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Até que ponto é possível legitimar a jurisdição constitucional pela racionalidade? Uma reconstrução crítica de "A razão sem voto"

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Texto

(1)

At

é

qu

e

po

n

to

é

pos

srve

l

legit

i

mar

a j

urisdiçã

o

constitucional pela racionalida

d

e?

Uma

reconstrução crítica de "A razão s

e

m voto

"

Fernando Leal'

1

.

Introdu

ção

No instigante

e

ambicioso

trabalho do professor

Barroso,

as relações entre

jurisdição constitucio

n

al,

democracia

e racio

n

alid

a

de

es

t

ão no cen

tr

o.

M

ai

s

especificamente, Barroso

pretende

oferecer um modelo

de justificação

da

jurisdição cons

ti

tucio

n

al

em

r

egimes democráticos que se

suste

n

ta

sob

r

e a

neussidade de satisfação de algumas exigências

de

racionalidade nos

pro-cessos

de

t

omada

de decisão do

Sup

re

mo

Tr

i

buna

l

Federal.

Neste breve comentário, pretendo problcmatiur as chances de êxito

dessa

t:.~nprcltada,

que

(i)

reconhece

q

ue processos

de

tomad

a

de decisão jurf

dic:a

são

afetados

por altos níveis

de

in=teza,

(i i) precisa

ronliar nos potenciais

de mét

o

d

os

e

na

operacionalização

a

dequada de

teorias complexas

para ga·

ranrir nh•eis aceitáveis de

previsibilidade

e

de

controle da

discricionariedade

j

udicia

l

, (

i

ii)

p

r

essupõe que as mensagens enviad

a

s

pelo Supremo a outras

instiruiçõcs

são

propostas de dialogo e que as

reações dessas instituições,

s

o

bret

u

do do

Congresso,

podem

ser

compreendidas

como

efeitos da capa

·

cidade de convencimento vinculada

à

qualidade

das decisões do Tribunal

e

(ív) tende a

s

u

perestimar

as

capacidades dos

íuízes para obter

e processar

informações para a solução de problemas

que

poderiam ser enfrentados

por

• Proftssor cb )oGV Direito Rio. Pdo.s comtotiriM c sugatbes ft:itu a '\'ttSÕes antttlorcs deslt tr.1b:dho agradeço a Thom:.1z Pereira, Leandro Molhano Ribe.iro e Dlcgo Werneck: Argudhcs.

(2)

LEGiliM'IJAIJE IJIJ SrF t IIAZÁO JUniDICA

ootrus poderes.

Para

ta

nto

,

argumentarei

que

\Ull

modelo

de

lcgltlmaç~o

como

"

propo

sto por Barroso pod

e es

timu

lar

o aumento da

complexid~de

dos

processos d~

cisórlos,

dificultar

a compreensão

das

in

terações

enlre

po-d

eres

como efetivos diálogos, ser

exc..->sS

iva

mente

exigente do

ponlo

de

vi

su

epistemlco

e,

a

i

nda

que

indir

etamente.

conceilual c nonnalivamente

incom-patlvel

com

uma concepção d

e democracia deliberati\':J,

2.

Juristl

iç§o

consti

t

uciona

l,

demo

cracia

e

rac

ional

i

dade

:

du

as

a

bordagens

O

tip

o de a

·t

l

cu

l

oçiio p

roposto por Barroso entre

j

nri

1

1

ii

u

ço

n

slitu

cional,

de01ocr•d~

c

racionnlidnde, no

meno

s

do

po

nto de

,;~ra

teó

ri

co, não é

co

rn-pleta

mcnte novo.

C

possível pensar

em tentativas

d

e

l

e

g

i

tima

r a

Jnri~dição

constitucional na

democr

acia

com

base

em

pre

ss

nposLo

s de

racionalidade

('O>

pelo m1:11us

dois

sentidos.

O pnm<iro deles parte da corr.preen~ãn

da

Co

nstituiç

3.o

como

um

pré--oompronússo

r•cionalmente

flmdado sobre

quc.~lk<

que

devem

ser

coloca

-das

f

lll'•

da deliher.tção

política de

curto praro. A

criação de

um

documento

que

retira

certOS ar

r

anjos

e direitos do e.-paço de deliberaçã

o

da política

or-dinária é, oo

fu

ndo

,

uma dec

i

são de

s

egnnda-ordem

1

necessária para evitar

que a

inllu~ncia

d•

paixões

moment

ineM

nu

miopias decorr

entes de

vieses

cog

n

itivos

intpcrceptive

i

s

estaticam~ntt

possam

levar a

dccisOc.~ pontuais

i

rradonllis.'

L:o1

n

to

de

v

in

culayão

prévia

como u

de

cri

ão

de

uma Cons

-tituição é,

nesse

sentido. o

produrn de

uma

estratég

ia

de

uuluproteçúo cuj

a

racionalidade

se e

xt

ra

i

exa

ta

me

nte

d

a

co

n<

c

i

ência d

e

que

ce

rt

os objetivos

podem s

er mai

s

ad

e

quadame

n

te

r

ealiza

d

os

po

r

melo da

adoçao d

e

mecanis-mo.< de

bu

sca

indirel11

de resultados.

Nessa

linh

a, a

i

magem

de

U

li

sses se

nd

o

' asrER. ~ Ui'"" s,.;

m.

,;,._.

uudla in ruiooaJLr •ud ul1llooall'>' Co:nbrkl&~ Co:llbril!ge

t:n:..,.ily. 1986. p. 92. Ver tlnlbo!m SUN>."1'EIN, C. R.; ULL\IA~'N·MA.RGAUT. li. Se<or.d

-·O<lktdr-.so ... ln:S\.'NSTEJN.Cm

(Eci

}

.

lt"""

•"""'""'

Ó'

<r"""'

"

"•

No., Yo!l:;o.mbfl(jlt

lÃll. v.:n.it)~ lOOQ.

; El.Sl'ER.

f,

l!l]1v:s toniWI~r.d; stud!es in n.tie:nJfly. precommitrn~:;~t.. ;t,lld\.ODnt-ait\1.'- KO'.'il. Yort: CaiTII.nldac l:nl\'trdry. 2000. p.l?l c )e$'.

! ~ Eh1tt, V'lync,~: '-'!d rlltsiti!r.,, np. ciL .. p. 37; SUNSl'l::lN, C. R. D~r.i"l. dc-niOCf.lfY, , .. :hat co

ns-lhrtions

d.,.,

N:lva \'orlt: Oxf'ord Uninr~t~·~ 20úl. p. 97.

(3)

A RAl.I.O f

o

~OTO: OIIJ.'JGOS CO~STTTUCIONAIS COM 1111S RHE.~TO BAAAOSO

amanado 00

ma:.tro

d

o

seu

navio

para

não SUçUillbir ao

canto

d;u

~•tias

i

c."<plorRda po

r

lllsler

como o pan\merro de comparação por

excelência poro

que

!:e pos~a

compreender

que tipo de

problema

de

decisão

enf

r

enta

um~

co

munidade polltic.a qu3ndo

precisa e

sta

b

elecer as

b

a

ses

p

ara o

de•

cm

·ol

.

vim

cmo

das

suo

.

<

p

ráticas democrólic

a

s'

Nesse

qu

adro, a

<-:ons

l

ltulçiio

~ concebida

como

11

m

li

mite

r~cionnlmente

justificá

vel,

cnquao~1

o

potencial

exereicin

da jur

i.•

diçã

o constltuciona

l t

visto

como crucia

l

o:m um

s

istema

co

nstitu

cio

nal saudável,

na

medida

e

m

que

p

ode

assegurar

que

<n

repre

-sentantes da sociedade nân ><:j~uiliio M

suas

paixõe

s momentâneas

.

'

:.lest

e

primeim <entido, portanto, a jurlsdlçiio consrin•cíon

al

~

JUS

tili

caria

pela~

limi

tações de racionalidade dos próp

r

ios

cidadãos e

dos

seus

represen

t

ante.<

para •dorar sempre

()$i

compnrtamentus

óLimos

parii manter

a

possib

ilid

ade

de

o

utogovemo.

F.m umn seg

unda

possibilidade,

~

l

eg

i

timida

de

da

j

urisdição consti

tucio

na.J em uma democracia está intimo.1ntmte conectada c.om a qua

lidad

e

das

d

ecisões

dos órg

ào

s

jurisdidunul

s compete

ntes

para aplicar

a

Conslitui~ào

e invalidar decisões

majoritári

as.

A lcgltiroidade, neste caso, depende da

p<J

S$Ibilldade de aferição

ela

mclonalldadc

dos

j

ulgados

. Como se

no

ta, ao

coutzir

io

do

que ocorre

na primclrJ

rela

ção, a tentam'a de leg

itimar

racio-nalmente a

jurisdição constitucinnal exercida

por

tribunais não

parte de li

·

milaçija cugnitivas ou irr.tdonõllldades dos seres humanos e não

tem corno

f

oco a

tomada de deci.1ão

por

a

gen

t

es poHticos

no funcioname

nto ordinário

d~

de111o

c.racl

a.

Ao

<l>n

tnlrlo, a

legitimida

de

da

juri.ldição constitucional

nc•~õe

modt

l

l'> pressupõe

a re

a

l

ização efetiva

de

exigência.'

de

r

ocinnali

dadc

dur

a

nte u

processo de

fundamenta

çüo

de

de

cis

ões

e

se p

reoc

u

p

a priorita·

(4)

LEGITIMIOP.lk DO S lt E f'Jol~O JUR'OIC~

riam

ente

com

a

atividade jurisd

i

cioual.

O problema

a

~r

e

nf«nta

d

o d

ew

de

ser

.

portan

to,

como

lida

r

com

limi

t

açôts

de

ra

cionalidade

e Jl"SSa a

ser

co

mo

buscar

a maior

rcaliuo

ção

p

ossív

el da

r•cionalidade em

processos

de

t

oma

d

a

de

decisã

o judi

ci

al

,

~nguanto,

ao

mesmo

t

empo,

a base de

r

ef

e

rência

de

ju~tificação

do

argu

m

en

t

o

pa1sa

do povo

para o

Jud

ici

á

r

io.

Em

se

u

tex

t

o

,

Barro

llO

nplor~

f

un

damenta

lmente

o

lie!,'l.llldo

sent

ido daq

rela\

'Ões

e

nt

re

racionalidad

e

,

d~mocracia

e

jurisd

ição

con

st

itu

clo

nal

.

o

ó,

por

i

s.o,

s

u

r

pr..,nde

ntc que

imab>em

do

Tribunal coJJçtít

uciOilll

l

c

o

m

o

r

epresentante

argumentati;

-o da

socied

ade,

tal

qual

concebido

por

R

nhert

.~lcxy,

ap

a

reça

ro

mo

um

dos

referen

ciais tanto

descr

i

m-os

como n<>rmotivo

.

<

d

o

ar

gwnc

nt

o

central

do

texto.

Os mmime

n

t

os

t

ri

c

os básico.<

s1o

apr

esen·

tlldn

s c

nm

n

clarCU~

e

a

obj

etiv

idade

t

ípicas do estilo

do

au

t

or: • indete

rmi·

ooção

e'

t

rulurol

do

dir

e

it

o

, p

o

t

cn

c

l

nli•

•da

p~la

oomp

le

x.id

nd•

d•s

rela~'Ües

s

uci<1is

,

p

e

l

a

a

firmada

conexão

co

l\

c

e

lt

u

a

l

e

ntre direi

t

o

c

mon1l

c

pela imp

os.

slbilid~de

de

o

direito, po

r

melo

d

e

~1ws

r

e

cras,

es

tabiliz

ar

soluções prede

-terminad~s

a

pon

to de

r.duzir

o

u

mn

ntc

r

sob

controle

o

n,.ro

de

casos

d

i

flceL\o

tn

r

na a

ativid

ade

de

int<rprct

fio

das

disposi~ões

consUtu

c

l

oo

ais

e de

concretiz

ação dos

sew

compmmis!ns

fun

d

am

eJ1lai.s nã

o

ape:na.to ma

i

s

comu

m

co

mo

mais

in

c:ata.l\esse

cenârio,

o

juiz

se

lOrtU!

"co

p

anlc:lpa

ntt

do

proce<SO

de

criação

do d

irrito" e assum

e

o

Ôlii!S

de

fornece

r fum

l

amemos

paro

os

s

u

õ1S

visõ<$

sobre a r

es

p

osta oon

~titucional

m

ai'

adeqoodn p

ara ql!Cs·

tõcs

cspocífiC>~s.• Pt.r

a

lid

ar c

um

os

dificuldades

mctndol

óGie<U<

c o

déli

c

it

de

mo

cr.ltlco

v

inculados

a e.<<e

nn

vo

papel

do

Judiciório

,

sobret

u

do qua11do

é chamado~

resolver

questõe

s

co

nst

llu

cionai

s,

a

interpr<laçào c

onst

ltud

n

n

al

in

corpo

ra

t('

Oria

s

e

mt-tu

d

u

s

:-;u

ll

sticados

c

apazes

de

orientar

mciolUl

lmcnl

c

o

proce<

so de

oonstru~ào

de

sulu~'Ü<-.

ju

rídica

s

para pro

ble

t

\1<1$

que

e

m'Ol

·

vrm

3 oplic~çio

da

Constitui

ção.

A

pondcrs,-.io

<.le

pnndpio<

c

os

ditame

s

<.lc

uma

teori

a

da

argumenta

ção ju

r

íd

ica

a

pre.;ent

a

m-se,

n

e

ste ponto, co

mo

08 princivais

cand

id

ztw

a realizar

em

tarda. O

qmd

ro

se

f

echa

,

finalmen

t

e,

pela

crença

de

que

o

manejo adeq

u

ado

des~s

m

étndns

e

teo

rias

é

cap112

de

gu:mt

ir

um

grn

u

d

e

acei

tabili

d

adc

<lU>

decisões

do

Suprtmo

suJi

cit

nlA: pa

r

a

S

11perar os

d~ficit<

de

legitim

ldadc i

ni

ciai

s

da

atuação

do

tribun

a

l

no

s c

>M>s

em

que a

resposta con

st

ituci

on•l

p

or

n

uma dete

rmin

ada

questão

não

é

clara

.

L R. lbrroso. 8

. \ rliiosan voto~ nesrt Uvr(\ p. J?. Ul

(5)

A R.'.ZÁO E

o

·

m

·

c

:

01Al330S CONSflll)CcCNNS 001/lt.ls IIOI!ERIO MR~Il$0

Como

s

e

nota,

a

radonaU~de d~s

deci

es

d

u

Suprem~~

sc)om

e

l

as

COntrt

.

majorit

árias

ou

o:

pr

es

tll«oh

•-:18,

é

cnnsJd

e

rad3

CUOWÇ30 DCct.ssárja Jlart l

l

egitimaçlo

da

a

mo

çõo

do Trib

unal

!

Por tr

As

dessa

cnn

s

truçi

o, est

á,

c

ref

erencld normativo

p

e

rmane

n

t

e,

uma

c

oncepção

de

d~mo

c

nci

a

delib:

ti,

.,.,

no &mb

it

o

da

qual

"o

exercido

..

do

pod

er

e da

au

t

oridade

é legiti.ma~o por

vo

t

os

e

por

argumentos.

3. Tr

ês es

tra

t

ég

i

as

de

justifi~açâo

O

mndclo de

.

iusr

ificnç-

.io p

roposto po

r Rarr

uso, a

meu ver

,

n

ão

"" limi

t

a

1 insistir na

p

ossibili

d•d

e

de a 4ualidade

das d

ecisões do Tribunal

con$t

í

t

u

.

<:ional s"r 1101a respo.!ta

cons

i

ste

n

t

e

pru-a

en

f

rentar

a

tensa

relaç:ào

conceit

llll

l

entre )url.sdiç:àu ronstitucional e dcmocrd<ia. Par

a

ntim, a

pr

op

osta

original

do

;u~umento ofe~ddo por

Ba

rroso

está

n

o recurs

o

a

rrb

estraté

g

iu

de justifkação difer('ntes e pretensamcote complcmentare.o; paro constmir stu argllmf'ntn de legitiJuação dajul'isdlção constltucionaJ na democracia, sinle· ti2ado na fórmula •a ratão sem voto": pela qualidade

do

processo de funda·

m

en

t

a

ç:io,

pcl

a s

at

i

s

f

ação da

s condições

para

A

l

mp

l

emen

taçlu de

um

li

iálo

·

go

in

s

lil

ud

ona

l

e

p

e

los r

e

sul

t

ado

s

a

lcançados po

r

meio dn

s

d

e

d

s

ü

e

s.

T

od

ilS

elas

se

\'oltam

a

lid

ar c

o

m os p

ontos

mais

se

n

s

ív

e

is

contra a

l

egiti

midad

e

de

j

urisdi

ção co

ns

ti

tu

cio

n

al

na dem

oc

raci

a

:

a

i

n

dete

rm.i.n

a

ç

à

o

da Co

n.stitui

çJ

o.

a

tes

e do s

upr

e

m

ac

i

a

jll

di

ci

al

na det

ermin

ação d

a

r

l'S

pos

t

as ronstitucion•

l

mais

ad

e

quadas

e

m

uma

o

rd

em

jurldica e a

afir

mad

a dific

u

l

d

a

de

coutrom•·

jor

itárin

da

a

tua

ção dos

t

ribun

a

is.'

Ind

o mais

a

fund

i), a

orig

in

alid

a

de ào argumCJltO de

co

rr

e t

ambem

da

possibilidade

d

e

se

rela

ci

o

nar

, a

c-dtla w

na

d

essn

s

O$lratég

ia

s,

uma <'0000:~

diferc11

t

c

de

r

acio

nalldade

.

No

pr

im

e

iro

caso. o

refe

r

ê

nci

a é

wua conccp~3o

substalltlva

de

raciona

lid

a

de

;

n

u segun

do

,

wlla

ra

cionalid

ad

e dist~lrsivn;

no

terceiro

caso,

Jinalme

nte

,

uma conc~ção illstrumCIItal de

racion

alida

de.

' L R. Uttroso, ·;\ ruio tc::m voto~ (lf). cii.,J'· ~9 . • lbld., p. S4.

' Em ><ndclo piÕ>:imo, Tllf.\18!.1\); t. R. The lq;itim>ey o( jlld'cW rn'Í<'l<" 1be lill:ilfoi ~

betwrt:n courts and !~IWltu.n:~ 1.-:rm. NO\';) York. ': 3, n. 4, p. 617·64S. 200;.

(6)

I.EGntM!Ol•OE 00 STf E RAZ,\0 JURfOICA

Cada uma

das

es

t

ratégias de

j

us

t

ificação

d

o argu

m

ento parece

-

me,

po-rém

,

problemática para

l

evar

a

uma aceitação tão

i

media

t

a das teses de que

a

l

<git

i

midade das

<.l

eds

lle

s

dn

S

u

premo

pode

ser

extraída e,

pe

lo

menos em

a

l

guma med

i

d

a

,

se

exiTlli

da

qualidade

do p

r

ocesso de

fundamentação

dos

jtdga

dos

<.la

Cor

t

e ou <.los

resultados

sodais

positivos

al

cançados pel

a

atuação

d

o

Sl'l'

nos óltimos

anos. Ao

longo

da~

próximas páginas,

tentarei

oprescntor ques

t

ões que deveriam

ser

enfrentadas para que

cada

e.matégia

u

e

j

t

Lttificaçào

o

fere

c

ida por

llarro~o

pudesse

fornece

r

uma

resposta

comin

-cente par•

o

problem

a

da

l.eg

i

t

i

mida<.le

democrática

d

a jurisdição cons

tit

u-ciona

l

.

O

objetivo cte

s

te

r.oment

á

ri

o,

o

o

fnndo,

n

ão

é

negar

comp

l

etamen

te

a

i

m

p

ortância

que

o inve

s

t

imeni:Q

e

m

est

rat

ég

i

as de raciouaJizaçâo

da~

de--cjsôes do Supremo pode ter para

J

i

da

r

com

as

tensõ~ conceituais ~ reais

exis

t

ent

e

s

eo

tr

e j

ur

is

di

ção

constituciona

l e

demo

cr

•éia.

Ao ron

t

r.íxio, o q

ue

se pretende pr

i

oritar

i

amente é apontar

alguns

limi

t

es pa

r

a

que

a pr.oposta

de

Bar

r

oso possa

ser

considerada suficiente p

a

ra ga

r

an

tir

a

J

egitinti

dad

e

da

atuação do Supremo na democracia hrnsileiril.

3

.

1

A /egibi

ni</Me

peJa qualidade da

fundamentação

Um

d

os de

s.úi

os permanen

t

e.s

par•

o

reconhecimento da

legitimida

de

da

jurisdição

co

n

stit

uc

iona

l

em arranjos

inst

i

tu

ci

o

nai

s

democráticos está

re

-lacionado com

a

própr

i

a estru

t

ura normati

v

a d

a<

con

st

i

t

uições. Não é raro

encon

t

rar cxprcssõês ,·agas

e

comprumi~so~

não necessariamen

t

e han

n

õni

-cos

nos

texto!;

co

n

st:it

u

ci.ooa

i

s

que

posst~m

ser

u

sados

para sus

t

entar vi

s

ões

d

iferen

t

es

-

as veze

s

contraditória..o; - para

n

solução de

um

mesmo

p

rn-b

l

ema

.

Ao

me

sm

o

t

empo, nã

o

parece i

nco

mum

-

ao

menos se

tomarmos

como referên

cia

a r

ea

lidad

e

b~.<~sileira

-

qu

e

tribuna

i

s cons

ti

tltcio

nai

s

re

f

u

-tem

estratégia..<

formali~tas

de

aplic

ação

d

a

Cons

t

ilui\

'i

io

"

e

que

processos

de

tomada

de

decisão o

ri

en

t

a

dos

na Cons

titu

i

çiio ap

elem

para

sent

id

n.< ou

as

pi

rações

que

não

encontram resp

a

ld

o

im<uiato

no

texto ~onslitucionol,

o

que

pod~

torMr

no

mín

imo

questionável

o

S<u pedigm~

d

emoct'á

li

co

11

1

"' .!-f() t:a.sn br~s!ltiro, v~r L.lt Bii.CJOOO, ':~ r;uli.o sem \'Otó~ up. ~1L, p. :J4.

li L. B. TrtnóiQ)', n··~ Jcgitimacy n( judici:ll N:Vi?.W, op. dt ., P'· 622.

(7)

)1. R."Z.i.O

e

0 '.'OTO: OlfolOGO$ CONSTITU~1 10N:OIS COM LUIS AORFRTO BAPR·3SC

Con

j

ugados com o fato de a Constituição

ser o

fundamento positivo

(uti-mo de

validade de uma ordem

j

uridica, o que impede o recurso a

"

normas

supe

r

iores" para orientar

o processo de superação das indeterminações

~as

provisões constitucion,ús

,

esse~

futores já

seriam suficientes para just

i

fica

r

a

visão de qu

e "a dificu

l

dade do

direito co

n

stitucional é

que [ne

le

I

ningu

étn

sabe o que con

ta como arg

umento':"

N

esse cenário de incerteza. torna

-

se,

portanto, facilmente questionável por que um órgão nào eleito dever

i

a re

1

o responsável por

dar

a ultima p

àlavr

a

sobre o sentido

da

C

ons

tituiç.io em

uma democracia.

Apostar na racionalidade das

decisões

do

t

r

ibuna

l

é uma maneira

de

lidar

com o prob

l

ema da

indeterminação do d

i

re

i

to

e com as cunsequentes mar

·

gens amplas de discr

i

donariedade presentes nos processos

de

interpretação

e

apbcação da Cons

tituição. Na vinculação mais for

t

e entre lcgi

t

in1idadc c

rac

i

onalidade, a se

gun

da se toro

a uma con

dição ucccss.iria para

a

prim

eira

E

s

t

e é, por e

xemp

l

o

, c

xatam

eme o

tipo

d

e

re!a

<,

'ào

que Alc

xy te

m

em

men

t

quando precisa enfr

entar o problema da legitimidade da

pomlerti{.W-

P'-"'

Barroso, uma das protagonistas da ,..nova hermenêutica consttrucionat»

-na

tomada

de

decisão jurldica. Para Alo.:

y, "a

legit

i

midade

da

ponderaç-Jo

nu

direito depende da sua racionalidade. Quanto mais racional

é

a pondcró!fão,

mais

legitimo, portanto

,

é

ponderar

. Pam a radouàlidade

ela

ponderação,

por

é

m,

ded

si\'a

e

a

su

a

e

s

trum

t'

a•:

t.;

E o c

o

n

h

ec

i

mento

da

es

tr

u

tu

r

.s

é

, por sua

.:,·cz, crudal para o desenvohimcnto

de

métodos

ou

estrctttm

u de argwn

e

Jt·

taçdo cap

azes de orientar o processo de justif

tt'a<,-ão

d

e

dcctsões. A

legilit

lli

-dade d

e

julg

ados de

wn

tribunal

que apda para a me

t

áf

ora de pouderaçli

o

de razões

t

orna-se

, assim, dependente do

manejo adequado

de métodos. os

quais são os

p

r

i

ncipais responsáveis pela raciona

l

idade das

dedsá<!s

.

Em u

m

senti

do mais geral

, qu

alquer arbitrariedade

metodológica, seja em

~"laçá<>

à

inobservância genera

li

7

.

ada

de

a

l

gum

m~todo,

seja

e

m

relação

à

var

i

a

ção

n GE.RHARJ)'f, M, }.; B.O\VS, T. D. l.()nStiluiümal lheory: arguments and pc~~.:01l\'lt.;. (.:,:.td,...·

ttsvillt-: Michf.c C~omp:.•n}'• 1993. p. 1. . •::

~

L

~~y

~

~

-

Dle

G

el.,

kht.<

d~

J

Jmd.

!o:JICKELJ, } .. : KitEUTZ, P.; RRUTER, U. (Otg.l.

C~f

J.~

~~

~

:

cftrifr fur /urgr:n .SIJn"e,;sdlilm. Bcrl1m: De Gru)•ter Recht, 2003. p. i71~7i9. p. 77J. uaJuo;ao

(8)

lCGriLIIOADE O~ STF f R>IAO JUROIC•

d• a

plicação

de

dif

eren

t

es

métodt" pelo

Tribunal,

é

Wll

problema

porque

tenderia a erodir a

autor

idade

do

TribWlal corulitucional"

A

meu

ver

,

a rel

a

ção

l

c

R

í

tímidad

e-

ra

c

lonalida

dt·mé

todo não só preten

de

se •presentar

como

a t

entativa mais sofis

t

icada para mante

r

sob co

n

tro

l

e

os

tú,·cl.:;

de incerttta

vinculados

a

processos

de decisão

de

casos

dillccis,

como

me

parece

ser

a principal

bt~.<e

de

sustentação do

argumento de Barroso.

M

ais do q

ue

isst~

par

ece-

me

qu

e

"

lipu

d

e

l

e

gi

l

irnaç;

ã

o pela ra

ci

o

na

l

i

d•dc

defendido por

Bturoso pr

odsa,

do

ponto

de

'is

t

a norma

li

vo. pressu

p

ur

uma

conformação

especí

fica e

ntre

m

elemen

t

os

d~

rel;u,'ào. E

~

exatamente

Jl

e

sle pon

t

o

que

se llX

,

a

li

.c.a

uma

potcnaal

fr~qucM:

p

a

rn q

u

e o

argumento

de

legiti

mi

dade

possa efetivame

nt

e funcionar,

c

pr«is

o

co11jía

r

fo

r

tem

e

nte

Jla

aptidão

de métndus dt'Cisórios

para

pro<fU?jr result:ldos q

ue satisfaç=

d

t"Juan

das

de

r•donalidadc não só de um diálogo orientodn

pdo

<tlc~nce

d

e rosuJ

tad

os lnte

r

s

u

b

j

e

ti

va

mc

nt

c

aceltth·ei~,"

como

tam

bém de

condl~-ões

d< r

acii>

nalidadé próprias do di

r

eito.

O meu

argumento

para

dc(esa

de

ssa

posic,i.o pre1-~upóc,

já.

q\Jc Ku.rroso não llpresent3. nm~ dcfiniçio dt' J"3C';innaU

-t

1ade. uma premissa en

d

oss:

tda explicitamen

t

e pelo

a

u

tor:

dedM\es

judiciais

precisam

ser

r

etxmduzida<

o alg

um

elemento do

.<h

tem

a ju

rfdlco p

a

ro

qu~

po.ssa

m ser

produtos

de

empreendimentos

de

construção,

e não

de

in,·.,tÇ~o

de

respostas comti

t

ucionalmente adt'<j

uadas para

probl<!mas

cs

pediicO$."

Asslm, par

a qu

e o

m

a

gis

t

r.uJo demo

n

stre

q

u

e u

ma

d

e

t

e

rmin

ad

a

soluç~o

é

wu

result..do constitucionalmente posslvcl- a

i

nclu

que uão

o

único

-

pilnl

um

problema

juridi

co-con

•titucio

nal

,

nao

seria nccess:irio

apenas que

qual-q

u

er

rJUío

fosse

fo

r

n

ec

id

a como

~uporte

da deci<ãu.

liu

npouco seri

a

<uti-den

t

c satisf:ue

r a6

co

n

dições

de

clgum tipo de pror.c

dime

nt

n

m

ural

parJ

a

toma

da

de d.."'<isõ"'

prática

s

para que

ns

resulta

dos

fossem imnliatameme

a

cei

távo

i

s.

Uma legi

t

imação

demomiti

c11

das decisões

judiciais

estaria

vin-cul~da,

e

m um

~entido

o

tr

i

vial (como

o

de si

m

p

l

es

ref

erênela a

pas

sagens

''agas

<!;,

Constituição),

à

possib

i

lidade

de justifitaçâo de que

a_~

respostas

a A~lllm. 1:111 reftrtnd# f:!lptodrír.a <tO podtr .,,. 1Hbunal t'OII$1;tudonal altmll.o. LJ:!RCHF.. I~ StU u.od Metbodr-der '-erJaSOMmgliJechtitchen Eurscheh.lwlgf}YWS. In: l'h"fP.R, B.i DREIER. H.

(Org.). fw.tsd!rifi 5IJ jotrn Rrtnd:st~rf<Wttr.S'fJ"idrt. lüb~ Moh< Sld>eâ. 2001. p. lll-361. p. HS.

·~ Sobre o tem"'"· 3.2, lnft·a.

(9)

A R•1ÃO E O VO<O: 014L060S CotiSliiUCIONo\IS COM 1111~ ROBE.;TO SARRO.>O

d

adas

por

um

trib

un

al com

o

o Supremo

m

su

porte no pr

ó

prio tato co,..

U

t

udonal

.

'

'

Um

arsenu.l

d

e

méto

d

os c

t

écnicas

de deci

s

ã

o di

spo

n

i

b

ilizad

o

por

uma

nova herm

enêutica

coo

stitudo

nal

"

p

recis

a

ri

a, nesse

q

u

ad

ro, g

:n

·llntir

ar

a-cio

n

ali

dade

das

decisões

de

tr

i

b

un

a

i

s

con

s

t

i

tucionais

em

p

elo

m

eno.s

ru

1

is

se

nt

i

d

os. D

e

um

lado

,

aind

a

q11

e

esses

m

éto

dos não levem

n nl

vcls

ab.1

ohttos

de

obje

ti

vid

ade,

seu

manej

o

a

dequado

d

e

v

e

ri

a s

er

capu

de

condwdr

a

olv

d

s

s:.

t

isfatórlos

de pr.visihilidodf do~ '~-<postas

p

a

ra

qu

es

t

ões co

n

stllu

c

in

n

•i•

controverti

da.

"

por

o

u

tro

,

e

sses mé

t

odos,

ainda que

não levem

a n~is

pl

e

-nos de

cert

eza

,

deveriam

reduzir"

subjeüvi

dad

e

d

e

tomadores de decUã

o,

ua

medid

a

em que deveriam

subme

t

e

r

su

a

a

tu

ação

:i

salisfaçãu de dever

es de

n

rgume

nt

o

ç.'io

p

r

e

viame

n

te

det.:rm

i

nados

que

(i)

fil

trassem os

m

t

o

r

es

rtk

-\'tlll

t

cs

p

a

ra

a

j

usti

fi

c

a

ç

ão

de deci

sões

,

(

i i

)

te

n

t

assem

d

e

finir o peso de cnda

u

m

de

l

e

,

,

n

a

argument

a

ção

,

(iii)

f

osse

m min

imamente

ade

re

nte

s

à p

r

á

ticn

d

cdsór

ia

co

nsoli

d

ada

do

Tr

i

b

un

al

e,

p

o

r fim

,

(i

v) índuls

s

cm

a

u

bser

v.ln

da

de

roteiros

a

r

gu

m

e

n

w

t

i

v

os

instih•cinnnli,ados e {v) o

respeit

o

a

pr

cce

d

cn

l

.,

.

Cumu se

nula,

os

veis

d

e

d

ctcrmlna

çil

o

das

r

esp

o

sta

s

'

is

l

umbl'lldos

p

da

aplicação

de

t

odos

ded

s

ó

r

ic"

est.'ío

lon11e de sere

m

ídenis.

M

as dlsso

nAo

se

e

rtrai

necessari

a

mente

a

su

a

irradoo

a

lidad

e

11

O

fat

o

de

a

aplicnção

ad

equ

a

da

de

m

ét

odos decisórios

nio

permit

ir

que

se

possa

chamar

qu

al

q

uer

resultado a

eles

vinculad

o de

irr•cional

n

õo

s

igni

-fica,

cur

a

lu.do

,

qu

e o

s

llÍ\'e

i

s

efcUvam~nlt! renliz.~~vei's

d

e

raci

uaalidadt:

sejam

s

u

liclen

r

cs

pa

r

a

l

egi

t

imar de

mocrnt

lc.

amc

nt

c

a

jmi•diç

ão co

n

st

it

uc

i

on

al

no

~entido

pl'

c

ssupost()

por

Darr

os

o.

O

qu

e se

pretende

denun

c

ia

r,

co

m ouLCaS

p

a

l

av

r

as,

é

nlgum

ti

po

d

e nssi

m

etr

i

ll

entr

e

aq

u

ilo

q

ue

o

m•xl

e

l

o

d

e

l

egi

tbna

-ção n

f

ereddu p

or Barr

os

u

p

re>.•upi\~

como r

e

o

li

zável

c a

q

ui

l

o

qu

e o mane,io

adequado

d

e m

ét

odo

s

de

d~sio

pod

e

c

f

cth

·am

cn

t

c fornecer ern

t

e

r

mos

de

racionali

da

de

.

E

u ten

t

arei apontar

d

ois

aspec

t

os ca

pa

zes d

e

s

u

Sien

tar a

pl

au

·

sibili

dade dessa

afirmação."

1'.1~ e~1ào,

respectiv:uneme, r

dadnoad

os

CO!ll

,,. Vtr • r·t'lp~it.-, 11. Cl'lolllrihuif~(l dt' Joaquim flüdo pua. este U''TU.

,.

~o

ru

t

~mo

!lcntido sobre

11.~

dlspul:.u

tt\lb~

a r<JciolU.Iidade dll pon<k:ntçâv. ver Lf.\1 ... fC"r·

. I t· . . I \_ o~hur$Jlt.l

n;onot.,, Ir tll&;l..-..rh ou upc1'-rl'l<:mn~11 A p.;mdC'r!~\\0 dt prln.ópiU~ t:ntrc O r..:l (141ll0 ~

tnsfnuo. J<"I'I$W de Virdto AdmJn(.ftmflYU 6 Cmutitucimur!, v. 58. p. l77·2U9, 201<1. liW~ df 10 Ú (ftta:n~nk poss(\·d inch,dr OeSU. llôtu vrubtt:JT~~~.» rt..'\li$ (e)adon:~dO$ C'Om t'IS JlfVC(. !\.d

ju

li

l

ifi

c

11

~

de llt'dsões no Supremo 'l'ribund. Feden:d

o

recurso eorut•ntr "prlu:lplo' vtlt; 116

(10)

os ef

e

i

tos nega

ti

vos

d

e

um

a

conjiançn ex

ces

siva

no

s

m

é

t

od

os

e

com n po

ssí

-v

el

1

-econ

h

ecimc

n

t

o

d

o cará

t

e

r

e

x

c

es

s

iv

amen

t

e

ex

ig

en

t

e

d

os mesmos.

No

pr

i

m

eir

o co

so

,

o pr

in

ci

p

al

r

isco d

t

uma

c

o

nli

onç

a

exce

ss

iv

a

n

o pote

n

-d

al

de

instrumento.~

m

etodológ

i

cos

c

omn a p

ro

porcion

ali

d

a

de

ou

na

s

re

-grJS

m

a

l

cr

ia

l

s

e pro

c

ed

i

m

en

ta

i

s

o

fe

recidas por uma t

e

oria da

argumentação

jurí

di

c;o

e

o de

p

rodt

.

ão

do

e

fe

i

to

o

p

o

st

o

ao

vi

s

ad

o

J.>

do desenvo

l

v

i

m

e

nto e

pda aplica~ào

c

om:i

s

tcn

t

e

de

m

étodos qu

e

pretendem

cootluzir p

r

o

ce

sso

s

d..:isór

i

o

s

re

n

i

s: em

v

ez

d

e

r.

du

z

ir o

s n

ív

eis

d

e

in

det

e

rm

i

nação

d

o d

irelu~

n

$\lperesrim

a

dos pntenc!ais de método.

e

t

é

c

nic

as d

e

decisão

cr

ia

i

n

c

e

n

tivos

pa

r

a o s

e

u

US<l

f

req

ue

n

t

e

, o q

ue

con

d

u>

.

po

r

s

u

a

''tt.

a

uma

indeterminQ(Ac

mcl

ica1

do dil'

c

ito

.lss

o

p

o

rq

ue, po

r

u

m

la

d

o

.

n

5

o s

e

d

e

v

e o

l

v

i

d

ar

qu

e

n

m

an

e-jO

a

d

equado de

métodos romo

a p

roporc

i

on

ali

d

a

de o

u d

e t

eorias c

o

mp

lex

as

s

n

h

r

e a

in

t

t

rpre

m

ç

ã

o

co

ns

ti

tuc

i

on

al envolve a s

u

peração

d

e custos de

dec

.i

-s:io c

omumente

~.lc"<ldos.

Se s

e

J>

•rle da c

o

mpre

ss*o

de

q

u

e m

ét

odos

d

e

c

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uncionam como algoritmos que levam diretamente a

u

m fuúco

resultado, mas que ele~ funcionam como csquêma~

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e

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n

cia e

n

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e

cis

ão

e

pre~-mpostos

t

e

6r

i--

- - -

-

-ro.ra fu,lJ.Jrué:~lEr dec~ 'em a suptt~io dt quaisqla!t ônus dt: ~ • ba~

til! dip;nldaCe humlliU., a rtferi':'ldn eomutn ~ regra d:~. ~tupnrclona1idsllir. 8tm a. uylb ç.'lo d,e,

~•b·r.:l:ír~ da t~dequiiÇio. d.' ne(e:..'lidade t cb pa·oporCl.O~ em nn1ido c.tri:{) t e.~d-a. d.t: um1 a1ttura ainda lm:ipimle d( prcc.cJmtt'sno yaí11 ~io evldtncir.( clt que a prú.lit.n dedsóa'i~

do Trihuu;~l a:nd.l Ó'li dl.st.int~ da rulilJ~lD mrsroo 6c: 1thtf.t modeslOS à: nnonal.irl:itlr. Vu a.

:c·~n dcs~ probl&:mas, re,pc-;tivamentt-, SUNOFBUJ. C A. Pnntlplo é p1cgnlç;.! in: ~{:t\. DFEl,O, C. A. DittUo adlninis:f'l:lwJ parQ c/ti,"'J. Si.(J P'Jolo: ~Whâros. 1(112. p.. ~;LHA~..

Fttr.a~do. AtJwnenundo com o ,obr'-1'' lncf'plo da I'Unnidade do:~ ~iiSt1a hum .. 'l.."ta. 1\.rqtJ•.,M tit

Llird,'IJS túur.tt.'f(ls, 1\iu c:k J,uu:ifth v. 7. p.. 41·67.ll.i07; SILVA. Virgil:o Afonso ti•. O JftPOfCkl:wl

r o runivd, Ftt..,.ista &os TtífJW'l:li$1 São l,•ulo, n. 79$. p. 23·50, abr. Z0ll2; e \o'Of\iOOTC, A . .X:

MACHADO. A . .M. F.; <"' ... lt..RlJOSO.

r..

L. C &.:r~.--vendo wn toAl<lilllX1 l'nmd-1'0 capHoio: P~ r\en1He P:.~Sôdcd,ôriC) f'IO srt:. Re-lill'tl Dir;..oito c.v~ Sft.o Ptlu.lo. v. s. n. '·I' ~U-t4, 20W. Sobrt'

~ ne..:c.uid.adc 1le in:u:ln:lçitl de' WX.:l pr.ltk:\ Mudivd de lln::u::"kntr' no p:&Ú •tt wn.Ww IA VO(U!I

t.Ql ministros Luú Ruhet1o Ruroto ê Tcm·i 7.11\'MC'lti n• AD14 . .'\\5! ... C.

(11)

A RAZ.\0 E

o

\IJ1'0: Ol.!lOOOS COtiS11TUCtOIUJS Cü~V LJfS fiCilERrO BARROSO

c<Js poderiam

ainda ser

agrega

d

os.

Por

o

u

t

ru

la

do

,

i

pr<

ciso

ta

mbém

(c

1

~r 3

sério

o

fat

o

d

e qut;

ainda

qu

e

os

custo

s

dec

is

ór

io

s

p

os

sa

m ser satisf

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itos,,

a

pUcaçã

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métodos e

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é

ca

paz de

dim

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nat co

m

p

l

•t

a

m

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nt

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a

s

ub

je

tivi

dade

do

lOilla

do

r d

e

dedsão,

especialmente

qu

ando a fi

>

rmula

0

n

d

o

qu

e

se

p

o

ssa

cb

a

rnar

d

e

wna

"teor

ia

da t

ornada

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dec

isão

j

u

rl

d

i

ca cons

ti

.

t

uciona

l

mente

adequada"

i

nclui

div

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rsas

variáve

is

em

si co

mp

lexas

e

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n

t

re,;

muito

dif

e

r

e

nte

s, como

a

consideração

de

"'aspectos

ex

te

rnos

ao

orden

am

en

-to jurídico":!~ e) como "coordeoadas específicas~ "a justiça do caso concreto~

a

"segu

ranç

a

jw

ídica

c

a

dignidade

humana~"

M

esmo

controláw~

h

av

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in~rlea

sobre

p

a

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ran

do

p

r

ocessos

deds6rios r~ ais.

Nu argurm::ulo

a

p-

resentado

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or

Dnr

roso

,

a

confiança

e.x<..:t-ssi,·a t'nt

tnb

todos

e teori

as

d

ed

sórias

é

in

f'oitávcl.

E

af estó

o

se

u

probJ~ma

centr

al

.

Se

a

l

egi

ti

dad

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da

s

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ri

bunais

cons

titucion

ais em

um

mod<Jo

de

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emocr

a

cia

deliber

ativa

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ep

eode

da

q

u

a

lidade

da

fundamenta~ão

das

COllS·

liu<;ô

cs da

s oortcs,

a..:red

it

ar

na utilidnde

de

m

é

todos e

leorias

pa

r

a orienta

r

a tomada de decisão cons1itucional toma-se uma ne,tssidade em um

am-biente .inrfclko e social marcado p<lr elevado!> níveis de indeterminação e

complexidade, tal qual é, para Barrtt.~o, o "mundo contemporâneo'' no qual

!;e pratica. o direito.ü Isso porque~ se

pro

cessos de

t

omada

de

decisão consti

·

t

udona

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são c

a

rac

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erizados

pe

la

p

r

esença de

e

l

e

mento

s

mor

ais

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de

'

'o

utr

O$

domínios do

conhecime

n

t

o

"

e se

otientam

em

principios

e

coma

nd

os

d

e

sentido vago como ""dignidade humana~u elementos tex.tua..is deixam

J

esd

parâmetros deúuitivos p-.rra a tomada d~ decisão, e se tunlô.ut1 simples

refe-rendas dnrotávt'iS pda possibilidade de renlizaç:ão de oulTOS compromjsS05

co

n

s

t

i

t

uc

lona

ls,

e

ste

jam

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l

es

explí

ci

tos

ou

im

p

l

ic

it

os,

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u uão

fr

u

to

da

quil

o que o

próprio

tribu

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entende

·

'•

r

o

propósito

da

(À:ll\Stituição

c

seu

p

apclna

o

rd

em const

i

t

ucio

nal

vlg~nlt:.1" Part:ce-mc

se

r

i

sso que

Barroso

te!ll

Jt~ L R. Jklrrooo. •:A_ r:ulo ~em voto", op. dt.. p. 39. '' lhid .. p. 43 c:: ~c::~;~>.

u Ibid .• p. 34 e sess. •' lbid., p. 3S.

:.. Sohn:: il imJlMtãne:a

d

~~~

$

aspc-ct05-, que

~o

para além do

mau

~

o

ad.,)u.tdo de ntHm.!:l"'.dt

docisão, nos processos de iutcrpn:l;,çãa corutituciOlló\1, ·ttJ' P. Ler,ht, St1l ~md ,\1t•fl:c..J~~r\<tf~tf" ;.w:~c,'ufi;;a'1er! F.muhtfdt.'llt!PYaX•'s, OJ_J. dt., p. :t33·361.

(12)

lEGITii.lll!\OE DO STF C ;::r,zAC• JURfOIC:.

,.

0

rnente

quando

afirma

que "[a[

dout

r

ina p6s-

p

,

x•itivista

(

.

..

]

b

usca ir

além

da

leg

al

i

da

de

estrit.a, mas não

d.,.

rre

za

o

d

i

rei

t

o

posto"

.

"

os

principais r

is

cos

dessa

visão são o

da

diluição do

pr

in

c

ip

al

limite

j

u-,

í

à

ico

para

a

tomada de

de

cis

õe

s

-

o

texto

da

s

di

s

po

si

ções

juríd

icas

,

algo

b<lstant

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fícU

pa

rn

a

d

ecisão

Cl

>nstituciooa

l

em

razão

das

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dete

rruin

a-~ões típicas da linguag

em

do c

onstitlrinte - e o da consequcntc redução

dOI'

p

r

ocesso

s

de

t

oma

da

de decisão con

s

titucion

al

à apJiçação

de

reierencias

v

agas

(como ponderação, razoab

ilí

dadc

c

di

g

nida

de

humana

)

ou

teor

ias de

complcx•

opemcionaliza<;ào

(co

mo

u

ma

te

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ia

da

justiça ou

a

que suge

r

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uma

leitura t11oral

da

C

ons

ti

tuição)'

·

'

qu

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não garan

t

em

os gra

u

s

dese

v

ei

s

de

c.o

ntr

o

lc

da

discridona

r

iedade

e

de

pre

visibUidade exig

idos

pela man

i

p

u-l

a

ção

de

ta

nt

a

comp

lexida

de c

indctcrminAç~o."

Ness

e

cenário

d

e

i

ncertez

a

3

res

peito

da.

respostas que

um

t

ribunal pode

dar

par

a

pro

b

lemas

consti-tucio

na

i

s, a

confiança em métodos decisórios se toma

indispe

nsá

v

el

para

que algum

rlívr.l

rle

racionalida

de

vara

as

d

ecisõe

s,

a

o

1nenos

nos sentidos

de

o

r

gani

z

ação

do pr

ocess

o de

cisór

i

o e

garantia

n

ima de

previsih

ilíd

a

-de

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administração

da

subjeti

v-ida

de

j

udici

a

l

,

possa ser

o

b

tid

o

.

Métodos

de

dedsão não deveriam ser apenas mn caminho possjvel para lidar com as

incerte

za

s

da

d

ecisão

co

ns

titucional; ele

s

p

reds:.uu

ser, ao

lado

de

mecan

is-mos próprios do desenhl) in~lilucional) 11 aposta de nm projeto nonnativo

p

re

o

cupad

o

com

a

raciuoalidadc

do

s

julgados.

"

A

demai

s,

a

s

crença

s

(

i) d

e

q

ue a

legi

timi

dade

de decisões constintcionaís

depe

nde prio

r

i

ta

r

ia

me

nte

da a

plicação adequada desses

métodos

e (

i

i) de

que

e

s.sa ap

licação ad

equada

é po

ss

(\'el

pode

m

gera

r

incentivos

para um

!S L R, D.arroso, ·~·l ra~iiu ::em vol.d~ op. clt., p. 3$.

ll A rcfcràtch mals clwa pata olelllil é L>WORKI~. R. Fr~cdomS rn1-1: lhe moral r>:&J.iug ofthe Amul;'an CUJ~Iilurion. Cólmbridge: llartard Unin:!sity, l996. &pc~ialmcntc p. 1~38.

1

~ VerSQto\UER. F. Ralmcing. su~nmpliuu uml th~ 'OI'Uilninir.g ro'c oflc~ltu.t. In: Kl.ATt

M.o..t1iti~ (úrg.)./n~tifwlimmJized !"ta.wn. 'Ihe iurisprudtnc~ vfltnbert AleX)'. NO\':!. Vor.k: Oúord Uni\·er~l:;. 2(HZ. p, 307·318; c F::rnun..to Leill.lrradonalv<' hi(>-::r·radon,..)?, op. dt., P· lb~·l97.

.

-

.

~~bxc o~ r{$(os d(l uso re.;orre.u~ da ronder;:~.;lo par~ um moddó oo~-is;<:ntc t.le regras, v~r t am-bern AVIL't. Humberto. Neoco11~rjtudonalUmo: <"..nl.re 'il ciC:r.<ii'l do dirdtu e o dirdtu da di:nci.'\.

1itl•i.!74 F.ltJrún!t-.n -d~ Dir .. 'it.1 do E.srr.do, Solh·:tdor, n. 17, 2009. D.kJII)Ili\'cl em: <WW\\~dJreitvdott·

~.-cuo1ire\'ish/rede 17 ·jamcirí>-'2.0fJ?·humbcrlú%lOavUa.pdf>. A.::"$0 em: ti u!Jr.:!Ol5 .

. Sobr.:: 0 Jk!Fel do de:senho i.w.litudunul par<~ lidar com ~S:Ii•~ difia.Jid;t(l.:.;;, ver o oowcntoir}O de r./it ... >~" \·~

Referências

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