Paraná Machadinho D'Oeste Porto Velho Vilhena Campo Novo São M. do Guaporé R.Moura do Guaporé 950 1250 1450 1650 1850 2050 2250 2450

Figura 3 - Maximo climatológico de precipitação

-66 -65 -64 -63 -62 -61 -60 -13 -12 -11 -10 -9 -8 Ariquemes Cacoal Costa Marques Guajará-Mirim Ji-Paraná Machadinho D'Oeste Porto Velho Vilhena Campo Novo São M. do Guaporé R.Moura do Guaporé 950 1250 1450 1650 1850 2050 2250 2450

Figura 4 – Total acumulado de Precipitação em 2005

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

A distribuição da precipitação no estado de Rondônia, em 2005, variou entre 950 e 2350 mm (Figura 4). Considerando as Figuras 2 e 3, observou-se que a região de Machadinho d´Oeste, localiada no nordeste do Estado,foi a que apresentou o maior índice pluviométrico, com um total de 2.336 mm, ficando dentro do padrão máximo climatológico, enquanto que a região de Costa Marques, localizada no sudoeste do Estado, por sua vez, apresentou o menor índice pluviométrico, em torno de 950 mm, onde constatou-se que esta região ficou abaixo do mínimo climatológico. As demais regiões do estado de Rondônia apresentaram totais anuais de precipitação dentro dos padrões climatológicos

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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados acima exposto observou-se que a seca de 2005 observada no Sudoeste da Amazônia não causou grandes impactos na precipitação total anual do estado de Rondônia. Fazendo uma analise do regime de precipitação em Rondônia, para o ano 2005, utilizando a climatologia apresentada nas Figuras 2 e 3, a maior parte do Estado apresentou valores entre o mínimo e o máximo Climatológico, ou seja dentro dos padrões climatológicos, excerto a região sudoeste do Estado, que foi abaixo do mínimo climatológico e a região nordeste do Estado, que apresentou valores ligeiramente acima do máximo climatológico (Figura 4). Considerando os estudos realizados por Marengo et. al. (2009), a seca de 2005 começou com redução intensa das chuvas a partir de dezembro de 2004 até fevereiro de 2005, detectada primeiramente no sudoeste do Amazônia, fato esse não evidênciado na maior parte do estado de Rondônia.

5 - REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BECKER, B.K. Amazônia. São Paulo: Ática, 1997. 112p;

SEDAM . Boletim Climatológico de Rondônia – ano 2007, 39 p. 2010.

DALLAROSA, R. L. G. Uma comparação entre estimativa empírica e teórica da evapotranspiração numa floresta em Ji-Paraná (RO). Dissertação (Mestrado do Centro Estadual em Sensoriamento Remoto e Meteorológico). UFRGS, Porto Alegre - RS, 1997. GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA, Relatório da Segunda Aproximação do Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico do Estado de Rondônia. - Relatório de Climatologia. 1998.

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). PRODES. São José dos Campos, SP,2002. Disponível em: http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html. Acesso em: 23 de maio de 2010;

KOPPEN, W. Climatologia com un estudio de los climas de la tierra. Fondo de Cultura Economica, México, 1948.

KOUSKY, V. E. & KAYANO, M. T. Climatological study of the tropospheric circulation over the Amazon Region. ACTA Amazônica, 11 (4); 743-753. 1981;

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MARENGO, J. A. Interrannual variability of deep convection in the tropical South American. Sector as deducid from ISCCPC 2 data International Jornal of Climatology, 1995

MARENGO, J. A. & NOBRE, C. A. Tempo e Clima no Brasil: Clima da região amazônica. Oficina de textos, São Paulo, 2009. pg 197 a 212

MOLION, L. C. B. Amazonian rainfall and its variability. In: Hydrology and Water Management in the Humid Tropics, Ed., p.p. 99-111, Cambridge. 1993

NOBRE, C.A. The Amazon and Climate, in Proceedings of Climate Conference Latin American and the Caribe, Word Meteorology Organization, Geneva. 1993.

SILVA, M. J. G da. Uso e cobertura do solo e a variabilidade do clima de Porto Velho - RO. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional), Núcleo de Ciência e Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento regional, UNIR. 2010

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