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XIII ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS EM SERGIPE

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Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe

XIII ENCONTRO DE RECURSOS HÍDRICOS EM SERGIPE

OS IMPACTOS AMBIENTAIS DA PRODUÇÃO MINERAL: O

SURGIMENTO DAS LAGOAS ARTIFICIAIS NO MUNICÍPIO DE

ITABAIANINHA-SE

Gabriela Lima dos Santos 1; Anézia Maria Fonsêca Barbosa 2

RESUMO: A extração mineral é uma das atividades econômicas que mais cresce nos últimos anos, porém nem sempre o crescimento está atrelado ao desenvolvimento socioespacial que contemple uma sustentabilidade dos mais diversos ambientes locais. Assim o presente trabalho tem por objetivo analisar os impactos ambientais gerados pela produção mineral, que vem acarretando o surgimento das lagoas artificiais em Itabaianinha – SE. Mediante este cenário a produção mineral é uma das atividades que mais impacta o meio ambiente. A referida pesquisa possibilitou a partir de visitas de campo interligadas a leituras bibliografias, entender que os fenômenos atuantes na área são oriundos de um processo intenso de extração irregular da argila, em que origina as crateras, as quais passam pelo processo de enchentes nos ciclos chuvosos, criando assim as lagoas artificiais, que por sua vez, são inutilizadas pela população, por apresentarem grande quantidade de sedimentação, além de algumas estarem nas margens e ou no próprio percursos de rios do município. A pesquisa foi estruturada e sistematizada conforme o método procedimental de análise e interpretação dos dados proposto por Libault (1971), o qual em suas perspectivas, destaca que uma pesquisa de caráter geográfico pode ser compreendida, em quatro níveis: Compilatório, Correlativo, Semântico e Normativo.

Palavras-Chave – Extração mineral, Lagoa artificial, Degradação ambiental. INTRODUÇÃO

Desde a existência humana, os seres humanos buscaram se adaptar ao meio em que vive, tendo em vista a qualidade de vida. Segundo Olivio; Ishiki (2014), por muito tempo se acreditou que os recursos hídricos seriam inesgotáveis, visto que o ecossistema plausivelmente demonstrava isso, porém com o passar dos anos, a população foi crescendo e devido a este fenômeno, também se desenvolveu a poluição dos lagos, rios, mananciais. Além disso, a demanda por água também estendeu-se devido essa alta demanda social.

Mediante este cenário a produção mineral é uma das atividades que mais impacta o meio ambiente. Para tanto, historicamente esta atividade tem pouca fiscalização pelos órgãos competentes, tornando-se uma atividade ilícita, em que na maioria dos locais não possui um sistema sustentável de

1) Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Ciências Ambiental, UFS, Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE, CEP: 49100-000, gabrielauniages@hotmail.com (apresentadora do trabalho);

2) Professora Doutora da Universidade Federal de Sergipe/UFS, Avenida Marechal Rondon, s/n, Jardim Rosa Elze, São Cristóvão, SE, CEP: 49100-000, aneziamaria.barbosa@gmail.com

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recuperação das áreas de extração. No Brasil a extração mineral é um dos mercados que mais cresce, pela facilidade de venda e necessidade principalmente das indústrias de construção civil. Logo, esta realidade não se faz distinta no município de Itabaianinha, sendo o mineral extraído a argila para produção de materiais para construção civil, tendo esta prática gerado o surgimento das lagoas artificiais.

Para tanto, Santos (2014) destaca que, existe uma valorização do território e este é um processo que reúne dois recursos fundamentais: o social e o natural. Pensando nesta conjuntura, a cidade de Itabaianinha por possuir na sua estrutura geológica solo argiloso o qual virou recurso econômico, vem atender a demanda empresarial que trabalham neste seguimento.

MATERIAIS E MÉTODO

A metodologia é o caminho pelo qual o pesquisador desenvolve a sua pesquisa, sendo está de fundamental importância para estruturação do produto final. Em outras palavras, podemos entender metodologia como um conjunto de ações sistemáticas de materialização do método científico, a qual busca tornar real ações planejadas a partir de técnicas e processos a serem realizados perante a área de estudo (MARTINS, 2006). Considerando a importância da abordagem procedimental que subsidie o desenvolvimento de uma pesquisa, esta traz como base a técnica de Libault (1971), o qual diz que uma pesquisa pode ser compartimentada em quatro níveis, sendo estes: Compilatório, Correlativo, Semântico e Normativo.

• Compilatório – transcorreu por meio de leituras bibliográficas que auxiliaram na compreensão do cenário, bem como atividades de campo que teve como intuito realizar a coleta de informações e fazer o registro fotográfico.

• Correlativo – adveio da interpolação das informações obtidas com as leituras prévias adquiridas. Ambas contribuíram para o desenvolvimento do nível posterior.

• Semântico – ocorreu por meio de análises e interpretação dos dados concludentes dos níveis antecedentes.

• Normativo – se processou através da compreensão do cenário socioambiental apresentado in loco, fase na qual o objeto de pesquisa torna-se modelo.

Integrando-se ao procedimento de Libault, para melhor balizar o progresso do estudo, foi abordado neste, o método dedutivo, no qual a pesquisa se desenvolveu com base em teorias consideradas verdadeiras, predizendo assim, a ocorrência dos impactos sociais tendo como fundamento a lógica.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A cidade de Itabaianinha - SE, está inserida na microrregião de Boquim, possuindo uma extensão territorial 496,3 km², faz divisa com as cidades sergipanas de Cristinápolis, Tomar do Geru, Tobias Barreto, Riachão do Dantas, Boquim, Pedrinhas, Arauá, Santa Luzia do Itanhy e Umbaúba (Figura 1). Itabaianinha fica a 118 km da capital Aracaju, possui um clima tropical, uma temperatura anual de 23ºC, sua localização é de 11º 16’ 26” latitude sul e uma longitude de 37º 47’ 24” oeste, estando a uma altitude média de 225 metros acima do nível do mar, é uma cidade de 40,821 habitantes (IBGE, 2019).

A cidade possui sua estrutura geológica formada em solo argiloso vermelho e cinzento, o mesmo é muito utilizado nas indústrias de cerâmicas, um dos principais sustentos econômicos locais, bem como na produção artesã. Além desses, é relevante destacar que a produção têxtil, também exerce importância singular na economia da cidade, porém a produção ceramista tem maior oferecimento de empregos sendo aproximadamente 500 empregos diretos e indiretos, atendendo boa parte da região.

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Figura 1 :Localização da área de estudo.

O solo que constitui a cobertura da superfície sólida do nosso planeta, é uma mistura complexa de diversos compostos minerais, tais como: a água, o ar e a matéria orgânica (humo), 1 (um) cm destes leva entorno de 50 a 100 anos para se formar, considerando que os fatores climáticos e demais variáveis estão presentes na sua formação. Além disso, os processos endógenos e exógenos responsáveis pelo intemperismo, são fatores diretamente ligados ao processo de decomposição das rochas, transformando-as em solo (PORTO, 2012).

Os fatores endógenos estão diretamente relacionados à natureza do protolito e à tectônica associada. Entretanto, o protolito, nada mais é que a camada que cobre o material rochoso que ainda está inalterado, esta camada também recebe outras nomenclaturas como regolito. Já os fatores exógenos, são basicamente controlados pelas condições climáticas e geomorfológicas sendo estes interdependentes (PORTO, 2012).

A argila, é um mineral de rochas sedimentares finos de grande utilidade na produção de artesanatos e materiais para construção civil, como também recurso de utilidade no âmbito da estética. Sabendo que o solo é um dos recursos naturais, em que são mais atingidos em termos de degradação ambiental com a argila não é diferente. O uso intensivo desse recurso em Itabaianinha, fez com que o número de jazidas esgotadas aumentasse consideravelmente, tornando-se em espaços sem nenhuma utilidade.

Na área de estudo em questão, já existem várias jazidas que não produzem mais nada, devido ao intenso processo de mineração. Assim, com a extração irregular deste recurso natural, são criadas grandes crateras, não sendo incomum extração nas margens de rios, já que existe uma predominância nestas localidades da concentração desse recurso. Para tanto, extrair não é um ato ilegal, desde que se cumpra as leis de extração, porém na prática existe pouca fiscalização da referida atividade, levando assim as irregularidades comuns no referido município (Figura 2).

Segundo Viana (2007), os impactos gerados nas margens dos rios devem ser considerados, tendo em vista que a bacia hidrográfica se constitui por um rio principal e seus afluentes. Logo, ao passo que surgem modificações nesta bacia a dinâmica hídrica modifica, afetando o abastecimento de outras áreas, bem como a qualidade da água. Dentro dessa vertente, as lagoas artificiais são características comuns na paisagem do município em questão, a partir das crateras que são formadas

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pela extração, com as fortes chuvas as mesmas se transformam em grandes lagos artificiais, isto se torna propício, pois o canal de escoamento do rio é desviado devido a escavação.

Figura (A, B e C) 2: Mosaico representando uma das lagoas artificiais e o leito do rio nas proximidades.

A figura 2 nos dá uma noção do processo de ampliação do uso intensivo dessa área com a exploração da argila, no entanto, cabe destacar que as jazidas eram facilmente encontradas na região devido a predominância desse recurso natural no munícipio. Mas, com o passar dos anos o recurso natural foi entrando em escassez devido ao uso contínuo, e a má gestão dos próprios ceramistas nas áreas de extração, elevando consideravelmente o preço dos produtos produzidos nestas localidades.

À degradação antrópica acelera os processos naturais de alteração na paisagem, nas regiões onde o clima é um fator limitante, a vegetação é um componente natural importante para manutenção do equilíbrio ecológico da região, se tratando da região Nordeste brasileira esse fator é bem significativo, devido aos poucos índices pluviométricos. Essas condições naturais, quando não estão em consonância uma com a outra, tornam difíceis o processo de recomposição do meio ambiente em questão (TRICART, 1977).

É importante destacar que, o local onde está acontecendo todo esse processo, fica localizado na zona rural do município de Itabaianinha, o que contribui para a não utilização da referida área com atividades ligadas a agropecuária, deixando assim, os moradores que trabalham nas cerâmicas sem ter uma outra atividade secundária, pois não existem áreas para plantar, já que as mesmas em sua maioria são vendidas com finalidade de exploração mineral.

A atividade da cerâmica da forma como está transcorrendo afeta o equilíbrio da dinâmica ambiental local que para Tricart (1977), se enquadra no meio fortemente instável, o qual devido ao uso intenso e a interferência antrópica, os elementos naturais atuantes nesta área já não são perceptíveis, ou seja, degradação do tipo erosiva, e o forte impacto das ações do intemperismo são observadas facilmente na região.

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Entretanto, a produção mineradora tem um papel primordial na economia da cidade, sendo assim o ideal é que a mesma ocorra de forma sustentável. Mas para tanto, faz-se necessário a implantação de um plano de manejo do solo, para que o mesmo possa ser utilizado de maneira que priorize a manutenção do recurso natural (argila). Devido a ineficácia dos órgãos públicos em ordenar o território, as atividades antrópicas de forma fugaz ganham consideráveis espaços no ambiente.

A atividade ceramista é base econômica da cidade, porém suas atividades não atendem as potencialidades e fragilidades do ambiente, nem tão pouco as exigências da Lei Ambiental 6.938, (BRASIL, 1981), a qual tem por finalidade a preservação e melhoria da qualidade de vida do ambiente, visando o uso racional do solo, subsolo, bem como preservação dos ecossistemas, considerando ainda que os seres humanos também estão dentro desse cenário, sendo estes em muitos casos o causador e receptor das consequências ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As práticas mineralógicas existentes no município de Itabaianinha na região que compreende a zona rural, estão ocorrendo de forma desordenada acarretando diversos problemas na dinâmica do espaço, pois a forma como estão acontecendo o manejo da argila vem apresentando um modelo insustentável de sustentabilidade socioambiental.

Assim é necessário que se faça implantação de um plano de manejo do solo, para que possa ocorrer uma mitigação dos impactos ambientais, e que irá promover consequentemente melhoria na qualidade de vida da população local. Deve-se levar em contar também que o afloramento do lençol freático provocado pela remoção do solo para atividades da cerâmica, traz consequências no que se refere a contaminação desse recurso e comprometendo a seguridade socioambiental. Tendo em vista que as lagoas artificiais que daí surgem, não tem um plano de utilização de forma adequada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Malhas Digitais. Disponível em; <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm>. Acesso em: 10 jan. 2018.

LYBOULT, A. Métodos em questão. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1971.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.

OLIVO, A. M.; ISHIKI H. M. Brasil frente à escassez de água. Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 11, n. 3, p.41-48, set/dez 2014. Disponível em:<www.colloquiumhumaram.com>. Acesso em: 01 mar. 2019.

PORTO, C. G. Intemperismo em regiões tropicais. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B.

Geomorfologia e meio ambiente. Bertrand Brasil: Rio de Janeiro, 2012.

SANTOS, M. Metamorfose do Espaço Habitado: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Geografia. 6. ed. 2. reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014.

TRICART, J. Ecodinâmica. Superintendência de Recursos Naturais e Meio Ambiente, Rio de Janeiro, 1977.

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Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe

VALE, S. A.; VARELA, M. L.; DUTRAB, R. P. S.; NASCIMENTO, R. M.; PASKOCIMAS, C. A.; FORMIGA, F. L. A Minimização dos Impactos Ambientais Causados pela Produção de Cerâmica Vermelha com Utilização da Análise Racional para Formulações de Massa. Cerâmica Industrial,

11 (5/6) Setembro/Dezembro, 2006. Disponível em: <

https://docente.ifrn.edu.br/marciovarela/disciplinas/artigos-publicados/aminimizacao>. Acesso em: 15 nov. 2018.

VIANA, B. A. S. Mineração de materiais para construção civil em áreas urbanas: impactos socioambientais dessa atividade em Teresina. PI – Teresina, 2007. 247 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) - Universidade Federal do Piauí – Núcleo de Referência em Ciências Ambientais, Piauí, Teresina, 2007.

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