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QUEM ESTUDA ILUMINA O FUTURO, A GRANDEZA DA PÁTRIA PREPARA: ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS (1933)

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QUEM ESTUDA ILUMINA O FUTURO, A GRANDEZA DA PÁTRIA

PREPARA: ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS (1933)

Dilson Gonzaga Sampaio

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Cristiano Ferronato

2

Introdução

No campo da História e História da Educação, as pesquisas sobre instituições educativas confessionais católicas femininas, ao longo do final do século XX, vêm ganhando espaço aos estudos mais tradicionais dessa área. Haja vista os colégios eram vinculados à Igreja Católica no Brasil e as suas respectivas dioceses. Dessa forma, muitos dos pesquisadores encontraram dificuldades em adentrar seus arquivos e manusear suas fontes, ocasionado assim ainda hoje uma história a conhecer, sobre os aspectos culturais, políticos, religiosos e morais civilizatórios.

Dessa forma para compreender o conjunto de relações estabelecidas nos espaços destinados à instrução da mulher, desejamos aprofundar o tema acerca da educação feminina em instituições normais confessionais católicas. Também entendemos nesse estudo, aspectos da ação católica ao incutir conhecimentos necessários a vida domestica. Buscavam preservar a moralidade e os bons costumes da sociedade onde estavam inseridas as mesmas. Segundo (AZZI, p.36, 2008)

Os colégios católicos dirigidos por religiosas desempenharam nessa época papel relevante na educação de meninas e moças dentro de padrões puritanos de condutas, correspondendo assim aos propósitos do episcopado de frear o quanto possível as novas formas de expressão feminina. Em grande parte, as religiosas transmitiam às alunas a formação que elas próprias haviam recebido. A educação ministrada pelas freiras tinha como finalidade específica preparar a mulher para os cuidados do lar. (AZZI, p.138, 2008)

Desse modo, não diferente de outros colégios confessionais católicos, o Colégio Normal Nossa Senhora das Graças, instaurou-se na cidade de Própria/Se, quando inicia seus

1 Mestre em Educação, Pedagogo e Professor da Educação Básica de Sergipe.

2 Doutor em Educação e Professor e Pesquisador PPG PLII do Programa de Pós-Graduação em Educação da

Universidade Tiradentes - UNIT/SE. Pesquisador do Instituto de Tecnologia e Pesquisa-ITP. Líder do Grupo de Pesquisa História da Educação no Nordeste Oitocentista GT-SE (GHENO-SE).

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trabalhados educativos na formação de jovens e moças com as modalidades de ensino primário, secundário e escola normal.

Estava a frente desse projeto educativo a Congregação das Irmãs Franciscana Hospitaleira da Imaculada Conceição, fundada em 07 de maio de 1871, em Lisboa/Portugal, criada pela irmã Clara do Menino Jesus e o Padre Raimundo dos Anjos Beirão. Chegou ao Brasil em 1911 por meio de um convite feito por Dom Armando Bahlman, da Ordem Franciscana Maior de Santarém no Pará, que buscava apoio para às atividades no campo educacional. No estado de Alagoas, as religiosas fundaram o primeiro colégio na cidade de Penedo, em 1913, educando jovens e moças dessa cidade, é importante ressaltar que o Colégio foi o primeiro de ensino ginasial feminino na região.

O compromisso em construir o Colégio Normal Nossa Senhora das Graças, contou com a ajuda da sociedade local, do clero e da Congregação além do apoio de algumas famílias de prestigio na sociedade. Quando ao seu termino foi entregue com modernas instalações educativas, salas amplas, pátio, banheiros, gabinetes de leitura e de estudos, capela, dormitório, refeitório. Tudo de acordo com a legislação da época. Assim passaria a atender as alunas em uma um ambiente considerado próprio para instrução. O espaço educativo de ensino deveria seguir o modelo instituído pelo Estado e as autoridades sanitárias, essas tinham como espelho os grupos escolares de Sergipe e de São Paulo.

Segundo o livro de registro do Colégio Normal São Francisco de Assis, as primeiras religiosas professoras foram as Irmãs Madre Dora da Santíssima Trindade, Irmã Assunção de Maria Santíssima, Irmã Maria do Divino Tabernáculo, Irmã Maria Amada de Jesus Hóstia, Irmã Maria Anunciada dos Anjos, Irmã Anna de Souza Freitas. Como professoras atuavam em diversas disciplinas. Essas formaram o primeiro quadro docente da Instituição

Desse modo ministravam as disciplinas de acordo com a legislação da época e as de formação moral. O francês foi o modelo escolhido para a educação das jovens, pois representava garantia de boa educação e refinamentos modernas ou feministas. De acordo com (HORTA, 1994, p.04). “A concepção de educação como problema nacional servirá para justificar uma intervenção cada vez mais intensa do Governo Federal nos diferentes níveis de ensino.” Para o Estado e a Igreja Católica a educação ocupava um lugar importante no projeto de sociedade. A Igreja lutava pela introdução do ensino religioso, seria uma forma de doutrinar novos fiéis.

A pedagogia escolar diferencia-se e hierarquizam-se vários tipos de instituições educacionais: de base (família, tribo, seita, cooperativa);de

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uma identidade cultural); de produção mobilização (confrarias, lojas maçônicas, associações, grêmios, companhias, partidos políticos, sindicatos, corporações, clubes, bandas. São instituições que mobilizam, através de uma ideologia.com vista a uma meta e a uma identidade cultural.(MAGALHÃES, 2004, p 53).

O que definia a entrada dessas alunas no internato eram o capital econômico de suas famílias, em virtude das obrigações com a anuidade, enxoval e outras necessidades no decorrer do ano. O investimento monetário dispensado na instrução associava-se aos esforços das famílias em elevar culturalmente suas filhas. As normalistas do Colégio, de acordo com as fontes consultadas, eram alunas da instituição desde o ensino primário. É importante ressaltar que muitas eram irmãs ou parentes.

Tratava-se de criar um perfil de mulher tão bem descrito por José de Alencar em seus romances, uma educação voltada para o social sem que comprometesse a alma, a moral e a religiosidade feminina. De acordo com (AZZI, 2000).

Por sua vez, essas valorizações profissionais se inseriam no amplo projeto de ação social, destinado à recristianização do país. Através das assistentes sociais e da educação, formadas dentro da ética cristã, a hierarquia eclesiástica pretendia manter sua influência sobre amplo setores da sociedade antigindos por sua atuação e seus serviços (AZZI, p.50, 2000). A formação dessas professoras primárias atendiam as necessidades das escolas primárias da cidade e cidades vizinhas com uma melhor formação pedagógica elas levariam o projeto educativo instituído pelo Estado e orientado pela Igreja. Portanto a Escola Normal daria uma formação ao professorado primário pela prerrogativa de que o preparo do mestre é a primeira condição de êxito do ensino. Assim a importância dessa pesquisa baseia-se em compreender a importância da Instituição na formação cultura das jovens e moças, por essa razão.

As escolas normais se enchem de moças. A princípio são algumas depois muitas; por fim os cursos normais tornaram-se escolas de mulheres. Seus currículos, suas normas os uniformes, o prédio, os corredores os quadros, as mestras e mestre, tudo faz desse um espaço destinado a transformar meninas/mulheres em professoras. (LOURO, 2015, p. 454)

Essas escolas católicas não tinham somente o objetivo de ensinar. Buscavam, por meio da educação, uma forma de cristianizar um número cada vez maior de discípulos para impedir a disseminação da liberdade de pensamento e dos ideais modernos que se instalavam no país. Ofereciam uma qualidade duvidosa de ensino, pois grande parte do corpo docente não possuía boa qualificação Ao instruir moças e jovens preparando-as para

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assumirem um novo posicionamento perante a sociedade, a Instituição considerada pelas boas famílias do município de Arapiraca, para (BOURDIEU, 2004).

A cultura é transmitida pela instituição escolar não seria objetivamente superior a nenhuma outra. O valor que lhe é atribuído seria arbitrário, não estaria fundamentado em nenhuma verdade objetiva, inquestionável. Mas, apesar de arbitrária, a cultura escolar seria socialmente reconhecida como a cultura legítima, como a única universalmente válida. (BOURDIEU, 2004, p.72)

À vista disso, o autor nos esclarece a respeito da cultura escolar, legitimada pela instrução e seus agentes educativos, ao exercer uma pedagogia de acordo com a classe de cada uma. Conferindo um capital cultural de cada sujeito participante nesse processo de instrução. Por essa razão os colégios não surgem sem nenhuma finalidade, ou razão, mas são investidos de várias concepções sociais, linguagens e conteúdos, ao cumprir a função que se dispõem junto à sociedade. Nesse contexto, laços foram estabelecidos entre a Cúria Romana brasileira e a portuguesa, lugar de onde vieram as Irmãs destinadas a dirigirem o Colégio de Nossa Senhora das Graças, considerado o primeiro colégio feminino da região.

Desenvolvimento

Para trabalhar a história do O Colégio Normal São Francisco de Assis, foi preciso compreender o seu contexto no ambiente cultural de Arapiraca, assim os representantes da Igreja Católica afirmavam que a finalidade das escolas confessionais era formar cristãos. Assim, se preocupava em evidenciar seu caráter religioso oferecendo catequese e retiros espirituais, dentre outras atividades.

Nesse sentido, o Colégio seria um aliado na luta contra o avanço do protestantismo, da maçonaria e das concepções modernas no período na cidade, sendo que segundo documentos encontrados, foi principalmente o combate às ideias do protestantismo, que propiciou a criação do curso normal de formação para professoras primárias. Nessa perspectiva a mulher seria um instrumento necessário, pois através da ação das mães e professoras formadas dentro dos moldes do catolicismo seriam levados adiante os ensinamentos e valores cristãos na busca de moralizar a comunidade.

Nesse contexto, com a crescente necessidade educativa do município, o curso foi necessário na formação de uma nova classe de professoras primárias. Segundo (LOURO, 2015) Ao ser criadas as escola normais, a pretensão era formar professores e professoras que pudessem atender a um esperado aumento na demanda escolar. (Louro, p.448).

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A educação feminina passou a ser uma preocupação para a sociedade burguesa de Própria/Se. Havia um contraponto nessa questão: educar as filhas já não era mais um luxo, um capricho e sim uma necessidade. Mas como educar sem corromper, já que o contato com o mundo externo acarretaria perigo às pobres moças?

A intenção educativa da instituição visava ao que elas entendiam como formação integral, humana e cristã, através do desenvolvimento de comportamentos e habilidades. A aluna deveria adquirir princípios científicos e religiosos organizados pelo programa de ensino do Colégio. As células que constituem esta nova ordem são por nós detalhadas no subitem seguinte ao analisar as modalidades de ensino do Colégio e as suas especificidades pedagógicas. Os espaços educativos são multidimensionais ao alinhar suas mensagens, ou seja, trazer ao seu encontro ações e representações de outros campos. As posições que ocupam os agentes em cada campo criam relações mobilizadas por eles auxiliando nas aptidões culturais da própria sociedade.

Assim, acreditamos que a educação foi o instrumento por meio do qual os agentes educativos atingiam mais rápidos e eficientes os filhos (as) das famílias sergipanas. Por isso, a igreja deu início à construção de instituições educativas baseadas na doutrina religiosa cristã.

A possibilidade de realizar o curso normal era, para as jovens sergipanas no final do século XIX e no início do século XX, uma das únicas oportunidades de continuarem estudando e de se prepararem para exercer uma atividade profissional fora do ambiente doméstico, uma vez que o magistério era socialmente aceito e entendido como prolongamento dos papéis femininos exercidos no lar (FREITAS, 2003, p. 44).

Dessa forma, ao se tratar da educação, algo permanece idêntico a outros estados da federação do país no início do século XX. Conhecer essa história é compreender quais principais aspectos culturais modelaram a sociedade de Própria/Se, ao iniciar sua modernização no século XX, como bons aspectos civilizatórios.

Portanto, cabia à República educar e civilizar todos os seus filhos e a concretização dos ideais defendidos pelos intelectuais republicanos no campo educativo resultou na criação dos grupos escolares 22 que representavam uma grande novidade em termos de educação no Brasil. Este processo teve seu início no estado de São Paulo e aos poucos os edifícios destinados à educação dos jovens iam se incorporando à paisagem urbana das cidades brasileiras.

Ao fazer o chamamento para que as religiosas estabelecessem um colégio de instrução voltado para o ensino feminino na cidade, monsenhor Antônio dos Santos Cabral alegou que

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havia poucas instituições na região do Médio ao Baixo São Francisco15. Desta forma, como era comum as demais instituições criadas pela Ordem, o Colégio recebeu prestigiosamente apoio da sociedade local.

A História Cultural contribui sobre diversos aspectos metodológicos quando é consultada por pesquisadores da História das Instituições Educativas, ansiosos em desvendar os enigmas de uma instituição. Conhecer sua materialidade, o universo da instituição, sua importância na sociedade, saber quem foram os seus agentes educativos e aspectos da cultura escolar.

As fontes nos indicam que, em defesa da educação confessional católica no Brasil, a Igreja contava com o apoio das mulheres de diversos seguimentos sociais. Apoiadoras das práticas religiosas, essas disseminariam o evangelho nos seus lares, como também organizariam e promoveriam em algumas cidades associações de caridade.

Portanto ao instruir essas jovens e moças nessas instituições buscou-se levar essas normalistas ao que na época era conhecido como importante nível de instrução.

A cidade de Arapiraca em 1950 deixava de ser aos poucos uma cidade totalmente rural e aos poucos se tranava moderna com a instalação de empresas. Nesse período aumentava a cultura do fumo, um dos principais produtos da cultura agrícola local. O levaria a destaque a cidade no cenário nacional brasileiro. Nesse cenário era urgente a instrução dos jovens a fim de atenderem as necessidades da sociedade.

Para Magalhães “a história das instituições educativas é um campo de investigação em que a instituição e a educação se articulam por ação dos sujeitos” (MAGALHÃES, 2004, p. 67). Deste modo, o autor nos orienta a respeito dos agentes educativos, não se reservando apenas aos professores e aos alunos, mas aos legisladores na formulação das leis, aos governos nas iniciativas públicas, aos líderes religiosos na doutrinação e a toda a interação humana. O campo de uma instituição educativa é amplo na sua materialidade e na sua opção investigativa.

O curso ocorria em período matutino e vespertino. Ao notarmos pela distribuição das disciplinas, os horários e o tempo de estudo de cada uma, podemos compreender que o curso era dividido em eixos temáticos. O primeiro da base pedagógica com as disciplinas Pedagogia, Metodologia do Ensino Primário, Biologia Educacional, Administração Escolar, Fundamentos Sociais da Educação, Prática de Ensino e Psicologia Educacional. Essas disciplinas preparariam as normalistas para sua vivência na sala de aula, por métodos estruturantes do saber, conhecer e fazer.

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Identificamos outro documento a respeito da vida escolar das normalistas. Esta fonte nos ilustra a disciplina de Inglês, exigida no exame de admissão, porém na formação escolar não havia a aplicação como requisito para sua formação. O plano de aula foi identificado na ficha de matrícula da normalista Vandete de Lourdes Menezes68, o documento apresenta as assinaturas do Inspetor Federal de Ensino Normal, o Professor Marcos Ferreira, e da Irmã Maria Cecília d‟ Assunção. A normalista, em seu plano, expõe a série, a disciplina, o assunto, objetivos, o material e a motivação. Nesta fonte encontramos a palavra amor como expressão de um habitus, porém acreditamos que o principal objetivo da normalista era demonstrar aos seus alunos os principais ícones responsáveis pela libertação dos escravos.

Coube a outras mulheres freiras, professoras e preceptoras, educar as filhas da sociedade do início do século XX, instruir através dos ensinamentos cívicos e religiosos da época, modelando a imagem da futura mulher. Mesmo tendo a República oficializado o ensino laico e a separação entre a Igreja Católica e o Estado, o catolicismo permaneceu como moral religiosa dominante. Assim das representações de suas instituições buscou a Igreja Católica intensificar os seus esforços na educação de homens e mulheres com um forte apelo religioso.

Para algumas alunas o curso primário foi a primeira representação de uma educação formal estabelecida fora dos seus lares. Coube a instituições como o Colégio Patrocínio de São José instruir aquelas moças pela luz de um modelo civilizatório preconizado pelos manuais de ensino. De acordo com Julia (2001, p. 17), “a escola deixa de ser apenas um local de aprendizagem e de saberes para tornar-se também um lugar de incorporações dos comportamentos ensinados”.

O Colégio de seguimento confessional privado primava no seu regimento pelo cuidado com suas internas ao definir as recomendações em consonância com a legislação em vigor. Exigia-se de suas alunas uma conduta moral e ética norteada pelos princípios morais, católicos e patrióticos, detalhados minunciosamente nos seus artigos.

Neste cenário todos os colégios tinham como referência os ensinamentos e a direção das ordens religiosas em Aracaju. Como afirma Chartier (1990, p. 27), “a representação aqui entendida como a forma como os sujeitos entendem o mundo e seu cotidiano de acordo com o que pensam e interpretam sobre sua realidade e sobre como gostariam que ela fosse”.

A ação educativa exercida pelos sujeitos na instrução é um organismo vivo pelo qual os agentes apropriam-se das mensagens e normas, reproduzem o que foi aprendido para novos sujeitos. “O capital cultural é um ter que se tornou ser, uma propriedade que se fez corpo e tornou-se parte integrante da pessoa, um “habitus” (CATANI; NOGUEIRA, 2014, p. 65)”.

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O gabinete de leitura do Colégio em 1953 contava com 1.12467 obras diversificadas por vários temas, assuntos e autores. Os manuais do curso normal, por nós analisados, nos dão a dimensão da diversidade de conhecimentos pedagógicos necessários para a formação das normalistas. São importantes fonte quando buscamos identificar quem escrever a fim de conhecer as suas principais interpretações da sociedade da época. A respeito dos manuais da escola normal, considerando as principais obras no campo do ensino normal que constituíam o corpus deste curso, constam no quadro.

Acerca das instituições confessionais religiosas, o Colégio Caraça71 foi criado em Minas Gerais, no início do século XIX, pela Missão de São Vicente de Paulo dos padres Lazaristas, originários da França. Ao longo da sua historiografia dedicou-se a instruir moral e civicamente alunos de diversas famílias tradicionais do país.

Considerações Finais

As configurações da instrução feminina em Sergipe, representadas pelas instituições educativas no século XX, possibilitaram às jovens e moças o acesso à instrução mais elementar ao mais elevado grau. De acordo com Freitas (2003, p. 37), “as escolas normais constituíam um espaço de formação socialmente aceito, responsável pela profissionalização de um grande número de mulheres. A possibilidade de exercer uma profissão socialmente permitida”.

A relação com o mundo social não é a relação de causalidade mecânica que frequentemente se estabelece entre o meio e a consciência, mas sim uma espécie de cumplicidade ontológica: quando a história que frequenta o habitus e o habitat, as atividades a posição, o rei e a sua corte, o patrão e a sua empresa, o bispo e a sua diocese (BOURDIEU, 2005, p. 83).

A pesquisa apresentada nesse artigo tem como objetivos contribuir com a história da educação do estado de Alagoas, ao analisar uma instituição coalizada no interior do estado, que no período do século XX, foi promissor o seu desenvolvimento. Pode-se afirmar que em cada período da história o desse Colégio, contou com participação da sociedade local. A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Portuguesa, contribuiu na formação da sociedade arapiraquense. O Colégio que existe até hoje, antes era referencia no ensino feminino, passando hoje aos dias atuais a educação mista ainda mantem uma referencia social. Portanto, compreendemos que a Escola Normal, foi um importante estabelecimento de ensino, se solidificou tanto pela sua qualidade e estrutura na educação, como correspondeu aos propósitos religiosos da Igreja. Da mesma forma, atendia à ansiedade dos

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o casamento, como para a vida. Mas para outros, significava a “oportunidade” de uma profissionaliza. Desta maneira, por ser dinâmica, a instituição educativa assumiu modelo de múltiplas funções, segundo Magalhães (2004, p. 15): “assim, educação/instituição traduz toda a panóplia de meios, estruturas, agentes, recursos, mas também as marcas socioculturais e civilizacionais que os estados e outras organizações mantêm em funcionamento”.

Referências

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