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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO FORO CENTRAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL DO FORO CENTRAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GRERJ ELETRONICA:71437906528-86

FLAVIO NANTES BOLSONARO, brasileiro, casado,

Senador da República, inscrito no RG 12.480598-7/Detran e no CPF/MF 087.011.227-97, residente na SQS, nº 316, Bloco C, apartamento 601, Asa Sul – Brasília/DF, CEP 70.387, por seus advogados vem propor este

PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZO (interpelação judicial),

em face de WILSON JOSÉ WITZEL, governador afastado do Governo do Estado do Rio de Janeiro,identidade civil nº. 13011294-9/Detran e inscrição no CPF com o nº. 102.137.708-22, com endereço na Rua professor Valadares, 177, Grajaú - Rio de Janeiro (RJ) o que faz com fulcro no artigo 144 do Código Penal e de acordo com o que segue adiante alinhado.

1. Sinopse.

O interpelado é figura pública e ficou conhecido por protagonizar as seções policiais dos tabloides nacionais, principalmente durante a sua passagem meteórica pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, a qual culminou com o processo de impeachment que o alijou do Governo Fluminense, como se sabe.

Quando já dispensado das suas funções, o interpelado foi convocado pela estrepitosa Comissão Parlamentar de Inquérito apelidada de CPI da COVID, que substituiu o ex-governador, em boa hora, nas páginas de escândalos dos jornais de todo o país.

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A oitiva do requerido na citada CPI (16/06/2021), todavia, além de nada ter esclarecido, serviu apenas para que ele assacasse contra a honra do interpelante, atribuindo-lhe condutas ora delitivas, ora difamatórias acompanhados de impropérios de toda sorte.

Embora não tenha sido claro quanto à natureza das imputações que sorteou contra o peticionário – razão, aliás, de esta peça ainda ter a forma de uma mera interpelação - o arguido deixou muito clara a sua intenção de atribuir condutas, ilícitas ou não,ao Senador Bolsonaro, bem como a de ofender a sua dignidade e o seu decoro pessoal, social e profissional em várias passagens do seu discurso.

Daí o pedido de explicações.

2. A competência.

A presente interpelação foi dirigida à Vara Criminal em virtude do que se logrou inferir das frases e alusões feitas pelo interpelado durante o seu discurso no Senado Federal1, as quais retratam delitos de Calúnia, Difamação e Injúria em concurso material de crimes, com as majorantes de pena previstas pelo artigo 141 da codificação penal e seus incisos.

Por essa razão – penas que, somadas, ultrapassam o patamar de competência do Juizado Especial Criminal, que é de dois anos no máximo – teve-se a competência da Vara Criminal como certa para o conhecimento e julgamento da demanda vindoura, tudo a depender das explicações a serem dadas pelo ex-governador.

De toda sorte, ainda que não se saiba até o momento a verdadeira natureza e extensão dos fatos imputados pelo interpelado ao Senador interpelante, o fato é que ele mesmo declarou à imprensa que tão logo receba a “demanda’, ingressará com a exceção da verdade, expediente processual que, pela lei, só pode ser usado em casos de calúnia e difamação.

Com isso está firmada, pois, a competência da Vara Criminal como juiz natural da causa, considerando-se que o presente procedimento é tão somente uma preparação para futura demanda, repita-se, por crimes contra a honra, cujas penas, somadas, inevitavelmente ultrapassarão o patamar de 2 anos.

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2.1 Ainda a competência.

Outrossim, tem-se a regra inserta no artigo 73 do código de ritos, a qual permite que o oferecimento da Queixa-Crime seja feito no foro do domicílio do réu:

“Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.

Com esse quadro, a despeito de o domicílio do interpelante ser fixado em outra unidade da federação e, abstraído o local de consumação dos delitos em questão, o Foro da Comarca da capital do Rio de Janeiro se mostrou o mais apropriado para receber estes autos, à luz do dispositivo supracitado, até por propiciar maior facilidade na instrução criminal a se realizar.

3. Os dizeres irresponsáveis do interpelado e as explicações perseguidas.

Foram basicamente dois os momentos em que o interpelado atacou a honra subjetiva e objetiva do arguente. Ei-los:

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Por ordem.

3.1 “Dono dos Hospitais federais no Rio”.

A covardia demonstrada pelo arguido durante a sua inquirição na aludida CPI, cedeu espaço a uma centelha de coragem nos bastidores do Senado, quando chegou a dizera alguns Senadores que “o dono dos hospitais federais do Rio de Janeiro é o Bolsonaro”, referindo-se ao Senador interpelante.

A própria imprensa noticiou o fato dessa forma.

No curso da sua exposição, no entanto, o interpelado havia se limitado a dizer que os mencionados hospitais teriam um “dono’, porém sem citar nomes.

É necessário que se faça uma explicação sobre esse tema.

Por mais clara que seja a imputação de ilícito ao interpelante na mensagem “Flavio Bolsonaro é o dono dos hospitais federais do Rio”, ainda é dúbio o tipo de fato aventado pelo governador expulso.

O que pretendeu dizer o interpelado: que haveria corrupção? Tráfico de influência? Relações espúriasde compadrio?

Em que contexto um Senador da República poderia ser dono ou ter alguma ingerência em hospitais federais em algum ente da federação.

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Influindo ou dirigindo licitações dessas instituições? Por isso mesmo é duvidosa a natureza do fato, se difamatória, caluniosa ou até mesmo injuriosa.

Daí a necessidade deste feito preparatório (explicações). Só ele será capaz de desvelar a real intenção do requerido naquele malsinado momento.

3.2 “Não sou porteiro para ser intimidado”

Noutro episódio patético e lamentável, o governador destronado fez clara alusão ao rumoroso caso da ex-vereadora MARIELLE FRANCO, cujo assassinato ainda não teve solução satisfatória, e do porteiro que atuou como testemunha na respectiva investigação.

Aconteceu quando o Senador-Relator da Comissão Parlamentar – Creia-se, Sr. Renan Calheiros – pediu uma espécie de proteção à Presidência da Casa para que a testemunha (WITZEL), escapasse da inquirição incisiva que vinha sofrendo do Senador Bolsonaro, ao que o arguidorespondeu com outra pérola:

“Não sou porteiro para ser intimidado”.

À categoria desses trabalhadores a ofensa é clara. No que toca ao Interpelante, contudo, a menção foi novamente nebulosa.

O que quis dizer com esses termos? Que o Senador Bolsonaro coagiu aquela humilde testemunha durante a investigação sobre a morte da ex-vereadora?! Que o interpelante coage porteiros? Testemunhas?

Mais uma vez é indispensável a resposta do arguido a este tópico para que se possa deflagrar a demanda, com a precisão exigida pela Constituição da República.

4. A capitulação.

Sobre a titulação dos fatos, como visto, seria prematura qualquer adequação típica que se pretendesse fazer neste momento, mas isso não impede, em absoluto quer se teçam algumas considerações sobre a tipicidade das condutas do ainda interpelado. Veja-se.

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Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

“fato definido como crime”, diz o texto do dispositivo. Assim, de ambos os trechos destacados acima se poderia inferir crime de Calúnia.

A nenhum servidor público – Senador ou não – é dado ser “dono” de qualquer repartição ou órgão público, como afirmado pelo interpelado. Se isso ocorre só pode ser em condição anômala ou ilícita, mas em qualquer hipótese, ao arrepio da lei.

O crime de Calúnia, por isso mesmo, é o que se mostra mais adequado à conduta de WITZEL, a princípio.

A difamação seria outra hipótese.

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Mesmo que não tenha sido calunioso o sentido da assertiva feita pelo interpelado, o crime de difamação dificilmente poderia ser afastado do caso concreto.

Ainda que não se cuidasse da atribuição de um fato definido como crime, como ocorre na Calúnia, a vinculação a fatos ofensivos à reputação do Senador arguente seria inevitável, eis que em nenhuma hipótese ele poderia receber a pecha de “dono” de hospitais federais, onde quer que seja, de forma republicana ou regular.

Necessariamente haveria algum fato imoral ou amoral atrelado à sua atividade, caso fosse verdadeira a acusação. Mas, seria um fato, de qualquer maneira.

Finalmente a Injúria:

“Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

... omissis ...

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência

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A injúria preconceituosa prevista pelo parágrafo 3º do artigo acima reproduzido, se amoldaria perfeitamente à triste referência feita ao porteiro (e à sua classe), sem dúvidas.

E no que pertine ao Senador defendendo, o texto seria o do caput do dispositivo, pelo simples fato de que a sua honra foi atingida várias vezes de maneira vil, com o lançamento de inúmeros epítetos subliminares à sua pessoa (coator de testemunhas, corrupto, traficante de influência, peculatário, para citar só os mais aparentes).

5. O pedido.

Por tudo isso, pede-se a V.Exa. que determine a imediata intimação do arguido, para que responda à presente ou, para que o seu silêncio dê azo à propositura da demanda privada subsequente, de acordo com a parte final do artigo 144 do codex repressivo2.

6. A instrução da peça.

Para que não haja dúvidas a respeito do que aqui foi explanado, este petitório segue escoltado pelas duas reportagens indicadas acima, bem como pelo instrumento procuratório e pela matéria jornalística em que o interpelado alega estar aguardando a Queixa-Crime para ofertar a Exceção da Verdade. https://g1.globo.com/globonews/estudio-i/video/witzel-diz-que-flavio-bolsonaro-e-dono-de-hospitais-federais-do-rj-9612444.ghtml https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2021/06/16/cpi-da-pandemia-ouve-o-ex-governador-do-rj-wilson-witzel https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2021/06/21/flavio-bolsonaro-ira-a-justica-contra-witzel-por-fala-na-cpida-pandemia

Rio de Janeiro, 25 de junho de 2021.

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