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AGRICULTURA FAMILIAR E A FORMA DE USO DA TERRA: UM ESTUDO A PARTIR DO ESTADO DO ACRE, BRASIL

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AGRICULTURA FAMILIAR E A FORMA DE USO DA TERRA: UM ESTUDO A PARTIR DO ESTADO DO ACRE, BRASIL

FAMILY FARM AND A FORM OF LAND USE: A STUDY FROM THE STATE OF ACRE, BRAZIL

Raimundo Claudio Gomes Maciel

Economista, Doutor em Economia Aplicada (IE/UNICAMP), Professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Desenvolvimento Regional (PPG-MDR) da Universidade Federal do Acre (UFAC), Coordenador do Projeto ASPF - Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA).

E-mail: rcgmaciel@ufac.br Pedro Gilberto Cavalcante Filho

Graduando em Economia pela Universidade Federal do Acre (UFAC), Pesquisador do Projeto ASPF – Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA).

E-mail: pedro.gilberto@hotmail.com Gisele Elaine de Araújo Batista Souza

Economista, Doutoranda em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (IE/UNICAMP), Pesquisadora do Projeto ASPF – Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA).

E-mail: gigi_acre@yahoo.com Antônio Carlos da Fonseca Pontes

Estatístico, Doutor em Agronomia (Estatística e Experimentação Agronômica) pela Universidade de São Paulo (USP), Pesquisador do Projeto ASPF – Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA).

E-mail: acfpontes@yahoo.com Edi Flores Reyna

Graduando em Economia pela Universidade Federal do Acre (UFAC), Pesquisador do Projeto ASPF – Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA).

E-mail: eflorey.aciw4@gmail.com

Grupo de Pesquisa: 7 - Agricultura Familiar e Ruralidade Sessão Oral

Resumo

As políticas desenvolvimentistas na Amazônia, pós-1970, implementaram na região atividades produtivas “modernas”, como a agropecuária, em detrimento das atividades tradicionais da região. Tais políticas levaram a sérios problemas socioeconômicos e ambientais, como os imensos desflorestamentos. Este estudo tem por objetivo analisar a relação entre a forma de uso da terra e o nível de vida da produção familiar rural do Acre. A metodologia foi trabalhada a partir de indicadores econômicos e ambientais, correlacionando a linha de pobreza – tendo como referência o nível de vida em termos monetários - à forma de uso da terra. Os resultados indicam que tantos os “pobres” quanto os “ricos” estão diretamente relacionados com os desflorestamentos da região, bem como que o uso equilibrado da terra pode levar à geração de renda em harmonia com o ambiente.

Palavras-chave: Uso da terra. Agricultura familiar. Amazônia. Desflorestamento. Governança

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Abstract

The development policies in the Amazon - post-1970 - deployed in the region productive activities "modern" such as agriculture, instead of the traditional activities of the region. Such policies have led to serious socioeconomic and environmental problems, such as huge deforestation. This study aims to analyze the relationship between the form of land use and the standard of living of the rural family production of Acre. The methodology has been crafted from economic and environmental indicators, correlating the poverty line - with reference to the standard of living in monetary terms - the form of land use. The results indicate that so many "poor" and the "rich" are directly related to the deforestation of the region and the balanced use of land may lead to the generation of income in harmony with the environment. Key words: Land use. Family farming. Amazon. Deforestation. Land governance.

1. INTRODUÇÃO

A Amazônia teve sua forma de desenvolvimento e ocupação implementada pelo Governo Federal, no início dos anos de 1970, através de políticas desenvolvimentistas que negligenciava as peculiaridades da região de forma que possuía como principal enfoque o fortalecimento da economia baseado na exploração dos recursos naturais, bem como a implantação dos projetos agropecuários (SILVA, 1990).

Tais medidas trouxeram resultados desfavoráveis à população tradicional da região como: a desarticulação do extrativismo e expulsão da população as cidades, gerando imensos bolsões de misérias e, consequentemente, problemas sociais nos centros urbanos. Além disso, as políticas de ocupação na região foram adotadas de modo insustentável também ao meio ambiente o que culminou na destruição de extensas áreas de florestas naturais (idem).

Nesse contexto, a terra que garantia a subsistência da população tradicional na região transformou-se em propriedade de especulação por parte de grandes empresários, grileiros, pecuaristas e especuladores, o que tornou um fator determinante a desigualdade de renda e, consequentemente, agravando a geração de pobreza. Os impactos negativos resultantes das políticas desenvolvimentistas trouxeram indignação aos seringueiros, fato que desencadeou grandes conflitos sociais entre a comunidade local e os pecuaristas (idem).

Dada a intensificação dos conflitos, nas décadas de 70 e 80, o Governo Federal tomou medidas de reforma agrária para tentar atenuar essa situação, criando inicialmente os Projetos de Assentamento Dirigidos (PAD), Projetos de Assentamento Agroextrativista (PAE), a partir de 1990, criou os Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS), como também definiu a criação de Unidades de Conservação de Uso Sustentável, como as Reservas Extrativistas (RESEX). Com as discussões sobre as questões ambientais iniciando naquele momento, essas novas modalidades de reforma agrária, além de serem criadas para minimizar os problemas fundiários devido a concentração de terras, passaram a cumprir a função de utilização da terra de forma sustentável através da extração racional dos recursos naturais, o que elencou à discussão sobre desenvolvimento sustentável e referenciadas como um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia (SOUZA, 2010).

Mesmo com a implantação de políticas de reforma agrária, como os projetos de assentamentos, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e as unidades de conservação de uso sustentável, sob a jurisdição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), para atenuar os problemas fundiários na Amazônia, vários levantamentos indicam que as famílias produtoras rurais encontram enormes

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dificuldades para a manutenção e reprodução social, o que inviabiliza o seu desempenho socioeconômico e ambiental destas formas de acesso à terra (REYDON et al., 2013).

Tais dificuldades foram identificadas, nos últimos 17 anos, nos levantamentos realizados pelo Projeto de Análise Socioeconômica dos Sistemas Básicos da Produção Familiar Rural no Estado do Acre (ASPF), desenvolvido pelo Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA), da Universidade Federal do Acre (UFAC), tendo o presente trabalho a base metodológica de tal projeto, que analisa os três principais sistemas de produção (agrícola, extrativista e agroflorestal). Esses levantamentos constataram além da inviabilização econômica das unidades produtivas familiares, como também as deficiências nas condições de saúde, de acesso ao ensino, de acesso ao conhecimento profissional, de acesso ao trabalho, das condições habitacionais, das condições ambientais, das condições de infraestrutura dos ramais e disponibilidade de crédito insuficiente (MACIEL, 2011).

Por outro lado, é fundamental destacar a heterogeneidade existente no cerne do meio rural amazônico, em especial o Estado do Acre, que envolve populações (seringueiros, colonos, ribeirinhos etc.) com sistemas produtivos que apresentam especificidades sociais, culturais, produtivas e de relação com o meio ambiente, onde dependendo da forma de acesso à terra (posse, concessão de uso em assentamentos agrícolas e reservas extrativistas, arrendamento da terra e título definitivo) e da definição do modo de uso da terra e solo (ambiental e fundiária), podem determinar diversas situações socioeconômicas e pobreza.

A importância deste trabalho está justificada na necessidade de subsidiar políticas públicas na Amazônia, em especial ao Acre, voltadas adequadamente a esse público, visto que ainda carece de políticas visando às questões socioeconômicas e ambientais, para promover um efetivo desenvolvimento sustentável na região.

Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar as condições socioeconômicas e ambientais, elencando esses fatores: a forma de acesso e uso da terra, verificando o impacto no nível de vida da produção familiar rural do Estado do Acre, considerando o tipo de governança dos recursos (terra/ambiente) sobre a terra, baseando-se nos períodos de 1996/1997 e 2006/2007.

A hipótese do presente trabalho está baseada no entendimento de que as formas de acesso a terra, que retrata as questões jurídicas e garanta – ou não - a titularidade sobre a terra, e as definições da forma de uso da terra, que retrata os aspectos ambientais, inferem sobre as condições socioeconômicas e ambientais das famílias produtoras rurais do Estado do Acre.

Esse estudo é fundamental para as instituições governamentais estaduais e federais responsáveis pelos campos de desenvolvimento social, ambientais e econômicas, de forma que norteie a elaboração de um planejamento voltado para essas questões.

2. CARACTERIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR

A necessidade de proporcionar a geração de trabalho e renda através de métodos produtivos acessíveis à agricultura familiar indica-se como uma forma de amenizar a pobreza e a desigualdade rural. Dessa forma, a produção familiar rural, percebendo sua magnitude1, apresenta um papel fundamental para o desenvolvimento rural no Brasil, se enfatizado os pequenos estabelecimentos rurais.

Wanderley (2001) define que a agricultura familiar é caracterizada quando a família assume o trabalho nas unidades produtivas, além de ser a proprietária dos meios de produção. Assim, todos os métodos utilizados na produção são estabelecidos pela própria família, as quais utilizam seus conhecimentos tradicionais em todo processo produtivo, definindo a escolha do

1 O Brasil caracteriza-se por ser um país predominantemente agrícola, possuindo 5,1 milhões de estabelecimentos agropecuários, apresentando cerca de 4,5 milhões estabelecimentos familiares (IBGE, 2009).

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local da plantação, a forma como será utilizado o solo, as formas de colheita e, por fim, o planejamento de como será a comercialização do produto final.

De acordo com, Guanziroli et al. (2001, p. 6) “os agricultores familiares têm vantagens na gestão da força de trabalho, particularmente relevantes em processos de produção intensivos em trabalho e que exigem tratos culturais delicados e cuidadosos, que dificilmente podem ser compensados pela firma patronal”. Além disso, a produção familiar rural gera oportunidades de trabalho local, atenua o êxodo rural, diversifica os sistemas de produção, condicionando práticas produtivas com maior sustentabilidade – social, econômica e ambiental - e contribui para o desenvolvimento dos municípios.

A agricultura familiar possui um grande impacto na economia brasileira. Segundo Salles Filho e Souza (2002, p. 42), o Brasil apresenta cerca de 4 (quatro) milhões de estabelecimentos em regime de economia familiar, os quais ocupam 30% da área total, produzem cerca de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira e respondem por 40% da produção agrícola nacional.

Nesse sentido, é necessário refletir sobre alternativas produtivas adequadas para transformar a economia da produção familiar rural através de políticas públicas, possibilitando que o pequeno agricultor gere renda suficiente para garantir sua reprodução social no meio rural (MOREIRA, 1997).

Segundo Dombek (2006) os pequenos agricultores ainda possuem dificuldades adequar-se a novas tecnologias para desenvolver suas produções, uma vez que requer um conhecimento técnico mais avançado, o que implicará uma geração de renda insuficiente para a manutenção das famílias e, consequentemente, o endividamento externo aumentará, sendo necessário, para alguns casos, realizar a negociação de suas terras, aumentando o êxodo rural.

Por outro lado, Chayanov (1974) reconhece que o produtor familiar não tem condição de produzir todos os bens necessários para sua manutenção, implicando ter uma relação mais forte no mercado. Segundo o autor, existem determinados períodos em alguns países que inviabiliza a produção de produtos agrícolas, dada as condições climáticas, como, por exemplo, o rigoroso inverno na Rússia, sendo, assim, necessário trabalhar com produtos não agrícolas:

La familia campesina trata de cubrir sus necesidades de la manera más fácil y, por lo tanto, pondera los médios efectivos de producción y cualquier outro objeto al cual puede aplicar-se su fuerza de trabajo, y la distribuye de manera tal que puedan aprovecharse todas las oportunidades que brindan uma remuneración elevada. De esta manera, es frecuente que, al buscar la retribución más alta por unidad doméstica de trabajo, la família campesina deje sin utilizar la tierra y los médios de producción de que dispone si otras formas de trabajo le proporcionan condiciones más vantajosas (CHAYANOV, 1974, p. 120).

Nesse sentido, é necessário que a produção familiar mantenha uma de suas principais características, o autoconsumo, além de adaptarem-se as tendências de mercado para possibilitar uma geração de renda suficiente à reprodução social familiar. De acordo com Mendras (1982, p. 164) “o agricultor não é mais seu próprio mestre e necessita, permanentemente, de um mestre para instruí-lo”.

Para tanto, Wanderley (2003) afirma que são fundamentais ações voltadas e adequadas à produção familiar rural, para que, por exemplo, os serviços de assistência técnica não tragam ruptura com os modos tradicionais de produção, de forma que seja moldada às necessidades do agricultor familiar e não tenham dificuldade com a introdução de novas técnicas produtivas.

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O termo desenvolvimento, ao longo dos anos, veio moldando suas concepções e obtendo vários sentidos e significados. Na literatura econômica, constata-se a existência de três conceitos básicos sobre o termo. A primeira corrente – e mais criticada – defende o aspecto de que desenvolvimento é sinônimo de crescimento econômico, mensurado por indicadores comuns como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. A segunda visão define que o desenvolvimento é apenas uma ilusão ou uma manipulação ideológica. Por fim, uma terceira concepção não dispensa o crescimento econômico como algo fundamental, mas não deve ser considerado a única base para o desenvolvimento, uma vez que o aspecto qualitativo do ponto de vista social possui características mais amplas e uma maior significância, como padrões de consumo responsáveis, acesso a serviços básicos de saúde, educação etc. (REYDON et al., 2013).

Dada as grandes mudanças nos padrões consumo da sociedade, a exploração dos recursos naturais de forma equivoca, sem planejamento algum e as tomadas de decisões inconsequentes, na década de 1980, iniciou o debate sobre as questões ambientais e definiu um novo termo: o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 9).

É importante destacar que existe dificuldade na interpretação do termo desenvolvimento sustentável, uma vez que se constitui em uma expressão amplamente aceita, podendo ser aplicada em diversos segmentos, visto que como um conceito normativo, ele foi apresentado com o nome ecodesenvolvimento, indicando um padrão de desenvolvimento que considerasse a eficiência econômica, a prudência ecológica e a justiça social (DALY, 1996).

Nesse contexto, relacionando o desenvolvimento sustentável ao desenvolvimento rural, observa-se que no meio rural está atrelado à extração de recursos naturais de forma adequada para que não cause danos maiores na área explorada. Navarro (2001, p. 88) define desenvolvimento rural como “uma ação previamente articulada que induz (ou pretende induzir) mudanças em um determinado ambiente rural. Em consequência, o Estado nacional sempre esteve presente à frente de qualquer proposta de desenvolvimento rural, como seu agente principal”.

Por outro lado, Sen (2000, p.17) apresenta o desenvolvimento “como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam” e para atingi-lo é necessário a remoção das principais fontes de privação de liberdade, como: pobreza, ausência de liberdade política, privação dos direitos civis básicos, carência de oportunidades econômicas, negligência dos serviços públicos (educação, saúde, saneamento básico, água tratada, etc.), fome, subnutrição, desemprego, desigualdade de gênero, entre outras formas.

Além dessas privações, também é possível citar a situação dos indivíduos sem terra, que acarretam na privação de oportunidades produtivas e econômicas, de investimento, de acesso ao crédito, entre outras, levando ao comprometimento de expansão das liberdades individuais (DEININGER, 2003).

Nesse sentido, Sen (2000) afirma que a pobreza deve ser encarada como um fator de privação das capacidades básicas, repercutindo sobre as condições de vida dos indivíduos, levando-os a patamares localmente definidos como não desejados. Em outras palavras, a pobreza é um fenômeno multidimensional2 que não se trata apenas de uma carência específica, possuindo diversas características (BUAINAIN et al., 2010).

Dependendo da definição de pobreza analisada, existem diferente métodos para mensurar e analisar. No caso das análises que tomam a renda como parâmetro de análise, os

2 O aspecto multidimensional da pobreza considera as questões fundamentais da sociedade quanto aos direitos e obrigações no exercício da cidadania por meio da análise de variáveis culturais, sociais e políticas (SOARES, 2009).

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métodos utilizados são: insuficiência de renda, linha de pobreza e indigência, pobreza definida pela política pública, o salário mínimo como critério, insuficiência de renda e de acesso às condições básicas da vida, cestas de consumo regionalizadas, renda declarada e pobreza (BUAINAIN, 2010; VEIGA, 2008). Dentro da abordagem multidimensional no meio rural, existe o Índice de Desenvolvimento Familiar Rural (IDF-R), elaborado pelo IPEA, a partir do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (BARROS et al., 2006).

No Brasil, de acordo com o relatório publicado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL, 2010 apud REYDON et al., 2013), em 2009, “25% da população brasileira se encontravam em condição de pobreza e 7%, em condição de indigência”, o que representa em números absolutos, aproximadamente 47,5 milhões e 13,3 milhões de pessoas em condição de pobreza e indigência, respectivamente.

A análise do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) contatou, com base nos microdados da PNAD/IBGE, que, em 2009, a Região Norte era a segunda mais pobre do país, tendo a sua frente apenas a Região Nordeste. Em relação ao Estado do Acre, verificou-se que ocupava a 12ª posição a nível nacional e a 3ª posição entre os estados da Região Norte, em termos quantitativos, significa que 32,36% da população acreana era considerada pobre e 12,43% dos acreanos encontravam-se em situação de extrema pobreza.

Os principais fatores condicionantes da pobreza no Brasil são encontrados na desigualdade histórica de distribuição da renda e riqueza no país, além da ausência de uma política adequada sobre a questão agrária no país, que são pressionadas ainda mais através de graves conflitos pela terra (MARTINS, 2002 apud REYDON et al., 2013).

Dessa forma, Guanziroli (2001) defende a concepção de que é necessário uma política efetiva de reforma agrária voltada para a agricultura familiar, garantindo uma sociedade mais justa e igualitária.

A reforma agrária continua sendo um instrumento legítimo para dar acesso aos trabalhadores a um bem essencial de produção, que é a terra, e com base nesta permitir o acesso a outros meios necessários, desde a infraestrutura até os requerimentos mais essenciais para uma condição digna de vida, ou seja, as condições para as famílias assentadas exercerem sua cidadania. Representa uma política importante de geração de empregos no meio rural (GUANZIROLI, 2001, p. 189).

Helfrand, Pereira & Soares (2014) constataram seu trabalho que além do nível de tecnologia, o uso de outros insumos e a tomada de decisões sobre o modo de utilização do solo, como elementos importante na determinação da renda, o tamanho da terra também é relevante, uma vez que esse fator de produção é um importante componente de riqueza e um determinante significativo de pobreza e renda.

Assim, Abramovay (2005) enfatiza que a distribuição de terras é um meio de ação contra a pobreza. Ela se fundamenta através do clamor de justiça e, além disso, se sustenta através da questão de sobrevivência econômica das famílias: unidades produtivas ao alcance das capacidades de trabalho de uma família podem afirmar-se economicamente e ser, portanto, um fator de geração sustentável de renda. É claro que para isso são necessários condições de acesso a mercados dinâmicos, a crédito, a informações, a educação e a tecnologias.

A reprodução da agricultura familiar depende claramente da mudança do paradigma da modernização da agricultura, como principal política de geração de renda e desenvolvimento comunitário, para um novo paradigma do desenvolvimento rural, buscando-se um novo padrão para o meio rural, porém ajustado a cada região e realidade em que se encontram as famílias rurais (NAVARRO, 2001).

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No cenário mundial, a questão agrária começou a ser discutida efetivamente com aspecto político a partir do início do século 20, ensejado pelo debate no interior do partido socialdemocrata alemão sobre como reagir à situação da época e com o futuro da pequena produção camponesa (RAMOS, 2014).

Nos anos de 1980, foram incorporadas duas novas dimensões - além das dimensões econômicas, produtivas e sociais no meio rural - constitutivas da questão agrária: a dimensão ambiental, que visa a preservação e recuperação dos impactos ambientais, e a dimensão de produzir agro combustível, que permite ao setor agropecuário desempenhar essa função (RAMOS, 2014).

As discussões ensejadas desencadeadas sobre as questões ambientais, econômicas e sociais no meio rural desenvolveram amplos estudos para encontrar formas mais adequadas sobre os métodos de utilização da terra. Muitos estudos estão inseridos no contexto da governança fundiária que é um conceito definido pela FAO (2009) apud Reydon (2014, p. 754) como:

“a governança é o sistema de valores, políticas e instituições pelas quais a sociedade administra seus assuntos econômicos, políticos e sociais por meio de interações dentro e entre o Estado, a sociedade civil e o setor privado. A governança da terra refere-se às regras, processos e organizações, e através delas se tomam as decisões sobre o acesso à terra e seu uso, a forma em que se implementam essas decisões, e a maneira que se administram os conflitos de interesse sobre a terra”.

Assim, é importante destacar que a aquisição em larga escala de terras agrícolas possuem efeitos adversos, especialmente em países onde a governação sobre a terra é desarticulada. Tais efeitos incluem o deslocamento de pequenos agricultores, a perda de rendimentos e meios de subsistência para as populações rurais, a exploração excessiva dos recursos produtivos e a redução de acesso aos recursos que garantem os meios de subsistência locais, o que enfraquece a dimensão social. Além disso, potenciais impactos ambientais adversos, em particular, a degradação dos recursos naturais, como terra, água, florestas e biodiversidade estão atrelados a essa questão (FAO, 2012a).

A FAO (2012b) emitiu um conjunto de princípios orientadores que são favoráveis às operações de cultivo, denominado contract farming3, o qual destina-se a orientar os agricultores e compradores envolvidos em relações contratuais, a fim de promover boas práticas de negócios e manter um âmbito de confiança e respeito.

Atualmente, existe um amplo contraste sobre os dois conceitos de segurança da posse – um é orientado para a comercialização de terras, enquanto o outro apontado para ampliar os direitos de grupos oprimidos de forma que garanta os meios de subsistência. O reforço dos direitos de propriedade não deve ser confundido com o objetivo mais amplo de fortalecimento da segurança de posse, o que garante as condições de vida daqueles que dependem da terra para sua subsistência. Enquanto a segurança da posse e do reconhecimento de direitos sobre a terra corresponde a uma forte demanda, evidenciado por diversas situações em outros países, o mesmo não pode ser afirmado da titulação individual e alienação da terra. Pelo contrário, a limitação de comercialização de terras pode preservar os pequenos proprietários de pressões de grupos de proprietários maiores para ceder suas terras. Além disso, também pode preservar os direitos de uso sobre a terra comunal, como também as formas comuns de gestão da terra (BRUCE et al. 2008).

3 Em países da África Ocidental, através do suporte do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), os pequenos agricultores estão estabelecendo contract farming com a multinacional Mali Biocarburant S/A (IFAD, 2012).

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Deininger (2003, p.17), em relação à importância da posse da terra, afirmou que:

“a terra é um bem essencial para a população rural e urbana. Ela fornece uma base para a atividade econômica e ao funcionamento do mercado (por exemplo, o crédito) e instituições não-mercado (por exemplo, os governos locais e redes sociais) em muitos países em desenvolvimento.”

Analisando a questão agrária brasileira, Reydon (2011) afirma que a elevada concentração de terra é a principal razão da grande desigualdade social e econômica do país e de parte significativa da pobreza rural, sobretudo através da exclusão social, considerando que a população mais pobres não possui acesso à terra. Esse alto grau de concentração é apresentado em indicadores como o índice de Gini da propriedade, que, em 2006, mesmo com as políticas de reforma agrária implantadas, continuava elevado em 0,85.

Reydon (2011) aponta que o principal problema do País é a ausência de mecanismos reguladores da propriedade, do uso e da ocupação do solo rural e urbano brasileiros. E essa inexistência de regulação e regras, condiciona o aumento da possibilidade de especulação de terras – isto é, ganhar dinheiro com a compra, manutenção, transformação e posterior revenda de terras em qualquer de suas formas.

É inaceitável que, em pleno século 21, quando o Brasil caminha firmemente na direção de constituir uma das potências econômicas mundiais, vários aspectos da situação agrária ainda se encontrem em estado crítico. Ademais, a imagem do Brasil é duramente maculada na mídia internacional a cada vez que são noticiados os seguintes fatos: enormes conflitos pela posse da terra, que resultam, muitas vezes, em morte, a elevadíssima concentração da propriedade da terra e o desmatamento da Floresta Amazônica. Todas as três decorrem da questão agrária, que nasceu no processo de colonização, e que, até a presente data, não foi enfrentada. Todos esses problemas associam-se ao fato de o País ter um conjunto de regras vinculadas à propriedade da terra, as quais ou não são devidamente aplicadas ou são insuficientes, não concretizando, dessa forma, uma adequada governança de terras no País: a) ausência de cadastro de terras; b) possibilidade de qualquer indivíduo e apossar da terra e regularizá-la; c) ausência de tributo sobre a terra; e d) possibilidade de se especular continuamente com terras (REYDON, 2014, p. 734).

A questão agrária na Amazônia, dada a ausência de regulação, é traduzida a partir dos problemas de apossamento de terras devolutas, especulação fundiária, taxas de desmatamento elevadas, que agregam maior valor as propriedades no mercado de terras. Dessa forma, a regulação ideal seria aquela que a sociedade adquirisse governança sobre a terra e pudesse definir a forma de uso adequada do solo, no aspecto produtivo ou habitacional, em harmonia com o meio ambiente, mantendo sua preservação (REYDON, 2011).

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 – Objeto de estudo

O Estado do Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil, que possui 733.559 mil habitantes, dos quais 201.280 mil residem na zona rural do estado, ou seja, a população rural acreana corresponde a 27% (IBGE, 2011).

Este trabalho tem informações dos resultados obtidos da pesquisa de campo nas áreas rurais expressivas à realidade da produção familiar, realizadas pelo projeto de pesquisa Análise Socioeconômica dos Sistemas Básicos de Produção Familiar Rural no Estado do Acre, denominado ASPF, desenvolvido pelo Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA), da Universidade Federal do Acre (UFAC).

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Figura 1 - Localização da área e estudo e a Divisão Política do estado do Acre Fonte: Acre, 2011.

5.2 – Definição da amostra

A amostra das Unidades de Produção Familiares (UPF’s) pesquisadas no Estado do Acre – Brasil foi definida a partir de três etapas:

Estratificação das áreas de cada sistema de produção (extrativista, agrícola e agroflorestal) de acordo com os níveis de desenvolvimento (alto, médio ou baixo),

tendo como referência os critérios relativos aos volumes de produção, facilidade e qualidade de acesso, disponibilidade de infraestrutura e assistência técnica, além do grau de organização comunitária;

Sorteio de metade dos conglomerados das áreas de estudo – ramais, no caso de áreas

agrícolas, e, os seringais, no caso de áreas extrativistas, tendo em vista a representatividade dentro de cada estrato definido;

Por fim, dentro de cada conglomerado sorteado, foi realizada uma amostragem

aleatória simples, sorteando-se 10% das unidades de produção, que fazem parte do

objeto de estudo. 5.3 – Metodologia

Para alcançar os objetivos do presente trabalho foi utilizada a base de dados do Projeto ASPF (2014), desenvolvido pelo Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Acre, baseando-se nos períodos de 1996/1997 e 2006/2007 no Estado do Acre.

Os principais indicadores econômicos são sucintamente descritos a seguir: 1) Resultado Bruto

 Renda Bruta (RB) - indicador de escala de produção. Definida pela seguinte fórmula:

𝑅𝐵 = 𝑄𝑚 . 𝑝𝑝

Sendo,

Qm = Quantidade do Produto Destinada ao Mercado; Pp = Preço Unitário ao Produtor.

2) Resultados Líquidos

 Margem Bruta Familiar (MBF) - valor monetário disponível para a família. É dada pela seguinte fórmula:

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Sendo:

RB = Renda Bruta; CV = Custos Variáveis;

Cftf = Custo Real da Força de Trabalho Familiar.

 Nível de Vida (NV) - é o valor total apropriado pelo produtor familiar, em termos monetários. Por isso, esse indicador é o mais adequado para mensurar a condição das famílias rurais, relacionando com salário mínimo vigente no período avaliado. É dado pela fórmula:

𝑁𝑉 = (𝑀𝐵𝐹 + 𝐴𝐶 + 𝐶𝑗𝑖𝑐𝑐) − 𝐴𝐴

Sendo:

MBF = Margem bruta familiar; AC = Autoconsumo;

Cjicc = Juros Imputados ao Capital Circulante; AA = Amortizações Anuais de Empréstimos. 3) Linha de Dependência do Mercado (LDM)

 Definem-se como linha de dependência do mercado os valores medianos gastos com bens e serviços de consumo no mercado, adicionados das compras relacionadas à reposição do capital fixo (máquinas, equipamentos, ferramentas, benfeitorias etc.) disponível para a manutenção dos meios de produção existentes.

4) Valor de Bens e Serviços de Consumo Comprados 𝑉𝑏𝑐𝑐 = ∑(𝑄𝑏𝑐𝑐)𝑢 ∗ 𝑝𝑢

𝑛

𝑢=1 sendo:

Vbcc = valor dos bens e serviços de consumo comprados Qbcc = quantidade de bens e serviços de consumo comprados u pu = preço unitário de um bem e/ou serviço de consumo comprado u = itens de bens e serviços de consumo (u = 1, 2, ... , n)

5) Índice de Eficiência Econômica (IEE) – indicador de benefício/custo. É definido pela seguinte fórmula: 𝐼𝐸𝐸 =𝑅𝐵 𝐶𝑇 Sendo: RB = Renda Bruta; CT = Custos Totais.

 IEE > 1, a situação é de lucro.  IEE < 1, a situação é de prejuízo.  IEE = 1, a situação é de equilíbrio. 6) Forma de uso da terra

 As formas de acesso a terra consideradas no presente trabalho são as seguintes: título definitivo, posse, arrendamento e concessão de uso;

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 A variável forma de uso de terra foi dividida em três segmentos: floresta, pasto e área aberta. Estas explicam como os produtores planejam e utilizam a área da terra que possui. Foi trabalhado apenas considerando o período 2005/2006 para o Vale do Acre e 2006/2007 para o Vale do Juruá, tendo em vista que essas informações foram incorporadas a metodologia do Projeto ASPF posteriormente aos primeiros levantamentos.

Para calcular a percentagem de participação de cada tipo de uso de terra do total, se tem a seguintes formulas;

𝑓 =𝐹 𝑇∗ 100 𝑝 =𝑃 𝑇∗ 100 𝑎 =𝐴 𝑇∗ 100 Sendo:

f = percentual de floresta no total da área do produtor; F = área total de floresta em hectare;

p = percentual de pasto no total da área do produtor; P = área total de pasto em hectares;

a = percentual da área aberta do total da área do produtor; A = área aberta em hectare;

T = total da área em hectare. 5.4 – Linha de Pobreza

Para analisar a pobreza no presente trabalho, realizou-se a estratificação das classes sociais, adotando como parâmetro o salário mínimo brasileiro, atualmente em vigência, no valor de R$ 724,00/mês (R$8688,00/ano). A linha de pobreza foi determinada através da divisão do Nível de Vida4 (NV) auferido pelos produtores nos períodos analisados em seis classes sociais:

Classe A = NV > R$2.896,00 Classe B = R$1.448,00 < NV < R$2.896,00; Classe C (1) = R$724,00 < NV < R$1.448,00; Classe C (2) = R$362,00 < NV < R$724,00; Classe D = R$181,00 < NV < R$362,00; Classe E = NV < R$181,00 5.5 - Índice de Gini

Para analisar o grau de concentração de renda da produção familiar rural do Estado do Acre, trabalhou-se com o índice de Gini, que trata-se de uma medida para mensurar o grau de concentração ou desigualdade utilizada na análise da distribuição de renda e pode ser utilizado para medir o grau de concentração de qualquer distribuição estatística. Assim, essa metodologia

4 Para esta análise foi utilizado o indicador Nível de Vida (NV), uma vez que este representa a totalidade do valor apropriado, considerando - além do valor da renda bruta - o valor monetário do autoconsumo, acrescido os valores imputados e deduzidas as obrigações financeiras com empréstimo. Portanto, é o valor que determinada o padrão de vida das famílias.

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analisará essas questões no presente trabalho, baseando-se nos períodos da pesquisa citados anteriormente.

Esse índice funciona da seguinte forma: quando igual a 0 corresponde a igualdade absoluta e quando igual a 1 corresponde a desigualdade absoluta, assim, quanto mais próximo o índice chegar de 1 pior será a distribuição de renda.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A agricultura familiar, dada a sua dimensão, sendo a responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, possui um grande papel para o desenvolvimento rural no país, de forma que gere emprego e renda no meio rural brasileiro.

Na região Amazônica, em particular ao Estado do Acre, a agricultura familiar é representada por uma grande heterogeneidade, onde encontra-se, pelo menos, três sistemas de produção: agrícola, agroflorestal e extrativista, o qual é considerado mais característico da região, uma vez que a população tradicional da região tem como cerne esse sistema.

A Tabela 1 apresenta a composição da renda bruta do Vale do Acre, compreendido pelo período agrícola 2005/2006, e sua evolução em relação ao período 1996/1997. Observa-se que essa evolução aponta o fortalecimento dos produtos característicos dos sistemas extrativista e agroflorestal, respectivamente, castanha-do-brasil e pupunha-palmito, como também a consolidação da pecuária bovina como principal atividade geradora de renda não apenas do sistema agrícola, mas também a atividade com maior impacto de geração de renda na região, implicando afirmar que, consequentemente, tendo em vista que se trata de uma atividade extensiva, houve uma maior degradação ambiental nessas áreas pesquisadas.

Em relação ao Vale do Juruá, no período compreendido pelo período agrícola 2006/2007, e sua evolução em relação ao período 1999/2001, a geração de renda está cada vez mais ligada à produção de macaxeira – notadamente seu principal subproduto, ou seja, a farinha de mandioca -, sendo responsável por mais de 70% da renda gerada nos sistemas extrativistas e agrícolas.

Tabela 1 - Evolução da Geração de Renda Bruta por Linha de Exploração, Vale do Acre 2005/2006 e Vale do Juruá 2006/2007 – Acre.

Linha de Exploração

Geração de Renda Bruta (%) Linhas de Exploração

Geração de Renda Bruta (%)

Vale do Acre Vale do Juruá

2005/2006 Evolução* 2006/2007 Evolução**

Criações 54,56 20,75 Criações 29,31 8,85

Criação de Bois 47,48 46,43 Criação de bois 23,52 12,93

Criação de Porcos 3,27 -59,94 - - - Criação de Aves 2,73 -22,96 - - - Outros 1,08 2,27 Outros 5,79 -4,08 Agricultura 27,25 -34,27 Agricultura 74,18 9,74 Café 2,4 67,82 - - Macaxeira 7,72 68,48 Macaxeira 57,68 18,92 Banana 2,75 -36,29 - - - Melancia 1,45 -30,87 - - - Feijão 1,19 -83,48 - - - Arroz 2,03 -74,66 Arroz 4,82 -8,34 Milho 2,46 -74,7 - - - Outros 7,24 78,21 Outros 11,68 -0,84 Agroflorestal 5,62 -14,58 - - - Pupunha Fruto 2,04 -35,33 - - - Cupuaçu 1,21 -49,48 - - - Pupunha- Palmito 0,76 5149,71 - - - Café 1,13 - - - -

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Outros 0,47 -52,96 - - - Extrativismo 12,58 85,47 Extrativismo 2,19 -12,91 Castanha 6,7 140,04 - - - Borracha 1,97 -0,01 Borracha 1,16 -5,71 Madeira 2,64 49,4 Madeira 1,03 -5,28 Outros 1,26 406,73 Outros - -

* Relativo ao período 1996/1997 - Vale do Acre; ** Relativo ao período 1999/2001 - Vale do Juruá. Fonte: ASPF (2014)

Entretanto, dada as dificuldades produtivas encontradas em algumas áreas pesquisadas, a produção familiar rural enfrenta esses gargalos, principalmente, na comercialização da produção. Tais dificuldades estão relacionadas à trafegabilidade dos ramais precária, poucos canais de distribuição da produção etc. Essa afirmação é vislumbrada a partir da Tabela 2, observando que o índice de eficiência econômica (IEE) apresenta uma situação de prejuízo, entre as unidades produtivas familiares, além de apontar um processo contínuo de redução de eficiência, observado por uma variação negativa desse índice nas duas mesorregiões do Estado.

Vale ressaltar que nos primeiros períodos da pesquisa, 1996/1997 no Vale do Acre e 1999/2001 no Vale do Juruá, percebeu-se a presença das instituições governamentais muito mais atuantes no que diz respeito aos incentivos para a produção familiar rural, onde em algumas áreas as prefeituras municipais disponibilizavam o transporte de produção até o mercado onde seria comercializado, principalmente, no Vale do Acre.

Tabela 2 - Indicadores Econômicos das Famílias Rurais do Vale do Acre 1996-1997/2005-2006 e Vale do Juruá 1999-2001/2006-2007.

Indicadores Unidade Vale do Acre Evolução* (%) Vale do Juruá Evolução* (%)

RB R$/mês 736,63 12,55 363,61 -28,53 RBT R$/mês 987,45 39,78 672,11 15,94 MBF R$/mês 586,66 5,38 296,38 -14,74 VBCC R$/mês 766,79 129,01 1.697,32 544,17 LDM R$/mês 1.413,64 142,73 1.589,62 180,7 AC R$/mês 250,27 -70,47 193,27 -66,65 NV R$/mês 918,89 -43,8 591,34 -43,19 IEE und. 0,94 -56,65 0,55 -55,28

Obs.: Resultados medianos por UPF; * Relativo ao período 1996/1997 Vale do Acre; ** Relativo ao período 1999/2001 Vale do Juruá.

Fonte: ASPF (2014).

Ainda com base na Tabela 2, observa-se que a renda bruta auferida nesse período pelos produtores teve uma evolução de apenas 12,55% no Vale do Acre, enquanto a LDM teve uma evolução de 142,73%.

Além disso, destaca-se o papel das transferências governamentais, como também o assalariamento fora da UPF que, somados a RB asseguram um aumento na renda disponível aos produtores, adquirindo, assim, o RBT. Entretanto, a RBT ainda não se mostra suficiente para cobrir os gastos no mercado, uma vez que ao confrontar com a LDM, apresentam-se os gastos necessários no mercado acima da RBT em torno de 30%.

Observa-se que esse aumento na LDM está relacionado à redução da produção para o autoconsumo (AC), que chega a ser 70,47% no Vale do Acre, durante o período estudado, gerando maior necessidade de desembolso de recursos para aquisição de bens no mercado, o que reflete uma piora de 43,80% no nível de vida (NV) das famílias rurais dessa região.

Ainda com base na Tabela 2, o Vale do Juruá aponta um cenário muito próximo ao Vale do Acre, observa-se que a renda bruta obtida teve um decréscimo de 28,53% no período

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analisado, e que a LDM apresentou uma evolução ainda maior de 180,7%. A mesma situação diagnosticada no Vale do Acre foi percebida no Vale do Juruá, a qual quando confrontada a RBT com a LDM, mostrou-se que a renda não é suficiente para cobrir os gastos necessários no mercado.

O autoconsumo no Vale do Juruá também sofreu um decréscimo de 66% no período estudado, um pouco menor que no Vale do Acre, porém, o agravamento no nível de vida das famílias dessa região é de 43,19%, situação muito parecida com a outra região.

De modo geral, há uma redução tanto no nível de vida quanto no autoconsumo das famílias rurais, comparando-se com o primeiro período. O autoconsumo é um indicador que reflete na maior parte dos indicadores apresentados na Tabela 2, assim, sua grande redução no período analisado inferiu no VBCC, uma vez que a medida que as famílias reduzem a produção de autoconsumo, os alimentos são adquiridos no mercado.

Outro indicador que sofre alteração por causa da redução do autoconsumo é o nível de vida, observando que também sofreu uma grande redução no período analisado. Essa redução do nível de vida da produção familiar rural no Estado do Acre reflete o aumento da pobreza e miséria, significando que o poder aquisitivo das famílias reduziu ao longo do período, ou seja, as famílias rurais ficaram mais pobres em 2006/2007.

Nesse sentido, analisando o grau de concentração e desigualdade de renda da produção familiar rural do Estado do Acre, o Gráfico 1 aponta essa situação nas regiões do Vale do Acre e Vale do Juruá.

Observa-se que embora o índice de Gini aponte para um a grau de concentração de renda considerado alto entre os produtores familiares rurais no Estado do Acre, houve um decréscimo de 14% no Vale do Acre e de 7% no Vale do Juruá, no período analisado.

Gráfico 1 – Índice de Gini no Vale do Acre 2005/2006 e Vale do Juruá 2006/2007. Fonte: ASPF (2014).

No entanto, tal redução nesse índice não significa necessariamente que houve melhoria na distribuição de renda na região, mas sim um aumento generalizado da pobreza.

Dessa forma, a Tabela 3 apresenta melhor essa situação a partir de uma estratificação das famílias do Vale do Acre e Vale do Juruá, de acordo com o NV, em relação ao salário mínimo vigente no país, buscando mensurar o nível de pobreza e miséria das famílias rurais no Estado do Acre5.

Nota-se que 15% das famílias produtoras rurais do Vale do Acre, no período analisado, encontram-se em situação de pobreza e em situação de miséria, sendo 10% e 5%, respectivamente. No Vale do Juruá, a situação é se agrava ainda mais, sendo um total de 27% de famílias pobres e miseráveis. Destarte, destaca-se que o número de pobres (estrato D) e indigentes (estrato E) cresceu em números preocupantes no período analisado, com um aumento na quantidade de pobres em 577% e de indigentes em 552% no Vale do Acre. No Vale do Juruá, o crescimento foi de 223% no número de pobres e 394% de indigentes.

5 Conforme a metodologia do ASPF (2014), considera-se pobre as famílias que possuem renda per capita abaixo de ½ do salário mínimo e “indigente” as famílias que possuem renda per capita abaixo de ¼ do salário mínimo.

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De modo geral, percebe-se uma grande redução no número de famílias consideradas “ricas” (classes A e B) e um aumento generalizado do número de pobres e miseráveis (classes D e E), explicando a aparente melhoria do Índice de Gini no meio rural do Estado do Acre, frisando-se mais uma vez: não houve melhoria na distribuição de renda entre a produção familiar rural, mas distribuição de pobreza!

Tabela 3 - Percentual de Famílias por estrato do Nível de Vida, em termos monetários, do Vale do Acre 1996-1997/2005-2006 e Vale do Juruá 1999-2001/2006-2007.

Estratos Vale do Acre

2005/2006 Evolução* (%) Vale do Juruá 2006/2007 Evolução** (%) A 9% -74% 1% -88% B 18% -35% 11% -63% C (1) 39% 812% 30% -25% C (2) 21% -38% 31% 163% D 10% 577% 17% 233% E 5% 552% 10% 394%

Obs.: *Relativo ao período 1996/1997 Vale do Acre; **Relativo ao período 1999/2001 Vale do Juruá. A - NV > 4 Salários Mínimos (SM)/mês; B - 2 SM/mês < NV < 4 SM/mês; C (a - alto) - 1 SM/mês < NV < 2 SM/mês; C (b - baixo) - 1/2 SM/mês < NV < 1 SM/mês; D - 1/2 SM/mês < NV < 1/4 SM/mês; E - NV < 1/4 SM/mês.

Fonte: ASPF (2014).

Esse aumento do número de pobres e miseráveis no meio rural gera um grande impacto à reprodução social dessas famílias, uma vez que muitas famílias vendem sua propriedade rural e direciona-se para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida, implicando em uma situação ainda mais agravante, tendo em vista que geralmente esse público possui um baixo nível de escolaridade e quase nenhuma qualificação profissional, dificultando a possibilidade de empregar-se com salários dignos.

Se antes as famílias foram desapropriadas através dos incentivos do Governo Federal com suas políticas desenvolvimentistas que beneficiavam os grandes projetos agropecuários, gerando o êxodo rural e os inchaços populacionais e problemas sociais nos centros urbanos, atualmente, as famílias são desapropriadas por fatores diversos, como as dificuldades produtivas encontradas no meio rural, a dificuldade de disponibilização de crédito, a dificuldade de acesso ao mercado, à educação, à novas tecnologias, e por fim, a falta de uma garantia da terra através de documentação jurídica e a falta de um plano de uso do solo, ou seja, a governação fundiária sobre sua área.

Nesse sentido, a Tabela 4 mostra a relação entre o nível de vida das famílias e a forma de tipo de acesso à terra. Percebe-se que no Vale do Acre, as famílias possuem uma condição bem homogênea, uma vez que a diferença entre o nível de vida estratificado dessa forma não apresenta grandes diferenças. Em relação ao Vale do Juruá, identifica-se a mesma condição da região do Vale do Acre, porém, seu nível de vida é menor que aquela região, ou seja, a pobreza é generalizada.

Outro aspecto importante a destacar é a evolução positiva que a região do Vale do Acre de forma homogênea que, talvez, devido as políticas implementadas na região não terem relações diretas com as formas jurídicas de documentação da terra. Já a evolução no Vale do Juruá, apesar de apresentar também certa homogeneidade, foi negativa, apresentando uma redução em relação ao primeiro período de levantamento da região.

Tabela 4 - Evolução da relação do Nível de Vida das Famílias Rurais com a forma de acesso a terra do Vale do Acre 1996-1997/2005-2006 e Vale do Juruá 1999-2001/2006-2007.

Tipo de Acesso Vale do Acre Vale do Juruá

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Título definitivo 1.021,01 35,5% 851,77 -26,97%

Posse 1.193,20 48,6% 773,45 -5,29%

Arrendamento 935,47 34,1% - -100,00%

Concessão de Uso 946,16 48,1% 786,12 -22,84% *Relativo ao período 1996/1997 Vale do Acre; **Relativo ao período 1999/2001 Vale do Juruá. Fonte: ASPF (2014).

Em relação ao plano de uso do solo, dado no presente trabalho pela forma de uso da terra, a Tabela 5 expressa a relação desse aspecto com o indicador nível de vida.

De acordo com os resultados obtidos a partir da Tabela 5, observa-se situações com extremos diferentes. As famílias consideradas “ricas” para os padrões da população e região de estudo estão situadas no estrato A, apresentando-se em aproximadamente 9% da população total. Percebe-se que essas famílias dependem em grande parte da utilização de pastos para auferirem um nível de vida maior em relação às demais classes, dado que a produção da pecuária extensiva garante maior liquidez em relação a produtos florestais não madeireiros.

Por outro lado, as famílias nos estratos D e E, consideradas pobres e miseráveis, respectivamente, possuem as mesmas características da forma de uso da terra que as famílias do estrato A, porém, encontram-se abaixo na linha de pobreza, uma vez que a extração de produtos na floresta não é valorizada, de forma que o produtor familiar, na tentativa de aumentar os ganhos com a utilização da terra, degradam as áreas de florestas para intensificar a produção agrícola e pecuarista.

É importante destacar que a exploração da pecuária extensiva praticada pela agricultura familiar é ineficiente, uma vez que é uma atividade que requer maiores estruturas para a abertura de pastos, a mão-de-obra assalariada para empregar na produção etc., assim, o produtor rural familiar utiliza a produção de gado bovino apenas como reserva de valor.

Tabela 5 – Relação do Nível de Vida mensal, em termos medianos, da produção familiar rural com as formas de uso da terra, no período de 2005/2006, no Estado do Acre – 2014.

Classes % Nível de Vida Floresta Pasto Área Aberta

A 8,77% 3.806,02 54,29% 30,92% 14,79% B 19,43% 1.779,77 69,64% 20,73% 9,63% C(1) 36,73% 1.012,01 61,99% 24,09% 13,92% C(2) 25,36% 527,76 66,12% 18,60% 15,28% D 6,64% 223,57 59,00% 22,87% 18,13% E 3,08% 106,38 53,98% 22,67% 23,35% Fonte: ASPF (2014).

Em relação às famílias situadas nas classes C1 e B, consideradas a classe média da região, apresentam resultados favoráveis tanto do pondo de vista ambiental, onde a utilização das florestas como principal forma de governança sobre a terra, garantindo maior conservação florestal, como do ponto de vista social e econômico, o nível de vida apresentado um valor considerável para a manutenção dessas famílias no campo.

Entretanto, essa forma de uso terra garante apenas que as famílias dessa região tenham um nível de vida para garantir sua manutenção no meio rural, implicando afirmar que a produção extrativista é limitada no que diz respeito à geração de renda. Para aumentá-la, a instalação de áreas de pastagens para a criação de pecuária bovina é uma alternativa, porém, a degradação ambiental é inevitável para esse tipo de produção, além de ser uma atividade inviável para a agricultura familiar.

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O presente trabalho buscou analisar como as diversas formas de acesso a terra, considerando seu aspecto jurídico (título definitivo, posse, concessão de uso, arrendamento), bem como as formas de uso da terra, observando as questões de planejamento da utilização do solo, impactam no padrão de vida das famílias produtoras rurais nas mesorregiões do Vale do Acre e Vale do Juruá no Estado do Acre.

As análises econômicas e produtivas apontaram para uma grande evolução positiva da produção agrícola no período de 2005/2006, para a região do Vale do Acre, e 2006/2007, para a região do Vale do Juruá, em relação aos períodos 1996/1997 e 1999/2001, respectivamente.

De modo geral, essa grande evolução agrícola na geração de renda bruta da produção familiar rural do Estado do Acre, teve como seu “carro-chefe” as criações de gado bovino, fato preocupante por se tratar de uma atividade altamente concentradora de terras e renda, como também os problemas ambientais que trazem ao ser implantadas áreas de pastagem.

Por outro lado, no Vale do Acre, percebeu-se um aumento significante da participação dos produtos com origem extrativista, notadamente aos incentivos governamentais para a cadeia produtiva de produtos como a castanha-do-brasil e os produtos madeireiros.

Em relação as análises socioeconômicas, de modo geral, apontou-se para uma situação de inviabilidade econômica, notadamente, com a redução do índice de eficiência econômica. Além disso, apresentou um aumento na renda bruta total das famílias, porém, uma redução no padrão de vida das famílias, apontado pelo indicador nível de vida.

Parece contraditório o aumento de um indicador e a redução de outro que estão indiretamente ligados. Entretanto, tal aumento da renda bruta total justifica-se através do fato que, provavelmente, as famílias estão se assalariando fora de suas unidades produtivas e, principalmente, pelas transferências de renda governamentais implantadas nos últimos dez anos no país, enquanto, a redução do nível de vida está atrelada ao enfraquecimento do autoconsumo da agricultura familiar, que é uma de suas principais características, bem como pela queda nos preços da borracha e outros produtos extrativistas - exceto a castanha-do-brasil - e dos produtos agrícolas, fruto da desorganização dos mercados e também pela ausência de progresso técnico, resultando em elevados custos de produção.

O enfraquecimento desse indicador levou a uma enorme elevação em indicadores que mostram a relação da agricultura familiar com o mercado, como o VBCC e LDM, implicando afirmar que as famílias possuem grande endividamento externo por tal elevação superar o aumento da renda bruta total.

Com relação à distribuição de renda e pobreza na região, contatou-se uma “melhora”, no que diz respeito a equidade de renda, com a redução do índice de Gini. Porém, essa redução significou uma que houve uma distribuição da pobreza na região, observando que o número de pobres e miseráveis aumentou substancialmente, como também a redução das famílias consideradas ricas a partir do nível de vida.

A análise a partir na estratificação através da forma de acesso a terra apontou uma homogeneidade tanto no Vale do Acre, quanto no Vale do Juruá, porém, na primeira região constatou-se que o padrão de vida das famílias é maior e apresentou uma evolução positiva, enquanto a segunda região apresentou uma queda generalizada.

O cruzamento dos dados de forma de uso da terra, que reflete as questões ambientais dentro das unidades produtivas, com o nível de vida das famílias, infelizmente, devido à ausência de dados dos primeiros levantamentos de pesquisa, não pôde ser feita a evolução do percentual das áreas degradadas.

Entretanto, coube uma análise com os dados do levantamento mais recente sobre como a forma de utilização da terra impacta no padrão de vida das famílias. Percebeu-se que as características ambientais entre as famílias consideradas ricas são semelhantes às famílias pobres e miseráveis, tendo em vista as áreas abertas e de pastagens, se somadas,

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corresponderam a aproximadamente 45% da área total, implicando afirmar que essas famílias também possuem como característica a atividade produtiva da pecuária.

Ressalta-se que a atividade pecuária trata-se de uma atividade produtiva altamente degradante ao meio ambiente e ineficiente do ponto de vista produtivo e econômico para a agricultura familiar. Ora, as famílias que possuem um padrão de vida elevado correspondem a apenas 9%, mostrando que uma minoria consegue se estabelecer através da produção extensiva pecuarista. Além disso, mesmo as famílias pobres e miseráveis planejando o uso de suas terras mediante a destinação da área para a atividade pecuarista, estas não conseguem obter um padrão de vida digno.

Por outro lado, as famílias classificadas em C(1) e B, considerando a quantidade relativa de floresta presente na área, exercem atividades produtivas extrativistas e possuem um padrão de vida razoável, ou seja, é possível pensar em alternativas produtivas que conciliem a conservação ambiental com uma geração de renda que proporcione condições dignas para a reprodução social das famílias.

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Referências

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