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Interaction s Ordeliness

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Academic year: 2021

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Interaction’s Ordeliness

Inicia falando que o trabalho de Goffman é singular no tratamento da microssociologia das interações, por meio do qual buscou sistematizar as estratégias de gerenciamento de impressões, ao invés de ser categórico nas suas análises, de modo a criar um sistema. O trabalho de Goffman é importante por abordar a interação face-a-face, na qual partiu de pressupostos que permitiram a Goffman definir os conceitos elementares de co-presença necessária para compreender a arquitetura básica da interação. Para tanto, sustenta seu argumento através de três metáforas: (1) dramatúrgica – enfatizando a performance do indivíduo; (2) do jogo – para salientar como indivíduos podem influenciar a impressão que os outros têm dele por meio do controle de suas informações pessoais; e (3) do ritual - articula as formas básicas de consideração do outro e de si mesmo que podem ser transmitidas na interação.

Pressupostos sociais psicológicos: expressividade e suas consequências

Nesse tópico, Greg Smith inicia enfatizando a influência em Goffman do trabalho de Mead, no argumento de que a tomada de atitude ou papel do outro é uma característica fundamental da vida social humana. Mead percebeu que a capacidade de perceber as coisas do ponto de vista do outro foi a chave para entender como o self desenvolve-se.

Goffman entende essa perspectiva, acrescentando na presença de dois interagentes há um elemento psicobiológico inevitável; pois emoção, cognição e esforço muscular são intrínsecos à sua realização. Nesse sentido, quatro idéias são absorvidas por Goffman da psicologia social que trata da interação.

Primeira idéia: nossa expressividade na interação opera na transmissão de outras informações. Segunda idéia: a expressividade pode ser transmitida ou emitida.

Terceira idéia: essa expressividade é ofertada ao indivíduo, de modo a ele ter essas duas informações daquele que o comunica.

E a quarta idéia: as expresividades nas interações se apresentam como agentes para as respostas dos outros.

Conceituando co-presença

Greg Smith inicia o tópico dizendo que, no sentido de sistematizar interações, Goffman fez avanços significativos em direção ao esclarecimento com a trilogia conceitual importante de “reunião social”, “situação social” e “ocasião social”.

Uma reunião social é quando duas ou mais pessoas se encontram em uma presença imediata (co-presença). Já situação social se refere ao ambiente espacial de monitoramento mútuo das

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possibilidades à disposição daqueles co-presentes. Por fim, o termo ocasião social diz respeito a uma entidade social maior, por meio da qual os encontros e situações vão se desdobrar. Adiante, o autor propõe que ter revelado formas diferentes de co-presença, comumente encoberta pela denominação genérica “interação”, Goffman direciona sua análise para unidades menores, que são as reuniões sociais. Nessa perspectiva, podem ocorrer dois tipos de reunião: focados e não-focados.

A interação não-focada ocorre entre aqueles que se reúnem em uma situação social, enquanto prosseguem com as suas próprias linhas de interesse. Já na focada, os co-presentes cooperam para sustentar um único foco de atenção; a reunião focada resultante é também chamada de engajamento, ou sistema de atividade situada.

As regras que governam e regulam situações e encontros são chamadas por Goffman de “propriedades situacionais”. Isto porque ele sugere que as regras possibilitam convenções que estabelecem um cenário de expectativas comuns nas quais as ações futuras podem ser

interpretadas.

Com base nisto, Smith comenta que só a nossa presença em um ambiente já se configura como uma interação não-focada, pois quando assim fazemos, nós interferimos no

comportamento dos outros. Isto porque Goffman acredita na linguagem corporal: o corpo (presente) emitir significados, e impede que o indivíduo deixe de se comunicar – de alguma forma interagir, ainda que não-focado.

Assim, o envolvimento é central para a análise de Goffman da interação não-focada. Este seria a capacidade do indivíduo de dar atenção concentrada para alguma atividade – uma tarefa solitária, uma conversa, um esforço de trabalho colaborativo. Nos envolvimentos, é possível ocorrer aqueles nos quais todos cooperam num objetivo, ou aqueles nos quais apenas uns comandam, e outros se apresentam subordinados.

Ainda, Goffman avança na análise acerca das interações não-focadas e vai propor a

desatenção civil: as pessoas percebem a presença das outras, mas procuram desconsiderar ou mesmo se relacionar de um modo funcional, sem necessariamente haver um interesse mútuo por desdobramentos na interação.

Já na obra Relations in Public, Goffman desenvolve a sociologia da interação não-focada com conceitos como “unidade de veículos”, um reservatório controlado por um humano assim como na desatenção civil, e uma “unidade de participação”, o que não é explicitamente definido e que consiste em um subconjunto de coisas únicas – o indivíduo não acompanhado em lugar público – ou coletivas – na companhia de um ou mais outros.

Ao mover-se da interação não-focada para aquela focada, Goffman de início questiona como um encontro social pode suceder. Para tanto, entre os participantes deverá haver um fluxo circular de sentimento e compensações corretivas para possíveis atos desviantes.

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Duas características distinguem a abordagem geral de Goffman para o encontro. Uma delas é a centralidade do envolvimento. A outra é a sua recusa em falar de privilégios entre as

expressões transmitidas e emitidas.

Assim, Greg Smith comenta que Goffman privilegia a situação, que promove as bases para toda a interação a ser planejada.

Dramaturgia: atuando na interação

Nesse tópico, Greg Smith vai abordar especificamente a perspectiva dramatúrgica, abordada por Goffman principalmente na obra A Representação do Eu na Vida Cotidiana. De início, vai dizer que a sua introdução define a tese do gerenciamento de impressão: os indivíduos constantemente emitem e transmitem expressões que vão causar impressões nos outros. Independentemente dos motivos particulares dos indivíduos, essa atividade expressiva proporcionará uma definição da situação.

No livro, ele faz uso da metáfora dramatúrgica concentrando sobre a conduta de pessoas que lidam com as exigências de co-presença. O conceito central de performance (“toda a atividade de um dado participante numa dada ocasião, que serve para influenciar de forma alguma qualquer um dos outros participantes”) é definida em termos situacionais. Tais performances se darão através de regiões de frente – locais de trabalho ou cerimônias formais – e de regiões de fundo – os bastidores dessas outras regiões. Nesse entendimento, as regiões serão

entendidas por aqueles que exercem perfomances a partir da rede na qual um indivíduo interage numa situação.

Um tema recorrente em seus escritos que a interação bem-sucedida não precisa daquilo que Parsons acredita: que atores se engajam no cumprimento das obrigações institucionalizadas e as expectativas de um estatuto; mas, na metáfora dramatúrgica, interactantes estão

especialmente sensíveis à imediaticidade da situação social. Dilema ação x estrutura? Outra questão recorrente se refere ao fado de que somos também a representação de um grupo, no qual estamos inseridos e carregamos suas características. Isto porque adotamos scripts que sustentam padrões de conduta e de aparência do grupo social que fazemos parte. Ao final do tópico, Smith faz a ressalva de que não se deve tomar o termo dramaturgia da mesma forma que é concebido nas artes cênicas. Cita Goffman: “Eu não faço nenhuma reivindicação literária de que a vida social é apenas um palco, apenas uma pequena

reivindicação técnica: que incorpora à natureza da conversa são os requisitos da teatralidade”.

Jogos, cálculos e controle de informações

Nesse tópico, Smith aborda da metáfora do jogo. Inicia dizendo que esta se relaciona à tese do gerenciamento de impressões, com relação ao controle das informações do self.

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A metáfora do jogo serve a vários propósitos no pensamento de Goffman, das quais apenas uma é analisar o planejamento na interação.

Nesse planejamento, ele faz três argumentos interligados. A primeira é que os indivíduos possuem uma capacidade geral para controlar suas próprias expressões emitidas e

transmitidas. O segundo argumento diz que o indivíduo opera na sua conduta expressiva de modo a influenciar na definição da situação e, assim, ter controle da resposta dos outros. O terceiro compreende que aquele que recebe a informação tem sob o seu controle as duas expressões, enquanto aquele que comunica só tem o controle de uma.

Com base nesses argumentos, os jogos ajudam Goffman para ver que os encontros são como a “atividade de construir mundos”, criando um universo de significados que são reais para os participantes.

Nos encontros sociais, a espontaneidade é dependente da formação do indivíduo e da sua incidência em uma determinada situação. E a metáfora do jogo pode auxiliar no entendimento da interação, pois um jogo envolvente é aquele que: (1) tem um resultado problemático - perdas ou ganhos podem ocorrer e (2), permite a exibição de atributos referentes a valores sociais – destreza, força, conhecimento, inteligência, coragem.

Ainda, três conceitos são importantes para a análise de Goffman: “ação”, “personagem (character)” e “fatalidade”. Ação é evidente em atividades diversas, e implica o exercício escolhido consciente de fatalidade. Personagem é como o indivíduo é entendido durante o exercício dessas capacidades e, em especial, o grau de sua habilidade para estar correto e firme diante da pressão súbita. Já as atividades e situações fatídicas são (1) problemáticos – a sua problemática resultado ainda não foi determinada, e (2) conseqüente – tem uma

influência posterior sobre a vida do indivíduo.

A ação proporciona a ocasião para a realização dos valores que a sociedade exige que seus interagentes possuam, mesmo que as oportunidades para a expressão destes valores precisam ser mantidas escassas no interesse de preservar os lugares seguros e silenciosos.

Ainda, uma obra de Goffman interesse sobre a metáfora do jogo é Strategic Interaction, na qual ele faz uso da classificação de Schelling acerca dos tipos de jogos. São estes: jogos de soma zero (se você ganha eu perco), jogos de coordenação (se você e eu achamos a solução correta para um problema somos ambos vencedores) e jogos de motivação mista (onde você e eu devemos fazer uma escolha se nós pudermos resolver o conflito de um jogo de soma zero com os ganhos de cooperação de um cenário de coordenação).

Nessa perspectiva, a interação estratégica é que cada parte vai tomar a sua decisão com base no que ele acredita que os outros sabem o que ele sabe, incluindo o que os outros saibam sobre prováveis conhecimentos e estratégias. A metáfora do jogo, então, seria o modo como os indivíduos operam na representação do "eu".

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Ritual de interação

Nessa última metáfora, do ritual, Smith inicia dizendo que Goffman alega que além de levarmos em consideração os outros vamos mostrar consideração pelos outros.

A metáfora do ritual denota um conjunto muito diferente de preocupações com as noções de jogo. Estes se resumem no vocabulário que normalmente emprega Goffman: cuidado, civilidade, respeito, cortesia, boa vontade, confiança, simpatia.

Goffman faz uso do conceito de face para dizer que é definida como o valor social positivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesmo pela linha que os outros tomaram durante um determinado contato social. Sentimentos de uma pessoa são direcionados à face, mas esses sentimentos são sustentados em interação por atos da própria pessoa e dos outros. A face é assim uma interação, e não um constructo pessoal: os sentimentos ligados a ela são determinados pelas regras do grupo e atual definição da situação.

Nessa perspectiva, esse conceito ajuda a entender que o indivíduo nunca adotaria uma identidade única; mas sim dialógica, dependente da situação. Assim, para a compreensão do indivíduo como interagente, Goffman explora alguns dos sentidos em que a pessoa distribui um determinado tipo de santidade (capital social?) que é apresentado e confirmado por atos simbólicos.

Goffman sugere que as demonstrações, as expressividades são de caráter prospectivo, que oferece comunicação a posição que a pessoa parece disposta a assumir no que está prestes a ocorrer numa situação social.

Ao final do capítulo, Smith vai dizer que, entendida as três metáforas, Goffman em trabalhos posteriores passa a combiná-las, tensionando assim as conceituações levantadas pelo seu próprio trabalho, levantando limites ao seu próprio trabalho.

A maioria das idéias sobre a interação discutidas aqui foram desenvolvidos na década de 1950 e 1960. Como pode ser visto, as publicações de Goffman se direcionaram aos interações focais, mas não resultaram em uma única teoria geral.

Referências

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