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CRIAÇÃO DE SUÍNOS EM CAMA SOBREPOSTA: FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

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CRIAÇÃO DE SUÍNOS EM CAMA SOBREPOSTA:

FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

Paulo Armando V. de Oliveira1

O grande desafio dos produtores de suínos, atualmente, é a exigência da sustentabilidade ambiental das regiões de produção intensiva. De um lado existe a pressão pela concentração de animais em pequenas áreas de produção, e pelo aumento da produtividade e, do outro, que esse aumento não afete o meio ambiente. Porém, esses dois desafios são antagônicos, ou seja, de um lado o aumento dos plantéis gerando um volume maior de resíduos em pequenas áreas a serem manejados e, de outro, o conseqüente agravamento dos riscos de degradação do meio ambiente.

Encontrar um modo de manejo adequado aos dejetos líquidos de suínos é o maior desafio para a sobrevivência das zonas de produção intensiva, em razão de uma parte dos riscos de poluição das águas superficiais e subterrâneas por nitratos, fósforo e outros elementos minerais ou orgânicos e do ar pelas emissões de NH3, CO2, N2O e H2S e, de outra parte, em função dos custos e dificuldades de tratamento de armazenamento, de transporte, de distribuição e de utilização na agricultura.

Os sistemas confinados constituem a base de expansão e da maior produtividade da suinocultura, porém induzem a adoção de manejo de dejetos na forma líquida, favorecendo o lançamento de seus efluentes na natureza (sem tratamento prévio) ocasionando um intenso processo de degradação ambiental. A recomendação técnica para o manejo desses resíduos líquidos é o armazenamento e tratamento em esterqueiras, bioesterqueiras ou lagoas para posterior uso em lavouras como fertilizante. Vários trabalhos de pesquisa ou de observação desenvolvidos em institutos de pesquisa, universidades ou pelas indústrias têm demostrado que todos esses tratamentos, embora reduzindo o potencial poluidor dos dejetos, não permitem que o resíduo final seja lançado diretamente nos cursos d’água. Com o aumento do efetivo de suínos em pequenas áreas, e conseqüente aumento do volume de dejetos líquidos produzidos, a exigência de áreas de lavoura com declividade adequada ao uso de sistemas de distribuição líquida, é aumentada proporcionalmente ao número de animais em produção. Podemos observar na região Oeste Catarinense onde se concentra em torno de 76% do total efetivo de suínos no estado que tal situação faz com que ocorra uma grande densidade de dejetos por unidade de área, não permitindo um adequado aproveitamento, ocasionando sérios problemas de poluição dos recursos naturais.

1 Eng. Agríc, D.Sc., Embrapa Suínos e Aves, Caixa Postal 21, CEP 89700-000, Concórdia-SC, e-mail:

paolive@cnpsa.embrapa.br

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O sistema de criação de suínos dominante, atualmente nas fases de crescimento e terminação é do tipo ripado total ou ripado parcial (81%) sendo os dejetos manejados internamente sob o piso ripado ou externamente em canaletas abertas. Todos esses sistemas exigem a utilização de esterqueiras ou de lagoas para o armazenamento dos dejetos líquidos. O volume total dos dejetos líquidos produzidos (dejetos líquidos produzidos pelos animais + perda de água nos bebedouros + água utilizada na limpeza) requer grandes estruturas para o armazenamento (os órgãos de fiscalização ambiental preconizam um tempo mínimo de 120 dias de retenção), áreas com culturas suficientes para o aproveitamento agronômico desses resíduos, e também, a disponibilidade de máquinas e equipamentos para o transporte e distribuição.

Sistemas de produção sobre leitos (Maravalha ou Palha)

O sistema de criação sobre camas constitui-se uma alternativa onde os dejetos sofrem uma compostagem “in situ” (1,2,4,6), visando uma redução dos riscos de poluição e melhor valorização agrônomica. Para que esse processo seja eficiente certas condições do meio devem serem respeitadas a exemplo do pH entre 5,5 e 8; relação C/N entre 25 e 35; matéria seca entre 35 e 50% e condições aeróbias graças a um meio poroso (1).

No sistema de criação sobre piso ripado a água é conservada e armazenada sob o piso ou sistemas de lagoas. Enquanto que no sistema de criação sobre leito permite evaporar quase a totalidade da fração de água contida nos dejetos, graças ao processo de compostagem, reduzindo os custos da edificação, armazenagem, transporte e distribuição em relação aos sistemas com piso ripado. Essa evaporação representa em média 5,7 lit. de água por suíno e por dia, enquanto que a quantidade de água introduzida ou gerada pelo sistema é de 6,1 lit. Os resultados mostram a necessidade de bem escolher e manejar o suporte que forma o leito com finalidade de favorecer a evaporação d’água e diminuir o volume dos dejetos.

O sistema de criação sobre cama é uma alternativa viável para a produção de suínos em substituição ao sistema de criação sobre piso ripado (total ou parcial). Os animais criados sobre camas mantém a mesma performance zootécnica que os animais criados sobre o piso ripado, tido como referência. Observou-se maior produção de NH3 (>50%) e maior

formação de hiperqueratose no estômago dos animais criados no sistema de piso ripado comparados com os sistemas sobre leito de maravalha. O resíduo final, após a criação de 4 lotes de suínos sobre o mesmo leito de maravalha, apresenta uma relação C/N em torno de 16, o que permite o uso direto nas lavouras.

Comparação do desempenho zootécnico de suínos

O objetivo é de comparar o desempenho dos suínos criados no sistema de piso ripado tido como referência aos animais criados em camas de

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maravalha. Foram realizados experimentos no Laboratório de Bioclimatologia do INRA-França, que é formado por um prédio totalmente climatizado no interior do qual foram construídos modelos reduzidos de edificações representativas dos sistemas de criação de suínos existentes, durante os anos de 1996 e 1999. Na comparação foram utilizados 2 sistemas de criação, um com piso ripado total (SPR) e outro com um piso formado por um leito de maravalha (SPC). Os experimentos foram conduzidos simultaneamente nos dois sistemas de produção que utiliza a ventilação natural e tem capacidade para a criação de 12 suínos entre 25 e 100 Kg, em cada sistema. A superfície útil por animal foi de 0,65 m2 no SPR e de 1,10 m2 no SPC. A temperatura externa durante os experimentos foi mantida em 12 ºC (+1,5) e a umidade relativa do ar exterior em 65% (+10%). A temperatura interna (22 ºC+1,5) foi escolhida como a finalidade de manter a relação água/ração entre 2,3 e 2,5. Foi adotado como espessura de cama de maravalha de 0,60 m. A ração durante os experimentos continha em média 3.200 Kcal/Kg de energia digestível, 16% de proteína bruta, 4% de gordura e 0,92% de lisina total. Os animais utilizados nos experimentos foram fêmeas cruzadas de raça Piétrain x Large White, pesados no início e no final dos experimentos, também foram realizadas pesagens intermediárias para o acompanhamento do desenvolvimento animal. Foi avaliada a qualidade e rendimento de carcaça dos animais bem como a taxa de músculo. A concentração de amônia (NH3; ppm) foi medida diariamente

assim como o CO2 (ppm). Foram avaliadas as lesões no aparelho

respiratório e no estômago (1,2). Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância (GLM do SAS) e a comparação das médias pelo teste de Tukey (15).

Resultados observados

As médias gerais do desempenho zootécnico dos animais nos experimentos realizados estão na Tabela 1. O peso médio dos animais foi ligeiramente superior no sistema de criação de suínos sobre camas, mas a diferença não foi significativa (P>0,05). Não houve diferença (P>0,05) para a resposta animal para o consumo de alimento, a conversão alimentar, o ganho de peso. A taxa de músculo não apresenta diferença (P>0,05) entre os sistemas de criação estudados. Os resultados da taxa de músculo são ligeiramente superiores as criações com mistura de sexo, podemos atribuir este resultado em função da ausência de animais castrados no caso deste estudo. Não houve diferença (P>0,05) na comparação da qualidade de carcaça e na espessura de gordura nos animais criados nos diferentes sistemas de criação (1). Estes resultados são em acordo com os observados na literatura (3,4,6).

A concentração de NH3 observada foi significativamente diferente

(P<0,05) para os sistemas estudados, sendo que as concentrações médias observadas foram de 15,2+6,4 ppm no sistema SPR e de 9,7+4,2 no sistema SPC, e os picos observados foram de 28,4 e 20,7 (ppm) para os SPR e SPC, respectivamente. Estes resultados estão de acordo com os

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obtidos por Nicks et al. (6) que comparou a produção de NH3 em quatro

lotes sucessivos de suínos criados sobre uma mesma cama. As concentrações médias de CO2 (ppm) observadas foram superior no sistema

SPC (1127+232) quando comparado com o sistema SPR (799+163), a diferença pode ser atribuída a produção de CO2 pelo processo de

compostagem que ocorre na cama.

Na avaliação de lesões Pulmonares e de Rinite Atrófica, a nível de abatedouro, não foi encontrada diferença (P<0,05) entre os animais criados nos sistemas estudados. Os resultados de avaliação de lesões de úlcera observadas no abatedouro mostraram maior formação de hiperqueratose nos animais criados em SPR quando comparados ao SPC. Em média 70% dos animais criados sobre cama apresentaram uma mucosa normal (lisa de coloração branca), enquanto que em média somente 30% dos animais criados em piso ripado apresentaram uma mucosa com tais características. Sobre o rendimento de carcaça não observou-se diferença (P>0,05) entre os animais criados no SPR e no SPC.

Tabela 1 – Comparação da performance zootécnica, da taxa de músculo e do rendimento

de carcaça dos animais criados sobre o piso ripado ou sobre cama da maravalha.

Experimento ano 1 Experimento ano 2 Resultados médios

Ripado Cama Ripado Cama

Peso Inicial (Kg) 29,8+1,2 30,5+1,4 31,5+1,7 31,6+1,4

Peso 1ª medida (Kg) 62,9+2,9 62,6+3,7 52,2+8,3 54,8+4,2

Peso 2ª medida (Kg) 76,7+5,2 78,8+6,4 72,9+8,9 74,1+6,7

Peso final (Kg) 99,9+7,5 102,3+7,9 95,6+12,6 95,8+10,3

Consumação ração (Kg) 189,7 191,8 187,3 184,2

Ganho de peso (g/dia) 779 794 712 715

Conversão alimentar 2,71 2,67 2,91 2,87

Taxa de músculo (%) 60,3+2,4 60,9+1,8 58,7+3,5 60,5+1,6

Peso carcaça quente (Kg) 81,7+5,6 82,7+7,7 78,1+10,2 77,8+8,4

Rendimento carcaça (%) 81,9+2,7 81,8+2,6 82,3+1,2 82,8+1,0

Balanço d’água em sistemas confinados de criação de suínos sobre cama

O objetivo é propor um método para o balanço dos diferentes fluxos e armazenamento d’água no interior dos sistemas de produção, tanto sistemas com o uso de camas como sistemas com uso de piso ripado. Este método foi validado pelo balanço de massa realizada no sistema de produção de suínos em piso ripado. Os experimentos realizados foram os mesmos descritos anteriormente e realizados no Laboratório de Bioclimatologia do INRA-França, somente foram selecionados 2 experimentos para a realização do balanço d’água. As temperaturas de bulbo seco e úmido (interior e exterior) foram medidas por termopares do tipo K e a vazão de ar, entrada e saída, por um anemômetro do tipo fio quente, continuamente a cada 2 minutos nos sistemas de produção estudados. A umidade e a massa da cama foram medidas no início (Exp. 1-média de 60,4% de umidade por 7.111 kg de massa; Exp. 2-média de 65,9% de umidade por 5.096 Kg de

(5)

massa) e ao final da experimentação (Exp. 1-média de 67,3% de umidade por 6.632 Kg de massa; Exp.2-média de 61,1,3% de umidade por 5.842 Kg de massa). Os volumes dos dejetos líquidos produzidos no sistema SPR foram medidos ao final dos experimentos (2.908 Kg Exp. 1 e 2.636 Kg Exp. 2). Os suínos foram alimentados à vontade e a água e o alimento consumidos foram medidos diariamente. Os animais utilizados (72) nos experimentos foram fêmeas cruzadas de raça Piétrain x Large White.

A produção total de calor foi estimada tendo como base nas medidas de temperatura, de umidade relativa do ar, da vazão de ar, deduzindo-se os aportes artificiais de calor e levando em consideração as perdas através das paredes da célula de criação (1). As medidas de fluxos de vapor d’água extraídos das células de produção (φEau, lit.) foram medidas por diferença entre a umidade específica do ar no interior e no exterior das células (hs – he), pela vazão do ar evacuado (D, m3/h) e pelo volume específico do ar não saturado (Vesp) e estimado pela seguinte equação; φEau = (hs – he) x (D / Vesp) (1,12,14). A estimação da produção de vapor d’água pelos animais foi calculada baseada nas equações da CIGR (13). A água metabólica produzida pelo suíno pode ser estimada com base na sua produção de CO2,

pois para cada molécula de CO2 produzida pelo animal está associada a ela

uma molécula de H2O (1). A equação que permite estimar a produção é

H2Omet=[CO2 / volume molar CO2] x massa molar H2O. A água metabólica

(H2Ometlit) produzida na cama durante o processo de compostagem foi

estimada por VAN FAASEN (1992), citado por (1,2), que a estima em média de 0,26 lit. por suíno e por dia.

A água retida no corpo do suíno (H2Ocorp, lit) pode ser calculada em

função da quantidade de proteína retida (Pret.) pelo animal (5); H2Ocorp = K.

4,889.Pret0,885. O volume de dejetos líquidos produzidos pelos animais foi estimado em função dos resultados encontrados na literatura (1,2,6) e em função das medidas efetuadas na célula com piso ripado. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância (GLM do SAS) e a comparação das médias pelo teste de Tukey (15).

Resultados observados

O resultado médio do desempenho zootécnico dos animais está na Tabela 1. O consumo de alimento, a conversão alimentar, o ganho de peso e a taxa de músculo não apresentaram diferença (P>0,05) entre os tratamentos estudados. O consumo de água tende a ser mais elevado no sistema de criação sobre camas quando comparado ao sistema de piso ripado, sendo em média de 22,7 litros/suíno ou uma diferença de 0,25 litros de água consumidos diariamente (Tabela 2).

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Tabela 2 – Resultado médio do desempenho zootécnico dos suínos criados em sistemas de

piso ripado (SRP) e em cama de maravalha (SPC).

Variáveis Piso Ripado Sistema Cama

Consumo tot. alimento (kg) 189,7 191,8

Consumo tot. água (lit) 423,7A 446,4B

Conversão alimentar (kg/kg) 2,71 2,67

Ganho de peso (g/dia) 779 794

Músculo (%) 60,3+2,4 60,9+1,8

(A,B) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05).

A quantidade de água evaporada pelos sistemas estudados é apresentada na Tabela 3. A quantidade de água total extraída foi em média de 516 lit. no SPC e 278 lit. no SPR ou seja, 238 lit. de diferença a favor do SPC. O sistema SPC permite evaporar em média de 2,64 litros de H2O por

dia, enquanto no SPR a água evaporada no sistema foi de 278 lit. o que corresponde praticamente a água emitida pelos animais (274lit.), o que demostra que a evaporação d’água contida nos dejetos armazenada sob o piso ripado (SPR) pode ser considerada desprezível. Não observou-se diferença (Tabela 3) entre os valores observados e estimados d’água armazenada tanto para o piso ripado (203,6 e 195,5 lit) como para a cama (14,6 e 13,4 lit).

Tabela 3 – Balanço geral d’água, observado ou estimado, em função dos sistemas de

criação de suínos em piso ripado ou sobre cama de maravalha (lit. d’água /suíno).

Balanço água (lit./suínos) Piso Ripado Sistema Cama

Observado Estimado Observado Estimado

Consumo de água 423,7 - 446,4

-Água ingerida via ração 22,8 - 23,0

-Água prod. Metabólica (suíno) - 54,2 - 54,5

Água prod. Metabólica (cama) - - - 23,4

Água retida no animal p/a produção - 37,6 - 38,6

Água armazenada (SPR/SPC) 203,6A 195,9A 14,6B 13,4B

Água contida nos dejetos - 200,1 - 210,5

Produção de vapor d’água (suínos) - 273,5 - 268,8

Água evaporada no ambiente - 4,1 - 247,2

Água retirada do sist. de produção

via evaporação 278

A - 516B

-(A,B) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05).

Produção de calor em sistemas confinados de criação de suínos sobre cama e piso ripado

A adaptação de edificação destinadas a criação de suínos sobre leito de cama de maravalha ou palha deve considerar as produções de calor geradas pelo binômio “animal+cama”. As necessidades de ventilação e de isolamento das edificações depende da produção de calor e de vapor d’água geradas no sistema. Os conhecimentos científicos obtidos no sistema de piso ripado devem ser adaptados para o sistema de cama, em função da compostagem “in situ” que ocorre.

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A produção específica de calor gerada pela cama é pouco conhecida e sua importância é fundamental para a determinação da taxa de ventilação, otimização da evaporação d’água e do processo de compostagem.

Material e métodos

Foram realizados experimentos no Laboratório de Bioclimatólogia do INRA-França, onde no interior foram construídos modelos reduzidos de edificações representativas dos sistemas de criação de suínos existentes, sobre piso ripado e sobre cama da maravalha, durante 1997 e 1998. Foram utilizados 2 sistemas de criação, um o piso ripado (SPR) e o outro a cama de maravalha (SPC). Foram utilizados modelos de transmissão de calor para a comparação dos sistemas de produção de suínos (1,11,13).

Os experimentos foram conduzidos, simultaneamente, em duas células com capacidade para criação de 12 suínos entre 25 e 100 kg, com ventilação natural. A superfície útil por animal foi de 0,65 m2 no SPR e de

1,10 m2 no SPC. A temperatura externa, as células de experimentação, foi

mantida em 12 ºC (+1,5) e a umidade relativa do ar em 65% (+ 10%) e a temperatura interna em 22 ºC+1,5. As temperaturas de bulbo seco e úmido (interior e exterior) foram medidas por termopares do tipo K e a vazão de ar por um anemômetro tipo fio quente, continuamente a cada 2 minutos. Foi adotado como espessura de cama 0,60 m. Os suínos foram alimentados à vontade, a água e o alimento consumidos foram medidos diariamente. O alimento continha em média 3.200 kcal/kg de energia. Os animais utilizados (72) nos experimentos foram fêmeas cruzadas de raça Piétrain x Large White.

A produção total de calor observado foi medido tendo como base as medidas de temperatura, de umidade relativa do ar, da vazão de ar, deduzindo-se os aportes artificiais de calor e levando em consideração as perdas através das paredes das células de criação (1,12).

O fluxo de calor latente (φlat) foi calculado pela equação:

φlat=D.p.L.v.∆q; onde p é a massa volumétrica do ar úmido (kg ar sec.m-3 de ar úmido); Lv é o calor latente de evaporação d’água (680,6 W.h.kg-1 de água) e ∆q é a diferença de umidade específica entre o ar que entra e o ar que sai da edificação (kg de água por kg Ar sec.).

O fluxo de calor sensível foi calculado pela equação φsen=φsa – Qa + Pp, onde φsa é o flux de calor convectivo, Qa fluxo de calor para o aquecimento artificial da edificação (W) e Pp é a perda de calor através da cobertura e das paredes da edificação (W).

Escolheu-se como modelos de teórico de produção de calor o da CIGR (4) por tratar-se de acordo entre pesquisadores e de Bruce e Clark (11) por ser um modelo consagrado. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância (GLM do SAS), as médias apresentadas foram justadas pelo procedimento LSmeans e a comparação pelo teste de Tukey(15).

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Resultados observados

Não houve diferença (P>0,05) no desempenho zootécnico dos animais nos experimentos realizados (Tabela 1). Estes resultados nos permitiram formular a hipótese de homogeneidade dos fluxos de calor metabólico produzidos pelos animais dentro dos sistemas de produção estudados. A Tabela 4 e a Figura 1 apresentam a evolução do fluxo de calor observado e estimado pelos modelos teóricos utilizados nos sistemas estudados. Podemos observar, na Tabela 4 e na Figura 1, que os valores observados da produção de calor (total, sensível e latente) sobre o piso ripado não diferem (P<0,05) dos valores teóricos o que demostra que os modelos desenvolvidos para o piso geram valores que podem ser usados para representarem o fenômeno real. No caso da criação sobre cama os valores observados são todos diferentes (P<0,05) dos valores gerados pelos modelos teóricos com exceção do calor sensível calculado pelo modelo de Bruce (11).

Os animais produzem em torno de 170 W na fase inicial de crescimento e 250 W no final da terminação. A repartição entre o fluxo sensível (necessidade de isolamento) e latente (necessidade de ventilação) para o caso da cama é de 0,45 valor este diferente (entre 0,56 e 0,65) do recomendado pelo CIGR (13).

Determinou-se experimentalmente o fluxo de calor gerado pelo processo de compostagem da cama (QtotLit) que pode ser estimado pela

seguinte equação: QtotLit = 2,026 x m – 60,75; m= massa do suíno (Kg). Este

fluxo de calor pode variar de 80 à 120 W/suínos em função do peso vivo do animal.

Tabela 4 – Comparação das médias ajustadas de produção de calor (W), observado e

teórico, gerados pelos suínos criados nos sistemas de produção em piso ripado ou sobre camax de maravalha.

Fluxo de Calor Total Sensível Latente Sistema Ripado Cama Ripado Cama Ripado Cama

φobservado 213aA 302bA 113aA 127bA 101aA 176bA

CIGR-84 199aA 200aB 110aA 112aB 89aA 83aB

CIGR-92 186aA 188aB 102aA 106aB 88aA 80aB

Bruce-81 175aA 184aB 117aA 122aA 85aA 80aB

(a,b) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05). (A,B) Médias seguidas de letras na mesma coluna diferem estatisticamente (P<0,05).

Na Figura 1 o φtot representa o fluxo observado de calor total

(SPC-Cama e SPR-Ripado), Qtot 84 e Qtot92 representam, respectivamente, os

fluxos teóricos de calor total estimados pela CIGR (13), em função do peso dos animais e do consumo de ração. Podemos observar, Figura 1, que as curvas representativas dos modelos teóricos são coerentes com os valores observados no SPR, sendo completamente diferente do valor observado para o SPC.

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Figura 1 – Evolução da produção de calor total (φtot, W), por suínos e por

dia, observado e teórico gerados nos sistemas de criação sobre piso ripado (SPR) e sobre leito formado por maravalha (SPC).

Conclusões observadas nos experimentos realizados

O sistema de criação sobre cama é uma alternativa viável para a produção de suínos em substituição ao sistema de criação sobre piso ripado. Os animais criados sobre camas mantém a mesma performance zootécnica que os animais criados sobre piso ripado, tido como referência.

Observou-se maior produção de NH3 no sistema de produção sobre o piso ripado. Observou-se maior formação de hiperqueratose nos estômagos dos animais criados no sistema de piso ripado.

O sistema de criação de suínos sobre cama permite evaporar quase a totalidade da fração de água contida nos dejetos, graças ao processo de compostagem. Essa evaporação representa em média 5,7 lit. de água por suíno e por dia, enquanto que a quantidade de água introduzida ou gerada no sistema é de 6,1 lit. Os resultados mostram a necessidade de bem manejar as camas com a finalidade de favorecer a evaporação d’água e diminuir o volume dos dejetos.

Nos projetos de engenharia de edificações para a produção de suínos sobre cama deve-se considerar produção de calor total, em torno de 300W por suíno e por dia.

Edificação para a produção de suínos sobre camas

Com a finalidade de oferecer um sistema de produção de baixo custo aos pequenos e médios produtores a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu

P e s o m é d io d o s s u in o s (k g ) 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 1 1 0 Fl ux o de c al or to ta l ( W ) 1 0 0 1 5 0 2 0 0 2 5 0 3 0 0 3 5 0 Φto t-C a m a Q to t8 4 -C a m a Q to t9 2 -C a m a Φto t-R ip a d o

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um modelo de edificação adaptada as exigências termodinâmicas dos animais, ao manejo e as condições climáticas brasileiras (16). Este sistema foi implantado na granja Fontana no município de Gaurama – RS em 1994, que foi a pioneira no Brasil a utilizar este conceito de sistema “agroecológico” na produção de suínos nas fases de crescimento e terminação.

A edificação é construída em alvenaria, com cobertura em telhas de barro e piso em concreto, somente na área destinada aos comedouros e bebedouros. Os bebedouros e comedouros são os mesmos em uso nos sistemas convencionais de produção. A densidade animal recomendada para o sistema é de 1,20 m2 por suíno. O consumo de maravalha é em torno de 1 m3 para cada 6 suínos, considerando-se, no mínimo, 3 ciclos de

produção com a reposição do material, quando necessário. A altura do leito de maravalha ou palha recomendada situa-se entre 0,40 e 0,50 m.

A seguir apresentamos a foto (Figura 2) uma vista geral e na Figura 3 a planta abaixo do modelo de edificação desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves destinado a criação de 200 suínos em leito formado por maravalha nas fases de crescimento e terminação.

Figura 2 – Vista da edificação para criação de suínos sobre leito formado

(11)

Figura 3 – Planta baixa e corte da edificação para a produção de suínos em leito

formado por maravalha, unidade de medida (m).

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10,00

1,80

27,00

Área Destinada aos comedouros e bebedouros

Área Destinada ao leito de Maravalha ou Palha

3,40

Leito com maravalha ou palha 0,40 ou 0,50 0,60

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