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LENDA TEXTO CRITICO. s BARUM [ mim. I S B O ja». G. DE Vasconcellos-ABREU. Typographia da Academia Real das Sciencias

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(2)
(3)

TEXTO

CRITICO

LENDA

s

BARUM

[

mim

Tiradodo Códice do Mosteiro de Alcobaça

existente comon." 266 naTorre doTombo

em

Lisboa edado alume

G. DE

Vasconcellos-ABREU

Sócio correspondente daAcademiaReal das Ciências

IL,

I

S

B

O

ja».

Typographia daAcademiaReal das Sciencias

(4)
(5)
(6)
(7)

é-2e£2^-^

^

P-^--<^

A

LENDA

SÍNTOS

BÍIÍILÍÍO

E

JOSÍFIITE

(8)

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by

the

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2010

with

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from

University

of

Toronto

(9)

A

LENDA

s

mim

[

JOsiF

Teitocríticode

nm

manuscrito qnese lênoCódicedo Mosteiro de Alcobaça existentecomon.°266na Torre doTomboemLisboa

II

EstDdo glotológico do teito

III

Resumohistóricodas origens edifusão literáriae religiosada lenda

MEMÓRIA APRESEMADA A1*CLASSEDAACADEMIA REAL DASCIÊNCIAS

POR

G. DE

Vasconcei.los-ABREU

e a.

R.

Gonçalves

VIANNA

Sócios correspondentes

Ij

I

S

B

O

-A.

Typographia da AcademiaReal das Sciencias

(10)
(11)

TEXTO

CRITICO

LENDA

DOS SANTOS

BAELAÃO

E

JOSAEATE

Tiradodo Códice do Mosteiro deAlcobaça

existentecomon.°266naTorre doTomboedadoalume

POR

(12)
(13)
(14)

ii'

m

^^^

btfirátuiliié^

l?n

iíi|i

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í'í

(15)

A

LENDA

SANTOS

BARLAÃO

E

JOSAFATE

Ê

o começo que os mosteiros

começam

a seer feitose os monges

co-meçarõ servir aNosso Senhorêterra díndia,levantousse uu nei daquella

terra díndia,que avia

nome

Avenir,que eragentil e adorava os idolos.Este

Hei

mandou

per sua terraque todos os cliristãaos fosseapremados de negar

5 a fe de Jesu Cliristo emandavallies dar muifortestormentos, ameaçandoos

cõ mortes cruevees. Mais cõ todoestonõ leixavãporê os santosmonges de

preegar asaúde e o

nome

de Jesu Ciiristo a todos abertamente,ê guisa que

muitos leixavã asamarguras e as treevasdo engano deste

mundo

e

achega-vãsse ao lume da verdade e leixavã todas ashonrras e ascarregas davida

10deste segre, e faziãsse monges.

E

porê Rei Avenir começou mui grande

persiguiçõ contra os santos homêes.

E

estando el ê este error tã forte e

grande, naceolhe uu filho mui fremoso.

E

eUei e todos os do Reino foro

mui

alegres e poserõlhe

nome

Josaphate e fezerõ muitossacrifícios aos

ido-los pella naçença do infante.

E

fez eUei ajuntar cinquoenta mui sabedores

*NoMs. nãose lônemestenemoutrotítulodacélebreHistoria(comoé

desig-nadaãlendana ed.deBasilea).

A

primeira folha do Códice, a qualnãoénumerada,

traz,porém, noversoenotopo,a seguinte advertência:

Aquisecomeeçaavida dohonrradolíTanleJosaphat,filhode Elrrey Avenir.

Esta advertênciaédamesmaletrada páginafronteira,numerada1,

sem

cuja

pri-meiralinha(das30de página)seprincipiou logoaescrever aLenda.

Com

letra modernaescreveualguém, apartirdo meioda página

em

cujo topose

léa advertênciareferida, o índicedosescritosquecompõemoCódice.

(16)

6 A LENDA DOSSANTOS bAllLAÃO E JOSAFATE

e uogouos, que lhe dissesse que avia de seer da(|uelle seu filho que llie

naçera. E entõ disserõ lodos que avia de seer mui grande

home

ê

neque-zas e ê poder, 5 guisa que passaria todos os Reis que ante foro. Mais iiu

dos astrólogos disse: Senhor, sabe por certo que, segundoeu entendo polia arte das estreitas, a honrra eo proveito deste

moço

nõ será ê este iteino, g

mais êoutro mui mayor e mais alto e melhor que nõ ha conparaçõ cõeste

teu Reino, b], segundp eu entendo, este

moco

Recebera a lei dos chrislãaos

que tu andas persiguindo. E, quando ehtei esto ouvio, houve mui grande

coita e mui grande pesar, e imaginou comopoderia esto estorvar; e

mandou

ê cabo da cidade fazer Qus paaços mui grandes emui fremosos, e

mandou

u)

*me-(f.1) ali meteromenino,* que morasse ali. E, depois que houve sete anos,

deo-Ihe meestres que o ensinasse e sergentes que o servisse, mancebos

au-tos e apostos; edefendeolhes queoutro

home

nêmolhernõ chegasse aelle,

nê descobrisse a elle nê hua cousa daquellasque fazê ao

home

entristecer,

êguisa que elle nõ podesse saberque cousa era morte, nêvelhece, nêenfir- ig

midade, nê proveza, e que lhe ensinasse todas as cousas alegres e

deleito-sas, e sobre todas as cousas lhe deíendeo que lhe nõ leixassê ouvir nê

Qa cousa de feito de Jesu Christo.

E

tanto que adoiçiaalgQu daquelles que

estava cõ o infante, logo omandava eiRei poerfora, e metia outroê seu

to-gar, por tal que o

moço

nõ visse nê ua cousanojosa. ElReiouviodizer que 20

ainda algQus monges ficava êsua terra emandouos todoslançar (oradelia.

E

o infante Josaphate, estando assi ençarradonlaaijue foimancebo,

apre-hendeo tanto ataa que foi mui leterado e mui sabedor; a sua alma eratoda

esplandeçente cõ bõos costumesecõmuitasvirtudes econpridodelodosbêes;

e assiera de grande entendimentoemui solil.Avia toda viapensadoporque 25

o ençarrara assi seu padre,epreguntou a iiu de seus meestres e que mais

amava por que oençarrara seu padre ê talmaneira; prometeudolhe

aUcada-mente seu

amor

pêra senpre.

E

o meestre descobriolhe todo ofeito e aRazõ por que era, e

como

elRei persiguia mui fortemente todos os christãaos,

mayormente os

monges

e os irmitãaes, e os lançara todos da sua terra; e 30

outrossi lhe coutou todoo que dissera o astrólogo

em

seufeito e

como

seu

padre nõ queria que falassemuitos cõelle, por tal que nõ aprehendesse nê

Qa cousa dos feitos dos christãaos e adiantasse a lei sua, e

como

defendera

que lhe nõ descobrisse nê Qa cousa das lazeiras deste mundo.

E

quando o

*(f.ivj infante Jos;iphale ouvio* esto tomou a palavra da saúde ê seu coraçõ e nõ35

respondeo nê ua cousa, e a alegria do Esprito Santo começou a viir aos

olhos do seu entendimento.

ElRei seu padre vinhao veerameude ca oamava muitoeQu dia disse o

infantea seupadre: Senhor, sabe porcertoquearainhaalmahagrande

(17)

A LENDADOS SANTOS. iiARLAAO EJOSAFATE 7

ençarrar ê estes paaços e defendeste que nõ veesse nê úu a

mi? E

dis-selhe o padre: Filho, esto fige eu por que nõ quero quevejas cõquete

ano-jes, e vivas senpre êprazer e ê viços.

E

disseo infante: Senhor, sabe por

certo que ê esta guisanõvivoeu ê prazer, maisê grande coita fortemente;

S e se tu queresque eu perca estespesares,

mandame

andar per u eu quiser.

E

elRei quando esto ouvio ficou mui triste; pêro, por nõ anojar seu filho,

mandou

trazer muitoscavalios bê guarnidos, emandouJ[he que andasse peru

elle quisesse; edefendeo aos escudeiros, que aviadandar cõelle,que

aguar-dasse bê o infante, que nõvisse nê ua cousa nojosa, mais que lhe mostrasse

10todas cousas prazivees, e

mandou

que fosse ante e! fazendo muitosjogos, e

muitos joglares cõ estormentos tangendo.

E

des ali adiante começou o

in-fante Josaphate acavalgar muito ameude; e aqueiles que cõ elleandavanõ o

poderá tanto guardar que uu dia nõ visse uu

home

cego e outro gafo; e

preguntou aaqueilesque o guardava: que homêeserã aqueilesou

como

avia

15 assi tã fea catadura. Disserõ entõ os meestres, que aquellas erã

enlirmi-dades que acontiçiã aos homêes.

E

preguntou oinfante, se taaes

enfirmida-des sooê acontecer a todos os homêes.

E

eiles lhe disserõ que nõa todos,

mais aaqueiles* que perde a saúde pella sobigidõedo muito comer e áQ*(f-2)

muito beveredos humores.

E

preguntou:se erã sabudos e certos aqueiles a

20 quê taaes cousas acontiçiã, ou se avinha ora a íjus ora a outros.

E

elles

responderõ: qualhe aquelle quepode saberascousasque hã deviir?

certa-mente nê Qu home.

E

quando esto ouvio oinfante doeosse muito ê seu co-raçõ e mudousselhe a coor; por que vira aquello que nõ aviacostumado de

veer.

E

a cabo de diaso infante Josaphate vio Qu

home

mui velhoemui

fe-25bre e maravilhousse muito.

E

disserõlhe os que estava cõ elle: Este home,

seendo de muitos ânuos, he tornadoa estamizquindade quetu vees.

E

disse

o infante: Este mizquinho ha daver algOu acabamento? eelles disserõ que

avia d acabar per morte.

E

o infante lhes disse:

Que

cousa he a morte?e

ellesresponderõ: que acabamento dedias e acabamento detodolloshomêes;

30 e que lhes ha de falecer aqueste mundo.

E como?

disse o infante: nõha

senpre de durar o

home

ê este

mundo?

nõ, disserõ elles.

E

disseoinfante:

Pois esta mizquindade da velheçe hãna todollos homêes ou algus?

E

elles

disserõ: Se a morte nõ vê ante ao home, convê que por acreçentamentos

dos anos venha o

home

a esta mizquindade da veihece. Disse oinfante: Ha

35 i algi5a arte per que o

home

possa escapar aa morte ou a esta

mizquin-dade da veihece?

E

elles disserõ que nõ podia seer escusado per nê úa

guisa.

E

quandooinfante ouvio todallas cousas, começoua pensar êseu

co-raçõegemer e suspirar, dizendo: Amargosa cousa he esta vida! e chea de

amargura! e de toda door! e era mui coitado e mui

demudado

pensandoê

(18)

8

A LENDA DOS SANTOSBAnLAÃOE JOSAFATE

*([ 2v) talque

nõ*

soubesse o padre o que pensava.

E

desejava achar alguê quelhe

ensinasse algúa boa palavra, e preguntava miiilas vezes aaquel seumeestre

de que vosfalamos se sabia alguu

homê

que lhedesse conselhoê seus

pen-samentos.

E

disselheaquel meestre: Senhor,já te dissequeaquel

lessabedo-res irmitãaes,que ensinava estas cousas, que teu padre dellesmatou e dei- 5

lesencorreu do seuReino.

Estando o infante Josaphale Í3 este cuidado, uu

homê

santo

monge

da

santa vida, que avia

nome

Barlaão, clérigode missa, morava êo desertode

Sanar

em

ua çella mui pequena ser\indo a Nosso Senhor; e apareçeolhe

em

viso Jesu Christo e mostroulhe todallas coitas e cuidados

em

que es- lo tavaoinfante Josaphale. Eo santo

homê

Barlaãodeçendeodo

ermo

e

mudou

sua vistidura e vistiosse

em

panos sagraaes, eentrou ê hila nave, que

vii-nha pêra terra díndia, fingindosse qne era mercador, eveosse aaqueila

ci-dade u morava oinfante Josaphale, e morou ali per muitos tenpos,

pregun-tando senpre por todaa fazenda do infante.

E

soube que aquelmeestre de 15

que vos falamos era o mayor privadodo infante, e foisse pêra elle e

cha-mouo

a departe e disselhe: Senhor, eu sõ de Qa terra mui 'onge desta e

trago úa pedra preciosa, a qualoutra nõ podeseer achada; e ROgoleque

me

façasveer oinfante Josaphale pêra lhe dar estapedra; ca esta vai mais que

todollosbêesdomundo, ca ellahapoder de darlumeaos cegos docoraçõ, e 20

deabrir as orelhas dos surdos, e defazer falarosmudos,ede saaroscegos

*es-(7.3; eos enfermos, e de darsisoaos sandeuos, e de espantar* os diaboos, ede dar todallas cousas boas e pagadoiras aaquel que a tever, largamente nõ

ê guisa descasso. Quando o meestre esto ouvio disselhe: Vejote

homê

de

Deos e entendudo; mais pareçeme que te gabas muito sobre guisa; ca eu25

tive ja evi muitas pedras preciosasa maravilha, mais nimca vinê

omi

di-zer de pedras que ouvessê taaes virtudes

como

tu dizes. Maistu moslrame

essa pedra que trages; e se he verdade o que tu dizes, dezeloei logo ao

infante eReceberas delle grandes honrrasegrandes dõoesamaravilha.

E

dis-selhe o santo homê: Esta pedra preciosa ha ainda tal ^^rtude, que a nõ30

pode sofrer aqnel que nõ ha a catadura sãa e enteira, e a vista dos olhos; e nõ pode dnrar se nõ for cõ o corpo casto que nunca foi ençujado ê nê

úa maneira; e aquel que nõ ouver estas cousas enteiramente, se vir esta

pedra preciosa, logoperdera o entendimentoe a vista dos olhos.

E

eusei ja

tanto de física e vejo bê que os teusolhos nõ sõ taaes, nê sãaos, e ei

medo

33

de perderes aqnel lume que has ê elles e que seja teuaazo de tã grande

mal. Maisouvi dizer que oinfante, filhodeiRei, que he muicasto edesanta

vida e que ha os olhos mui fremosos e mui claros. E porê sõ eumui

(19)

A LENDADOS SANTOS BARLAÃOE JOSAFATE

9

digo, quenõ façasperdera teu senhortalcousa

como

esta.Quandoesto

ou-vio aquel meestre, dissea Baiiaão: Se heassi

como

tu dizesnõ amostres tu

ami tal pedra comoessa; ca eueimuitos pecados feitose ençujei aminha

vida; e a vistados

meus

olhos nõ heclara segundotu dizes.Mais eu creoas

5tuas palavras, e contarei esto ao filho deiRei.

E

foisse logoaquelmeestre e

contou todo aoinfanteJosaphate quanto lhe disserao santo

home*

*(f-3v)

Quando oinfante ouvio estaspalavras, logosentio o coraçõ alegre polia

graça do Esprilo Santo, e

mandou

logo que veesse ante elle aquelle

home

que traziaa pedra preciosa.

E

entõ o chamarõ.E tanto que Barlaão entrou

10 anteoinfantesaudouo; e oinfanteofezseerante sie

mandou

a seu

mees-tre que se fosse dali.Edisse oinfante aBarlaão:

Amostrame

aquella pedra

preciosa de que

me

falou

meu

meestre. E disselhe o santo home: Grande

torto seria e grande loucura se eu mentisse a tã grande senhor

como

tu es; ca saibaspor certo que todas cousas quete eu disser todo heverdade. Mais

15conpre que primeiramente aja eu de provar o saber do teu entendimento

ante que te demostre o feito desta cousa.

E

saibas que diz o

meu

senhor:

que Qu

home

saio a semear sua semente; e parte deliacaio acerca da car-reira eveerõ as avesecomerõna toda logo; e a oulra parte caio sobre as

pfdras e nõ pode creçer, porque nõ avia humor; e a outra caio antre as

20 espinhas e afogarõna; e a outra caio ê boa terra e deo seu fruitoê çê

do-bro.

E

pois, se eu acharê o teu coraçõ boa terrapêra darfruito, nõ tarda-rei de semear ê eilaa semente de Deos, e descobrirteeioseu mui grande

feito,de guisa que averasa pedra preciosa; e poilo rayo dolume delia

me-receras seer feito lume êli

meesmo

e darás de ti fruito ê çê dobro.

E

sai-25bas que eu sofri mui grande trabalho, e andei mui grande carreira, por

tal que te amostrasse e teensinasse o que tununcavistenê ouviste.

E

dis-selhe enlõ oinfante Josaphate:

Eu

desejo ouvir algúa boa palavra enova e

boa: ca mui grande fogo ardeno

meu

coraçõ poraprehenderalgíiascousas,

que ataagora nõpude acharquê

me*

fezesse certodelias. Mais, por que eu*(f.4j

30 ouvi dizer que tu veeras de terras estranhase de mui longe,ei esperança

que acalçareio que perticobiço grande tenpoha. E porê se tu algúacousa

sabes de saúde ensinama, e eua receberei mui de grado e guardaiaei mui

bê.

E

mais ROgote que

me

digas qualhe aquel teusenhor de que começaste

a falar.

E

disselheo santo home: Sabe queo

meu

senhor he Jesu Ghristo, 35íiu soo filho de Deos, bê aventurado e poderoso Rei dos çeeos e Rei dos

Beis e senhor dos senhores, que nunca pode morrer, e

mora

naluz aa qual

nõ se pode chegar nê Qu home, ali u he louvado ensenbra cõ o Padree

cõ o Esprito Santo. Ca eu nõ sõ daquelles que adora os muitos deoses

(20)

co-10

A LENDADOSSANTOSUARLAÃOE JOSAFATE

nheço soo uu Deos que fez todas as cousas. Ca elle fez primeiramente as

virtudes çelestiaaes que se nõ pode contare os angeos que sõ espritos,sê

corpos, servidores de grandeza deDeos; e desi fez o

mundo;

edepois

for-mou

o

home

da terra edeolhe alma razoável eentendimento, e fezeoaa sua

fegura e imagê, e a moiher formou do home; e poseos êo paraiso terreal 5

6 mandoulhes que comesse de todos os fruilos do paraiso, e defendeolhes

que nõ comesse de Q^ arvor que he chamada do saber do bêe do mal; ca tanto que comesse do pouco daquella arvor logo morreria de morte. Mais

uu daquelles angeos gue Nosso Senhor fezera êo começo, que era o mais

nobre de todos que se alevantarã contra oseu Senhor Deos, e porê foi lan- 10

çado do çeeo e feito diaboo, foro lançados cõel muigrandes conpanhas dos

*({.4r>) angeos que consentira cõel: este diaboo* cõ enveja que houve trabalhousse de o enganar e fezelhe passar o

mandado

de Deos comendo do fruito que

lhe elle defendera, e porê foi tirado e lançado do paraiso terreal e ê esta

mizquindade deste mundo.

E

depois que se foro acreçentando os homêes 15

ê o

mundo

Reinou a morte ê elles, ê guisa que todos iã a inferno. Mais

Nosso Senhor que os criara nõ os quis leixar nê desprezar nê desenparar;

mais enviou o seu filho, que he ua snstançia cõ el e fezesse

home

ê o

ven-tre de úa virgê, Santa Maria, sê ajuntamento dehome, perobra do Esprito

Santo, e foi Deos e

home

verdadeiro sê pecado, e morou cõ os homêes, 20

aduzendoos aa vidaperdurável e fazendomuitos milagres, efoimortoe cru-cificado pêra nos livrar do inferno, e foi posto ê o sepulcro, e desçendeo ao inferno e tirou dl as almas, que i jazia dello começo do mundo, e ao

terceiro dia resurgio e aos quorentadias sobio aosçeeos, e depois enfiou o

Esprito Santo sobre os seus diçipoios; e elles preegarõealumearõ as gentes25

e destroirõ todo o error dos idolos.

E

agora, infante, sabe por certo quete

ensinei e amostrei o

meu

Deos, ê poucas palavras; e sabelohas mais

conpri-damentese receberes a sua graça ê a tua alma e tefezeresseu servo.

E

tantoque oinfante Josaphate ouvio estaspalavras, logo asuaalmafoi alumeada de mui grande craridade do Esprito Santo. E alevantousse logoda30

sua cadeira cõ grande prazer e foi abraçar o santo home; e disselhe: Per

ventura, esta he a pedra preciosa, que tu disseste, a qual nõ pode veer se

nõ os que hã os sentidos da alma sãaos; ca tantoque eu ouvi estascousas

logo êo

meu

coraçõ entrou lume mui doce, e se tirou todo cubrimento

es-*({.5) curo delle.

E*

disselheentõ oinfanteJosaphate: Rogote, padre, que

me

digas35

de quantos anos he a tua idade, e ê que terrahe a tuamorada edeteus

ir-mãaos. E osanto

home

Barlaão lhe disse: Filho, digotepor çerlo quea

mi-nha vidahe de quorentaeçinquo anos, eaminha moradaede

meus

irmãaos

he no deserto de Sanar. Edisselhe o infante: i*adre, a niTparece quea tua

(21)

A LENDA DOS SANTOSBARLAÃOE JOSAFATE

anos da vida e da idade desque eunaçi,bê esmaste, ca jà passa de oitenta

anos que eu despeadiêvaidade do mundo: ca

como

quer que euvivesse ê

carne, pois servia aos pecados, nõ era vivo, mais morto ê minha alma.

E

porê eu nunca cornarei os dias da minha morte êo conto da minha vida,

5mais depois que o

mundo

foicrucificado a

eeu aomundo, eleixeio

ve-lho

home

que senpre corronpi cõos desejos doerror,desentõnõvivo eu ê

carne, mais vive ê mí Jesu Ghrislo. E esto que eu,vivo ê a fe do Filho de Deos he toda minha vida, e porê nõ he sê razõ, e estes chamarei eu

anos de vida e dias de saúde.

E

tu, filho,nunca cuides que sõvivos aquelles

10que sõ mortos aas boas obras e vive êpecados e nosdeleitos, e nos desejos

do

mundo

maaos despende as suas vidas.

E

nõ dovides que estes taaes sõ

mortos aa verdadeira vida, ca o pecado he morte da vidaperdurável.

E

di-gote, filho,ca ja assi foi tenpoque eu amavao

mundo

e o error delle eera

detendo ê as suas deieitaçõoes, ataa que esgardei verdadeiramente

como

a

15vida dos homêes he trilhada ê estas cousas: ca uns nacê e outros

more

e

outros caê e outros sobe; e nõ ha no

mundo

estado firme: ca nê os*

rí-*ffsvj

cos homêes ê assuas Requezas,nêospoderososêseus poderes, nêos viçosos

êsuas deieitaçõoes,nõ hã firmeza nê Qa ê todallascousasque sõ louvadas ê

este mundo; mais todallas cousas delle sõ semelhavees ao grande Regato

20 dauga que corre mui Rijamente e trespassa mui tostemente: ca todas as

cousas tenporaaes sõvãas enõha êellas nê uu proveito.

E

veesestas

cou-sas ê que has prazer, convê a sabera gloria deste

mundo

eosdeleitoseas

Requezas etodo o engano destavida è que te gloreas: todoha dedesfalleçer

mui cedoe tu serás lançado deste

mundo

contra tua vontade; e o teucorpo

25 será metido ê iiu moimento mui pequeno, soo, desenparado de todos teus

conhecentes eentõserã lançadas de li todas deieitaçõoes,que ouveste ê este

mundo, e ê logo delias haverá ê ti muita fedor e muita podridõe.

E

a tua

alma será metida ê acondenaçõ do inferno pêra senpre e jarai ataa odia

que os mortos hã de resurgir; e entõ se ajuntara outra vez a tuaalma ao

30 corpo, eparecera ê juizoante NossoSenhorJesuChristo, êo postumeiro dia,

quando elle ha de viir ê a sua majestade espantosa pêra julgar o mundo,

pêra Receber cada uu segundosuas obras.Entõserás tu lançado danteasua

face ê o fogo perduráveldoinferno. Esto tu veras,eoutras cousas peyores,

se quiseres ficarê tua

maa

vida; maisse tuquiseres obedeceraaquelle que

35te chama pêra saúde, e te chegares a ele leixares todas ascousas porel,

sei certo que haverás estas deieitaçõoes, que te direi: tu se seueres serás

seguro, se dormiris jaras êgrã folgança, e nõ haverás temor de nê ua rê,

nêtemerasasteutaçõoes fortesdosdemõoes;maisandaras*cõ feuza eseguro

*(f_ej assicome forte liõ,eviveras êlidiçepêra senpre.E,

meu

filho,faze assi

como

(22)

i2

ALENDA DOS SANTOSBARLAÃO EJOSAFATE

ca elle he tirano

mui

cruevel e tornado equanto da aos seus amigostodo

lhe toma depois cõ grande saniia, edesnuaos de todobê, e vesteosde toda

confuso,e iançaos ê toda tribulaçõ [jerduravel. Estas cousase outras

serae-Ihaveesjulguei ê

meu

coraçõ, e entendi que esta presente vida toda se

con-sume

cõ vaidades a qual eu ê outro teuposegui cõos trabaltios lerreaaes, e5

lancei de mi toda affeiçõ que avia aas cousas do mundo. E entõ

me

pare-çerõ aqueilascousas (jue verdadeiramente sõ boas, s. temor de Deose fazer

asua vontade:ca esto liecabeça ecomeçode todollosbêes, e esto hea

ver-dadeirae perfeita sabtidoria, e esto hea vida sê tristezae segura e

assesse-gada, toda graciosa ecliãa sê cardos e sê espinhas. Esta carreira e esta vida 10

do ermo escolhi eu, anlre todas as outras, ecomecei de edificar enefazer a

minha almae a casa da minha conçiençia, que era toda derribada e

corrup-ta, e ouvi úa palavra de íiu doutor mui saibho, que

me

diz e

me

manda:

saidevosaquelles que vos desejadessalvar eapartadevos da vaidade do

mun-do: ca a flgura deste

mundo

trespassa, ecedo nõserá;saidevos e nõtorne- 15

des atras, nõ sê galardõ, que averedes por dote a vida perdurável. Qu;indo euesto ouvi,trabalheime de

me

irpêraaquella morada quehe livre de Ioda

door edetoda tristeza e lieconprida de muitos bêesede muitas seguranças,

e tu filho nõtemas o trabalhoda conversaçõ dos santos irmitãaes, enõajas *(f.6vj temor da longura do tenpo nê dos enganos dos inmigos;* maiscõ a virtude 20

de Jesu Christo escarnece mui honrradamentedestas cousas, contraadureza

dos trabalhosque tomaras por JesuChristo; e contrao espaço do tenpo

cui-daras ê teu coraçõ

como

se te hoje ouvesses a partir deste mundo.

E

assi

cada Qu dia te será como começoeacabamento da tua conversaçõ;e vigia

senpre contra as cuidaçõoes contrairás, e trabalhate que guardes senpre a 2S

linpeza da tua mente

como

tesouro mui precioso, e esforçate cada diapor

sobires aa muialta contenplaçõ deNosso Senhor. EdisseoinfanteJosaphate

a Barlaão: Padre, Rogote que

me

digas que manjaresavedestu e teus

ir-mãaos ê este ermo u morades, e que vistiduras trazedes. Respondeo o

santo

home

e disse:

Eu

e aquelles que conmigo vive avemos mantimento30

daqueilas cousas que podemos acharêaqueldeserto,s.osfruitosdas arvores

e as hervas que naçêpoUo ermo, os quaaessõ regados do orvalho doçeeo;

e nê iiu nos faz torva sobre elles nê nollos defende.

E

se alguu dos nossos

fiees irmãaos e nossos vizinhos nos envia alguu pã, nos o Recebemos por

bençõ assi

como

se nos fosse enviado per Nosso Senhor;osnossosvistiressõ 35

de lãas edeçiliçiosvelhose ásperos,pêrabritarestacarne enferma;e aquello

que trazemos visiido esso nos he cubritura ê verãaoe ê inverno, ca depois

que Qa vez vistimosa vistidura, nunca depoisa desvistimos ataa que toda

he ROta: e assi entendemos, que a nossa carne atormentada per frioe per

(23)

A LENDADOS SANTOS liARLAÃO E JOSAFATE

13

infanteJosaphateaBarlaão:Dizime, padre,dondeouvesteestavistidurasagrai

que trages vistida.

E

o santo

home

lhe disse:

Eu

a houve de uu

home

bõo

efiel, que

ma

deo pêra viir a ti pêra telivrar*daserviílõedestemundo. *d.7;

Entõ desvistio o santo

home

aquella vistiduraque tragia ê çiraa, e

apa-5 reçeo a Josaphate ua viso muito espantosa, ca o santo

home

avia toda a

carne consumida, eocoiro era negro da quaentura do sol epreso aos

os-sos, assi

como

pelle

bem

estendida sobre paaos. E avia«rredor de seus

lon-bosíju pano çinlodelãa, mui áspero, ROto, que lhe chegava ataaos geolhos

e avia sobre seus honbros outro tal panocuberto. Quando esto viooinfante

10Josaphate, maravilhousse muito de tã grande trabalho ede tã dura

conver-saçõ, e

como

podia perseverarê lã áspera vida; ecomeçou agemere a

cho-rar muito; e disse ao santo home: Padre, pois que assi he que tu hes

vindo pêra

me

livrar da servidõe dura e amargosa do diaboo, Rogote que

acabes obêque

me

has de fazer, etiraaminha alma destecarçer, elevame

15contigo daqui pêra euser livreprestanmente do error destemundo; e entõ

Receberei o santn bautismo; e entõ serei teu conpanheiro desta maravilhosa

vida e conpanhia edesta mui nobre estremada conversaçõ.

E

o santo

home

lhe disse: Filho, nõfaças; ca se conmigo fores agora, eu perderei atua

con-panhia e serei cajõ de muitos males aos

meus

irmãaos. Mais praze a nosso

20Senhor que tu Recebas agora o santo bautismo, eque fiques, e que vivas ê

toda linpeza, e ê santidade de verdade;ca todo

home

opode fazer se quiser,

ca nosso Senhor deu poderio aos homêes pêra poderê seer feitos filhos de

Deos.

E

porê nõ podemos já dizer que nõ avemos poderio de possuir as

virtudes, ca a carreira dasvirtudes ligeiraheeplana,

como

querquepareça

25 estreita e apertada per Razõ do trabalho da carne,pêro he muidesejada e

mui cobiçadoira peila esperança dos bêes perduravees,*que hãdaveraquel-*

perdura-les que anda per ellasagesmente e para mentes cõ diligencia ê aquello que

he vontade deNosso Senhor, earmasse dasarmaspêrapelejarcontra as

ten-taçõoesdo inmigo, vigiandoêtoda paciência e ê santa esperança.

E

porê,tu,

30 infante,

meu

filho muito amado, toma armadura doesprito, e tange os teus

lonbos cõ verdade, e vistete cõ loriga de justiça, e toma capelina de saúde,

e aparelha os teus peesê a carreira do avangelho, etoma na tua

mãao

es-cudo de fe eespadaespritual, a qual heapalavrade Deos.

E

tu,armado

for-temente per esta guisa, saite aa batalha ousadamente contra a crueldade

33do inmigo e derriballoas ê terra e ganharas coroa devitoriade que te

co-roara o Senhor Deos. Alonga de ti toda

maa

deleitaçõ dos pecados e toda

luxuria, nõ solamente na obra mais ainda na cuidaçõ; caJesu Christo mora

ê os coraçõoeslinpos, cõ oPadre ecõ o Esprito Santo; ebêassi pollo

con-trairo as

maas

cuidaçõoes aÊfugentã a graça do Esprito Santo, assi

como

o

(24)

14

A LKNOADOSSANTOS UARLAÃO E JOSAFATE

OS seus bêes. Qual hea cousa tã espantosa ê esta vida,

como

ofogo do

in-ferno, que arde pêra senpre, ê que nõlia nê Qaluz, mais atormenta sê que-daraquelles mizqiiinhos que a elvãao? Mais qual bê ha no mundo, que assi

alegreo

home

como Nosso Senhor? que el meesraoda si

meesmo

aaquelles

que oamõ,e asuafremosura nõ sepode contar, e oseu poder nõ pode ser 5

*(f.8) vencido, e asua gloria he pêra senpre; eos seusbêes,queeile* têguardado

pêra seus amigos, sç mayores que todallascousas do

mundo

que podeseer

vistas, sê nê ua conparaçõ,as quaaes nunca vioolho, nê ouvira orelhas, nê

sobio ê coraçõ de

home

aquello que Nosso Senhor tê prestes pêra os seus

amigos. As quaaes cousas eldará a ti se oamarese oservires de todo teu lo

coraçõ, assi como deves; ca esto he o que Nosso Senhor quer agora deti;

ca depois que fores bautizado fiques ê tua terra eque tenhasflrmemente a

sua fe santa, firme cõ toda piedade, e obres perfeitamente os seus

manda-mentos.

E

depois que te Nosso Senhor, que he dador de todos os bêes,te

outorgaresto, entõte viras pêra mi;eviveremos anbos de suu ooutro que 15

nos ficardesta presente vida e confio êNosso SenhorDeos que nos ajuntara

êooutro segre êo seu neino pêra senpre.

Entõ começoude chorar oinfanteJosaphate e disse ao santo velho

Bar-laão: Padre, se assipraz a Nosso Senhor

como

tu dizes, seja feita asua von-tade pois plazale que

me

des o santo bautismo e toma de mi dinheiros e 20 vistiduraspêramantimento epêravistir, pêra ti e pêrateusconpanheiros,e tornate ê paz pêra teu logar, e Deos te queira senpre guardar.

E

tu, padre,

me

desenpares, senpre orando a Nosso Senhor por

ml

que nõ cayada

minha esperança; mais que

me

possa ir cedo pêra ti; e que seguramente

possa detiReceber proveitopêra aminha saúde. 25

Respondeoo santo

home

e disse: uõ ha i defesa nê Qa pêra tu

toma-*(7.«»; reso santo bautismo;* mais ante conpre ê toda guisa que sejas bautizado.

Mais dos dinheiros que disseste que

me

darias pêrami e pêraos

meus

ir-mãaos,

como

pode estoseer, quetu, que hes prove, provejas aosricos

des-mollas; ca o mais prove dos

meus

irmãaos he mais ríco que tu sê conpa- 30

raçõ, ca elles hã avondanças de Rcquezas que nunca hã de falecer. Mais ê

ader Requezas senpre aas Requezasenunca quedar desto enunca se fartar,

esto he mui grande minguae mui grande proveza. Mais aquelles que

des-preza as cousas presentes tenporaaes, cõ desejo das cousas perduravees, e

as têe

como

por esterco, por gaanharê Jesu Christo tã solamente, e leixã 35

todo cuidado de comer e de bever e de vistir, e alançã todo a Nosso

Se-nhor e alegrasse cõ a sua proveza mais que os amadores do

mundo

se

ale-gra cõ suas Requezas, estes taaes, que ajunta grandes Requezas devirtudes,

(25)

A LENDA DOS SANTOSBARLAÃO B JOSAFATE

15

razõ pode seer chamadosfortes e rícos, mais que tu cõ todoteu Reino ter-real.

E

tu cõ ajuda de Deos averas esta Requeza espritual, que he

verda-deira.Maisas Requezas tenporaaes, que maisdapnãos seus amigos que llies

aproveita, cõ razõ sõchamadas grande mingua e proveza; aas quaaes fogirã

8os

meus

irmãaos, e as trilhara soos seus pees,

como

seu inmigomortal.

E

porê nõ pode seer que as Reçebã ja mais; nê eu nõ lhas levarei, ca lhe

seeria aazoe auctor de guerra ede pecados.

E

esto

mt%smo

se entende das

vistiduras ca elles desvistirãa velha corruçõdos pecados e vistirãssede Jesu

Christo, assi

como

devistidurade saúdee delidíceespritual. Pois

como

que-10 res quelhas faça eu outra vezvislir vistiduradepelles ecubrirêsse de cubri-turade confuso.Mais tu

da*

teusdinheirosetuas vistidurasaosprovese faze*(f.9)

tesouro nosçeeos.

Per taaes palavrasdesaúde e per outras santas palavraseensinamentos

ensinou Barlaão ofilho deiRei, e fezeo aparelhar pêra Receber o santo

bau-IS tismo, e mandoulhe que jejuasse e chorasse per muitos dias e esteve cõ

elle

mui

a

meude

e ensinoulhe enteiramente a santa fe catholica e o santo

avangelhoe osconselhos dos apóstolos e osdictos dos santos prophetas; ca

o santo velho sabia mui.bê a santa escriptura; eassi alumeou oinfante

Jo-saphale pelloSanto Esprito per conhiçimento do verdadeiro Deos.

E

quando

20houvedebautizar disselhe: Aqui has de tomaro sinalde Jesu Christoeseer

assinado do lume da santa fe que he asua face, pêra seeres feito filho de

Deos e tenplo do Santo Esprito. Entõ lhe fez confessar todollos artigoos da

fe perfeitamente, ebautizou ê

nome

doPadre edoFilho edo Esprito Santo,

ê Qa fonte que estava êo seu paaço, e logo veo sobre elle a graça do

Es-25 prito Santo.

E

tornousse pêra o logar u pousava e disse missa e trougelhe

ocorpoeo sangue de Nosso SenhorJesuChristo; e

comungou

do santo

sa-cramento.

E

oinfanteJosaphatehouvegrande prazerêsua almaedeogloriae

graças aNosso Senhor.

E

o santo

home

foissepêra onde pousava.

Os sergentesque serviaoinfante eos ayosviã entrar a

meude

o santo

30

home

no paaço, emaravilhavãsse; eGu delles, que era mayor antre os

ou-tros a que elRci padre do infante posera cõ elle por que avia êelle mayor

feuza eamavao mais que os outros que aviano paaço do seufilho, este avia

nome

Zardã e disse ao infante: Senhor, bê sabestuque grandehe otemor

de teu padre e grande feuza que elle avia epos

em

mi.

E

porê

me*

mau-*({.9v)

35dou que te servisse; e agora vejo viir aquieste

home

estranho a falar

con-tigo a meude, e

temome

que seja da seita dos christãaos contra a qual

teu padre hasse

come

mortal inmigo;e se assi heê nõ averase nõmorte;

e pois assi he ou tu di a elRei que saiba el

como

he, outuqueda de falar

(26)

16

A LENDADOSSANTOS BARLAÃOE JOSAFATE

nõ sejaêculpa, epõe outro ê

meu

logar; e pidi a teupadre que te de

ou-tro por mi.

E

disse oinfante aZardã: Anteque se esto faça ROgote que

en-tres ê minha camará, e esta detrás a cortinha e ouve aquello que

me

disser

este santo

home

bõo de que

me

falas, edepois ledirei aquello que conpre

defazeres. S

Quando veo Barlaão aoinfanteestavaZardãdetrásacortinha,pelaguisa

quelheo infante dissera.

E

disseoinfante ao santo home: Padre dime

como

de cabo todas as cousas que

me

ensinaste, por tal que seejã mais

forte-mente aíicadas no

meu

coraçõ.

E

começou Barlaãoa dizer muitas cousas de

Deos eda sua santa fe, e fezoraçõaNosso Senhorpollo infante que nõ tor- 10

nasse ao primeiro error queestava, mais que tevesseQrmemente a santa fe

catholica que lhe ensinara e fezesse sua vida linpa e sê magoa; e feita a

oraçõ tornousse pêra sua pousada. E o infante Josaphate chamou Zardã e

disselhe pollo tentar epor provar quê tinha ê elle: Ouvisti que cousas

me

disse este semeador depalavras, e quer

me

enganar per suas vãas razôoes, 15

pêra

me

tirar desta perdurável deleilaçõ ê que vivo e

me

fazer servir ao

deos estranho.

E

respondeo Zardã: Senhor, que he estoque

me

dizes?

cui-das que nõ entendo eu que

me

queres tentar? ca eu bê vejo que as

pala-vras deste

home

jaze dentro no teu coraçõ, ca se assi nõ fosse nõ

con-^f. 10) viinrias tu de tã boamente* nêfalarias cõelletã ameude; e sabe porcerto 20 que bê sabemosnos estoque elpreega. Mais depoisque teu padrecomeçou

a seguir os christãaos mui cruamente e elles fogirõ de esta terra, desentõ

quedoua sua preegaçõ; mais, se leparece bê o queelles dizê ete prazdo

que elles ensina e podes sofrer o trabalho e a dureza da sua vida, a tua

vontade seja endereçadaê bê. Mais euque farei? caeu solamente nõ posso 25

teer a esta esperança que elles preegã, e de mais o

meu

coraçõ he posto ê

grandes doorese êgrande coita cõ temor deiBei teu padre; ca nõ sei que

lheResponda: ca eu guardeimal oque

me

elle

mandou

ê leixar viírati este

home.

E

disselheoinfante:

Eu

nõ achei melhor galardõ que te desse pollo

bê que

me

fezeste, se nõ amostrarteesta obralã boa e tã sanla, pêra sabe-30 res aquello pêra que foste feito e conheceres o teu criador que te fez, por

tal que leixes as treevas ê que alaa ora viveste; e tanto que visses a luz

verdadeira, que corresses logo pêra ella cõlodo teudesejo. Maispareçeme

que aminha esperança

me

enganou; ca te vejo duro pêra estas cousas e sê

entendimento. Ese tu disseres estoaelRei

meu

padre,nõfarásoutraprol se 35

nõ queencheras o seu coraçõ detristeza e de cuidados; mais se lhe queres

fazer graça, nõ lhe digas nêhúa cousa destas ataaque sejatenpo

convinha-vel.

E

quantolhe disse o infantetodoera de mais,

como

se semeassenas

au-guas, porque na alma sandia nõ entra a sabedoria de Deos.

(27)

A LENDADOS SANTOS BARLAÃOE JOSAFATE

17

se queria ir ao ermo donde veera; mais Josaphate nõ podia sofrera sua**(f.iOv)

partida e era mui triste, e porê chorava muitas lagrimas. Entõlhe disseo

santo

home

muitas cousas pêra o confortar, dizendolhe: que estevesse firme

ê bê eque o leixasse ir ledamente, ca acabo de pouco tenpo viviriã anbos

5 de súu sê partimento.

E

o infante por nõ fazer nojo ao santo home, nê lhe

torvar seu caminho que avia ê falante de fazer, e de mais temendosse que Zardã descobriria seu feito a elnei eque atormentaria o santo home, e

disse-Ihe: Oo padreespritual e autorde todo

meu

bê, pois te prazde

me

leixares

ainda conversar cõ a vaidade do

mundo

e te queres irpêra o logarda tua

10 folgança, nõ ousojamais deter; pois vaile êpaz eNosso Senhor te guarde,

e nenbrate da minha mizquindade nas tuasoraçõoessantas, eROga a Nosso

Senhor por mi, que eu possa irpêra ti eveer senpre a tuahonrrada face;

mais Rogote que

me

faças Oa pitiçõ, que pois nõ quiseste tomar dinheiros

pêra teus irmãaos, que ai demeos que tomes pêra tialgQus,pêramantimento

IS e pêravistir.

E

o santo

home

respondeo:Seeunõ tomeidinheirospêra

meus

irmãaos,

como

tomareieu pêra nu aquelloque nõ quise pêraelles? ca seboa

fosse a possissõ das nequezas, ante as daria a elles que as tomar pêra mi;

mais porque eusei que ellassõ fracas edapnosasenõ quero poer mi nê

el-lesêtaaes laços.

20 Quandooinfante Josaphate vioqueo santo

home

nõ quis consentir a es-tofezelhe outra pitiçõ: que lhe leixasse aquella vistidura áspera delãa eo

manto que tragia,pêra lhe lenbrarsenpre a sua Religiõ e asuadoutrina, e o

tevesse pêra difindimento contra toda obra de Satanás,e que tomasse outra

vistidura por ella, pêra se lenbrar senpre delle.*

E

o santo

home

disse:

*(f. li)

25 conpre a mi de te dar vistidura velha e rota e Receber vistidura nova; ca

assi Reçebiria eu galardõ do

meu

poucotrabalho ê esta vida; mais, porque eu nõ vaa contra atua devaçõ, faze catar algíjas vistiduras velhasde

çeli-çios taaes

como

asminhas,e aquellastomarei eu.

E

fez cataroinfante taaes vistiduras [e deoas ao santo

home

etomouas delle]cõgrande prazere

preza-30vaas mais que todos os panosdouro e de purpura que no

mundo

avia. Entõ

o santo

home

por que se avia dirdisse aoinfante: Irmãao, muito amado, e

filho muidoce, que eu geerey, pollo avangelho de Jesu Christo, paramentes

de qual Rei es cavalleiro, e aos prometimentos que lhe fezeste; poisconpre

que guardes todooqueprometesteaNossoSenhor, presentetoda a cavaliaria

36celestial, quehe testemunha de todo, eque escreveo todas as tuas confissões

e osteus prometimentos, os quaaes se os tuguardares serás bê aventurado.

Entõ Josaphate cõmuitas lagrimasnõ podiasofrerapartidadetãbõo meestre,

e dizia ao padre:

Quê

averei eu êteu logar ou quê

me

fará o que

me

tu fazias? ou u acharei eu tal pastoretal guiador de saúde das almas? oucõ

40 quê averei solaz pollo teu grande

amor?

ca tu

me

reconciliaste cõ Deos, 3

(28)

18

A LENDADOS SANTOS 13ARLAÂ0 E JOSAFATE

que sõ eu

maao

servoe apóstata, eposestemeê o conto de filhode Deose

herdeiro do Reino celestial, emostrasterae a carreirada verdadeetirasteme

das treevas eda sonbra da morte; tu

me

deste tantos elãmaravilhosos bêes

os quaaessenõ poderia contar. E o santohome, portalque nõleixassemais

*(f.liv) ao infante fazer seu planto, levantousse e posse êoraçõ cõ as mãaos le-* 8

vantadas ao çeeoe disse:

Oo

Deos,Padre deNosso SenhorJesuChristo,que

aluraeaste as cousas escuras e fezeste as tuas criaturas de nimigalha e as

converteste pêra ti, graças te damos e ao teu filho Jesu ChristopoUo qual

tu fezeste o

mundo

e o remisti pollo seu precioso sangue, a ti chamo eu, 6 ao teu filhoJesu Christopollo qual tufezeste o

mundo

eaoteu Santo Es- 10 prito; eROgote que pares mentessobre esta tua ovelhaRazoável,quese

che-gou pêra mi aoteu santosacrifício, e santifica, Senhor,a sua alma cõ atua

virtude e cõ a tua graça, eensinaa fazer senpre a tua vontade, enõ tires

delleoteu ajudoiro, e prazele que eue ellesejamos herdeiros dos bêes

per-duravees, ca tu esbeentoeglorioso pêra senpre.

Amen.

lo

E

acabada a oraçõ, lornousse pêra oinfante e beijouo e deolhe a paz e

saiosse do paaço e ia mui alegre dando graças aNosso Senhor, que fazia asua carreira bê aventuradaê bê. EoinfanteJosaphatetantoqueseBarlaão

foi lançousseêoraçõ cõ muitas lagrimasRogando Nosso Senhorde coraçõque

o ajudasse e lhe fezeese dar boa cima aoque começara; e dali ê deantepa- 20

rava mentes ê guardar a si

meesmo

ê ter bê guardada senpre a purezada

sua almaedo seu corpo:egrande eslençaera ê elle; eestavaêoraçõêtoda

a noite, por que grande partedodia era enbargado cõaquelles que viviacõ

elle,e outrossipor elReiseu padre que oia veer, e elleoutrossi iaveer seu

padre que omandavachamar.

E

porê aquello que nõ podiafazerdedia faziao 53

*on-(f.i2) de noite; ca toda noite estavaêoraçõoes e êlagrimas ataa manhãa, onde*

se conpria aquello que dizo propheta: ê asnoites alçade as mãaos vossas ê

cousas santas ebeenzedeo Senhor Deos.

Quandooseu ayo,que avia

nome

Zardã, sentio avidaque faziaoinfante

Josaphate, era porê mui tristeenõ sabia

como

escapasse daquel perigooê30

que era posto cõ elRei, quando soubesse elRei ofeito de seu filho; foisse

pêra sua casa e fez enfinta que era enfermo.

E

quandoelReisoubequeZardã

era doente,

mandou

poer outro ê seu logar que estevesse cõ oinfante; e

mandou

a uu fisico mui provado que pensasse de Zardãmuibê.

E

o fisico

por que elRei amava muito aquel cavalleiro, pos toda sua femença ê curar 33 delle.

E

tanto que entendeo que aquella doornõera verdadeira, disse a el

Rei: Senhor, eu nõ posso acharê este

home

enfirmidade nê Qa; pêro

sos-peito que cõ pesare nojohe assidoente.Quandoelhei esto ouvio, sospeitou

(29)

man-A LENDADOS SANTOSBARLAÃOEJOSAFATE

19

dou dizer aZardã que êoutro diao queriairveer,pêra saber parte de sua

enfirmidade; e Zardã quando ouvio o recado deiRei, levantousse bê çedo e

foi veer elRsi e disselhe: Senhor, aminha enflrmidadcnõhe daquellas que

sooê acontecer aoshomêes, mais da tristeza que eu tenho no

meu

coraçõveo

5 a door ao

meu

corpo.

E

preguntoulhe elneiporque eraassi coitado.

E

Res-pondeo Zardã: Senhor, eu sõ merecedor de muitos tormentose de muitas

mortes, se

me

fosse dadas por que eu nõ guardei oomo eu devera oque

me

tumandaste;*e fui aazoa tide muitatristeza porqueeunõvigiei

como

#/-/

J2v)

deveraê guardar oinfante teu tílho; ca iiu

home

maao, encantador da seita

10 dos christãaos, falou cõ el. E desi contou Zardã a elnei todo o feito

como

era e

como

seu filhoera feito enteiramente christãaoecomoavia

nome

aquel

velho Barlaão; e elaei ouvira já ante falar de Barlaão eda sua grande

es-tença.

E

quando elhei ouvio esto que lhe disse Zardã,foi todo contorvadoe

15cõ grande sanha ficou assi

como

forade seu entendimento.

E mandou

logo

chamar uu cavalleiro que avia

nome

Arachi, que era omayor que aviaê o

Reino afora elRei emais privado que os outros e sabia da arte das

estrel-las muito, econtoulhe eUei todo este feito,

como

lhe acontecera, de seu

fi-lho.

E

Arachi que vio a coita ê que elRei era posto disselhe: Senhor, nõ

20 te queiras assi torvarnê aver assi tristeza, ca eu espero que poderei

tra-zerteufilho aoque euquiser, esõ certo que eulhefarei logonegar a

dou-trina d aquel enganador e faça toda tua vontade. Cõ estas palavras

asses-segou já quanto quis Arachi o coraçõ a elRei, e desi trabalhousse quanto

pode pêra poer Recado êaquel negocioe disse a elp.ei: Senhor, ante que ai

25façamos trabalhemonos pêra prender aqueile

maao

home

Barlaão; e seo

po-dermos tomar, averemos acabado todo nosso feito ca lhe faremos per afagos

ou per tormento que el confesse que todo aquello que ensinou ao teufilho

erã cousas falsas e de grande erro; e fará aelleque obedeça ao que tu

man-dares; e se nõ podermos aver Barlaão, eu conheço outro velho irmitã

sol-30litario,que ha

nome

Naçor,quehe semelhávelaBarlaãoêtodoêtalguisaque aduur se* pode conhecer Qu do outro, e este he da nossa seita e foi

meu

*(f,jgj

meestre que ensinou esto que eusei.

E

euirei a eldenoite efalarei cõel

todo esto feito, e desi faremos dar novaspolia terra que Barlaãohe presoe

faremos trazerNaçor presoe diremos que he Barlaão, e el

meesmo

diráque

35he Barlaãoemostrara que quer defendera doutrina dos christãaos;e depois

que desputarê cõ el muito se leixará vencerperforça de Razõ comoque nõ

têe ja que Responda; e quandoo infante virque Barlaão he vencido eosda

nossaleisõvencedores, tornarseaafazer lodo teumandado; eNaçor,que será

êpessoa deBarlaão, tornarsea aanossaseitaeconfessara que errava naquello

(30)

20

ALEXDA DOSSANTOS BARLAÃOE JOSAFATE

Arachi foi mui alegre ecuidou que aquel era mui bõo conselho. Eatõ

man-dou muitos homêes armados, que fosse prenderBarlaão, por que sabia que

pouco avia que se partira daquella terrade seu filho.

E

elle

meesmo

per seu

corpo se trabalhou de oir prehendercõ muitos homêesde cavallo, eaudou

assi perseis dias ê vãao, que nõ pode achar. E

mandou

entõ Arachi cõ mui-5 tos cavalleiros que fosse ao ermoe desertode Sanar a cataro santo

home

Barlaão. E preguutouos vizinhosd aquel ermoporeleelleslhedisserõque o nõ viro; entõ se meterõêo deserto eandouArachi per ellepergrande

es-paço per monteseper valles permui fortes eásperoslogares, êtalguisaque

aas vezes nõ podia andar se nõêpeese ê mãaus, per aquellas mui forteslo

*ff.i3v) serras elleesua conpauha.*

E

tanto andarõ que chegarõ aa sobida de Qu

monte,e estando assi vio ao pee de uumonte andar Qacoupanhade santos

irmitãaes; e tanto que os vio, opríncipe Arachi

mandou

logo aosseus que

osfosse logo ferir5elles.

E

elles foromui toste contra ossantosirmitãaes, e

çercarõnos

como

cãaesebestas bravaseprenderõnos,que bê parecia que erã 15

êsuas vistiduras e êsuas faces que erã homêesde santavida, etrouverõnos

ao príncipe Arachi. Mais os santos homêesnõfaziavolta nê Qa,nê arroido,

nêamostravaque avia tristeza nê pavor.

E

uudellesqueiadeanie,assi

como

abade, tragia a seu collo úa esportellade lãa chea dereligas de úus santos

padres. 20

Quando osvioArachi paroumentesantre elles enõ vio Barlaão que el

bê conhecia, ehouve grande pesar; e disse aos santos homêes:

U

he aquel

enganador que enganouo filho deiRei. Respondeoaquel que tragia a

espor-tellaedisse; Enganador nõhe antre nos,nê queiraDeosqueelleseja ênossa

companha; ca el fogio de nos, polia graça de Deos queo lançou dantre nos, js

maisantrevos

mora

oenganador.

E

disse o príncipe:

E

conhecellotu?

Res-pondeoo irmitã: Conheço mui bê, ca eu conheço mui bê aquelenganador

quehe o diaboo, quemora ê

meo

de vosoutros, eantre vos andaascondído

6 he de vos servidoeRequerido.

E

disse Arachi:

Eu

pregunto por Barlaão

pêra saberuhe.

E

disseoirmitã:

E

poisporquedissesteua cousa por outra? 30

que tupreguntaste u he aquel que enganouofilhodeiRei;maisse tu

deman-Y/'-

W

^^^* Barlaão,nosso irmãao deveras dizer:

U

he aquelque converteoe livrou

o filhodeiRei do error êque estava: cael henossoirmãaoeconpanheiro da

santa conversaçõ, maismuitos dias ha que o nõ vimos.

E

disselheopríncipe:

Mostranos acasa u mora. Respondeoo irmitõ: Se vos el quisera veer elle35

sairáaReçebervos,mais a nosnõ conpre de vos mostrara sua çella.Entõse

assanhou oprinçipe e disselhe:

Eu

vosmandarei matarde morte mui

estra-nha, se

me

nõ mostrardes Barlaão. Respondeooirmitã: sabe porçerlo que

nos nõtememos morte cõque nos ameaças,mais agradecemos atise nos

(31)

A ij;ndadossantos

BARUÃO

ejosafate

21

obraremos, ou que fim averemos, ca poderíamos depois errar contra a

von-tade de Deos Nosso Senhor que esperamos.

E

porê vos nõleixedes de fazer

o que ouverdes talante esperandoque averedes o que demandades; ca seede

bêcertos que vos nõmostraremosaçelIade nossoirraãaomuito

amado

ênê

5 uaguisa, nê outros moesteiros de santoshomêes que vos nõ sabedes.

E

quandoomizquinhopríncipe esto ouvio

como

fallavã tãousadamente, nõ opode sofrer e

mandou

ferir mui fortemente os santos homêesirmitãaes

e fazerlhesmuitos tormentos; eelles sofriatodo cõtã grande coraçõ ecõtã

grande forteleza, que aquel tirano se maravilhava muito.

E

quando vioque

per muitos tormentos, que ihes fez, nunca lhe quiserõ mostrar a çella do

10santo Barlaão, levouospresosa elRei, eelles levarõconsigoa esportella das

Relígas* *({.i4v)

Depois de muitos dias veerõ a elRei e ArachT lhe contou todo

como

lhe aveera cõelles, e apresentouos ante elnei,queestavafortementesanhudo

15 emandouos ferirsê nê íla misericórdia.

E

depois queos viomuicruelmente

atormentados,

mandou

que os leixassê e disselhes: Por que tragedes

con-vosco esses ossos dos mortos?e pois que os vostanto amadeseu vos porei

ora cõelles.

Entõ aquel irmitã, príncipe emeestre daquella conpanha deNosso

Se-20nhor,teve êpouco as ameaçasdelRei,

como

se lhe dissesse nê Qa cousa cõ

que lhe pesasse, elivrementeecõ ledoRoslro lhe disse: NosIragemos

con-nosco estesossoslinpos esantos pêra Representarmos o amordaquelles

ma-ravilhososbarõoes cujos ellessõ epêra noslenbrarmos da suamuisantavida

epêraaseguirmos e esperarmos afolgança da gloriacelestialêque ellessõ;

55pêra nos nenbrarmos senpre damorteque he cousamuiproveitosa pêra

usar-mos

a santaconversaçõ, ca os ossosdos mortos fazêmemoriaeRenenbrança

da morte, a qual se tu temesses nõ darias assi a tuaalma a todamaldade,

ca tu matascruelmente e sêmisericórdia aos servos de Deos quete nõfazê

nê uu dano, nê hã de partir contigo nê Qacousa tenporal, nête querê

to-30

mar

nêiiacousa destas cousas presentes; eporê louvas as treevasêlogode

louvares a luz; pois espertate e vigia destegrave sono, abre os olhos do

en-tendimento que têes çarradose vee e para mentes

como

a gloria do Nosso

Senhor Deosesprandeçe atodosê todologar; e tu fazeteseu servocanõ ha

i outro Deos se nõ o nossoe nõ ha i saúde salvo* êelle.

E

disse lhe elnei:*(f.isj

35 Leixate de tua sandice êquefalas e amostrame logo Barlaãoouse nõ eute

mandarei fazer taaes tormentos quaaes tu nunca ouviste. Mais aquel mui

sabedor mui forte irmitã armado da philosophia celestial nõ temia ênêQa

guisaas ameaças deiRei,mais sê temor dizia: Sabe porcerto, Rei, queanos

(32)

manda-22

ALENDA DOS SANTOS BARLAÃO EJOSAFATE

mentos deNosso Senlior quenos ensinou toda tenperança equenos

astenha-mos

das deleitações e dos desejos deste

mundo

e que usemosforteleza e

so-framos toda tribuiaçõ polia justiça.

E

porê quanto nos fezeres mais de mal

polia nossa piedade,tanto será anos mais bê; pois fazeoque quiseres ca

nos nõ consentiremos ê nê iiupecado, e nõ cuides que este be pequeno pe-5

cado se nos dermoso nosso irmãao ê as luasmãaoso nossocompanheiroê

a nossa cavallaria:esteescambo nunca tuveeras de nos ainda quelunosdes

mortes sê conto. Quandoesto ouvioelRei, cõ grande senha

mandou

quelhes

talhasse as linguasa lodos aquelles santos homêes e quelhes tirasse osolhos

e talhasse os pees e as mãaos; e os sergenies da maldade fezerõ todo esto lo assi comolhes era

mandado

mui cruelmente.

E

ossantoshomêesassise

che-gava aos marteiros cõ forte coraçõcomose fosse convidados pêra bõos

man-jares e ê laaes etã duros tormentos

como

estes derõ suas almasaNosso

Se-nhor os santos irmitãaes. Era per conto xvu.

E

assi foro feitoscidadãaos e

herdeiros da cidade santa celestial. 15

Acabadas assi estascousasdisse elnei aArachi seuprincipal conselheiro:

*(t.i5v) Pois que nõ

podemos*

aver nemedio per este conselho ajamosi outroque

acordaste; e faze viir Naçoro solitário de que

me

falaste que semelha

Bar-laão. Entõ se foi Arachi alta noite aa cova u morava Naçor, ca elmorava

no deserto estudando na arte de adevinhar, e faloucõelletodo aquello que ío

coidara ê feito do filho delnei como já ouvistes e desi tornousse bê cedo

de

manhãa

pêra elRei e filhou homêesdecavallo e saiosseao desertofingindo

e dando a entenderquequeria catar Bariaão.

E

elandandoper aquel deserto

u entendeo que acharia Naçoreentõ pareçeo Naçor que saia deuuvalle e

Arachi

mandou

logo a sua gente que o fosse tomare tomarõuoentõe Irou- jg

verõno ante eile.

E

Arachi lhe preguntou quê eraou

como

avia

nome

ede

que seitaera.

E

elle Respondeoassicomo eraensinado e que erachristãao e

que avia

nome

Bariaão.

E

Arachi deo a mostrar que avia grande prazer e

raandouo tomare tornousse

com

elle e levouoa eUei. E quandofoi ante el

Bei preguntoulhe eUei ante todos: Es tuBariaão servodo diaboo?

E

Naçor 30

Respondeo:

Eu

sõ servoe obreiro deDeos e nõ dosdemõoes; nõ

me

queiras

dizer mal, maisdevesme muito agradecer porque ensinei teu filhoa honrra de Deoseo livreide todo errore ofige amigodo verdadeiro Deos.

E

disse elRei: Direito seria dete mandareulogo matar maisquerome eu sofrerpor

piedade que ei de li ataa uu dia certo que veerei sequeresfazero queteeu 33

mandar,se nõ sei certo que mnllamente pereceras.

E

depoisque elnei esto disse

mandou

a Arachi que lho guardasse mui bê.

E

outro dia foi fama

•(/./*) Po"3 terra que Bariaão era* preso e chegarõ asnovas ao infanteJosaphate.

(33)

A LENDADOS SANTOSBARLAÃO E JOSAFATE

23

nõ chorassee cõ gimidose cõ lagrimas ROgava a NossoSenhor que fosseê

ajudoirodo santo velho. Mais o misericordiosoDeosnõ despreçouasuaoraçõ nê quis ieixar muito ê esta tristeza, ca elieheprestes atodos aquelles que

o chama no dia da tribulaçõ e conhece aquelles que o serve; e pareçeo ao 6infante ê viso de noite e demonstroulhe todo como era,e que aquel que el

Rei liinha nõ era Barlaão maisNaçoro falso irmitã quese chamava assiper

conselho e per

mandado

deiRei e de Arachi, per o engaiàarê; emeteo Nosso

Senhor forteleza ao infante e confortouo pêra aver de lidarpellasanta fee

deolhe feuza de vencer;eoinfanteachou o seu coraçõ cheo de goivoede

ale-10 gria ede confiança ede lume mui doce, que ante tiinhacheo de tristeza e

dedoor.

E

quando elRei estas cousas houve assi ordenadas teve que aviatodo seu feito bê encaminhado mais mentiolhe asua maldade.

E

a cabo de dois dias foisse ao paaço de seu filho; e o infante saio a Reçebello, mais o

pa-15dre nõ no beijou assicomo ante soia a fazer, maiscomo sanhudo entrouna camarádo infante easentousse mui tristee

chamou

seufilhoe disselhe:

Meu

filho, que fama he esta que ouço dezer de ti eo

meu

coraçõ hemui

quei-mado

e tributado cõpesar.

Eu

creo que nunca foi

home

tã alegrenanaçença

de seu filho

como

eufuinatua.

Eu

creooutrossi quenunca

home*

assifoi *(/.16v)

20 anojado por seu filho comotu fezeste ser a

ml

triste enojosoedesonrraste

aminhavelhece e asminhas cãas e tolhesteolumedosmeosolhose talhaste todallas forças dos meos nervos ca otemor que eu temia veo sobre mi; e aquello que eu arreceava aconteceme e sõfeito ê escarnho atodos os meos

inmigos por que tu cõ mocidade eper nõ saber creeseobedeeçesaas

pala-25vras e ao conselho dos enganadores e curas mais do conselho dos neçios

que domeu; e leixastede adoraros nossosdeoseseservesdeosalheo;filho,

porquefezeste esto?

Eu

esperava quete aviadecriar cõtoda guarda eque

fosses sofrimentoe logo daminha velheçeequeficasses por bõ socessor de

meu

Reino mais tu nõ has vergonhade

me

mostrares obras de inmigo

mor-30 tal.

E

esto nõconpriaora,maistufilhoobedeeçer amle fazeresoque teeu

ensinasse, ca obedeeceres aa sandice eaaspalavras loucasdaquel velho

pa-dre enganador que tediz que leixesavida doce e saborosae que tomesvida

amargosae áspera,e que leixes a carreira conprida de muitos deleitos eque

andespolia carreiraásperaenojosaperqueandouofilhode Mariae que

man-35 douandar aosseus, enõhastemorda sanha dos nossosgrandes deosesquete

mate cõseucorisco, oute façasoruer aa terra,que nos fezerõ tantosbêes e

nos deratantasRequezas etã grandespoderios,honrrarõte de coroado Reino

e fezerõte naçer polia minha oraçõ quelhes eufige; estes desprezaste tue

(34)

24

A LENDA DOS SANTOS BARLAÃOEJOSAFATE

dizem muitas mintiras; mais agora, filho muito amado, obedeeçea mi que

sõ teu padre e tirate destes falsos escambosevê e faze sacrifíciosaos

pia-*((.11) dosos*e mansosdeoses cõ çêtouroseveremosse ospoderemos amansar que

te perdoe a culpa ê que caíste, ca elles poderosos e fortes sõ pêra fazerê bê

e mal a qualquerquelhes prouger.

E

estas cousase outras palavras muitas 5

vãas disse elaeia seu filho ê escarnhoe desfaziraento de toda a nossa santa

fe e ê exalçaraento Jos idolos.

E

o infante mui santo mancebo veendo que

nõconpria ê cobrir este feitocomeçouadizer cõgrandeforteleza:Padre,

se-nhor,aquello que a mi he feito nunca onegarei; eu fugiaas treevas e curri

pêraluz e leixeio erroreobedeeci aa verdade; iienunciei osdemõoeseajun- 10

teime cõ Jesu Christo filho de Deos que he vidade toflos e aluraeamentoe

dulçurae fonte de toda bondade,pois se euleixasse tãsaborosoetãsabedor

Deos6 servisse aosdemõoescujos e aos idolos surdos e

mudos

grande

san-dice seeria, mais eu aprendi bê do santo

home

amaldade e a fraqueza

del-ias,eporêos entejo de todo

meu

coraçõeaprendimeaoDeosvivente e a elle 15 servirei ataa fim daminha vidaportal que nas suasmãaosde o roeu esprito.

E

porê eusõ mui alegre por que sõ livre da servidõe dosdemõoes e sõ

alu-meado

do lume da facedo verdadeiro Deos, pêrodoiome muito por que

te-nho perdida ameatade da minha alma por quetu que es

meu

padre e

meu

senhor nõ has parte êtaaes bêes como eu ei. E porê eu ROgava senpre ao!0

meu

Deos que te trouvessepêrasi;caeununcabritarei a preitesiaque eufigi

meu

Senhor Jesu Christo; ca eu nõ quero perderaquelle que

me

aemio

pollo seu precioso sangue aindaque

me

convenha amorrer porel.

E

tunõ

*({.

n

v) queirastrabalhar êvãao poreste feito; ca sei bêcerto

que*

nunca

me

pode-rás tirarde boa confisssõdo

meu

SenhorJesu Christo; ca assi

como

nõpode 55

seer queatanjasaoçeeo cõa

mãao

nê secar opeegodo

mar

bêassi nõpode

seer que tu faças de mioque tu quiseres,mais se tu quiserescreer ao

meu

conselho tu serás Reconciliado e amigo de Jesu Christo e provaras e averas

tãgrandes bêesque

home

nõpode esmar eseremos conpanheirosejuntos ê

santa fe assi como somos na natureza, e se estonõ quiseresfazer sei certo 30

que eu

me

deitarei deteu filho e

me

partirei detua conpanhae servirei ao

meu

Deos ê linpaconçiençia.

Quandoelnei esto ouvioficou assi sanhudoque nõ sabia quedissesse, e

cõ os dentes apertados começou a dizer: Quê ha culpa ê

meu

mal se nõ eu

meesmo,que teflge tantahonrra e tanto bê quanto nuncafezpadrea filho,e35

porê a tua maldade e a tua soberba te fezerõ levantar assi contra mí; mais sei certo que se nõ obedeeceres ao

meu

conselhoque eute fareitaaescousas

quaaesnunca

home

feza seu inmigo. Entõ Respondeoo infnnle e disse: Rei,

(35)

A LENDA DOS SANTOSBARLAÃO EJOSAKATE

25

foiO padre que entristecesse ê aboa andança do filho?

Como

será talpadre

como este contado por padre e nõ por inmigo?E porê daqui adeante nõ te

chamarei padre mais fugirei de ti como de serpente se vir que te pesa da

minha saúdee

me

queres constranger perforça pêraminhaperdiçõ.Eêcabo

5sei certo que mais ligeiracousa teseeria voarpêra o aar comoáguia cade

mudarme

da minha feque heê Jesu Cbristo. Mais tu padre entende elira a

escuridõoe dosolhosdatua

mente*

pêra poderes veer»olume muiesplande- *(f.18)

çente do

meu

Deos eque mereças seeralumeado da sua claridade.

Quandoelnei ouvioestas cousas eoutrasmuitas de saúde que lheo

in-10 fante disse ficoumui sanhudo emaravilhousse muito e eraespantado do

en-tendimentoedas palavrasdomoçoaasquaaeselnõ podiacontradizer;pêronõ

pode neçober ê seu coraçõ treevoso nê uas daquollas santaspalavrasenõ

sa-bia que fezesse; ca el nõ podia fazer mal nêuu a seu filho,pollo amor

natu-ral que lhe avia, edesperava detrazeraoque elle queria.

E

saissedo paaço

15do infante ameaçandoo edizendolhe muitasmaaspalavras;mais o santo

man-cebo nõ curava de suas ameaçasemeteosseêsua camará efez oraçõaNosso

Senhor queo ajudasse e confirmasseê bêeolivrassede lodo pecado;e ê fa-zendo sua oraçõ mui devota sentio aconsolaçõ do Esprito Santo descender no

seu coraçõ e foicheo econprido de forteleza. Eassi perseverou toda a noite

20 ê oraçõ. Elnei faloucõ Arachi seu conselheiromoor lodo aquello que ouvera

cõ seu filhoe

como

adiara lã duro comoja ouvistes.

E

.\rachi lhedeoê

con-selho que o levasseper boas palavras e mansas; eque lhe nõdissesse

pala-vras duras nê ásperas ê nê ua guisa. E eUei tomouseu conselho e ê outro

dia veeo veer seu filho eassenlouo a par de si; e começoulhe dedizer mui

23brandamente: Filho muidoce emuito amado, honrra as cãas de teu padre e

ouve o que te digoe faze sacrifiçio* aos deosese viviras muitos tenpos ê*ff.i8v)

honrra e êsenhorio. Perestas palavras eper outras muitas de grandes

afaa-gos ede grandes prometimentos setrabalhava elneide tornar seufilhoa

maa

seita e abraçavao e beijavao muito ameude e dizialhe e prometialhe todas

30 aquellascousas perque entendia queofaria tornaralheobedeeçer;

dizendo-Ihe: Filhonõ sabes quanto bê heobedeeçer ofilhoaopadreelhe fazerprazer

êtodas as cousas, e quantomal he anojarseu padre e teerêpoucoseu

man-dado; e quantos eslo fezerõ todosouverõ

maao

acabamento; cõos quaaes lu

nõ seráscontado, mais tu farás prazera mi que sõ teupadre e ganharas

to-as dollos homêes e serás herdeiro da minha beençõ e do

meu

Reino.

E

quando

esto ouvio o sages enobre mancebo nõcurou das muitase sandias palavras

do padreenenbrousse dapalavra de JesuChristoquedissenõvieumeterpaz

na terra, mais espada; que euvi departir ofilhodo padre ea filha de sua

madre.

E

disseaopadre: Verdade heque Nosso Senhornos

manda

obedeeçer 4

(36)

*m

araVi -(f.19)

26

A LENDA DOSSANTOS DARLAÃO E JOSAFATlí

ao padre; raaisquando a vontadedo padretraze a nossa alma a perigoo e a

querlirardocriadorentõnõlheavemosde obedeeçer,maisfugir delles e

avel-losê ódio.

E

porê,padre,nõ queiras tomartraballio porestacousa,nêo quei-rasdaraml,maiscreemeeservamosaoDeosvivo everdadeiro, JesuCtiristo.

E

disselhemuitas cousasêconfirmaçõda santafee êdesfazimenlo dos idolos: s

e Respondeolhe mui sagesmente a todo aquelloque lhe dizia; entantoque o

padre semaravilhava* muito e aconçiençia lhe diziade dentro que era

ver-dade lodoaquello que lhe oinfante dizia;mais o

maao

usoquede longe

man-tinha otirava, assi como ofreo ou cabresto,que nõparassementes ê a luz

da verdade. 10

Depois que elnei vioque nõ podia trager seufilhoa sua vontade nê per

ameaças nê per afaagos pensoupoerêobra o conselho que lhe deraArachT

e disse a seu filho: Poisque assi heque tunõ queres obedecera

meu

man-dado façamos per guisa que saibamos qual liea verdadee anhos

obedecere-mos

aella. Sabe por çerlo que eu tenho presso teu mestre Barlaão que te 15

enganouèeu farei ajuntar todos os christãaos, sê temor nê Qu, que ouver naminhaterra,e outrossi osda nossa creençaedesputarã cõ Barlaão;equal

obedeeçeraaquella creexiçaobedeçamostodos.

O

infante sabiamuibê todoeste

feito

como

andava; ca Nosso Senhor lhe mostrava de noite ê viso.

E

porê

disse a seu padre que lhe prazia de se fazer assi comoel dizia.

E mandou

20 elnei chamare ajuntar os christãaos eosque adorava os idolos eos

astrólo-gos e os agoireiros e todollos sacerdotes dos idolos e os sabedores dos

cal-deos que poderá ser achadosêtodo seu senhorio.

E

foiajuntadagrande

mul-tidõe da seita dos gentios mais da parte dos christãaos nõ acharõ maisque

Qu

que avia

nome

Barachias ca todollos outros foro mortos per

mandado

dei- !S

Rei; e delles jazia escondidos ê nas covas cõ grande temor enõ ousava de

*((.19v) sair senõ aquelsoo Barachias* que eraforte de coraçõ eveo cõ aquella

ba-talha da verdade.

E

assentousse elReiê Sa cadeiramui alta e

mandou

a seu

filho que se asentasse a par cõ elle; e o infantepor Reverença do padre nõ

quisseercõ ellemais assentouse ê terra acerca de seu padre e assentarõsse 30

os sabedores dos gentios que adorava osidolos pêra fallarê epreegarê

con-tra o filho deiRei econtra a fe dos christãaos. E feze elnei trager Naçor o

falso irmitã,que semostrava que era Barlaão, e disse elReiaos seus

sabedo-res a que vos aqui sodes ê esta contenda e sabede que de duas cousas hoje

nos seera aqui feita Qa, ou vos teendoa nossa parte mostraredes que Bar- 35

laãoerra e aquelles que o seguemeaveredesporello mui grandehonrraou

se fordesvencidos seeredeshojemortos de mui

maa

morte,eos vossosbêes

seerãdados aos bõoseosvossos corpos mandareideitar aoscãeeseque

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