At
é
qu
e
po
n
to
é
pos
srve
l
legit
i
mar
a j
urisdiçã
o
constitucional pela racionalida
d
e?
Uma
reconstrução crítica de "A razão s
e
m voto
"
Fernando Leal'
1
.
Introdu
ção
No instigante
e
ambicioso
trabalho do professor
Barroso,
as relações entre
jurisdição constitucio
n
al,
democracia
e racio
n
alid
a
de
es
t
ão no cen
tr
o.
M
ai
s
especificamente, Barroso
pretende
oferecer um modelo
de justificação
da
jurisdição cons
ti
tucio
n
al
em
r
egimes democráticos que se
suste
n
ta
sob
r
e a
neussidade de satisfação de algumas exigências
de
racionalidade nos
pro-cessos
de
t
omada
de decisão do
Sup
re
mo
Tr
i
buna
l
Federal.
Neste breve comentário, pretendo problcmatiur as chances de êxito
dessa
t:.~nprcltada,
que
(i)reconhece
q
ue processos
de
tomad
a
de decisão jurf
dic:a
são
afetados
por altos níveis
de
in=teza,
(i i) precisa
ronliar nos potenciais
de mét
o
d
os
e
na
operacionalização
a
dequada de
teorias complexas
para ga·
ranrir nh•eis aceitáveis de
previsibilidade
e
de
controle da
discricionariedade
j
udicia
l
, (
i
ii)
p
r
essupõe que as mensagens enviad
a
s
pelo Supremo a outras
instiruiçõcs
são
propostas de dialogo e que as
reações dessas instituições,
s
o
bret
u
do do
Congresso,
podem
ser
compreendidas
como
efeitos da capa
·
cidade de convencimento vinculada
à
qualidade
das decisões do Tribunal
e
(ív) tende a
s
u
perestimar
as
capacidades dos
íuízes para obter
e processar
informações para a solução de problemas
que
poderiam ser enfrentados
por
• Proftssor cb )oGV Direito Rio. Pdo.s comtotiriM c sugatbes ft:itu a '\'ttSÕes antttlorcs deslt tr.1b:dho agradeço a Thom:.1z Pereira, Leandro Molhano Ribe.iro e Dlcgo Werneck: Argudhcs.
LEGiliM'IJAIJE IJIJ SrF t IIAZÁO JUniDICA
ootrus poderes.
Parata
nto
,
argumentareique
\Ullmodelo
de
lcgltlmaç~ocomo
"
propo
sto por Barroso pod
e es
timu
lar
o aumento da
complexid~dedos
processos d~
cisórlos,dificultar
a compreensãodas
in
terações
enlrepo-d
eres
como efetivos diálogos, ser
exc..->sS
iva
mente
exigente do
ponlode
vi
su
epistemlco
e,
a
i
nda
que
indir
etamente.
conceilual c nonnalivamente
incom-patlvel
com
uma concepção d
e democracia deliberati\':J,
2.
Juristl
iç§o
consti
t
uciona
l,
demo
cracia
e
rac
ional
i
dade
:
du
as
a
bordagens
O
tip
o de a
•
·t
l
cu
l
oçiio p
roposto por Barroso entre
j
nri
1
1
Uç
ii
u
ço
n
slitu
cional,
de01ocr•d~
c
racionnlidnde, no
meno
s
do
po
nto de
,;~rateó
ri
co, não é
co
rn-pleta
mcnte novo.
C
possível pensar
em tentativas
d
e
l
e
g
i
tima
r a
Jnri~diçãoconstitucional na
democr
acia
com
base
em
pre
ss
nposLo
s de
racionalidade
('O>pelo m1:11us
dois
sentidos.
O pnm<iro deles parte da corr.preen~ãn
da
Co
nstituiç
3.o
como
umpré--oompronússo
r•cionalmente
flmdado sobre
quc.~lk<que
devem
ser
coloca
-dasf
lll'•
da deliher.tção
política de
curto praro. Acriação de
umdocumento
que
retira
certOS ar
r
anjos
e direitos do e.-paço de deliberaçã
o
da política
or-dinária é, oo
fu
ndo
,
uma dec
i
são de
s
egnnda-ordem
1necessária para evitar
que a
inllu~nciad•
paixões
moment
ineM
nu
miopias decorr
entes de
vieses
cog
n
itivos
intpcrceptive
i
s
estaticam~nttpossam
levar a
dccisOc.~ pontuaisi
rradonllis.'
L:o1n
to
dev
in
culayão
prévia
como u
decri
aç
ão
deuma Cons
-tituição é,
nesse
sentido. o
produrn deuma
estratég
ia
deuuluproteçúo cuj
a
racionalidade
se e
xt
ra
i
exa
ta
me
nte
d
a
co
n<
c
i
ência d
e
que
ce
rt
os objetivos
podem s
er mai
s
ad
e
quadame
n
te
r
ealiza
d
os
po
r
melo da
adoçao d
e
mecanis-mo.< de
bu
sca
indirel11
de resultados.
•
Nessa
linh
a, a
i
magem
de
U
li
sses se
nd
o
' asrER. ~ Ui'"" s,.;
m.
,;,._.
uudla in ruiooaJLr •ud ul1llooall'>' Co:nbrkl&~ Co:llbril!get:n:..,.ily. 1986. p. 92. Ver tlnlbo!m SUN>."1'EIN, C. R.; ULL\IA~'N·MA.RGAUT. li. Se<or.d
-·O<lktdr-.so ... ln:S\.'NSTEJN.Cm
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l!l]1v:s toniWI~r.d; stud!es in n.tie:nJfly. precommitrn~:;~t.. ;t,lld\.ODnt-ait\1.'- KO'.'il. Yort: CaiTII.nldac l:nl\'trdry. 2000. p.l?l c )e$'.! ~ Eh1tt, V'lync,~: '-'!d rlltsiti!•r.,, np. ciL .. p. 37; SUNSl'l::lN, C. R. D~r.i"l. dc-niOCf.lfY, , .. :hat co
ns-lhrtions
d.,.,
N:lva \'orlt: Oxf'ord Uninr~t~·~ 20úl. p. 97.A RAl.I.O f
o
~OTO: OIIJ.'JGOS CO~STTTUCIONAIS COM 1111S RHE.~TO BAAAOSOamanado 00
ma:.tro
d
o
seu
naviopara
não SUçUillbir aocanto
d;u~•tias
i
c."<plorRda po
r
lllsler
como o pan\merro de comparação por
excelência poro
que
!:e pos~acompreender
que tipo de
problema
de
decisão
enf
r
enta
um~co
munidade polltic.a qu3ndo
precisa e
sta
b
elecer as
b
a
ses
p
ara o
de•
cm
·ol
.
vim
cmo
das
suo
.
<
p
ráticas democrólic
a
s'
Nesse
qu
adro, a
<-:ons
l
ltulçiio
~ concebidacomo
11
m
li
mite
r~cionnlmentejustificá
vel,
cnquao~1o
potencial
exereicin
da jur
i.•
diçã
o constltuciona
l t
visto
como crucia
l
o:m um
s
istema
co
nstitu
cio
nal saudável,
na
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e
m
que
p
ode
assegurar
que
<nrepre
-sentantes da sociedade nân ><:j~uiliio Msuas
paixõe
s momentâneas
.
'
:.lest
e
primeim <entido, portanto, a jurlsdlçiio consrin•cíon
al
~JUS
tili
caria
pela~limi
tações de racionalidade dos próp
r
ios
cidadãos edos
seusrepresen
t
ante.<
para •dorar sempre
()$icompnrtamentus
óLimosparii manter
a
possib
ilid
ade
de
o
utogovemo.
F.m umn seg
unda
possibilidade,
~l
eg
i
timida
de
da
j
urisdição consti
tucio
na.J em uma democracia está intimo.1ntmte conectada c.om a qua
lidad
e
dasd
ecisões
dos órg
ào
s
jurisdidunul
s compete
ntes
para aplicar
a
Conslitui~àoe invalidar decisões
majoritári
as.
A lcgltiroidade, neste caso, depende dap<J
S$Ibilldade de aferição
ela
mclonalldadcdos
j
ulgados
. Como se
no
ta, ao
coutzir
io
do
que ocorre
na primclrJ
rela
ção, a tentam'a de leg
itimar
racio-nalmente a
jurisdição constitucinnal exercida
por
tribunais não
parte de li
·
milaçija cugnitivas ou irr.tdonõllldades dos seres humanos e não
tem corno
f
oco a
tomada de deci.1ão
por
a
gen
t
es poHticos
no funcioname
nto ordinário
d~
de111o
c.racl
a.
Ao<l>n
tnlrlo, a
legitimida
de
dajuri.ldição constitucional
nc•~õemodt
l
l'> pressupõe
a re
a
l
ização efetiva
de
exigência.'de
r
ocinnali
dadc
dur
a
nte u
processo de
fundamenta
çüo
de
de
cis
ões
e
se p
reoc
u
p
a priorita·
LEGITIMIOP.lk DO S lt E f'Jol~O JUR'OIC~
riam
ente
com
a
atividade jurisd
i
cioual.
O problema
a
~re
nf«nta
d
o d
ew
de
ser
.
portan
to,
como
lida
r
com
limi
t
açôts
de
ra
cionalidade
e Jl"SSa a
ser
co
mo
buscar
a maior
rcaliuo
ção
p
ossív
el da
r•cionalidade emprocessos
de
t
oma
d
a
de
decisã
o judi
ci
al
,
~nguanto,ao
mesmo
t
empo,
a base de
r
ef
e
rência
de
ju~tificaçãodo
argu
m
en
t
o
pa1sa
do povo
para o
Jud
ici
á
r
io.
Em
se
u
tex
t
o
,
Barro
llO
nplor~f
un
damenta
lmente
o
lie!,'l.llldo
sent
ido daq
rela\
'Ões
e
nt
re
racionalidad
e
,
d~mocraciae
jurisd
ição
con
st
itu
clo
nal
.
Nã
o
ó,
por
i
s.o,
s
u
r
pr..,nde
ntc que
•
imab>em
do
Tribunal coJJçtít
uciOilll
l
c
o
m
o
r
epresentante
argumentati;
-o da
socied
ade,
tal
qual
concebido
por
R
nhert
.~lcxy,ap
a
reça
ro
mo
um
dos
referen
ciais tanto
descr
i
m-os
como n<>rmotivo
.
<
d
o
ar
gwnc
nt
o
central
do
texto.Os mmime
n
t
os
t
eó
ri
c
os básico.<
s1oapr
esen·
tlldn
s c
nm
n
clarCU~e
a
obj
etiv
idade
t
ípicas do estilo
do
au
t
or: • indete
rmi·
ooção
e'
t
rulurol
do
dir
e
it
o
, p
o
t
cn
c
l
nli•
•da
p~laoomp
le
x.id
nd•
d•s
rela~'Üess
uci<1is
,
p
e
l
a
a
firmada
conexão
co
l\
c
e
lt
u
a
l
e
ntre direi
t
o
c
mon1l
c
pela imp
os.
slbilid~dede
o
direito, po
r
melo
d
e
~1wsr
e
cras,
es
tabiliz
ar
soluções prede
-terminad~s
a
pon
to de
r.duzir
o
u
mn
ntc
r
sob
controle
o
nú
n,.ro
de
casos
d
i
flceL\o
tn
r
na a
ativid
ade
de
int<rprct
"ç
fio
das
disposi~õesconsUtu
c
l
oo
ais
e de
concretiz
ação dos
sew
compmmis!ns
fun
d
am
eJ1lai.s nã
o
ape:na.to ma
i
s
comu
m
co
mo
mais
in
c:ata.l\esse
cenârio,
o
juizse
lOrtU!"co
p
anlc:lpa
ntt
do
proce<SO
de
criação
do d
irrito" e assum
e
o
Ôlii!Sde
fornece
r fum
l
amemos
paro
os
s
u
õ1S
visõ<$sobre a r
es
p
osta oon
~titucionalm
ai'
adeqoodn p
ara ql!Cs·
tõcs
cspocífiC>~s.• Pt.ra
lid
ar c
um
os
dificuldades
mctndol
óGie<U<
c o
déli
c
it
de
mo
cr.ltlco
v
inculados
a e.<<e
nn
vo
papel
do
Judiciório
,
sobret
u
do qua11do
é chamado~resolver
questõe
s
co
nst
llu
cionai
s,
a
interpr<laçào c
onst
ltud
n
n
al
in
corpo
ra
t('
Oria
s
e
mt-tu
d
u
s
:-;u
ll
sticados
c
apazes
de
orientar
mciolUl
lmcnl
c
o
proce<
so de
oonstru~àode
sulu~'Ü<-.ju
rídica
s
para pro
ble
t
\1<1$
que
e
m'Ol
·
vrm
3 oplic~çioda
Constitui
ção.
A
pondcrs,-.io
<.le
pnndpio<
c
os
ditame
s
<.lc
uma
teori
a
da
argumenta
ção ju
r
íd
ica
a
pre.;ent
a
m-se,
n
e
ste ponto, co
mo
08 princivaiscand
id
ztw
a realizar
em
tarda. O
qmd
ro
se
f
echa
,
finalmen
t
e,
pela
crença
de
que
o
manejo adeq
u
ado
des~sm
étndns
e
teo
rias
é
cap112
de
gu:mt
ir
um
grn
u
d
e
acei
tabili
d
adc
<lU>
decisões
do
Suprtmo
suJi
cit
nlA: pa
r
a
S
11perar os
d~ficit<de
legitim
ldadc i
ni
ciai
s
daatuação
do
tribun
a
l
no
s c
>M>s
em
que a
resposta con
st
ituci
on•l
p
or
n
uma dete
rmin
ada
questão
não
é
clara
.
• L R. lbrroso. 8
. \ rliiosan voto~ nesrt Uvr(\ p. J?. Ul
A R.'.ZÁO E
o
·
m
·
c
:
01Al330S CONSflll)CcCNNS 001/lt.ls IIOI!ERIO MR~Il$0Como
s
e
nota,a
radonaU~de d~sdeci
sõ
es
d
u
Suprem~~sc)om
e
l
as
COntrt
.
majorit
árias
ouo:
pr
es
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•-:18,
é
cnnsJd
e
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CUOWÇ30 DCct.ssárja Jlart ll
egitimaçlo
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mo
çõo
do Trib
unal
!
Por tr
As
dessacnn
s
truçi
o, est
á,c
ref
erencld normativo
p
e
rmane
n
t
e,
umac
oncepção
ded~mo
c
nci
a
delib:ti,
.,.,
no &mb
it
o
da
qual"o
exercido
..
dopod
er
e daau
t
oridade
é legiti.ma~o porvo
t
os
epor
argumentos.3. Tr
ês es
tra
t
ég
i
as
de
justifi~açâoO
mndclo de.
iusr
ificnç-
.io p
roposto po
r Rarr
uso, a
meu ver
,
n
ão
"" limi
t
a
1 insistir nap
ossibili
d•d
e
de a 4ualidadedas d
ecisões do Tribunalcon$t
í
t
u
.
<:ional s"r 1101a respo.!ta
cons
i
ste
n
t
e
pru-aen
f
rentar
a
tensa
relaç:àoconceit
llll
l
entre )url.sdiç:àu ronstitucional e dcmocrd<ia. Para
ntim, apr
op
osta
originaldo
;u~umento ofe~ddo porBa
rroso
están
o recurs
o
a
rrbestraté
g
iu
de justifkação difer('ntes e pretensamcote complcmentare.o; paro constmir stu argllmf'ntn de legitiJuação dajul'isdlção constltucionaJ na democracia, sinle· ti2ado na fórmula •a ratão sem voto": pela qualidadedo
processo de funda·m
en
t
a
ç:io,
pcl
a s
at
i
s
f
ação da
s condições
para
Al
mp
l
emen
taçlu de
um
li
iálo
·
go
in
s
lil
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ona
l
e
p
e
los r
e
sul
t
ado
s
a
lcançados po
r
meio dn
s
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s
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e
s.
T
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elas
se
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a
lid
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ontos
mais
se
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s
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e
is
contra a
l
egiti
midad
e
de
j
urisdi
ção co
ns
ti
tu
cio
n
al
na democ
raci
a
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n.stitui
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l
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mais
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l
d
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coutrom•·jor
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ção dos
t
ribun
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Ind
o mais
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alid
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co
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ambem
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.
Nopr
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e
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caso. orefe
r
ê
nci
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wua conccp~3osubstalltlva
de
raciona
lid
a
de
;
n
u segun
do
,
wllara
cionalid
ad
e dist~lrsivn;
no
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Jinalme
nte
,
uma conc~ção illstrumCIItal deracion
alida
de.
' L R. Uttroso, ·;\ ruio tc::m voto~ (lf). cii.,J'· ~9 . • lbld., p. S4.
' Em ><ndclo piÕ>:imo, Tllf.\18!.1\); t. R. The lq;itim>ey o( jlld'cW rn'Í<'l<" 1be lill:ilfoi ~
betwrt:n courts and !~IWltu.n:~ 1.-:rm. NO\';) York. ': 3, n. 4, p. 617·64S. 200;.
I.EGntM!Ol•OE 00 STf E RAZ,\0 JURfOICA
Cada uma
das
es
t
ratégias de
j
us
t
ificação
d
o argu
m
ento parece
-
me,
po-rém
,
problemática para
l
evar
a
uma aceitação tão
i
media
t
a das teses de que
a
l
<git
i
midade das
<.l
eds
lle
s
dn
S
u
premo
pode
ser
extraída e,
pe
lo
menos em
a
l
guma med
i
d
a
,
jáse
exiTlli
da
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do p
r
ocesso de
fundamentação
dos
jtdga
dos
<.la
Cor
t
e ou <.los
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sodais
positivos
al
cançados pel
a
atuação
d
o
Sl'l'nos óltimos
anos. Ao
longo
da~próximas páginas,
tentarei
oprescntor ques
t
ões que deveriam
ser
enfrentadas para que
cada
e.matégia
u
e
j
t
Lttificaçào
o
fere
c
ida por
llarro~opudesse
fornece
r
uma
resposta
comin
-cente par•
o
problem
a
da
l.eg
i
t
i
mida<.le
democrática
d
a jurisdição cons
tit
u-ciona
l
.
Oobjetivo cte
s
te
r.oment
á
ri
o,
o
o
fnndo,n
ão
é
negarcomp
l
etamen
te
a
i
m
p
ortância
que
o inve
s
t
imeni:Q
e
m
est
rat
ég
i
as de raciouaJizaçâo
da~de--cjsôes do Supremo pode ter para
J
i
da
r
comas
tensõ~ conceituais ~ reaisexis
t
ent
e
s
eo
tr
e j
ur
is
di
ção
constituciona
l e
demo
cr
•éia.
Ao ron
t
r.íxio, o q
ue
se pretende pr
i
oritar
i
amente é apontar
alguns
limi
t
es pa
r
a
que
a pr.oposta
de
Bar
r
oso possa
ser
considerada suficiente p
a
ra ga
r
an
tir
a
J
egitinti
dad
e
da
atuação do Supremo na democracia hrnsileiril.
3
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1
A /egibi
ni</Me
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os de
s.úi
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e.s
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legitimida
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l
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rar cxprcssõês ,·agas
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solução de
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Ao
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-
ao
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n.< ou
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quenão
encontram respa
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o
im<uiatono
texto ~onslitucionol,o
que
pod~torMr
nomín
imo
questionávelo
S<u pedigm~d
emoct'á
li
co
111
"' .!-f() t:a.sn br~s!ltiro, v~r L.lt Bii.CJOOO, ':~ r;uli.o sem \'Otó~ up. ~1L, p. :J4.
li L. B. TrtnóiQ)', n··~ Jcgitimacy n( judici:ll N:Vi?.W, op. dt ., P'· 622.
)1. R."Z.i.O
e
0 '.'OTO: OlfolOGO$ CONSTITU~1 10N:OIS COM LUIS AORFRTO BAPR·3SCCon
j
ugados com o fato de a Constituição
ser o
fundamento positivo
(uti-mo de
validade de uma ordem
j
uridica, o que impede o recurso a
"
normas
supe
r
iores" para orientar
o processo de superação das indeterminações
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,
esse~futores já
seriam suficientes para just
i
fica
r
a
visão de qu
e "a dificu
l
dade do
direito co
n
stitucional é
que [ne
le
I
ningu
étn
sabe o que con
ta como arg
umento':"
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esse cenário de incerteza. torna
-
se,
portanto, facilmente questionável por que um órgão nào eleito dever
i
a re
1o responsável por
dar
a ultima p
àlavr
a
sobre o sentido
daC
ons
tituiç.io em
uma democracia.
Apostar na racionalidade das
decisões
do
t
r
ibuna
l
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de
lidar
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l
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indeterminação do d
i
re
i
to
e com as cunsequentes mar·
gens amplas de discr
i
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deinterpretação
e
apbcação da Cons
tituição. Na vinculação mais for
t
e entre lcgi
t
in1idadc c
rac
i
onalidade, a se
gun
da se toro
a uma con
dição ucccss.iria para
a
prim
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e
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que Alc
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em
men
t
•
quando precisa enfr
entar o problema da legitimidade da
pomlerti{.W-P'-"'
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-na
tomada
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y, "a
legit
i
midade
da
ponderaç-Jo
nu
direito depende da sua racionalidade. Quanto mais racional
éa pondcró!fão,
mais
legitimo, portanto
,
éponderar
. Pam a radouàlidade
ela
ponderação,
por
é
m,
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é
, por sua
.:,·cz, crudal para o desenvohimcnto
de
métodos
ouestrctttm
u de argwn
e
Jt·
taçdo cap
azes de orientar o processo de justif
tt'a<,-ão
d
e
dcctsões. A
legilit
lli
-dade d
ejulg
ados de
wntribunal
que apda para a me
t
áf
ora de pouderaçli
o
de razões
t
orna-se
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quais são os
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r
i
ncipais responsáveis pela raciona
l
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dedsá<!s
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m
senti
do mais geral
, qu
alquer arbitrariedade
metodológica, seja em
~"laçá<>
à
inobservância genera
li
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de
a
l
gum
m~todo,seja
e
m
relação
àvar
i
a
ção
n GE.RHARJ)'f, M, }.; B.O\VS, T. D. l.()nStiluiümal lheory: arguments and pc~~.:01l\'lt.;. (.:,:.td,...·
ttsvillt-: Michf.c C~omp:.•n}'• 1993. p. 1. . •::
~
L
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-
DleG
el.,
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J
Jmd.
!o:JICKELJ, } .. : KitEUTZ, P.; RRUTER, U. (Otg.l.C~f
J.~
~~
~
:
cftrifr fur /urgr:n .SIJn"e,;sdlilm. Bcrl1m: De Gru)•ter Recht, 2003. p. i71~7i9. p. 77J. uaJuo;aolCGriLIIOADE O~ STF f R>IAO JUROIC•
d• a
plicação
de
dif
eren
t
es
métodt" pelo
Tribunal,
é
Wllproblema
porque
tenderia a erodir a
autor
idade
do
TribWlal corulitucional"
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meu
ver
,
a rel
a
ção
l
c
R
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tímidad
e-
ra
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todo não só preten
de
se •presentar
como
a t
entativa mais sofis
t
icada para mante
r
sob co
n
tro
l
e
os
tú,·cl.:;
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vinculados
a
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de decisão
de
casos
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como
me
parece
ser
a principal
bt~.<ede
sustentação do
argumento de Barroso.
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l
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defendido por
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de
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de métndus dt'Cisórios
para
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pdo
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dc(esa
de
ssa
posic,i.o pre1-~upóc,
já.
q\Jc Ku.rroso não llpresent3. nm~ dcfiniçio dt' J"3C';innaU-t
1ade. uma premissa en
d
oss:
tda explicitamen
t
e pelo
a
u
tor:
dedM\esjudiciais
precisam
ser
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etxmduzida<
o alg
um
elemento do
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tem
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rfdlco p
a
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qu~po.ssa
m ser
produtos
de
empreendimentos
de
construção,
e não
de
in,·.,tÇ~ode
respostas comti
t
ucionalmente adt'<j
uadas para
probl<!mas
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pediicO$."
Asslm, par
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r.uJo demo
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a_~respostas
a A~lllm. 1:111 reftrtnd# f:!lptodrír.a <tO podtr .,,. 1Hbunal t'OII$1;tudonal altmll.o. LJ:!RCHF.. I~ StU u.od Metbodr-der '-erJaSOMmgliJechtitchen Eurscheh.lwlgf}YWS. In: l'h"fP.R, B.i DREIER. H.
(Org.). fw.tsd!rifi 5IJ jotrn Rrtnd:st~rf<Wttr.S'fJ"idrt. lüb~ Moh< Sld>eâ. 2001. p. lll-361. p. HS.
·~ Sobre o tem"'"· 3.2, lnft·a.
A R•1ÃO E O VO<O: 014L060S CotiSliiUCIONo\IS COM 1111~ ROBE.;TO SARRO.>O
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n;onot.,, Ir tll&;l..-..rh ou upc1'-rl'l<:mn~11 A p.;mdC'r!~\\0 dt prln.ópiU~ t:ntrc O r..:l (141ll0 ~
tnsfnuo. J<"I'I$W de Virdto AdmJn(.ftmflYU 6 Cmutitucimur!, v. 58. p. l77·2U9, 201<1. liW~ df 10 Ú (ftta:n~nk poss(\·d inch,dr OeSU. llôtu vrubtt:JT~~~.» rt..'\li$ (e)adon:~dO$ C'Om t'IS JlfVC(. !\.d
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:c·~n dcs~ probl&:mas, re,pc-;tivamentt-, SUNOFBUJ. C A. Pnntlplo é p1cgnlç;.! in: ~{:t\. DFEl,O, C. A. DittUo adlninis:f'l:lwJ parQ c/ti,"'J. Si.(J P'Jolo: ~Whâros. 1(112. p.. ~;LHA~..
Fttr.a~do. AtJwnenundo com o ,obr'-1'' lncf'plo da I'Unnidade do:~ ~iiSt1a hum .. 'l.."ta. 1\.rqtJ•.,M tit
Llird,'IJS túur.tt.'f(ls, 1\iu c:k J,uu:ifth v. 7. p.. 41·67.ll.i07; SILVA. Virgil:o Afonso ti•. O JftPOfCkl:wl
r o runivd, Ftt..,.ista &os TtífJW'l:li$1 São l,•ulo, n. 79$. p. 23·50, abr. Z0ll2; e \o'Of\iOOTC, A . .X:
MACHADO. A . .M. F.; <"' ... lt..RlJOSO.
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L. C &.:r~.--vendo wn toAl<lilllX1 l'nmd-1'0 capHoio: P~ r\en1He P:.~Sôdcd,ôriC) f'IO srt:. Re-lill'tl Dir;..oito c.v~ Sft.o Ptlu.lo. v. s. n. '·I' ~U-t4, 20W. Sobrt'~ ne..:c.uid.adc 1le in:u:ln:lçitl de' WX.:l pr.ltk:\ Mudivd de lln::u::"kntr' no p:&Ú •tt wn.Ww IA VO(U!I
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r
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s
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ri
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cons
titucion
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emocr
a
cia
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ativa
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ep
eode
da
q
u
a
lidade
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fundamenta~ãodas
COllS·liu<;ô
cs da
s oortcs,
a..:red
it
ar
na utilidndede
m
é
todos e
leoriaspa
r
a orienta
r
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am-biente .inrfclko e social marcado p<lr elevado!> níveis de indeterminação e
complexidade, tal qual é, para Barrtt.~o, o "mundo contemporâneo'' no qual
!;e pratica. o direito.ü Isso porque~ se
pro
cessos de
t
omada
de
decisão consti
·
t
udona
l
são c
a
rac
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erizados
pe
la
p
r
esença de
e
l
e
mento
s
mor
ais
e
de
'
'o
utr
O$
domínios do
conhecime
n
t
o
"
e se
otientamem
principiose
coma
nd
os
d
e
sentido vago como ""dignidade humana~u elementos tex.tua..is deixam
J
esd
parâmetros deúuitivos p-.rra a tomada d~ decisão, e se tunlô.ut1 simples
refe-rendas dnrotávt'iS pda possibilidade de renlizaç:ão de oulTOS compromjsS05
co
n
s
t
i
t
uc
lona
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e
ste
jam
e
l
es
explí
ci
tos
ou
im
p
l
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it
os,
sejam eles n
u uão
fr
u
to
da
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entende
·
'•
r
o
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c
seu
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apclna
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em const
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r
i
sso que
Barroso
te!ll
Jt~ L R. Jklrrooo. •:A_ r:ulo ~em voto", op. dt.. p. 39. '' lhid .. p. 43 c:: ~c::~;~>.
u Ibid .• p. 34 e sess. •' lbid., p. 3S.
:.. Sohn:: il imJlMtãne:a
d
~~~
$
aspc-ct05-, que~o
para além domau
~
o
ad.,)u.tdo de ntHm.!:l"'.dtdocisão, nos processos de iutcrpn:l;,çãa corutituciOlló\1, ·ttJ' P. Ler,ht, St1l ~md ,\1t•fl:c..J~~r\<tf~tf" ;.w:~c,'ufi;;a'1er! F.muhtfdt.'llt!PYaX•'s, OJ_J. dt., p. :t33·361.
lEGITii.lll!\OE DO STF C ;::r,zAC• JURfOIC:.
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rnente
quando
afirma
que "[a[dout
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ina p6s-
p
,
x•itivista
(
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..
]
b
usca ir
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da
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al
i
da
de
estrit.a, mas não
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rre
za
od
i
rei
t
o
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.
"
os
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is
cos
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diluição do
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al
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í
à
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para
a
tomada de
de
cis
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s
-
o
texto
da
s
di
s
po
si
ções
juríd
icas
,
algo
iá
b<lstant
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fícU
pa
rn
a
d
ecisão
Cl
>nstituciooa
l
em
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das
in
dete
rruin
a-~ões típicas da linguag
em
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p
r
ocesso
s
de
t
oma
da
de decisão con
s
titucion
al
à apJiçação
dereierencias
v
agas
(como ponderação, razoab
ilí
dadc
c
di
g
nida
de
humana
)
ou
teor
ias de
complcx•
opemcionaliza<;ào
(co
mo
u
ma
te
or
ia
da
justiça ou
aque suge
r
e
uma
leitura t11oral
da
C
ons
ti
tuição)'
·
'
qu
e
não garan
t
em
os gra
u
s
dese
já
v
ei
s
de
c.o
ntr
o
lc
da
discridona
r
iedade
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depre
visibUidade exig
idos
pela man
i
p
u-l
a
ção
de
ta
nt
a
comp
lexida
de c
indctcrminAç~o."Ness
e
cenário
d
e
i
ncertez
a
3
res
peito
da.respostas que
um
t
ribunal pode
dar
par
a
pro
b
lemas
consti-tucio
na
i
s, a
confiança em métodos decisórios se toma
indispe
nsá
v
el
para
que algum
rlívr.l
rle
racionalida
de
vara
as
d
ecisõe
s,
a
o
1nenos
nos sentidos
de
o
r
gani
z
ação
do pr
ocess
o de
cisór
i
o e
garantia
mí
n
ima de
previsih
ilíd
a
-de
e
administraçãoda
subjeti
v-ida
de
j
udici
a
l
,
possa sero
b
tid
o
.
Métodos
de
dedsão não deveriam ser apenas mn caminho possjvel para lidar com as
incerte
za
s
da
d
ecisão
co
ns
titucional; ele
s
p
reds:.uu
ser, ao
lado
de
mecan
is-mos próprios do desenhl) in~lilucional) 11 aposta de nm projeto nonnativo
p
re
o
cupad
o
com
a
raciuoalidadc
do
s
julgados.
"
A
demai
s,
a
s
crença
s
(
i) d
e
q
ue a
legi
timi
dade
de decisões constintcionaís
depe
nde prio
r
i
ta
r
ia
me
nte
da a
plicação adequada desses
métodos
e (
i
i) de
que
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s.sa ap
licação ad
equada
é po
ss
(\'el
pode
m
gera
r
incentivos
para um
!S L R, D.arroso, ·~·l ra~iiu ::em vol.d~ op. clt., p. 3$.
ll A rcfcràtch mals clwa pata olelllil é L>WORKI~. R. Fr~cdomS rn1-1: lhe moral r>:&J.iug ofthe Amul;'an CUJ~Iilurion. Cólmbridge: llartard Unin:!sity, l996. &pc~ialmcntc p. 1~38.
1
~ VerSQto\UER. F. Ralmcing. su~nmpliuu uml th~ 'OI'Uilninir.g ro'c oflc~ltu.t. In: Kl.ATt
M.o..t1iti~ (úrg.)./n~tifwlimmJized !"ta.wn. 'Ihe iurisprudtnc~ vfltnbert AleX)'. NO\':!. Vor.k: Oúord Uni\·er~l:;. 2(HZ. p, 307·318; c F::rnun..to Leill.lrradonalv<' hi(>-::r·radon,..)?, op. dt., P· lb~·l97.
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-
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~~bxc o~ r{$(os d(l uso re.;orre.u~ da ronder;:~.;lo par~ um moddó oo~-is;<:ntc t.le regras, v~r t am-bern AVIL't. Humberto. Neoco11~rjtudonalUmo: <"..nl.re 'il ciC:r.<ii'l do dirdtu e o dirdtu da di:nci.'\.
1itl•i.!74 F.ltJrún!t-.n -d~ Dir .. 'it.1 do E.srr.do, Solh·:tdor, n. 17, 2009. D.kJII)Ili\'cl em: <WW\\~dJreitvdott·
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