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Caríssimos irmãos, Com grande pesar comunico-lhes o falecimento do nosso prezado irmão

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Academic year: 2021

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1 Caríssimos irmãos, Com grande pesar comunico-lhes o falecimento do nosso prezado irmão

ocorrido no dia 7 de abril às 7,30 hs. da manhã.

Nada nos fazia prever tão doloroso acontecimento.

Havia alguns dias apenas, que se queixava de um resfriado. Um médico amigo o visitara, nada encontrando que inspirasse cuidados. Sentia grande cansaço mas o atribuía à gripe.

Perguntado se queria ir para o hospital onde poderia mais prontamente restabelecer-se, respondeu que não era preciso. Era questão de alguns dias de descanso e estaria de novo em boas condições de saúde.

Na véspera de sua morte mudou-se para um quarto próximo à enfermaria. Não quis ser carregado. Quis ir por seus próprios pés.

As 21,30 hs. o Pe. Prefeito e o Pe. Cataquista foram dar-lhe uma injeção coramina para prevenir uma possível fraqueza cardíaca. Dormia plàcidamente.

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2 Foi acordado. Tomou a injeção e afirmou achar-se melhor. Tinha dormido bem. Sentia-se repousado e disposto, e, na sua linguagem expressiva, estava em condições de entrar em campo para recomeçar o jogo.

Grande foi, portanto, a emoção quando pelas 7,10 hs. da manhã, o enfermeiro foi correndo avisar ao Pe. Prefeito, que acabara de rezar Missa que o Pe. Ignácio estava passando muito mal, com forte dispneia.

Chamado com toda a urgência, o médico nada pôde fazer. Já tinha o doente entrado em agonia. E o nosso caro Pe. Ignácio, após receber a Unção dos Enfermos, partia para a eternidade às sete horas e meia, placidamente, co-mo que adomecendo.

As 9,00 horas houve Missa de corpo presente. A capela foi transformada em câmara ardente. Grande foi, e poderíamos até dizer, extraordinário, o número de pessoas que, durante o dia e a noite, se dirigiam à igreja para rezar pelo saudoso extinto.

Pela manhã do dia 8, o Revmo. Sr. Pe. Inspetor cantou solene Missa exequial. Nesse dia as Missas foram tão concorridas, como se fossem em dia de preceito, tal era a estima da população para com o Pe. Ignácio.

Às 9,30 hs. deu-se o sepultamento no jazigo da família salesiana, no cemitério da "Saudade".

Pe. Ignacio nasceu ass 3 de agosto de 1901, na cidade de Caxambu. Estado de Minas Gerais.

Dotado de inteligência viva e memória tenaz, sobressaiu nos estudos desde o curso primário, feito em sua cidade natal. Para fazer o ginásio, matriculou-se no Colégio São Joaquim, de Lorena. Ali encontrou, entre os Salesianos de então, um ambiente propício ao desabrochar de sua vocação religiosa e sacerdotal. Encaminhado ao Colégio São Manoel de Lavrinhas, nele se preparou devidamente para ingressar no noviciado. Fêz sua primeira profissão religiosa com a profunda convicção de uma personalidade forte. Quando, ainda professo trienal, recebeu a herança que lhe tocava, por morte da mãe, deu-a generosamente para que se construísse um bom acréscimo ao Colégio São Manoel. E disse aos superiores, na ocasião, não precisar desse dinheiro, pois iria viver para sempre na Congregação. E, de fato, nela ficou até a morte. "Fidelis usque ad mortem".

Após o curso filosófico, foi enviado ao Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, para o triênio prático.

Com tato e coração tomou conta da quinta divisão formada pelos pe-queninos dos primeiros anos primários, e depois da divisão dos maiores. Todos

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3 os seus ex-alunos se lembram, com saudades, do bom espírito, que entre eles reinava, por influência do Assistente.

Em 1928, foi enviado a Turim onde cursou a Sagrada Teologia.

Durante os anos, que passou na Itália começou a manifestar-se o seu extraordinário jeito e sincera caridade no trato dos doentes. Tornou-se o en-fermeiro vigilante e solícito do venerando Pe. Aleixo Barberis, já havia anos doente e necessitado de cuidados especiais.

Recebeu a sagrada ordem do" Presbiterato das mãos do Cardeal Maurílio Fossati, na grandiosa Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, construída por S. João Bosco. Era o dia 8 de julho de 1932.

De volta da Europa, foi destinado ao Colégio São Manoel de Lavrinhas. De 1934 a 1936 trabalhou no Colégio D. Bosco de Araxá. Foi tão relevante sua ação entre os alunos e o povo, que, 20 anos depois, quando o colégio celebrava sua bodas de prata, o Prefeito da cidade, seu antigo aluno, fez questão da presença do Pe. Ignácio, pagando-lhe passagem de avião e deixando o carroda prefeitura à disposição dele. Tão profunda fora a impressão lá deixada pelo saudoso extinto, que os anos não tinham conseguido apagar.

De 1937 a 1941, foi o Liceu Coração de Jesus de São Paulo, o campo de sua atividade. Professor, com grande número de aulas, ainda encontrava tempo para auxiliar a obra paroquial.

Confessor inteligente e virtuoso, era procuradíssimo pelos fiéis que se acumulavam ao redor de seu confessionário.

Em 1942, o Ginásio D. Helvécio de Ponte Nova, Estado de Minas Gerais, o recebeu de braços abertos, conservou-o no coração durante os quatro anos que lá esteve, e o viu partir saudoso, em demanda de seu último campo de apostolado, o Liceu Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas, Estado de São Paulo, onde chegou aos 23 de fevereiro de 1946.

Por onze anos foi capelão do Colégio Coração de Jesus da Congregação das Irmãs do Calvário, exercendo o seu ministério sacerdotal com grande zelo e dedicação, e realizando entre as alunas um bem extraordinário.

Ao mesmo tempo, no Liceu, lecionava matemática e história, no ginásio e científico. E seus alunos podem atestar, com que proficiência e utilidade e agrado incomum, se desempenhou ele desse mister.

Sua caridade para com os doentes sublimou-se nos cuidados, quase diria heróicos, prestados ao Pe. Leão Valerie, que, vítima de um derrame cerebral, por oito anos o teve como enfermeiro. A todos maravilhava vê-lo empurrar a cadeira de rodas com tanto carinho e delicadeza, que mais não os tivera uma mãe. Paciência, amor fraterno fora do comum, e espírito de renúncia, que o

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4 levavam a sacrificar-se dia e noite, transpareciam evidentes, nesse seu trabalho de verdadeiro bom samaritano.

Estava também, sempre pronto para atender doentes do bairro que o cha-massem, para confessá-los, para levar-lhes a comunhão, ou ministrar-lhes a Unçâo dos Enfermos.

Às quatro horas da manhã já se dirigia à capela, para as confissões dos fiéis. Durante o dia, a qualquer hora que se achasse livre de outros afazeres, ouvia confissões e mais confissões. Nas vésperas das festas de preceito, da primeira sexta feira de cada mês, Pe. Ignácio confessava sem parar. Sabendo disso, os párocos da redondeza, lhe enviavan penitentes a valer. Por causa disso, é que no dia em que seu corpo ficou em câmara ardente na capela, esteve esta literalmente cheia, até altas horas da madrugada. Era um nunca acabar de almas agradecidas, que vinham rezar por aquele que tantas vezes lhes fizera renascer no coração, a graça de Deus, pela absolvição sacramental.

Padre Ignácio era uma alma reta, amigo da verdade. Tinha profunda compreensão dos fatos. Espírito atilado penetrava a realidade, sem se deter nas aparências. Nunca se lhe pôde desmentir uma afirmação, porque antes de fazê-la, procurava certificar-se com todo cuidado. Dotado de índole alegre, gostava de uma brincadeira sadia, sempre condizente com o ambiente, as circunstâncias e as pessoas.

Por isso tinha inúmeros amigos em todas as camadas da sociedade. Para todos tinha uma palavra acertada e amiga, que cativava e prendia.

Fiel no cumprimento exato das práticas de piedade, era exemplar o seu grande espírito de oração.

Pe. Ignácio deixa, entre nós, impressões profundas de salesianidade, de trabalho incessante e de espírito apostólico.

Temos firme esperança de que já esteja gozando da contemplação de Deus ao lado de Nossa Senhora Auxiliadora, de São João Bosco e de tantas almas salvas pelo seu ministério sacerdotal. Recomendo-o, todavia, às orações e sufrágios de todos os bons irmãos, que também rezarão, por certo, por esta casa e por quem se professa

Irmão em Dom Bosco Pe. Melico Cândido Barbosa

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DADOS PARA O NECROLÓGIO PE. INÁCIO TEIXEIRA DE ANDRADE

*Caxambu (MG), 03 de agosto de 1901, †Campinas (SP), 07 de abril de 1959 com 58 anos de idade,

37 anos de vida religiosa salesiana e 27 anos de presbiterado.

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