GOVERNO
República Democrática de Timor-Leste Secretaria de Estado dos Recursos Naturais
GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO
DISCURSO DE
S. EXA. SR. ALFREDO PIRES
SECRETÁRIO DE ESTADO DOS RECURSOS NATURAIS REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
ORADOR PRINCIPAL
NA ABERTURA DA 15.º CONFERÊNCIA DO OFFSHORE DO SUDESTE ASIÁTICO – AUSTRÁLIA (SEAAOC)
A Nova Fronteira de Timor-Leste: Petróleo para o Desenvolvimento Humano
Sua Excelência o Ministro Chefe Paul Henderson Ilustres Convidados
Senhoras e Senhores,
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Ministro Henderson pelo convite que me dirigiu para falar hoje em nome do Governo de Timor-Leste nesta conferência tão importante. É com grande prazer que estou aqui para me dirigir a todos vós e falar sobre Timor-Leste enquanto nova fronteira e do seu petróleo para o desenvolvimento humano – A nossa visão e os nossos planos para o desenvolvimento do petróleo e do gás.
Mas gostaria de começar por partilhar convosco alguns dados sobre Timor-Leste que provavelmente ainda não conheceis.
No último ano Timor-Leste foi classificado como tendo a segunda economia com maior crescimento em todo o mundo, atrás apenas do Qatar, com uma taxa de crescimento de 12,8%, apesar da crise financeira global.
Poderá também ser uma surpresa para vós saber que Timor-Leste tem uma das taxas de criminalidade per capita mais baixas em todo o mundo.
O compromisso do novo Governo para com o desenvolvimento de capital menor e maior em Timor-Leste possibilitou um aumento de cerca de 339% em 2008, sendo que executámos mais do orçamento de modo a melhorar as vidas dos nossos cidadãos que todos os governos anteriores juntos, conseguindo um aumento de 286%.
O Banco ANZ em Díli anunciou recentemente que as novas contas este ano aumentaram em 80%, que o número de pessoas recebidas aumentou 2% por semana e que os empréstimos concedidos aumentaram para o dobro, o que nos diz que a economia está a avançar.
Sendo uma nação jovem, Timor-Leste tem muita sorte em dispor de recursos substanciais a nível de petróleo, gás e minerais. De acordo com a Constituição de Timor-Leste, todos os recursos naturais, petrolíferos e minerais pertencem ao Estado.
O Estado deve explorar estes recursos para benefício de toda a população de Timor-Leste.
Com a exploração e produção de recursos petrolíferos Timor-Leste é agora capaz de receber um fluxo contínuo de receitas a partir de um dos campos no Mar de Timor que exploramos em conjunto com a Austrália.
O Projecto do Bayu Undan tem sido uma fonte de receitas muito boa para o país, todavia o desenvolvimento petrolífero não está limitado às receitas. Envolve igualmente a construção da nação através da criação de emprego e de novas actividades económicas que possibilitem o crescimento social e económico sustentável e a longo prazo do país.
Nesta medida, o Governo considera que o desenvolvimento do petróleo e do gás com base nas costas de Timor-Leste é muito importante. De outro modo reverteremos à situação que a antiga Ministra Chefe Clare tão bem descreveu numa das suas intervenções, nomeadamente que se o desenvolvimento do petróleo e do gás não assentar nas costas, será quase como um “regresso ao passado em que os agentes de desenvolvimento viam a Austrália como sendo apenas uma mina ou uma pedreira” – com os recursos a serem extraídos sem que isso resulte em benefícios significativos infra-estruturais e económicos.
É por esta razão que qualquer desenvolvimento futuro dos recursos petrolíferos deve estar estrategicamente alinhado de forma a trazer receitas e oportunidades a longo prazo para o nosso povo.
Não estamos a falar somente sobre a principal fonte de receitas, os direitos e os impostos. Estamos a falar sobre apoio logístico às indústrias do petróleo e do gás,
sobre a construção de armazéns e locais de manutenção, de serviços de mudança de equipas e de apoios a operações offshore. Estamos a falar da base de fornecimentos, assim como das actividades relativas às refinarias, instalações petroquímicas, instalações de liquefacção de gás (instalação de GNL) e instalações de metanol. Tudo isto irá criar emprego e oportunidades de negócio.
Senhoras e Senhores,
Tal como o Território do Norte, que se tem vindo a tornar uma plataforma de gás para esta região e começa agora a retirar os benefícios económicos desta situação, Timor-Leste pretende construir as bases para se tornar igualmente uma plataforma de gás.
Em Timor-Leste gostamos de ter cidades australianas como sendo “cidades irmãs” das nossas vilas timorenses, pelo que também podemos chamar a estes dois potenciais centros de gás “plataformas de gás irmãs”.
O Território do Norte pode ser a plataforma para os campos de gás da parte sul do Mar de Timor, enquanto Timor-Leste pode ser a plataforma para os campos de gás da parte norte.
Na preparação deste desenvolvimento o Governo de Timor-Leste designou três centros para serem o corredor do desenvolvimento do petróleo e do gás.
Localizado na parte sul do país, o Governo afectou 400 hectares em Suai para o desenvolvimento de uma Base de Fornecimentos, 300 hectares em Betano para Refinarias e Petroquímicas e 250 hectares de terreno em Beaco para o desenvolvimento da instalação de GNA até 20 MTPA.
Estas vilas estão mais próximas da maior parte das actividades de exploração de petróleo e gás, encontrando-se numa área onde existem diversas fossas de petróleo e gás com potencial para virem a ser exploradas no futuro.
A curta distância até aos centros de actividade também representa poupanças para a indústria.
Em termos de desenvolvimento humano, a passagem das actividades do petróleo e do gás para a área da costa sul irá ajudar a reduzir a migração para o norte, em particular a capital Díli, que se está a tornar cada vez mais sobrepovoada. Ter novos centros irá literalmente fomentar uma nova fronteira para Timor-Leste.
Este desenvolvimento será levado a cabo em parceria com o sector privado e com o apoio do Governo.
Em todos estes três centros, o Governo de Timor-Leste está pronto a investir. Estamos empenhados em construir as infra-estruturas e serviços básicos que irão apoiar a indústria, tais como um Aeroporto e um Heliporto, um abastecimento fiável de água, uma auto-estrada ligando os três centros e um fornecimento fiável de electricidade.
Foi entretanto construído um novo hospital no distrito de Suai, próximo da área designada para a Base de Fornecimentos. Os serviços de telecomunicações e de banca são uma realidade, sendo que outros serviços estão de presente a ser fomentados a fim de apoiar os nossos planos de desenvolvimento.
O Governo aprovou igualmente uma legislação fiscal deveras generosa, como por exemplo um imposto sobre rendimentos corporativos baixo (10%) para todas as actividades a jusante. A taxa de depreciação dos investimentos de capital maior é de 100% com efeitos imediatos. Na prática isto representa um par de anos de férias fiscais para os grandes investimentos de capital e uma taxa de imposto muito baixa após esse período.
Tendo partilhado convosco a nossa visão e planos para o futuro da indústria do petróleo e do gás em Timor-Leste, não posso deixar de aproveitar este fórum tão importante para referir a questão do desenvolvimento do campo do Greater Sunrise.
Tal como estais cientes, o Greater Sunrise é um dos maiores campos de gás nesta região e no Mar de Timor. O campo percorre a jurisdição administrativa temporária explorada em conjunto por Timor-Leste e pela Austrália. A Autoridade Nacional do Petróleo administra 20,1% do Greater Sunrise, sendo os restantes 79,9% administrados pelas autoridades reguladoras da Austrália. Timor-Leste e a Austrália estabeleceram um Tratado sobre Certos Acordos Marítimos no Mar de Timor (Tratado CAMMT) e um Acordo Internacional de Unificação (AIU) que reconhecem que a área no Mar de Timor é uma área disputada, incluindo a área do Greater Sunrise. Timor-Leste e a Austrália concordaram também que nenhum dos países deve reclamar a soberania ou a jurisdição exclusiva da área nos próximos 50 anos. É assim que nós vemos estes acordos, e como tal o Greater Sunrise é essencialmente um campo de exploração conjunta, administrado pelos dois países, independentemente da parte que caiba a cada um, de uma administração temporária ou do fluxo de receitas. Timor-Leste está empenhado em trabalhar sob este quadro.
Senhoras e Senhores,
Em termos comerciais, estudámos a viabilidade económica do desenvolvimento de um gasoduto e de uma instalação de GNL em Timor-Leste de 4 MTPA ou 6 MTPA a partir de qualquer campo no Mar de Timor, mais especificamente o campo de gás do Greater Sunrise.
Os estudos do Governo, elaborados em colaboração com terceiros e com empresas independentes de serviços de nível mundial, vieram confirmar a viabilidade técnica de um gasoduto que atravesse a Depressão de Timor.
Estudámos também os riscos associados com tal empreitada, e ficámos bastante confiantes com os resultados.
Os estudos mostram igualmente que o desenvolvimento do Greater Sunrise para Timor-Leste é comercialmente muito mais viável do que nos havia sido feito crer.
Tendo partilhado tudo isto convosco, gostaria agora de reiterar a posição do Governo de Timor-Leste a respeito do desenvolvimento do campo de gás do Greater Sunrise.
Em primeiro lugar, todos os Tratados e Acordos que estabelecemos com o Governo da Austrália requerem que o desenvolvimento dos recursos no Mar de Timor, incluindo no Greater Sunrise, seja em benefício dos povos de Timor-Leste e da Austrália.
Um desenvolvimento no Mar de Timor, o projecto do Bayu Undan, beneficiou o povo da Austrália através das suas infra-estruturas em Darwin. É apenas justo que desta vez Timor-Leste beneficie do desenvolvimento de infra-estruturas no Greater Sunrise com uma instalação de GNL em Timor-Leste.
É tecnicamente possível; É comercialmente viável; e É legalmente merecido.
Talvez as gerações futuras possam estabelecer um acordo alternativo, mas o nosso compromisso para com este projecto faz com que seja muito difícil para nós estabelecer qualquer acordo que não preveja um gasoduto e uma instalação de GNL em Timor-Leste.
O desenvolvimento do Greater Sunrise irá transformar a nossa nação ou continuar a ser um sonho distante para todos nós.