Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
A EXPRESSÃO DO ESPAÇO E DO MOVIMENTO NO
ESPANHOL PARAGUAIO: ANÁLISE E DESCRIÇÃO
THE EXPRESSION OF SPACE AND MOVEMENT IN
PARAGUAYAN SPANISH: ANALYSIS AND DESCRIPTION
LA EXPRESIÓN DEL ESPACIO Y EL MOVIMIENTO EN EL
ESPAÑOL PARAGUAYO: ANÁLISIS Y DESCRIPCIÓN
Milena do Carmo Lima1 Valdilena Rammé2
Resumo: A verificação dos sentidos mais finos das preposições associados aos itens lexicais que expressam
conceitos espaciais pode nos ajudar a entender de forma mais refinada a variação observada tanto no portugu quanto no espanhol de nossa região. Logo, esta pesquisa investiga quais traços conceituais estariam dentro das preposições que participam das construções que denotam movimento e localização espacial no espanhol paraguaio. Assim, levantamos um pequeno
movimento espacial, recortadas de jornais populares da Cidade do Leste, e comparamos, dentro de uma perspectiva contrastiva, com estudos sobre o fenômeno já realizados no português brasileiro.
Palavras-chaves: Mudança e variação. Preposições. Expressão de espaço e movimento.
Abstract: Verifying the finer grained meanings of prepositions associated with lexical items that express spatial
concepts can help us understand in a more refined way the var
spoken in our region. Therefore, this research investigates which conceptual features would be within the prepositions that participate in the constructions that denote spatial motion and location in Paraguaya
Thus, a small corpus containing sentences that express location and spatial motion was created from popular newspapers from Ciudad del Este, and then compared, with studies on the phenomenon that have already been carried out in Brazilian Portuguese.
Keywords: Linguistic change and variation
Resumen: El estudio de los significados más finos de las proposiciones asociadas a elementos léxicos que
expresan conceptos espaciales puede ayudarnos a comprender de manera más refinada la variación que podemos observar, tanto en portugués, como en español, en nu
características conceptuales constituyen las preposiciones que participan en las construcciones que denotan movimiento y localización espacial en el español paraguayo. Por lo tanto, levantamos un
etiquetado con oraciones que expresan localización y movimiento espacial, recortadas de periódicos populares en la Ciudad del Este, y comparamos, en una perspectiva contrastiva, con estudios ya realizados en portugués brasileño sobre ese fenómeno.
Palabras clave:Cambio lingüístico y variación. Preposiciones. Expresión de espacio y movimiento. Envio 20/01
1Graduanda do curso de Letras
Integração Latino-americana - UNILA
2Doutora em Letras e professora do curso de Letras
Universidade Federal da Integração Latino
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 4-19 Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
A EXPRESSÃO DO ESPAÇO E DO MOVIMENTO NO
ESPANHOL PARAGUAIO: ANÁLISE E DESCRIÇÃO
THE EXPRESSION OF SPACE AND MOVEMENT IN
PARAGUAYAN SPANISH: ANALYSIS AND DESCRIPTION
LA EXPRESIÓN DEL ESPACIO Y EL MOVIMIENTO EN EL
ESPAÑOL PARAGUAYO: ANÁLISIS Y DESCRIPCIÓN
A verificação dos sentidos mais finos das preposições associados aos itens lexicais que expressam conceitos espaciais pode nos ajudar a entender de forma mais refinada a variação observada tanto no portugu quanto no espanhol de nossa região. Logo, esta pesquisa investiga quais traços conceituais estariam dentro das preposições que participam das construções que denotam movimento e localização espacial no espanhol paraguaio. Assim, levantamos um pequeno corpus etiquetado de sentenças que expressam localização e movimento espacial, recortadas de jornais populares da Cidade do Leste, e comparamos, dentro de uma perspectiva contrastiva, com estudos sobre o fenômeno já realizados no português brasileiro.
Mudança e variação. Preposições. Expressão de espaço e movimento.
Verifying the finer grained meanings of prepositions associated with lexical items that express spatial concepts can help us understand in a more refined way the variation observed in both Portuguese and Spanish spoken in our region. Therefore, this research investigates which conceptual features would be within the prepositions that participate in the constructions that denote spatial motion and location in Paraguaya
containing sentences that express location and spatial motion was created from popular ste, and then compared, with studies on the phenomenon that have already been uese.
Linguistic change and variation. Prepositions. Space and motion expression.
El estudio de los significados más finos de las proposiciones asociadas a elementos léxicos que expresan conceptos espaciales puede ayudarnos a comprender de manera más refinada la variación que podemos observar, tanto en portugués, como en español, en nuestra región. De esa manera, esta investigación examina qué características conceptuales constituyen las preposiciones que participan en las construcciones que denotan movimiento y localización espacial en el español paraguayo. Por lo tanto, levantamos un
etiquetado con oraciones que expresan localización y movimiento espacial, recortadas de periódicos populares en la Ciudad del Este, y comparamos, en una perspectiva contrastiva, con estudios ya realizados en portugués
ambio lingüístico y variación. Preposiciones. Expresión de espacio y movimiento.
1/2020 Revisão 30/01/2020 Aceite 15/03
Graduanda do curso de Letras - Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras UNILA. E-mail: mdc.lima.2016@aluno.unila.edu.br
Doutora em Letras e professora do curso de Letras - Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras. ntegração Latino-americana - UNILA. E-mail: valdilena.ramme@unila.edu.br
9, 2020. Americana (UNILA)
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A EXPRESSÃO DO ESPAÇO E DO MOVIMENTO NO
ESPANHOL PARAGUAIO: ANÁLISE E DESCRIÇÃO
THE EXPRESSION OF SPACE AND MOVEMENT IN
PARAGUAYAN SPANISH: ANALYSIS AND DESCRIPTION
LA EXPRESIÓN DEL ESPACIO Y EL MOVIMIENTO EN EL
ESPAÑOL PARAGUAYO: ANÁLISIS Y DESCRIPCIÓN
A verificação dos sentidos mais finos das preposições associados aos itens lexicais que expressam conceitos espaciais pode nos ajudar a entender de forma mais refinada a variação observada tanto no português, quanto no espanhol de nossa região. Logo, esta pesquisa investiga quais traços conceituais estariam dentro das preposições que participam das construções que denotam movimento e localização espacial no espanhol etiquetado de sentenças que expressam localização e movimento espacial, recortadas de jornais populares da Cidade do Leste, e comparamos, dentro de uma perspectiva contrastiva, com estudos sobre o fenômeno já realizados no português brasileiro.
Mudança e variação. Preposições. Expressão de espaço e movimento.
Verifying the finer grained meanings of prepositions associated with lexical items that express spatial iation observed in both Portuguese and Spanish spoken in our region. Therefore, this research investigates which conceptual features would be within the prepositions that participate in the constructions that denote spatial motion and location in Paraguayan Spanish. containing sentences that express location and spatial motion was created from popular ste, and then compared, with studies on the phenomenon that have already been
Prepositions. Space and motion expression.
El estudio de los significados más finos de las proposiciones asociadas a elementos léxicos que expresan conceptos espaciales puede ayudarnos a comprender de manera más refinada la variación que podemos estra región. De esa manera, esta investigación examina qué características conceptuales constituyen las preposiciones que participan en las construcciones que denotan movimiento y localización espacial en el español paraguayo. Por lo tanto, levantamos un pequeño corpus etiquetado con oraciones que expresan localización y movimiento espacial, recortadas de periódicos populares en la Ciudad del Este, y comparamos, en una perspectiva contrastiva, con estudios ya realizados en portugués
ambio lingüístico y variación. Preposiciones. Expresión de espacio y movimiento.
3/2020
como Línguas Estrangeiras. Universidade Federal da Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras.
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
Introdução
As línguas mudam
maneira de falar já não é a mesma que a de nossas mães e nossas filhas e filhos. Essa
textos antigos, como esta abaixo,
Mas também conseguimos
pronunciar certas palavras (beijo/bejo; nós/nóis),
objetos ou certas ações (entrega vs. delivery; baile vs. discoteca vs. boate vs. balada v (de novo, mas desta vez é baile funk)
encontrei vs. Eu encontrei ela) acima, também podemos visualizar
como o português, o espanhol, o francês, que embora tenham uma mesma mãe, a língua latina, são línguas que hoje possuem muitas diferenças entre si.
Nesse contexto, o presente localizar e descrever possíveis
espanhol e no português em contexto plurilíngue e fronteiriço.
observar de que forma línguas tão próximas como o português e o espanhol possam estar
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Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Placa_pre
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As línguas mudam inevitavelmente. Sabemos disso, porque percebemos que nossa maneira de falar já não é a mesma que a de nossas mães e de nossos pais, ou até mesmo de Essa constatação pareceevidente quando nos deparamos com placas e textos antigos, como esta abaixo, de cem anos atrás:
Figura 1: Imagem de placa portuguesa de 1911
Fonte: WikimediaCommons3
conseguimos perceber mudanças mais recentes, como pronunciar certas palavras (beijo/bejo; nós/nóis), nas palavras que usamos
(entrega vs. delivery; baile vs. discoteca vs. boate vs. balada v (de novo, mas desta vez é baile funk),e atémesmo na formade construir certas frases encontrei vs. Eu encontrei ela).Em uma perspectiva histórica ainda mais alargada
visualizar essas mudanças quando olhamos pa
como o português, o espanhol, o francês, que embora tenham uma mesma mãe, a língua latina, são línguas que hoje possuem muitas diferenças entre si.
presente trabalho é resultado de um projeto de pesquisa que visa localizar e descrever possíveis situações de variação ou de mudança linguística
espanhol e no português em contexto plurilíngue e fronteiriço.Em especial, buscamos línguas tão próximas como o português e o espanhol possam estar
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Placa_pre-1911_(Porto).jpg
9, 2020. Americana (UNILA)
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Sabemos disso, porque percebemos que nossanossos pais, ou até mesmo de quando nos deparamos com placas e
gem de placa portuguesa de 1911
mudanças mais recentes, comona forma de que usamos para indicar certos (entrega vs. delivery; baile vs. discoteca vs. boate vs. balada vs. baile a formade construir certas frases (Eu a mais alargada que aquela essas mudanças quando olhamos para línguas próximas, como o português, o espanhol, o francês, que embora tenham uma mesma mãe, a língua
trabalho é resultado de um projeto de pesquisa que visa situações de variação ou de mudança linguística ocorridas no Em especial, buscamos línguas tão próximas como o português e o espanhol possam estar
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reciprocamente influenciando mudanças na linguístico. Assim, entendemos que
[a]
como mostram o sem
de uma mesma origem comum, apesar de cada uma ter produzido ao longo dos séculos intensas e particulares mudanças, geradas por intensos e particulares e
língua dispor de uma lógica interna singular, as línguas românicas compartilham do mesmo hardware, e por contarem com os mesmos processos cognitivos, não raro encontram
que percorrem caminhos de mudança similares. CACCIAGUERRA, 2009).
Da mesma forma, em seu livro “Dinâmicas funcionais da mudança linguística”, Bagno e Casseb-Galvão (2017) esclarecem que a mudança linguística é constituída por
alteração na forma ou na função dos elementos da língua, visível em determinada comunidade de falantes (p.25), e que por conseguinte, essas transformações linguísticas são frutos da interação permanente e intensa de fatores socioculturais, socioco
e que, portanto, comuns e inevitáveis desde a história da humanidade. A situação de contato
ser apontada, em inúmeras pesquisas que se debruçam sobre a investig
linguística, como uma das razões principais para as transformações observadas nas línguas naturais. De fato, diferentes trabalhos, que partem de distintas perspectivas, muitas vezes conflitantes (como as abordagens formais e funcionais, por
linguístico pode ser registrado como uma causa central na influência da mudança observada nas mais diversas línguas.
Dessa forma, tendo em vista nosso objetivo geral,
expressões espaciais compostas por preposições e verbos de movimento em jornais populares de Cidade do Leste, Paraguai. Simultaneamente, foram estudadas pesquisas que se debruçaram sobre os usos das preposições espaciais no português b
já tem amplamente documentada latim, assim como a variação no
semântico do espaço, codificado pelas preposições e verbos de movimento, se justifica por
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reciprocamente influenciando mudanças nas suas gramáticas em situações de intenso contato , entendemos que
mudança constante é característica intrínseca da comuni
como mostram o sem-número de línguas que conhecemos que derivam de uma mesma origem comum, apesar de cada uma ter produzido ao longo dos séculos intensas e particulares mudanças, geradas por intensos e particulares eventos sociais de seus falantes. No entanto, apesar de cada língua dispor de uma lógica interna singular, as línguas românicas compartilham do mesmo hardware, e por contarem com os mesmos processos cognitivos, não raro encontram-se exemplos de l
que percorrem caminhos de mudança similares. CACCIAGUERRA, 2009).
Da mesma forma, em seu livro “Dinâmicas funcionais da mudança linguística”, Bagno Galvão (2017) esclarecem que a mudança linguística é constituída por
alteração na forma ou na função dos elementos da língua, visível em determinada comunidade de falantes (p.25), e que por conseguinte, essas transformações linguísticas são frutos da interação permanente e intensa de fatores socioculturais, sociocognitivos e tecnológicos (p.32) e que, portanto, comuns e inevitáveis desde a história da humanidade.
situação de contato observada na tríplice fronteira nos interessa especialmente por ser apontada, em inúmeras pesquisas que se debruçam sobre a investig
linguística, como uma das razões principais para as transformações observadas nas línguas naturais. De fato, diferentes trabalhos, que partem de distintas perspectivas, muitas vezes conflitantes (como as abordagens formais e funcionais, por exemplo), apontam que o contato linguístico pode ser registrado como uma causa central na influência da mudança observada
, tendo em vista nosso objetivo geral, foram investigadas e analisadas postas por preposições e verbos de movimento em jornais populares de Cidade do Leste, Paraguai. Simultaneamente, foram estudadas pesquisas que se
re os usos das preposições espaciais no português brasileiro (PB)
documentadas as mudanças linguísticas sofridas, desde sua composição no a variação nosseus usos em PB contemporâneo.
semântico do espaço, codificado pelas preposições e verbos de movimento, se justifica por
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em situações de intenso contatomudança constante é característica intrínseca da comunicação verbal, número de línguas que conhecemos que derivam de uma mesma origem comum, apesar de cada uma ter produzido ao longo dos séculos intensas e particulares mudanças, geradas por intensos
ventos sociais de seus falantes. No entanto, apesar de cada língua dispor de uma lógica interna singular, as línguas românicas compartilham do mesmo hardware, e por contarem com os mesmos se exemplos de línguas diferentes que percorrem caminhos de mudança similares.(OLIVEIRA &
Da mesma forma, em seu livro “Dinâmicas funcionais da mudança linguística”, Bagno Galvão (2017) esclarecem que a mudança linguística é constituída por qualquer alteração na forma ou na função dos elementos da língua, visível em determinada comunidade de falantes (p.25), e que por conseguinte, essas transformações linguísticas são frutos da gnitivos e tecnológicos (p.32)
nos interessa especialmente por ser apontada, em inúmeras pesquisas que se debruçam sobre a investigação da mudança linguística, como uma das razões principais para as transformações observadas nas línguas naturais. De fato, diferentes trabalhos, que partem de distintas perspectivas, muitas vezes exemplo), apontam que o contato linguístico pode ser registrado como uma causa central na influência da mudança observada
foram investigadas e analisadas postas por preposições e verbos de movimento em jornais populares de Cidade do Leste, Paraguai. Simultaneamente, foram estudadas pesquisas que se rasileiro (PB) padrão que , desde sua composição no em PB contemporâneo. O foco no campo semântico do espaço, codificado pelas preposições e verbos de movimento, se justifica por
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este ser um campo crucial para a organização da linguagem dentro de uma perspectiva cognitiva (TALMY, 2000) e conceitual
Tendo em vista que os trabalhos do PB se das preposições “para”, “em” e “a”,
“en” e “a” no espanhol também. De acordo com as 2004; BERLINCK, 2011; WIEDEMER, 2013) contemporâneo passando por uma reorganização
indicam que essas preposições têm substituído a preposição “a” em contextos mais concretos, como na expressão de local
cada vez menos comuns, ao passo que (
principalmente orais, e (1c) tem sido muito mais frequente, tanto na fala quanto na escrita: (1) a. Joana foi à universidade.
b. Joana foi na universidade. c. Joana foi para a universidade.
Nossa pergunta inicial, foi, portanto, se o intenso contato
português observado no cotidiano da tríplice fronteira poderia estar influenciando mudança parecida no espanhol paraguaio. Os resultados indicam, contudo, que, ao contrár do PB, a preposição “a” é o item mais frequentemente empregado para codificar os sentidos de movimento, direção, transferência e localização
Cidade do Leste. Nesse sentido, embora ainda não tenhamos levantado o
do português usado em Foz do Iguaçu, com as investigações e leituras realizadas, já foi possível iniciar a análise contrastiva entre as duas línguas que nos permitiu levantar algumas hipóteses sobre suas semelhanças e diferenças, tanto
da perspectiva do uso.
Na próxima seção, explicitaremos a metodologia que foi utilizada para a análise, tendo em vista que este não foi um trabalho de
referencial teórico que fundamentará nossa análise e, finalmente, apresentaremos e discutiremos os resultados deste trabalho inicial.
Metodologia
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po crucial para a organização da linguagem dentro de uma perspectiva cognitiva (TALMY, 2000) e conceitual (JACKENDOFF, 1983, 1990).
Tendo em vista que os trabalhos do PB se concentram majoritariamente sobre os usos das preposições “para”, “em” e “a”, centralizamos nossas análises nas ocorrências de “para”, “en” e “a” no espanhol também. De acordo com as principais fontes analisadas
2004; BERLINCK, 2011; WIEDEMER, 2013), o sistema preposicional do PB passando por uma reorganização e os usos inovadores
as preposições têm substituído a preposição “a” em contextos mais concretos, como na expressão de localização e direção espacial. Ou seja, sentenças como (1a) tem sido cada vez menos comuns, ao passo que (1b) tem sido preferido em certos contextos, principalmente orais, e (1c) tem sido muito mais frequente, tanto na fala quanto na escrita:
Joana foi à universidade. b. Joana foi na universidade. c. Joana foi para a universidade.
Nossa pergunta inicial, foi, portanto, se o intenso contato entre o espanhol e português observado no cotidiano da tríplice fronteira poderia estar influenciando mudança parecida no espanhol paraguaio. Os resultados indicam, contudo, que, ao contrár do PB, a preposição “a” é o item mais frequentemente empregado para codificar os sentidos de movimento, direção, transferência e localização concretos no espanhol paraguaio usado em
e sentido, embora ainda não tenhamos levantado o
do português usado em Foz do Iguaçu, com as investigações e leituras realizadas, já foi possível iniciar a análise contrastiva entre as duas línguas que nos permitiu levantar algumas hipóteses sobre suas semelhanças e diferenças, tanto da perspectiva da norma padrão, quanto
explicitaremos a metodologia que foi utilizada para a análise, tendo em vista que este não foi um trabalho de corpus tradicional. Na sequência, apresentaremos o rico que fundamentará nossa análise e, finalmente, apresentaremos e discutiremos os resultados deste trabalho inicial.
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po crucial para a organização da linguagem dentro de uma perspectivamajoritariamente sobre os usos nas ocorrências de “para”, fontes analisadas (CASTILHO, , o sistema preposicional do PB os usos inovadores de “para” e “em” as preposições têm substituído a preposição “a” em contextos mais concretos, ização e direção espacial. Ou seja, sentenças como (1a) tem sido 1b) tem sido preferido em certos contextos, principalmente orais, e (1c) tem sido muito mais frequente, tanto na fala quanto na escrita:
entre o espanhol e o português observado no cotidiano da tríplice fronteira poderia estar influenciando uma mudança parecida no espanhol paraguaio. Os resultados indicam, contudo, que, ao contrário do PB, a preposição “a” é o item mais frequentemente empregado para codificar os sentidos concretos no espanhol paraguaio usado em e sentido, embora ainda não tenhamos levantado o corpus preposicional do português usado em Foz do Iguaçu, com as investigações e leituras realizadas, já foi possível iniciar a análise contrastiva entre as duas línguas que nos permitiu levantar algumas da perspectiva da norma padrão, quanto
explicitaremos a metodologia que foi utilizada para a análise, tendo tradicional. Na sequência, apresentaremos o rico que fundamentará nossa análise e, finalmente, apresentaremos e
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
Ainda que este projeto de investigação tenha primeiramente delineou-se o eixo qualit
e análise de dados coletados. Sob essa ótica, a pesquisa também teve caráter descritivo e exploratório. Descritivo, porque detalhamos, utilizando
propriedades das preposições “a”, “para” e “en” sentidos com aqueles observados no PB. Igualmente,
buscou encontrar em dados reais da língua, indicações de usos inovadores, com vistas a construir novas e/ou melhores hipóteses a respeito de algo tão complexo como
forma e significado.
Assim, após a realização de
levantamento dos usos concretos das preposições em textos
jornais populares de Cidade do Leste (Paraguai), e escolhemos o jornal “Vanguardia”, de 8 de junho de 2019 (n° 6.083) para a coleta de dados
isso, foram investigadas expressões espaciais compostas “en” e “para”, o que nos permitiu montar um
O conjunto desses exemplos foi então tra
preposição foi destacada e cada sentença foi analisada, levando
sintático-semântico (frases anteriores e posteriores das passagens selecionadas) e os sentidos que cada uma parecia codificar, de
utilizamos. Para que a análise e discussão dos resultado
de forma sucinta, as abordagens teóricas que fundamentaram nossa tentativa de classificação semântica das preposições
Fundamentação Teórica
Este trabalho se situa dentro dos estudos semânticos das línguas naturais. Assim, nossas análises, utilizamos tanto teorias de uma perspectiva funcional da linguagem encontrarmos algumas limitações para uma classificação mais minudenciada, buscamos igualmente teorias semânticas cognitivas e conceituais
itens lexicais a partir de conceitos espaciais mais concretos que estariam na base humana (TALMY, 2000; JACKENDOFF, 1983)
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 4-19 Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Ainda que este projeto de investigação tenha um base quantitativa (coleta de dados), se o eixo qualitativo e formacional com o intuito de orientar a seleção e análise de dados coletados. Sob essa ótica, a pesquisa também teve caráter descritivo e exploratório. Descritivo, porque detalhamos, utilizando-nos de conceitos semânticos, as sições “a”, “para” e “en”, para posteriormente contrastarmos esses com aqueles observados no PB. Igualmente, é de natureza exploratória, porque encontrar em dados reais da língua, indicações de usos inovadores, com vistas a construir novas e/ou melhores hipóteses a respeito de algo tão complexo como
a realização de fichamentos, resenhas e discussõe
levantamento dos usos concretos das preposições em textos jornalísticos. Para tal, a
jornais populares de Cidade do Leste (Paraguai), e escolhemos o jornal “Vanguardia”, de 8 de junho de 2019 (n° 6.083) para a coleta de dados que formaria o corpus
expressões espaciais compostas basicamentepelas
que nos permitiu montar um corpus de 109 elementos preposicionais.
O conjunto desses exemplos foi então transcrito para uma tabela na qual cada preposição foi destacada e cada sentença foi analisada, levando-se em conta seu contexto semântico (frases anteriores e posteriores das passagens selecionadas) e os sentidos que cada uma parecia codificar, de acordo com as diferentes propostas teóricas que a análise e discussão dos resultados fique clara, apresentaremos a seguir, de forma sucinta, as abordagens teóricas que fundamentaram nossa pesquisa
ão semântica das preposições analisadas.
Este trabalho se situa dentro dos estudos semânticos das línguas naturais. Assim, nossas análises, utilizamos tanto teorias de uma perspectiva funcional da linguagem encontrarmos algumas limitações para uma classificação mais minudenciada, buscamos
teorias semânticas cognitivas e conceituais que propõem uma decomposição dos itens lexicais a partir de conceitos espaciais mais concretos que estariam na base
humana (TALMY, 2000; JACKENDOFF, 1983). Além disso, utilizados como referência
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base quantitativa (coleta de dados),intuito de orientar a seleção e análise de dados coletados. Sob essa ótica, a pesquisa também teve caráter descritivo e nos de conceitos semânticos, as , para posteriormente contrastarmos esses de natureza exploratória, porque se encontrar em dados reais da língua, indicações de usos inovadores, com vistas a construir novas e/ou melhores hipóteses a respeito de algo tão complexo como a relação entre
fichamentos, resenhas e discussões, decidimos fazer o jornalísticos. Para tal, analisamos jornais populares de Cidade do Leste (Paraguai), e escolhemos o jornal “Vanguardia”, de 8 de
corpus preposicional. Com
pelas preposições “a”, de 109 elementos preposicionais.
nscrito para uma tabela na qual cada se em conta seu contexto semântico (frases anteriores e posteriores das passagens selecionadas) e os sentidos acordo com as diferentes propostas teóricas que s fique clara, apresentaremos a seguir, pesquisa e a posterior
Este trabalho se situa dentro dos estudos semânticos das línguas naturais. Assim, para nossas análises, utilizamos tanto teorias de uma perspectiva funcional da linguagem e, ao encontrarmos algumas limitações para uma classificação mais minudenciada, buscamos que propõem uma decomposição dos itens lexicais a partir de conceitos espaciais mais concretos que estariam na base da cognição Além disso, utilizados como referência
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
estudos descritivos históricos cujas análises se debruçavam sobre os itens latinos que codificavam os mesmos sentidos que as preposições aqui examinadas carregam ho
Assim, ao olharmos para todo o caminho percorrido pelas latim até os dias atuais, percebemos que
casos morfológicos do latim antigo (exceto nominativo)
pois, noções como espaço, tempo, movimento, posse, entre outros. propriedades semânticas das preposições
semânticas do predicado e do c
De acordo com Tannihão (2011, p.35), baseada também em p.623),em sua etimologia,“preposição” se origina de duas palavras latinas: a “antes/à frente”) e positio (
uma terceira: praepositioene frente”. Tais sentidos têm a ver desempenham na língua. Isto é, uma relação semântica, isto é,
variar de acordo com sua relação com os outros termos da sentença delas também se estabelece um emprego geral
(...) Frequentemente, os gramáticos afirmam que as preposições são “vazias de sentido”, afirmação provavelmente feita pela dificuldade de se identificar o sentido nessa classe. No entanto, Castilho [(2010)] rejeita essa
afirmando que a dificuldade de apreensão do sentido não justifica a adoção da tese do “sentido vazio”. Ao contrário, ele assume que cada preposição tem um sentido de base, de localização temporal ou espacial. (
2011, p.36) De fato, como veremos,
base que caracterizam as propriedades semânticas das preposições: posição no espaço, deslocamento no espaço, movimento. P
classificação bastante semelhante ou, como veremos em nossa análise, complementar: direção, movimento com transferência, transferência material e transferência verbal. Consequentemente, em nosso estudo
as de Berlinck (2011), incluindo ainda, “localização”, como categoria derivada.
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estudos descritivos históricos cujas análises se debruçavam sobre os itens latinos que codificavam os mesmos sentidos que as preposições aqui examinadas carregam ho
rmos para todo o caminho percorrido pelas línguas românicas desde o latim até os dias atuais, percebemos queas preposições, hoje, desempenham a função
casos morfológicos do latim antigo (exceto nominativo) outrora cumpriam. Elas c pois, noções como espaço, tempo, movimento, posse, entre outros.
propriedades semânticas das preposições podem se diferenciar conforme as características semânticas do predicado e do complemento.
De acordo com Tannihão (2011, p.35), baseada também em ,“preposição” se origina de duas palavras latinas:
positio (que significa “colocar/pôr”). Ambas as formas se configu praepositioene (m), que em português é traduzido como
m a ver, como já mencionamos, com a função que as preposições Isto é, além de ligar palavras, elas determinam entre essas palavras uma relação semântica, isto é, ajudam a atribuir determinado significado à oração
variar de acordo com sua relação com os outros termos da sentença. Contudo, se estabelece um emprego geral, pois possuem um sentido geral.
(...) Frequentemente, os gramáticos afirmam que as preposições são “vazias de sentido”, afirmação provavelmente feita pela dificuldade de se identificar o sentido nessa classe. No entanto, Castilho [(2010)] rejeita essa
afirmando que a dificuldade de apreensão do sentido não justifica a adoção da tese do “sentido vazio”. Ao contrário, ele assume que cada preposição tem um sentido de base, de localização temporal ou espacial. (
2011, p.36)
como veremos, Castilho (2004, p.984) propõe alguns sentidos prototípicos de base que caracterizam as propriedades semânticas das preposições: posição no espaço, ocamento no espaço, movimento. Paralelamente, Berlinck (2011) propõe uma tante semelhante ou, como veremos em nossa análise, complementar: direção, movimento com transferência, transferência material e transferência verbal.
nosso estudo, utilizamos tanto as categorias de Castilho , incluindo ainda, “localização”, como categoria derivada.
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estudos descritivos históricos cujas análises se debruçavam sobre os itens latinos que codificavam os mesmos sentidos que as preposições aqui examinadas carregam hoje.línguas românicas desde o preposições, hoje, desempenham a função que os outrora cumpriam. Elas codificam, pois, noções como espaço, tempo, movimento, posse, entre outros. Além disso, essas conforme as características
De acordo com Tannihão (2011, p.35), baseada também em Ilari et al. (2008, ,“preposição” se origina de duas palavras latinas: prae (que equivale . Ambas as formas se configuram em (m), que em português é traduzido como “(ato de) colocar à com a função que as preposições determinam entre essas palavras eterminado significado à oração que pode . Contudo, para cada uma , pois possuem um sentido geral.
(...) Frequentemente, os gramáticos afirmam que as preposições são “vazias de sentido”, afirmação provavelmente feita pela dificuldade de se identificar o sentido nessa classe. No entanto, Castilho [(2010)] rejeita essa postura, afirmando que a dificuldade de apreensão do sentido não justifica a adoção da tese do “sentido vazio”. Ao contrário, ele assume que cada preposição tem um sentido de base, de localização temporal ou espacial. (TANNIHÃO,
alguns sentidos prototípicos de base que caracterizam as propriedades semânticas das preposições: posição no espaço, lamente, Berlinck (2011) propõe uma tante semelhante ou, como veremos em nossa análise, complementar: direção, movimento com transferência, transferência material e transferência verbal. tanto as categorias de Castilho (2004), como , incluindo ainda, “localização”, como categoria derivada.
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
Além de estudar seus sentidos de base então, para a investigação dos usos preposicionais no português e no espanhol, realizamos, ao mesmo tempo, uma pesquisa da composição e evolução das pre
pesquisa inicial, destacamos dois dos casos que
cujas formas sofreram mudanças na transição ao português
casos em que duas preposições se uniram criando apenas uma no português
per ad> por a > para.
Esse estudo nos possibilitou entender, assim, da preposição “a” em comparação com
ser explicada através dos conceitos como:
quais silenciamos o sentido anterior e paralelamente atribuímos novos sentidos, de acordo com Kewitz, 2007); ou 2) ampliação de semantizaç
fenômenos têm, como consequência, uma maior generalização de usos para o item em questão.
Para entender tais fenômenos, é necessário antes compreender as hipóteses já levantadas sobre a(s) mudança(s) e variação(ões) encontradas nos usos e sentidos das preposições latinas, e em especial, do PB e do espanhol.
mestrado intitulada “Estudo diacrônico das preposições”, explica que estas eram formadas por uma morfologia integrada presente nas declinações lexicais que, com o tempo, se desflexionalizaram resultando em morfemas separados. No processo, contudo, por um períod de tempo, o caso morfológico se manteve juntamente com os morfemas soltos, com o intuito, segundo Poggio (2002, p.79) de atribuir ênfase à oração. Assim, mesmo que o caso morfológico da língua ainda estivesse vigente e corriqueiro na época, o emprego das preposições já começava a se disseminar, pois seu uso, atribuia ênfase à oração, como podemos ver no exemplo
2011 (p.55)expõe:
(2) Ferebat fiscos
cum
Transportava cestos
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Além de estudar seus sentidos de base então, para a investigação dos usos preposicionais no português e no espanhol, realizamos, ao mesmo tempo, uma pesquisa da composição e evolução das preposições diacronicamente desde o latim clássico. A partir desta pesquisa inicial, destacamos dois dos casos que Poggio (2016, p.1) apontou: 1º :
cujas formas sofreram mudanças na transição ao português - ad> a / per s em que duas preposições se uniram criando apenas uma no português
studo nos possibilitou entender, assim, o declínio na frequência de usos
em comparação com a preposição “para”, por exemplo. Tal variação pode ser explicada através dos conceitos como: 1) dessemantização (alterações de sentido pelas quais silenciamos o sentido anterior e paralelamente atribuímos novos sentidos, de acordo ou 2) ampliação de semantização (criação de novos significados). Ambos fenômenos têm, como consequência, uma maior generalização de usos para o item em
Para entender tais fenômenos, é necessário antes compreender as hipóteses já levantadas sobre a(s) mudança(s) e variação(ões) encontradas nos usos e sentidos das preposições latinas, e em especial, do PB e do espanhol. Tannihão (201
ado intitulada “Estudo diacrônico das preposições”, explica que estas eram formadas por uma morfologia integrada presente nas declinações lexicais que, com o tempo, se desflexionalizaram resultando em morfemas separados. No processo, contudo, por um períod de tempo, o caso morfológico se manteve juntamente com os morfemas soltos, com o intuito, segundo Poggio (2002, p.79) de atribuir ênfase à oração. Assim, mesmo que o caso morfológico da língua ainda estivesse vigente e corriqueiro na época, o emprego das preposições já começava a se disseminar, pois seu uso, atribuia ênfase à oração, como podemos ver no exemplo a seguir de Almendra e Figueiredo (2003, p.128)
Ferebat fiscos cum pecunia.
-PREP-ABLpecuni-dinheiro a-ABL
nsportava cestos com dinheiro.
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Além de estudar seus sentidos de base então, para a investigação dos usospreposicionais no português e no espanhol, realizamos, ao mesmo tempo, uma pesquisa da posições diacronicamente desde o latim clássico. A partir desta Poggio (2016, p.1) apontou: 1º : preposições
per > por / in > em; e 2º :
s em que duas preposições se uniram criando apenas uma no português (e no espanhol) -
declínio na frequência de usos, no PB, exemplo. Tal variação pode 1) dessemantização (alterações de sentido pelas quais silenciamos o sentido anterior e paralelamente atribuímos novos sentidos, de acordo (criação de novos significados). Ambos fenômenos têm, como consequência, uma maior generalização de usos para o item em
Para entender tais fenômenos, é necessário antes compreender as hipóteses já levantadas sobre a(s) mudança(s) e variação(ões) encontradas nos usos e sentidos das Tannihão (2011), em sua tese de ado intitulada “Estudo diacrônico das preposições”, explica que estas eram formadas por uma morfologia integrada presente nas declinações lexicais que, com o tempo, se desflexionalizaram resultando em morfemas separados. No processo, contudo, por um período de tempo, o caso morfológico se manteve juntamente com os morfemas soltos, com o intuito, segundo Poggio (2002, p.79) de atribuir ênfase à oração. Assim, mesmo que o caso morfológico da língua ainda estivesse vigente e corriqueiro na época, o emprego das preposições já começava a se disseminar, pois seu uso, atribuia ênfase à oração, como de Almendra e Figueiredo (2003, p.128) que Tannihão,
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
Neste exemplo, não só se destaca a própria preposição expressando marca do caso ablativo
redundância. Além disso, se consideramos a teoria
língua (simplificá-la), podemos então pensar que as preposições independentes, isto é, em morfemas separados, serviam para, de certa maneira, generalizar as construções sintáticas, e eliminar as diversas terminaçõe
mais que ocupando as mesmas construções sintáticas que a morfologia integrada, foi substituindo a última.
Maurer (1959) propõe sintática diacrônica do indo
tornava uma necessidade quando a confusão das desinências, pela perda das consoantes finais e pelo enfraquecimento do timbre vocálico, trazia ainda maior obscuridade à frase (TANNIHÃO, 2011, p.37 apud MAURER, 1959, p.85
linguística de uma morfologia integrada para uma morfologia externa na língua, chegamos a dois levantamentos: considera
estabelecer relações funcionais entre os elementos, contudo 1) na tendência da simplificação e economia linguística, as línguas românicas substituíram as ricas terminações latinas, por formas soltas e gerais; e ainda 2) por haverem ocorrências ond
morfológicos interferia no entendimento das orações, pode ou garantir sua compreensão, adicionou
com o passar do tempo, ajudou a substituir por c Como já mencionamos anteriormente,
há preposições cujas formas desapareceram, embora seus conceitos tenham passado a ser expressos por outras preposições ou por locuções
cujas formas desapareceram, mas são empregadas na língua portuguesa como prefixos, embora seus conceitos tenham passado a ser expressos por preposições ou por locuções prepositivas; há preposições cujas formas sofreram mudanças passagem para o português; e, finalmente, há casos em que duas preposições latinas uniram
Desse modo, abaixo
produções dos autores aqui citados e pri
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Neste exemplo, não só se destaca a própria preposição cum, como ainda, o morfema expressando marca do caso ablativo (ABL) no latim, o que indicia
. Além disso, se consideramos a teoria de que os falantes tendem a economizar a la), podemos então pensar que as preposições independentes, isto é, em morfemas separados, serviam para, de certa maneira, generalizar as construções sintáticas, e eliminar as diversas terminações casuais do latim clássico. Logo, a morfologia externa foi, mais que ocupando as mesmas construções sintáticas que a morfologia integrada, foi
propõe uma explicação adicional referente à essa desflexionalização ica diacrônica do indo-europeu às línguas românicas: “o emprego das preposições se tornava uma necessidade quando a confusão das desinências, pela perda das consoantes finais e pelo enfraquecimento do timbre vocálico, trazia ainda maior obscuridade à frase (TANNIHÃO, 2011, p.37 apud MAURER, 1959, p.85-86). Para entender então a mudança linguística de uma morfologia integrada para uma morfologia externa na língua, chegamos a dois levantamentos: considera-se que os casos morfológicos latinos já tinham como
estabelecer relações funcionais entre os elementos, contudo 1) na tendência da simplificação e economia linguística, as línguas românicas substituíram as ricas terminações latinas, por formas soltas e gerais; e ainda 2) por haverem ocorrências onde a fonética dos casos morfológicos interferia no entendimento das orações, pode-se supor que, para enfatizar o dito, ou garantir sua compreensão, adicionou-se preposições em suas construções sintáticas, que com o passar do tempo, ajudou a substituir por completo os casos morfológicos do latim.
Como já mencionamos anteriormente, Poggio (2016) ressalta, em seu estudo, que:
há preposições cujas formas desapareceram, embora seus conceitos tenham passado a ser expressos por outras preposições ou por locuções prepositivas; há preposições cujas formas desapareceram, mas são empregadas na língua portuguesa como prefixos, embora seus conceitos tenham passado a ser expressos por preposições ou por locuções prepositivas; há preposições cujas formas sofreram mudanças passagem para o português; e, finalmente, há casos em que duas preposições latinas uniram-se dando origem a apenas uma forma em português. (POGGIO, 2016, p.1)
Desse modo, abaixoapresentamosduas tabelas elaboradas nesta pesquisa produções dos autores aqui citados e principalmente nas informações que
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, como ainda, o morfema -ano latim, o que indicia também ênfase ou de que os falantes tendem a economizar a la), podemos então pensar que as preposições independentes, isto é, em morfemas separados, serviam para, de certa maneira, generalizar as construções sintáticas, e s casuais do latim clássico. Logo, a morfologia externa foi, mais que ocupando as mesmas construções sintáticas que a morfologia integrada, foi
uma explicação adicional referente à essa desflexionalização europeu às línguas românicas: “o emprego das preposições se tornava uma necessidade quando a confusão das desinências, pela perda das consoantes finais e pelo enfraquecimento do timbre vocálico, trazia ainda maior obscuridade à frase” Para entender então a mudança linguística de uma morfologia integrada para uma morfologia externa na língua, chegamos a se que os casos morfológicos latinos já tinham como objetivo estabelecer relações funcionais entre os elementos, contudo 1) na tendência da simplificação e economia linguística, as línguas românicas substituíram as ricas terminações latinas, por e a fonética dos casos se supor que, para enfatizar o dito, se preposições em suas construções sintáticas, que
ompleto os casos morfológicos do latim. Poggio (2016) ressalta, em seu estudo, que:
há preposições cujas formas desapareceram, embora seus conceitos tenham passado prepositivas; há preposições cujas formas desapareceram, mas são empregadas na língua portuguesa como prefixos, embora seus conceitos tenham passado a ser expressos por preposições ou por locuções prepositivas; há preposições cujas formas sofreram mudanças na sua passagem para o português; e, finalmente, há casos em que duas preposições latinas
se dando origem a apenas uma forma em português. (POGGIO, 2016, p.1)
elaboradas nesta pesquisa com base nas ncipalmente nas informações que Tannihão (2011, p.
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43,44) levanta do livro de Manuel Said Ali (1964) Portuguesa”:
Forma original
(Latim) Forma evoluída (PB / ES)
Ad a / a
Per por / por
In em / en Forma original (Latim) Forma evoluída (PB) Per Ad para (passou primeiro pela forma arcaica pera)
Como se pode observar, no Quadro 1, encontram
com suas respectivas correspondências no latim. Devido ao fato de que uma das formas se extinguiu (a latina, no caso), a forma “evoluída” (forma usada
mudança linguística preposicional.
aglutinação na transição do latim para o português ocasionando uma gramaticalização da nova forma.
A gramaticalização, segundo Bagno (2017), pode ser definida como
mudança da língua, “através do qual, ao longo do tempo, itens e construções lexicais passam, em certos contextos linguísticos, a servir a funções gramaticais e, uma vez gramaticalizados, continuam a desenvolver novas funções gramaticais” (B
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43,44) levanta do livro de Manuel Said Ali (1964), “Gramática
Forma evoluída
(PB / ES) Significado geral
a / a para / perto / em (direção ou movimento para algum ponto de aproximação e final junção de uma coisa a
outra)
por / por através de / por meio de / lugar por onde em / en interioridade com referência a lugar e a tempo;
estado de algo, divisão, distribuição, etc.
Quadro 1. Mudança preposicional do latim.
Forma evoluída Forma Evoluída
(ES) Significado geral
para (passou primeiro pela forma arcaica
para (passou antes pela forma pora do
espanhol antigo) (Chaves, 2011, p.
235)
Troca de posse, direção e movimentação espacial (Menuzzi; Soares, 2010, p. 25)
Quadro 2. Gramaticalização da preposição “para”.
ervar, no Quadro 1, encontram-se as preposições “a”, “por”, e “em” com suas respectivas correspondências no latim. Devido ao fato de que uma das formas se extinguiu (a latina, no caso), a forma “evoluída” (forma usada hoje no português) representa a
a linguística preposicional. Já no Quadro 2, as duas formas latinas
aglutinação na transição do latim para o português ocasionando uma gramaticalização da nova
, segundo Bagno (2017), pode ser definida como
mudança da língua, “através do qual, ao longo do tempo, itens e construções lexicais passam, em certos contextos linguísticos, a servir a funções gramaticais e, uma vez gramaticalizados, continuam a desenvolver novas funções gramaticais” (BAGNO, et al. 2017, p. 36). Esse foi o
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“Gramática histórica da LínguaSignificado geral
direção ou movimento para algum ponto de aproximação e final junção de uma coisa a
através de / por meio de / lugar por onde interioridade com referência a lugar e a tempo;
divisão, distribuição, etc.
. Mudança preposicional do latim.
Significado geral
Troca de posse, direção e movimentação espacial (Menuzzi; Soares, 2010, p. 25)
. Gramaticalização da preposição “para”.
se as preposições “a”, “por”, e “em” com suas respectivas correspondências no latim. Devido ao fato de que uma das formas se no português) representa a uadro 2, as duas formas latinas per e ad sofreram aglutinação na transição do latim para o português ocasionando uma gramaticalização da nova
, segundo Bagno (2017), pode ser definida como um processo de mudança da língua, “através do qual, ao longo do tempo, itens e construções lexicais passam, em certos contextos linguísticos, a servir a funções gramaticais e, uma vez gramaticalizados, AGNO, et al. 2017, p. 36). Esse foi o
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caso da preposição “para”, que na junção de (inovação). Como vimos no Q
ad), como também desempenha outras (re
Castilho (1997), por sua criação linguística, assim como a necessariamente haver uma
Assim, ao mesmo tempo em que as preposições podem perder ou ganhar traços funcionais, elas também podem perder ou trocar traços lexicais (
léxica - “ao lado” ), perder ou
marcadores textuais, etc) e perder ou trocar traços semânticos (semanticização).
este último fenômeno, o autor destaca que as preposições possuem um sentido base (co origem, meta, interior, exterior, etc) e, ademais, sentidos derivados desses protótipos (como tempo, causa finalidade, modo
Berlinck (2011), por sua vez, complementação verbal do português
metade do século XX, em jornais paulistas) e leva em consideração a natureza semântica dos verbos e complementos, assim como
ocorrências (notícia, editorial, nota social). Em seu estudo diacrônico, percebe que
(PB no século XIX) a preposição “a” tinha maior frequência de uso se comparado com a preposição “para” (que, em jornais,
respectivamente nas construções com predicadores de direção e de transferencia material)hodiernamente, por outro lado,
do século XX, o cenário se inverteu completamente. Isto é, predomínio de uso, visto que
pesquisas realizadas por Gomes (2003) e Berlin
Em seu estudo, a autora lança mão dos conceitos de direção, de movimento com transferência, de transferência material e de transferência verbal /perceptual para analisar e classificar o tipo semântico do predicador verbal.
associado ao verbo por influenciar a escolha de uma determinada preposição, o que pode nos
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 4-19 Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
caso da preposição “para”, que na junção de per + ad desenvolveu novas aplicabilid (inovação). Como vimos no Quadro 2, esta preposição carrega tanto os sentidos
desempenha outras (renovação).
Castilho (1997), por sua vez, esclarece que a gramaticalização é um dos processo criação linguística, assim como adiscursivização, a lexicalização e a semanticização
haver uma relação de derivação ou determinação entre esses processos. Assim, ao mesmo tempo em que as preposições podem perder ou ganhar traços funcionais, elas também podem perder ou trocar traços lexicais (lexicalização: transparência no sentido perder ou trocar traços discursivos (discursivização: relação de tópico, marcadores textuais, etc) e perder ou trocar traços semânticos (semanticização).
este último fenômeno, o autor destaca que as preposições possuem um sentido base (co origem, meta, interior, exterior, etc) e, ademais, sentidos derivados desses protótipos (como tempo, causa finalidade, modo, qualidade, etc).
por sua vez, expõe a variação preposicional em contextos de complementação verbal do português. Para seu estudo, utiliza textos jornalísticos (da primeira metade do século XX, em jornais paulistas) e leva em consideração a natureza semântica dos mplementos, assim como os gênero textuais jornalísticos em que se dão as ocorrências (notícia, editorial, nota social). Em seu estudo diacrônico, percebe que
(PB no século XIX) a preposição “a” tinha maior frequência de uso se comparado com a em jornais, tinha seu uso numa porcentagem de
nas construções com predicadores de direção e de transferencia or outro lado, sua pesquisa revelou que a partir d
ário se inverteu completamente. Isto é, a preposição “a visto que “para”aparecenuma porcentagem de 88
Gomes (2003) e Berlinck (2000) (BERLINCK, 2011, pg.
Em seu estudo, a autora lança mão dos conceitos de direção, de movimento com transferência, de transferência material e de transferência verbal /perceptual para analisar e
o tipo semântico do predicador verbal. Assim, ela conclui que o
associado ao verbo por influenciar a escolha de uma determinada preposição, o que pode nos
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desenvolveu novas aplicabilidadeso 2, esta preposição carrega tanto os sentidos de “a” (antigo
vez, esclarece que a gramaticalização é um dos processos de e a semanticização, sem relação de derivação ou determinação entre esses processos. Assim, ao mesmo tempo em que as preposições podem perder ou ganhar traços funcionais, : transparência no sentido (discursivização: relação de tópico, marcadores textuais, etc) e perder ou trocar traços semânticos (semanticização).Em relação a este último fenômeno, o autor destaca que as preposições possuem um sentido base (como origem, meta, interior, exterior, etc) e, ademais, sentidos derivados desses protótipos (como
expõe a variação preposicional em contextos de . Para seu estudo, utiliza textos jornalísticos (da primeira metade do século XX, em jornais paulistas) e leva em consideração a natureza semântica dos os gênero textuais jornalísticos em que se dão as ocorrências (notícia, editorial, nota social). Em seu estudo diacrônico, percebe que, se antes (PB no século XIX) a preposição “a” tinha maior frequência de uso se comparado com a tinha seu uso numa porcentagem de apenas12% e 23% nas construções com predicadores de direção e de transferencia a partir das últimas décadas a preposição “a” já não apresenta numa porcentagem de 88 a 93% conforme
(BERLINCK, 2011, pg.298).
Em seu estudo, a autora lança mão dos conceitos de direção, de movimento com transferência, de transferência material e de transferência verbal /perceptual para analisar e Assim, ela conclui que o traço semântico associado ao verbo por influenciar a escolha de uma determinada preposição, o que pode nos
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
levar a concluir que, essas preposições também codificam ou, pelo menos, possuem traços que se harmonizam com tais sentidos.
Finalmente, tendo em vista que n
traço de localização, traço esse fundamental para nossa análise, buscamos na semântica conceitual a proposta de Jackendoff (1983), a qual sugere que o traço de localização espacial esteja na base de toda estrutura de localização e movimento codificada pelos itens lexicais. Como resultado, chegamos ao seguinte quadro de traços semânticos que podem ser usados para analisar os usos e sentidos d
Autores Castilho (2004) Traços Tempo Causa Finalidade Modo Qualidade
Com essa base teórica em mente, passamos, então, à análise e discussão dos resultados.
Resultados e discussão
Como resultado central desta pesquisa, percebeu
brasileiro (de acordo com o mencionado anteriormente) a preposição “a”
gradativo recuo e que as preposições “para” e “em” têm não apenas seus usos, como também suas “semantizações” em expans
recolhidas, 47 são usos de“a”, 34 são “en”, 12 são “para”, 16 são “po
Isto é, por um lado, em português tanto a preposição “para” quanto “em” tem expandido os contextos em que apresentam sentidos espaciais de
espanhol, embora a preposição
alguns usos abstratos, o item “para” é usado majoritariamente com sentidos abstratos como finalidade, futuro e transferência.
Assim, concentrando
no jornal popular de Cidade do Leste “Vanguardia”, de 8 de junho de 2019, aproximadamente
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 4-19 Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
levar a concluir que, essas preposições também codificam ou, pelo menos, possuem traços que se harmonizam com tais sentidos.
Finalmente, tendo em vista que nenhum dos trabalhos mencionados até aqui aborda o traço de localização, traço esse fundamental para nossa análise, buscamos na semântica conceitual a proposta de Jackendoff (1983), a qual sugere que o traço de localização espacial trutura de localização e movimento codificada pelos itens lexicais. Como resultado, chegamos ao seguinte quadro de traços semânticos que podem ser usados
os usos e sentidos das preposições “en”, “a” e “para”:
Castilho (2004) Berlinck (2011) Tempo Causa Finalidade Qualidade Direção
Movimento com transferência Transferência material
Transferência verbal /perceptual
Quadro 3. Sentidos associados às preposições
base teórica em mente, passamos, então, à análise e discussão dos
Como resultado central desta pesquisa, percebeu-se que, enquanto no português brasileiro (de acordo com o mencionado anteriormente) a preposição “a”
gradativo recuo e que as preposições “para” e “em” têm não apenas seus usos, como também suas “semantizações” em expansão, o quadro em espanhol é distinto: das 109 preposições recolhidas, 47 são usos de“a”, 34 são “en”, 12 são “para”, 16 são “por” e 01 é uso de “entre”.
em português tanto a preposição “para” quanto “em” tem expandido os contextos em que apresentam sentidos espaciais de localização e direção concretas. Já em espanhol, embora a preposição “en” seja usada para indicar localizações concretas, com alguns usos abstratos, o item “para” é usado majoritariamente não em contextos de conjunção com sentidos abstratos como finalidade, futuro e transferência.
concentrando-nos nas preposições “a”, “en” e “para”, é po
no jornal popular de Cidade do Leste “Vanguardia”, de 8 de junho de 2019, aproximadamente
9, 2020. Americana (UNILA)
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levar a concluir que, essas preposições também codificam ou, pelo menos, possuem traçosenhum dos trabalhos mencionados até aqui aborda o traço de localização, traço esse fundamental para nossa análise, buscamos na semântica conceitual a proposta de Jackendoff (1983), a qual sugere que o traço de localização espacial trutura de localização e movimento codificada pelos itens lexicais. Como resultado, chegamos ao seguinte quadro de traços semânticos que podem ser usados
Jackendoff (1983)
Localização
. Sentidos associados às preposições “en”, “a” e “para”.
base teórica em mente, passamos, então, à análise e discussão dos
que, enquanto no português brasileiro (de acordo com o mencionado anteriormente) a preposição “a” tem sofrido um gradativo recuo e que as preposições “para” e “em” têm não apenas seus usos, como também o quadro em espanhol é distinto: das 109 preposições r” e 01 é uso de “entre”. em português tanto a preposição “para” quanto “em” tem expandido os localização e direção concretas. Já em ndicar localizações concretas, com em contextos de conjunção
é possível calcular que, no jornal popular de Cidade do Leste “Vanguardia”, de 8 de junho de 2019, aproximadamente
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino
43% do uso de preposições (ou seja, a maioria dos empregos) envo contra apenas 11% de usos de “para”. Vemos também que “en”,
mantém-se em porcentagem de uso equilibrada quando comparamos com o uso em português. Abaixo, é possível visualizar essa distribuição, assim como os principais traços semânticos associados a cada construção encontrada nos textos do
Frequência da preposição frente às
demais analisadas: Quantidade de usos
com sua categoria semântica mais frequente: MDO (Modificador 23 (48% dos usos indicados acima Quadro 3:
Até onde pudemos analisar, “en”/”em” e “para”, no espanhol as gramáticas dessas línguas
mudança linguística no seu sistema preposicio enquanto que no espanhol
estar acontecendo.
Verificamos também mais frequentemente às cat
deslocamento no espaço (como em (3a), em contraposição a (3b), cada vez menos utilizada) enquanto que a preposição “a” aparece ligada mais frequentemente às categorias derivadas semântico-cognitivas (aspecto, tempo e qualidade
Castilho, 2004:
(3) a) Fui hoje cedo b) Fui hoje cedo
(4) Vou pra Cidade do Leste daqui
Rev. Bras. de Iniciação Científica (RBIC), Itapetininga, v. 7, n.2, p. 4-19 Edição Especial Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
43% do uso de preposições (ou seja, a maioria dos empregos) envo
contra apenas 11% de usos de “para”. Vemos também que “en”, com 34% de frequência, se em porcentagem de uso equilibrada quando comparamos com o uso em português. Abaixo, é possível visualizar essa distribuição, assim como os principais traços semânticos associados a cada construção encontrada nos textos do jornal “Vanguardia”:
A EN 47 (43%) 34 (31%) MDO (Modificador Diferencial de Objeto): 23 (48% dos usos indicados acima) Localização: 21 (61% dos usos indicados acima)
Quadro 3: dados coletados a partir da análise do jornal popular paraguaio Vanguardia.
Até onde pudemos analisar, foi possível comprovar que o uso das preposições “a”, “en”/”em” e “para”, no espanhol e no português, atualmente, reflete um distanciamento entre as gramáticas dessas línguas e que, ao contrário do espanhol, o português vem sofrendo mudança linguística no seu sistema preposicional quando se trata do uso de “a” e “para”, enquanto que no espanhol uma mudança envolvendo a variação entre tais itens
também que, por um lado, em PB, a preposição “para” aparece ligada mais frequentemente às categorias concretas (estabelecidas por Berlinck, 2011) referentes ao (como em (3a), em contraposição a (3b), cada vez menos utilizada) enquanto que a preposição “a” aparece ligada mais frequentemente às categorias derivadas
cognitivas (aspecto, tempo e qualidade; como no exemplo (4)), propostas por
Fui hoje cedo pro Paraguai de mototáxi. b) Fui hoje cedo ao Paraguai de mototáxi. Vou pra Cidade do Leste daqui a vinte minutos.
9, 2020. Americana (UNILA)
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43% do uso de preposições (ou seja, a maioria dos empregos) envolve a preposição “a”,com 34% de frequência, se em porcentagem de uso equilibrada quando comparamos com o uso em português. Abaixo, é possível visualizar essa distribuição, assim como os principais traços semânticos
jornal “Vanguardia”: PARA 12 prep.(11%) Finalidade 9 (75% dos usos indicados acima)
dados coletados a partir da análise do jornal popular paraguaio Vanguardia.
que o uso das preposições “a”, e no português, atualmente, reflete um distanciamento entre e que, ao contrário do espanhol, o português vem sofrendo nal quando se trata do uso de “a” e “para”, envolvendo a variação entre tais itens não parece
que, por um lado, em PB, a preposição “para” aparece ligada egorias concretas (estabelecidas por Berlinck, 2011) referentes ao (como em (3a), em contraposição a (3b), cada vez menos utilizada), enquanto que a preposição “a” aparece ligada mais frequentemente às categorias derivadas ; como no exemplo (4)), propostas por