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Seminários de Pesquisa de Doutorado 1º/2021

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Seminários de Pesquisa

de

Doutorado

– 1º/2021

Linhas de Pesquisa

O PROCESSO NA CONSTRUÇÃO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Alunos

Marcos Cezar Moutinho da Cruz Natália Chernicharo Guimarães

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Seminários de Pesquisa 1

Orientador: Rosemiro Pereira Leal.

Doutorando: Marcos Cezar Moutinho da Cruz

O contraditório como metalinguagem testificante do sistema jurídico na teoria neoinstitucionalista do processo

Resumo:

O processo é uma instituição jurídico-linguística autocrítica. Através dessa frase se pode perceber que a Teoria Neoinstitucionalista do Processo de autoria do Professor Rosemiro Leal, apresenta o processo como o centro do sistema, conjecturando que é ele quem deve instituir o Estado e demais instituições, e não a jurisdição, como nos dias de hoje sói ocorrer.

A TNP propõe um sistema jurídico fechado a causalidades infinitas, isto é, deve haver demarcação, mas que seja aberto ao observador externo. O sistema deve ser intrassignificativo, não sendo as pessoas e suas pré-concepções que irão operar o sistema.

Não se pode conceber a ideia de um sistema que não tenha condições de adquirir ganho sistêmico, isto porque, a decisão sobre um conflito entre pessoas deve ter o condão de reduzir incertezas com a finalidade de implantar os direitos fundamentais.

No sistema da TNP, o contraditório será utilizado como metalinguagem, isto é, arguirá a linguagem objeto (que é a linguagem do sistema), e será desenvolvido por argumentos de reforço ou geração de ganhos sistêmicos.

Além disso, no que concerne ainda aos aspectos metalinguísticos do contraditório, deve ser ressaltado que a TNP busca implementar uma teoria da norma jurídica por uma linguagem-objeto, que possibilite a fiscalidade sistêmica pela comunidade jurídica, e não, amparar a dogmática jurídica pelo discurso da

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Deve ser ressaltado também que apenas através da criação de teorias resistentes à crítica, com base na epistemologia de Popper é que se criará a possibilidade de uma metalinguagem que possa testificar o sistema.

Isto impediria a criação de princípios inócuos, e que sejam utilizados para a consecução de interesses escusos, ou que beneficiem apenas determinados grupos de pessoas, aumentando a democraticidade do sistema como um todo. Conforme as lições de Edward Lopes (1978), a dominação dos sentidos do discurso é uma das principais formas de dominação ao longo dos séculos, e aqui devem ser enfatizadas as dominações dos sentidos das leis, constituições e normas em geral pelas autorictas, o texto é o discurso codificado, sendo que é na decodificação que poderá haver a manipulação, uma vez que, via de regra, o autor (es) do discurso não está (ão) presente.

A solução neoinstitucionalista para esse problema, que não foi enfrentada por Edward Lopes, é a instituição de um pacto sígnico ou de sentidos, com vistas a evitar a manipulação dos discursos.

A TNP quer possibilitar a conjunção entre o texto e o discurso, enfraquecendo ou eliminando a manipulação dos sentidos como forma de dominação.

A crítica se prestaria a testar/falsear as diferentes teorias, para que a mais resistente em relação às demais, fosse a efetivamente aplicada, tudo fiscalizado pela “comunidade jurídica”.

O contraditório funcionaria como uma das formas de aprimoramento do sistema. Com sua abrangência enciclopédica, o contraditório está inserido em infindáveis hipóteses e através da experiência, nesse caso, apenas como “empirismo” negativo (tal como em Popper e seu clássico exemplo do cisne negro), se poderia saber onde o sistema está falhando e de uma forma crítica, tentar aprimorá-lo.

E é nesse sentido que se pode dizer que o contraditório pode ser aplicado como elemento testificante do sistema jurídico, ou seja, se presta a falsear teorias menos resistentes e a aprimorar (ou ao menos não modificar) aquelas que podem ser consideradas como mais resistentes.

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Este contraditório-vida biunívoco, não está na concepção de tempo, mas sim, de duração, tal como em Bergson. Essa concepção não é de tempo cronológico que trabalha multiplicidade quantitativa, e sim, qualitativa.

O trabalho terá como marco teórico a Teoria Neoinstitucionalista do Processo do Professor Dr. Rosemiro Pereira Leal.

Como resultado parcial, se pode apresentar a conjectura de que o princípio do contraditório pode ser utilizado como metalinguagem para testificar o sistema jurídico.

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Aluna: Natália Chernicharo Guimarães Título: Processo coletivo em rede Resumo Seminários de Doutorado II

As redes sociais, os contatos em tempo real sobre as informações uniram as pessoas por meio da rede mundial de computadores. Entretanto, essas conquistas não geraram um ganho real em termos de participação democrática nas estruturas sociais. A internet e os instrumentos de informática têm servido para controlar o cidadão e não para libertá-lo, como podemos notar quando tratamos do capitalismo de vigilância (ZUBOFF, 2018) e da psicopolítica (HAN, 2020). Até hoje esses mecanismos não serviram para que o cidadão fiscalizasse ou participasse, efetivamente, da construção das decisões tomadas pelo Estado. No âmbito do processo, considerado como “teoria includente e balizadora de fala para todos” (LEAL, 2010. p. 43), por que não permitir que as conquistas da informática viabilizem um modelo de processo coletivo no qual haja a participação efetiva e direta do cidadão? A tecnologia da informação desenvolvida no final de século XX denota o novo paradigma tecnológico ao qual nos submetemos (CASTELLS, 1999) e que é hábil a possibilitar a participação direta do cidadão. A presente pesquisa visa demonstrar essa possibilidade de participação direta do cidadão (interessado coletivo) por meio da instrumentalização da Teoria das Ações Coletivas como Ações Temáticas, de autoria do professor Vicente de Paula Maciel Júnior (MACIEL JÚNIOR, 2006), sendo essa teoria, o principal marco teórico desta pesquisa. Portanto, os objetivos centrais desta pesquisa são demonstrar que essa possibilidade de participação direta do cidadão (interessado) é a mais adequada ao contexto de uma real democracia e continuar a implementação da teoria citada, na prática, por meio da instrumentalização do site processocoletivo.com. Para tanto, a tese está estruturada em cinco capítulos: 1) O primeiro trabalha a descrição do cenário no qual a pesquisa se desenvolve; 2) O segundo capítulo descreve o modelo representativo de legitimação para agir adotado pelo modelo representativo, atualmente em vigor no Brasil, com destaque para a influência da class action; 3) O terceiro capítulo traz uma contextualização do problema da adoção do modelo representativo no caso concreto de Brumadinho; 4) O quarto capítulo, trabalhando em uma perspectiva decolonial, aponta que a adoção de um modelo participativo do processo coletivo é hábil a gerar a desencriptação do poder (SANÍN-RESTREPO, 2016) e apresenta o site como a forma de instrumentalização do modelo participativo; 5) O quinto capítulo, por fim, vai trabalhar questões específicas do legitimado – interessado coletivo, tais como, a forma segura para a realização da participação, bem como, os entraves para isso, tais como o analfabetismo digital e a falta de acesso à internet. Assim,

No seminário de doutorado a ser apresentado, será abordada a temática referente ao primeiro capítulo da tese, que trata de cinco aspectos específicos para contextualizar o leitor com relação às bases sobre as quais a tese será construída. Serão objeto de análise os cinco tópicos que foram desenvolvidos neste capítulo, quais sejam: uma breve retrospectiva histórica da democracia e a crise da democracia representativa; a necessidade de readequação da noção de cidadania para o que se denominou “cidadania participativa”; a descrição do neoliberalismo como o principal inimigo para a concretização de uma real democracia; o giro linguístico digital proporcionado pela internet e a análise das suas possíveis consequências para a democracia; e, por fim, o estudo do capitalismo de vigilância e da psicopolítica.

Como resultados parciais alcançados, podemos apontar a conclusão de que o neoliberalismo, ao transformar os cidadãos em mero consumidores, impossibilita a existência da democracia e que a tecnologia deve ser usada para favorecer o sistema político democrático e não para o fortalecimento da racionalidade neoliberal.

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Programa de Pós-graduação em Direito

Linha de Pesquisa: O Processo na Construção do Estado Democrático de Direito

Disciplina: Seminário de Doutorado I Aluno: Raphael Luiz Corrêa de Melo

Orientador: Professor Doutor Rosemiro Pereira Leal

Resumo estendido para os Seminários de Doutorado 01/2021

Título Provisório da Tese: Online Dispute Resolution e Democraticidade: as limitações impostas pelo sistema processual democrático ao uso da tecnologia na resolução de conflitos perante a Advocacia Pública e o Poder Judiciário

O uso da tecnologia e da inteligência artificial, cada vez mais comum em todas as áreas do conhecimento, vem transformando também o Direito. Nesse contexto, Dierle Nunes defende a existência de uma virada tecnológica no direito processual, a qual exige a releitura dos institutos processuais e o remodelamento das técnicas processuais, que devem ser adaptadas a esse novo paradigma, sempre com observância do modelo constitucional de processo (NUNES, 2021). Uma das vertentes dessa virada tecnológica é a utilização de recursos computacionais para resolução consensual de conflitos, os chamados meios on-line de resolução de

disputas ou Online Dispute Resolution (ODR).

Já existem no Brasil diversas plataformas privadas e algumas públicas que podem ser enquadradas como ODRs, estando prevista a adoção de tal recurso tecnológico por todos os tribunais brasileiros até 2022, conforme Resolução n. 358 do CNJ (BRASIL, CNJ, 2020).

Porém, apesar do crescente entusiasmo com a novidade, percebe-se que a preocupação quase exclusiva é ofertar uma resposta célere ao conflito, cabendo perquirir se essa nova onda de acesso à justiça seria compatível com as garantias processuais constitucionalmente estabelecidas, sobretudo em relação às plataformas estatais de negociação. Assim, pretende-se abordar os limites impostos pelo sistema processual democrático à utilização de plataformas tecnológicas de resolução de conflitos (ODR) no âmbito da advocacia pública ou perante o Poder Judiciário.

O marco teórico adotado é a Teoria Neoinstitucionalista do Processo (LEAL, 2013), mais especificamente a desprocessualização do direito no estado telemático.

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O acolhimento da cibernética pelo direito processual não pode esvaziar a

processualidade democrática, por meio de restrições ao exercício de direitos

fundamentais do Processo, que, na Teoria Neoinstitucionalista do Processo, é composto pelos institutos (princípios normados) biunívocos do contraditório-vida, ampla defesa-liberdade e isonomia-dignidade (LEAL, 2018, p. 60). Desse modo, pretende-se demonstrar que as online dispute resolution não podem cercear tais garantias, sob pena de não serem consideradas juridicamente válidas se submetidas ao controle processual de democraticidade sistêmica (LEAL, 2013, p. 103).

A hipótese da pesquisa consiste na seguinte conjectura: a utilização de recursos tecnológicos e inteligência artificial para resolução de conflitos (online dispute

resolution) pela advocacia pública e pelos tribunais é possível, desde que sejam

respeitadas as limitações impostas pelo sistema processual democrático, não se admitindo que tais instrumentos obstem o exercício das garantias processuais constitucionais.

Já o objetivo geral do trabalho é demonstrar os mencionados limites à adoção de ODRs pela Advocacia Pública ou pelo Poder Judiciário, que decorrem do modelo processual democrático acolhido pela Constituição vigente. O emprego de recursos tecnológicos e de inteligência artificial não pode servir de instrumento para reforçar o

Estado Dogmático (LEAL, 2019), razão pela qual sua regulamentação e utilização

deve observar as garantias processuais constitucionalizadas.

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