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Projeto de Pesquisa. Dentro do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP

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Academic year: 2021

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Projeto de Pesquisa

Dentro do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da FAPESP

“NOVOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ENERGÉTICO REGIONAL VISANDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” Processo 03/06441-7

RTC/PIRnaUSP- Nº223

Relatório Técnico Científico

Relatório do Treinamento Técnico – Dimensão Social

Coordenador: Miguel Edgar Morales Udaeta

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Isabel Akemi Bueno Sado Janaína Roldão de Souza Jonathas Luiz de Oliveira Bernal José Aquiles Baesso Grimoni Júlia Marques Bellacosa Lidiany Luiz Cláudio Ribeiro Galvão Mário Fernandes Biague Marina Martins Martim Debs Galvão Maurício Sabbag Miguel Edgar Morales Udaeta Paulo Roberto Carneiro Paulo Hélio Kanayama Renata Valério de Freitas Ricardo Lacerda Baitelo Rafael Augusto Possari Rafael Bragança de Lima Rafael Makiyama Raquel Gomes Brito Rodrigues Thiago Hiroshi de Oliveira Victor Takazi Katayama

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1 Introdução e Contextualização_________________________________________________ 2 2 Justificativa ________________________________________________________________ 3 3 Organização do Evento _______________________________________________________ 4 4 Realização do evento _________________________________________________________ 5 4.1 Abertura_____________________________________________________________________ 5 4.2 Ciclo de Palestras _____________________________________________________________ 7 4.2.1 Módulo 1: "O Planejamento Integrado de Recursos e o Meio Social". __________________________ 7 4.2.2 Módulo 2: "Histórico do Uso de Energia: Desenvolvimento da Indústria e Economia". __________ 8 4.2.3 Módulo 3: " Desenvolvimento Humano e Energia ". ________________________________________ 9 4.2.4 Módulo 4: “Recuperação de Impactos Ambientas da Produção e Transporte de Energia no Meio Social – Fontes Não-Renováveis”. ___________________________________________________________________ 10 4.2.5 Módulo 5: “Repercussão de Impactos Ambientas da Produção e Transporte de Energia no Meio Social – Fontes Renováveis”. _______________________________________________________________________ 11 4.2.6 Módulo 6: “Processo de Internalização de Impactos Sociais” ________________________________ 12 4.2.7 Módulo 7: " Espaço, Energia e Qualidade de Vida " _______________________________________ 13 4.2.8 Módulo 8: “Conservação, Cooperação e Inovação” ________________________________________ 14 4.2.9 Módulo 9: “Barreiras à Implementação de Programas de Gerenciamento pelo Lado da Demanda” ___ 14 4.2.10 Módulo 10: "Geração de Empregos no Setor Energético" _________________________________ 15 4.3 Dinâmica de ACC ____________________________________________________________ 16

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Relatoria:

Giselle Teles e Thiago Hiroshi de Oliveira

Fotos:

Bernardette Vechia de Mendonça e Paulo Roberto Carneiro

Patrocínio:

Unesp Ilha Solteira, PPGEM – Pós-Graduação Eng. Mecânica, FEPISA, FAPESP, Cooperhidro e ANP

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1 INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

Dentro do cenário atual de exploração insustentável dos recursos naturais, onde se vê claramente que é preciso romper com paradigma economicista tradicional se desejarmos estender nossa permanência no planeta, surgiu o conceito de Planejamento Integrado de Recursos Energéticos - PIR. Nele é proposta uma nova ótica sobre a questão energética, onde não são apenas considerados os aspectos econômicos na avaliação das alternativas energéticas, mas sim todos os aspectos relevantes a todos os atores envolvidos na questão: Sociedade Civil, Poder Público e Mercado de Capitais.

O PIR é mais que uma metodologia de planejamento energético como inicialmente se infere; ele traz consigo novas diretrizes alinhadas com o Desenvolvimento Sustentável. Toda a sua sistemática de análise se apóia em quatro pilares fundamentais: o ambiental, o social, o político e o técnico-econômico. Consideram-se essas quatro dimensões com igual relevância para o planejamento energético, evitando dessa forma que problemas ambientais, sociais ou políticos, que tradicionalmente não são considerados no planejamento, manifestem-se após a definição e implementação dos empreendimentos energéticos e acabem agregando mais custos à alternativa, às vezes até inviabilizando a sua continuidade.

Cada alternativa energética é avaliada dentro dessas quatro dimensões e, por fim, as quatro notas são sintetizadas em uma. Esse índice final indica a viabilidade global da alternativa, onde as maiores notas representam as alternativas mais condizentes com o Desenvolvimento Sustentável.

Dentro dessa proposta de análise, o PIR desenvolveu metodologias de avaliação para cada uma dessas quatro dimensões; algumas mais objetivas e quantitativas, outras mais subjetivas e qualitativas, mas todas se deixando permear pela atuação de todos os envolvidos e interessados nesse processo de decisão.

A dimensão social não é facilmente quantificada como, por exemplo, a técnico-econômica; portanto a análise se baseia nas opiniões e preferências dos envolvidos e interessados no processo, visando o mapeamento das alternativas que mais se adequem à realidade sócio-econômica e cultural da Região de Araçatuba.

Nesse contexto insere-se o Treinamento Técnico do PIR – Dimensão Social, realizado nos dias 10 e 11 de Novembro de 2006, na Câmara Municipal de Ilha Solteira (foto 1), em parceria com Núcleo de Planejamento Energético, Geração e Cogeração de Energia – NUPLEN/UNESP.

O evento teve como objetivo expor para o público em geral os conceitos do PIR relacionados à dimensão social, abordando todos os impactos sociais atrelados à questão energética regional, sejam eles positivos ou negativos. Dessa forma, o público contextualizou-se na metodologia do PIR, entendendo seu próprio papel na tomada de decisão, e gabaritou-se tecnicamente para responder um questionário onde colocava a sua ótica pessoal, dentro dos parâmetros decisórios definidos pela metodologia do PIR, sobre as alternativas energéticas regionalmente mais relevantes. A partir desse questionário pode ser quantificada a preferência da sociedade civil por cada alternativa, de modo a identificar as que apresentam melhores impactos sociais no entendimento do público.

Além de inserir esse caráter democrático na tomada de decisão do planejamento energético, o Treinamento Técnico teve como objetivo a formação de parcerias com o Poder Público e com a iniciativa privada que atua regionalmente no setor, visando à divulgação da metodologia PIR e o intercâmbio de informações.

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Ilustração 1: Entrada da Câmara Municipal de Ilha Solteira - SP

2 JUSTIFICATIVA

A realização desta Oficina, em Ilha Solteira, pode ser explicada, principalmente, pela necessidade de diversificação dos treinamentos, entre os diversos municípios que compreendem a Região Administrativa de Araçatuba, para que haja uma maior divulgação do PIR entre os municípios compreendidos por este estudo.

Além disso, não se pode esquecer que o município de Ilha Solteira, particularmente, também sedia um dos campos da UNESP, cujo curso de engenharia apresenta um papel de destaque, e que a realização de uma oficina do PIR na região, além de favorecer uma maior divulgação aos moradores e estudantes da Ilha, também propiciaria um intercâmbio de dados e conhecimentos entre as duas universidades públicas do estado de São Paulo - USP e UNESP – participantes do evento

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Ilustração 2: Estudantes e Moradores da Ilha que prestigiaram a Oficina

3 ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

O Treinamento cujo enfoque era dado à Dimensão Social do PIR, contou com a presença de aproximadamente 200 participantes inscritos, com uma predominância do público estudantil de Engenharia Elétrica da UNESP de Ilha Solteira.

Toda a divulgação foi realizada em conjunto com as duas instituições participantes: USP (responsável principalmente pela realização do evento) e UNESP (encarregada da organização do mesmo). Sendo assim, o Grupo Gepea da USP, o IEE-USP e o NUPLEN da UNESP, foram os responsáveis pela organização e realização deste evento que contou com o apoio da FAPESP, FEPISA, Cooperhidro, Web Brasil e do Programa de Recursos Humanos 4 da Agência Nacional de Petróleo (PRH4 – ANP).

Ao todo, foram ao evento 22 pesquisadores da USP (foto 4): Adriana Montero, Alexandre Ruiz Picchi, Bernardette Mendonça, Bruno Keiti Kuada Shimanoe, Bruno Madeira Cruz, Cláudio Mitsutani, Daniel Nunes, Danielly Ordanini Marcelino de Melo, Décio Cicone Jr, Eduardo dos Santos Fiedler, Fatuma Catherine Atieno Odongo, Giselle Teles, João Paulo de Campos Maia Thomé, Jonathas Luiz de Oliveira Bernal, Júlia Marques Bellacosa, Mário Fernández Biague, Maurício Guimarães Sabbag, Pascoal Rigolin, Paulo Roberto Carneiro, Paulo Hélio Kanayama, Ricardo Junqueira Fujii e Thiago Hiroshi de Oliveira. Todos os pesquisadores que compunham a equipe do PIR, entre graduandos, mestrandos e doutorandos, foram transportados por um ônibus ao município escolhido, sendo levados diretamente à Câmara Municipal de Ilha Solteira, onde o treinamento foi realizado.

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Ilustração 3: Alguns pesquisadores da equipe Usp que estavam na Oficina

4 REALIZAÇÃO DO EVENTO

4.1 ABERTURA

Ilustração 4: Mesa de Abertura com os Representantes da Unesp, da Poli-Usp, da Prefeitura da illha Solteira e da Cooperhidro

O evento iniciou-se às 19h 30m (foto 4), com a saudação dos participantes pelo Professor Ricardo Alan Ramos que coordenou o evento.

Em seguida, foi dada a palavra ao Sr. Cláudio Mitsutani - Pesquisador do IEE - que representou a USP na mesa e apresentou o PIR (foto 5). Sua fala destacou que a efetiva implantação do PIR envolve vários elementos da cadeia energética, que por sua vez, é composta por todos nós consumidores. Em seguida, enfocou o estudo dos recursos energéticos analisando-os em suas quatro dimensões: ambiental, social, política e técnico-econômica, enfatizando que na oficina em questão, a dimensão social seria o centro das atenções.

O Sr. Wilson Manzoli Jr - Diretor do campus de Ilha Solteria da UNESP – além de agradecer a presença de todos ao evento, revela que o campus de Engenharia da UNESP já possui um grande estudo sobre geração e co-geração de energia em que a biomassa e a cana-de-açúcar

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apresentam papel de destaque. Contudo, um estudo sobre planejamento energético, como o implementado pela USP, nunca foi enfocado nas pesquisas da UNESP. Assim, Manzoli enfatiza a enriquecedora troca de informações e experiências que poderiam ser realizadas entre estas duas instituições acadêmicas no decorrer do evento.

Já o Professor Ricardo Alan Ramos - Coordenador do NUPLEN /UNESP tece algumas considerações sobre o NUPLEN - Núcleo de Planejamento Energético - um grupo de pesquisa desenvolvido pela UNESP de Ilha Solteira que uni tecnologia, empresa e universidade com pesquisas de campo no município de Rio Preto. Este núcleo conta com um total de 20 alunos (entre graduando e pós-graduandos) cujo objetivo é desenvolver projetos que envolvam as hidrelétricas, os gasodutos e o setor sucro-alcoeiro de Rio Preto, a região por eles estudada.

Posteriormente, se pronunciam os Srs. Carlos Antonio Farias de Souza Presidente da Cooperhidro - Cooperativa do Pólo Hidroviário de Araçatuba e o Representante da Prefeitura que, de um modo geral, abordaram em suas falas a importância do Planejamento Integrado de Recursos Energéticos para um desenvolvimento sustentável desta Região do oeste paulista.

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Ilustração 6: Jonathas

A primeira palestra realizada pelo pesquisador graduando de Engenharia Elétrica pela USP, Jonathas Bernal (foto 6), explica o PIR e o relaciona com a dimensão social a partir de um desenvolvimento sustentável. Além disso, deixa claro que, para que o PIR possa vir a se estabelecer efetivamente, é necessário que as quatro dimensões mencionadas, anteriormente, pelo Cláudio Mitsutani, tenham todas iguais peso.

Deste modo, alerta para o fato de que, uma oferta barata, sempre implica em um alto desperdício. Já os recursos de demanda, ou seja, de uso, proporcionariam certa economia de custos, quando a oferta de recursos disponíveis fosse abundante. Outra questão levantada durante esta apresentação diz respeito à visão social que relaciona sempre a energia a algum tipo de impacto, seja ambiental, seja político.

Durante a palestra, houve algumas intervenções do pesquisador de mestrado Décio Cicone que relembrou aos presentes, o fato de que o PIR não preconiza a questão econômica em seus estudos, sendo assim, é possível relacionar o PIR a uma política pública e não empresarial.

Outra intervenção, agora já no fim da palestra, é feita por um dos estudantes de Engenharia Elétrica da UNESP que assistia ao evento. Este estudante, além de fazer menção a um projeto desenvolvido com sucesso pela Unesp de Ilha Solteira relativo à energia, fez uma analogia do PIR com o programa do governo "Luz para Todos". Jonathas o esclarece afirmando que o PIR caminha na contramão deste projeto, uma vez que, a energia é condição necessária para o desenvolvimento, ter energia não significa, necessariamente, ter desenvolvimento. Décio complementa a resposta de Jonathas exemplificando o caso do PIR de Amazonas em que a utilização do freezer pelas populações ribeirinhas, para armazenar o peixe, não obteve o êxito esperado, justamente pela falta de energia periódica que sofria tal comunidade.

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4.2.2 Módulo 2: "Histórico do Uso de Energia: Desenvolvimento da Indústria e Economia".

Palestrante: Bruno Madeira Cruz.

Ilustração 7: Bruno Madeira

A segunda palestra realizada pelo pesquisador, graduando em geografia pela USP, Bruno Madeira Cruz (foto 7) fez um apanhado histórico relacionando o surgimento do homem com sua crescente necessidade de energia à medida que ia se desenvolvendo. Sendo assim, Bruno inicia sua palestra falando do homo-sapiens, passa pelo neolítico (período em que o homem descobre o fogo e começa a utilizar melhor a energia) até chegar a Revolução Industrial do século XVIII cujos picos de energia são alcançados graças à invenção da máquina a vapor.

Neste período, ocorre uma aceleração da produção com uma diminuição do tempo propiciada pelo desenvolvimento tecnológico, bem como melhorias na área da saúde, que favorecem uma explosão demográfica.

Em relação ao Brasil, esse desenvolvimento industrial que acontece de forma tardia, favorece o consumo. Atualmente, grande parte da energia consumida no Brasil é proveniente das usinas hidrelétricas.

Entretanto, durante sua apresentação, Bruno alerta para a questão do racionamento, que acaba por se estabelecer na indústria brasileira, quando esta não realiza um investimento adequado compatível com o desenvolvimento econômico almejado.

Em seguida, o pesquisador tenta relacionar todo este desenvolvimento energético-econômico com suas implicações à sociedade. Para isto, utiliza o exemplo da cidade de Ita (localizada na fronteira dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) cuja construção de uma usina hidrelétrica fez com que a população dobrasse, além de provocar mudanças significativas na região como infra-estrutura e geração de empregos (principalmente durante a construção das barragens). Deste modo, Bruno deixa claro que, um empreendimento energético nem sempre provoca impactos negativos à população atingida, uma vez que, no caso de Ita, a construção da usina além de não causar prejuízos à população, foi bastante positiva à mesma.

Além disso, o palestrante discorre um pouco sobre o gás natural (outra fonte energética bastante utilizada no Brasil) relacionando-o aos impactos sociais que sua utilização pode causar, utilizando como exemplo o caso do gasoduto Coari-Manaus.

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Ilustração 8: Júlia Bellacosa

Esta palestra realizada pela pesquisadora graduanda em geografia pela USP, Julia, teve por objetivo, basicamente, relacionar a qualidade de vida das pessoas ao desenvolvimento energético. Para isso, inicia sua apresentação nos contando como surgiu o IDH (Índice de desenvolvimento Humano) na história, e aponta duas de suas principais características:

• O IDH preconiza idéias da sociedade capitalista e não dos grupos sociais, ou seja, sua verdadeira qualidade de vida.

• O IDH não leva em consideração as desigualdades sociais.

Posteriormente, faz a relação entre energia e desenvolvimento e entre IDH e energia. Sendo assim, cita o exemplo do programa de 2003 do governo "Luz para Todos" (já mencionado anteriormente por um dos estudantes ouvintes da palestra) em que relaciona a exclusão elétrica aos locais onde há uma baixa renda, citando como exemplo o caso de Cachoeira do Aruã cuja introdução de energia melhorou a qualidade de vida (crescimento da renda, educação, saúde, etc) da população.

Além deste, também faz alusão ao PRODEEM e em seguida discorre um pouco sobre o acesso e equidade e sobre a energia e a equidade.

Em sua apresentação é dado outro enfoque ao desenvolvimento sustentável, em que destaca os problemas atuais e futuros com a escassez de água e como o aquecimento global: suas causas (fruto da era geológica ou relacionada diretamente às ações antrópicas) conseqüências, prevenção e precaução.

Desse modo, Júlia destaca em sua apresentação basicamente a apropriação desigual dos recursos, a relação entre IDH e energia e alerta para futuras alternativas que possam vir a amenizar o aquecimento global e a escassez de água.

Após sua palestra o único comentário tecido foi do Décio que destacou a importância e atualidade do tema tratado pela pesquisadora, uma vez que acabara de ler, nas páginas amarelas da revista Veja, uma entrevista relacionando o aquecimento global com a economia.

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4.2.4 Módulo 4: “Recuperação de Impactos Ambientas da Produção e Transporte de Energia no Meio Social – Fontes Não-Renováveis”.

Palestrante: Alexandre Ruiz Picci.

Ilustração 9: Alexandre Picci

Neste módulo, o palestrante Alexandre Ruiz Picci, pesquisador e graduando em Engenharia Ambiental pela USP, abordou vários conceitos relacionados aos impactos ambientais atrelados à geração de energia a partir de fontes não-renováveis.

Em uma rápida retrospectiva ao ano de 2001, remetendo à crise do “apagão”, o palestrante ressaltou a importância de se construir uma matriz energética diversificada como forma de minimizar o risco de desabastecimento em caso de escassez de uma fonte específica. Lembrou que é exatamente nesse planejamento energético com enfoque diversificado que se insere o PIR, atuando de forma a minimizar os impactos negativos (ambientais, sociais, etc.) e maximizar os positivos (crescimento econômico, empregos, etc.).

Foram expostas situações reais de impactos negativos oriundos das fontes não-renováveis, entre eles a contaminação de áreas por substâncias inflamáveis, principalmente no entorno dos postos de combustíveis; o caso do petroleiro Exxon Valdez, que naufragou e causou um dos maiores impactos ambientais da história mundial; os efeitos nocivos ao crescimento vegetal causados pelo flúor liberado na queima de combustíveis fósseis; e a questão do aquecimento global.

Como perspectiva de fonte não-renovável necessária, Alexandre discorreu sobre a geração de energia nuclear. Ressaltou os grandes avanços no desenvolvimento de tecnologias de disposição de resíduos nucleares, principalmente nos EUA, e comentou sobre estudos já em curso para implantação de 10 usinas nucleares na região Nordeste, em vista à saturação da capacidade hídrica regional de geração.

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Ilustração 10: Módulo 5

O pesquisador e graduando em Engenharia Ambiental pela USP Maurício Sabbag, que nas apresentações livres da manhã exibiu um vídeo sobre técnicas de geração de energia a partir do chorume proveniente do lixo urbano, iniciou sua palestra discorrendo sobre o conceito de renovabilidade. Fez uso do caso haitiano, onde o caos social gerou a extração em um ritmo descontrolado de madeira para lenha que quase dizimou todas as florestas do país, para demonstrar que a renovabilidade de algumas fontes não é absoluta no tempo e depende de como sua exploração é feita.

Ele relembrou ao público presente, que as fontes renováveis de energia podem causar impactos negativos, ao contrário do que muita gente pensa. Citou as emissões de gases do efeito estufa provenientes da putrefação da matéria orgânica submersa nos grandes reservatórios das hidrelétricas e o problema das queimadas, do vinhoto e de trabalhadores em condições insalubres associados ao setor sucroalcooleiro.

Como perspectiva de fonte renovável importante, Maurício ressaltou a participação do biodiesel na matriz energética regional. Após explicar o método de produção do mesmo, ilustrando com a exibição de um vídeo onde se produz biodiesel a partir de óleo de cozinha usado, o palestrante propôs que se introduzisse a cultura de oleaginosas em associação a outras culturas existentes na região, como a própria cana-de-açúcar, e que paralelamente se incentivasse a produção familiar de oleaginosas nativas através de políticas públicas, como forma de distribuição de renda e prevenção de problemas urbanos.

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4.2.6 Módulo 6: “Processo de Internalização de Impactos Sociais”

Palestrante: Ricardo Fujii.

Ilustração 11: Módulo 6

O palestrante Ricardo Fujii, pesquisador mestrando pela USP, abordou nesse módulo a questão da internalização de impactos sociais. Fujii iniciou sua fala definido o que se entende por externalidades em processos produtivos e pontuou os principais impactos causados pelos empreendimentos energéticos. A partir dessas informações, o pesquisador alertou para a importância da internalização dessas externalidades pelos empreendimentos que as geram, ressaltando os benefícios dessa conduta tanto para os investidores quanto para o Poder Público e a Sociedade Civil.

Após essa contextualização, o pesquisador abordou a sistemática de internalização desses impactos. Ressaltou a dificuldade de se monetarizar impactos sociais, mas apresentou técnicas que visam realizar essa quantificação da forma mais completa possível. Por meio de exemplos de análise de alguns impactos relevantes, onde, para cada caso, foram definidos os atores afetados e as externalidades a se considerar, Fujii demonstrou como é possível proceder a internalização desses impactos desde que se tenha uma visão abrangente e ao mesmo tempo objetiva da situação, que contemple todas as interações que são afetadas pelo empreendimento, seja de forma direta ou indireta.

Por fim, a palestra abordou as principais externalidades que devem ser consideradas no caso específico do Oeste Paulista, principalmente aquelas oriundas das usinas de açúcar e álcool e das termoelétricas.

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Ilustração 12: Módulo 7

Esta palestra foi desenvolvida pela pesquisadora e arquiteta Bernadette Mendonça que, entre outras coisas, buscou relacionar a sociedade com o espaço, uma vez que qualquer objeto que se encontra no espaço pode ser considerado arquitetura. Além disso, como todos os demais participantes, mostra o slide referencial enfatizado o quanto o homem, com o passar dos séculos, se distanciou da natureza através dos processos.

Em seguida, disserta um pouco sobre a evolução urbana que pode ser explicada como uma tentativa de racionalizar a construção do espaço pelo homem, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento sustentável implica em uma relação intrínseca entre a tecnologia e a arte. Neste contexto, a pesquisadora insere a Arquitetura Bioclimática como um dos principais recursos de demanda para o PIR de Araçatuba, uma vez que minimiza o consumo de energia de maneira otimizadora, sempre levando em consideração a dimensão urbana.

Sendo assim, esse tipo de arquitetura considera o consumo energético racional, uma vez que utiliza a madeira reflorestada, vidros nos tetos das construções a fim de tentar se obter um melhor aproveitamento da luz solar (relacionamento da arquitetura com a luminotécnica), bem como observar durante as construções a direção dos ventos. Todavia, todas as medidas acima mencionadas visam reduzir os gastos com a energia, sem desconsiderar o conforto do ser humano.

No entanto, a arquiteta também destaca em sua apresentação o paradoxo atual da modernidade que aponta para uma necessidade de releitura dos valores locais (considerando a cultura das comunidades que ali habitam), ao mesmo tempo em que há uma crescente padronização dos lugares devido ao processo da globalização.

Desse modo, após uma apresentação bastante interativa e objetiva, a pesquisadora termina o seminário deixando uma questão: “Até que ponto o arquiteto pode interferir no meio sem esquecer-se de considerar a individualidade de cada esquecer-ser humano?”.

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4.2.8 Módulo 8: “Conservação, Cooperação e Inovação”

Palestrante: Mário Fernández Biague.

Ilustração 13: Módulo 8

Neste módulo, o pesquisador e doutorando pela USP Mário Biague (foto 13) iniciou sua fala discorrendo sobre a dimensão social do PIR e apresentando todos os fatores relevantes para a caracterização do contexto social da Região. O palestrante definiu a indústria da energia no âmbito internacional por meio de três pares de grandes forças que se contrapõem e constituem os pontos de tensão da cadeia. Ele reiterou a importância de um bom relacionamento entre todos os envolvidos na cadeia energética regional, com o Poder Público atuando no sentido de promover o debate de idéias entre eles. Segundo Mário, um consenso entre todas as partes é sempre difícil e só poderá ser alcançado por meio do diálogo.

Por fim, o palestrante ressaltou a importância de se promover a inovação tecnológica no setor energético, com o governo e a iniciativa privada assumindo seus papéis de fomentadores de pesquisas científicas com esse caráter.

4.2.9 Módulo 9: “Barreiras à Implementação de Programas de Gerenciamento pelo Lado da Demanda”

Palestrantes: Bruno Keiti e Daniel Nunes.

Ilustração 14: Módulo 9

Os pesquisadores e graduandos em Engenharia Elétrica pela USP Bruno Keiti e Daniel Nunes (foto114) iniciaram sua palestra apresentando o conceito de Gerenciamento Pelo Lado da

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Ilustração 15: Módulo 10

Por fim, a palestra do pesquisador doutorando do IEE-USP, Paulo Hélio Kanayama (foto 15) se inicia com uma breve recapitulação do PIR, enfocando a importância que o setor energético, principalmente as indústrias petrolíferas e de combustíveis fósseis em geral, desempenha para a geração de empregos.

Em seguida, destaca que o uso da energia renovável cria empregos principalmente em áreas rurais. Além disso, ressalta que a agricultura familiar gera mais emprego do que a agricultura empresarial por hectare cultivado.

Desse modo, depois de uma exposição bem dinâmica e descontraída para com os participantes, Paulo destaca a importância de se pensar na hora de se realizar um estudo: se há um potencial muito rico em recurso em um determinado local, como isso pode contribuir para melhorar a qualidade de vida da população que ali habita?

Contudo, ressalta que essa melhoria na qualidade de vida deve sempre envolver as quatro dimensões defendidas pelo PIR: a social, a ambiental, a política e a técnico-econômica.

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4.3 DINÂMICA DE ACC

Ilustração 16: Décio Ciccone

Após as apresentações dos módulos, o pesquisador mestrando de Engenharia Elétrica, Décio Cicone (foto 16), toma a palavra e realiza uma dinâmica com os participantes através da aplicação de um questionário (fotos 17) que teve por objetivo dar um feedback à equipe do PIR do público ouvinte. Além disso, antes da efetiva aplicação dos questionários, Décio faz uma rápida recapitulação geral de tudo o que foi dito, enfatizando a definição de PIR e suas quatro dimensões e explica como que o questionário deveria ser respondido.

Ilustração 17: Preenchimento do questionário pelos participantes da Oficina

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização periódica de treinamentos, como este, faz parte da proposta de planejamento energético introduzida pelo PIR, onde é fundamental a participação dos envolvidos/interessados no processo de tomada de decisão. Este evento, realizado em parceria com a UNESP, contou com um público expressivo de mais de 200 participantes. Para muitos destes foi o primeiro contato com a metodologia PIR, portando o caráter didático das palestras foi indispensável para que o público, ao final do treinamento, estivesse consciente da importância da sua participação e capacitado a responder o questionário onde expressava suas opiniões sobre as diferentes alternativas energéticas.

Fora do âmbito expositivo formal, o contato direto dos pesquisadores com os participantes do evento foi fundamental para ambos, possibilitando um intercâmbio direto de informações. Os coffee breaks (foto18) que intercalavam as apresentações eram os espaços em que se realizava o contato com os participantes, sanando possíveis dúvidas sobre os temas das palestras e transmitindo

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Ilustração 18: : Coffee breaks possibilitando um contato direto de informações entre os pesquisadores e participantes do evento.

Ao final do evento, os participantes receberam um certificado comprovando seu treinamento pelo PIR e tornaram-se pessoas capacitadas a disseminar essa metodologia. O evento, apenas por ter contato com uma expressiva participação, já pode ser considerado um sucesso. Além disso, o contato intensivo durante todo o evento dos pesquisadores do PIR com os do NUPLEN/UNESP serviu para consolidar uma parceria entre grupos com temas de estudos convergentes e complementares. Dessa forma, criou-se uma parceria simbiótica que demonstrou ser bastante construtiva para ambos os lados.

Uma ressalva para os próximos eventos é a questão da divulgação. Conceitualmente, os treinamentos do PIR devem atingir a todos os envolvidos e interessados no planejamento energético regional, portanto uma divulgação realizada de maneira abrangente é o ponto de partida para a formação de um público diversificado e representativo. Notamos, nesse evento de Ilha Solteira, a predominância de um grupo específico de participantes, os estudantes da UNESP, e a participação menos expressiva de empresários do setor. Talvez, para os próximos eventos, a divulgação deva se articular diretamente com as associações empresariais da região, atuando de forma mais incisiva nesse grupo específico.

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