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FORMAÇÃO INICIAL EM PESQUISA PARA JOVENS DO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DE CURSO DE EXTENSÃO A DISTÂNCIA PARA ALUNOS DA REDE PÚBLICA 1

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO INICIAL EM PESQUISA PARA JOVENS DO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE

DE CURSO DE EXTENSÃO A DISTÂNCIA PARA ALUNOS DA REDE PÚBLICA

1 INITIAL RESEARCH TRAINING FOR HIGH SCHOOL STUDENTS: ANALYSIS OF DISTANCE EXTENSION

COURSE FOR PUBLIC SCHOOLS STUDENTS

SOUZA, Rita Rodrigues de; COSTA, Renata Luiza da; SOUZA, Maria Aparecida Rodrigues de; SOUSA, Marluce Silva 2

Grupo Temático 1. Ensino e aprendizagem por meio de/para o uso de TDIC

Subgrupo 1.2 Aprender por meio das diferentes tecnologias da educação básica à pós-graduação Resumo:

A pesquisa como princípio educativo tem sido estimulada na contemporaneidade devido à compreensão de que o indivíduo aprende melhor um tema quando ele é agente ativo no processo ensino-aprendizagem. Além disso, há o reconhecimento da relevância da iniciação científica a partir do Ensino Médio, em função do desenvolvimento de outras habilidades para além do conteúdo, por exemplo, da capacidade investigativa, da autonomia e da proatividade, dentre outras. Diante disto, foi proposto e executado um curso de extensão a distância com o objetivo de iniciar alunos do Ensino Médio da rede pública na pesquisa científica. Este artigo relata e discute tal experiência. Dentre outros resultados, foi possível perceber que os estudantes participantes demonstraram que é possível aprender a pesquisar sendo ainda jovens, pois conseguiram problematizar, investigar, discutir e propor soluções. Ademais, destacamos o quanto eles ressaltaram a importância do curso, via Extensão, para ter oportunidade de formação gratuita em pesquisa e em uso de tecnologias digitais.

Palavras-chave: Iniciação científica. Ensino Médio. Extensão. Pesquisa. TDIC. Abstract:

Research as an educational principle has been stimulated in contemporary times due to the understanding that the individual learns a topic better when he is an active agent in the teaching-learning process. In addition, there is recognition of the relevance of scientific initiation from high school, due to the development of other skills besides content, for example, investigative capacity, autonomy and proactivity, among others. In view of this, a distance extension course was proposed and executed in order to initiate high school students from public schools to teach how to do scientific research. This article reports and discusses that experience. Among other results, it was possible to notice that the students participants demonstrated that it is possible to learn to research while still young, as they were able to problematize, investigate, discuss and propose solutions. In addition, we highlight how they emphasized the importance of the course, via Extension and distance methodology, to have the opportunity of free training in research and in the use of digital technologies.

Keywords: Scientific initiation. High school. Extension. Research. DICT.

1Trabalho desenvolvido com apoio financeiro provido pelo Edital Nº 03/2019/PROEX/IFG. 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG).

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1. Introdução

Pesquisar faz parte de um conjunto de ações que desencadeia aprendizagens de conteúdo de ciências específicas, mas, também, de habilidades pessoais importantes para o exercício cidadão e profissional. Dentre tais habilidades, podem ser citadas a análise crítica, comparação, reflexão, isto é, capacidade de transformação da informação em conhecimento, bem como estimulo a criatividade, proatividade, capacidade de síntese, dentre outras habilidades.

Diante da importância da pesquisa para a formação do cidadão e sabendo que na Educação Básica brasileira, nem a pesquisa como princípio educativo e nem a iniciação científica são regularmente desenvolvidas, foi proposto um curso de extensão para estudantes de escola pública terem a chance de conhecer fundamentos de uma pesquisa científica.

O projeto de extensão teve como objetivo geral capacitar o aprendiz para a valorização da ciência e o desenvolvimento de pesquisa científica mediante o contato com conteúdos introdutórios sobre metodologia científica, abordados de forma discursiva por meio de interações, principalmente, online e em uma perspectiva interdisciplinar.

A proposição da ação de extensão neste texto relatada veio ao encontro das necessidades formativas dos jovens estudantes e da missão institucional do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) em ofertar formação inicial que proporcione aos cidadãos possibilidades de intervir no seu cotidiano, transformando-os para melhor exercício profissional e da cidadania, isto é, tanto em relação às questões político-econômicas quanto às sociais e culturais.

O conhecimento científico-tecnológico que fundamenta o desenvolvimento da Ciência precisa estar presente na formação do cidadão para que esse se posicione de modo mais crítico e consciente na sociedade em que está inserido, pois

[...] apesar de os meios de comunicação estarem disseminando os pontos preocupantes do desenvolvimento científico-tecnológico - como a produção de alimentos transgênicos, as possibilidades de problemas na construção de usinas nucleares, o tratamento ainda precário do lixo e outros - muitos cidadãos ainda têm dificuldades de perceber por quê se está comentando tais assuntos e em quê eles poderiam causar problemas a curto ou longo prazo (PINHEIRO; SILVEIRA; BAZZO, 2007, p. 3).

A leitura crítica, a partir do conhecimento científico, pode possibilitar que o cidadão leia para além do superficial e verifique os “verdadeiros propósitos” por trás de encantadoras promessas que envolvem os avanços científico-tecnológicos, como um belo papel de presente que encobre os interesses das classes dominantes e a sede de grandes lucros, enfatizam Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007).

Bazzo (1998, p. 34) assevera que “o cidadão merece aprender a ler e entender – muito mais do que conceitos estanques - a ciência e a tecnologia, com suas implicações e consequências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem política e social que influenciarão o seu futuro [...]”.

Destacadas as virtudes relacionadas à formação crítica e intelectual dos estudantes que se envolvem com pesquisa, é imprescindível destacar a importância desta para a

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compreensão das relações entre as coisas deste mundo, bem como para formação de habilidades sociocomportamentais muito demandadas na sociedade contemporânea. A exemplo de tais habilidades, podem ser citadas as capacidades de transformação da informação em conhecimento, o estímulo à criatividade, à proatividade, capacidade de síntese, construção da autonomia, trabalho em equipe, liderança, dentre outras.

Nesse sentido, concordamos com Peixoto (2016) que a escola precisa investir no trabalho com a pesquisa científica desde os anos iniciais, pois

[...] a pesquisa como prática de ensino e aprendizagem ainda encontra espaço restrito em comparação à cultura da aula, dentro da universidade e principalmente na educação básica. A grande maioria dos estudantes acaba descobrindo a vocação científica e seus procedimentos apenas nas fases posteriores de sua formação, como na pós-graduação, quando tem a oportunidade de alcançá-la. A verdade é que a grande massa de estudantes e professores brasileiros, em todos os níveis educacionais, ainda enxerga a pesquisa como prática sofisticada e restrita, sem considerá-la como recurso de aprendizagem efetivo e viável (PEIXOTO, 2016, p. 167).

A mudança do quadro atual, que não inclui pesquisa como parte do ensino na Educação Básica, requer um trabalho coletivo e interdisciplinar. A junção de forças de trabalho, com o fito de proporcionar uma experiência formativa, constitui uma iniciativa que visa ao reconhecimento de mudanças qualitativas quando os estudantes são envolvidos num ensino que inclui a pesquisa. Ressaltamos, que não se trata de transformar os estudantes em pesquisadores profissionais, mas proporcionar-lhes condições para que desenvolvam a autonomia e o espírito investigativo (PEIXOTO, 2016) que, por sua vez, vão possibilitar outras aprendizagens.

No processo de construção do conhecimento científico, pelo estudante, a mediação de agentes educativos, docentes e bibliotecários, exerce papel fundamental devido ser necessário integrar o conhecimento pedagógico e disciplinar do professor com o conhecimento informacional do bibliotecário. Isso possibilita um melhor aproveitamento dos espaços de pesquisa existentes, bem como leva a melhor exploração do conhecimento específico e daqueles outros que serão demandados para o desenvolvimento de pesquisas como parte do processo de ensino-aprendizagem.

2. Interdisciplinaridade, juventude e tecnologias digitais

Para a valorização e desenvolvimento de uma postura que envolva uma reelaboração do conhecimento por meio da interação, do desafio e da problematização, entendemos que faz-se necessária a formação de uma cultura de interdisciplinaridade nas práticas pedagógicas escolares.

Por interdisciplinaridade, temos uma compreensão geral de que se trata de um trabalho em que dialogam diferentes áreas do conhecimento, bem como metodologias de ensino, aprendizagem e pesquisa. Compartilhamos a ideia de que

qualquer demanda por uma definição unívoca e definitiva do conceito de interdisciplinaridade deve ser rejeitada, por tratar-se de proposta que inevitavelmente está sendo feita a partir de alguma das culturas disciplinares existentes. Em outras palavras, a tarefa de procurar definições “finais” para a

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interdisciplinaridade não seria algo propriamente interdisciplinar, senão disciplinar. Na medida em que não existe uma definição única possível para este conceito, senão muitas, tantas quantas sejam as experiências interdisciplinares em curso no campo do conhecimento, entendemos que se deva evitar procurar definições abstratas da interdisciplinaridade (LEIS, 2005, p. 5).

A autora supracitada ressalta a relevância de se vivenciar a interdisciplinaridade na

prática e experimentar diferentes diálogos. Além das práticas interdisciplinares, sabemos que o conhecimento de uso de tecnologias digitais, atualmente, é muito demandado em diferentes campos, passando do lazer, pela cidadania e até o profissional.

A sociedade, hoje, é composta por uma geração digital, conhecida como Geração Y, considerada nativa digital (COELHO, 2012). A Geração Y caracteriza-se por ter múltiplas competências e habilidades sensório-verbais e visuais utilizadas para se comunicar e interagir. O termo Geração Y refere-se ao fato de terem nascido num período em que o uso de tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) é intenso e ocorre desde bebê. É importante esclarecer que não se trata de conhecimento nato, mas, pelo contrário, é dependente de oportunidades de acesso tanto a equipamentos digitais, quanto à Internet e acesso ao conhecimento de exploração desse mundo digital.

Esclarecidas as relações sociohistóricas que envolvem o domínio do conhecimento digital, por outro lado, é relevante não desconsiderar as múltiplas competências digitais dos nativos que as têm, pois seria desprezar todo um potencial de desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem deles que afeta outras aprendizagens.

Dentro do conjunto de metodologias de pesquisa e ensino que utilizam de TDIC, destacamos para este texto a Educação a Distância (EaD), pois trata-se de uma alternativa metodológica que pode ser explorada para dar mais flexibilidade temporal e espacial para os participantes (COSTA, SOUZA; BORGES; CONCEIÇÃO, 2018). Entretanto, para além disso, tem sido observado que, a depender da postura pedagógica do(a) professor(a), pode-se explorar o uso de diversas TDIC para a concretização do processo de ensino que ocorre a distância, a fim de ampliar a rede de conhecimento dos(as) estudantes.

Assim, metodologias de EaD, respeitando as características do público-alvo, podem potencializar aprendizagens diversas e, inclusive, de conhecimentos necessários ao desenvolvimento de pesquisas, informações em geral e desenvolvimento de autonomia e outras habilidades.

3. Formação inicial em pesquisa: a juventude do Ensino Médio público

conhecendo a pesquisa científica

A análise da proposta de ação de extensão intercampus aqui discutida originou-se pelo encontro de preocupações sociais de pesquisadoras do IFG que têm desenvolvido pesquisas e apresentam visão convergente sobre a necessidade de ampliar as possibilidades de preparação de jovens para o mundo da pesquisa devido seus reflexos na formação geral dos(as) estudantes. Assim, o projeto do curso em questão foi submetido ao Edital nº 03/2019 de Extensão/IFG, a partir de onde obteve financiamento para bolsistas.

A ação de extensão aprovada é de caráter interdisciplinar e teve como princípio orientador a promoção da consolidação entre ensino, pesquisa e extensão. Fazenda, José e

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Santos (2016, p. 63) propõem, de modo pertinente, que “a prática e a pesquisa interdisciplinar alicerçam-se na abertura aos aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente expressos, colocando-os em questão”. Para esses autores, esse agir torna-se possível à medida que se mergulha no trabalho cotidiano, refletindo sobre ele.

Nesse sentido, o presente artigo traz resultados de uma pesquisa que se caracteriza da seguinte maneira, em conformidade com Marques (2014):

a) quanto aos objetivos: trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quali-quantitativa, uma vez que traz uma descrição do curso Introdução à pesquisa científica e análise dos desdobramentos desencadeados pela execução do mesmo; b) quanto à participação dos pesquisadores: trata-se de uma pesquisa participante, pois

as autoras deste artigo estão envolvidas na elaboração, execução e avaliação do curso;

c) quanto à coleta de dados: trata-se de estudo de caso, pois compreende uma realidade específica, com um grupo delimitado de sujeitos;

d) quanto ao método: trata-se de uma pesquisa indutiva, já que parte de uma mostra particular com vistas a obter dados e informações passíveis de generalização.

Desse modo, objetivou-se refletir sobre o curso de extensão Introdução à Pesquisa Científica, realizado colaborativamente, coletivamente, a distância e intercampus, realizado no período de agosto de 2019 a janeiro de 2020. Visou, com isso, responder os seguintes questionamentos:

a) Que resultados o curso obteve em relação aos cursistas?

b) Que aprendizados a experiência de elaboração e aplicação do curso possibilitou aos membros da equipe do projeto?

c) Que desafios emergiram no desenrolar do processo?

O curso em questão destinou-se à comunidade escolar externa, em especial, estudantes de Ensino Médio (EM) de escolas públicas de Inhumas, Jataí e demais cidades circunvizinhas. Ficou estabelecido que para concorrer às vagas o candidato deveria estar cursando, no mínimo, a primeira série do Ensino Médio propedêutico e ter 15 anos ou mais. Não houve pré-requisitos de conhecimentos formais sobre pesquisa científica.

Para a seleção, foi divulgada chamada pública nos meios de comunicação do IFG, estabelecendo um período para as inscrições a serem realizadas online, por meio da Plataforma Sympla, ou por meio de contato direto com a Diretoria Pedagógica da Coordenação Regional de Educação (CRE) de Inhumas e de Jataí. Foram ofertadas 40 vagas, sendo 20 para cada região.

3.1 Descrição do curso

O curso proposto foi realizado em seis módulos compondo um total de 160 horas. Foram abordados conceitos, características e percurso de realização de pesquisas científicas. O curso contou com monitoria de estudantes de EM e graduação como bolsista de extensão e com docentes das áreas de Geografia, Informática, Biblioteconomia e Letras dos câmpus envolvidos. Ambos ofereceram atendimento virtual e presencial, sendo a maior parte do curso realizada a distância.

Vale ressaltar que, inicialmente, o curso foi planejado para ser totalmente a distância, entretanto, não funcionou bem e, então, tivemos que torná-lo híbrido, isto é, parte presencial e parte a distância. As condições do público que atendemos, menores de

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idade de escolas públicas, ou seja, maioria de baixa renda, apenas 14,7% tinham computadores e internet em casa. Pertencer a Geração Y (COELHO, 2012) não foi garantia aos/às estudantes de acesso às TDIC e o desenvolvimento de competências digitais.

A escolha pela metodologia híbrida ocorreu, primeiramente, para colaborar com a real participação dos alunos em diferentes condições, para aproveitar o interesse em tecnologias que muitos jovens apresentam e, em segundo, visando promover aprendizagens de TDIC em nível acadêmico. Foi adotado o Moodle como Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem (AVEA) para a sala de aula virtual, e, também, foi aberto um grupo no aplicativo Whatsapp, onde eram reforçadas as comunicações e feitas trocas mais urgentes e rápidas.

Para a dinâmica do curso ter-se desenvolvido com atividades híbridas, a equipe ministrante foi constituída por áreas diferentes e com uma metodologia de ensino interdisciplinar experimentando na prática o diálogo pedagógico defendido por Leis (2005).

O Moodle foi o AVEA escolhido pela possibilidade de compartilhamento de informação e de desenvolvimento da autonomia e do senso crítico dos(as) cursistas, proposto por Peixoto (2016). Além de funcionar como repositório, o Moodle possui ferramentas para desenvolvimento de atividades síncronas e assíncronas para que o discente participe da aula, tire suas dúvidas no tempo que desejar e, ainda, possibilita armazenamento seguro e com rápida recuperação, quando necessário (ROSTAS; ROSTAS, 2009; COSTA, SOUZA, BORGES, CONCEIÇÃO, 2018).

Foram oferecidas uma diversidade de textos para leitura e atividades práticas configuradas ora por meio de problemas, ora questionamentos e ora desafios. Também foram utilizados sites especializados com conteúdos digitais diversos e videoaulas. Ainda, em relação às atividades, essas foram interativas priorizando o intercâmbio de informações socioculturais, mesclando trabalhos individuais e em grupo. Portanto, foram várias as abordagem de comunicação aos cursistas utilizando as TDIC.

Todas as atividades pressupunham o desenvolvimento de competências digitais e informacionais durante o processo da pesquisa científica conforme descrito no Quadro 1.

Quadro 1: Caracterização dos módulos MÓDULO/

CARGA HORÁRIA

TEMÁTICA RESPONSÁVEIS PELO MÓDULO

Módulo 1

Moodle 10h Acolhimento, ambientação e introduçãoà plataforma Professora e extensionista doCâmpus Jataí e bibliotecária e extensionista do Câmpus Inhumas Módulo 2

Moodle 30h Conhecimento Científico: Discussãosobre construção do conhecimento; senso comum; conhecimento científico; tipos de pesquisa. Fontes de pesquisa. Elaboração de problema e de perguntas de pesquisa.

Professora e extensionista do Câmpus Jataí

Módulo 3 Moodle 30h

Revisão bibliográfica – resumo e resenha: Leitura e escrita de texto com fins acadêmicos; Resumo escolar: conceito e características; Resenha:

Professora e extensionista do Câmpus Jataí

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conceito e características; Articulações para a escrita de um artigo científico. Uso de tecnologia digital para a construção do conhecimento científico: Google, Google acadêmico, edição de texto e escrita colaborativa.

Módulo 4

Moodle 30h Coleta e tratamento de dados:Instrumentos de coleta de dados: Análise de dados. Leitura e elaboração de gráficos, tabelas e quadros. Ferramentas digitais para coleta e tratamento de dados.

Professora e extensionista do Câmpus Inhumas

Módulo 5

Moodle 30h Referências e citações: O que são? Paraque servem?; Instruções básicas. Bibliotecária e extensionista doCâmpus Inhumas Módulo 6

Moodle 30h

Escrita de artigo: escrita coletiva docente e estudantes do ensino médio.

Professora dos Câmpus Jataí e Inhumas e bibliotecária do Câmpus Inhumas

Fonte: Autoria própria.

O processo avaliativo da aprendizagem dos alunos ocorreu de forma contínua e formativa, observando: a) procedimentos, que se referiram aos trabalhos individuais ou em grupo propostos pelas professoras e extensionistas como os acessos online, o cumprimento (ou não) de prazos de realização das atividades; participação em atividades interativas, resolução de atividades de leitura teóricas e análises de dados; à medida que as atividades foram sendo realizadas no Moodle, houve feedback. Os alunos tiveram que ler os textos postados, os monitores e professores acompanharam tirando dúvidas, incentivamos e parabenizamos as participações e a avaliação e autoavaliação; b) critérios, que englobaram a observação qualitativamente da participação dos(as) estudantes nas atividades propostas; e, c) função, que contemplou a avaliação formativa, autoavaliação, avaliação do curso, do material e das professoras por meio de questionários e relatórios. O questionário de avaliação do curso foi constituído de três partes a saber: identificação (idade, escola de origem), sobre o curso (se gostou, carga horária, comunicação da equipe com os(as) cursistas, pontos negativos e positivos) sobre o desempenho do(a) cursista (dificuldades, dedicação e aprendizagem). Assim, os estudantes foram avaliados conforme sua participação quantitativa e qualitativa.

Ainda, no decorrer do desenvolvimento do curso, os(as) participantes foram orientados(as) na escrita de um relatório de pesquisa em forma de artigo.

3.2 Resultados e discussões

O curso de extensão Introdução à Pesquisa Científica teve como objetivo geral capacitar o(a) estudante para a valorização da ciência e o desenvolvimento de pesquisa científica mediante o contato com conteúdos introdutórios sobre metodologia científica, abordados de forma discursiva por meio de interações online e em uma perspectiva interdisciplinar. Esse objetivo foi perseguido durante todo o curso por meio da proposição de conteúdos e atividades relativas à construção do conhecimento em uma perspectiva interdisciplinar, proposta por Fazenda, José e Santos (2016).

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Cinco cursistas concluíram todos os 6 módulos oferecidos, 22 realizaram no mínimo dois módulos com êxito e 13 desistiram no primeiro módulo (Figura 2).

Figura 2. Percentual de participantes por módulo.

Fonte: Autoria própria.

Faz-se necessário destacar que os(as) cursistas apresentaram conhecimentos prévios, tanto da temática e habilidades de leitura e escrita, quanto do uso dos recursos informáticos com fins de estudo, muito preliminares, contrariando as características de um nativo digital defendido por Bazzo (1998). Mesmo com a adequação dos conteúdos e atividades para o público-alvo, percebe-se que, a partir do Módulo 3, em que houve uma maior necessidade de leitura e escrita, muitos cursistas declinaram do curso.

Os objetivos específicos, apresentados na introdução, de modo geral, foram alcançados. Essa constatação se dá a partir dos resultados obtidos nas atividades e avaliações realizadas pelos(as) cursistas durante o curso. Dos cinco (5) cursistas finalistas, três (3) avaliaram o curso como ótimo. As respostas demonstram que o curso atendeu as expectativas do público-alvo. O fator tempo foi o que se destacou como ponto negativo do curso, conforme demonstra a resposta de uma cursista: “ter mais tempo, porque, isso restringe muito o que podemos fazer” (Cursista 3). Segundo a cursista, a carga horária foi insuficiente para conclusão com êxito.

Para além do tempo disponível para participar do curso um outro ponto que observamos como dificultador para conclusão do curso foi o acesso ao laboratório de informática pelos cursistas na escola de origem. Dentre os 34 cursistas que responderam a pesquisa de acesso ao laboratório de informática, 21 afirmaram tem esse ambiente na escola. Embora tivessem acesso à Internet por meio de dispositivo móvel, não foi suficiente para a maioria concluir o curso, uma vez que o uso de TDIC com fins acadêmicos compreende o desenvolvimento de competências informacionais, digitais e de leitura. Aprender a ler e escrever demanda tempo. O desenvolvimento do senso crítico depende das oportunidades de leitura e escrita (BAZZO, 1998).

No questionário de sondagem, aplicado no início do curso, visando conhecer a realidade dos cursistas, 97,1% informaram que tinham acesso à Internet. A forma de acesso

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para estudo, na plataforma Moodle IFG, de 85,3% dos participantes foi, então, via dispositivo móvel Smartphone.

O curso de Introdução à Pesquisa Científica trouxe, em sua essência, o diálogo entre

(nós) pesquisadoras, que trabalhamos na vertente do ensino da pesquisa via programas de Iniciação Científica - Ensino Médio (PIBIC-EM) e via disciplinas regulares, visando, com este projeto de extensão, vivenciar a tríade ensino, pesquisa e extensão. O trabalho entre professores, bibliotecários(as), monitores e cursistas, contemplou tal vivência e contribuiu para a construção de conhecimentos entre os envolvidos, atendimento a uma demanda da comunidade da rede pública de ensino, enriquecimento da formação do estudante bolsista e, além disso, para consolidar práticas integradoras no IFG.

Um impacto social em relação à comunidade externa foi os(as) cursistas aprenderem a lidar com as TDIC ao terem que acessarem o conteúdo pelo Moodle, sendo esse AVEA aglutinador de vários recursos (RASTOS; RASTOS, 2009). Conhecer como é uma pesquisa científica e terem desenvolvido melhor capacidade de síntese e escrita, em geral, na perspectiva deles foi um meio de se inserir no mundo digital e tecnológico descrito por Bazzo (1998). Eles aprenderam:

[...] mexer em computação e ter mais acessos em sites de confianças. (Cursista 1). [...] sobre paráfrase, o que é um plágio, os tipos de pesquisas que existem. Aprendi, na prática, como verdadeiramente se faz um resumo. Adquirimos um "hábito" horrível na escola de fazer resumo de qualquer jeito, copiando pequenas partes, e pronto! Aprendi no curso que não é assim. É muito mais simples do que pensamos. Complicávamos o que era fácil e, o pior, não compreendíamos o texto. A divisão por módulos é muito legal, saímos do curso com a iniciação científica completa. (Cursista 2).

[...] absorver o conhecimento, (Cursista 3).

A possibilidade de participar de um curso gratuitamente e a aproximação do IFG com a comunidade externa foram pontos positivos apresentados, também: “A disponibilidade de realizarem o curso na minha escola, me ajudou muito, pois não tenho condições para ir realizar um curso bom como esse em outro lugar.” (Cursista 2). Isso prova o impacto social do curso e a credibilidade que os cursistas deram a ele.

A experiência da Ação de Extensão aqui relatada, bem como os depoimentos dos(as estudantes, possibilitaram reflexões atinentes a aspectos técnico-institucionais, pedagógicos e desafios, aspectos discutidos por Peixoto (2016). Em relação aos aspectos técnico-institucionais, ponderamos ser mais produtivo repensar a parte técnica das ações de extensão de modo que haja:

a) menos burocracia para a construção de parcerias com instituições da comunidade externa;

b) menos sobrecarga de atividades técnico-administrativas para o coordenador da Ação de Extensão;

c) previsão de verba para transporte de estudantes de extensão entre as escolas,

d) realização de ações de extensão no primeiro semestre, pois o segundo é sempre carregado de atividades institucionais e a comunidade externa tem agenda prevista.

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Destacamos como dificuldades enfrentadas ao longo do curso, oriundo de das condições socioeconômicas e tecnológicas (PINHEIRO; SILVEIRA; BAZZO, 2007):

a) somente 14,7% dos(as) cursistas tinham computador com Internet em casa, mas não sabiam manuseá-lo com competência, sendo necessário instruí-los sobre o básico de informática;

b) as escolas de origem não possuíam ou não estavam com laboratório de informática funcionando;

c) ausência dos(as) cursistas nas monitorias presenciais e online. Alguns cursistas não procuram ajuda, mesmo com o envio de mensagens para eles, perguntando se tinham alguma dúvida;

d) faltou feedback dos(as) cursistas quanto as suas dúvidas e dificuldades perante as atividades. Entretanto, é importante destacar que isso pode ter ocorrido devido às dificuldades listadas acima, além das dificuldades de transporte,

e) desistência de alguns cursistas que começaram com bom rendimento e comparecimento às reuniões, só que na metade do curso eles desistiram. Sabemos que muitos motivos podem ter contribuído para a desistência deles, tais como falta de acesso à Internet em casa, distância para deslocamento para a monitoria, falta de tempo devido às outras atividades escolares e, também dificuldades ocasionadas pela necessidade de conciliar trabalho e estudo.

Como análise geral, ponderamos que foi um curso que proporcionou aprendizado não somente aos(às) cursistas, mas também a cada membro da equipe. As dificuldades para adequar conteúdos para resolver os problemas que emergiram ao longo da realização do curso trouxe reflexões importantes sobre a construção do conhecimento a partir do AVEA, como por exemplo: o diálogo constante entre os membros da equipe; tomada rápida de decisões; (des)preparo dos jovens para a leitura e escrita, em geral e mediante o uso de ferramentas digitais.

4. Considerações finais

O trabalho de planejamento, execução e avaliação do curso de Introdução à

Pesquisa Científica constituiu uma oportunidade para explorar e produzir conhecimentos teóricos e metodológicos na área da metodologia científica voltados para o EM, corroborando uma das propostas do PDI (2019-2023) do IFG em que se ressalta a dimensão interdisciplinar da Extensão e que essa “se pauta por processo dialético, que reelabora em outros patamares os saberes produzidos, a partir da reflexão e do confronto destes com a realidade social e as suas demandas” (IFG, 2019, p. 39).

A participação docente e discente, na ação de extensão, integrada ao trabalho com o técnico-administrativo, no âmbito do IFG, com certeza, trouxe benefícios para a formação continuada de todos esses atores, uma vez que a coordenação e mediação desse processo educativo exigiram reflexões e tomadas de decisões embasadas teoricamente e de maneira dialógica (PEIXOTO, 2016). Desse modo, outro objetivo que se fez presente durante o desenvolvimento da ação de extensão foi desenvolver o trabalho interdisciplinar, cooperativo e em rede no IFG. Isso ocorreu na prática com a administração da Ação intercâmpus no processo de captação de estudantes com o propósito comum de uso de mesmo sistema de inscrição e AVEA pelos cursistas. Consequentemente, para a Instituição foi um processo de consolidação da tríade ensino, pesquisa e extensão.

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O curso proposto foi relevante para o processo de (trans)formação de estudantes do EM. Representou um dos caminhos para a continuidade nos estudos, para o trabalho e crescimento pessoal. Seguramente, contribuiu para a própria reflexão docente e da servidora técnico-administrativa acerca da mediação no processo de ensino e aprendizagem, provocando mudanças na metodologia de formação em alfabetização informacional, uso de materiais pedagógicos e recursos tecnológicos digitais.

Com o curso, vislumbrou-se a produção de material didático digital para as aulas que podem ser reutilizados em cursos futuros, promover reflexões acerca do papel do(a) professor(a), do(a) estudante, do técnico-administrativo e da disciplina de metodologia científica para o EM Técnico Integrado Integral e para EM propedêutico, preferencialmente, da rede estadual.

Outra importante constatação foi que precisamos continuar oferecendo cursos de extensão gratuitos para enriquecer a formação dos escolares da rede pública. Entretanto, precisamos considerar suas condições concretas ao utilizar TDIC e o Moodle, a maioria não possui equipamentos e nem plano de Internet que possibilite muitos downloads. Por outro lado, reconhecemos que o ensino de TDIC também é fundamental para eles, tanto que seus depoimentos consideram essas aprendizagens relacionadas ao mundo digital como algo importante. Então, é preciso pensar formas de ensiná-los sobre a alfabetização informacional e digital criando condições para isso (COSTA; SOUZA; BORGES; CONCEIÇÃO, 2018).

Por fim, ressaltamos que os jovens egressos do curso, a partir do desenvolvimento de habilidades de pesquisa, foram capazes de problematizar situações, investigar, discutir e buscar soluções. Ao propormos objetivos para que o(a) estudante alcance, não se pode desconsiderar as relações possíveis entre os sujeitos e os conteúdos, e as condições concretas para a busca de tais objetivos. Apesar das diversas dificuldades relatadas, os(as) estudantes participantes demonstraram que é possível aprender a pesquisar sendo ainda jovens. Além disso, destacamos o quanto os(as) estudantes ressaltaram a importância do curso, via Extensão, para ter oportunidade de formação gratuita em pesquisa e em uso de tecnologias digitais. Esses registros nos permitem concluir que é imprescindível que continuem os programas de bolsas de extensão e de pesquisa, bem como que avancemos no uso de TDIC dentro de nossa própria instituição e que lutemos, junto com as escolas estaduais e municipais, para terem condições tecnológicas melhores.

Como etapa futura propomos a implementação de outros cursos EaD na Instituição ofertando aos estudantes do EM Técnico Integrado Integral, ambos disponibilizados no

Moodle. E também, oficinas presenciais para o alunado do EM sobre escrita da revisão

literatura, como fazer referências, coleta e análise de dados.

Referências

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Referências

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