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AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE) DO MUNICÍPIO DE VALINHOS/SP

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Academic year: 2021

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EIXO TEMÁTICO: Tecnologias

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO (ETE) DO MUNICÍPIO DE VALINHOS/SP

Denis Rafael de Souza Lima 1 Aline Maria Lodis 2 Isabela Luiza Alves de Almeida 3 Mayla Milena Kantor Arantes 4

Vanderlei Inácio de Paula 5

RESUMO: Os esgotos sanitários geralmente apresentam alta carga orgânica, substâncias

químicas tóxicas e micro-organismos, sendo que, uma vez dispostos sem o devido tratamento podem ocasionar danos à saúde pública e ao meio ambiente. Mesmo após seu tratamento a avaliação da eficiência da remoção destes parâmetros se faz necessária, a fim de garantir um lançamento adequado nos corpos receptores e atender as legislações vigentes. Este estudo analisou a eficiência da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Capuava, no município de Valinhos/SP, com base em informações fornecidas pelo Departamento de Água e Esgoto da cidade. De acordo com os dados levantados foi possível constatar que, no período analisado, a mesma apresentou eficiência satisfatória conforme os padrões de lançamento das legislações vigentes, exceto para o parâmetro nitrogênio amoniacal.

Palavras-chave: Esgoto Sanitário. Saneamento. ETE.

1. INTRODUÇÃO

Uma parcela significativa das águas depois de utilizadas para o abastecimento público e nos processos produtivos retorna “suja” aos cursos d’água na forma denominada de esgoto, em muitos casos levando ao comprometimento de sua qualidade para os diversos usos, inclusive para a agricultura. Dependendo do grau de contaminantes, essa água residual pode ser imprópria para a vida, causando, por exemplo, a mortandade de peixes e outros seres vivos. Também pode haver liberação de compostos voláteis, que provocam mau cheiro e sabor acentuado, e poderão trazer dificuldades em uma nova operação de purificação e tratamento dessa água (GUIMARÃES; NOUR, 2001).

Estima-se que 80% das doenças e mais de um terço das mortes no Brasil estão associadas à utilização e consumo de águas contaminadas (GALAL-GORCHEV, 1996 apud GUIMARÃES; NOUR, 2001).Outra preocupação é a escassez dos recursos naturais, decorrente do crescimento acelerado da população mundial e das indústrias, do consumo excessivo e do descarte irresponsável dos resíduos (MARQUES, 2013). De acordo com Silva (2014), a falta de saneamento básico tem acarretado diversos problemas à população, sendo que a proliferação de

1 Graduando em Engenharia Química, UniAnchieta. <denis_rsl@yahoo.com.br>. 2 Graduanda em Engenharia Química, UniAnchieta.

3 Graduanda em Engenharia Química, UniAnchieta. 4 Graduanda em Engenharia Química, UniAnchieta.

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doenças de veiculação hídrica é gerada através dos esgotos que correm a céu aberto e também pela poluição dos mananciais.

O tratamento de efluentes domésticos e industriais no Brasil é previsto por algumas leis, como por exemplo, as Resoluções nº 357/2005 e 430/2011, do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que estabelecem o enquadramento dos corpos d’água em classes e os padrões de lançamentos. No estado de São Paulo o Decreto estadual 8468/76 define os parâmetros de lançamento de efluentes provenientes de qualquer fonte poluidora. Devem ser sempre adotados os limites legais mais restritivos em casos de diferenças entre as legislações federal e estadual.

Nos últimos anos a crescente preocupação com a qualidade do meio ambiente e o avanço de tecnologias para o tratamento de efluentes líquidos melhoraram a situação nacional quanto ao tratamento de esgoto doméstico. Todavia, os índices de tratamento e a eficiência dos processos ainda estão aquém do desejável (ALTVATER et al., 2009). Levando este fato em consideração, faz-se necessária a avaliação periódica da eficiência das estações de tratamento de esgotos em operação, garantindo que o mesmo seja devolvido ao meio ambiente sem riscos de contaminação do solo e dos recursos hídricos, diminuindo assim a incidência de doenças relacionadas à ausência ou má qualidade do saneamento básico e melhorando a qualidade de vida da população.

Diversos autores têm desenvolvido pesquisas relacionadas à avaliação da eficiência dos sistemas de tratamento de esgoto em vários estados (SILVA, 2014; SATELES et al., 2003; PIRES et al.,2015; MORAIS, 2011), visando confirmar o atendimento ou não dos parâmetros de descarte e subsidiando ações para adequação dos mesmos.

O objetivo deste trabalho é realizar uma avaliação da eficiência da estação de tratamento de esgotos (ETE) do município de Valinhos-SP, com base em dados atingidos para alguns parâmetros de qualidade dos esgotos, afluente e efluente da estação, referente ao primeiro semestre do ano de 2015.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Capuava, no município de Valinhos, cidade do interior do estado de São Paulo, localizada na região metropolitana de Campinas, com população estimada de 120.258 habitantes, território de 148,5 Km2, densidade demográfica de 718,70 hab/Km2 e Índice de Desenvolvimento Humano de 0,819 (IBGE, 2016).

O setor de águas e esgotos da Prefeitura Municipal de Valinhos foi transformado em autarquia no ano de 1970 por meio de lei municipal, passando a ter personalidade jurídica pública, com autonomia econômico-financeira e administrativa. Desde então, o DAEV (Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos) vem atuando no abastecimento de água potável e de esgotos sanitários da cidade, possuindo atualmente 580 Km de rede de esgotamento sanitário e tratando 27 milhões de litros de água por dia.

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O sistema de tratamento atual da ETE é do tipo anaeróbio, com Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (RAFA), também conhecido como UASB (Upward-flow Anaerobic Sludge Blanket) seguido por Flotação, com capacidade nominal de 350 L/s (B&B Engenharia, 2016). O processo se dá pela decomposição da matéria orgânica presente no efluente por meio de bactérias anaeróbias. Atualmente, a cidade possui um índice de atendimento urbano com esgoto sanitário de 92,0% e todo o esgoto coletado é tratado na ETE Capuava. O sistema conta com conjuntos elevatórios, gradeamento (grosso e fino), peneira rotativa, caixas de areia, sistema de flotação, centrífugas, reator para tratamento dos gases e queimador de gases tipo “flare”.

A pesquisa realizada foi de especificidade experimental, através de dados realizados e disponíveis na estação de tratamento de esgotamento sanitário do município de Valinhos. Os dados levantados foram dos seguintes parâmetros: pH; Alcalinidade; Turbidez; Demanda Química de Oxigênio (DQO); Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO); Sólidos Sedimentáveis; Sólidos Suspensos Totais; Sólidos Suspensos Totais Fixos; Sólidos Suspensos Totais Voláteis; Sólidos Totais; Sólidos Totais Fixos; Sólidos Totais Voláteis; Sulfato; Fósforo Total; Fosfato Total; Nitrogênio Amoniacal; Nitrito; Nitrato; Óleos e Graxas; Coliformes Totais e Coliformes Fecais (E.coli).

As análises foram realizadas de acordo com o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 22ª edição e métodos U.S. EPA (United States Environmental Protection Agency) aplicáveis. O período de coleta dos dados foi referente ao primeiro semestre do ano de 2015. Todas as análises foram realizadas com o afluente e efluente da estação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atualmente, existem diversas leis que regulamentam o lançamento de esgotos sanitários nos corpos receptores, assim como também determinam os parâmetros para que sejam aceitos nos sistemas de tratamento (SILVA, 2014). A tabela 1 apresenta as médias dos parâmetros avaliados neste estudo, para afluente e efluente da estação de esgotamento sanitário da cidade de Valinhos no primeiro semestre de 2015 e seu atendimento ou não à legislação, quando aplicável. Os resultados na tabela demonstram a conformidade da estação de tratamento de esgotos da cidade de Valinhos mediante a legislação para todos os parâmetros analisados, exceto o nitrogênio amoniacal, cuja média do efluente da ETE é de 46,4 mg/L, acima do dobro do padrão estabelecido pela Resolução CONAMA 430/2011, que é de 20 mg/L.

Outro aspecto referente ao nitrogênio amoniacal é que no dimensionamento da ETE, a expectativa era de uma eficiência de 35% de remoção nos tanques de flotação, o que não tem de fato acontecido (B&B Engenharia, 2016). O nitrogênio presente em águas residuais domésticas provém da atividade humana através de material fecal presente nas proteínas. Esta por sua vez, sofre a ação decompositora bacteriana com consequente liberação de nitrogênio amoniacal. O nitrogênio merece especial atenção nas análises químicas das amostras dos esgotos porque sendo um nutriente indispensável para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela

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depuração biológica, seus compostos favorecem o desenvolvimento de algas e plantas aquáticas que podem comprometer a qualidade dos efluentes, caso sua presença seja excessiva, favorecendo o aparecimento da eutrofização nos corpos receptores.

Tabela 1. Médias dos parâmetros analisados na ETE Capuava (afluente e efluente)

Parâmetro Unidade Concentração Média (1º semestre 2015) Eficiência

Média (%) Limite Atende a legislação vigente? Afluente Efluente pH - 7,5 7,3 - 5 a 9 Sim

Alcalinidade (mg/L CaCO3) 221,1 235,9 - N/A

Turbidez (UNT) 267,5 86,0 67,9 100 UNT

(máx.) Sim

Cor Verdadeira (mg Pt/L) 304,5 134,7 55,8 N/A

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) (mg/L O2) 455,9 49,9 88,9 60 mg/L (máx.) - 80% de remoção (mín.) Sim Demanda Química

de Oxigênio (DQO) (mg/L O2) 644,8 114,8 81,6 N/A

Sólidos Sedimentáveis (mg/L SS) 6,3 0,2 96,9 N/A Sólidos Suspensos Totais (mg/L SST) 257,3 40,3 84,4 20% de remoção após desarenação (mín.) Sim Sólidos Suspensos

Totais Fixos (mg/L SSTF) 49,3 20,5 55,7 N/A

Sólidos Suspensos

Totais Voláteis (mg/L SSTV) 207,9 19,8 90,5 N/A

Sólidos Totais (mg/L ST) 798,5 443,1 44,3 N/A

Sólidos Totais Fixos (mg/L STF) 353,5 305,4 13,6 N/A

Sólidos Totais

Voláteis (mg/L STV) 445,0 137,7 68,6 N/A

Sulfato (mg/L SO42-) 44,1 12,6 69,7

250 mg/L

(máx.) Sim

Fósforo Total (mg/L P) 16,2 3,0 81,1 N/A

Fosfato Total (mg/L PO43-) 49,4 9,5 80,1 N/A

Nitrogênio Amoniacal (mg/L N-NH3) 39,8 46,4 -16,6 20 mg/L (máx.) Não Nitrito (mg/L N-NO2-) 3,5 0,8 73,0 1,0 mg/L (máx.) Sim Nitrato (mg/L N-NO3- ) 6,9 1,6 76,4 10,0 mg/L (máx.) Sim Óleos e Graxas (mg/L) 83,5 9,3 89,1 100 mg/L (máx.) Sim

Coliformes Totais (NMP/100mL) 5,7E+07 3,0E+06 94,8 N/A

Coliformes Fecais -

E.coli (NMP/100mL) 3,0E+07 1,1E+06 88,0 N/A

Fonte: Autores

Alguns parâmetros da tabela marcados como “N/A”, não aplicável, no quesito de atendimento à legislação vigente não possuem limites determinados na legislação brasileira para efluentes de estações de tratamento de esgoto. Todavia, a contribuição do efluente não pode elevar os referidos parâmetros acima do permitido para o corpo receptor em questão.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos parâmetros analisados os resultados permitem concluir que a ETE de Valinhos/SP realiza as análises necessárias para um controle operacional efetivo e atende a todos os parâmetros de lançamento para o efluente da estação, exceto o nitrogênio amoniacal.

Alguns aspectos a ser considerados para futuro atendimento envolvem a necessidade de investigação das fontes poluidoras de origem não doméstica, provavelmente originadas por despejos clandestinos no sistema de esgotamento sanitário.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. A.; ALMEIDA, N. A. M. Remoção de coliformes do esgoto por meio de espécies

vegetais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 07, n. 03, p. 308 - 318, 2005.

ALTVATER, P. K.; SANTOS, D. C.; MANNICH, M. Sistema biológico alternativo para

pós-tratamento de esgoto. Revista DAE, n. 181, p. 23-32, 2009.

B&B ENGENHARIA. R.156.056.124.15 – Prestação de Serviços Técnicos Especializados para

a Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico e Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos. Valinhos. 2016. Disponível em:

<http://www.valinhos.sp.gov.br/portal/images/gsmidia/2016/secretarias/planejamento/RelatorioPro g_P4_5_6_Valinhos_3VFinal_Completo.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2016.

GALAL-GORCHEV, Desinfección del agua potable y subproductos de inter’s para la salud.

In: La calidad del agua potable en America Latina: Ponderación de los riesgos microbiológicos contra los riegos de los subproductos de la desinfeccíon química, Craun, G.F. e Castro, R., eds., p. 89-100. ILSI Press: Washigton, EUA, 1996.

GUIMARÃES, J. R.; NOUR, E. A. A. Tratando nossos esgotos: processos que imitam a natureza.

Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, 2001. Disponível em:

<http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/esgotos.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Portal Cidades@.

Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=355620&search=sao-paulo|valinhos>. Acesso em: 22 abr. 2016.

MARQUES, L. R. Tratamento de Esgoto: um Texto Didático para o Ensino Médio. Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Química. Universidade De Brasília, Instituto De Química. Brasília. 2013.

MORAIS, J. C. Avaliação da eficiência e dos problemas operacionais de uma estação de

tratamento de esgotos ao longo de 13 anos de monitoramento. 2011. Dissertação (Mestrado

em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Pernambuco.

PIRES, D. P.; SILVA, F. H. B. T. ; MONTEIRO, C. A. B. . Avaliação da eficiência da estação de

tratamento de esgoto ETE-Alegria em Teresina-PI. In: Congresso Técnico Científico da

Engenharia e da Agronomia, 2015, Fortaleza. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia, 2015. v. 1.

SATELES, W. DE P.; MEDRADO, F. E. DA P. E S.; PASQUALETTO, A. Eficiência das lagoas

de estabilização da estação de tratamento de esgoto do parque Atheneu, Goiânia. Trabalho

de conclusão de curso, Faculdade de Engenharia da Universidade Católica de Goiás. n. 62, p. 1-16, 2003.

SILVA, J. H. N. Perfil físico-químico do sistema de uma estação de tratamento de

esgotamento sanitário no interior de São Paulo. UNAR. Revista Científica do Centro

Referências

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