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Potencial fisiológico de sementes de Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth. por testes bioquímicos / Physiological potential of seeds of Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth. by biochemical tests

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66428-66439, sep. 2020. ISSN 2525-8761

Potencial fisiológico de sementes de Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne)

Benth. por testes bioquímicos

Physiological potential of seeds of Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne)

Benth. by biochemical tests

DOI:10.34117/bjdv6n9-178

Recebimento dos originais: 01/09/2020 Aceitação para publicação: 09/09/2020

Cheila Deisy Ferreira Doutorado em Ciências Florestais

Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/CSTR

Avenida Universitária S/N - Bairro Santa Cecília, Patos/PB CEP:58708-110 E-mail: cheiladeisy@yahoo.com.br

Anderson Marcos de Souza Doutorado em Engenharia Florestal Universidade de Brasília – UnB/FT

Campus Universitário Darcy Ribeiro - Bairro Asa Norte, Brasília/DF CEP 70910-900 E-mail: andermsouza@yahoo.com.br

Rosana de Carvalho Cristo Martins Doutorado em Ciência Florestal Universidade de Brasília – UnB/FT

Campus Universitário Darcy Ribeiro - Bairro Asa Norte, Brasília/DF CEP 70910-900 E-mail: roccristo@gmail.com

Francisco das Chagas Vieira Sales Doutorado em Ciências Florestais

Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/CSTR

Avenida Universitária S/N - Bairro Santa Cecília, Patos/PB CEP:58708-110 E-mail: franciscoef@yahoo.com.br

Antonio Lucineudo de Oliveira Freire Pós-doutorado em Fisiologia Vegetal

Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/CSTR

Avenida Universitária S/N - Bairro Santa Cecília, Patos/PB CEP:58708-110 E-mail: lucineldofreire@gmail.com

Amanda Silva da Costa

Doutoranda em Engenharia de Processos

Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/CCT

Centro Universitário - Bairro Bodocongó, Campina Grande/PB CEP:58429-140 E-mail: amanda.florestal@gmail.com

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66428-66439, sep. 2020. ISSN 2525-8761 RESUMO

O potencial fisiológico de sementes é tradicionalmente analisado pelo teste de germinação, que apesar de sua eficiência, o tempo necessário para conduzi-lo é um limitador, e para sanar esta limitação existem outros testes considerados rápidos. Com isso, objetivou-se avaliar potencial fisiologico de sementes de Peltogyne confertiflora por testes bioquímicos baseados na integridade das membranas. Foram realizados testes de germinação, condutividade elétrica e pH de exsudato, considerando quatro períodos de embebição, sendo zero (sem embebição), 30, 60 e 90 minutos, com 10 repetições de cinco sementes por tratamento. Os valores de condutividade elétrica diferiram estatisticamente entre os tratamentos, mas os resultados não foram compatíveis com o teste padrão de germinação e IVG. Quanto ao teste de pH de exsudato todos os tratamentos apresentaram solução variando a coloração entre rosa claro e rosa escuro, sugerindo que as sementes estavam de fato viáveis como constatado no teste de germinação. Com isso, conclui-se que nas condições experimentais, o teste de condutividade elétrica não foi adequado para estimativa do potencial fisiológico das sementes. Já o teste de pH de exsudato com uso das soluções indicadoras de fenolftaleína e carbonato de sódio pelo método colorimétrico mostrou-se eficiente na avaliação do vigor das sementes da referida espécie, porém, o tempo de embebição precisa ser aprimorado. Palavras chave: Cerrado, condutividade elétrica, germinação, vigor de sementes.

ABSTRACT

The physiological potential of seeds is traditionally analyzed by the germination test, but despite its efficiency, the time required to conduct it is a limiter, with other tests considered rapid as an alternative to solve this problem. Thus, this research aimed to evaluate the physiological potential of Peltogyne confertiflora seeds by biochemical tests based on the membanes integrity. The germination, electrical conductivity and exudate pH tests were performed, considering four imbibition periods, being zero (without imbibition), 30, 60 and 90 minutes, with 10 repetitions of five seeds per treatment. The electrical conductivity values differed statistically between treatments, but the results were not compatible with the standard germination test and IVG. As for the exudate pH test, all solution treatments varying the color between light pink and dark pink, suggesting that they were in fact viable as verified in the germination test. Thus, it is concluded that in the experimental conditions, the electrical conductivity test was not suitable for estimating the physiological potential of the seeds. The exudate pH test, using the phenolphthalein and sodium carbonate indicator solutions by the colorimetric method, proved to be efficient in assessing the vigor of the species' seeds, however, the imbibition time needs to be improved.

Keywords: Cerrado, eletric conductivity, germination, seed vigor.

1 INTRODUÇÃO

As espécies do gênero Peltogyne são conhecidas pela beleza e excelente qualidade tecnológica de suas madeiras, como durabilidade, resistência e cor que varia de avermelhada a violácea, características estas que possibilitam que a madeira possa ser empregada para os mais variados fins. A Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth. é uma espécie nativa, pertencente à família Fabacea, com ocorrência registrada em diferentes biomas brasileiros, entre eles, o Cerrado. Essa espécie tem chamado a atenção de pesquisadores também quanto à qualidade de sua madeira, sendo observados resultados promissores, equivalentes às de espécies tradicionais no mercado

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madeireiro, tornando-se uma alternativa para aliviar a pressão sobre outras espécies nativas (FÉLIX-DA-SILVA; BASTOS; GURGEL, 2009; RIBEIRO et al., 2019; FLORA DO BRASIL, 2020). Contudo, esta espécie ainda carece de pesquisas que elucidem informações básicas, e estudos relacionados ao potencial fisiológico de suas sementes podem contribuir para definição de estratégias de comercialização de sementes para futuros programas de incentivos à produção de mudas em larga escala, visando minimizar a pressão sobre outras espécies.

Nesta vertente, Castilho et al. (2019) descrevem que metodologias que gerem informações confiáveis sobre o potencial fisiológico de sementes são essenciais na tomada de decisões durante o processo produtivo e de comercialização. Quando se trata de espécies florestais, e principalmente quando a finalidade é de comercialização, a caracterização da qualidade fisiológica das sementes é baseada no teste de germinação, por ser um padrão nos laboratórios para estimar a qualidade das sementes (ISTA, 2017). Porém, os resultados deste teste podem superestimar o potencial fisiológico das sementes, considerando que no memento do teste são fornecidas todas as condições favoráveis à germinação, e nem sempre correlacionam com a emergência de plântulas no campo. Neste sentido, surgiram os testes de vigor com o objetivo de complementar e sanar as limitações do teste de germinação, obtendo-se uma avaliação da qualidade fisiológica das sementes de maneira mais ampla e segura (STALLBAUN et al., 2015; CASTILHO et al., 2019).

Segundo Souto et al. (2019), para as sementes provenientes de espécies florestais, os testes rápidos de vigor tornam-se importantes por várias vantagens, entre elas, por apresentar baixo custo operacional, homogeneidade das condições durante o teste e sobretudo velocidade dos resultados, o que possibilita uma rápida resposta à viabilidade das sementes, em especial para aquelas que necessitam de um período maior para finalizar o processo de germinação, promovendo agilidade na tomada decisão pelos produtores de sementes e mudas.

Entre os métodos considerados rápidos para determinar o potencial fisiológico de sementes por meio do vigor se destacam o teste pH do exsudato e condutividade elétrica, que são testes bioquímicos baseados na integridade das membranas celulares. Considerando que umas das primeiras manifestações de diminuição do potencial fisiológico das sementes é a perda da integridade da membrana celular, estes métodos se fundamentam na reorganização das membranas celulares quando as sementes são imersas em água. Porém, durante o processo de absorção e reorganização, as membranas lixiviam exsudatos como enzimas, nucleotídeos, ácidos graxos, ácidos orgânicos, aminoácidos, proteínas e compostos inorgânicos, como fosfatos e K +, Ca ++, Na + e Mg +, entre outros, que alteram a concentração e o pH da solução, e quanto maior a liberação de solutos, mais elevado está a deterioração das sementes (PRADO et al., 2019).

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No entanto, apesar desses testes terem apresentados resultados satisfatórios, alguns parâmetros devem ser considerados, pois podem afetar os resultados do teste e, para obter informações confiáveis, fatores como teor de umidade das sementes, volume de água de imersão, temperatura de hidratação, integridade das sementes, genótipo, período de embebição, entre outros, devem ser estudados (SANTOS et al., 2019; VASCONCELOS et al., 2019). Assim, as metodologias necessitam ser ajustadas e padronizadas para as espécies florestais nativas considerando suas particularidades, para que futuramente estas informações a respeito dos testes e espécies possam ser incorporadas no sistema de certificação de sementes de espécies florestais nativas para comercialização das mesmas com alta qualidade.

Diante do exposto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar o potencial fisiológico de sementes de P. confertiflora pelos testes de condutividade elétrica e pH do exsudato, e confrontá-los com o teste convencional de germinação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para este estudo foram utilizadas sementes de P. confertiflora provenientes de 10 árvores matrizes localizadas no Parque Estadual Serra de Caldas Novas – PESCAN, GO, (17º 47’ 22,3” S; 48º 39’ 49,8” W). A coleta das sementes ocorreu em uma área de escarpa caracterizada por Lima et al. (2010) como Cerrado Rupestre, com solos predominantes Cambissolos e Neossolos Litólicos, associados a afloramentos de rochas. Após a coleta, o material do reprodutivo foi conduzido ao Laboratório de Sementes do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília UnB, onde as sementes foram beneficiadas para posterior realização dos testes.

A determinação do grau de umidade foi realizada pelo método de estufa a 105 °C ± 3 °C durante 24 horas (BRASIL, 2009), utilizando-se três amostras com 10 sementes, colocadas em recipientes metálicos com tampa (3,5 cm de diâmetro), e os resultados foram expressos em porcentagem na base úmida. Para mensuração do peso de 1000 sementes também se utilizou a metodologia proposta nas Regras de Análise de Sementes RAS (BRASIL, 2009), com cinco repetições de 50 sementes.

Para o teste de condutividade elétrica (CE) foram pesadas em balança de precisão 10 repetições de cinco sementes, que posteriormente foram colocados para embeber em 20 mL de água deionizada em copos plásticos de 50 mL, por períodos de zero (sem embebição), 30, 60 e 90 minutos em câmara de germinação tipo Biochemical Oxygen Demand (B.O.D.) com temperatura constante de 25 ºC. A leitura da condutividade elétrica (CE) da solução foi avaliada para cada período com o auxílio de um condutivímetro de bancada microprocessado da marca QUIMIS®, modelo Q405M.

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Os resultados de condutividade, expressos em µS/g/cm, foram corrigidos pela divisão da condutividade pelo peso das amostras de sementes (GUOLLO et al., 2017).

No teste de pH do exsudato massal pelo método colorimétrico foram utilizadas duas soluções indicadoras, a primeira sendo uma solução de fenolftaleína composta de 1g de fenolftaleína dissolvida em 100 mL de álcool absoluto, e a adição de 100 mL de água destilada e fervida, e a segunda, uma solução de carbonato de sódio composta de 8,5 g/L de água destilada e fervida (CABRERA; PESKE, 2002). Para este teste, as sementes também foram colocadas para embeber seguindo o procedimento acima descrito e pelos mesmos períodos. Após estes períodos foram adicionadas em cada copo duas gotas de cada solução indicadora, homogeneizando-se com o auxílio de bastonetes plásticos descartáveis. A leitura foi realizada imediatamente após o contato das soluções indicadoras com a solução de embebição. A interpretação foi analisada quanto à coloração do meio, quando rosa claro ou rosa escuro, considera-se semente viável (meio básico), e quando incolor semente inviável (meio ácido) (SOUTO et al., 2019).

Para avaliação da qualidade fisiológica pelo teste de germinação foram utilizadas as mesmas sementes submetidas ao teste de condutividade elétrica e pH de exsudato, sendo utilizado como substrato papel tipo germitest, previamente umedecido, na proporção de 2,5 vezes o peso do papel. Para isso, as sementes foram distribuídas sobre os papéis e enrolados, e em seguida os rolos de papel foram acondicionados em sacos plásticos e levados para câmara de germinação tipo Biochemical Oxygen Demand (B.O.D.), com temperatura de 25 °C e fotoperíodo de 12 horas. As observações ocorreram a cada dois dias para a contagem de sementes germinadas, considerando o número de sementes com protrusão radicular de 2 mm, como também, o percentual de sementes germinadas (G%).

A estimativa do vigor das sementes por meio do Índice de velocidade de germinação (IVG) em detrimento dos tratamentos (períodos de embebição) foi obtida a partir do próprio teste de germinação, computando-se o número de sementes germinadas no intervalo de tempo conhecido (MAGUIRE, 1962).

Os tratamentos foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, onde foram avaliados os períodos de embebição dentro de cada teste de qualidade fisiológica e vigor, utilizando-se para cada tratamento 10 repetições de cinco utilizando-sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e ao teste Tukey para comparação de médias a 5% de significância, utilizando o programa estatístico ASSISTAT (2016).

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O peso de mil sementes obtido foi 818,4g, o qual está intimamente relacionado ao tamanho das sementes, influenciando parâmetros como germinação e vigor das sementes e qualidade de plântulas e mudas. Lobo (2012) concluiu que a diferença no peso de sementes de 17 espécies do Cerrado está relacionada à morfologia dos cotilédones, sendo menor em espécies com cotilédones foliares do que armazenadores, como é o caso da P. confertiflora. Este autor observou também que a qualidade dos lotes de sementes desta espécie foi superior à medida que as sementes apresentaram a maior peso, muito embora tenha verificado baixa correlação desta variável com o percentual de plântulas normais.

O teor de umidade das sementes recém-coletadas de P. confertiflora foi de 9,09%. Apesar de ser uma análise simples e ainda preliminar, de posse deste resultado pode-se inferir sobre a fisiologia das sementes desta espécie, sugerindo que as mesmas podem ser dessecadas até baixos níveis de umidade sem que percam sua viabilidade em curto prazo. Roberts (1973), o precursor sobre esse tema no mundo, classificou as sementes como sendo ortodoxas e recalcitrantes, e segundo este autor, sementes ortodoxas toleram dessecação a baixos níveis de umidade, em torno de 5%, e podem ser armazenadas às baixas temperaturas, o que possibilita a manutenção da viabilidade por um longo período; o oposto ocorre com sementes recalcitrantes, que não toleram ser dessecadas a estas condições e apresentam, portanto, dificuldades de armazenamento. Além do mais, sementes ortodoxas exibem menor atividade metabólica quando dispersas da planta matriz e possuem baixo conteúdo de água, inferior a 15% de umidade.

Ressalta-se que o teor de umidade de sementes de uma mesma espécie pode variar de acordo com as condições climáticas do local na ocasião da coleta, como também, com o tempo e condições de armazenamento das sementes após coleta até o momento da análise. Na espécie em estudo, foram verificados valores semelhantes ao relatado acima, onde Lobo (2012) e Silva (2018) observaram teores de umidade variando de 7,6 a 12%, respectivamente, confirmando o comportamento ortodoxo da espécie.

O teor de umidade das sementes é um parâmetro que quando avaliado associado a testes de qualidade fisiológica e vigor, torna-se de grande valor, pois auxilia na correta classificação das sementes quanto ao comportamento fisiológico durante o armazenamento, e consequentemente, possibilita o planejamento das melhores estratégias de armazenamento de sementes e para conservação da espécie.

Os tratamentos não afetaram significativamente a G% (Tabela 1), contudo, verifica-se que o maior valor foi obtido no tratamento em que as sementes não foram previamente embebidas.

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Tabela 1 - Valores médios da condutividade elétrica (CE), percentagem de germinação (G%) e Índice de Velocidade

de Germinação (IVG) para sementes de Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth., coletadas no Parque Estadual Serra de Caldas Novas – PESCAN, GO.

TEMPO DE EMBEBIÇÃO GERMINAÇÃO (%) IVG CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (µS/g/cm) Sem embebição 96 a 3,75 a 3,38 a 30 minutos 90 a 1,93 b 2,72 b 60 minutos 92 a 2,00 b 3,33 a 90 minutos 92 a 1,85 b 2,83 ab CV% 11,90 16,42 20,12

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Fonte: Ferreira et al. (2020).

Quanto ao IVG, foi constatado que as sementes que não passaram pelo tratamento de embebição apresentaram maior vigor, com maior número de sementes germinadas por dia. O baixo teor de umidade das sementes recém-coletadas (9,09%), aliado à excelente qualidade fisiológica constatada com alto G% (96%) e IVG (3.75) (Tabela 1), sem a necessidade de tratamento pré-germinativo, permite fazer inferências importantes a respeito do desempenho fisiológico das sementes dessa espécie, que talvez, a mais importante seja a confirmação da afirmativa feita acima quanto ao comportamento ortodoxo, além da não existência de qualquer mecanismo de dormência que impeça a germinação assim que lhe sejam fornecidos os fatores necessários. A ausência de dormência para esta espécie foi também constatada por Silva (2018), onde não foi verificado diferenças estatísticas entre a testemunha e demais tratamentos de superação de dormência.

Na Tabela 1 também pode ser observado que para o teste de CE as médias foram estatisticamente diferentes, evidenciando diferenças no potencial fisiológico das sementes nos tratamentos. No entanto, os valores de CE não foram compatíveis com o teste padrão de G% e IVG, visto que, o menor valor foi constatado (2,72 µS/g/cm) no tratamento em que as sementes ficaram embebidas por 30 minutos, apesar de proporcionar o menor G% (90%).

Os maiores valores de CE, G% e IVG foram obtidos sem que as sementes tenham sido previamente embebidas em água. Segundo Guollo et al. (2017), o princípio do teste é que sementes menos vigorosas liberam mais solutos para a solução, pois a velocidade do restabelecimento das membranas durante a embebição é menor. Além disso, não era esperado esse maior valor no tratamento em que as sementes não foram embebidas (3,38 µS/g/cm), visto que não houve tempo para lixiviação dos solutos.

Nas condições do experimento, o teste de CE não foi eficiente na avaliação do potencial fisiológico de sementes de P. confertiflora, provavelmente, será necessário um maior período de embebição das sementes, além de testar outras temperaturas e volumes da água de embebição para

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ajustar a metodologia. Vale salientar, que como para a espécie esse tipo de estudo é inédito, a falta de informações anteriores dificulta o planejamento da pesquisa.

Por outro lado, o potencial fisiológico de sementes por meio do teste de CE apresentou resultados eficientes para outras espécies florestais da família Fabaceae, como Pterogyne nitens Tull. (ATAÍDE et al., 2012), Bowdichia virgilioides Kunth (DALANHOL et al., 2014), Mimosa caesalpiniifolia Benth. (AVELINO et al., 2018) e Amburana cearensis (Allemão) A.C Smith (VASCONCELOS et al., 2019). Contudo, os valores encontrados deste teste para estas espécies citadas mostraram-se superiores aos alcançados para a P. confertiflora, possivelmente, pelas características intrínsecas de cada espécie e as condições estabelecidas durante o teste como tempo e temperatura de embebição (GUOLLO et al., 2017), pois esses fatores podem influenciar o padrão de lixiviação de sementes, e esses resultados tão distintos dificultam comparações. Além destes, outro fator a considerar é o número de sementes utilizadas para o teste, pois Francisco et al. (2019) verificaram que para sementes de Coffea arabica L., o período de embebição necessário para avaliar a qualidade fisiológica pelo teste de CE foi influenciado pela quantidade de sementes, com diminuição de 24 para quatro horas, quando o número de sementes subiu de 24 para 50 unidades.

Assim, para Prado et al. (2019) uma limitação no teste de CE é a ausência de valores de referência ou faixa de valores que indiquem o nível do vigor das sementes (alto, médio ou baixo vigor), como também o entendimento em relação aos resultados, principalmente, pela unidade medida utilizada, já que os principais testes utilizados fornecem seus resultados em percentual. Para o pH de exsudato, em nenhum dos tratamentos foi verificada a ausência de cor na solução de imersão, ou seja, não ficaram incolores (Tabela 2), indicando que as sementes utilizadas eram viáveis, pois não houve avanço no grau de deterioração das membranas para liberar íons de H+ o suficiente para tornar o meio ácido (pH abaixo de 8,0), assim como propõe Sabnis (2007). Pois, de acordo com Matos, Martins e Martins (2009), o princípio do teste de pH de exsudato está baseado na quantidade de metabolitos lixiviados pelas sementes em solução, onde quanto maior for a deterioração das membranas, mais ácido se tornará o meio, evidenciando a perda de viabilidade das sementes.

Tabela 2 - Teste de pH do exsudato massal pelo método colorimétrico para sementes de Peltogyne confertiflora (Mart.

ex Hayne) Benth., coletadas no Parque Estadual Serra de Caldas Novas – PESCAN, GO.

REPETIÇÕES TRATAMENTO (tempo)

T0 (zero) T30 min. T60 min. T90 min.

1 Rosa claro Rosa claro Rosa claro Rosa escuro

2 Rosa claro Rosa claro Rosa claro Rosa escuro

3 Rosa claro Rosa escuro Rosa claro Rosa escuro 4 Rosa claro Rosa escuro Rosa claro Rosa escuro

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Fonte: Ferreira et al. (2020).

Assim, verifica-se na também na Tabela 2, que em todos os tratamentos a coloração da solução variou entre rosa claro e rosa escuro, indicando que o meio de embebição encontrava-se básico, sugerindo que as sementes estavam de fato viáveis como constatado no teste de germinação. Contudo, como trata-se de um teste massal e qualitativo, não é possível identificar com precisão qual semente da repetição não estava viável. Neste contexto, Cabrera e Peske (2002) concluem que o teste massal do pH do exsudato tem como desvantagem a não distinção entre uma amostra de muitas sementes de alta qualidade e algumas sementes inviáveis, de outra amostra com todas as sementes de qualidade regular. Para minimizar esses efeitos indesejáveis, os autores recomendam que a amostra, além de ser representativa do lote, devem também não conter sementes com danos ou quebradas.

Mesmo o teste massal do pH de exsudato tendo se mostrado eficiente para avaliar o vigor das sementes, houve variação da coloração entre e dentro dos tratamentos testados, no tratamento controle (sem embebição) e no tratamento com 30 minutos de embebição, observa-se entre as repetições variações entre rosa claro e rosa escuro. Já para os tratamentos com 60 e 90 minutos de embebição em solução, não se constatou variação dentro dos tratamentos, apresentando as colorações rosa claro e rosa escuro, respectivamente, mesmo apresentando os mesmos resultados no percentual de germinação (92%). Tomando como base esses resultados, pode-se inferir que o tempo de embebição na solução indicadora de fenolftaleína e carbonato de sódio influenciou na qualidade do teste, sendo necessário mais de 30 minutos analisar o pH de exsudato com maior equilíbrio do pH nas soluções, possivelmente, pela reorganização das membranas durante o processo de embebição de água. Porém, como apresentaram variação na cor, e não proporcionaram diferenças estatísticas quanto a germinação e IVG, não é possível afirmar qual destes tratamentos (60 e 90 minutos de embebição) é o ideal para determinar o potencial fisiológico de P. confertiflora, carecendo que outros estudos sejam realizados para o aprimoramento deste parâmetro do teste para a espécie.

Para Araújo et al. (2014), a velocidade com que ocorre o processo de embebição da semente é importante, por influenciar os resultados alcançados por meio dos testes de condutividade elétrica e pH do exsudato. Contudo, vale salientar que a velocidade está relacionada ao tempo de embebição,

6 Rosa escuro Rosa claro Rosa claro Rosa escuro 7 Rosa escuro Rosa escuro Rosa claro Rosa escuro 8 Rosa escuro Rosa escuro Rosa claro Rosa escuro 9 Rosa escuro Rosa escuro Rosa claro Rosa escuro 10 Rosa escuro Rosa claro Rosa claro Rosa escuro

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e depende diretamente das particularidades morfológicas das sementes de cada espécie, desta forma, o tamanho, teor de umidade, formato, conteúdo de reserva e espessura do tegumento são características que determinam a velocidade e o tempo necessário para a embebição e, consequentemente, o fluxo de solutos, por isso, esse tipo de teste deve ser aprimorado para cada espécie.

Corroborando com estas afirmações Souto et al. (2019) relatam que o desenvolvimento de uma metodologia adequada para se analisar a qualidade fisiológica das sementes pelo teste de pH do exsudato - fenolftaleína necessita ser realizado com ampla base científica pelos pesquisadores, com intuito de ajustá-lo às condições intrínsecas das espécies.

Por vez, em outras pesquisas conduzidas em sementes de outras Fabaceaes do Cerrado, como Copaifera langsdorffii Desf. (MATOS; MARTINS; MARTINS, 2009) e Anadenantherafalcata Benth. Speg (STALLBAUN et al., 2015), o teste de pH de exsudato por meio do método individual apresentou resultados confiáveis quanto ao potencial fisiológico das mesmas, e os autores ressaltam ainda as vantagens na condução desta metodologia, como rapidez e facilidade para sua execução.

4 CONCLUSÕES

Os tratamentos de embebição nas sementes de P. confertiflora não influenciaram negativamente a qualidade fisiológica das sementes quanto ao teste de germinação, porém, o contrário ocorreu com o teste de vigor (IVG).

O teste de condutividade elétrica (CE) não se mostra adequado para estimativa do potencial fisiológico das sementes desta espécie, não apresentando resultados compatíveis com o teste padrão de germinação.

O teste de pH de exsudato com uso das soluções indicadoras de fenolftaleína e carbonato de sódio pelo método colorimétrico é eficiente na avaliação do vigor das sementes da referida espécie, porém, o tempo de embebição precisa ser aprimorado.

REFERÊNCIAS

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Tabela 1 - Valores médios da condutividade elétrica (CE), percentagem de germinação (G%) e Índice de Velocidade  de Germinação (IVG) para sementes de Peltogyne confertiflora (Mart
Tabela 2 - Teste de pH do exsudato massal pelo método colorimétrico para sementes de Peltogyne confertiflora (Mart

Referências

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