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BERNARDO OLSSON MICROINFILTRAÇÃO EM RESTAURAÇÕES CLASSE II COM RESINA BULKFILL. Florianópolis

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Academic year: 2021

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BERNARDO OLSSON

MICROINFILTRAÇÃO EM RESTAURAÇÕES CLASSE II COM RESINA BULKFILL

Florianópolis 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

Bernardo Olsson

MICROINFILTRAÇÃO EM RESTAURAÇÕES CLASSE II COM RESINA BULKFILL

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Odontologia

Orientadora: Prof.ª, Dr.ª, Jussara Karina Bernardon

Florianópolis 2016

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Bernardo Olsson

MICROINFILTRAÇÃO EM RESTAURAÇÕES CLASSE II COM RESINA BULKFILL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de cirurgião-dentista e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 21 de Outubro de 2016.

Banca examinadora:

____________________________ Prof.ª, Dr.ª, Jussara Karina Bernardon

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

____________________________ Prof., Dr., Sylvio Monteiro Júnior

Membro

Universidade Federal de Santa Catarina

__________________________

Cirurgiã-dentista Fernanda Haverroth Schünemann Membro

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Dedico esse trabalho aos meus pais Edu e Rosângela, pelo incentivo, pelo apoio durante essa jornada e, principalmente, pelo amor incondicional que em momento algum faltou.

Aos meus irmãos Eduardo e Mariana por serem todas as definições que a palavra irmão pode ter.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida e por todas as pessoas que ele selecionou para colocar em meu caminho. Dentre elas estão meus pais, Edu e Rosângela, que nunca mediram esforços para me ajudar a alcançar meus objetivos. Sou realmente muito grato a isso. Obrigado por terem me dado amor incondicional, estando perto ou longe. Obrigado também por terem sonhado meus sonhos junto comigo e fazê-los, de certa forma, seus sonhos. Tudo o que sou hoje é graças a vocês. Não me canso de dizer: muito obrigado.

Na lista dos selecionados pelo Senhor, estão também meu irmão, Eduardo e irmã, Mariana. Obrigado por crescerem comigo, por estarem presentes nos meus melhores e nos meus piores momentos, assim como me permitirem participar dos seus. Muito obrigado.

Agradeço a Deus também por ter me permitido conhecer minha namorada, Ana Maria, a qual amo e sou apaixonado há três anos. Obrigado pela confiança, parceria, cumplicidade e pelo amor retribuído. Muito obrigado.

Grato a Ele por me ajudar a escolher minha orientadora, Jussara, que além de me passar muito conhecimento científico, é um exemplo de profissional. Com você, professora, aprendi que para conquistarmos nossos sonhos, não devemos ter horários ou limites. Muito obrigado.

À Fernanda Schünemann e Fernanda Weber por terem me ajudado nesse trabalho: mandando artigos, compartilhando ideias e fazendo testes estatísticos. Muito obrigado!

O que seria de mim e desse trabalho sem meus amigos? Agradeço a Deus por ter colocado em todas as etapas da minha vida amigos marcantes: Vinicius, Carlão e Pires (vôlei), grupo Camargo (turma 10.1), Bassam, Rachel e Mariá (intercâmbio) e todos meus amigos dessa nova turma (12.1) que me acolheram tão bem: MUITO OBRIGADO!

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“Sonhos determinam o que você quer. Ações determinam o que você conquista.” (Aldo Novak)

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RESUMO

Objetivo: Essa pesquisa foi realizada após aprovação pelo Comitê de Ética de Pesquisa em Seres Humanos da UFSC. Avaliar, in vitro, a microinfiltração marginal em esmalte e dentina de restaurações Classe II MOD com a resina composta Venus® Bulk Fill. Materiais e métodos: 30 pré-molares humanos sem restaurações, ausentes de lesão de cárie, trincas, malformalções ou fraturas foram selecionados e cavidades Classe-II MOD foram preparadas com término cervical 1mm abaixo e 1mm acima da JEC. As cavidades foram restauradas utilizando Adper™ Scothbond™ Multi-Purpose Total Etch Adhesive (3M ESPE), Venus® Bulk Fill (Heraeus Kulzer) e Charisma® (Heraeus Kulzer), originando 2 grupos de acordo com o material utilizado na restauração: Venus® Bulk Fill (VBF) e Charisma® (Ch), respectivamente. Após restaurados, os dentes tiveram seu forame apical selado com cera, impermeabilizados com duas camadas de esmalte cosmético e então foram imersos em fucsina básica 0,5% por 24 hora. Cada dente foi seccionado em 2 fatias, iniciando os cortes no centro da restauração e a 1mm das margens criadas pelo primeiro corte. Cada fatia foi apoiada sobre uma régua e fotografada. A análise procedeu com o uso do software ImageJ150 que foi utilizado para obtenção de escores e para calcular a porcentagem de infiltração. Os resultados foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis (p<0,05). Resultados: Quando analisados por escore, no grupo da resina bulkfill (VBF), não foi encontrada diferença entre as margens em dentina (VBFd) e em esmalte (VBFe) (p>0,05) enquanto no grupo Ch, diferença significativa foi encontrada (p<0,05). Entre os grupos (Ch e VBF), as margens em dentina não apresentaram diferença significativa (p>0,05), já as margens em esmalte do grupo Charisma® (Che) apresentaram menor escore, estatisticamente significativo (p<0,05) quando comparadas às do grupo da resina bulkfill (VBFe). Por outro lado, quando a porcentagem de corante infiltrado foi calculado, diferentemente da análise feita por escore, as margens em esmalte entre os grupos não apresentaram diferença estatística (p>0,05). Conclusões: a técnica de incremento único com a resina Venus® Bulk Fill deve ser utilizada com cautela em restaurações Classe II, visto os elevados valores de microinfiltração marginal. Palavras-chave: infiltração dentária, restauração dentária permanente, resinas compostas.

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ABSTRACT

Aims: to evaluate in vitro marginal microleakage in Class II – MOD composite restorations restored with Venus® Bulk Fill on both dentin and enamel margins. Materials and methods: 30 premolars free of cracks, caries and malformation were selected and Class-II mesio-occlusal-distal cavities were prepared 1mm below and 1 mm above the CEJ. The cavities were restored using Adper™ Scothbond™ Multi-Purpose Total Etch Adhesive (3M ESPE), Venus® Bulk Fill (Heraeus Kulzer) and Charisma® (Heraeus Kulzer). The samples were divided in two groups according to the filling material used to restore the cavities. Samples were immersed in 0,5% basic fuchsine for 24 hours and sectioned through the center and 1mm from each margin of the first section. Each section was laid on a scale and photographed. The samples analyses proceeded using the software ImageJ150 which was used to score the cavities infiltration and calculate the infiltration percentage. Results were analyzed statistically by Kruskal-Wallis (p<0.05). Results: When scored, the Venus® Bulk Fill group, no difference was found between margins on dentin and enamel (p>0.05) whereas in the Charisma® group significantly difference was found (p<0.05). Between groups, dentin margins showed no significantly difference (p>0,05) and enamel margins showed significantly difference, being the enamel margins on Ch group significantly lower scored (p<0.05). On the other hand, when the percentage of cavities infiltration was calculated, differently from analysis by score, margins in enamel showed no significantly difference (p>0.05). Conclusions: within the limitation of this in vitro study, it can be concluded that the bulk filling technique with Venus® Bulk Fill should be used with caution in Class II restoration, as high values of microleakage were found.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Dimensões da cavidade (adaptado de Mondelli et al., 2007). ... 27

Figura 2: Dente fixado no palito com godiva e montado no suporte para IsoMet™ 1000 ... 31

Figura 3: Suporte montado na ISOMET 1000. ... 31

Figura 4: Duas secções longitudinais realizadas. ... 32

Figura 5: Fatia do dente sobre a régua milimetrada. ... 33

Figura 6: escore 0, sem infiltração de corante. ... 34

Figura 7: escore 1, infiltração de corante no primeiro terço da parede gengival. ... 34

Figura 8: escore 2, infiltração de corante no segundo terço da parede gengival. ... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Divisão dos grupos Charisma® (Ch) e Venus® Bulk Fill (VBF), materiais utilizados e técnica restauradora ... 29 Tabela 2: Escores para microinfiltração. ... 33 Tabela 3: Microinfiltração marginal representada em porcentagem e desvio padrão (DP). ... 36 Tabela 4: Microinfiltração marginal representada em escores e desvio padrão (DP). ... 37

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porcentagem de corante infiltrado nas margens dos grupos Venus Bulk

Fill e Charisma, e desvio padrão (dp)

...37

Gráfico 2 - Escores representando a microinfiltração dos grupos Venus Bulk Fill e Charisma com respectivos valores de desvio padrão (dp) ...38

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MOD – Mésio-ocluso-distal JEC – Junção esmalte-cemento Ch – Charisma®

Che – Margens em esmalte do subgrupo da resina Charisma® Chd – Margens em dentina do subgrupo da resina Charisma® VBF – Venus® Bulk Fill

VBFe – Margens em esmalte do subgrupo da resina Venus® Bulk Fill VBFd – Margens em dentina do subgrupo da resina Venus® Bulk Fill LED – (sigla em inglês para Light Emitting Diode)

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina p – significância estatística

µm - micrometros

mw/cm² - miliwatts por centímetro quadrado s – segundos

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LISTA DE SÍMBOLOS

% - porcentagem

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 17

3 OBJETIVOS ... 26

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 27

4.1 Seleção dos dentes... 27

4.2 Preparo cavitário ... 27

4.3 Divisão dos grupos ... 28

4.4 Restauração ... 28

4.5 Impermeabilização ... 29

4.6 Secção dos dentes... 30

4.7 Avaliação ... 32

4.8 Análise estatística ... 35

5 RESULTADOS... 36

6 DISCUSSÃO ... 39

6.1 Discussão da metodologia ... 39

6.2 Discussão dos resultados ... 41

7 CONCLUSÃO ... 44

REFERÊNCIAS ... 45

ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ... 49

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15 1 INTRODUÇÃO

Restaurações adesivas em dentes posteriores são possíveis de serem realizadas com estética e função satisfatórias, desde que sua indicação e aplicação da técnica seja executada de forma adequada e em pacientes que participem de um programa de promoção de saúde bucal (BARATIERI et al., 2002). A seleção do caso para restaurar dentes posteriores depende de alguns requisitos: não devem ser realizadas em cavidades onde houver o envolvimento de uma ou mais cúspides; substituição de restaurações oclusais, proximais e oclusoproximais de tamanho pequeno a médio, as quais não tenham dimensões maiores que 1/3 da distância vestíbulo-lingual; pouco remanescente de esmalte na cavidade; e motivação do paciente (BARATIERI et al. 2006). 4O protocolo para execução dessa técnica é minucioso e pode levar o operador e o paciente ao desgaste, podendo assim prejudicar a qualidade da restauração.

A infiltração marginal continua sendo uma das maiores causadoras de falhas nas restaurações diretas com resina composta, podendo causar manchamento nas margens da restauração e sensibilidade pós operatória. Dentre as características do material que levam as restaurações a falhar estão, principalmente, a tensão gerada devido a contração de polimerização e a dificuldade de adaptar o material perfeitamente nas margens da restauração (SADEGHI; LYNCH, 2009).

Assim, foram lançadas as resinas fluidas bulkfill, as quais permitem o operador restaurar os primeiros 4mm das cavidades em incremento único, diminuindo o tempo clínico necessário, desgaste do profissional e do paciente, e podem assim aumentar as chances de um trabalho duradouro. A sua fluidez, sua translucidez, baixo módulo de elasticidade (CAMPOS et al, 2014) e baixa contração de polimerização (BENETTI et al., 2015) fazem com que as margens da cavidade sejam seladas com maior precisão (ROGGENDORF et al., 2011), diminuindo as chances de ocorrerem falhas quanto ao selamento marginal, propiciando assim menores chances de ocorrer infiltração marginal. Porém, algumas resinas bulkfill não apresentam propriedades mecânicas satisfatórias para suportarem as cargas mastigatórias (ROSSATO et al., 2015), e por isso precisam de um incremento oclusal com uma resina convencional, além de apresentarem capacidades diferentes de manter a integridade marginal (CAMPOS et al., 2014).

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16 Sendo assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a microinfiltração marginal em esmalte e em dentina de restaurações classe II - MOD em pré-molares restaurados por duas diferentes técnicas restauradoras: técnica do incremento único com resina Venus® Bulk Fill com camada oclusal em resina Charisma® e incremental oblíqua com resina Charisma®.

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17 2 REVISÃO DE LITERATURA

Nesse trabalho, a resina composta Charisma® (Heraeus Kulzer) foi utilizada para preenchimento da face oclusal sobre a resina Venus® Bulk Fill, semelhando ao estudo feito por Rossato et al. (2015), seguindo as intruções do fabricante. A Charisma® é uma resina composta microhíbrida à base de BIS-GMA, com 78% do peso e 58% do seu volume composto por carga de vidro bário alumínio fluoretado (0,02-2 μm) e dióxido de silício (0,02-0,07 μm). Espessura máxima de cada incremento recomendada pelo fabricante é de 2mm. A resina Venus® Bulk Fill, de acordo com o fabricante, é uma resina nanohíbrida à base de UDMA e EBADMA, 65% do peso e 38% do volume composto por carga inorgânica. O tamanho das partículas varia de 0,02-5 μm. Ela é encontrada na cor universal e é indicada para base de até 4 mm de restaurações classe I e II.

Em estudo realizado por Francis et al. (2015), foi avaliado a deflexão de cúspides, a extensão de cura e a integridade marginal em restaurações realizadas com resina fluida bulkfill (Surefill SDR) em incremento único de 4mm, dois incrementos de 2mm de resina bulkfill, e com resina convencional nanohíbrida (Esthet X HD) pela técnica incremental. Nesse estudo pode ser concluído que não houve diferença entre integridade marginal das restaurações e deflexão de cúspides entre os grupos, porém o compósito convencional teve extensão de cura significantemente menor na porção inferior de cada incremento. Por ser um estudo que visava principalmente a deflexão de cúspides, os dentes restaurados não foram submetidos à termociclagem ou mecanociclagem, procedimentos esses que visam simular o ambiente oral com estresse por carga e diferença de módulo expansão térmica entre o dente e o material restaurador (ERDILEK, 2009).

Hofmann & Hunecke (2006) estudaram a influência da forma de cura e do material da matriz usada em restaurações Classe II de resina composta in vitro na integridade marginal de restaurações MOD com término em esmalte antes e depois da termociclagem. A integridade marginal foi afetada após a termociclagem de 2500 ciclos para todos os grupos, sempre causando maior deficiência no selamento marginal. Os resultados obtidos foram equivalentes para as restuarações realizadas com matrizes transparentes e com as matrizes metálicas e não foram observadas

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18 vantagens nos protocolos de fotopolimerização soft-start ou desvantagens nos protocolos de radiação de alta intensidade.

Benetti et al (2015) testaram a contração de polimerização, profundidade de cura e formação de fendas em cavidades Classe II restauradas com resinas bulkfill, duas de alta viscosidade e três de baixa viscosidade, e compararam os resultados com uma resina convencional (Tetric EvoCeram, Ivoclar Vivadent). A contração de polimerização foi avaliada através do método de disco ligados (bonded-disc method) o qual consiste em colocar a amostra em uma placa de vidro ligada a um anel metálico. Sobre o anel metálico coloca-se uma fina placa de vidro que terá um LVTD (transformador diferencial variável linear) sobre ela para mensurar o deslocamento da placa e assim quantificar a contração de polimerização. Para polimerizar o material, foi utilizado um aparelho LED (diodo emissor de luz) calibrado em 950 ± 50 mW/cm². O deslocamento do LVTD foi registrado nos periodos de tempo de 2, 5, 20 e 60 minutos. Obtidos os resultados, foi verificado que houve diferença significativa na contração de polimerização entre os materiais, tendo a resina convencional a menor contração de polimerização. Dentre as resinas bulkfill de baixa contração, a Venus® Bulk Fill foi a que apresentou maior contração de polimerização.

A profundidade de cura foi avaliada conforme ISO 4049 por Benetti et al (2015). Em um cilindro de 12mm de altura com diâmetro de 4mm, o material foi inserido e fotoativado por 20 segundos (950 ± 50 mW/cm²). A resina não polimerizada na base do cilindro foi removida com uma espátula de plástico e a altura da amostra de resina polimerizada foi aferida com um micrômetro e dividida por 2 para obter a profundidade de cura. As resinas Venus® Bulk Fill e x-tra base tiveram maior profundidade de cura comparada às outras resinas do estudo (Tetric EvoCeram Bulk Fill, SDR), resultado esse promovido por uma melhora no sistema iniciador e aumento de translucidez. Uma relação positiva e significativa foi encontrada entre contração de polimerização e profundidade de cura entre as resinas de baixa viscosidade.

Para analisar a formação de fendas na interface dente-restauração, Benetti et al. (2015) prepararam 96 cavidades, em molares, com ístimo vestíbulo-lingual de 4 mm, 6mm de altura e 2mm de profundidade. O processo restaurador foi realizado conforme as instruções do fabricante para os grupos das resinas de baixa viscosidade. Aqueles com resinas de alta viscosidade receberam uma camada oclusal de resina convencional, com objetivo de melhorar estética e propriedades

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19 mecânicas, mesmo não sendo uma recomendação do fabricante. A formação de fendas foi analisada em microscópio de luz em magnificação de 510 vezes, sem submeter as amostras à termociclagem, dessa forma, segundo os autores, apenas as propriedades dos materiais foram analisadas. As resinas de baixa viscosidade que apresentaram maior formação de fendas foram a x-tra base e Venus® Bulk Fill, com diferença significativa quando comparada à resina convencional.

Em estudo realizado por Rosatto et al. (2015), molares permanentes foram resturados pelas técnicas bulkfill e incremental oblíqua seguindo as instruções dos respectivos fabricantes. Os dentes foram preparados de tal forma que as cavidades Classe II (MOD) fossem consideradas amplas, com ístmo vestíbulo-lingual de 4/5. Foram utilizadas uma resina bulkfill de média viscosidade (pastosa), três resinas bulkfill de baixa viscosidade (fluida) e três compositos convencionais. Os grupos formados pelas resinas bulkfill fluidas tiveram os valores das propriedades mecânicas (resistência a compressão, tração diametral, dureza de Vickers e módulo de elasticidade) inferiores quando comparando com as outras resinas do estudo. As resinas bulkfill tiveram menores valores quanto à deflexão de cúspides, contração pós-gel e maior resistência a fratura.

Swapna et al (2015) avaliaram a microinfiltração marginal em resturações classe II restauradas com 3 resinas bulkfill: SonicFill BulkFill, TetricEvo Ceram e X-tra fill. Para tal, foram utilizados 30 primeiros molares hígidos que tiveram suas faces mesiais e distais preparadas (n=60) com limite cervical na junção cemento-esmate (JCE). As amostras foram submetidas à termociclagem de 1000 ciclos, com tempo de banho de 60 segundos e coradas com solução aquosa de rodamina 0,6%. Todas as cavidades apresentaram algum grau de microinfiltração na parede oclusal e cervical ao serem analisadas em um microscópio confocal, porém a SonicFill Bulk-Fill teve os menores valores, resultado esse atribuído pela sua característica de baixar o grau de viscosidade ao ser ativada com ultra-som. Essa propriedade faz com que a resina se adapte melhor às margens da cavidade, promovendo assim menor infiltração de corante. A microinfiltração foi sempre maior na parede cervical, com valores significantes, quando comparado à parede oclusal do mesmo material.

Scotti et al (2014) avaliaram a microinfiltração marginal utilizando 3 resinas: Venus Diamond, Venus Diamond Flow e Surefil SDR. Cavidades de 8mm³ foram preparadas, todas com uma margem em esmalte e outra em dentina, e divididas em 3 grupos de 16 dentes, um para cada material restaurador. Cada grupo foi dividido

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20 em 2 subgrupos de 8 amostras, com ou sem envelhecimento artificial (1000 ciclos, 5-55°C, banhos de 60 seg). O subgrupo A não sofreu envelhecimento artificial, assim, após os procedimentos restauradores terem sido concluídos, as restaurações devidamente polidas com discos abrasivos e armazanadas em àgua destilada por 7 dias em 37°C, o subgrupo A foi imerso em solução de azul de metileno 1:10 por 30 min em 25°C. O subgrupo B, após ser submetido a termociclagem e imersão em saliva artificial por 12 meses, foi imerso também em solução de azul de metileno, assim como descrito no subgrupo A. Os dentes foram includos em resina acrílica transparentes e seccionados em 4 fatias. Scotti e colaboradores concluiram que o selamento marginal em esmalte não foi influenciado pelo envelhecimento artificial ou material utilizado. Já o selamento marginal em dentina foi deficiente quando se utilizou a resina convencional (Venus Diamond) comparado com as fluidas (Venus Diamond Flow e Surefill SDR).

Farmer et al (2012) avaliaram a microinfiltração marginal utilizando 3 materiais diferentes: resina composta (Z250), ionômero de vidro convencional e ionômero de vidro modificado por resina. Para tal, foram selecionados pré-molares e molares e neles foram preparadas cavidades classe V de Black, com uma margem em esmalte e outra em dentina. Para os grupos restaurados com resina composta, o adesivo utilizado foi Optibond Solo Plus. A diferença entre os grupos restaurados com resina composta foi se houve ou não contaminação por saliva e em qual momento do processo restaurador: após o condicionamento ácido ou após a aplicação do adesivo. Houve significativa maior infiltração marginal naqueles grupos que foram contaminados por saliva quando comparado ao grupo que não foi contaminado, o que ressalta a necessidade de um bom isolamento absoluto do campo operatório. Não foi observada diferença significativa na microinfiltração marginal entre os momentos em que o dente foi contaminado por saliva.

Khosravi, Mousavinasab e Samani (2015) compararam a microinfiltração em restaurações classe II em resinas à base de metacrilato (Filtek Z350XT E P60, 3MESPE) e à base de silorano (P90, 3MESPE) realizadas em 108 molares permanentes hígidos. Seis grupos foram formados. As cavidades foram padronizadas em témino 1mm além da JAC, extensão vestíbulo-lingual de 1,5mm e extensão disto-mesial de 4mm na mesial e distal de cada dente. Pressão digital foi usada para previnir que excesso de material escoasse além das margens da restauração. Todas as cavidades foram restauradas utilizando a técnica incremental

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21 horizontal, porém cada grupo de resina foi dividido em dois subgrupos: um foi restaurado em 4 camadas de aproximadamente 2mm e o outro em 2 camadas de aproximadamente 3-5mm. Os autores chegaram aos seguintes resultados após terem armazenados os dentes durante 24 horas, 3 meses, e 6 meses e termociclados por 500 ciclos térmicos (30 segundos em cada banho de 5-55°C, tempo de transferência de 15 segundos) e imerço durante 24h em solução aquosa de fucsina básica 0,5%: não houve diferença na microinfiltração quanto ao número de camadas de resina; as resinas P60 e P90 não tiveram diferença significativa na microinfiltração entre os periodos de armazenamento; a resina Filtek Z350XT apresentou diferença quando comparando 24h e 6 meses, sendo a microinfiltração maior em 6 meses; a P90 apresentou menor microinfiltração significante comparada a P60 quando resturadas em 2 incrementos; e que não houve diferença na microinfiltração entre a P90 e a Filtek Z350XT em 24h, mas sim em 3 e 6 meses. Os autores puderam concluir que nenhum material selou os dentes com perfeição e também que diferentes materiais respondem de forma diferente ao envelhecimento artificial.

Em 2015, Relhan et al avaliaram a microinfiltração marginal de duas resinas compostas (P60 e P90) sob dois protocolos de fotoativação diferentes: em rampa e em pulso. O sistema adesivo utilizado nos grupos compostos pela resina P60 foi o Adper Single Bond 2 e o sistema adesivo utilizado nos grupos da resina P90 foi o recomendado pelo fabricante. Foram utilizados 80 dentes, os quais receberam preparos em slots proximais, com limite na junção amelo cementária (JAC), na face distal ou mesial. As cavidades foram padronizadas em 1,5mm de extensão mesio-distal, e 3mm de distância vestíbulo-lingual. Os grupos foram subdividos conforme o material (P60 ou P90), técnica restauradora (incremental oblíqua e incremental horizontal) e protocolo de fotoativação (rampa ou pulso). Um total de 8 grupos (n=10) foi formado. O grupo da resina P90 restaurado pela técnica incremental oblíqua e fotoativado pela técnica da rampa teve o melhor desempenho, não apresentando infiltração de corante (azul de metileno, 2%) nas margens da restauração. Não houve diferença significativa entre as técnicas restauradoras nem entre os protocolos de fotoativação, porém há diferença significativa entre os materiais utilizados.

No ano de 2015, Kalmowicz et al tiveram o objetivo de determinar a microinfiltração marginal em restaurações utilizando a resina SonicFill (Kerr/Kavo).

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22 80 molares foram utilizados nesse estudo, dividos em 4 grupos de acordo com material restaurador utilizado, tipo de cavidade (Classe I ou II de Black) e técnica de inserção (incremento único ou incremental, de acordo com as indicações do fabricante). As cavidades classe II tiveram o término cervical logo abaixo ou acima da junção cemento-esmalte, ou seja, cada dente dos grupos da classe II tiveram um término em esmalte e outro em dentina. Após restaurados, as amostras receberam acabamento e polimento, foram submetidas à termociclagem (1000 ciclos, 5-55°C, banhos de 60 segundos), coradas em solução de azul de metileno 1% e seccionadas no centro da restauração. A microinfiltração foi avaliada em microscópio, num aumento de 20x, e imagens padronizadas foram obtidas para serem analisadas por dois operadores, os quais deram escores para a infiltração de corante. Todos os grupos apresentaram algum grau de microinfiltração, com excessão do grupo A (Classe I, utilizando SonicFill). O grupo que apresentou maior microinfiltração foi o grupo D (Classe II, técnica incremental, utilizando resina Herculite Ultra). Os autores puderam concluir que o principal fator que determina a microinfiltração é o término da cavidade (se esmalte ou dentina) e não necessariamente o material utilizado ou a técnica restauradora.

Zorzin et al (2015) estudaram as propriedades de polimerização e extensão de cura de resinas bulkfill em dois diferentes protocolos de polimerização: um com tempo de cura recomendada pelo fabricante e outra com tempo de cura extendida, 30 segundos. As propriedades relacionadas à polimerização estudadas foram grau de conversão (GC), dureza de Vickers (HV), volume de contração de polimerização (PVS) e estresse de contração de polimerização (PSS).

No estudo citado anteriormente, a resina Venus® Bulk Fill (VBF) foi a que apresentou maior GC nos incrementos de 4mm, para qualquer um dos protocolos aplicados apesar ter sido observado uma diminuição estatísticamente significativa no GC no protocolo de cura extendida (30 segundos) comparado com o protocolo indicado pelo fabricante (20 segundos). Quando comparada a HV de incrementos de 2 e 4mm sob o protocolo de cura extendida, os incrementos de 2mm tiveram valores maiores com significância estatística.

Uma característica muito valiosa das resinas compostas para o clínico é a radiopacidade do material. Tarcin et al. (2016) avaliaram a radiopacidade de resinas bulkfill fluidas e resinas fluidas convencionais utilizando radiografia digital. Os corpos de amostra de 1mm foram radiografados juntamente com fatias de dente

(23)

23 para que dessa forma a radiopacidade pudesse ser comparada. Todas as resinas fluidas bulkfill tiveram valores de radiopacidade significantemente maiores do que dentina e esmalte, sendo a resina Venus® Bulk Fill a que apresentou maior radiopacidade dentre todos os materiais estudados.

Campos et al (2014) avaliaram a adaptação marginal de restaurações classe II feitas com resinas bulkfill. Foram usados 40 molares humanos, os mesmos divididos em 5 grupos que foram formados de acordo com o material material utilizado. Todos os grupos foram restaurados em apenas 2 incrementos horizontais: o primeiro com 4 mm e o segundo com 2 mm. O mesmo sistema adesivo (Optibond FL) foi utilizado para todos os grupos, assim como o mesmo aparelho fotoativador numa potência de 1100 mW/cm². Após os procedimentos de polimento com pontas diamantadas (oclusal) e discos flexiveis (proximais), um molde e modelos foram obtidos para comparar o antes e depois da ciclagem térmica (600 ciclos, 2 min de banho) e mecânica (240,000 ciclos). Foi utilizada microscopia eletrônica afim de avaliar a adaptação marginal dos 5 diferentes materiais. O grupo composto pela resina Venus® Bulk Fill e Venus Diamond tiveram a pior performance quanto a continuidade das margens, tanto previamente como posteriormente aos procedimentos de envelhecimento. Não foi encontrada diferença estatística entre os grupos experimentais e o grupo controle, mesmo o primeiro incremento do material (Ceram-X) do grupo controle tendo sido inserido com o dobro da espessura recomendada pelo fabricante (4mm). Outra variável avaliada no estudo foi a continuidade das margens em dentina e em esmalte.

Em 2011, Roggendorf et al. analisaram a qualidade marginal em restaurações classe II – MOD em terceiros molares realizadas pela técnica de incremento único (4mm) e pela técnica incremental horizontal. As cavidades tiveram seus términos preparados em esmalte e em dentina. 40 dentes, divididos em 5 grupos de 8 dentes, conforme o sistema adesivo utilizado, foram restaurados com a resina composta Surefil SDR em um único incremento de 4mm, sendo o restante da cavidade restaurada com resinas de alta viscosidade (Ceram X, Tetric EvoCeram, Filtek Supreme XT, Venus Diamond). Outro grupo de 40 dentes foi formado e subdividido em 5 subgrupos de 8 dentes. Esse segundo grupo foi restaurado pela técnica incremental horizontal com as resinas de alta viscosidade apenas e os sistemas adesivos recomendados pelos fabricantes. Os autores puderam observar e concluir que os adesivos etch-and-rinse tiveram maior porcentagem de áreas livres

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24 de fendas, melhor adaptação marginal e melhor adaptação interna à dentina após a ciclagem térmica (2500 ciclos) e mecânica (100.000, 50N, 0.5 Hz) quando comparadas com os adesivos self-etch.

Em 2012, com objetivo de comparar as propriedades micro e macromecânicas e grau de conversão de duas resinas bulkfill, Czasch e Ilie testaram in vitro as resinas Surefil SDR flow e Venus® Bulk Fill. Espectroscopia de infravermelho com transformadas de Fourier (FTIR) foi o método utilizado para descobrir o grau de conversão (GC) dos materiais testados. O GC foi avaliado durante 5 minutos nas amostras 0.1mm, 2mm, 4mm e 6mm com tempos de fotoativação de 10, 20 e 40 segundos. Foi concluído que a Venus® Bulk Fill tem maior GC estatisticamente significante que Surefil SDR flow quando comparados incrementos de mesmo tamanho sob mesmo tempo de fotoativação.

Um indentador de microdureza e um teste de flexão de três pontos foram utilizados por Czasch e Ilie (2012) para avaliar as propriedades mecânicas dos materiais. Os grupos compostos pela resina Venus® Bulk Fill tiveram os menores valores de HV quando comparados aos grupos compostos pela Surefil SDR flow. A resina Surefil SDR também apresentou maiores valores quanto a resistência flexural, módulo de elasticidade e módulo de indentação. O baixo valor de HV da resina Vênus® Bulk Fill justifica a indicação do fabricante da necessidade de um incremento de resina na oclusal.

No estudo realizado por Ilie, Bocuta e Draenert (2013) foram avaliadas as propriedades mecânicas de sete diferentes resinas bulkfill encontradas no mercado atualmente. Com os resultados, pode-se confirmar a necessidade de realizar uma camada final em resina nano-híbrida ou micro híbrida, pois o módulo de elasticidade e a dureza de algumas resinas (dentre elas a Venus® Bulk Fill) apresentaram valores de dureza de Vickers e módulo elasticidade menores que os encontrados nas resinas nanohíbridas e microhíbridas compactáveis. Segundo dados fornecidos pelo fabricante, a camada de resina que representa a porção oclusal deve ser feita com uma resina a base de metacrilato.

Mahrous et al (2015) avaliaram a microinfiltração marginal em 3 substratos diferentes: esmalte, dentina e cemento. 81 molares humanos receberam preparos Classe II de Black envolvendo apenas uma caixa proximal, essa determinando o término de cada grupo. Após terem sido restaurados por uma resina nanohíbrida (TetricEvoCeram), os dentes foram armazenados em incubadora por 24 horas, 1

(25)

25 mês e 3 meses para assim serem selados e corados com solução de azul de metileno 2,5%. Os autores puderam concluir que o selamento marginal foi mais eficiente nas margens acima da junção cemento-esmalte, seguido pelas margens que tiveram término localizado na junção cemento-esmalte e por último, com os piores resultados, nas margens localizadas abaixo da junção cemento-esmalte.

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26 3 OBJETIVO

Avaliar a microinfiltração marginal, em esmalte e em dentina, de restaurações classe II – MOD utilizando a técnica de incremento único com resina Venus® Bulk Fill.

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27 4 MATERIAIS E MÉTODOS

Esse projeto foi realizado mediante aprovação do Comitê de Ética de Pesquisas com Seres Humanos (número do parecer: 1.470.838).

4.1 Seleção dos dentes

Foram utilizados nesse trabalho trinta pré-molares superiores e inferiores sem restaurações, ausentes de lesão de cárie, trincas, malformalções ou fraturas, que foram extraídos por motivos ortodônticos ou periodontais. O tecido periodontal foi removido com auxílio de curetas e profilaxia com pasta profilática e pedra pomes. Eles foram armazenados em soro fisiológico em temperatura ambiente antes do início dos preparos dentais.

4.2 Preparo cavitário

Foi realizado preparo cavitário classe II – MOD com pontas diamantadas tronco-cônicas (3131, KG Sorensen, Brasil) em alta rotação sobre irrigação hídrica constante. As cavidades foram padronizadas da seguinte forma: 3mm de ístimo vestíbulo-lingual tanto na caixa oclusal como nas caixas proximais, profundidade oclusal de aproximadamente 4mm, uma caixa proximal com término em esmalte 1 mm aquém da junção esmalte-cemento (JEC) e a outra caixa proximal com término em dentina 1mm além da JEC. Uma guia de silicona de condensação (Clonage, Nova DFL, Brasil) foi utilizada para conferir profundidade do preparo. O preparo foi iniciado por mesial ou distal para que seja possível visualizar e conferir o processo de preparo da cavidade a cada etapa. Enquanto um dente foi preparado os outros foram armazenados em soro fisiológico, em temperatura ambiente.

Figura 1:Dimensões da cavidade (adaptado de Mondelli et al., 2007).

3mm 2mm

4mm

(28)

28 4.3 Divisão dos grupos

Antes do preparo, os dentes foram divididos ao acaso em dois grupos (n=15) segundo o material utilizado, sendo que o condicionamento ácido e o protocolo de fotoativação do sistema adesivo foram utilizados conforme as indicações dos fabricantes. Cada um dos grupos foi dividido em dois subgrupos de acordo com o término gengival em relação a JEC.

As cavidades foram condicionadas com ácido fosfórico 37% (Condac37, FGM, Brasil) por 30 segundos em esmalte e 15 segundos em dentina. Em seguida, foram lavadas com jato de ar/água por 20 segundos ou até não haver mais resquícios de gel condicionante. O excesso de água sobre a dentina foi removido com esfera de algodão que também foi utilizado para proteger a dentina enquanto o esmalte era seco com jato de ar, objetivando manter a dentina umedecida.

O sistema adesivo foi aplicado conforme as indicações do fabricante usando um microbrush para cada preparo. O solvente foi volatilizado utilizando leve jato de ar por 5 segundos. Após isso, ele foi fotopolimerizado usando luz LED em intensidade de 1000mW/cm² (Bluephase, Ivoclar Vivadent), previamente mensurada com radiômetro, por 10 segundos, de acordo com as instruções do fabricante.

Quando foram concluídas todas as etapas do preparo, o dente foi envolvido por uma matriz metálica montada em um porta-matriz Tofflemire, de forma que envolvesse as caixas proximais do preparo. Foi aplicada pressão digital pela parte externa da matriz metálica para melhorar a adaptação da matriz nas margens de ambos os grupos. Apenas no grupo Venus® Bulk Fill, com a ajuda de uma sonda milimetrada, sem tocar na margem cervical do preparo, foi realizado um ponto de referência com grafite na parte interna da matriz metálica para que os incrementos da resina Venus® Bulk Fill tivessem aproximadamente 4mm. Com a matriz adaptada por pressão digital na porção externa, o procedimento restaurador foi inicializado.

4.4 Restauração

Para o grupo controle (Ch), a resina composta Charisma® (Heraeus Kulzer) foi inserida na cavidade por meio da técnica incremental oblíqua, fotoativando cada incremento por 20 segundos. Os incrementos tiveram no máximo 2mm de diâmetro e uniram no máximo duas paredes.

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29 Para o grupo VBF, a resina Venus® Bulk Fill (Heraeus Kulzer) foi aplicada conforme as indicações do fabricante, em um único incremento de no máximo 4mm e o restante preenchido com Charisma®, seguindo os mesmos passos do grupo controle. Um gel hidrossolúvel foi aplicado na restauração para que a mesma fosse fotopolimerizada de acordo com o fabricante.

Após a fotoativação final, os dentes do grupo Venus® Bulk Fill (VBF) passaram por uma nova seleção e foram excluídos os dentes que não apresentaram incrementos de 4mm. Três dentes apresentaram incrementos de resina bulkfill maior ou menor que 4mm e foram excluídos da pesquisa. Os dentes remanescentes tiveram os excessos grosseiros removidos com lâmina de bisturi n°12 e foram armazenados em humidificador, em temperatura ambiente. As restaurações foram polidas com discos flexíveis abrasivos de forma sequencial, sem irrigação, após 48 horas.

Tabela 1: Divisão dos grupos Charisma® (Ch) e Venus® Bulk Fill (VBF), materiais

utilizados e técnica restauradora

Charisma® Venus® Bulk Fill

Material restaurador Charisma (Ch) (Heraeus Kulzer) Venus Bulk Fill (VBF) + Ch (Heraeus Kulzer)

Condicionamento Condac37 (FGM) Condac37 (FGM)

Sistema adesivo Adper™ Scothbond™ Multi-Purpose Total Etch Adhesive (3M ESPE)

Adper™ Scothbond™ Multi-Purpose Total Etch Adhesive (3M ESPE)

Técnica restauradora Incremental Incremento único

Término da margem. Subgrupos: Che: esmalte Chd: dentina VBFe: esmalte VBFd: dentina 4.5 Impermeabilização

O forame apical dos dentes foi selado com cera e toda superfície dos dentes, exceto 1mm das margens da restauração, foi impermeabilizada com 2 camadas de esmalte cosmético. Os dentes foram posicionados em um suporte de dentes de estoque de tal forma que ficassem com seu longo eixo perpendicular ao suporte,

(30)

30 com o forame apical selado pela cera do suporte. Os dentes foram armazenados em umidificador por 24 horas em temperatura ambiente.

Na sequência, a porção coronal, terços cervical e médio das raízes foram imersos em solução aquosa de fucsina básica 0,5% por 24 horas em temperatura ambiente e depois foram lavados em água corrente até que os excessos de corante fossem removidos. Após removidos os excessos, os dentes foram avaliados e 2 dentes do grupo Ch apresentaram evidências que foram corados através do forame apical e foram excluídos da amostra. Os dentes fixados no suporte permitiram que o ápice dos mesmos não entrasse em contato com a fucsina.

4.6 Secção dos dentes.

Os dentes restaurados foram seccionados no sentido mesio distal usando disco diamantado em baixa velocidade (250rpm) em uma máquina de corte elétrica sob refrigeração hidráulica (ISOMET 1000). Os dentes foram fixados em palito depressor de língua com godiva e montados em suporte para ISOMET (Figura 2) de tal forma que o disco ficasse o mais perpendicular possível às margens cervicais do preparo (Figura 3). O primeiro corte foi feito no centro da restauração. O segundo corte foi feito 1 mm além do primeiro e o terceiro, 1mm aquém (Figura 4). Com esse procedimento, 2 fatias de cada dente foram obtidas para avaliação da microinfiltração na interface adesiva, com 4 superfícies a serem analisadas. Após serem seccionadas, 2 restaurações do grupo VBF soltaram e foram excluídos do trabalho.

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31

Figura 2: Dente fixado no palito com godiva e montado no suporte para IsoMet™ 1000

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32

Figura 4: Duas secções longitudinais realizadas.

4.7 Avaliação

Após ter 3 amostras excluídas por incremento superior ou inferior a 4mm e 2 amostras excluídas por terem soltado da restauração, o grupo Venus® Bulk Fill (VBF) apresentou n=10. O grupo Charisma® teve 2 amostras excluídas após constatada a infiltração de corante pelo forame apical (n=13). Todas as fatias (2 de cada dente) foram fotografadas usando uma maquina digital Nikon D3200 acoplada com uma objetiva para zoom 4x em uma distância padronizada. As fatias foram apoiadas sobre uma régua plástica milimetrada de tal forma que houvesse um paralelismo entre as margens da restauração e a parte milimetrada da régua (figura 1). As fotos foram salvas no formato JPEG e analisadas pelo software ImageJ150 (NHI, EUA). O programa permite abrir a imagem e calibrar uma escala, para tal é necessário ter uma distância conhecida na foto. A proporção é feita em número de pixels por unidade de medida. Nesse trabalho optamos por trabalhar com milímetros, visto que o programa é capaz de fracionar a medida em até 3 casas decimais.

A porcentagem de microinfiltração foi calculada dividindo-se o comprimento total de corante infiltrado pelo tamanho da parede cervical.

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33

Figura 5: Fatia do dente sobre a régua milimetrada.

A microinfiltração foi avaliada com escores, conforme a tabela 2.

Tabela 2: Escores para microinfiltração.

Escore Característica

0 Não foi identificado corante na interface dente-restauração (Figura 6)

1 O corante penetrou até o primeiro terço da caixa proximal (>0,66mm) (Figura 7)

2 O corante penetrou entre o primeiro e o segundo terço da caixa proximal (entre 0,66mm e 1,32mm) (Figura 8)

3 O corante penetrou entre o segundo e o terceiro terço da caixa proximal (<1,32mm)

4 A penetração do corante atingiu ou ultrapassou o ângulo áxio-cervical. (Figura 9)

(34)

34

Figura 6: escore 0, sem infiltração de corante.

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35

Figura 8: escore 2, infiltração de corante no segundo terço da parede gengival.

Figura 9: escore 4, infiltração de corante até a parede axial.

4.8 Análise estatística

Os valores percentuais de microinfiltração e os escores em cada um dos substratos e para cada material restaurador foram analisados estatisticamente através do teste de Kruskal-Wallis, com nível de significância de (α) 5% (p<0,05).

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36 5 RESULTADOS

De acordo com os resultados dos testes de normalidade Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-wilk foi concluído que os dados não seguiram uma distribuição normal (p<0,05), logo o teste não paramétrico Kruskal-Wallis foi aplicado para verificar se houve ou não diferença estatisticamente significante entre os grupos.

Os valores médios para porcentagem de microinfiltração estão apresentados na tabela 3, assim como o desvio padrão e os resultados do teste estatístico.

Tabela 3: Microinfiltração marginal representada em porcentagem e desvio padrão (DP).

Venus® Bulk Fill DP Charisma® DP

Esmalte 94% Aa ±19% 41% Aa ±49%

Dentina 100% Aa ±0% 80% Ba ±39%

Letra maiúscula igual entre colunas significa ausência de diferença estatisticamente significante. Letra minúscula diferente entre linhas significa diferença estatisticamente significante (p>0.05).

Nenhum grupo ficou livre de infiltração de corante, sendo que o grupo da resina bulkfill (VBF) apresentou os maiores percentuais de microinfiltração, tanto em esmalte (VBFe) quanto em dentina (VBFd). No grupo bulkfill (VBF) não houve diferença estatística entre os substratos (p=1,000). No grupo controle (Ch), a microinfiltração nas margens em esmalte (Che) foi estatísticamente menor do que a infiltração das margens em dentina (Chd) (p=0,046).

Quanto aos diferentes substratos, o grupo controle (Ch) teve melhor comportamento tanto em esmalte quanto em dentina, porém sem diferença estatisticamente significativa (p=0,06 e p=1,000, respectivamente).

O gráfico 1 representa o percentual de microinfiltração marginal em esmalte em dentina dos grupos VBF.

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37

A tabela 4 traz os escores que representam a microinfiltração das margens em esmalte e em dentina nos grupos VBF e Ch, e o desvio padrão (DP).

Tabela 4: Microinfiltração marginal representada em escores e desvio padrão (DP).

Venus® Bulk Fill DP Charisma® DP

Esmalte 3.8 Aa ± 0.63 1.69 Ab ± 1.93

Dentina 4 Aa ± 0 3.23 Ba ± 1.53

Letras maiúsculas diferentes nas colunas representam diferença estatística. Letras minúsculas diferentes entre linhas indicam diferença estatística (p>0.05).

O escore médio dos substratos do grupo da resina bulkfill (VBF) foi 3,8 para as margens em esmalte (VBFe) e 4 para as margens em dentina (VBFd), diferença essa não estatisticamente significante (p=1,000). Para o grupo controle (Ch), as margens em esmalte apresentaram melhor vedamento, representado pelo escore 1,69, quando comparado com as margens em dentina do mesmo grupo, que teve escore 3,23 (p=0,046).

Quanto às margens em esmalte, o grupo da resina convencional (Ch) teve escore 1,69 e o grupo da resina bulkfill teve 3.8 (p=0,006). Já nas margens em dentina, a resina convencional obteve escore 3,23 e a resina bulkfill obteve escore 4, sem diferença estatística entre elas (p=0,229).

O gráfico 2 mostra a média dos escores dados para a microinfiltração e o desvio padrão das margens em esmalte e em dentina dos grupos VBF e Ch.

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Venus Bulk Fill Charisma

P

orcent

ag

em

Gráfico 1: Porcentagem de corante infiltrado nas margens dos

grupos Venus Bulk Fill e Charisma, e desvio padrão (dp).

Esmalte Dentina dp: ± 19% dp: ± 0% dp: ± 39% dp: ± 49% 0,63

(38)

38

Quanto aos métodos de avalição, a avaliação por porcentagem resultou em diferença estatística significante apenas nos substratos do grupo controle (Ch), enquanto quando avaliadas com escore, houve diferença estatística entre substratos do grupo controle (Ch), e entre as margens em esmalte dos dois grupos (Che e VBFe). 0 1 2 3 4 5

Venus Bulk Fill Charisma

E scores para m icr oi nf ilt ração

Gráfico 2: Escores representando a microinfiltração dos

grupos Venus Bulk Fill e Charisma com respectivos valores de desvio padrão (dp). Esmalte Dentina dp: ± 1,53 dp: ± 0,63 dp: ± 0,00 dp: ± 1,93

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39 6 DISCUSSÃO

6.1 Discussão da metodologia

Pré-molares foram selecionados para esse estudo por serem dentes posteriores e estarem indicados pelo fabricante para serem restaurados pelos materiais utilizados nesse estudo. Dentes hígidos são necessários para excluir a possibilidade de infiltração de corante por fendas que não as criadas na interface dente-material restaurador, além de excluir a possibilidade de haver uma estrutura dental modificada por tratamentos prévios (SWAPNA et al., 2015; RELHAN et al., 2015; SCOTTI et al., 2014; REDWAN et al., 2016; KALMOWICZ et al., 2015). Redwan et al. (2016) avaliaram a microinfiltração marginal em restaurações de resina composta realizadas em preparos cavitários com e sem restaurações prévias de amálgama. Eles puderam concluir que a microinfiltração em restaurações de resina composta é maior quando a mesma é realizada para substituir restaurações de amálgama. O resultado sustenta a necessidade de estudar a microinfiltração in

vitro em dentes hígidos.

A padronização das cavidades é algo comum na literatura, assim como usar a JEC como ponto de referência para delimitar se o término será em esmalte ou em dentina/cemento (CAMPOS, et al., 2014; SCOTTI et al., 2014; HOFMANN; HUNECKE, 2006). Com a metodologia empregada nesse estudo, foi possível padronizar o ístimo vestíbulo-lingual (3mm), distância do ângulo cavosuperficial da parede cervical até a parede pulpar (aproximadamente 2mm) e a distância do ângulo cavosuperficial oclusal até a parede pulpar (4mm aproximadamente). A altura das caixas proximais e a distância mesio-distal do preparo variaram conforme a anatomia do dente.

Quando analisada a microinfiltração marginal em restaurações de resina composta, é de grande valor científico investigar a infiltração de corante em substratos diferentes em um mesmo dente. Para isso, cavidades Classe II de Black (SWAPNA et al, 2015; KHOSRAVI; MOUSAVINASAB; SAMANI, 2015; MAHROUS et al., 2015; ROGGENDORF et al., 2011), assim como Classe V (FARMER et al, 2014; POURESLAMI et al., 2012), tem sido utilizadas por pesquisadores por permitirem essa investigação. Nesse estudo, optou-se por preparos Classe II por 2 motivos: ser uma indicação do fabricante e pela possibilidade de serem preparadas margens em esmalte e em dentina no mesmo dente. A capacidade de manter um

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40 bom selamento marginal não depende somente do substrato ao qual a resina está aderida, mas também qual agente adesivo está sendo utilizado (AL-HARBI et al., 2015) e das propriedades físicas e mecânicas do material restaurador

(ROGGENDORF et al., 2011; BENETTI et al., 2015). Após condicionamento ácido

de 30 segundos em esmalte e 15 segundos em dentina, o sistema adesivo Adper™ Scotchbond™ Multi-purpose™ Adhesive foi utilizado. A concentração de ácido fosfórico encontra-se dentro da recomendada pelo fabricante e o sistema adesivo é compatível com ambos materiais restauradores, além de ser considereado um adesivo padrão ouro (COELHO et al., 2012).

Apesar de Benetti et al. (2015) relatarem que a resina Venus® Bulk Fill tem profundidade de cura superior ao tamanho de incremento máximo indicado pelo

fabricante – método proposto pelo ISO 4049, as indicações do fabricante foram

mantidas, pois segundo Papadogiannis et al. (2015) o grau de conversão dos monômeros em polímeros diminui quanto maior o incremento e isso poderia resultar num pior selamento marginal e maior infiltração de corante. Por ter um baixo

conteúdo de carga (38%), monômero de alto peso molecular e flexível, incrementos

de 4mm são possíveis de serem realizados (PAPADOGIANNIS et al., 2015; STANSBURY; DICKENS, 2001). Mesmo in vitro e com a marcação de 4mm na porção interna da matriz Tofflemire, três amostras do grupo da resina bulkfill foram removidos do estudo por apresentarem incrementos superiores ou inferiores a 4mm, demonstrando assim que a técnica de incremento único pode não ser tão simples como ilustrada pelo fabricante.

Quanto a impermeabilização dos dentes, dois dentes do grupo da resina Charima® (Ch) apresentaram evidências de terem suas margens coradas pelo forame apical. Isso pode ter ocorrido pois o selamento do forame apical foi realizado com cera comum, ao contrário de outros trabalhos que utilizaram cera pegajosa (MAHROUS et al., 2015) ou cera utilidade (KALMOWICZ et al., 2015; FARMER et al., 2014)

Há na literatura trabalhos que seccionaram os dentes apenas no centro das restaurações (MOORTHY et al., 2012; RELHAN et al., 2015). Essa metodologia não foi seguida, pois segundo Bijella (2000), a profundidade de penetração de corante pode variar na interface adesiva em um mesmo dente. Logo, nesse estudo, foram feitos 3 cortes em cada dente.

(41)

41 6.2 Discussão dos resultados

Embora estudos tenham utilizado tanto softwares (MAHROUS et al., 2015) como esteromicroscópios (POURESLAMI et al., 2012; FARMER et al., 2012) para avaliar a microinfiltração em milímetros e/ou obter escores para a microinfiltração, nesse estudo foi utilizado apenas o software ImageJ150 (NIH, USA) pois com ele pôde-se medir a microinfiltração em milímetros e transformá-la em porcentagem e também dar escores para cada fatia.

Scotti et al. (2014) avaliaram o percentual de microinfiltração em restaurações Classe V de Black dando porcentagem para a extensão de corante infiltrado na margem da restauração. O objetivo dessa avaliação, segundo os autores, é reduzir o viés que existe entre um operador e outro para dar o escore. Nesse estudo, o escore não foi obtido apenas pela análise visual do operador, mas sim com o auxílio do software ImageJ150 e ainda assim houve diferença entre os resultados analisados entre escores e porcentagem.

As margens em dentina e as margens em esmalte dos grupos Venus® Bulk Fill (VBF) e Charisma® (Ch) apresentaram infiltração de corante, concordando com Scotti et al. (2014). No entanto, mesmo os trabalhos que envelheceram as amostras e que os grupos controles não passaram por envelhecimento observou-se que ambos os grupos, envelhecidos e não, tiveram infiltração de corante em esmalte e dentina, corroborando também com os resultados desse trabalho. (SWAPNA et al., 2016; KHOSRAVI; MOUSAVINASAB; SAMANI, 2015; MOORTHY et al., 2012; VIDAL et al., 2013). Scotti et al. (2014) concluíram que os percentuais de microinfiltração aumentam com o envelhecimento artificial. Segundo Scotti e colaboradores (2014) e segundo Hofmann e Hunecke (2006), o envelhecimento artificial aumenta os percentuais de microinfiltração, pois os coeficientes de expansão térmica dos materiais diferem do coeficiente de expansão térmica do tecido dental.

Independentemente da resina composta, as margens em esmalte nesse estudo apresentaram menor microinfiltração de corante quando comparadas com as margens em dentina, corroborando assim com Scotti et al. (2014) e Kalmowicz et al. (2015). Isso se dá pela diferente composição orgânica do esmalte (maior conteúdo inorgânico) e da dentina (maior conteúdo orgânico), pois a adesão a um substrato predominantemente inorgânico é superior àquelas encontradas em substratos com predominância de conteúdo orgânico (SCOTTI et al., 2014).

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42 A resina bulkfill (VBF) apresentou maior percentual de microinfiltração em esmalte quando comparada à resina Charisma (Ch), concordando com os resultados de Scotti et al (2014). Nesse estudo, o percentual médio de infiltração nas margens em esmalte do grupo VBF foi 94%, já no trabalho de Scotti e colaboradores foi de 21%. Isso pode ter ocorrido pois no estudo de Scotti et al. (2014), além de terem usado resina composta bulkfill diferente (Surefill SDR flow), o formato da cavidade foi menor, resultando em menor volume de material e por consequência, menor contração de polimerização, menor formação de fendas e menor infiltração de corante. Kalmowicz et al. (2015) também avaliaram a microinfiltração marginal em esmalte e em dentina de restaurações com resina bulkfill (SonicFill) e puderam observar que, ao contrário do que foi observado nesse trabalho, os materiais utilizados não tiveram diferença nos escores obtidos para microinfiltração marginal. O trabalho de Campos et al. (2014) corrobora com os resultados desse trabalho, uma vez que a resina bulkfill (VBF) também apresentou resultados piores quanto à integridade marginal de restaurações Classe II. Campos e colaboradores observaram que houve diferença entre a integridade marginal proximal entre a resina VBF (63%) e as resinas bulkfill SureFill SDR (88%) e SonicFill (78%) e também com resina convencional Ceram-x (87%), esperando-se assim que a haja maior infiltração de corante nas margens de cavidades restauradas pela resina VBF do que por outras resinas bulkfill. Segundo Campos et al. (2014), a resina Venus® Bulk Fill não apresenta módulo de elasticidade suficientemente baixo para compensar a elevada contração de polimerização e reduzir o estresse de contração de polimerização gerado na interface dente/restauração.

Com relação às margens em dentina, VBF apresentou maior infiltração de corante com relação ao grupo Ch, resultados que vão contra os resultados apresentados por Scotti et al. (2014). Nesse trabalho, a média do percentual de infiltração nas margens em dentina do grupo da resina bulkfill foi de 100% e da resina convencional foi de 80%, enquanto na pesquisa de Scotti et al. (2014) foi de 30% para a resina bulkfill e de 45% para a resina convencional. Como mostrado por Campos et al. (2014), em restaurações Classe II MO, a resina Venus® Bulk Fill apresentou apenas 47% de integridade marginal cervical, enquanto a resina Surefill SDR apresentou 77%, justificando assim o porquê da maior microinfiltração marginal nesse trabalho e menor microinfiltração no trabalho de Scotti et al (2014).

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43 Levando-se em consideração a divergência dos resultados para as margens restauradas pelas resinas convencionais, nesse trabalho foi utilizada uma resina microhíbrida com 58% de carga, já no trabalho de Scotti et al. (2014) foi utilizada uma resina nanohíbrida com 64% de carga. Espera-se uma menor infiltração de corante na resina usada por Scotti et al. (2014) por ela possuir mais carga.

De acordo com a literatura, resinas compostas que possuem maior quantidade de carga inorgânica apresentam menor contração de polimerização (BENETTI et al., 2015). Essa característica física do material proporciona menor tensão gerada na interface dente-resina (ROSATTO et al., 2015), facilitando assim a manutenção da integridade marginal e dificultando a infiltração de corante. Trinta e oito porcento (38%) do volume da resina Venus® Bulk Fill é carga inorgânica, de acordo com o fabricante, valor inferior ao da resina Charisma®, que é 58%. Espera-se, dessa forma, maior contração de polimerização e subsequente maior estresse de polimerização na resina VBF em relação a Ch. Esse pode ser um dos fatores que colaboraram para os maiores níveis de infiltração de corante no grupo VBF. Ainda, foi observado que duas restaurações do grupo VBF soltaram, provavelmente por conta da elevada contração de polimerização da resina.

Outra propriedade mecânica importante das resinas compostas para compensar o estresse de polimerização é o baixo módulo de elasticidade. A resina Venus® Bulk Fill tem módulo de elasticidade mais baixo que outras resinas bulkfill encontradas no mercado (ROSSATO et al., 2015), propriedade positiva para manter um bom selamento marginal, no entanto ela possui contração de polimerização elevada (BENETTI et al., 2015). Baseado nas características físicas desse material, nos resultados encontrados nesse estudo, nos estudos de Benetti et al. (2015) e Kalmowicz et al. (2015), pode-se corroborar com Campos et al. (2014) ao afirmar que o baixo módulo de elasticidade dessa resina não é capaz de compensar o estresse gerado na interface adesiva pela elevada contração de polimerização, levando assim a uma maior penetração de corante.

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44 7 CONCLUSÃO

Dentro das limitações desse estudo in vitro, pode-se concluir que a técnica de incremento único com a resina Venus® Bulk Fill deve ser utilizada com cautela visto os elevados valores de microinfiltração marginal.

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45 REFERÊNCIAS

AL-HARBI, F et al. Cervical Interfacial Bonding Effectiveness of Class II Bulk Versus Incremental Fill Resin Composite Restorations. Operative Dentistry, [s.l.], v. 40, n. 6, p.622-635, nov. 2015. Operative Dentistry. http://dx.doi.org/10.2341/14-152-l.

BARATIERI, L. N. Restaurações diretas com resinas compostas em dentes posteriores. In: Baratieri, LN et al. Odontologia restauradora - fundamentos e possibilidades. São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda, 2006. 5 ed. P 225-304. BARATIERI, Luiz Narciso, et al. Caderno de dentística – Restaurações Adesivas Diretas, com Resinas Compostas, em Dentes Anteriores. 1. ed. São Paulo: Livraria Santos Editora Comp.Imp.Ltda, 2002.

BENETTI, Ar et al. Bulk-Fill Resin Composites: Polymerization Contraction, Depth of Cure, and Gap Formation. Operative Dentistry, [s.l.], v. 40, n. 2, p.190-200, mar.

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