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Oficina de escrita criativa: como se conta uma história?

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Instituto de Letras e Ciências Humanas

Marta Moreiras da Silva

outubro de 2015

Oficina de Escrita Criativa:

Como se conta uma história?

Mar ta Mor eir as da Silva Oficina de Escrit a Criativ a: Como se cont a uma his tória? UMinho|20 15

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Universidade do Minho

Instituto de Letras e Ciências Humanas

Marta Moreiras da Silva

outubro de 2015

Oficina de Escrita Criativa:

Como se conta uma história?

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Jaime José Becerra Costa

Projecto

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Declaração Marta Moreiras da Silva

silva_marta17@hotmail.com Tel. 937057303

CC:13945633 3ZZ4

Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?

Orientador:

Professor Jaime José Becerra Costa

Ano de conclusão: 2015

Mestrado em Mediação Cultural e Literária

É autorizada a reprodução integral deste trabalho apenas para efeitos de investigação, mediante declaração escrita do interessado, que a tal se compromete.

Universidade do Minho,19 de Outubro de 2015

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"É a escrever mal que se aprende a escrever bem."

Samuel Johnson

"O gosto pela escrita cresce à medida que se escreve."

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Agradecimentos

Porque a realização deste projecto e deste relatório não teria sido possível sem a ajuda, o apoio e a presença de diversas pessoas, que de uma maneira ou outra e por vezes mesmo sem o saberem acabaram por contribuir para que este chega-se a bom porto. Neste sentido gostaria então de agradecer:

À minha família, especialmente aos meus pais, á minha irmã, ao meu cunhado e aos meus sobrinhos/afilhados por todo o apoio, compreensão, amor e carinho que sempre tiveram comigo.

À minha amiga Ana Isabel, por toda a amizade que nos une, por todo o encorajamento e por nunca me deixar desistir, nem ir pelo caminho mais fácil.

Ao professor Jaime Costa que orientou o meu projecto, em primeiro lugar gostaria de agradecer por ter despertado o “bichinho da escrita” que se encontrava adormecido dentro de mim e em segundo lugar por toda a amabilidade e disponibilidade que sempre demostrou e porque sem a sua ajuda, a realização deste projecto não seria possível.

Ao director do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, o professor Joaquim Tomás, por ter permitido a realização do meu projecto numa das escolas deste agrupamento e por toda a colaboração que demostrou para comigo e com o meu trabalho.

Á professora Olga Teixeira da Escola Secundaria Dr. Júlio Martins, em primeiro lugar por me ter dado a oportunidade de realizar este projeto com uma das suas turmas, cedendo gentilmente as suas aulas. Em segundo lugar por toda a disponibilidade e amabilidade que sempre demostrou para comigo, e por sempre ter estado presente e pronta a intervir quando era necessário.

Finalmente gostaria de agradecer aos vinte e quatro alunos da turma Voc2 por se terem disposto imediatamente a colaborar comigo, ainda que por vezes com um pouco de preguiça, por tudo o que estes me permitiram aprender com eles no tempo que passamos juntos, pelos sorrisos e amabilidade que sempre demostraram e pela confiança que sempre me transmitiram.

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Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?

Resumo

Quando paramos por um segundo e abrimos os olhos para verdadeiramente vermos e prestamos atenção ao que nos rodeia, deparamo-nos e somos confrontados com um mundo altamente evoluído ao nível da tecnologia. É extramente raro quando olhamos em volta, não vermos alguém que se faça acompanhar por um último modelo de novas tecnologias, acabando desta forma as pessoas por se isolarem nos mundos que estas criam para si próprias.

No entanto, em vez de contribuir para um bem maior, esta evolução tecnológica apenas serviu para nos afastar de coisas realmente importantes como a arte e a cultura, sendo que nos nossos dias é preferível ficar sentado em frente ao computador a jogar os jogos banais da rede social “Facebook”, do que assistir a uma peça de teatro, do que ir a um concerto de musica e sobre tudo tornou-se preferível jogar estes jogos a ler um bom livro.

Desta forma os jovens foram perdendo o contacto com a literatura e sobretudo com a escrita. A literatura e a escrita tornaram-se assim em algo desconhecido para as gerações mais novas, ambas se transformaram em algo sem graça, incomodo, cansativo e desinteressante, a preguiça de escrever tornou-se ainda mais viral do que um vídeo cómico no “Youtube”, dado que na mente dos jovens surge a ideia não tão brilhante de “mas para que dar-me ao trabalho de estar a escrever e a contar aos meus amigos as minhas histórias e aventuras, quando posso simplesmente postar uma “selfie” ou outra fotografia qualquer que fala por si só?”.

Assim, o que é pretendido com a implementação deste projecto é exactamente contrariar esta tendência da preguiça de escrever e despertar nos jovens o gosto genuíno pela arte de escrever demostrando que esta possui algo de mágico, que esta pode ser algo bastante atractivo e que a combinação das novas tecnologias com a arte de escrever pode muito bem abrir a porta para o reino muito mais valioso da ausente comunicação interpessoal. Em suma, o objectivo do meu projecto era criar nos jovens a necessidade pela sua expressão pessoal através do desprezado meio da escrita. Esta é uma tarefa difícil pois não se trata apenas de recuperar uma habilidade perdida, mas sim, de incutir nestes jovens a necessidade de utilizarem a escrita como uma ferramenta de comunicação.

O presente relatório será então constituído por três partes. Na primeira parte do presente relatório será exposto o projecto pretendido e as bases em que este é sustentado.

Numa segunda parte, será então descrito o contexto no qual este projecto é inserido.

Já na terceira parte será realizada uma avaliação do projecto, onde serão descritos todos os procedimentos efetuados durante a realização deste.

Para encerrar este relatório será ainda realizada uma conclusão, onde é feita uma reflecção geral sobre o projeto, bem como uma reflecção acerca da minha prática pedagógica.

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Creative Writing Workshop: How to tell a story?

Abstract

If we should stop for a second and opened our eyes to truly see and pay attention to what surrounds us, we would find ourselves confronted with a highly evolved world in technological terms: we seldom look around without noticing someone who does not possess the latest hi-tech device. It is precisely in this way that people isolate themselves from the world that they themselves are helping to create.

This technological evolution instead of contributing to the much larger design of the common good has only served to keep people apart from really important things like art and culture. Nowadays it is preferable to sit by a computer and play the banal games of social networking than watching a play, going to a music concert or, even better than that, reading a good book.

In this way young people loose contact with literature, with the written word and most especially with writing. Literature and writing have become estranged from the younger generations, both have turned out to be something unappealing, uncomfortable, laborious and uninteresting. We have come to be confronted with what can be termed as an all pervading “laziness about writing” which is even more viral than any of the videos in "Youtube.” Quite often in young minds arises the “Why bother?” justification: “Why should I complicate things if I can simply post a Selfie or any other photograph that speaks for itself?"

What was, therefore, intended with the implementation of this project was precisely to reverse this trend of “laziness about writing” and awaken in young people a genuine love for the art of writing showing that there is something magical about it, that it can be very attractive and that the combination of new technologies with the art of writing may very well open the door to a new realm of a more valuable interpersonal communication absent, to a great extent, from technological device communication. In sum, the aim of my project was to create in young people the need for personal expression by means of the much despised written word. It was a tough task; it was not just about “recovering” a lost skill but, more precisely, about instilling a somewhat inexistent need to use the written word as an inescapable communication tool.

This report is divided into three parts. The first part of this report will present the intended project and the basis on which it is sustained.

The second part will describe the context in which this project is inserted.

In the third part, an evaluation of the project will be carried out, one which will describe and assess all procedures carried out during its implementation.

At the end of this report we, and as a way to conclude, we will present a general reflection on the project and a reflection will about my creative writing teaching practice.

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Índice

Agradecimentos……….……….….Pág. iv Resumo………...……….………Pág. v Abstract………...……….………...………Pág. vi Introdução……….…………...………...……Pág. 10 1. Capítulo I – O projecto e as suas bases……... ……….……….…….Pág.13

1.1. O Projecto……….……….….Pág.14 1.2. As bases do projecto………...……….………Pág.15

1.2.1. A Criatividade e a Escrita Criativa……….……….Pág.15 1.2.2. As Oficinas de Escrita Criativa………Pág.17 1.2.3. A Escrita Criativa em Portugal………Pág.19

2. Capítulo II – Contextualização do Projecto………...……….….……….Pág.20 2.1. A Escola…...……….Pág.21

2.1.1. A História da Escola……….……….Pág.21 2.1.2. A Presente Estrutura Física da Escola………….………Pág.23 2.1.3. Recursos Humanos……….Pág.23 2.1.4. Localização Geográfica; Meio social, económico, populacional e cultural onde se

encontra inserida………...……….Pág.23 2.1.5. Oferta Educativa……….……….Pág.24 2.1.6. Os alunos que frequentam esta escola.…………...……….Pág.24 2.2. A Turma……….……….……….Pág.25

3. Capítulo III - Desenvolvimento e avaliação do projecto………... Pág.30 3.1. Planificação das intervenções……….Pág.31 3.2. Reflexão e avaliação sobre as intervenções realizadas……….Pág.34

3.2.1. Aula 1……….Pág.34 3.2.2. Aula 2……….….Pág.36 3.2.3. Aula 3………..Pág.37

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viii 3.2.4. Aula 4……….Pág.39 3.2.5. Aula 5……….Pág.40 3.2.6. Aula 6……….Pág.41 3.2.7. Aula 7……….Pág.42 3.2.8. Aula 8……….Pág.44 3.2.9. Aula 9……….Pág.46 3.2.10. Aula 10……….Pág.47 3.3. Avaliação geral de todas as intervenções realizadas….………...….Pág.48 Conclusão……….……….….Pág.52 Referencias Bibliográficas ………...…….…………. Pág.57 Anexos……….………….……….….Pág.60 Anexo 1……….…...Pág.60 Anexo 2………...….Pág.64 Anexo 3……….…………...…Pág.66 Anexo 4……….……...…………Pág.76 Anexo 5……….……...…………Pág.77 Anexo 6……….……...…………Pág.79 Anexo 7……….……...…………Pág.80

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Índice de Imagens

Imagem 1………...……….…….Pág.21 Imagem 2……….………Pág.21 Imagem 3……….Pág.22

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Dados recolhidos no inquérito inicial………...…Pág.27 Gráfico 2 - Dados recolhidos no inquérito inicial………...…Pág.28 Gráfico 3 - Dados recolhidos no inquérito inicial………..….Pág.29 Gráfico 4 - Dados recolhidos no inquérito final……….……….…Pág.49 Gráfico 5 - Dados recolhidos no inquérito final……….……….…Pág.50

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Introdução

O actual relatório que aqui começa a ser apresentado foi elaborado no âmbito da minha obtenção do grau de Mestre no Mestrado em Mediação Cultural e Literária, tendo este como tema “Oficina de Escrita Criativa: Como se conta uma história?”.

Este relatório possui então três finalidades principais: em primeiro lugar, este pretende apresentar de uma forma mais concisa o projecto base que lhe deu origem, deixando para isso saber que tipo de projecto iria ser realizado, quais as suas bases e os seus objectivos, e de que forma este iria ser posto em prática. Em segundo lugar pretende, descrever o desenvolvimento e progresso do projecto quando posto em prática, explicando o que foi feito para este ser realizado, de que forma este foi posto em prática, quais os resultados obtidos com a sua realização e qual a avaliação feita da sua implementação. Por último e em terceiro lugar, este relatório pretende também tentar dar resposta a algumas questões frequentemente levantadas sobre as oficinas de escrita criativa, questões tais como: “As Oficinas de Escrita Criativa criam escritores?” e “Em que medida as Oficinas de Escrita Criativa ajudam realmente a desenvolver a escrita?”, entre outras.

A realização do projecto que aqui é apresentado seria então dividida em duas partes: uma parte prática, onde seria leccionada uma oficina de escrita criativa e uma parte teórica que visava a redacção do presente relatório.

Para colocar em andamento a realização da parte prática, foi necessário começar por procurar uma escola e uma turma que estivessem dispostas a colaborar com o meu projecto, dado que a ideia fundamental deste seria leccionar uma oficina de escrita criativa para uma turma do sétimo ano de escolaridade. Após encontrar uma escola e uma turma dispostas a colaborar comigo, tratei de realizar uma planificação para as aulas que iriam ser leccionadas durante a realização da oficina de escrita criativa. Uma vez pronta a planificação seria então iniciada a leccionação da oficina. Durante a leccionação da oficina, tentei conhecer um pouco melhor os alunos da turma na qual ocorreu a realização da mesma, através da implementação de um inquérito inicial e de um diálogo com estes, que me permitiu ficar a saber um pouco mais sobre: as suas origens, as suas ambições futuras, os seus gostos pessoais, a sua opinião em relação à escola e ao ensino e, sobretudo, ficar a saber qual a sua opinião em relação à escrita. Para além disto, durante a leccionação da oficina tive também em atenção a matéria que iria ser abordada durante estas aulas, tentando que esta fosse acessível, interessante e cativante para os alunos, dado que estes possuíam uma relação quase inexistente com a escrita, sendo que a maioria destes não gostava sequer de escrever. Durante a leccionação da oficina tentei ainda utilizar também um

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método de abordagem que fosse cativante para os alunos, para tal decidi dividir as aulas em duas partes: uma parte teórica que consistia na abordagem da matéria pretendida e uma parte prática que consistia na realização de exercícios por parte dos alunos e na leitura dos mesmos em voz alta perante toda a turma. Para além da divisão das aulas em duas partes, tentei também utilizar durante estas outros métodos que fossem de encontro aos gostos dos alunos, como por exemplo: o estabelecimento de diálogo com estes durante a abordagem da matéria, para que assim pudessem ter um papel mais participativo na aula; o acompanhamento da matéria leccionada através de um PowerPoint e a implementação de actividades mais práticas como a realização de jogos e de exercícios cuja base de inspiração eram imagens previamente seleccionadas e que iam de encontro ao tema que estava a ser abordado.

No entanto, para a realização da parte teórica deste projecto foi necessário proceder em primeiro lugar a um trabalho de investigação, que permitisse recolher mais informações e aprender um pouco mais sobre tema aqui abordado, e em seguida á redacção deste. O trabalho de investigação desenvolvido consistiu então numa pesquisa feita através da internet, em livros e em enciclopédias, de conceitos de extrema importância para o trabalho aqui desenvolvido, conceitos tais como: escrita criativa e oficinas de escrita criativa, que por sua vez também serão bastante abordados ao longo do presente relatório.

Para facilitar a sua compreensão este relatório encontra-se dividido em três capítulos, sendo que o primeiro de carácter mais teórico é composto por dois itens, e neste é essencialmente abordado o projecto e as suas bases. No segundo capítulo é feita uma contextualização do projecto, enquanto que o terceiro centrar-se-á maioritariamente na avaliação realizada do mesmo.

Deste modo o primeiro capítulo que aborda fundamentalmente o projecto e as suas bases, encontra-se então dividido em dois itens: O Projecto e As bases do projecto. No primeiro item, O Projecto, é feita uma descrição, onde é explicado que projecto é este, de onde surgiu a ideia para a sua realização, quais os seus objectivos, etc. Por sua vez no item, As bases do projecto, são tratados tópicos como: a criatividade e escrita criativa, as oficinas de escrita criativa e a escrita criativa em Portugal, numa tentativa de lançar alguma clarificação sobre as bases do projecto que originou este relatório.

Durante o segundo capítulo é efectuada a contextualização do projecto, sendo este capítulo dividido em dois itens: A Escola e A Turma. O item, A Escola, apresenta a caracterização da instituição onde decorreu a parte prática deste. Neste item são então abordados os seguintes tópicos: a história da escola, a presente estrutura física desta; a sua localização geográfica e o meio socioeconómico, populacional e cultural em que se encontra inserida, os recursos humanos de que dispõe, a sua oferta educativa e uma breve descrição dos alunos que a

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frequentam. Por outro lado, o item, A Turma, pretende dar a conhecer os alunos da turma onde o projecto de escrita criativa foi implementado e para tal serão abordados tópicos como: a turma em que foi implementado o projecto, qual a disciplina em que ocorreu essa implementação, por quantos alunos era constituída a turma, uma descrição desses alunos e a relação destes alunos com a escrita.

No que diz respeito ao terceiro capítulo, este é dividido em três itens: A Planificação da Oficina de Escrita Criativa, onde é essencialmente demostrada a planificação das intervenções que ocorreram; o item Descrição, Reflexão e Avaliação das Intervenções Realizadas, onde é relatado o que foi realizado durante cada uma das intervenções realizadas e onde é efectuada uma avaliação individual das mesmas. No último item desde capítulo é realizada uma avaliação geral do projecto.

Por fim, durante a conclusão será efectuada uma análise do percurso trilhado durante todo o projecto, reflectindo então sobre o projecto em si e reflectindo em especial sobre a contribuição que este projecto teve para o meu desenvolvimento tanto pessoal como profissional. A reflexão do projecto consistirá na reflexão: das principais dificuldades sentidas, dos objectivos deste projecto, isto é, se este foram atingidos ou não; que competências os alunos adquiriram com a realização deste; o que esta experiencia lhes permitiu aprender e que conclusões, esta me permitiu retirar, tentando aqui também providenciar respostas às questões colocadas acerca das oficinas de escrita criativa.

Neste relatório, é ainda apresentada no final a bibliografia que foi consultada durante o trabalho de pesquisa e investigação, bem como os anexos que serão referidos ao longo deste relatório.

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1. Capítulo I – O projecto e as suas bases

O desenvolvimento de um projecto é sempre um trabalho árduo e por vezes assustador devido á enorme quantidade de elementos que este envolve.

Para que um projecto seja bem-sucedido, é necessário ter em consideração dois aspectos muito importantes aquando do seu desenvolvido. Em primeiro lugar é necessário saber e ter a certeza do tipo de projecto que se pretende desenvolver, ou seja, é importante que quando pretendemos desenvolver um projecto, este se concentre apenas num determinado assunto, para que quando este for apresentado, seja facilmente demostrando e com bastante clareza o que é pretendido com a sua realização. Em segundo lugar ter a certeza das bases em que esse projecto irá ser assente.

Neste primeiro capítulo irei então falar um pouco do projecto que culminou no presente relatório e das suas bases. Este capítulo será desta forma, dividido em dois pontos: “O projecto” e “As bases do projecto”.

No primeiro ponto, O Projecto, será explicado qual o tipo de projecto que aqui está a ser desenvolvido e em que consiste, de onde surgiu a ideia para a sua realização, quais os objectivos deste projecto, etc.

Por sua vez, no segundo ponto, As bases do projecto, será especificado quais as bases deste projecto, que serão: a criatividade e a escrita criativa, as oficinas de escrita criativa, e a escrita criativa em Portugal. Assim, ainda dentro deste ponto e tendo em conta cada uma destas bases, serão também abordados tópicos como: O que é a criatividade e qual a sua origem, o que é a escrita criativa e qual a sua origem, como se desenvolveu, como decorrem as oficinas de escrita criativa, os principais locais onde decorrem, quais os principais temas que abordam e qual a sua pertinência. Por fim, no final deste capítulo será abordado o papel da escrita criativa em Portugal.

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1.1. O Projecto

Para que pudesse ficar claro qual o tipo de projecto que por mim foi desenvolvido e que deu origem a este relatório, pareceu-me apropriado iniciar este relatório fazendo uma descrição deste, explicando desta forma que tipo de projecto é este, em que consiste, como surgiu a ideia para a sua realização e o que era pretendido alcançar com este.

O projecto por mim desenvolvido consistia então, na realização de uma Oficina de Escrita Criativa, que se destinaria a todos os jovens alunos do sétimo ano de escolaridade que possuíssem um interesse pela arte de escrever. Esta oficina contaria com um máximo de quinze sessões (podendo no entanto ser realizadas menos sessões) e durante a sua realização eu iria então ensinar a esses alunos, algumas técnicas para que estes pudessem desenvolver a sua escrita e evoluírem enquanto possíveis futuros escritores.

A ideia para este projecto surgiu após assistir às aulas da cadeira de Narratologia e Escrita Criativa do Mestrado de Mediação Cultural e Literária, dado que com estas aprendi que a escrita é algo que pode ser ensinado. Uma vez que,

“Muita gente gosta de escrever, mas tem certas dificuldades. Ora, “escrever” é algo que pode

ser ensinado e aprendido. Ninguém nasce escritor, pois a escrita é uma técnica, uma tecnologia que se adquire, indirectamente, por intermédio da leitura, e, directamente, pelo treinamento constante.” (Lutz:

2015).

Assim dei comigo própria a pensar “ porque não aliar o meu gosto pela escrita e pela literatura ao que tinha aprendido durante as aulas daquela cadeira, e transmitir esse conhecimento a alunos que tenham a mesma paixão pela escrita que eu.”

Contudo existiu ainda outro factor que me levou a querer realizar este projecto, e esse factor foi a pertinência do projecto em si, pois a realização deste poderia ajudar a:

 Despertar o interesse dos jovens pela escrita e pela literatura, levando-os a nutrir um maior apreço pelas artes em vez de se deixarem fascinar tanto pelas tecnologias;

 Desenvolver a criatividade e a originalidade destes;

 Que os jovens percebessem que a escrita não tem que ser algo “aborrecido” e que as novas tecnologias e as redes sociais poderiam ser úteis neste campo;

 Que os jovens criassem uma melhor interacção com outras pessoas, pois a escrita pode ser uma forma de expressão;

 Detectar problemas, pelos quais os jovens poderiam estar a passar, quer dentro meio escolar, quer dentro do seio familiar, uma vez que a escrita possui sempre um lado pessoal.

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Desta forma, com a realização deste projecto pretendia ajudar os jovens que nele participassem, a desenvolverem a sua escrita, bem como a sua criatividade e originalidade; pretendia que estes passassem a dar mais valor à cultura e às artes em vez da tecnologia; mas sobretudo pretendia que estes começassem a apreciar e arte de escrever e que cultivassem um gosto genuíno por esta.

1.2. As bases do projecto

1.2.1. A Criatividade e a Escrita Criativa

Após a breve apresentação do meu projecto e para que este possa ser compreendido na integra, torna-se agora necessário que entendamos as suas bases. Dado que, este consiste na realização de uma Oficina de Escrita Criativa, é importante que percebamos o que é então esta coisa de escrita criativa, o que são e em que consistem as suas oficinas, e a forma como esta é vista no nosso país.

Para que possamos falar de escrita criativa é pertinente que primeiramente seja apresentada uma definição de criatividade, ou seja, é importante que seja explicado o que é a criatividade. No que diz respeito a este assunto, várias foram as definições apresentadas para este termo ao longo dos tempos. Enquanto em 1952 Ghiselin, defendia que a criatividade era “o

processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjectiva"

(V.A: 2015 apud Ghiselin: 1952), em 1965 Torrance apresentava uma nova definição para o termo, na qual a criatividade era vista como “o processo de tornar-se sensível a problemas,

deficiências, lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados” (V.A: 2015 apud Torrance: 1965). Já em 1974 Stein renova o conceito

e defende que a criatividade é “o processo que resulta em um produto novo, que é aceite como

útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo” (V.A:

2015 apud Stein:1974).

Para além destas, mais definições vão sendo apresentadas ao longo dos tempos, contudo para que possamos compreender este projecto vamos apenas considerar de uma forma mais simples a criatividade como a “ Faculdade ou atributo de quem ou do que é criativo; capacidade

de criar coisas novas; espirito inventivo (…) ” (V.A: 1981. 256).

Apesar de tudo, acontece frequentemente, confundirmos criatividade com inovação. De forma a evitar tal confusão os autores Duaibili e Simonsen Jr. realizaram uma distinção entre estes termos. Segundo estes a criatividade é algo que se manifesta na mente de alguém sob a

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forma de uma ideia, ao passo que a inovação é algo que é criado em conjunto por um grupo de pessoas e que culmina numa alteração de percepção a respeito de algo. Embora criatividade e inovação sejam coisas distintas, estas não coexistem uma sem a outra, uma vez que para se inovar em algo é necessário possuir uma ideia criativa para tal, pois de outra forma essa inovação não passaria apenas de uma invenção.

Quanto à origem da criatividade, uma vez que o ser humano, demostra uma necessidade de se expressar desde o início da sua existência, acredita-se que os primeiros actos de criatividade tenham surgido durante a era do paleolítico, com as pinturas rupestres que podiam ser observadas em determinados locais. Mais tarde, durante o período Helenístico na civilização Grega, a criatividade era vista como um dom divino concedido pelos deuses, e era assim considerada única e exclusivamente ao nível das artes.

Com o acontecimento da 2ª Guerra Mundial e da revolução tecnológica, a criatividade começou a ser considerada como a capacidade de encontrar e apresentar soluções para os problemas que surgiam no quotidiano. Por sua vez durante o século XX a criatividade transformou-se em sinónimo de loucura e doenças mentais, dado que era considerado que as pessoas criativas apresentavam um “comportamento” estranho e nada normal.

Agora nos nossos dias, a criatividade é considerada um acto perfeitamente normal, que se manifesta em qualquer ser humano, pois todos nós somos criativos. Assim, a criatividade é algo que pode surgir tanto ao nível do humor, como ao nível da investigação e do desenvolvimento ou ainda ao nível da arte e da cultura, no qual se encontra inserida a escrita

Após compreendermos o que é a criatividade, perguntamo-nos agora então o que é a escrita criativa.

Quando falamos em Escrita Criativa, na maioria das vezes vem-nos à ideia todos aqueles livros antigos de capa grossa e empoeirados com que já nos deparamos.

Contudo o termo Escrita Criativa é mais ambíguo do que isso, este termo pode ser utilizado para nos referirmos a duas coisas completamente distintas. Uma vez que a escrita é nada mais nada menos que a “representação do pensamento em caracteres convencionais. (…) ” (V.A: 1981. 337), o termo Escrita Criativa pode então ser utilizado para nos referirmos a:

a. A todos os textos literários que foram produzidos até aos nossos tempo e que nos podem ser apresentados sobre a forma de: novelas, romances, contos, poemas, textos dramáticos etc., ou seja, neste primeiro sentido, o termo Escrita Criativa serve para nos referirmos a todos os textos que tiveram como ponto de partida a criatividade do seu autor.

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b. Ou a um conjunto de técnicas, susceptível de ser aprendido, que auxilia no desenvolvimento e no melhoramento da escrita de cada indivíduo.

Apesar desta dupla ambiguidade, o presente relatório concentrar-se-á apenas na escrita criativa enquanto grupo de técnicas que podem ser instruídas.

De um modo geral, quanto á sua história, embora possa parecer que a escrita criativa é algo relativamente recente, acredita-se que esta possivelmente tenha surgido na antiguidade clássica com jogos de escrita como: criptogramas, caligramas e anagramas.

Mais tarde já durante o século XIX (1880), a escrita criativa começa a ser integrada como disciplina na universidade de Harvard College, com Paul Engle. Esta torna-se ainda mais popular depois da 2ª Guerra Mundial, passando dos Estados Unidos para o Reino Unido e posteriormente para a França.

Com a chegada do século XX, a escrita criativa deixou de ser vista apenas como a produção literária (livros que haviam sido escritos e passou a ser vista também como uma forma de desenvolvimento da escrita, desta forma, as universidades começaram a criar e a apostar em laboratórios de escrita criativa, nos quais um orientador ensinava os alunos a desenvolverem a sua escrita.

Na actualidade a escrita criativa tem vindo cada vez mais a firmar o seu próprio espaço e a sua própria posição dentro do meio dos estudos literários.

1.2.2. As oficinas de escrita criativa

É então quando a escrita criativa passa a ser considerada como uma disciplina de estudo, que começam a surgir as oficinas de escrita criativa, porém Rui Zink, crê que estas tiveram o seu aparecimento no exacto momento em que começou a emergir a escrita literária com Homero.

As oficinas de escrita criativa podem então ser definidas como: “ (…) um espaço de partilha,

debate, dúvida metódica e peregrinação, onde se procura tornar cada vez mais cristalino e único o olhar e o pensamento de cada um.” (Contagiarte: s/d), Ou seja, estas são um espaço onde cada

pessoa tenta encontrar a sua própria “voz” (ou forma de expressão) através da escrita e da sua partilha.

No passado estas oficinas decorriam em saraus literários, onde pequenos grupos de pessoas se reuniam em redor de um mentor. Já nos tempos modernos e com a evolução da tecnologia, várias destas oficinas podem ser encontradas online com um simples clique, sendo também a sua ministração feita online, através da colocação de aulas em vídeo e do seu conteúdo programático, que inclui exercícios a realizar, numa plataforma criada pelo próprio autor da oficina e à qual os

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participantes têm acesso após realizarem a sua inscrição. Contudo existe ainda quem prefira ministrar estas oficinas de uma forma presencial.

Para além dos diferentes locais, podemos também encontrar uma grande variedade deste tipo de oficinas. Podemos encontrar desde oficinas de nível mais básico, onde se aprende o essencial para se começar a produzir um texto literário, como por exemplo: a estrutura que a narrativa deve possuir, como criar personagens, como captar a atenção do leitor, etc; até oficinas de um nível mais avançado, onde é ensinado por exemplo: a criação de crónicas, a obtenção do clímax, etc.

Mas com tanta variedade desta oficinas, o que é afinal pretendido por estas, a quando da sua leccionação?

Uma oficina bem concebida não visa transmitir receitas, mas sim técnicas; não institui regras, mas antes incentiva à experimentação; não promete êxito comercial, mas procura a qualidade, através da técnica, do trabalho árduo, da disciplina, da leitura de grandes obras do passado e presente; não se restringe apenas a exercícios (…) mas antes procura um equilíbrio entre a ampla teoria da EC e a prática. (Mancelos, 2010: 2).

Deste modo, as oficinas de escrita criativa não prometem um método mágico para que alguém se transforme num escritor de renome. Estas pretendem sim o melhoramento da qualidade da produção escrita, através da aprendizagem de algumas técnicas, da autodisciplina e de trabalho intenso por parte de quem as frequenta.

Nestas oficinas, o “professor” “ (…) Cria juntamente com o aluno, um mapa da história a

escrever “que lhe mostre para onde quer ir e que lhe permite, mesmo que fique algum tempo sem escrever, ter um plano ao qual voltar. (…) ”. (Moura: 2014)

Desta forma, estas oficinas são normalmente frequentadas por dois tipos indivíduos. Os que pretendem aprender técnicas que lhes permitam desenvolver a sua escrita e que ao mesmo tempo os ajudem a encontrar o seu próprio estilo, a sua própria forma de expressão. Estes indivíduos acabam por ser na sua maioria aspirantes a escritor que possuem o desejo de escreverem o seu primeiro livro. E por indivíduos que possuem um gosto genuíno pela escrita, e que apenas pretendem descobrir a sua dinâmica. Porém estas não são destinadas a pessoas que apenas pretendem escrever melhor e por escrever melhor entenda-se, melhorar a sua escrita ao nível da gramática e da ortografia.

No entanto para além disto tudo, as Oficinas de Escrita Criativa foram também capazes de levantar determinadas questões com o seu surgimento. Questões como: “Pode e deve a escrita criativa ser ensinada?”, “Deve a escrita criativa ser institucionalizada?”, “ As oficinas de escrita criativa formam escritores?” e “ Em que medida estas oficinas ajudam realmente a desenvolver a escrita?”, que ainda hoje se encontram em debate.

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1.2.3. A Escrita Criativa em Portugal

No que diz respeito a Portugal, a escrita criativa apenas chega ao nosso país no final da década de 90, numa tentativa de se reforçarem determinadas aprendizagens e determinados movimentos literários, como o movimento Surrealista. Esta acabou por ser Pré-institucionalizada por Sena-Lino.

No presente e no nosso país a escrita criativa é leccionada como disciplina em algumas universidades, mas é sobretudo através dos cursos de escrita que esta demostra a sua presença.

No nosso país, na actualidade, vários autores/ escritores como Pedro Sena-Lino leccionam cursos de escrita criativa por conta própria, quer online quer presencialmente. Para além disto são também inúmeros os blogs que podemos encontrar na internet sobre o tema.

Assim no meu ponto de vista, em Portugal a escrita criativa tornou-se algo mais virtual em vez de institucional.

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2. Capítulo II – Contextualização do projecto

Para que o este projecto conseguisse ser posto em prática, tornou-se necessário encontrar um meio e um público-alvo onde este pudesse ser implementado, ou seja, encontrar um espaço onde este pudesse ser realizado e pessoas que estivessem dispostas a colaborar com a sua realização. Existiam então diferentes meios e diferentes públicos-alvo em que este projecto poderia ser inserido: para alunos numa escola, para várias pessoas através da internet, ou para várias pessoas através de intervenções presenciais. Uma vez que a internet já se encontra um pouco sobrecarregada com projectos semelhantes e dado que nos dias que decorrem, a educação e as escolas carecem cada vez mais de incentivos extracurriculares, ao nível da cultura e da literatura para os alunos, pareceu-me então como melhor opção aplicar este projecto numa escola e direccioná-lo para uma única turma.

Depois de ter tomado esta decisão apresentei então a proposta deste projecto numa das escolas situadas em Chaves, com a qual eu já estava bastante familiarizada e da qual já possuía um grande conhecimento, uma vez que já a havia frequentado durante o ensino secundário. A minha proposta de projecto acabou então por ser aceite por esta escola, sendo posteriormente apresentada aos docentes de Língua Portuguesa. Por entre os docentes a quem a proposta do meu projecto foi apresentada, houve uma docente da disciplina de Língua Portuguesa que considerou a minha proposta bastante interessante e que se demostrou-se imediatamente pronta a colaborar com o meu projecto, disponibilizando então uma das suas turmas para que este pudesse ser implementado, a turma Vocacional 2 (Voc2).

Assim, durante este segundo capítulo será realizada a contextualização do projecto em que se encontra inserido o presente relatório. Esta contextualização será feita ao nível da Escola e da Turma alvo em que este foi realizado.

Este capítulo será então dividido em dois pontos: A Escola e A Turma.

Ao longo do ponto, A Escola, serão abordados aspectos como: a história da escola; a presente estrutura física desta; a sua localização geográfica e o meio socioeconómico, populacional e cultural em que se encontra inserida, os recursos humanos de que dispõe, a sua oferta educativa e por fim uma breve descrição dos alunos que a frequentam. No que diz respeito ao ponto, A Turma, serão abordados os seguintes aspectos: a turma em que foi implementado o projecto, qual a disciplina em que ocorreu essa implementação, por quantos alunos era constituída a turma, ou seja, quantos rapazes e quantas raparigas existiam na turma e quais eram as suas idades, uma descrição desses alunos e por fim será abordada a relação destes alunos com a escrita.

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2.1. A Escola

2.1.1. A História da Escola1 A realização da Oficina de Escrita Criativa que é base de todo este projecto, ocorreu numa das escolas secundárias localizadas na cidade de Chaves, no distrito de Vila Real em Trás-os-Montes. No que diz respeito a um contexto histórico, deve ser frisado que esta escola conta já com uma longa historia, uma história de

mais de 120 anos. A escola foi inicialmente inaugurada como Escola de Desenho Industrial a 14 de Março de 1889, passando a Escola Industrial em Outubro do mesmo ano. Esta era uma escola destinada a todos alunos que possuíssem interesse num ensino mais apropriado às indústrias existentes na vila naquela época, contudo com a reorganização do ensino industrial e comercial, esta acaba por ser excluída.

Depois de trinta anos, em 1919 acabou por ser reconhecido em decreto pelo Ministério do Comércio a existência de falta de escolas industriais na cidade de Chaves, assim esta volta a ser reaberta e entre as pessoas que haviam assinado o decreto encontrava-se o Ministro do Comércio que na época era o Dr. Júlio do Patrocínio Martins, ou simplesmente Dr. Júlio Martins como era frequentemente conhecido e que acabaria por se tornar o patrono desta escola dando-lhe o seu nome, passando esta a chamar-se Escola Industrial de Júlio Martins. Como esta

1 Todas as imagens utilizadas neste tópico foram retiradas da página de Facebook oficial da escola onde decorreu o projecto e estão disponíveis para consulta no seguinte endereço: https://www.facebook.com/Escola-Secund%C3%A1ria-Dr-Julio-Martins-256634437688469/

Imagem 1: Escola onde foi implementado o meu projecto na década de 60

Imagem 2: Casas da Rua Direita onde decorria a aula comercial

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escola não possuía instalações adequadas, no ano lectivo de 1919/1920 a sua Aula Comercial era ministrada em casas situadas próximas ao Senhor do Calvário e na Rua Direita, funcionando a sua secretaria no Liceu Nacional de Chaves. Os primeiros cursos a serem ministrados nesta escola foram os cursos de Serralharia Mecânica e Carpintaria Civil. Em 1922 é aberto o curso de Trabalhos Femininos permitindo assim a alunos do sexo feminino frequentarem aquela escola.

Mais tarde em 1924 surge o curso Comercial, o que leva a uma nova alteração nome da escola para a então Escola Industrial e

Comercial de Júlio Martins. Haviam sido conseguidas entretanto as novas instalações tão desejadas para a escola, esta situava-se agora na Rua D. Luís, estas instalações eram então situadas no mesmo prédio que em 1889 tinha albergado a primeira Escola de Desenho Industrial e ai acabou por permanecer até 1961.

Em 1948 devido à reforma no ensino técnico, foram implementados

novos cursos na então nomeada Escola Industrial e Comercial de Chaves. O ensino era então dividido em três vertentes nesta escola. Dividia-se em: Ciclo Preparatório, Cursos Complementares de Aprendizagem e Cursos de Formação. Dos Cursos Complementares de Aprendizagem fazia parte o curso de comércio, sendo mais tarde em 1975 acrescentado o curso de electricista. Por sua vez os Cursos de Formação englobavam em si cursos como: Serralheiro, Carpinteiro-marceneiro e Costura e Bordados. Esta escola fazia assim parte de um movimento que acreditava que as matérias de cultura-geral, científicas, literárias e cívicas, não eram necessárias nem importavam para o ensino técnico. Em 1978 a escola volta a ter o nome do seu patrono original, Dr. Júlio Martins e vai investindo mais na formação não profissional com a implementação do 7º e 9º ano de escolaridade e mais tarde com a implementação do ensino secundário, contudo continuou a manter alguns cursos profissionais.

Devido á parte técnica que tão importante foi para esta escola, os alunos que a frequentavam apelidaram-na de “A Técnica” e ainda hoje esse apelido é mantido por entre os seus alunos.

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2.1.2. A presente estrutura física da escola

Esta escola sofreu uma nova remodelação em 2011 no âmbito do Programa de Modernização das Escolas do Ensino Secundário, ficando esta a cargo do Arq. Nuno Brandão Costa. Esta remodelação permitiu assim um melhoramento e uma actualização das suas instalações. Actualmente esta escola tem a capacidade de albergar quarenta e uma turmas, possui várias salas de aula, uma biblioteca (bastante bem equipada quer ao nível de livros disponíveis para consulta, quer a nível de computadores), dois laboratórios científicos com uma quantidade razoável de material disponível, um bar para os alunos, uma cantina escolar, dois ginásios (um maior e outro menor), dois campos de futebol/basquete/voleibol, duas salas de informática, secretaria própria, uma sala dos professores, três oficinas e um bom espaço de recreio para os alunos. Ao nível das salas de aula, estas encontram-se todas equipadas por um computador com constante acesso à internet e por um retroprojector, bem como por um quadro, que em determinadas salas é interactivo.

2.1.3. Recursos Humanos

De acordo com os dados apresentados no relatório da última avaliação externa realizada a esta escola pela inspecção-geral da educação em 2008, pode ser afirmado que ao nível dos recursos humanos esta escola conta um total de 139 pessoas empregadas. Das 139 pessoas que trabalham nesta escola 96 fazem parte do corpo docente e 43 pessoas são funcionários não docentes.

Entre as 96 pessoas que constituem o corpo docente 82 encontram-se no Quadro da Escola, 3 no Quadro de Zona Pedagógica e 11 em regime de contratação. Dos 43 funcionários não docentes, 27 faziam parte do Quadro da Função Publica, 11 permaneciam em regime de contrato de trabalho e as restantes cinco pessoas em regime de contrato a tremo.

2.1.4. Localização Geográfica, Meio social, económico, populacional e cultural onde se encontra inserida

Em termos de localização geográfica e dos meios social, económico, populacional e cultural, a cidade onde a instituição em que o meu projecto foi realizado se encontra localizada, é por si só possuidora de uma enorme e longa riqueza histórica e cultural, que conta já com mais de dois milénios, surgindo com o império romano.

A escola onde se realizou o meu projecto encontra-se então situada na actual avenida 5 de Outubro. A nível socioeconómico as proximidades do local onde a escola se encontra localizada,

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subsistem essencialmente do comércio tradicional, ou seja, é comum quando se percorre as redondezas da escola encontrar sobretudo pequenas lojas de comércio tradicional e pequenos cafés. É também nas proximidades da escola onde se encontra a maior densidade populacional, uma vez, que foram construídas muito recentemente bastantes habitações completamente novas, sendo estas habitações essencialmente prédios. Como estas habitações se encontram extremamente próximas do centro da cidade, acabam por possibilitar uma deslocação mais fácil às pessoas que nelas habitam para os seus locais de trabalho, esta torna-se assim uma área de preferência para habitar.

A nível cultural a escola encontra-se próxima de alguns dos principais monumentos históricos da cidade, como por exemplo: dos fortes S. Francisco e S. Neutel, da Ponte Romana, etc. Para além destes, esta escola encontra-se também próxima do novo Museu Nadir Afonso, que contará com a sua inauguração brevemente, e também da Biblioteca Municipal.

Além disto esta escola encontra-se ainda perto de vários espaços de lazer como, jardins e do rio Tâmega, onde se pode desfrutar das suas margens.

2.1.5. Oferta educativa

Ao nível da oferta formativa, esta escola oferece uma vasta oferta,que se estende desde o 3º Ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário Regular, bem como um Ensino Secundário Profissional, direccionado para os alunos que não pretendem seguir o ensino superior futuramente, mas sim uma especialização profissional e ingressar no mercado de trabalho logo após terminar o 12º ano.

A pensar nos alunos com necessidades educativas especiais, esta instituição proporciona ainda a leccionação do Ensino Especial, onde estes alunos com a ajuda de profissionais especializados tentam ao máximo ser integrados num ambiente escolar o mais normal possível.

Para além da vasta oferta educativa, esta escola encontra-se ainda comprometida com projectos como: O Plano de Acção da Matemática; Plano Nacional de Leitura; Jornal "Ponto Final Parágrafo"; Desporto Escolar; Segurança e Protecção Civil; Educação para a Saúde; Plano Tecnológico e Estágios curriculares em Empresas da Região para os alunos do ensino secundário profissional.

2.1.6. Os alunos que a frequentam esta escola

No que diz respeito aos alunos que a frequentam, esta escola é frequentada por um enorme número de alunos. Actualmente esta escola encontra-se aberta e é destinada a alunos quer do sexo

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masculino, quer do sexo feminino, que se encontrem interessados em ingressar seja num ensino profissional ou num ensino regular que lhes permita mais tarde prosseguir no ensino superior.

Os alunos que no presente frequentam esta, provêm de diferentes classes e meios sociais, sendo que a maioria destes alunos advêm do meio rural, sendo originários das aldeias situadas nos arredores da cidade e dos seus concelhos vizinhos, como é o caso de Boticas e Montalegre. Contudo a classe social e o meio a que os alunos pertencem não dita em muitos casos a cultura e a motivação que estes possuem.

Por entre os alunos menos favorecidos, maioria destes dispõe de uma ajuda financeira o denominado “Escalão”, que lhes permite a compra de material escolar, acesso gratuito a transporte e a alimentação durante o período escolar.

Para além de classes e meios sociais diferentes estes alunos provêm também de etnias diferentes, pois esta escola é frequentada por alunos brancos, negros, asiáticos e de etnia cigana. Contudo nesta escola sem olhar a etnias ou a classes e meios sociais, todos os alunos têm os mesmos direitos e deveres e todos são tratados de forma igual. Além disto, esta escola encontra-se ainda aberta a todos os alunos que possuam necessidades educativas especiais.

Posto isto, é possível dizer que esta escola é frequentada por uma grande diversidade de alunos que independentemente da sua etnia, classe e meio social, e dos seus objectivos no ensino, todos eles estão ali para aprenderem.

2.2.

A Turma

Apesar da ideia original ter sido implementar este projecto numa turma do sétimo ano de escolaridade, este acabou por ser realizado com uma turma vocacional, a turma Voc2. Embora fossem leccionadas disciplinas do ensino regular, o tipo de ensino exercido nesta turma era mais voltado para o nível vocacional, fornecendo uma vocação concreta de forma a integrar os alunos desta turma num meio profissional específico, de maneira a que estes depois de concluída a escolaridade obrigatória pudessem integrar imediatamente no mercado de trabalho.

A execução deste projecto decorreu então durante as aulas de Língua Portuguesa.

Esta Turma Vocacional 2 era composta por um total de vinte e quatro alunos, sendo dezasseis destes alunos rapazes e oito raparigas, tendo estes alunos idades compreendidas entre os catorze e os dezassete anos. Entre os alunos desta turma existia também alguma diversidade, uma vez que alguns alunos eram brancos, outros negros e outros de etnia cigana.

A fim de conhecer um pouco melhor os alunos desta turma, pareceu-me pertinente realizar com eles um pequeno inquérito inicial (ver anexo 1). O inquérito realizado era constituído por vinte questões de resposta livre, sendo que estas questões expressas no inquérito podiam ser

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divididas em três grupos: questões de caracter pessoal, questões relacionadas com hábitos de leitura e questões relacionadas com hábitos de escrita. Para além do inquérito realizado, também algumas conversas tidas com a professora responsável pela turma durante as aulas de Língua Portuguesa, se mostraram bastante esclarecedoras e elucidativas no que diz respeito ao conhecimento sobre estes alunos.

Assim após a realização do inquérito e depois de algumas conversas com a professora, foi possível ficar a saber que a maioria dos alunos desta turma provinha de um meio rural, ou seja, a maioria dos alunos desta turma eram provenientes das aldeias situadas nos arredores da cidade, contudo nem todos os alunos eram naturais do concelho, ou mesmo do distrito do qual a cidade de Chaves faz parte. Os quatro alunos (todos rapazes) que não eram naturais do distrito de Vila-Real, provinham de diferentes pontos do país e encontravam-se a residir na instituição, Escola Agrícola de Artes e Ofícios de Chaves, instituição esta que acolhe maioritariamente jovens rapazes até aos dezoito anos de idade e cujas famílias se encontram em graves dificuldades financeiras.

Após este conhecimento sobre os alunos, foi possível chegar á conclusão que a nível dos meios económico e cultural a maioria destes alunos eram oriundos de famílias com poucas posses económicas, sem grande nível cultural e sem grandes habilitações literárias, acabando isto por se reflectir nestes alunos, tornando-os assim em alunos sem grandes conhecimentos a nível da cultura geral, sem grande interesse pelos estudos e sem grande interesse em possuírem grandes habilitações literárias.

No que diz respeito ao meio escolar, foi possível concluir que os alunos desta turma eram bastante desinteressados quanto aos estudos, e a maior prova disso eram as constantes faltas a todas as aulas por parte destes, para além de que a maioria destes alunos já tinha repetido anteriormente vários anos de escolaridade, e em alguns casos até varias vezes o mesmo ano escolar.

Quando questionados se gostavam da escola, a maioria respondeu “Sim gosto da escola, não gosto é das aulas”, ou seja, estes alunos gostavam da escola enquanto espaço físico, uma vez que este espaço lhes permitia conviver com os amigos mais próximos todos os dias, mas não gostavam dos estudos, dado que não tinham grandes ambições para o futuro e a maioria não pretendia ingressar no ensino universitário. Dos vinte e quatro alunos da turma apenas duas alunas queriam realizar uma educação superior, os restantes viam-se a desempenhar profissões tais como: esteticista, cabeleireira, mecânico, agricultor, etc. Por isso mesmo, estes alunos não entendiam para que necessitavam de ter tanto tempo de aulas e aprender tanta matéria se no futuro esta aprendizagem não iria ser utilizada ou posta em prática. Outra razão que levava estes

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alunos a não gostarem e a não acreditarem nas vantagens do ensino, é o próprio estado de crise em que o país se encontra e a própria escassez de empregos, assim, muitos destes alunos questionavam-se se valeria a pena investir numa educação superior, uma vez que esta não assegura necessariamente uma empregabilidade definitiva naquela área de estudo específica pela qual se optou.

O desinteresse pelos estudos demostrado por parte destes alunos acabou por revelar consequências ao nível da leitura e da escrita. Ao nível da leitura, estes alunos relavam imensas dificuldades quando lhes era solicitado que lessem em voz alta, bem como na interpretação dos textos que lhes eram propostos. No que diz respeito ao nível da escrita, estes davam constantemente uma enorme quantidade de erros ortográficos quando escreviam, sendo também por vezes a caligrafia complicada de se entender (v. anexo 7).

Apesar do desinteresse pelos estudos destes alunos, dentro da sala de aula estes demostraram ser bastante educados e bem comportados, contudo, um pouco conversadores por vezes, mas esta faceta acabou por se revelar útil em alguns casos, pois assim estes alunos acabavam por se tornar mais participativos e por demostrar mais interesse durante as aulas.

Através das respostas proporcionadas no inquérito realizado, foi também possível perceber, o tipo de relação que os alunos desta turma mantinham com a escrita.

Assim, no inquérito foram realizadas várias questões sobre os hábitos que os alunos mantinham em relação à escrita e quando questionados sobre se gostavam de escrever, a grande maioria dos alunos deu como resposta, não, como pode ser verificado no seguinte gráfico.

Gráfico 1 – Resposta dos alunos à questão nº11 do Inquérito Inicial 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Sim Não

Gostas de escrever?

Rapazes Raparigas

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Neste gráfico 1, podemos portanto verificar que dos vinte e quatro alunos que compunham a turma, dezoito alunos responderam que não gostavam de escrever, destes dezoito alunos catorze eram rapazes e quatro eram raparigas. Assim apenas um total de seis alunos respondeu que sim, que gostava de escrever, desses seis alunos quatro eram raparigas e dois eram rapazes.

Através de outras questões colocadas, foi possível perceber que para os alunos que tinham respondido que gostavam de escrever, a escrita era algo importante uma vez que, esta representava para estes alunos uma forma de se poderem expressar e de poderem desabafar os seus problemas, quando não o podiam fazer com mais ninguém. Assim, estes alunos tinham o hábito de escrever quase que diariamente, escrevendo por vezes textos mais complexos e outras vezes textos mais simples.

Enquanto isso, os alunos que não gostavam de escrever afirmavam que a escrita não tinha significado nenhum para eles, e que por isso mesmo estes não tinham grandes hábitos de escrita. Estes alunos apenas escreviam quando lhes era solicitado e nunca por iniciativa própria.

Contudo, tanto os alunos que gostavam de escrita, como os que não gostavam, afirmaram que quando desafiados a escrever, o género que estes mais gostavam de abordar era o género fantástico.

Quando confrontados com a questão, “Consegues imaginar-te como escritor no futuro?”, a maioria dos alunos respondeu mais uma vez que não, como é possível verificar pelo gráfico que é apresentado em seguida.

Através deste gráfico, podemos verificar que dos vinte e quatro alunos, apenas uma aluna respondeu que sim, que se conseguia ver como escritora no futuro. Dos restastes vinte e três alunos, cinco responderam talvez e os restantes dezoito responderam não.

0 5 10 15

Sim Talvez Não

Consegues imaginar-te como

escritor no futuro?

Rapazes Raparigas

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29

Dos cinco alunos que responderam talvez, três eram raparigas e dois eram rapazes. Por sua vez, dos dezoito alunos que haviam respondido não, catorze eram rapazes e quatro eram raparigas, sendo estes alunos os mesmos que haviam respondido anteriormente que não gostavam de escrever.

O elevado número de respostas, não, nesta questão deveu-se ao facto de estes alunos acreditarem, que para se ser um bom escritor é necessário possuir um gosto verdadeiro pela escrita, bem como uma enorme cultura literária, características que poucos deles possuíam, desta maneira era então impossível conseguirem imaginarem-se como escritores no futuro.

Por fim, quando questionados se achavam que a escrita e literatura estavam a ser desvalorizadas na escola destes, a maioria dos alunos voltou a responder mais uma vez que não, pois dos vinte e quatro alunos da turma vinte e um responderam que não, sendo que destes vinte e um alunos quinze eram rapazes e seis eram raparigas. Dos restantes três alunos que responderam, sim, duas eram raparigas e um era rapaz, como é possível verificar pelo seguinte gráfico.

Gráfico 3 – Resposta dos alunos á questão nº19 do Inquérito Inicial

A maioria dos alunos deu como resposta não, uma vez que a escola participa de vários projectos a este nível, como por exemplo, o blogue em que é dada a conhecer a biblioteca da escola e onde são debatidos alguns livros, bem como o jornal digital.

Contudo, os três alunos que responderam sim são da opinião que apesar da existência destes projectos, a Escrita e a Literatura poderiam ser um pouco mais desenvolvidas dentro da escola.

Posto isto, podemos então concluir que a relação e o contacto que a grande maioria destes alunos mantêm com a escrita é estritamente escolar, uma vez que estes não gostam de escrever. Contudo existem na turma alunos que possuem um interesse genuíno pela escrita e pretendem até no futuro seguir a carreira de escritor.

0 5 10 15 20 Sim Não

Achas que a escrita e literatura

estão a ser desvalorizadas na

tua escola?

Rapazes Raparigas

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3. Capítulo III- Desenvolvimento e Avaliação das Intervenções

Uma vez encontrados o meio e o público-alvo onde o projecto que dá origem ao presente relatório seria inserido, tornou-se imperativo começar a planear e a preparar as intervenções que iriam ser efectuadas, mas também executar uma avaliação após a realização destas.

Apesar de por vezes se pensar que desenvolver uma planificação é algo simples, este trabalho acabou por se revelar um pouco mais trabalhoso e árduo do que o previsto, uma vez que, para desenvolver a planificação que permitiria mais tarde por o meu projecto a funcionar, foi necessário pensar e ter em conta determinados aspectos, sobre os quais eu nunca havia tomado consciência até àquele momento. Depois de pronta a planificação, era então chegado o momento de leccionar as aulas, e de realizar a parte prática do meu projecto, tentando conquistar o interesse dos alunos daquela turma, pela escrita.

Desta forma, e focado nestes aspectos, o terceiro capítulo deste relatório, será então dividido em três partes. Uma primeira parte onde será apresentada a planificação das intervenções, onde são expostos aspectos como: Quando é que a Oficina de Escrita Criativa iria decorrer?, Quantas aulas seriam leccionadas durante a sua ocorrência?, Que matéria iria ser abordada durante cada aula da O.E.C2?, que metodologia iria ser utilizada para apresentar a matéria a ser leccionada? e quais os objectivos a serem atingidos pelos alunos durante a O.E.C.?

Na segunda parte deste capítulo, será realizada uma reflexão e a avaliação individual de cada uma das dez aulas efectuadas. Neste ponto será feita uma descrição de cada aula, abordando quando e onde ocorreu, qual a programação para a aula em questão, qual o tema abordado durante esta e a sua pertinência, o que foi realizado durante a aula, qual o material utilizado nesta, qual a reacção dos alunos a esta, o que mais e menos lhes agradou na aula em questão, qual a avaliação realizada por mim e o porque desta avaliação e finalmente o que poderia ser alterado.

Por fim, na terceira e última parte deste será efectuada uma avaliação geral de todo o projecto. Neste ponto, começarei a apresentar a opinião dos alunos em relação à oficina de escrita criativa que lhes foi apresentada, expondo o que mais lhes agradou e o que menos lhes agradou durante a realização desta. Seguidamente irei expor a opinião dos alunos relativamente àquilo que estes consideram ter aprendido e às competência que consideram ter adquirido, fazendo depois uma avaliação geral da oficina, expondo também aquilo que eu considero que poderia ter sido melhorado.

2

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3.1. Planificação da Oficina de Escrita

Após a aprovação da realização do meu projecto por parte da escola, e de estabelecida a turma onde este iria ser desenvolvido, comecei então a planear e a preparar as aulas que iriam ser apresentadas aos alunos.

Para planificar e preparar estas aulas, foi-me conveniente ter em atenção os seguintes aspectos:

 Quando iriam decorrer as aulas?

 Qual o número ideal de aulas a realizar de maneira a que os alunos pudessem apreender algum conhecimento do que lhes iria ser ensinado?

 Que matéria iria ser apresentada durante as aulas da O.E.C?

 Que metodologia iria ser utilizada para apresentar a matéria a ser leccionada?

 Quais os objectivos a serem atingidos pelos alunos durante a leccionação das aulas da O.E.C?

Assim com estes aspectos em mente durante esta planificação, os dois primeiros aspectos a serem estabelecidos seriam: quando iriam decorrer as aulas? e quantas aulas iriam ser leccionadas?. Para poder definir estes dois aspectos foi necessário dialogar com a professora responsável pela disciplina de Língua Portuguesa sobre estes, uma vez que seria esta a professora que iria disponibilizar o seu tempo de aula e uma das suas turmas tornando assim possível a realização dos meu projecto, posto isto, esta era então uma decisão que não me cabia apenas a mim. No que diz respeito ao primeiro aspecto, quando iriam decorrer as aulas, a docente apresentou-me então três opções: às Terças-Feiras entre as 8:20h e as 9:50h, às Quartas-Feiras entres as 10:10h e as 10:55h ou às Quintas-feiras entre as 8:20h e as 9:50h, sendo estes os dias e as horas a que a professora tinha aulas com a turma Voc2. Depois de dialogar e debater estas opções com a professora chegamos à conclusão de que a melhor opção para a realização da Oficina de Escrita Criativa, seria esta decorrer apenas duas vezes por semana, pois do meu ponto de vista, realizar a oficina três dias seguidos por semana seria um pouco cansativo para os alunos e consumiria bastante tempo à docente, impedindo-a de avançar com a matéria de Língua Portuguesa. Desta forma, as terças e as quintas-feiras apresentaram-se como os melhores dias, dado que a duração das aulas era de noventa minutos e como estas eram logo a primeira aula da manhã, os alunos estariam mais concentrados e mais atentos, facilitando assim o decorrer destas, ficando então a professora com as Quartas-feiras disponíveis para a disciplina de Língua Portuguesa.

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Já quanto ao segundo aspecto, quantas aulas iriam ser leccionadas, a ideia inicial era de leccionar um máximo de quinze aulas, mas após conversar com a docente sobre o assunto chegamos à conclusão, de que quinze aulas seriam demasiado para uma oficina de escrita criativa. Assim, depois de analisar a matéria que iria ser leccionada nas aulas, concluímos que dez aulas seriam o suficiente para conseguir abordar toda a matéria pretendida, para que, os alunos conseguissem aprender o que era pretendido com a Oficina.

Depois de definido o número de aulas que iriam ser realizadas e quando estas se realizariam, era a vez de colocar toda a concentração na matéria que iria ser leccionada ao longo das aulas da oficina de escrita criativa. Após analisar o conteúdo programático de algumas oficinas de escrita criativa que decorriam na internet, tomei consciência do vasto leque de matérias que estas proporcionavam para se aprender, contudo, o essencial para este projecto era seleccionar matérias que estivem de acordo com o nível de escrita em que os alunos se encontravam, ou seja, matérias que se adequassem aos alunos em questão. Uma vez que a relação dos alunos com a escrita era bastante básica, não lhes poderia ensinar a estes temas como por exemplo: como escrever uma crónica, como criar multiplicidades narrativas ou como gerar sequências, pois estes temas seriam demasiado avançados para os alunos. Assim a minha oficina teria quer ter um nível bastante básico para que os alunos a pudessem acompanhar de forma mais fácil. De forma a tornar então a oficina mais fácil de entender para os alunos, os temas principais que decidi abordar durante as aulas foram os seguintes: Introdução à Oficina de Escrita Criativa, Como se desbloqueia a escrita, As personagens, Como se conta uma história, O género fantástico, A narrativa digital e A escrita na era das novas tecnologias.

Tentando aprofundar cada tema escolhido estes seriam divididos em tópicos da seguinte forma: Introdução á Oficina de escrita criativa

 O que é a Narrativa Como se desbloqueia a escrita

 Por onde começar a explorar o universo da criação literária? o Como transformar as suas ideias em histórias?

o Como captar a atenção do leitor logo nas primeiras linhas? o Como desenvolver um estilo de escrita original?

o Pequenas doses de inspiração. As personagens

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o O que torna um personagem inesquecível?

o Como provocar empatia entre o leitor e um personagem? o Classificação das Personagens

Como contar uma história …

 Estrutura de uma história o Mudança o Conflito o Cenas o Diálogos o Modos de Narração  O narrador  A estrutura da narrativa  Tempo Narrativo  Espaço da Narrativa  Os medos de um Escritor O género Fantástico

 O que é o género fantástico?

 A Historia do género fantástico

 Exemplos de livros do género fantástico A Narrativa Digital

 Algumas Noções básicas sobre Narrativa Digital o O que é a Narrativa Digital

o Pontos-chave da Narrativa Digital

o Elementos constituintes da Narrativa Digital o Exemplo de Narrativa Digital

 Criação de uma Narrativa Digital Original A Escrita na Era das Novas Tecnologias

 Criação de uma página no Facebook para que os alunos possam partilhar as suas narrativas.

Uma vez decidida qual a matéria que iria ser abordada durante as aulas, colocava-se agora a questão de como esta iria ser leccionada e apresentada aos alunos. Tendo o conhecimento prévio

Imagem

Gráfico 1 – Resposta dos alunos à questão nº11 do Inquérito Inicial   0246810121416SimNãoGostas de escrever?  Rapazes Raparigas
Gráfico 2 – Resposta dos alunos á questão nº16 do Inquérito Inicial
Gráfico 4 – Resposta dos alunos à questão nº 5 do Inquérito Final
Gráfico 5 – Resposta dos alunos à questão nº 9 do Inquérito Final
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