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ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL

Agravo Interno no Agravo de Instrumento nº 0020007-91.2012.8.19.0000 Agravante: W & D Madeiras Ltda.

Agravado: Auto Posto Veleiros Ltda.

Desembargador Eduardo Gusmão Alves de Brito Neto

Agravo Interno no Agravo de Instrumento. Querela

Nullitatis. Pedido de antecipação dos efeitos da tutela para

suspender o curso da ação falimentar. Indeferimento pelo juízo a quo. Inconformismo do autor. Cognição meramente sumária exercida quando da apreciação de pedido de antecipação de tutela, fundada em um juízo de verossimilhança e não de certeza. Vício de citação já apreciado em sede de mandado de segurança. Ausência de fumus boni iuris. Requisito indispensável à concessão do pleito liminar. Falta de citação do sócio administrador que não se aplica a esta hipótese. Agravante constituída sob a forma de sociedade limitada, sendo esta também a responsabilidade de seus sócios. Desnecessidade da citação se os efeitos falimentares, em regra, a eles não se estendem. Exegese do artigo 81 da lei 11.101/05. Alegação de que o pedido de falência fundou-se em dívida inferior a 40 salários mínimos. Vício que não pode ser impugnado por meio de querela nullitatis, e sim na forma do artigo 485, inciso V, do CPC. Decisão que merece ser mantida. Incidência do verbete nº 59 da Súmula desta Corte. Agravo desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo Interno no Agravo de Instrumento nº 0020007-91.2012.8.19.0000, em que é agravante W & D Madeiras Ltda. e agravada Auto Posto Veleiros Ltda.

ACORDAM os Desembargadores da Décima Sexta Câmara

Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, na forma do voto do Relator.

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RELATÓRIO

W & D Madeiras Ltda. interpôs o presente agravo de instrumento contra decisão proferida pelo juízo da 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital que, nos autos de querela nullitatis proposta em face do Auto Posto Veleiros Ltda., indeferiu o pedido de tutela antecipada por entender exigir a matéria objeto do pleito cognição exauriente, já que busca o autor a declaração de nulidade do ato citatório produzido nos autos da falência.

A agravante, a seu turno, conta que houve a transferência da sede da empresa para o Estado do Pará, o que foi certificado pela Oficial de Justiça, para onde foi expedida Carta Precatória, aduzindo que apesar de não estar nos autos comprovado o seu cumprimento, entendeu o magistrado como esgotados todos os meios para a sua localização, tendo determinado a sua citação por edital em 11 de abril de 2008, alegando ainda irregularidade na citação editalícia ante o não esgotamento dos meios necessários à citação pessoal.

Diz que com a arrecadação de seus bens, não poderá mais comercializar qualquer produto, daí porque o indeferimento da antecipação dos efeitos da tutela acarretará prejuízos irreparáveis à empresa, que terá seu estabelecimento destruído.

Por fim, alega não ter sido citado o sócio administrador, conforme preceitua o artigo 81 da Lei nº 11.101/05, não ter sido observado o prazo para a realização de depósito elisivo, e ter se baseado o pedido de falência em dívida inferior a 40 salários mínimos.

Em apreciação monocrática, pela decisão de fls. 112/116, foi negado seguimento ao recurso e, consequentemente, mantida a decisão agravada que indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.

Ainda inconformada, a agravante interpôs o presente agravo, com previsão no §1° do artigo 557 do Código de Proc esso Civil, com a redação determinada pela Lei 8.950/94, pretendendo, agora, submeter suas razões recursais ao colegiado.

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VOTO

Insiste a agravante nas mesmas teses debatidas

anteriormente, muito embora não se sustentem seus argumentos. A decisão combatida, por sua vez, não merece quaisquer reparos, ratificando-se por seus próprios fundamentos, deste fazendo parte integrante:

A cognição exercida quando da apreciação de pedido de antecipação de tutela é meramente sumária, fundada em um juízo de verossimilhança e não de certeza. Não há valoração definitiva do conteúdo probatório até então apresentado. Basta que estejam presentes, além da aparência de verdade, os requisitos da tutela de urgência, que englobam a plausibilidade do direito reclamado e a possibilidade de que o demandante sofra danos irreparáveis caso não seja resguardado até a decisão definitiva.

Quanto à plausibilidade do direito, é de se ter em conta que a questão do vício de citação foi expressamente afastada por decisão desta Eg. Câmara quando do julgamento do Mandado de Segurança nº 0011509-74.2010.8.19.0000, do qual se destacam os seguintes trechos:

“Da inicial do “mandamus” verifica-se ainda, que a Impetrante declinou o endereço da sua sede à Rua Dr. Isaias s/nº - loja A, Castelo dos Sonhos, em Altamira, no Estado do Pará, endereço que coincide com aquele informado pela Oficial de Justiça na certidão constante de fls. 108 (por cópia às fls. 42).

Acontece que justamente por se encontrar nos autos do pedido de falência a dita certidão, é que foi expedido Ofício à Junta Comercial do Estado do Pará - JUCEPA, solicitando informações sobre a Impetrante, cuja resposta (fls. 139) que se encontra por cópia às fls. 124 destes autos, deu conta da negativa de existência de registro da ora Impetrante junto àquela entidade, ressaltando-se que a indagação foi feita em atendimento ao

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Ministério Público que atua junto aos autos do pedido de falência.

Após a resposta ao questionamento apresentado junto à JUCEPA, o Ministério Público, por sua vez, considerou o reconhecimento da sucessão empresarial (irregular) entre a ora Impetrante e LUGGLFLOOR PISOS DE MADEIRAS LTDA EPP, com respeito a todas as suas relações e obrigações (fls. 141/144) no parecer trazido a estes autos por cópia às fls. 127/130, e por isso requereu a inclusão da indicada sucessora para compor o pólo passivo da demanda, o que nos autos do pedido de falência restou deferido.

A verdade é que várias foram as tentativas para localizar a pessoa de um dos sócios para se ter concretizada a citação, idas e vinda que se mostraram infrutíferas, tendo então o magistrado, atendendo ao pedido formulado pelo autor da ação que requereu a falência da Impetrante, e na forma prevista no art. 11, § 1º, do Decreto-Lei nº 7.661/45, determinado a citação por Edital.

Dois os aspectos enfocados no “mandamus” pela Impetrante. O 1º aspecto é referente à Carta Precatória que ela disse não saber se foi distribuída, sustentando por isso não ter sido efetivada a sua citação.

Acontece que embora tenha o Oficial de Justiça certificado a mudança da sede da empresa para o Estado do Pará, para o órgão competente para o seu registro foi expedido Ofício no sentido de localização e confirmação da mudança de endereço, e a JUCEPA, Junta Comercial daquele Estado respondeu negativamente sobre o registro dos atos constitutivos da Impetrante naquele órgão, por isso não chegou a ser enviada a dita Carta Precatória.

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O 2º aspecto diz respeito ao cerceamento ao direito de defesa, vez que não teriam sido esgotadas todas as formas para localização da ré nos autos do pedido de falência contra ela

apresentado. Várias foram as diligências

efetivadas no sentido de lograr a citação da ora Impetrante, em todos os endereços possíveis de ser localizada, verificando-se que, pela ausência de registro junto à Junta Comercial do Estado do Pará, onde confessadamente fica a sede da empresa, e onde não foi devidamente registrada, tornou impossível a sua localização.

(...)

Por isso mesmo, verificada impossibilidade de localização da ora Impetrante é que foi atendido o pedido feito pelo autor daquela ação no sentido de deferimento da citação por Edital.

(...)

Dessa forma, de concluir-se e, aliás, com o parecer da representação do Ministério Público nos autos, que não houve, no caso, violação de direito líquido e certo da impetrante, sendo induvidoso que foram utilizadas todas as formas possíveis para a sua localização nos autos do pedido de falência.”

Tendo em consideração o decidido no writ, resta, sem sombra de dúvida, ausente o fumus boni iuris, requisito indispensável ao atendimento do pleito de antecipação dos efeitos da tutela.

Além disso, veja-se que os demais argumentos trazidos pela agravante para suspender o curso do processo falimentar, numa primeira análise, igualmente não o socorrem.

De fato, sob a égide do DL 7.661/45, o sócio com responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais não era considerado falido, mas tinha conta si estendidos os demais efeitos da falência da empresa de que fazia parte. Já no regime atual, inaugurado com a Lei 11.101/05, adotou-se outra técnica que

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0020007-91.2012.8.19.0000 – EMPRESARIAL – querela nullitatis – antecipação de tutela – ausência de fumus boni iuris (agravo interno) AN-EG 6 determina a falência do sócio com a responsabilidade ilimitada no casa de a sociedade entrar em regime de insolvência. Daí a razão de ser do artigo 81, que determina a citação do sócio para contestar o pedido de falência. Isso ocorre com o sócio da sociedade comum (CC 990), o sócio da sociedade em nome coletivo (CC 1039), os sócios comanditados na sociedade em comandita simples (CC 1045) e os sócios das sociedades por ações cujos nomes figurarem na firma ou na razão social (LSA 281).

No que pertine ao sócio cuja responsabilidade seja limitada, a regra é a de que não deve ser atingido pelos efeitos da falência, daí porque sua citação não tem qualquer fundamento, como não tem cabimento neste caso, já que se trata a agravante de sociedade limitada.

No mais, quanto ao limite mínimo da dívida para pedido de falência, veja-se que a questão não comporta discussão em sede de querela nullitatis, devendo a coisa julgada, exclusivamente no toca a esta suposta ilegalidade, ser impugnada por meio de ação rescisória – artigo 485, inciso V, do Código de Processo Civil.

Depreende-se, pois, das razões apresentadas, que a agravante não trouxe qualquer elemento que justifique suas alegações, razão pela qual há de ser mantida a decisão combatida.

Ante o acima exposto, voto pelo desprovimento deste agravo.

Rio de Janeiro, 10 de julho de 2012.

EDUARDO GUSMÃO ALVES DE BRITO NETO Desembargador Relator

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