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O saber ocupa um lugar na floresta

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A

ciência e o conheci-mento servem, acima de tudo, para resolver os problemas das pessoas e do Mundo. E porque a gestão da florestae o combate ao flage-lo dos incêndios devia ser uma das prioridades a nível nacional, a segunda edição do Prémio Florestae Susten-tabilidade deu o mote a uma reunião que

juntourepresen-tantes universitários, insti-tuições e investigadores para falar dos principais proble-mas da floresta e de como pode o meio académico con-tribuir paraasuafuturareso-lução. A iniciativa deu pelo nome de ‘Live Lab - AAcade-mia e a Floresta’ e teve como objetivo transformar uma sala da Fundação Calouste Gulbenkian, emLisboa, num

imenso laboratório de refle-xão. Entre os oradores foi unânime a urgência de

con-trariar certas dinâmicas de-mográficas, sociais, fiscais, o desconhecimento do espaço florestal e os (maus) hábitos

relacionados com as práticas de gestão e proteção do meio florestal.

António Bento Gonçalves, investigador especializado em incêndios florestais, dis-se numa das suas interven-ções umaverdade inquestio-nável: “Ninguém ama aquilo que não conhece.” Mas mu-dar velhas fórmulas é difícile por isso, o acento tónico tem

O saber ocupa

um lugar

na floresta

O PAPEL DA ACADEMIA

PARAPROTEGER

A

FLORESTAÉPRECISO

AMÁ-LAECONHECÊ-LA

REUNIÃO

r

Quemvive

etrabalhanafloresta

precisademais

soluçõesparanovos

evelhosproblemas

CIÊNCIA

r

Oconhecimento

eainovaçãopodem

terresposta

paramuitos

dosproblemasque

aflorestaenfrenta

muitas vezes de ser colocado na educação e sensibilização dos mais novos, paraque eles não repitam um dia os erros do passado.

Aeste propósito, no final, foi assinado um protocolo que irálevaràs escolas dos segun-do e terceiro ciclos segun-do ensino básico uma campanha de sensibilização parao concei-to daeconomiacircular.n GE TT YI MA GE S

Suplemento comercial. Faz parte integrante do Jornal de Negócios nº 3891, de 11 de Dezembro de 2018, e não pode ser vendido separadamente.

(2)

II

| TERÇA-FEIRA | 11 DEZ 2018

Ciênciapodeedeveintervir

nadefesadasflorestas

CHEGARÀPRÁTICA

r

Especialistas reconheceram que muitas vezes o conhecimento não chega a quem está no terreno

INVESTIGAÇÃONAÁREAFLORESTAL

r

É preciso procurar consonância com as novas problemáticas da fileira florestal

2.º EDIÇÃO PRÉMIO FLORESTA E SUSTENTABILIDADE

ACADÉMICOS REÚNEM-SE PARA REFLETIR SOBRE OS PROBLEMAS DA FLORESTA NACIONAL

‘LIVE LAB - AACADEMIAE AFLORESTA’ REALIZOU-SE NAFUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN EM LISBOA

A

segunda edição do Pré-mio Floresta e Sustenta-bilidade levou à Funda-ção Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a primeira edição do ‘Live Lab’, um laboratório de reflexão sobre a forma como a ciência e a Academia poderão auxiliar a floresta portuguesa, encontrando, quer através do ensino quer da investigação, soluções adequadas paraos pa-radigmas e problemáticas espe-cíficas deste território.

O tema atraiu investigadores, produtores florestais, catedrá-ticos, estudantes, jornalistas e outros atores ligados à floresta, o que se traduziu numa plateia cheia e preocupada. Menos, aliás, não se esperava. Até por-que o evento contoucomapre-sença de vários especialistas de

relevo, como Abílio Pacheco (Universidade do Porto), Antó-nio Bento Gonçalves (Universi-dade do Minho), Domingos Lo-pes (Universidade de Trás-os--Montes e Alto Douro, em re-presentação do presidente do Conselho de Reitores das Uni-versidades Portuguesas), Elvira Fortunato (investigadora e

vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa), Helena Perei-ra(ISAe Fundação paraaCiên-cia e Tecnologia) e Rogério Ro-drigues, (Instituto da Conser-vação daNaturezae das Flores-tas). Juntos, debateramaforma como as universidades e os

ins-O debate, moderado por An-dreia Vale, jornalista da CMTV, conheceu os seus momentos mais acesos quando alguns dos presentes inquiriramos orado-res sobre situações concretas, expondo questões ligadas àde-sertificação, ao abandono e à falta de interface entre aquilo que aAcademiaproduz

emter-mos de conhecimento e aquilo que é depois possívelfazer che-gar ao País real. O evento fe-choucomchave de ouro: aassi-naturade umprotocolo de sen-sibilização dos alunos dos se-gundo e terceiro ciclos para a chamadaeconomiacircular.n

titutos científicos estão atentar contribuir para a resolução da-quele que é um dos grandes problemas do País. Falou-se da adaptação dos cursos e currícu-los académicos, mas, sobretu-do, das formas de canalizar os resultados dainvestigação para aaplicação práticano terreno.

O ‘Live Lab’ abriucomainter-venção de Carlos AmaralVieira, diretor-geraldaCelpa, entida-de parceirado Prémio Florestae Sustentabilidade, no âmbito do qual se realizou a iniciativa. O representante da indústria pa-peleira apresentou alguns nú-meros preocupantes sobre adi-minuição do espaço daflorestal nacional, a dispersão da pro-priedade e afaltade umagestão profissional e eficaz para este território específico.

DISPERSÃODA

PROPRIEDADEDIFICULTA

GESTÃODOESPAÇO

PORTUGALFOI OÚNICO

PAÍSEUROPEUONDE

AFLORESTADIMINUIU

Andreia Vale moderou a conversa entre Abílio Pacheco (UP), António Gonçalves (Univ. Minho), Domingos Lopes (UTAD), Elvira Fortunato (Univ. Nova), Helena Pereira (ISA) e Rogério Rodrigues (ICNF)

CoLab vai trabalharcom empresas

LABORATÓRIO REÚNE ATORES FLORESTAIS

uA criação do Laboratório Colaborativo da Floresta (Fo-restwise) na UTAD foi anun-ciada em Outubro e vai unir 16 parceiros num projeto único de proteção e gestão sustentável da floresta e na transmissão de conhecimen-to e tecnologia no seconhecimen-tor.n IN ÊS GO MES LO UR EN ÇO SÉ RG IO LE MO S

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TERÇA-FEIRA

| 11 DEZ 2018 | SUPLEMENTO COMERCIAL | III

Abandono, pragaseclima

geramnovasproblemáticas

MERCADO

r

A globalização das trocas comerciais trouxe a Portugal e à floresta, em particular, a ameaça de novas pragas

ALTERAÇÕESCLIMÁTICAS

r

O aquecimento global torna as manchas florestais abandonadas mais suscetíveis aos incêndios

INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E FLORESTAS RELATA CENÁRIO PREOCUPANTE

N

este ‘Live Lab’, Rogério Rodrigues, presidente do conselho diretivo do Ins-tituto de Conservação daNatu-reza e das Florestas apresentou umretrato quase negro danos-samanchaflorestal.

“A floresta tem um conjunto de problemas estruturais e con-junturais que necessitam de atenção por parte do poder po-lítico, das instituições e de cada um de nós. Nos últimos 30 a 40 anos, milhares de hectares do setor agrícola passaram para o setor florestal. Ouseja, áreaque antes eraocupadapor atividade agráriavariadatransformou-se em mato e floresta. Por outro lado, o despovoamento das zo-nas rurais conduziuao abando-no da terra. Ora estas áreas abandonadas, numcontexto de

alterações climáticas e de gran-des transformações a nível do mercado global e da troca de bens (como aquele que vivemos atualmente), não só se tornam umcenário propício ao apareci-mento de novas pragas e doen-ças como também desenvol-vem as condições típicas parao deflagrar dos grandes incên-dios”, explicou Rogério Rodri-gues.

Esta deve ser não só uma preocupação central do Estado mas também dos municípios, que verão o seupoderreforçado neste âmbito: “Pela questão de proximidade, os municípios são os principais intervenientes, não só nadefesadaflorestamas sobretudo das pessoas e dos seus bens”, acrescentou.n

Os grandes incêndios são um dos maiores dramas de quem vive ou tenta tirar algum rendimento da sua propriedade florestal

LU S A/ P AU LO C U N H A IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO

ABANDONO

DAATIVIDADE

RURALGEROU MATOE

FLORESTADESORDENADA

MUNICÍPIOS

MAIS

PRÓXIMOSDADEFESA

DEPESSOASEBENS

u“Temos de acabar com certas ideias românticas que existem em torno da floresta e que só a prejudicaram. Num País onde quase 90 por cento desta área é privada, o Esta-do, mesmo querendo inver-ter a situação e ser o líder de uma mudança desse territó-rio, não o pode fazer sozinho. E por isso, temos de perceber que aproveitar a riqueza da floresta não vai destruí-la nem colocar-lhe mais

pres-são. Pelo contrário, é absolu-tamente necessário para a defender”, afirmou o presi-dente do ICNF, frisando, contudo que “este valor não tem de ser económico”. “A sociedade tem de perce-ber o valor dos seus produtos e sobretudo dos seus serviços ambientais para que entenda porque é tem de ser contri-buinte. O futuro reclamará isso mesmo para a gestão da paisagem”, garantiu.n

Porque é que todos temos o dever

de contribuirpara a gestão florestal?

(4)

IV

| TERÇA-FEIRA | 11 DEZ 2018

MANCHAS

ÁREA DE FLORESTA PLANTADA QUASE TRIPLICOU NOS ÚLTIMOS ANOS E É AQUELA QUE MENOS ARDE NO VERÃO

“Étempode

relembrarobem

queelanosfaz”

VALOR

CARLOSAMARALVIEIRA

r

Diretor-geral da Celpa reclamou a promoção

do valor da floresta através dos bons serviços que presta à sociedade

PESO

r

Atividade florestal é uma das que mais pesa a nível das exportações

C

arlosAmaralVieira,dire- tor-geraldaCelpa–Asso-ciação daIndústriaPape-leira, parceirade iniciativa, deu o mote paraadiscussão pública dotema,aolembrarque,nosúl-timos três anos, muito se tem falado em floresta, “mas pelas mais tristes e trágicas razões, porimensadesinformação,mi-tos e equívocos e, também, por muita demagogia”. “Ouvimos diariamente nas nossas casas notícias negativas sobre a flo-resta,maséchegadootempode mostrar o seu valor”, conside-rou.

Eporisso,CarlosAmaralVieira não perdeutempo: “Aflorestaé o meio mais eficaz de captura e sequestro do carbono, comba-tendo as alterações climáticas e purificando o ar. Além disso, promove a resistência à erosão do solo e regula o ciclo da água. Dátrabalhoamuitosmilharesde pessoas,éumaimportantefonte de rendimento do meio rural, criaprodutos sustentáveis e in-dispensáveis paraavidado ho-mem e as empresas que atuam na floresta, criam riqueza e pe-sam muito na economia portu-guesa e nas suas exportações”, enumerouCarlos AmaralVieira sobre os serviços que a floresta nosprestaequemuitasvezessão esquecidospelasociedade.

Oresponsávelaproveitouain- daparalembrarque“aquaseto-talidadedaflorestaportuguesaé plantada”, áreaestaque nos úl- timos100anospassoude1,2mi-lhões de hectares paraos atuais 3,15 milhões. “Grande parte da responsabilidade do aumento florestalédasindústriasquetêm naflorestaasuamatéria-prima,

como a indústria papeleira. Acreditamos que na floresta portuguesa há espaço para flo-restas de proteção, lazer e para florestasdeproduçãoplantadas, de todas as espécies, mas impe-rativamente paraflorestas bem geridas, comgestão certificada. Porque só as florestas bemgeri-das, amigas do ambiente, pro-dutivaserentáveistêmfuturo”, concluiu.

A

florestaportuguesaenfren-tainúmeros desafios. Emcom-paração com outros países eu-ropeus, há números que falam por si: “NaEuropa, 70% daárea de florestatemplano de gestão e 45% tem gestão classificada pelo FSC e pelo PFC. Em Portu-gal, apenas 22% da área de flo-resta é gerida, enquanto que a áreacertificadaé somente 10%. Outrasingularidade é que o Es-tado só detém 2% da floresta. Emcontrapartida, 86% perten-ce a perten-centenas de milhares de proprietários privados, em re-gime de minioumesmo micro-fundio, com elevado estado de abandono.”

Estas serão algumas das razões pelas quais Portugal foi o único país da Europa a perder 150 mil hectares de florestanos últimos dez anos”, lamentou Carlos AmaralVieira.n

DESCONHECIMENTO DO REALVALORDAFLORESTALEVAA“EQUÍVOCOS E DEMAGOGIA”

ÉTEMPO

DEMUDAROTEOR

DASNOTÍCIASSOBRE

AFLORESTAPORTUGUESA

PORTUGAL

FOI OÚNICO

PAÍSDAEUROPAQUE

PERDEUFLORESTA

FALTADEGESTÃO

AFETA

CERCADE78PORCENTO

DESTETERRITÓRIO

u“Há muito pouca tradição de associativismo entre os pequenos proprietários da floresta e a reduzida dimen-são da própria propriedade impede-os de investir numa gestão profissional, até por-que também não conseguem tirar rendimento daquele território”, frisou Carlos

Amaral Vieira. Consequente-mente, o abandono aumenta a acumulação de material ar-bustivo combustível, bem como os riscos, e promove os incêndios rurais. “Há um enorme desordenamento do território, muito mais do que desordenamento florestal”, frisou o responsável.n

“Há falta deespírito deassociativismo”

Carlos Amaral Vieira da Celpa

HUG O M ON TE IR O

As fileiras florestais portu-guesas estão amplamente vocacionadas para a expor-tação. Na sua totalidade, os produtos florestais têm- -se destacado, representan-do 10% representan-do total das exporta-ções do País. Em contrapar-tida, o setor é ainda respon-sável por 4% das importa-ções anuais.

Nesta balança de transa-ções internacionais, a indús-tria papeleira representa 50% do valor total das ex-portações de produtos flo-restais, seguindo-se imedia-tamente os produtos de ma-deira, carvão vegetal e mobi-liário (27%) e, em terceiro lu-gar, aparece a cortiça (com cerca de 18%).

A diminuição do território florestal deu origem a novos riscos ambientais, como a diminuição da biodiversi-dade (há mais espécies em perigo), maior erosão dos so-los e uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes ignição de fogos com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.

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TERÇA-FEIRA

| 11 DEZ 2018 | SUPLEMENTO COMERCIAL | V

PROJETODEEDUCAÇÃOAMBIENTAL

r

Destina-se a crianças dos sete aos

12 anos

FASEPILOTO

r

Está a ser desenvolvida nas escolas das sete

localidades portuguesas onde a Celpa detém as suas unidades de produção

SETOR ORIENTADO PARA A EXPORTAÇÃO

As fileiras florestais portu-guesas estão amplamente vocacionadas para a expor-tação. Na sua totalidade, os produtos florestais têm- -se destacado, representan-do 10% representan-do total das exporta-ções do País. Em contrapar-tida, o setor é ainda respon-sável por 4% das importa-ções anuais.n

DISTRIBUIÇÃO DO MERCADO

u Nesta balança de transa-ções internacionais, a indús-tria papeleira representa 50% do valor total das ex-portações de produtos flo-restais, seguindo-se imedia-tamente os produtos de ma-deira, carvão vegetal e mobi-liário (27%) e, em terceiro lu-gar, aparece a cortiça (com cerca de 18%).n

Perigo para pessoas e bens

DECLÍNIO TRAZ RISCOS ACRESCIDOS PARA TODOS

u A diminuição do território florestal deu origem a novos riscos ambientais, como a diminuição da biodiversi-dade (há mais espécies em perigo), maior erosão dos so-los e uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes ignição de fogos com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.n

Floresta emprega quase 100 mil

Relevância no mercado de trabalho

GE TT Y IM AGE S ED G AR MA R TINS

INDÚSTRIA PAPELEIRA LANÇA MAIS UMA INICIATIVA PEDAGÓGICA

Celpa assina protocolopara levar

àsescolasa economia circular

uNum momento em que o tema da economia circular anda nas bocas do Mundo, a Celpa– Associação daIndústria Papeleira quis criar uma ação de sensibilização nas escolas do primeiro e segundo ciclo do Ensino Básico sobre este tema. ‘Missão 360: Defender aTerraé o Nosso Papel’ é o nome do projeto que contatambémcom o apoio da Direção-Geral da Educação e da Agência Portu-guesa do Ambiente.

“Aintenção é divulgar o con-ceito e os princípios desta

eco-nomia circular, até porque é algo que estánagénese dos pro-cessos produtivos da indústria papeleira, que de outra forma nemsequer seriaviávelecono-micamente ou ambientalmen-te. Os ciclos produtivos dapas-ta de papel são ciclos que se fe-cham. E não estou só a falar da reciclagem de papel, mas tam-bém da simbiose industrial, da promoção de novos usos paraos produtos etc.”, explicouCarlos

Momento da assinatura do protocolo no final do ‘Live Lab’

IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO RI C ARD O ALM EI D A

Amaral Vieira, no final do en-contro, parajustificaramedida. Por isso, naFundação Calous-te Gulbenkian assinou-se o protocolo que permitirá levar esta ideia a bom porto.

A cerimónia, simbólica, con-touigualmente comapresença do presidente da Celpa, Diogo da Silveira, do diretor-geral da Direção-Geral de Educação (DGE) José Vítor Pedroso e da

vogal do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Am-biente (APA), Mercês Ferreira.

Os presentes no ‘Live Lab’ puderam ainda visualizar em primeira mão o vídeo didático da campanha, que em breve será apresentado nas escolas. Neste, o ‘Esquilo Mau’ e o ‘Dr. Tulha’ explicam aos mais no-vos os benefícios da economia circular.n S ÉR G IO AZ EN HA

As férias de natureza e aventura são cada vez mais procuradas

uPortugal é um destino por excelência para a prática de turismo de natureza, dispon-do de um riquíssimo patrimó-nio natural. Cerca de 21% do território é formado por Áreas Classificadas com fortes valores naturais e biodiversi-dade a nível da fauna, flora e qualidade paisagística. Exis-tem 1713 unidades de turismo rural ajustadas aos vários seg-mentos em todo o País.n

Paisagem: um

valorcada vez

mais reconhecido

ECONOMIACIRCULAR

ESTÁ

NAPRÓPRIAGÉNESE

DAINDÚSTRIAPAPELEIRA

AÇÃODESENSIBILIZAÇÃO

VAI DECORRERAOLONGO

DETODOOANOLETIVO

uO setor florestal é respon-sável pela criação de cerca de 92 mil (91 583) postos de tra-balho, dos quais quase 25 mil (24 678) correspondem a em-pregos no setor primário e in-dústrias transformadoras de base florestal. O Valor Acres-centado Bruto das indústrias florestais representa mais de três mil milhões de euros.n

(6)

VI

| TERÇA-FEIRA | 11 DEZ 2018

ESTREIA

PELA PRIMEIRA VEZ, O PRÉMIO ALARGOU-SE À COMUNIDADE ESCOLAR

Sensibilizar e envolver os mais novos é crucial para construir um futuro melhor para a floresta nacional

N

esta segunda edição do Prémio Floresta e Sus-tentabilidade, não só fo-ram revistas e reformuladas as categorias abertas aconcurso -paraque ainiciativase alargas-se amais entidades e personali-dades como é o caso das escolas - como agora abriu também a participação aos alunos do nono ano.

Por isso, este ano, não só podemcandi-datar-se alu-nos do

secun-dário como também os do últi-mo ano do terceiro ciclo.

No âmbito das escolas, os alunos serão convidados afazer um vídeo de três minutos aler-tando parao valor económico e ambientaldafloresta.

Pretende-se com a reformu-lação das categorias operada este ano chegar “aos mais pró-ximos, mas tambémaos menos atentos ao temaflorestal”.

“Alunos e professores, inves-tigadores das ciências sociais e naturais, empresas não flores-tais, autarquias e ONG serão as-sim também ouvidos”, justifi-couCarlos AmaralVieira.

“A gestão florestal praticada pelaindústriapapeleiranos 200 milhectares de florestadiversa, de que é proprietáriaougestora, é ummodelo de excelênciae re- conhecimen-to”, afirmou. No entanto, t a l c o m o acrescentou o responsável da Celpa, “as alte-rações climáticas, o radicalismo da ecologia política, por oposi-ção à ecologia ciência, algumas medidas legislativas e ainjusti-ficada hostilidade em relação a algumas espécies não ajudaram a corrigir o que está mal. É por isso tão importante darnotorie-dade, divulgar e premiar quem valoriza a floresta”, enumerou Carlos AmaralVieira.n

ELVIRA FORTUNATO

A

cientistaElviraFortunato ressalvou a importância de descobrir e usar as no-vas matérias-primas. “Não te-mos diamantes, não tete-mos pe-tróleo mas se calhar temos ou-tro tipo de materiais que temos de começar autilizar comvalor acrescentado”, afirmouacien-tista, que jáháalgumtempo co-meçouatrabalhar comcelulose na área da electrónica e da bio-tecnologia médica. “Estamos neste caso a valorizar um pro-duto, acelulose, e air ao encon-tro do repto lançado pelas Na-ções Unidas no campo dasus-tentabilidade. Se até 2030 tiver-mos de substituir o plástico por alternativas, nós temos a celu-lose, que é biodegradável, re-novável e uma boa solução. E a indústriado papeltemestama-téria-prima”, frisou.n

“Celulose

éuma

alternativa

sustentável”

PERFIL

Elvira Fortunato, atual vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, foi responsável pela invenção do transístor de papel, que funciona com chips baseados em nanotecnologia, que substituem o silício por materiais orgânicos.

IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO Daniel Bessa preside ao júri do Prémio Flo-resta e Susten-tabilidade uAs candidaturas para a 2ª

edição decorrem até 31 de Dezembro. A categoria Escola e Floresta tem prazo alargado até 31 de janeiro de 2019. Para o vencedor de cada ca-tegoria há um prémio de cin-co mil euros e as escin-colas (alu-nos do 9º ao 12º a(alu-nos).

Além deste prémio monetá-rio, será considerado um conjunto de outras activida-des de interesse. Um júri constituído por várias perso-nalidades especialistas na área, e presidido pelo econo-mista e professor Daniel Bes-sa, decidirá com base na

aná-lise realizada pela PwC. Para mais informações: www.premiofloresta.cmjor-nal.xl.ptn

Prazos estabelecidos para a apresentação

das candidaturas estão quase a chegarao fim

OS MELHORES DA PRIMEIRA EDIÇÃO

u Abastena, Herdade da Sanguinheira de Codes, As-sociação para a Certificação Florestal do Minho-Lima e INIAV foram os vencedores da edição de 2016-17. Foram ainda atribuídas duas men-ções honrosas.n

Alargamentoao9ºano

PRÉMIO

REFORMULAÇÃODASCATEGORIAS

r

Pretende

envolver mais setores da sociedade no prémio

OPORTUNIDADE

r

Organização quer ouvir

alunos do Ensino Secundário e do 9º ano

OSMAISJOVENS

TERÃO

DEAPRESENTARAOJÚRI

UM TRABALHOEM VÍDEO

GE TT Y IM AGE S

Os vencedores do ano passado com os responsáveis pela atribuição do prémio

IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO CONCURSO

(7)

TERÇA-FEIRA

| 11 DEZ 2018 | SUPLEMENTO COMERCIAL | VII

HELENA PEREIRA

P

ara Helena Pereira, vice-–presidente daFundação para a Ciência e Tecnolo-gia, em Portugal “sabemos muito, mas falhamos nautiliza-ção” do conhecimento”. “Nos anos 60, criou-se umaes-trutura de investigação com uma visão integrada e holística - coisa pouco habitual em Por-tugal - para se estudar o euca-lipto e resolver certos e deter-minados problemas. Depois foi alargada a outras espécies e produziu-se conhecimento na linhadafrente, mesmo emter-mos internacionais. Antes exis-tiaaDireção-Geralde Florestas e até uma Direção-Geral de Produtos Florestais, mas foram desmanteladas e, por isso, é muito mais difícil fazer a ponte entre o que a Academia sabe e quemestáno terreno”, diz.n

“É difícil

fazera

ponte para

o terreno”

PERFIL

Helena Pereira é professora catedrática no Instituto Superior de Agronomia, desempenhou diversos cargos de gestão e coordenação

académica e científica em órgãos de universidades, institutos politécnicos e institutos de investigação.

DOMINGOS LOPES

R

eferindo-se à problemá-tica da desertificação, Domingos Lopes, daUni-versidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, lembrou que cada vez mais é preciso “pensar em gerir estes espaços assumindo que as visões tradicionais (que exigiammão de obra) se estão a alterar drasticamente”.

No que diz respeito à Acade-mia, o especialistagarantiuque tanto a investigação como a vertente de ensino são impor-tantes para a defesa da floresta: “Mas preocupa-me aincapaci-dade que o meio académico tem tido de cativaralunos paraaEn-genharia Florestal e os proble-mas daflorestanão se resolvem enquanto não se conseguir le-var mais técnicaparao terreno. São domínios que estão interli-gados”.n

Falta de

pessoas

deve mudar

abordagem

PERFIL

Domingos Lopes é investigador, professor e director do Departamento de Engenharia Florestal e Arquitectura Paisagística da Universidade de Trás-–os-Montes e Alto Douro. Dá apoio a projetos lançados pela Autoridade Florestal Nacional.

ABÍLIO PEREIRA PACHECO

C

hama-se Laboratório Co-laborativo (CoLab) Fo-restWISE, é coordenado pelo INESC TEC e está prestes a entrar em funções. De acordo comAbílio Pacheco, investiga-dor, o CoLab pretende “unir a academia e as empresas que precisam de soluções práticas, ou seja, o resto do percurso. O laboratório começaráafuncio-narempleno apartirde Janeiro, estando agora a ser definido o âmbito das agendas científicas em relação à floresta e ao fogo. “Estamos arecolher ainforma-ção da parte das empresas para percebermos o que consideram importante. Só depois disso es-tabelecemos a nossa estratégia científica. É umalógicabaseada na procura e não naquilo que são os desejos dos investigado-res”, realçou.n

Inverter

a lógica

na procura

de soluções

PERFIL

Abílio Pereira Pacheco é professor auxiliar do departamento de Engenharia e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da Univ. do Porto e inves-tigador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

ANTÓNIO BENTO GONÇALVES

N

a sua primeira interven-ção no ‘Live Lab’, o pro-fessor António Bento Gonçalves foi peremptório: “Temde se daraconheceraflo-resta: ninguém protege aquilo que não ama e ninguém ama aquilo que não conhece. É pre-ciso fazer um trabalho consis-tente aníveleducacional”, afir-mou. Além disso, partilhou a suaexperiênciano terreno, que pisageralmente após os grandes incêndios florestais: “Sabe-se hoje que muitos incêndios co-meçamporquestões do foro so-cial e psicológico, como a soli-dão. Pessoas de 80 e muitos anos que ateiamfogos porque se sentem sozinhas. Precisamos de tertécnicos naáreadapsico-logia, da sociologia e da antro-pologiatambémaresolverestas questões no terreno”.n

“Trabalho

educacional

temdeser

consistente”

PERFIL

António Bento Gonçalves é professor auxiliar na Universidade do Minho e especialista em incêndios florestais. Publicou 34 artigos em revistas especializadas e 50 trabalhos em actas de ventos científicos. Tem 12 livros publicados.

IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO IN ÊS G O M ES LO U R EN ÇO

Referências

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