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Calvino - O Teólogo do Espírito Santo - Augustus Nicodemus…

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Augustus Nicodemos Lopes

Augustus Nicodemos Lopes

Digitalizado e doado por:

Digitalizado e doado por: Alcimar Da Silva RodriguesAlcimar Da Silva Rodrigues

Revisado por : Levita Digital

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CALVINO

CALVINO

O Teólogo do Espírito Santo

O Teólogo do Espírito Santo

"A doutrina sobre a obra do Espírito Santo é uma  "A doutrina sobre a obra do Espírito Santo é uma  dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo... Nos amplos dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo... Nos amplos departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum", departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum", "Regeneração", e "O Testemunho do Espírito" do livro "Regeneração", e "O Testemunho do Espírito" do livro terceiro das

terceiro das Instituías,Instituías, Calvino foi o primeiro a Calvino foi o primeiro a 

desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e a  desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e a  dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação sistemática, fazendo dela uma possessão inalienável da  sistemática, fazendo dela uma possessão inalienável da  Igreja de Deus."

Igreja de Deus."

-B. B. Warfield -B. B. Warfield   AUGUSTUS NICODEMOS LOPES, Ph.D., é   AUGUSTUS NICODEMOS LOPES, Ph.D., é   brasileiro, casado com Minka Schalkwijk. É pastor    brasileiro, casado com Minka Schalkwijk. É pastor 

presbiteriano. Fez mestrado na África do Sul, e presbiteriano. Fez mestrado na África do Sul, e doutorado no Westminster Theological Seminary, em doutorado no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia, nos Estados Unidos, com cursos especiais em Filadélfia, nos Estados Unidos, com cursos especiais em Kampen, na Holanda.

Kampen, na Holanda.

  Atualmente é professor de Exegese Bíblica e   Atualmente é professor de Exegese Bíblica e Coordenador de Novo Testamento do Centro de Coordenador de Novo Testamento do Centro de Pós--graduação do Seminário Presbiteriano José Manoel da  graduação do Seminário Presbiteriano José Manoel da  Conceição, em São Paulo.

Conceição, em São Paulo.

PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS

Rua 24 de Maio, 116 - 3

Rua 24 de Maio, 116 - 3oo andar - salas 14-17andar - salas 14-17

01041-000 - São Paulo - SP 01041-000 - São Paulo - SP

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CALVINO

CALVINO

O Teólogo do Espírito Santo

O Teólogo do Espírito Santo

Seu Ensino sobre Seu Ensino sobre

o Espírito Santo e a Palavra de Deus o Espírito Santo e a Palavra de Deus AUGUSTUS NICODEMUS LOPES AUGUSTUS NICODEMUS LOPES

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O tema deste artigo é "Calvino, o Teólogo do O tema deste artigo é "Calvino, o Teólogo do Espírito Santo." Devo começar dizendo que esse título Espírito Santo." Devo começar dizendo que esse título não foi atribuído a Calvino pelos seus contemporâneos, não foi atribuído a Calvino pelos seus contemporâneos, mas sim, pelos estudiosos modernos, reconhecendo a  mas sim, pelos estudiosos modernos, reconhecendo a  sua importância como teólogo e exegeta para esta área  sua importância como teólogo e exegeta para esta área  da teologia que está em tanta relevância hoje.

da teologia que está em tanta relevância hoje.

O título pode confundir algumas pessoas. Podem O título pode confundir algumas pessoas. Podem pensarque o assunto sobre o qual Calvino mais pensarque o assunto sobre o qual Calvino mais escreveu, e ao qual mais se dedicou, foi o Espirito Santo. escreveu, e ao qual mais se dedicou, foi o Espirito Santo. Na realidade, embora Calvino tenha escrito muita coisa  Na realidade, embora Calvino tenha escrito muita coisa  sobre o Espírito Santo, nunca escreveu uma obra  sobre o Espírito Santo, nunca escreveu uma obra  específica sobre o assunto, como, por exemplo, John específica sobre o assunto, como, por exemplo, John Owen e Abraham Kuyper, cujos livros sobre o tema são Owen e Abraham Kuyper, cujos livros sobre o tema são fundamentais para a Igreja contemporânea.

fundamentais para a Igreja contemporânea.11 Embora emEmbora em

suas

suas Instituías de Religião Cristã Instituías de Religião Cristã   João Calvino trate  João Calvino trate

freqüentemente da Pessoa e obra do Espírito Santo, não freqüentemente da Pessoa e obra do Espírito Santo, não dedicou ao assunto um capítulo exclusivo.

dedicou ao assunto um capítulo exclusivo.22

1

1John Owen,John Owen, The Holy Spirit: His Gifts and Power The Holy Spirit: His Gifts and Power (Grand Rapids: Kregel, 1960); (Grand Rapids: Kregel, 1960); Abraham Kuyper,Abraham Kuyper,

The Work of the Holy Spirit 

The Work of the Holy Spirit (Grand Rapids: Eerdmans, 1946). Outros autores poderiam ser(Grand Rapids: Eerdmans, 1946). Outros autores poderiam ser acrescentados

acrescentados, como o , como o puritano inglês Thomas Goodwin, e mais recentemente, Benjamim B. Warfieldpuritano inglês Thomas Goodwin, e mais recentemente, Benjamim B. Warfield e George Smeaton.

e George Smeaton.

2

2Cf. João Calvino,Cf. João Calvino, As Instituías, ou Tratado da As Instituías, ou Tratado da Religião Cristã,Religião Cristã, 4 vols., trad. WaldyrC. Luz 4 vols., trad. WaldyrC. Luz (São Paulo:(São Paulo:

CEP e Luz para o Caminho, 1989). Calvino trata da

CEP e Luz para o Caminho, 1989). Calvino trata da deidade do Espírito em livro 1,13:14ss., e da Suadeidade do Espírito em livro 1,13:14ss., e da Sua obra redentora (aplicando a salvação) no livro

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  Alguns têm criticado Calvino por não haver dado   Alguns têm criticado Calvino por não haver dado atenção mais direta ao Espírito Santo em seus escritos, atenção mais direta ao Espírito Santo em seus escritos, especialmente nas

especialmente nas Instituías.Instituías. A crítica é injusta. Existem A crítica é injusta. Existem

razões suficientes para essa aparente falta de atenção. razões suficientes para essa aparente falta de atenção.

Em primeiro lugar, a doutrina do Espírito Santo Em primeiro lugar, a doutrina do Espírito Santo não era o foco do debate de Calvino com a igreja católica  não era o foco do debate de Calvino com a igreja católica  romana da sua época, e nem da sua polêmica com os romana da sua época, e nem da sua polêmica com os reformadores radicais, os Anabatistas e os reformadores radicais, os Anabatistas e os "Entusiastas", conhecidos como a ala esquerda da  "Entusiastas", conhecidos como a ala esquerda da  Reforma.

Reforma.33 Calvino só tratou da obra do Espírito SantoCalvino só tratou da obra do Espírito Santo

na medida em que esse assunto se relacionava com os na medida em que esse assunto se relacionava com os pontos críticos em debate, como a doutrina da salvação, pontos críticos em debate, como a doutrina da salvação, da santificação, das Escrituras, e dos sacramentos.

da santificação, das Escrituras, e dos sacramentos.

Em segundo lugar, Calvino tinha a visão Em segundo lugar, Calvino tinha a visão bíblica-neotestamentária de que o Espírito Santo geralmente neotestamentária de que o Espírito Santo geralmente agia nos bastidores, como o agente da Trindade. Embora  agia nos bastidores, como o agente da Trindade. Embora  Sua ação fosse claramente perceptível, quem deveria  Sua ação fosse claramente perceptível, quem deveria  sempre recebera proeminência eram o Pai e o Filho. sempre recebera proeminência eram o Pai e o Filho. Essa convicção reflete-se nas suas obras e em sua  Essa convicção reflete-se nas suas obras e em sua  abordagem dos mais variados temas teológicos. Não abordagem dos mais variados temas teológicos. Não existe praticamente nenhum assunto teológico em que existe praticamente nenhum assunto teológico em que Calvino não se refira, em seu tratamento, à obra do Calvino não se refira, em seu tratamento, à obra do Espírito. Sua Pneumatologia é desenvolvida dentro das Espírito. Sua Pneumatologia é desenvolvida dentro das demais áreas da Teologia Sistemática, como demais áreas da Teologia Sistemática, como  Teontologia,* Soteriologia e Eclesiologia.

 Teontologia,* Soteriologia e Eclesiologia.

Essa mesma abordagem se encontra refletida na  Essa mesma abordagem se encontra refletida na  Confissão de Fé de Westminster. É verdade que seus Confissão de Fé de Westminster. É verdade que seus autores, os Puritanos, não escreveram um capítulo autores, os Puritanos, não escreveram um capítulo exclusivo sobre a pessoa e obra do Espírito. Mas, como exclusivo sobre a pessoa e obra do Espírito. Mas, como sugeriu Dr. Benjamim B. Warfield, conhecido teólogo sugeriu Dr. Benjamim B. Warfield, conhecido teólogo presbiteriano reformado, do início deste século, a razão é presbiteriano reformado, do início deste século, a razão é 3

3O termo "esquerda" tem sido empregado recentemente por alguns historiadores para se O termo "esquerda" tem sido empregado recentemente por alguns historiadores para se referir areferir a

esse grupo, sem qualquer conotação politica. Veja abaixo p. 9. esse grupo, sem qualquer conotação politica. Veja abaixo p. 9. *

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que preferiram escrever 

que preferiram escrever nove nove capítulos em vez de apenascapítulos em vez de apenas

um. A tentativa que foi feita em nossa época, pela Igreja  um. A tentativa que foi feita em nossa época, pela Igreja  Presbiteriana dos Estados Unidos, para suprir esta  Presbiteriana dos Estados Unidos, para suprir esta  alegada deficiência, produziu um capítulo a mais na  alegada deficiência, produziu um capítulo a mais na  Confissão de Fé que, segundo Warfield, nada mais é que Confissão de Fé que, segundo Warfield, nada mais é que um curto sumário destes nove capítulos originais.

um curto sumário destes nove capítulos originais.44

E por fim, não se pode exigir de Calvino (e nem dos E por fim, não se pode exigir de Calvino (e nem dos autores da Confissão de Fé) uma abordagem do assunto autores da Confissão de Fé) uma abordagem do assunto que seja aguçada pelas questões relacionadas com o que seja aguçada pelas questões relacionadas com o surgimento do movimento pentecostal, séculos após a  surgimento do movimento pentecostal, séculos após a  sua morte. Mesmo assim, Calvino é surpreendentemente sua morte. Mesmo assim, Calvino é surpreendentemente atual no que ele diz sobre

atual no que ele diz sobre o Espírito.o Espírito.

Por que, então, o título "teólogo do Espírito Santo"? Por que, então, o título "teólogo do Espírito Santo"? Em primeiro lugar, Calvino foi o primeiro a sistematizar  Em primeiro lugar, Calvino foi o primeiro a sistematizar  de forma clara o ensino bíblico sobre o Espírito Santo. de forma clara o ensino bíblico sobre o Espírito Santo. Não é que ninguém, antes dele, não houvesse escrito Não é que ninguém, antes dele, não houvesse escrito sobre o assunto. Entretanto, é que poucos, antes e sobre o assunto. Entretanto, é que poucos, antes e depois de Calvino, conseguiram ser

depois de Calvino, conseguiram ser tão claros, simples, etão claros, simples, e  bíblicos.

 bíblicos.55 Ouçamos o testemunho de Dr. Warfield:Ouçamos o testemunho de Dr. Warfield:

  A doutrina sobre a obra do Espírito Santo é uma    A doutrina sobre a obra do Espírito Santo é uma  dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo. . . Nos amplos dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo. . . Nos amplos departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum," departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum," "Regeneração," e "O Testemunho do Espirito" do livro "Regeneração," e "O Testemunho do Espirito" do livro terceiro das

terceiro das Instituías,Instituías, Calvino foi o primeiro a Calvino foi o primeiro a 

desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e a  desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e a  dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação sistemática, fazendo dela uma possessão inalienável da  sistemática, fazendo dela uma possessão inalienável da  Igreja de Deus.

Igreja de Deus.66

Em segundo lugar, Calvino integrou Em segundo lugar, Calvino integrou indissoluvelmente a doutrina do Espírito Santo aos indissoluvelmente a doutrina do Espírito Santo aos demais temas e áreas da teologia, como regeneração, demais temas e áreas da teologia, como regeneração, 4

4Cf. a nota introdutória de B. Warfield em Kuyper,Cf. a nota introdutória de B. Warfield em Kuyper, The Work of the Holy Spirit,The Work of the Holy Spirit, xxvii.xxvii. 5

5Para uma lista das obras Para uma lista das obras mais importantes sobre o Espírito Santo escritas após Calvino mais importantes sobre o Espírito Santo escritas após Calvino nos séculosnos séculos

XVII e XVIII,

XVII e XVIII, ver Kuyper,ver Kuyper, The Work of the Holy Spirit,The Work of the Holy Spirit, ix-x.ix-x.

6

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santificação, os meios de graça, e o conhecimento de santificação, os meios de graça, e o conhecimento de Deus, entre outros. A pneumatologia de Calvino, Deus, entre outros. A pneumatologia de Calvino, igualmente, abrangia e permeava todos os demais igualmente, abrangia e permeava todos os demais departamentos da Enciclopédia Teológica. Sua teologia é departamentos da Enciclopédia Teológica. Sua teologia é uma unidade orgânica, onde o Espirito aparece uma unidade orgânica, onde o Espirito aparece apropriadamente como o soberano Dinamizador.

apropriadamente como o soberano Dinamizador.

Em terceiro lugar, Calvino resgatou alguns Em terceiro lugar, Calvino resgatou alguns aspectos da doutrina do Espírito Santo que estavam aspectos da doutrina do Espírito Santo que estavam soterrados

soterrados debaixo debaixo  da da  teologia medieval da teologia medieval da  igreja igreja 

católica romana, como por exemplo, a relação entre a  católica romana, como por exemplo, a relação entre a  Palavra e o Espírito. Nosso alvo neste ensaio é analisar  Palavra e o Espírito. Nosso alvo neste ensaio é analisar  mais exatamente esta contribuição de Calvino para  mais exatamente esta contribuição de Calvino para  nosso conhecimento da obra do Espírito Santo, ou seja, nosso conhecimento da obra do Espírito Santo, ou seja, a relação vital e orgânica entre o Espírito e a Palavra de a relação vital e orgânica entre o Espírito e a Palavra de Deus, as Escrituras.

Deus, as Escrituras.

O ensino de Calvino influenciou profundamente os O ensino de Calvino influenciou profundamente os estudos subseqüentes dentro dos círculos reformados. estudos subseqüentes dentro dos círculos reformados. Sua ênfase na ação soberana do Espírito continua na  Sua ênfase na ação soberana do Espírito continua na  tradição reformada entre os puritanos ingleses, tradição reformada entre os puritanos ingleses, particularmente John Owen e Richard Sibbes, que nos particularmente John Owen e Richard Sibbes, que nos deram os estudos bíblicos teológicos mais extensos e deram os estudos bíblicos teológicos mais extensos e profundos que existem em qualquer língua sobre o profundos que existem em qualquer língua sobre o ministério do Espírito Santo.

ministério do Espírito Santo.

O CONTEXTO TEOLÓGICO DE CALVINO

O CONTEXTO TEOLÓGICO DE CALVINO

Comecemos por lembrar-nos que a teologia de Comecemos por lembrar-nos que a teologia de Calvino nasceu e desenvolveu-se em meio ao intenso Calvino nasceu e desenvolveu-se em meio ao intenso conflito doutrinário que marcou a Reforma do século conflito doutrinário que marcou a Reforma do século   XVI. Sua doutrina do Espírito Santo foi moldada em   XVI. Sua doutrina do Espírito Santo foi moldada em meio à sua batalha em duas frentes. Em uma, ele meio à sua batalha em duas frentes. Em uma, ele enfrentava o cativeiro das Escrituras pela igreja católica  enfrentava o cativeiro das Escrituras pela igreja católica  romana, e na outra, o abandono das Escrituras pelos da  romana, e na outra, o abandono das Escrituras pelos da 

Reforma radical. Reforma radical.

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 A igreja católica romana e o cativeiro das Escrituras

 A igreja católica romana e o cativeiro das Escrituras

Calvino e a igreja católica romana tinham algumas Calvino e a igreja católica romana tinham algumas convicções em comum quanto à doutrina das convicções em comum quanto à doutrina das Escrituras. Para eles, as Escrituras eram a Palavra de Escrituras. Para eles, as Escrituras eram a Palavra de Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, infalíveis, e Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, infalíveis, e autoritativas. Este ponto não estava sendo disputado autoritativas. Este ponto não estava sendo disputado por Calvino, nem pelos demais reformadores. O ponto de por Calvino, nem pelos demais reformadores. O ponto de discórdia entre Calvino e os católicos era quanto ao discórdia entre Calvino e os católicos era quanto ao ensino papista de que a autoridade das Escrituras ensino papista de que a autoridade das Escrituras dependia do testemunho da Igreja. A 

dependia do testemunho da Igreja. A  igreja católica igreja católica  romana afirmava que o cânon das Escrituras, a sua  romana afirmava que o cânon das Escrituras, a sua  preservação, a sua origem divina e sua autoridade, preservação, a sua origem divina e sua autoridade, deviam ser aceitos pelos fiéis como verdadeiros porque a  deviam ser aceitos pelos fiéis como verdadeiros porque a  igreja assim o afirmava. A 

igreja assim o afirmava. A  autoridade das Escrituras,autoridade das Escrituras, enfim, dependia do testemunho da igreja. A igreja, além enfim, dependia do testemunho da igreja. A igreja, além disso, tinha a correta interpretação das Escrituras; a  disso, tinha a correta interpretação das Escrituras; a  coleção dessas interpretações formava a tradição coleção dessas interpretações formava a tradição eclesiástica, que possui tanta autoridade quanto as eclesiástica, que possui tanta autoridade quanto as próprias Escrituras. Assim, era vedado aos católicos próprias Escrituras. Assim, era vedado aos católicos leigos lerem e interpretarem as Escrituras. Eles leigos lerem e interpretarem as Escrituras. Eles dependiam da interpretação dada pela igreja. Dessa  dependiam da interpretação dada pela igreja. Dessa  forma, a Palavra e a sua interpretação estavam cativas forma, a Palavra e a sua interpretação estavam cativas debaixo da autoridade eclesiástica.

debaixo da autoridade eclesiástica.

Calvino levantou-se contra esse estado de coisas, Calvino levantou-se contra esse estado de coisas, que havia prevalecido durante a Idade Média. Ele que havia prevalecido durante a Idade Média. Ele considerava esse ensino como sendo uma afronta ao considerava esse ensino como sendo uma afronta ao Espírito Santo, e um abuso de autoridade por parte da  Espírito Santo, e um abuso de autoridade por parte da  igreja católica. Para ele a verdadeira Igreja foi fundada  igreja católica. Para ele a verdadeira Igreja foi fundada  sobre as Escrituras, e não o contrário. A autoridade das sobre as Escrituras, e não o contrário. A autoridade das Escrituras não dependia do testemunho da Igreja, e sim Escrituras não dependia do testemunho da Igreja, e sim o contrário: a Igreja só possuía autoridade enquanto o contrário: a Igreja só possuía autoridade enquanto estivesse dentro da doutrina bíblica. Calvino apelava  estivesse dentro da doutrina bíblica. Calvino apelava  aqui para Ef. 2:20, onde Paulo ensina que a Igreja está  aqui para Ef. 2:20, onde Paulo ensina que a Igreja está 

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edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, que é o ensino das Escrituras.

que é o ensino das Escrituras.77 A Igreja simplesmenteA Igreja simplesmente

reconhecia 

reconhecia  - não- não estabelecia e nem determinava - a estabelecia e nem determinava - a 

inspiração e a autoridade dos livros que compunham o inspiração e a autoridade dos livros que compunham o cânon sagrado.

cânon sagrado.88

Para Calvino, a maior de todas as provas da  Para Calvino, a maior de todas as provas da  autoridade e inspiração das Escrituras era que o

autoridade e inspiração das Escrituras era que o próprio  próprio  Deus 

Deus nos falava através delas. Calvino chamava a isto onos falava através delas. Calvino chamava a isto o testemunho interno do Espirito.

testemunho interno do Espirito.7 7  Para ele, o homemPara ele, o homem

natural não poderia ser convencido da divindade das natural não poderia ser convencido da divindade das Escrituras por argumentos apresentados pela igreja, por  Escrituras por argumentos apresentados pela igreja, por  mais lógicos e racionais que eles parecessem (1 Cor. mais lógicos e racionais que eles parecessem (1 Cor. 2:14).

2:14).88 Era o Espírito quemEra o Espírito quem   persuadia o crente de que   persuadia o crente de que 

Deus estava falando nas Escrituras,

Deus estava falando nas Escrituras, inclinando-lhe oinclinando-lhe o

coração a aceitá-las, e dando-lhe plena certeza disso, coração a aceitá-las, e dando-lhe plena certeza disso, gerando-lhe fé em seu coração. Nas suas

gerando-lhe fé em seu coração. Nas suas Instituías Instituías  ee

comentários Calvino aponta para alguns textos com este comentários Calvino aponta para alguns textos com este efeito, como por exemplo, 1 João 5:6-7, 2Tim. 1:14-15,1 efeito, como por exemplo, 1 João 5:6-7, 2Tim. 1:14-15,1 Cor. 2:10-16.

Cor. 2:10-16.99

Para Calvino, o que o Espírito havia revelado nas Para Calvino, o que o Espírito havia revelado nas Escrituras era suficiente e final. Maomé, o papa, e os Escrituras era suficiente e final. Maomé, o papa, e os "Entusiastas" estavam errados, ao reivindicarqueo "Entusiastas" estavam errados, ao reivindicarqueo Espírito estariaensinando novas verdades no presente. Espírito estariaensinando novas verdades no presente. Para Calvino, as palavras do Senhor Jesus em João Para Calvino, as palavras do Senhor Jesus em João 14:25 deixavam claro que o ministério do Consolador  14:25 deixavam claro que o ministério do Consolador  consistiria, não em revelar novas verdades, que fossem consistiria, não em revelar novas verdades, que fossem além das que haviam sido ensinadas pelo Senhor Jesus além das que haviam sido ensinadas pelo Senhor Jesus e Seus apóstolos, mas em iluminar as mentes e os e Seus apóstolos, mas em iluminar as mentes e os corações dos crentes, para que compreendessem e corações dos crentes, para que compreendessem e cressem nas verdades, agora registradas nas Escrituras. cressem nas verdades, agora registradas nas Escrituras. Ele afirma: "O espírito que introduz qualquer doutrina  Ele afirma: "O espírito que introduz qualquer doutrina  7 

Institutas,Institutas, III. 1.1; I.7.5.III. 1.1; I.7.5.

Institutas,Institutas, 1.8.13; I.7.4. Cf. Ronald S. Wallace,1.8.13; I.7.4. Cf. Ronald S. Wallace, Calvin's Doctrine of the Word and Calvin's Doctrine of the Word and Sacrament Sacrament (Grand(Grand

Rapids: Eerdmans, 1957) 101-2. Rapids: Eerdmans, 1957) 101-2.

9  9 

Instituías,

Instituías, III.1.1; III.2.33-34; II.2.20; 1.7.5. Veja aindaIII.1.1; III.2.33-34; II.2.20; 1.7.5. Veja ainda Calvin's Commentaries,Calvin's Commentaries, vol. 20,116-17, e vol.vol. 20,116-17, e vol. 22, 257.

(9)

ou novidade que vá além do evangelho, é um espírito de ou novidade que vá além do evangelho, é um espírito de mentira, e não o Espírito de

mentira, e não o Espírito de Cristo."Cristo."1010

O efeito do ensino de Calvino foi libertador. O efeito do ensino de Calvino foi libertador.1111

  Através da ênfase no testemunho interno do Espírito   Através da ênfase no testemunho interno do Espírito Santo como a evidência máxima da divindade e da  Santo como a evidência máxima da divindade e da  autoridade das Escrituras, ele libertou as Escrituras e a  autoridade das Escrituras, ele libertou as Escrituras e a  sua interpretação do cativeiro imposto pela Igreja  sua interpretação do cativeiro imposto pela Igreja  Medieval, e as colocou de volta onde elas pertenciam de Medieval, e as colocou de volta onde elas pertenciam de direito, nas mãos do Espírito Santo. Nesse sentido, direito, nas mãos do Espírito Santo. Nesse sentido, estava certa a avaliação de alguns católicos estava certa a avaliação de alguns católicos encarregados da contra-reforma no século XVII, de que encarregados da contra-reforma no século XVII, de que uma das maiores diferenças que existiam entre Roma e uma das maiores diferenças que existiam entre Roma e Genebra se encontrava em suas doutrinas sobre a  Genebra se encontrava em suas doutrinas sobre a  Pessoa e a obra do Espírito Santo.

Pessoa e a obra do Espírito Santo.

Os reformadores radicais e seu desprezo pela Palavra

Os reformadores radicais e seu desprezo pela Palavra

  A outra frente de batalha de Calvino era contra o   A outra frente de batalha de Calvino era contra o ensino da 

ensino da  Reforma radical,Reforma radical, conhecida como a "ala conhecida como a "ala 

esquerdista" da Reforma.

esquerdista" da Reforma.1212 Havia diversos grupos dentroHavia diversos grupos dentro

dessa ala do movimento reformista. Havia, em primeiro dessa ala do movimento reformista. Havia, em primeiro lugar, como os Anabatistas, os "Fanáticos", os lugar, como os Anabatistas, os "Fanáticos", os "Espiritualistas" e os Anti-trinitarianos, que "embora  "Espiritualistas" e os Anti-trinitarianos, que "embora  diferentes em seus propósitos e em suas doutrinas, diferentes em seus propósitos e em suas doutrinas, tinham em comum o desejo de ver uma Reforma muito tinham em comum o desejo de ver uma Reforma muito mais radical do que a propagada por Lutero e mais radical do que a propagada por Lutero e Zwínglio."

Zwínglio."1313 A polêmica de Calvino contra os Anabatistas A polêmica de Calvino contra os Anabatistas

concentrou-se em questões como batismo infantil, concentrou-se em questões como batismo infantil, predestinação, governo de Igreja, relação entre Igreja e predestinação, governo de Igreja, relação entre Igreja e Estado, e interpretação das Escrituras.

Estado, e interpretação das Escrituras.1414

10  10 

Calvin's Commentaries,

Calvin's Commentaries, vol. 18, 101.vol. 18, 101.

11 11

Devemos, com justiça, notar que Calvino deve muito

Devemos, com justiça, notar que Calvino deve muito dessa perspectivdessa perspectiva ao a ao ensino desbravador deensino desbravador de Martinho Lutero, que já

Martinho Lutero, que já havia, antes dele, denunciado esse estado de havia, antes dele, denunciado esse estado de coisas.coisas.

12

12Veja nota 3.Veja nota 3. 13

13William Balke,William Balke, Calvin and the Anabaptist Radicais,Calvin and the Anabaptist Radicais, trad. W. trad. W. Heynem (Grand Rapids: Eerdmans,Heynem (Grand Rapids: Eerdmans,

1981) 2. 1981) 2.

14

14 Para uma análise mais profunda do Para uma análise mais profunda do debate de debate de Calvino com os Anabatistas consulte Balke,Calvino com os Anabatistas consulte Balke,Calvin Calvin 

and the Anabaptist

(10)

Foi contra os excessos dos "Entusiastas" ou Foi contra os excessos dos "Entusiastas" ou "Fanáticos" (como eram conhecidos) na área de novas "Fanáticos" (como eram conhecidos) na área de novas revelações contemporâneas do Espírito, que Calvino se revelações contemporâneas do Espírito, que Calvino se concentrou em alguns de seus escritos. Ele escreveu um concentrou em alguns de seus escritos. Ele escreveu um tratado em 1545 intitulado

tratado em 1545 intitulado Contre la secte phantastique Contre la secte phantastique  et furieuse des Libertines qui se nomment spirituelz  et furieuse des Libertines qui se nomment spirituelz 

(Contra a seita fantástica e furiosa dos Libertinos, que se (Contra a seita fantástica e furiosa dos Libertinos, que se chamam de Espirituais), que ainda não foi traduzido chamam de Espirituais), que ainda não foi traduzido para o português.

para o português.11 Freqüentemente em suasFreqüentemente em suas Institutas Institutas 

e comentários Calvino faz menções diretas ou sugestões e comentários Calvino faz menções diretas ou sugestões implícitas sobre este movimento.

implícitas sobre este movimento.

Os "Entusiastas" enfatizavam o ministério didático Os "Entusiastas" enfatizavam o ministério didático do Espírito, um ponto que havia sido resgatado pelos do Espírito, um ponto que havia sido resgatado pelos Reformadores; porém, estavam indo além deles, Reformadores; porém, estavam indo além deles, reivindicando serem ensinados diretamente pelo Espírito reivindicando serem ensinados diretamente pelo Espírito através de novas revelações, por meio de uma 

através de novas revelações, por meio de uma  luz luz  interior.

interior. Afirmavam que o Espírito não podia ficar restrito Afirmavam que o Espírito não podia ficar restrito

a palavras escritas, pois isso diminuiria Sua soberania. a palavras escritas, pois isso diminuiria Sua soberania.   Testar as manifestações espirituais seria desonrar o   Testar as manifestações espirituais seria desonrar o

Espírito. Chegavam a ridicularizar os que se apegavam Espírito. Chegavam a ridicularizar os que se apegavam às Escrituras, pois a consideravam como uma forma  às Escrituras, pois a consideravam como uma forma  inferior e temporária de revelação, e criticavam Calvino e inferior e temporária de revelação, e criticavam Calvino e os demais reformadores por se apegarem

os demais reformadores por se apegarem à letra que à letra que  mata.

mata.

Os "Entusiastas," portanto, eram uma reação à  Os "Entusiastas," portanto, eram uma reação à  escravidão das Escrituras por parte da Igreja que havia  escravidão das Escrituras por parte da Igreja que havia    vigorado até a Reforma, mas uma reação que estava    vigorado até a Reforma, mas uma reação que estava 

indo longe demais. Calvino, naturalmente, indo longe demais. Calvino, naturalmente, simpatizava-se com os "Entusiastas" em vários pontos. Para ambos, se com os "Entusiastas" em vários pontos. Para ambos, as Escrituras, como a Palavra de Deus, não estavam as Escrituras, como a Palavra de Deus, não estavam cativas à interpretação da igreja católica romana, mas cativas à interpretação da igreja católica romana, mas 16

16Para uma análise mais Para uma análise mais profunda do debate de profunda do debate de Calvino com os Anabatistas Consulte Balke, CalvinCalvino com os Anabatistas Consulte Balke, Calvin

and the Anabaptist

and the Anabaptist Radicals. ResumoRadicals. Resumos sobre o movimento Anabatista durante a s sobre o movimento Anabatista durante a Reforma poderão serReforma poderão ser encontrados nos livros clássicos em português de História da I

encontrados nos livros clássicos em português de História da Igreja, como Robert Nichols, W. Walkergreja, como Robert Nichols, W. Walker e Justo Gonzalez (vol. 6)

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deveriam ser livremente examinadas por todos. Calvino, deveriam ser livremente examinadas por todos. Calvino, porém, questionava seriamente a separação entre o porém, questionava seriamente a separação entre o Espírito e a Palavra, e considerava qualquer tendência  Espírito e a Palavra, e considerava qualquer tendência  nesse sentido como "demência".

nesse sentido como "demência".1515 Ele também duvidava Ele também duvidava 

que "novas revelações' fossem uma obra do Espírito que "novas revelações' fossem uma obra do Espírito Santo, e chegava mesmo a suspeitar que os que Santo, e chegava mesmo a suspeitar que os que reinvidicavam receber novas revelações, que excediam as reinvidicavam receber novas revelações, que excediam as Escrituras, estavam sendo guiados por outro espírito, Escrituras, estavam sendo guiados por outro espírito, que não o de Deus. Calvino cria na realidade e na  que não o de Deus. Calvino cria na realidade e na  atuação de espíritos mentirosos, e que satanás estava  atuação de espíritos mentirosos, e que satanás estava  continuamente iludindo as pessoas, procurando continuamente iludindo as pessoas, procurando afastá-las da verdade, trans-figurando-se em "anjo de luz" (2 las da verdade, trans-figurando-se em "anjo de luz" (2 Cor. 11:3,14). Para ele, "novas revelações", na verdade, Cor. 11:3,14). Para ele, "novas revelações", na verdade, eram invenções de espíritos mentirosos, não provinham eram invenções de espíritos mentirosos, não provinham do Espírito Santo, sendo o cumprimento de passagens do Espírito Santo, sendo o cumprimento de passagens como 1 Tim. 4:1-2.

como 1 Tim. 4:1-2.1616

O ENSINO DE CALVINO SOBRE O ESPÍRITO SANTO

O ENSINO DE CALVINO SOBRE O ESPÍRITO SANTO E

E

 A PALAVRA DE DEUS

 A PALAVRA DE DEUS

Calvino não se limitou a criticar os exageros dos Calvino não se limitou a criticar os exageros dos "Entusiastas." Ele apresentou, de forma positiva e "Entusiastas." Ele apresentou, de forma positiva e construtiva, o ensino bíblico sobre a direção divina para  construtiva, o ensino bíblico sobre a direção divina para  a Igreja vivendo após os tempos apostólicos. No livro I a Igreja vivendo após os tempos apostólicos. No livro I das suas

das suas Instituías,Instituías, onde trata de "O Conhecimento deonde trata de "O Conhecimento de

Deus como Criador", Calvino dá o seguinte título ao Deus como Criador", Calvino dá o seguinte título ao capítulo 9: Os

capítulo 9: Os   fanáticos, abandonando as Escrituras e   fanáticos, abandonando as Escrituras e  bandeando-se para revelação, derrubam todos os  bandeando-se para revelação, derrubam todos os    princípios da piedade.

  princípios da piedade. Nesse capítulo, o reformador Nesse capítulo, o reformador 

aborda o ensino dos "Fanáticos", como eram conhecidos aborda o ensino dos "Fanáticos", como eram conhecidos na época, a partirda inseparável relação entre o Espírito na época, a partirda inseparável relação entre o Espírito e a Palavra. e a Palavra. 18  18  Institutas, Institutas, I, 9, 1.I, 9, 1. 19  19 Instituías, I, 9, 2Instituías,I, 9, 2

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O Espírito fala pelas Escrituras

O Espírito fala pelas Escrituras

O ponto central de Calvino era que o

O ponto central de Calvino era que o Espírito fala Espírito fala   pelas Escrituras.

 pelas Escrituras. Não que o Espírito estivesse restrito à Não que o Espírito estivesse restrito à 

pregação da Palavra e aos sacramentos, mas sim, que pregação da Palavra e aos sacramentos, mas sim, que Ele não pode ser dissociado de ambos. O Espírito havia  Ele não pode ser dissociado de ambos. O Espírito havia  sido dado à Igreja, não para trazer novas revelações, e sido dado à Igreja, não para trazer novas revelações, e sim para nos instruir nas palavras de Cristo e dos sim para nos instruir nas palavras de Cristo e dos profetas. De acordo com Calvino, o Espírito sela nossas profetas. De acordo com Calvino, o Espírito sela nossas mentes quando ouvimos e recebemos com fé a palavra  mentes quando ouvimos e recebemos com fé a palavra  da verdade, o evangelho da salvação (Ef. 1:13). Ele da verdade, o evangelho da salvação (Ef. 1:13). Ele limita-Se a guiar os crentes e a iluminar seus limita-Se a guiar os crentes e a iluminar seus entendimentos naquilo que ouviu e recebeu do Pai e do entendimentos naquilo que ouviu e recebeu do Pai e do Filho, e não de Si mesmo (João 16:13). Como o ensino Filho, e não de Si mesmo (João 16:13). Como o ensino divino se encontra nas Escrituras, a obra do Espírito divino se encontra nas Escrituras, a obra do Espírito consiste em iluminá-las, fazendo com que esse ensino consiste em iluminá-las, fazendo com que esse ensino seja entendido pelos fiéis.

seja entendido pelos fiéis.

Contra o desprezo pelas Escrituras da parte de Contra o desprezo pelas Escrituras da parte de muitos "Entusiastas," Calvino citava o exemplo do muitos "Entusiastas," Calvino citava o exemplo do apóstolo Paulo, que mesmo tendo sido arrebatado ao apóstolo Paulo, que mesmo tendo sido arrebatado ao terceiro céu, onde recebeu revelações extraordinárias (2 terceiro céu, onde recebeu revelações extraordinárias (2 Cor. 12:2), ainda assim jamais desprezou as Escrituras, Cor. 12:2), ainda assim jamais desprezou as Escrituras, como se fossem uma forma inferior de revelação, mas as como se fossem uma forma inferior de revelação, mas as reconheceu como suficientes e eficazes, pela graça do reconheceu como suficientes e eficazes, pela graça do Espírito, para edificar a Igreja em todas as coisas Espírito, para edificar a Igreja em todas as coisas concernentes ao reino de Deus (2 Tm. 3:15-17; cf. 1 Tm. concernentes ao reino de Deus (2 Tm. 3:15-17; cf. 1 Tm. 4:13).

4:13).1717

O Espírito é reconhecido pela

O Espírito é reconhecido pela

Sua harmonia com as Escrituras

Sua harmonia com as Escrituras

21

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Outro ponto importante destacado por Calvino nas Outro ponto importante destacado por Calvino nas

Institutas 

Institutas  era que a atuação do Espírito Santo poderia era que a atuação do Espírito Santo poderia 

ser reconhecida pela Sua harmonia com as Escrituras, ser reconhecida pela Sua harmonia com as Escrituras, as quais haviam sido inspiradas pelo próprio Espírito. as quais haviam sido inspiradas pelo próprio Espírito.1818

Calvino desejava apresentar um

Calvino desejava apresentar um critério critério  pelo qual a pelo qual a 

Igreja pudesse

Igreja pudesse discernir discernir  de forma segura, no âmbito da de forma segura, no âmbito da 

experiência religiosa, o que realmente procedia da parte experiência religiosa, o que realmente procedia da parte do Espírito de Deus, ou de espíritos enganadores. Para  do Espírito de Deus, ou de espíritos enganadores. Para  ele, havia somente um critério seguro e infalível: o ele, havia somente um critério seguro e infalível: o Espírito falando nas Escrituras. Assim, não haveria  Espírito falando nas Escrituras. Assim, não haveria  qualquer diminuição do poder e da glória do Espírito qualquer diminuição do poder e da glória do Espírito Santo ao concordar com elas, já que Ele as havia  Santo ao concordar com elas, já que Ele as havia  inspirado. Seria concordar consigo mesmo, e qual a  inspirado. Seria concordar consigo mesmo, e qual a  desonra que poderia haver nisso? Testar as desonra que poderia haver nisso? Testar as manifestações supostamente provenientes do Espírito, manifestações supostamente provenientes do Espírito, usando-se o crivo das Escrituras, era, na realidade, usando-se o crivo das Escrituras, era, na realidade,

agradável 

agradável a Ele, pois Ele mesmo havia determinado quea Ele, pois Ele mesmo havia determinado que

a Igreja assim procedesse com as manifestações a Igreja assim procedesse com as manifestações espirituais. Para Calvino, não poderia haver qualquer  espirituais. Para Calvino, não poderia haver qualquer  contradição entre o ensino bíblico e a atuação do contradição entre o ensino bíblico e a atuação do Espírito nos tempos pós-apostólicos; e é por essa razão Espírito nos tempos pós-apostólicos; e é por essa razão que ele freqüentemente se refere às Escrituras como "a  que ele freqüentemente se refere às Escrituras como "a  imagem do Espírito."

imagem do Espírito."1919

 A soberania do Espírito

 A soberania do Espírito

Um último ponto ao qual desejo me referir é a  Um último ponto ao qual desejo me referir é a  insistência de Calvino sobre a 

insistência de Calvino sobre a  soberania do Espírito soberania do Espírito  Santo 

Santo nesta relação íntima com a Palavra de Deus. Para nesta relação íntima com a Palavra de Deus. Para 

ele, a Palavra é o

ele, a Palavra é o instrumento instrumento pelo qual Deus dispensa a pelo qual Deus dispensa a 

iluminação do Espírito aos crentes.

iluminação do Espírito aos crentes.2020 Assim, Cristo fala Assim, Cristo fala 

22 

22 institutas, I, 9, 2.institutas,I, 9, 2. 20 

20 Para um estudo mais aprofundado, Para um estudo mais aprofundado, veja W. Kreck, "Wort und Geist bei veja W. Kreck, "Wort und Geist bei Calvin", em Festchrift für Calvin", em Festchrift für 

Günther Dehn (Neukirchen, 1957) 168-173. Günther Dehn (Neukirchen, 1957) 168-173.

24  24  Institutas, Institutas, I, 9, 2-3.I, 9, 2-3. 20 20 Ibid.Ibid.

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hoje através do ministro do evangelho, quando o mesmo hoje através do ministro do evangelho, quando o mesmo expõe fielmente a Palavra. O Espírito torna 

expõe fielmente a Palavra. O Espírito torna  eficaz eficaz  a a 

Palavra exposta nos corações dos que a ouvem. Ao Palavra exposta nos corações dos que a ouvem. Ao mesmo tempo, a relação Espírito-Palavra não é mágica, mesmo tempo, a relação Espírito-Palavra não é mágica, ou automática. A Palavra não é como um

ou automática. A Palavra não é como um talismã,talismã, queque

sempre que invocado, libera seu poder mágico, ao sempre que invocado, libera seu poder mágico, ao bel-prazer do seu possuidor. A eficácia da Palavra, ao prazer do seu possuidor. A eficácia da Palavra, ao contrário, está totalmente na 

contrário, está totalmente na dependência da soberania dependência da soberania  do Espírito.

do Espírito.2121 Para Calvino, a afirmação de Paulo de quePara Calvino, a afirmação de Paulo de que

somos ministros de uma nova aliança, do Espírito que somos ministros de uma nova aliança, do Espírito que   vivifica (2 Cor. 3:6), não é uma garantia de que nossa    vivifica (2 Cor. 3:6), não é uma garantia de que nossa  pregação sempre será acompanhada pelo poder  pregação sempre será acompanhada pelo poder    vivificador do Espírito. Pastores não retém o poder de   vivificador do Espírito. Pastores não retém o poder de dispensar a graça do Espírito a qualquer um que eles dispensar a graça do Espírito a qualquer um que eles desejem, nem quando o desejem. É por 

desejem, nem quando o desejem. É por um ato soberano um ato soberano 

que o Espírito torna a Palavra pregada em Palavra eficaz. que o Espírito torna a Palavra pregada em Palavra eficaz.

7 7

  Assim, a eloqüência, a habilidade, a erudição e o   Assim, a eloqüência, a habilidade, a erudição e o fervor do pregador de nada adiantam, se a graça e o fervor do pregador de nada adiantam, se a graça e o poder do Espírito não estiverem presentes. E assim poder do Espírito não estiverem presentes. E assim ocorre, porque

ocorre, porque o mérito sempre deve ser de Cristo, e o mérito sempre deve ser de Cristo, e  nãonão

dos pregadores. dos pregadores.

 A INFLUÊNCIA DE CALVINO NA 

 A INFLUÊNCIA DE CALVINO NA 

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

 A Confissão de Fé de Westminster foi elaborada no  A Confissão de Fé de Westminster foi elaborada no século XVII, quase um século após a morte de Calvino, século XVII, quase um século após a morte de Calvino, por pastores e teólogos puritanos, reunidos com esse por pastores e teólogos puritanos, reunidos com esse finalidade pelo Parlamento Inglês, na Assembléia de finalidade pelo Parlamento Inglês, na Assembléia de   Westminster. O alvo dos eruditos ali reunidos durante   Westminster. O alvo dos eruditos ali reunidos durante  vários anos era um só: formular de forma sistemática a   vários anos era um só: formular de forma sistemática a 

27 

27 Calvin's Commentaries, vol. 20,174; veja ainda Wallace, Calvin's Doctrine of the Calvin's Commentaries, vol. 20,174; veja ainda Wallace, Calvin's Doctrine of the Word and Sacrament, 89-90.Word and Sacrament, 89-90. 23 

23 Institutas, I, 9, 2. Passagens como 1 Cor. 12:1-3, 14:29 e 1 João 4:1, Institutas, I, 9, 2. Passagens como 1 Cor. 12:1-3, 14:29 e 1 João 4:1, entre outras, estabelecem entre outras, estabelecem 

critérios doutrinários pelos quais pode-se julgar

critérios doutrinários pelos quais pode-se julgar as profecias e os profetas.as profecias e os profetas.

26 

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doutrina bíblica, partindo dos princípios de doutrina bíblica, partindo dos princípios de interpretação herdados da Reforma. A Igreja  interpretação herdados da Reforma. A Igreja  Presbiteriana tem adotado essa Confissão como a  Presbiteriana tem adotado essa Confissão como a  expressão correta do ensino das Escrituras.22 Os seus expressão correta do ensino das Escrituras.22 Os seus autores foram profundamente influenciados por João autores foram profundamente influenciados por João Calvino. Essa influência se percebe claramente no Calvino. Essa influência se percebe claramente no ensino da Confissão sobre o Espírito Santo, e em ensino da Confissão sobre o Espírito Santo, e em especial, na relação do Espírito com a Palavra.

especial, na relação do Espírito com a Palavra.

  Assim, no seu capítulo sobre as Escrituras, a    Assim, no seu capítulo sobre as Escrituras, a  Confissão declara, nos melhores termos calvinistas, que Confissão declara, nos melhores termos calvinistas, que a autoridade das Escrituras não depende do testemunho a autoridade das Escrituras não depende do testemunho do homem ou da Igreja, mas de Deus (I, 4), que a nossa  do homem ou da Igreja, mas de Deus (I, 4), que a nossa  certeza da sua infalível verdade e autoridade divina  certeza da sua infalível verdade e autoridade divina  provém do testemunho do Espírito Santo em nossos provém do testemunho do Espírito Santo em nossos corações (1,5), que às Escrituras nada se acrescentará  corações (1,5), que às Escrituras nada se acrescentará  em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições de homens (I, 6). A Confissão nem por tradições de homens (I, 6). A Confissão reafirma, com Calvino, que é necessária a íntima  reafirma, com Calvino, que é necessária a íntima  revelação do Espírito de Deus para a compreensão revelação do Espírito de Deus para a compreensão salvadora das coisas reveladas na Palavra (I, 6), e que, salvadora das coisas reveladas na Palavra (I, 6), e que, finalmente, o Juiz supremo pelo qual todas as finalmente, o Juiz supremo pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser examinadas é o controvérsias religiosas têm de ser examinadas é o Espírito Santo falando nas Escrituras (I, 8).

Espírito Santo falando nas Escrituras (I, 8).

RELEVÂNCIA DO ENSINO DE

RELEVÂNCIA DO ENSINO DE

CALVINO PARA NÓS HOJE

CALVINO PARA NÓS HOJE

 A época em que vivemos

 A época em que vivemos

• A influência do movimento neopentecostal, • A influência do movimento neopentecostal, surgido na década de sessenta, tem-se feito sentir de surgido na década de sessenta, tem-se feito sentir de forma profunda nas denominações evangélicas forma profunda nas denominações evangélicas * 

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históricas, e também dentro da Igreja Presbiteriana do históricas, e também dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil. Não podemos tratar o movimento como um bloco Brasil. Não podemos tratar o movimento como um bloco monolítico existem, dentro dele, diversas correntes e monolítico existem, dentro dele, diversas correntes e ramificações, o que faz com que generalizações ramificações, o que faz com que generalizações tornem-se injustas. Mas, onde aparece com toda a liberdade, o se injustas. Mas, onde aparece com toda a liberdade, o neopentecostalismo manifesta a crença em novas neopentecostalismo manifesta a crença em novas revelações através de profecias e línguas, visões e revelações através de profecias e línguas, visões e sonhos, todos atribuídos ao Espírito Santo, e em alguns sonhos, todos atribuídos ao Espírito Santo, e em alguns casos, práticas estranhas ao cristianismo histórico, que casos, práticas estranhas ao cristianismo histórico, que são atribuídas ao poder do Espírito Santo, como "cair" são atribuídas ao poder do Espírito Santo, como "cair" no Espírito, o "sopro" do Espírito, o "riso santo", no Espírito, o "sopro" do Espírito, o "riso santo", característica principal do movimento conhecido como "a  característica principal do movimento conhecido como "a    bênção de Toronto". Há pastores que pretendem ter    bênção de Toronto". Há pastores que pretendem ter 

controle sobre o Espírito Santo, que presumem controle sobre o Espírito Santo, que presumem concedê-lO pela imposição de mãos, lançá-IO sobre o povo, lO pela imposição de mãos, lançá-IO sobre o povo, girando o paletó, soprando sobre eles, etc, como o girando o paletó, soprando sobre eles, etc, como o conhecido carismático Benny Hinn. Estes conhecido carismático Benny Hinn. Estes super-pastores determinam até mesmo quando o Espírito vai pastores determinam até mesmo quando o Espírito vai curar ou agir, pois marcam com antecedência reuniões curar ou agir, pois marcam com antecedência reuniões de cura e libertação, coisa que nem mesmo o Senhor  de cura e libertação, coisa que nem mesmo o Senhor   Jesus e os apóstolos fizeram.

 Jesus e os apóstolos fizeram.

  As denominações evangélicas (a presbiteriana    As denominações evangélicas (a presbiteriana  incluída!) estão aturdidas, tomadas de surpresa por  incluída!) estão aturdidas, tomadas de surpresa por  esses ensinos. Muitas de suas igrejas locais têm esses ensinos. Muitas de suas igrejas locais têm adotado, em maior ou menor medida, as doutrinas e adotado, em maior ou menor medida, as doutrinas e práticas do neopentecostalismo. Poderíamos receber  práticas do neopentecostalismo. Poderíamos receber  ajuda do ensino de Calvino, nesta hora?

ajuda do ensino de Calvino, nesta hora?

Em que o ensino de Calvino nos ajuda hoje?

Em que o ensino de Calvino nos ajuda hoje?

Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja  testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja  que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a  que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a  íntima iluminação do Espírito para compreender e íntima iluminação do Espírito para compreender e aplicar as Escrituras à sua vida e missão. Corremos o aplicar as Escrituras à sua vida e missão. Corremos o risco de pensar que Calvino, em sua luta contra os risco de pensar que Calvino, em sua luta contra os

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excessos dos "Entusiastas", caiu no extremo do excessos dos "Entusiastas", caiu no extremo do academicismo frio. Balke nos relata o que de fato academicismo frio. Balke nos relata o que de fato ocorreu: "Calvino, o teólogo do Espírito Santo, queria  ocorreu: "Calvino, o teólogo do Espírito Santo, queria  guardar-se contra o fanatismo, sem porém impedir a  guardar-se contra o fanatismo, sem porém impedir a  liberdade do Espírito."

liberdade do Espírito."2323 Como Como  Calvino, devemos nosCalvino, devemos nos

guardar dos excessos de hoje, ao mesmo tempo em que, guardar dos excessos de hoje, ao mesmo tempo em que, submetendo-nos à liberdade do Espírito, procuramos a  submetendo-nos à liberdade do Espírito, procuramos a  Sua iluminação. Todavia, para isso, é necessário Sua iluminação. Todavia, para isso, é necessário arrependimento e saneamento da vida das igrejas focais, arrependimento e saneamento da vida das igrejas focais, dos conselhos, concílios, organizações e instituições dos conselhos, concílios, organizações e instituições eclesiásticas que compõem a IPB. É preciso nos eclesiásticas que compõem a IPB. É preciso nos  voltarmos a Deus em oração, suplicando a iluminaçãodo  voltarmos a Deus em oração, suplicando a iluminaçãodo Espírito, como bem orienta a Carta Pastoral da Igreja  Espírito, como bem orienta a Carta Pastoral da Igreja  Presbiteriana do Brasil sobre o Espírito Santo:

Presbiteriana do Brasil sobre o Espírito Santo:

  Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a    Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a  guardar-se de uma interpretação das Escrituras que guardar-se de uma interpretação das Escrituras que parte dos princípios hermenêuticos equivocados da  parte dos princípios hermenêuticos equivocados da  experiência neopentecostal, a Igreja também adverte experiência neopentecostal, a Igreja também adverte contra uma interpretação intelectualizada e árida das contra uma interpretação intelectualizada e árida das Escrituras, que se esqueceda necessidadeda iluminação Escrituras, que se esqueceda necessidadeda iluminação do Espírito para sua compreensão e de que Deus do Espírito para sua compreensão e de que Deus promete ensinar àqueles que procuram andar em promete ensinar àqueles que procuram andar em santidade e retidão (Sal. 119:18, 33-34; Luc. santidade e retidão (Sal. 119:18, 33-34; Luc. 24:44-45).

45).2424

Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar  Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar  todas as manifestações espirituais pelo crivo da Palavra  todas as manifestações espirituais pelo crivo da Palavra  de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo dessas manifestações. Essa prática está pressupondo dessas manifestações. Essa prática está pressupondo corretamente o ensino bíblico de que o Espírito Santo corretamente o ensino bíblico de que o Espírito Santo não Se contradiz. As Escrituras foram inspiradas por  não Se contradiz. As Escrituras foram inspiradas por  Ele. Embora o Espírito aja de formas distintas em Ele. Embora o Espírito aja de formas distintas em 28

28Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals,Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals, 326.326. 29

29 "O Espírito Santo Hoje - Os Dons de Línguas e Profecia", em"O Espírito Santo Hoje - Os Dons de Línguas e Profecia", em Carias Pastorais Carias Pastorais (São Paulo: Casa(São Paulo: Casa

Editora Presbiteriana, 1995). O documento foi

Editora Presbiteriana, 1995). O documento foi elaborado pela Comissão Permanente de Doutrina daelaborado pela Comissão Permanente de Doutrina da IPB.

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épocas distintas, jamais o faz em contradição ao que nos épocas distintas, jamais o faz em contradição ao que nos revelou na Palavra. Deveríamos estar abertos para o fato revelou na Palavra. Deveríamos estar abertos para o fato de que o Espírito tem enfatizado aspectos diferentes da  de que o Espírito tem enfatizado aspectos diferentes da  Palavra em épocas diferentes - porém, jamais indo além Palavra em épocas diferentes - porém, jamais indo além dela ou contra ela.

dela ou contra ela.

Em terceiro lugar, o ensino de Calvino nos alerta  Em terceiro lugar, o ensino de Calvino nos alerta  contra os que pretendem ter total controle sobre o contra os que pretendem ter total controle sobre o Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito pela imposição de mãos, que "ensinam" aos crentes pela imposição de mãos, que "ensinam" aos crentes imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a  imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a  rejeitar todo ensino, movimento, culto, liturgia, onde a  rejeitar todo ensino, movimento, culto, liturgia, onde a  Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Espírito fala pela Palavra, a Pa

Espírito fala pela Palavra, a Palavra deve ser o centro.lavra deve ser o centro.

Muitos presbiterianos consideram-se calvinistas e Muitos presbiterianos consideram-se calvinistas e reformados, mas quantos realmente percebem as reformados, mas quantos realmente percebem as implicações do ensino calvinista reformado sobre a obra  implicações do ensino calvinista reformado sobre a obra  do Espírito para as práticas neopentecostais que são do Espírito para as práticas neopentecostais que são aceitas em muitas das nossas igrejas? Calvino foi, de aceitas em muitas das nossas igrejas? Calvino foi, de fato, um homem do Espírito Santo, que guiado por Ele, fato, um homem do Espírito Santo, que guiado por Ele, tornou-se o principal instrumento de Deus para a  tornou-se o principal instrumento de Deus para a  Reforma do século XVI, movimento que, na realidade, foi Reforma do século XVI, movimento que, na realidade, foi um dos maiores avivamentos espirituais ocorridos na  um dos maiores avivamentos espirituais ocorridos na  Igreja Cristã, após o período apostólico. Todos nós Igreja Cristã, após o período apostólico. Todos nós queremos um avivamento espiritual, da mesma  queremos um avivamento espiritual, da mesma  magnitude. Calvino, que viveu e ministrou em meio magnitude. Calvino, que viveu e ministrou em meio àquela tremenda manifestação de poder divino, não teve àquela tremenda manifestação de poder divino, não teve receio de ofender o Espírito por inquirir, de forma  receio de ofender o Espírito por inquirir, de forma  profunda e meticulosa, sobre a genuinidade dos profunda e meticulosa, sobre a genuinidade dos fenôme-nos que sempre acompanham os grandes movimentos nos que sempre acompanham os grandes movimentos espirituais da história. Se por um lado não devemos ter  espirituais da história. Se por um lado não devemos ter  medo do que o Espírito possa fazer, por outro, devemos medo do que o Espírito possa fazer, por outro, devemos temer a obra espúria dos espíritos enganadores, corno temer a obra espúria dos espíritos enganadores, corno também o nosso próprio coração enganoso.

também o nosso próprio coração enganoso.

E por fim, vale a pena mencionarmos que "a era do E por fim, vale a pena mencionarmos que "a era do Espírito Santo", como é conhecida em muitos meios Espírito Santo", como é conhecida em muitos meios

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neopentecostais, iniciou-se, não em 1906, com a reunião neopentecostais, iniciou-se, não em 1906, com a reunião na rua Azuza, nos Estados Unidos, mas desde o dia de na rua Azuza, nos Estados Unidos, mas desde o dia de Pentecoste. As evidências bíblicas são numerosas. Em Pentecoste. As evidências bíblicas são numerosas. Em seu sermão no dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro seu sermão no dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro declarou que a descida do Espírito estava inaugurando declarou que a descida do Espírito estava inaugurando os últimos dias (Atos 2:16-21). Os demais apóstolos os últimos dias (Atos 2:16-21). Os demais apóstolos ensinaram, semelhantemente, que os últimos dias, a  ensinaram, semelhantemente, que os últimos dias, a  dispensação anterior ao dia do julgamento final, já havia  dispensação anterior ao dia do julgamento final, já havia  chegado (1 Cor. 7:29; 1 João 2:18). Enfatizo esse ponto chegado (1 Cor. 7:29; 1 João 2:18). Enfatizo esse ponto pois alguns poderiam argumentar que estamos vivendo pois alguns poderiam argumentar que estamos vivendo hoje na "era do Espírito", e que Calvino viveu antes hoje na "era do Espírito", e que Calvino viveu antes dessa época. Os que assim acreditam, afirmam que hoje dessa época. Os que assim acreditam, afirmam que hoje o Espírito está agindo de uma forma muito mais intensa, o Espírito está agindo de uma forma muito mais intensa, e mesmo, diferente, da época da Reforma, e que, e mesmo, diferente, da época da Reforma, e que, portanto, o que Calvino experimentou e ensinou está, portanto, o que Calvino experimentou e ensinou está, num certo sentido, ultrapassado. Entretanto, as num certo sentido, ultrapassado. Entretanto, as Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena época do apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena época do Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O ensino de Calvino, por ser bíblico, pode nos servir de ensino de Calvino, por ser bíblico, pode nos servir de   balizamento, indicando-nos o estreito caminho do   balizamento, indicando-nos o estreito caminho do

equilíbrio, entre uma vida de piedade e uma mente equilíbrio, entre uma vida de piedade e uma mente firmada nas antigas doutrinas da graça.

Referências

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