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Uma Artropatia do Joelho, Circa 1552

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UMA ARTROPATIA DO JOELHO

,

CIRCA

1552

AN ARTHROPATHY OF THE KNEE

.

CIRCA

1552

Alfredo Rasteiro

Faculdade de Medicina de Coimbra

(2)

U M A A R T R O P A T I A D O J O E L H O

,

C I R C A 1 5 5 2 A N A R T H R O P A T H Y O F T H E K N E E

.

C I R C A 1 5 5 2

Alfredo Rasteiro

*

The ‘tribulations’ that marked the time of the Por-tuguese overseas expansion comprise suffering, starvation, going through cold and pain, almost always silenced with the emphasis put on “The infirmity that the people of Chaul” around 1570, when “at the end of Summer, in the enclosures, occurred an infirmity that, not being a fever or pestilence, had much resemblance to them, since it generated bubos in the groins, as well as in other parts of the body, accompanied by great pain, hin-dering the power of the limbs in a manner that whoever was hit by the disease could not move them. However, being such a difficult disease to bear, it was not deadly, for nobody died from it”,

according to the information gathered and regis-tered by António Pinto Pereira, not himself a doc-tor, in the História da India no tempo em que a

governou o visorei Dom Luis d’Ataíde [History of India in the Days It Was Governed by the Viceroy Luis d’Ataíde], Book II, Chapter 39, page 112, 1617.

There are sure to exist other episodes like this one waiting for us, that will need rediscovering in ancient books, not always accessible, rare and in dead languages.

In those days, around 1552, Francesca, an Ita-lian, probably a harvest-woman (Secula), very good-looking, twenty years of age, consulted João Rodrigues (1511-1568), a Portuguese doctor, whose Bachelor degree was taken in Salamanca on 19 March 1532 (Teresa Santander Rodriguez:

Escolares Médicos en Salamanca (Siglo XVI) [Doc-tors in Salamanca (16th Century)]), Salamanca,

1984), a native of the town of Castelo Branco, who, in the diaspora, with the lands of Sefarad in mind, adopted the name Amato Lusitano.

For four months, Francesca had a tumour and felt pain in one knee. She had consulted other doctors, had applied remedies and there had been no improvement.

*Professor Associado de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Coimbra

*Associated Professor of Ophtalmology, School of Medicine of Coimbra

As «tribulações» que marcaram a época da expan-são marítima dos portugueses comportaram sofrimentos, fome, frio e dores quase sempre silenciadas, sem o destaque «Da enfermidade

q’so-breveio aos de Chaul» por 1570, quando «deo nos cercados, no cabo de verão, hu’a enfermidade, que não sendo febre pestile(n)cial, tinha disso muitas aparencias, por criar ingoas nas verilhas, & em outras partes do corpo, acompanhadas de grandes dores, atalhando a potencia dos membros, de maneira que os não podia mandar quem era occu-pado della. Porem com ser doença tam rija no ator-mentar, não era mortífera, porque ninguem morreo della» segundo a informação colhida, e

registada, por António Pinto Pereira, que não era médico, na «História da India no tempo em que a governou o visorei Dom Luis d’Ataíde», Livro II, Capítulo 39º, página 112, 1617 e episódios como este haverá outros, que será necessário redesco-brir, em velhos livros nem sempre acessíveis, raros e em escritas mortas, à nossa espera.

Nesta época, circa 1552, a italiana Francesca, provavelmente ceifeira, Secula, muito formosa, de vinte anos de idade, consultou João Rodrigues (1511-1568), médico português bacharelado em Salamanca no dia 19 de Março de 1532 (Teresa Santander Rodriguez: «Escolares Médicos en Sala-manca (Siglo XVI)», SalaSala-manca, 1984), um albicas-trense que, na diáspora, lembrado das terras de Sefarad, adoptou o nome Amato Lusitano.

Francesca apresentava tumor e dor num joe-lho, desde há quatro meses. Consultara outros médicos, aplicara medicamentos e não melho-rava.

Amato Lusitano purgou-a, recomendou pom-bo assado na dieta, perdiz, faisão, rola, ou passari-nhos, passas de uvas e amendoas, ou pinhões ca-ramelizados e, como medicação, receitou um de-cocto de pau de buxo, durante vinte dias e, ao

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vigésimo dia, Francesca teve alta, curada (Amato Lusitano: «CVRATIONVM MEDICINALIVM CEN-TVRIA TERCIA, Curatio trigesima septima», 1552 acessível, na tradução de Firmino Crespo: «Amato Lusitano: Centúrias de Curas Medici-nais», volume II, Universidade Nova de Lisboa, 1980, página 230).

Esta curta Memória apresenta interesse Reu-matológico: pela sintomatologia registada, pelos tratamentos aplicados, pela evolução clínica, pelas dúvidas que levanta «Àcerca de uma dor no

joelho, acompanhada de tumor durante três ou quatro meses, curada com decocto de pau de guaiaco» e, especialmente, porque «nesta nossa

profissão, como bem sabem quantos a praticam, podem surgir curas que não saberemos explicar», pelo que «necessitamos estar atentos a todos os

pormenores e aos mais pequenos sinais» (Amato

Lusitano: «Sexta Centúria», 100ª Memória).

Três comentários: o Título, traduzido por

Fir-mino Crespo, a Medicação indicada no título, e a Formosura da doente, são enganadores.

Amato jura, por Hércules, que a italiana Fran-cesca, vinte anos, era formosa como não havia outra, sofria dolorosamente de um tumor no joe-lho e que o seu caso evoluiu como uma fluxão que

passa, aquilo que um bacharel latino diria «rheu-ma, rheumatis», que eu aceitaria poder tratar-se

de reumatico, se latim soubera.

A evolução para a cura, sem sequelas aparen-tes, poderá excluir eventual picada em trabalho agrícola, com ou sem retenção de corpo estranho. A prova terapêutica e a evolução excluem

ri-kettsioses, brucelose, tuberculose, e outras. O

saber da época aconselhava o Guaiaco nas doenças venéreas, infecções gonocóccicas e sífi-lis, que lavravam juntas. Porém julgava-se, nesse período, que, quando duas plantas eram pareci-das, ofereciam benefícios idênticos e, neste caso, o Guaiaco (Guaiacum officinale L.), indicado no título da Memória, será substituido, no texto, por pau de Buxo (Buxus sempervirens L.), impro-visação que aponta para a «Guerra da Pimenta», então em curso, prémunitória de discussões políticas e «Guerras» de genéricos, cópias, simila-res, contrafacções, preguiça, cobiça e lucro fácil.

Na Memória imediatamente anterior («Tercei-ra Centúria», 36ª), «àcerca de uma hemic(«Tercei-rania

tratada com decocto de pau de Buxo», afirmava-se

que «O buxo dos Europeus é chamado pau

guaia-co», o que não era verdade e Amato sabia-o.

Ama-to Lusitano interessou-se pelo Guaiaco, que foi

Amato Lusitano purged her, recommended roasted pigeon for her diet, partridge, pheasant, turtle dove or small birds, raisins and almonds, or caramelised pinions and, as medication, prescri-bed a decoction of boxwood for a period of twen-ty days and, after it had passed, Francesca was discharged, cured (Amato Lusitano:

CVRATIO-NVM MEDICINALIVM CENTVRIA TERCIA, Cu-ratio trigesima septima, 1552, accessible in a

Por-tuguese translation by Firmino Crespo: Amato

Lusitano: Centúrias de Curas Medicinais [Amato Lusitano: Medicinal Cures Centuria], volume II,

Universidade Nova de Lisboa, 1980, page 230). This short Memoir has rheumatologic interest – for the registered symptomatology, for the treat-ments applied, for the clinical evolution, for the doubts it arouses “About a pain in the knee, accompanied by tumour during three or four months, cured by use of decoction of guaiacum” and, especially, because “in this profession of ours, as well know those who practise it, there may be cures which we will not be able to explain”, so we “have to be attentive to all details and to most diminutive signs” (Amato Lusitano:

Sexta Centúria [Sixth Centuria], 100thMemoir).

Three comments: the Title, translated by

Fir-mino Crespo, the Medication indicated in the ti-tle, and the Beauty of the patient are misleading.

Amato swears by Hercules, that the Italian Francesca, twenty years old, was as beautiful as no other, suffered painfully from a tumour in the knee and that her case evolved as a passing flux, which a Latin bachelor would call «rheuma,

rheu-matis», if he had any knowledge of Latin, that I

would accept could be rheumatism.

The evolution towards the cure, with no appa-rent consequences, may exclude an eventual sting during farming work, with or without reten-tion of an alien body.

The therapeutic proof and the evolution ex-clude rikettsioskis, brucellosis, tuberculosis, and others. At the time, knowledge advised guaiacum for venereal diseases, gonococcic infections and syphilis, which spread together. However, it was thought at the time that when two plants resem-bled each other, they had identical benefits and, in this case, guaiacum (Guaiacum officinale L.), indicated in the Memoir’s title, will be replaced in the text by boxwood (Buxus sempervirens L.), an improvisation which suggests the ‘Spice War’, happening at the time, a presage of political dis-cussions and ‘Wars’ about generic, copied, simi-U M A A R T R O PAT I A D O J O E L H O, C I R C A 1552 / A N A R T H R T R O PAT H Y O F T H E K N E E. C I R C A 1552

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trazido das Antilhas para Sevilha depois de 1494 e, dado o seu preço, procurou encontrar-lhe suce-dâneos, como o Buxo, da mesma forma que utili-zou a raíz de Canas (Harundo donax L.) em vez da raiz da China, comercializada pelos portugueses desde 1535 («Primeira Centúria», 90ª) e Sarsapar-rilhas europeias (Smilax laevis L., Corriola) em vez de Sarsaparrilhas americanas (Smilax aspera L.), «não havendo necessidade de ir por elas ao Novo Mundo» («Quinta Centúria», 10ª).

Amato sabia, porém, que não há duas coisas iguais, duvidava da eficácia dos sucedâneos e rematou, com essa dúvida, a conclusão da Me-mória 48ª, «Sexta Centuria»: «o marido bebeu o

decocto de guaiaco e não o de Raiz da China (que

foi administrado à esposa, de excelsa presença),

porque a Raiz da China não se encontrava à mão, nem à venda».

Amato era discreto e afirmou, no seu

Iusiuran-dum (1561), que não revelara segredos («commis-sum mihi arcanumnemini detexisse»), mas

dei-xou pistas.

Relativamente ao joelho de Francesca estra-nha-se, na Memória seguinte (38ª), a entrada de Pirro, Flavio Pirro, o eborense Diogo Pires Lusi-tano (1517-1607), poeta do amor mundano com formação médica, amigo e confidente de Amato, que entrará aqui, ou não, como metáfora explica-tiva do recurso ao Buxo, esclarecendo/dificultan-do a interpretação esclarecendo/dificultan-do texto.

Por minha parte, aprecio a concisão desta His-tória clínica («Terceira Centúria», Memória 37ª) e as dúvidas que encerra. Quanto ao recurso ao

Buxo, permita-se-me que soletre: Bê, U, Xis, U – Buxus sempervirens L. – não venha por aí um

revi-sor «calificador» que lhe acrescente um R, entre o

Bê e o U.

Registe-se que a Memória seguinte, «Terceira Centúria», Memória 38ª, aquela em que intervém Pirro, trata «De humor túrgido ou pruriente com dores e sem febre», duas ou três vezes em cada ano, quase em períodos certos de tempo, surgin-do repentinamente, com surgin-dores por tosurgin-do o corpo e descamação.

Amato Lusitano preocupou-se com as pessoas, com a saúde e com as posses dos seus doentes.

Cuidou, muito especialmente, de Diagnósticos e Prognósticos. Depois, aos ricos recomendou medicações caras, por muito tempo e medicou os pobres com mézinhas baratas, em períodos curtos.

Setecentas e uma «Memórias clínicas»,

agru-lar and counterfeit medications, laziness, greed and easy profit.

In the previous Memoir (Terceira Centúria, 36ª [Third Centuria, 36th]), “about a hemicrania

trea-ted with a decoction of boxwood”, it was said that “The boxwood of the European is called guaia-cum”, which is not true and Amato knew it. Amato Lusitano took an interest in guaiacum, which was brought from the Antilles to Seville after 1494 and, due to its price, sought to arrange replace-ments for it, such as the boxwood, in the same way he used wild cane root (Harundo donax L.) instead of China root, commercialised by the Por-tuguese since 1535 (Primeira Centúria, 90ª [First

Centuria, 90th]) and European Sarsaparrillas (Smi-lax laevis L., Corriola) as a substitute for

Ameri-can Sarsaparrillas (Smilax aspera L.), “existing no need to seek them in the New World” (Quinta

Centúria, 10ª [Fith Centuria, 10th]).

Notwithstanding, Amato knew that no two things are alike, doubted the efficiency of suc-cedanea and concluded, bearing this doubt, Memoir 48th, Sexta Centuria [Sixth Centuria]: “the husband drank the decoction of guaiacum and not the one of China root (administered to the wife, of outstanding appearance, because Chine root was not easy to get, nor did it exist for sale”.

Amato was discreet and affirmed, in his

Iusiu-randum (1561), that he revealed no secrets (“com-missum mihi arcanumnemini detexisse”), but had

left clues behind.

As to Francesca’s knee, in the following Memoir (38ª [38th]), one suspects of the entry of Pirro,

Flavio Pirro, Diogo Pires Lusitano (1517-1607), a native of Évora and a poet of earthly love with medical training, friend and confident of Amato, who will appear here, or not, as an explaining me-taphor of boxwood, enlightening/complicating the interpretation of the text.

As to me, the conciseness of this clinical story (Terceira Centúria, Memória 37ª [Third Centuria,

Memoir 37th]) pleases me, as do the doubts it

con-tains. About resorting to boxwood, I will spell it (B, U, X, U - Buxus sempervirens L.), lest the inter-vention of a ‘blundificator’ reviser who would add an R, between B and U1.

It should be noted that the following Memoir,

Terceira Centúria, Memória 38ª [Third Centuria,

Memoir 38th], in which Pirro participates, is about

“Of turgid or prurient humour with pain and without fever”, twice or thrice a year, almost in specific seasons, appearing suddenly, with pain

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padas em «Sete Centúrias de Curas Medicinais», brilham na literatura médica latina renascentista e numerosas narrativas eruditas, com este tipo de preocupações, ficaram dispersas por uma tra-dução latina da «Matéria Médica» de Dioscoridis (40-90), publicada em 1553.

Na mesma época, em 1555, o «Dioscoridis» traduzido, ilustrado, e anotado por Andrés Lagu-na (1510-1560?) em Antuérpia (Anvers), ampliou o Capítulo CIX, «Del Ebano» com aproximações ao Guaiaco, à Sarsaparrilha e à Raiz da China:

«Trahese ( la rayz de la Chyna) de aquella pros-trema parte de la India Oriental llamada China, que esta mas alla de la Insula Taprobana. Hasta agora pocas vezes he querido usar della, parecien-do me cargo grandissimo de conscientia, pudienparecien-do conseguir el fin de mi intento y proposito, com el cozimiento del leño sancto (guaiaco), ya infinitas vezes prouado, el qual se vende a vil precio, hazer que gasten los enfermos su hazienda, en vna rayz muy mohosa y marchita, que se les vende à peso de oro. Empero descubre se cada dia tanta variedad de remedios perigrinos y estraños, que los enfermos cuytados ya no osan curarse, y estan suspensos, como el outro desnudo y muerto de frio, que trahia sobre el hombro no se quantas varas de paño, hasta ver en que parauan los trages» («Pedacio

Dioscorides Anazarbeo, Acerca de la Materia Medicinal, y de los Venenos mortíferos», traduzi-do por el Doctor Andres de Laguna, Salamanca, 1566, reedição MRA, 1994, página 83).

E a ver em que paravam as modas continua-ram muitos até que, iniciado o século XXI, surgi-ram uns «iluminados», portadores da peregrina ideia de que lhes é possível sacar o poder médico nas mãos de Deus e que lhes basta transferi-lo, impunemente, para as mãos indefesas dos doen-tes, como se fossem boletins de voto, ou para as de «O utente, (que), se tiver (a) informação (que, eventual, ou alegadamente, falta aos médicos),

por sua iniciativa pode optar por outro medica-mento que não aquele que lhe foi aconselhado pe-lo médico», calamidade endossada a um senhor

ministro da saúde, com registo em «Hipocrates. A saúde em revista», Frases, 2002,1,9,19.

A Reumatologia do início do século XXI dispõe de valiosos meios auxiliares de diagnóstico e aborda, em profundidade, as doenças sistémicas. No século XVI o saber médico valorizava, como ainda hoje, a observação e a História clínica, segundo os ensinamentos de Hipócrates (460-377 a.C.), Dioscoridis (40-90), Galeno (130-200),

Avi-all over the body and scaling.

Amato Lusitano worried about the people, their health and his patients’ financial well-being. Most especially, he cared for Diagnosis and Prognosis. Then, to the rich he recommended expensive medication, for a long period of time, and medicated the poor with cheap household medicines, for short periods of time.

Seven hundred and one “Clinical Memoirs”, grouped in “Seven Centurias of Medicinal Cures”, excel among the Latin medical literature of the Renaissance and the numerous erudite narratives with this type of concern were spread by a Latin translation of De Materia Medica by Dioscoridis (40-90), published in 1553.

In that same period, in 1555, the translated “Dioscoridis”, illustrated and commented by Andrés Laguna (1510-1560?) in Antwerp (Anvers), enlarged Chapter CIX, “Del Ebano” with approxi-mations to guaiacum, sarsaparrilla and China root: “Trahese (la rayz de la Chyna) de aquella

prostrema parte de la India Oriental llamada China, que esta mas alla de la Insula Taprobana. Hasta agora pocas vezes he querido usar della, pareciendo me cargo grandissimo de conscientia, pudiendo conseguir el fin de mi intento y proposi-to, com el cozimiento del leño sancto (guaiacum), ya infinitas vezes prouado, el qual se vende a vil precio, hazer que gasten los enfermos su hazienda, en vna rayz muy mohosa y marchita, que se les vende à peso de oro. Empero descubre se cada dia tanta variedad de remedios perigrinos y estraños, que los enfermos cuytados ya no osan curarse, y estan suspensos, como el outro desnudo y muerto de frio, que trahia sobre el hombro no se quantas varas de paño, hasta ver en que parauan los trages” [Bringing (China root) from that extreme

part of Eastern India, called China, situated beyond the Island of Taprobana. Until now I have not often desired to use it, for which reason I carry a burden on my conscience, being able to obtain my goal and aim through boiling the sacred wood (guaiacum), so often already sear-ched for, which is sold upon an evil price, causing the sick to expend their possessions in a very mouldy and limp root, sold to them at a very high price. However, every day such a variety of bizarre and strange medicines is discovered, that the poor sick people dare no more think of being cu-red and are deprived, just as the other naked one, freezing cold, who had on his shoulder many a cloth, until he saw what garments were.”] (Peda-U M A A R T R O PAT I A D O J O E L H O, C I R C A 1552 / A N A R T H R T R O PAT H Y O F T H E K N E E. C I R C A 1552

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cena (980-1037), e tantos outros que, como o doutor João Rodrigues de Castelo Branco (1511--1568), acompanhavam interessadamente os seus doentes e registavam aquilo que viam. Deve-mos-lhes ensinamentos com interesse Reuma-tológico, desde o caso, bem sucedido, «de

palpi-tações do coração, doença que os médicos chamam tremor do coração», por alegado derrame

pericár-dico, na jovem Maria, religiosa florentina, tratada com ventosas escarificadas précordiais (Amato Lusitano: «Terceira Centúria», 43ª) até à tragédia que se abateu sobre «uma menina de onze anos

de idade que, depois de lavar a cabeça, passada uma hora, perdeu a sensibilidade e os movimento, tornou-se hemiplégica do lado direito e faleceu, em menos de um mês», sem que fosse possível

sangrá-la, contrariando Galeno (Amato Lusitano: «Primeira Centúria», Memória 36ª, 1549).

A História da Medicina mostra-nos que a Vida sempre nos trouxe desafios: vencemos uns, per-demos outros e avançamos.

cio Dioscorides Anazarbeo, Acerca de la Materia Medicinal, y de los Venenos mortíferos, translated

by Doctor Andres de Laguna, Salamanca, 1566, re-edited by MRA, 1994, page 83).

Moreover, others were still verifying what the turn of the tide was, until, after the beginning of

the 21stcentury, appeared a number of

“enligh-tened people” bearing the bizarre idea that it would be possible for them to take medical power from god’s hands and that it would be enough to transfer it, with impunity, to the unprotected hands of the patients, as if they were ballot votes, or to the hands of “The user, (who), if possessing (the) information (which, eventual or allegedly the doctors lack), by his own initiative can opt for

a medication other than the one his doctor advised”, a calamity supported by a minister of

health, recorded in the magazine Hipocrates. A

saúde em revista, Frases [Sentences], 2002,1,9,19.

At the beginning of the 21stcentury,

rheuma-tology has valuable auxiliary means of diagnosis and approaches systemic diseases in depth.

In the 16thcentury, the medical knowledge

va-lued observation, as still does today, as well as cli-nical History, according to the teachings of Hip-pocrates (460-377 a.C.), Dioscoridis (40-90), Ga-len (130-200), Avicenna (980-1037), and so many others that, as Dr. João Rodrigues de Castelo Branco (1511-1568), accompanied their patients with concern and registered what they saw. We owe to them teachings of rheumatological inte-rest, from the well-succeeded case of “heart

pal-pitations, a disease called heart tremor by the doc-tors”, due to an alleged pericardiac effusion, of

young Maria, a florentine nun, treated with pre-cordial scarified cupping-glasses (Amato Lusi-tano: Terceira Centúria, 43ª [Third Centuria, 43rd])

to the tragedy that came over a “little

eleven-year--old girl, who, one hour after washing her hair, lost all sensibility and movement, became an hemiple-gic on the right side and died in less than a month”,

without the possibility of bleeding, as opposed to Galen (Amato Lusitano: Primeira Centúria,

Memória 36ª [First Centuria, Memoir 36], 1549).

The History of Medicine shows us that Life has always presented challenges to us, some of which we successfully overcome, while others we lose to yet keep on going.

1In Portuguese, the word for boxwood is buxo, which, as the author

refers, in case of misinterpretation due to ignorance, could be spelt as bruxo, meaning sorcerer. This way the author tries to avoid any possible mistake.

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