ESTUDO SOBRE A PREOCUPAÇÃO DAS EMPRESAS COM A SAÚDE
DOS FUNCIONÁRIOS.
FILIPE DE ANDRADE TABARANI SANTOS1, FELIPE DOS REIS VAJDA1
1Curso de graduação – Faculdade de Engenharia Elétrica/ UNICAMP
RESUMO: A produtividade do funcionário está diretamente ligada com sua condição física,
mental, espiritual e social. As empresas estão lentamente caminhando para essa conclusão, já comprovada em pesquisas. Neste trabalho buscamos transformar em números a preocupação destas para com a saúde do funcionário analisando a disponibilidade de atividades físicas e de intervalos periódicos, a qualidade da alimentação fornecida, as condições de trabalho e o acompanhamento à saúde do empregado. As micro e pequenas empresas apresentam menor evolução nesse sentido, mas em geral no Brasil a maturidade nestes quesitos continua insuficiente. O ponto em que os empregadores mostram-se mais relapso foi o acompanhamento médico, odontológico e psicológico ao funcionário.
PALAVRAS-CHAVE: saúde, preocupação das empresas, produtividade, lucratividade. INTRODUÇÃO
De acordo com MARCHI (2006), “nos
últimos 20 anos, estudos sobre a promoção de saúde no local de trabalho têm quantificado a relação entre boa saúde e aumento de produtividade”. Estatísticas revelam que 40%
dos afastamentos funcionais são motivados por pequenas doenças e mal-estar, como gripes, dores nas costas, entorses e outras, as quais podem ser evitadas por um bom condicionamento físico (TERRA, 2006). E ainda, 20% dos trabalhadores brasileiros têm problemas como obesidade, sedentarismo e estresse (INFOMONEY, 2006). A preocupação da empresa com a saúde do
obrigação ética como também econômica. A dificuldade está em fazer com que diretores encarem tais medidas como investimento e não como despesas.
É evidente a influência das condições física, mental, espiritual e social na produtividade do funcionário. Mas ao mesmo tempo, atingir um equilíbrio entre profissional e pessoal não é fácil de se conseguir. O empregado trabalha mais e por mais tempo, e as tecnologias, que deveriam facilitar a vida, têm feito com que o trabalho invada cada vez mais o pessoal. Isto resulta, entre outros problemas, em uma taxa maior de estresse, o qual por sua vez leva a problemas físicos e
mentais com maior freqüência (ex: dores musculares, depressão, entre outros).
Cada vez mais empresas estão percebendo que a solução está no contrário do problema, ou seja, fazer com que o lazer e bem-estar invadam a esfera profissional. Isto é alcançado, por exemplo, com o incentivo por parte das empresas à: prática de atividades físicas, pausas periódicas e ginástica laboral, adequação do ambiente de trabalho às características físicas dos funcionários, melhor alimentação e campanhas de conscientização.
Neste trabalho buscou-se avaliar, na esfera brasileira, a preocupação das empresas com a saúde do funcionário.
MATERIAL E MÉTODOS
Para traçar o perfil das empresas brasileiras, quanto à preocupação das destas com a saúde dos funcionários, foram escolhidos alguns comportamentos esperados. Através de contato por e-mail ou telefone, assegurando-se a não divulgação de respostas individuais, foram feitas as seguintes perguntas, relacionadas com o comportamento básico esperado de uma empresa (DEVIDE, 1998): 1) Sua empresa se enquadra como micro ou pequena empresa?; 2) A empresa custeia alguma atividade física aos funcionários ou possui estrutura para prática de esportes? ; 3) Intervalos periódicos são fornecidos para funcionários que exercem
funções repetitivas? ; 4) Existe restaurante nas dependências da empresa? 5) O balanço nutricional da alimentação é controlado?; 6) O ambiente de trabalho apresenta preparo a fim de evitar lesões por esforço repetitivo?; 7) Existe acompanhamento, médico, odontológico e psicológico aos funcionários dentro da empresa?
Foram contatadas 120 empresas. Como esperado, algumas não responderam, ou afirmaram ser informações confidencias ou mesmo que as informações que poderiam ser fornecidas estavam disponíveis no site da empresa. Nestes casos, quando possível, as perguntas foram conduzidas diretamente a funcionários.
As perguntas foram realizadas de forma que as respostas pudessem ser analisadas de forma binária, facilitando assim a análise estatística. Para melhor análise dos resultados as respostas para micro ou pequenas empresas foram separadas das demais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das empresas contatadas foram obtidas as respostas de 74, sendo 28 destas caracterizadas como micro ou pequenas empresas.
Observou-se que na esfera de micro e pequenas empresas uma quantidade insatisfatória fornece atividade física aos funcionários (Figura 1).
Figura 1. Porcentagem de micro e pequenas
empresas que custeiam ou tem estrutura para a prática de esportes pelos funcionários.
Figura 2. Porcentagem de empresas de médio
e grande porte que custeiam ou tem estrutura para a prática de esportes pelos funcionários
Deve ser relembrado que grande parte das empresas não respondeu a pesquisa. Estas provavelmente piorariam as estatísticas.
Já para as demais empresas vemos uma maior preocupação com a prática de atividades físicas pelos funcionários (Figura
2). Três empresas responderam negativamente, número que, provavelmente, seria maior caso todas respondessem. Este resultado nos mostra que ainda estamos longe do ideal.
Uma melhora considerável quanto à preocupação com intervalos regulares para funcionários, os quais exercem funções repetitivas, foi observada para micro e pequenas empresas. Essa melhora possivelmente é atribuída a não necessidade de investimentos como no caso da prática de esportes, tornando assim mais fácil para os empregadores realizá-las.
79% 21%
sim não
Figura 3. Porcentagem relativa a micro e
pequenas empresas que proporcionam paradas regulares para funcionários com atividade repetitiva.
Já para as demais empresas, duas responderam negativamente. Este valor está próximo do anterior, como esperado, pois mostra uma despreocupação total dessas empresas com a saúde dos funcionários (Figura 4). 42,86% 57,14% Sim Não SIM 93,48% 6,52% Não
4%
96%
não sim
Figura 4 Porcentagem relativa às demais
empresas que proporcionam paradas regulares para funcionários com atividade repetitiva.
Os resultados mostram que boa parte das empresas prefere não fornecer alimentação aos funcionários. Isto foi observado principalmente em micro e pequenas empresas. Vê-se ainda a falta de preocupação com o balanço nutricional da alimentação fornecida bem a cima do esperado (Figuras 5 6 ). 11% 7% 82% sim não não possuem
Figura 5. Porcentagem de micro e pequenas
empresas que não possuem restaurante (amarelo) e que possuem com (azul) ou sem (vermelho) supervisão nutricional.
56% 11% 33% sim não não possuem
Figura 6. Porcentagem das demais empresas
que não possuem restaurante (amarelo) e que possuem com (azul) ou sem (vermelho) supervisão nutricional.
Vemos que muitas empresas ainda não dão devida importância a L.E.R. (lesão por esforço repetitivo), doença comum nos dias modernos. A quantidade de empresas que adequam o local de trabalho, tanto para micro e pequenas empresas quanto para as demais, caiu em relação as que fornecem paradas periódicas no trabalho (Figuras 7 e 8). Isto nos indica desinformação das empresas, que consideram apenas intervalos suficientes para a prevenção. O local de trabalho deve ser adequado para as características físicas do funcionário a fim de evitar a L.E.R.
75% 25%
sim não
Figura 7. Porcentagem de micro e pequenas
empresas que não possuem (vermelho) e que possuem com (azul) preparo do ambiente de trabalho para evitar lesões por esforço repetitivo.
11%
89%
não sim
Figura 8. Porcentagem das demais empresas
que não possuem (vermelho) e que possuem com (azul) preparo do ambiente de trabalho para evitar lesões por esforço repetitivo.
A análise dos resultados em relação ao acompanhamento, médico, odontológico e psicológico aos funcionários dentro da empresa precisou de um maior cuidado. Foi considerado como resposta positiva a empresa que apresenta tanto acompanhamento médico como odontológico e psicológico, não sendo considerado válido
necessariamente resulta em um acompanhamento periódico da saúde do funcionário. Assim, constatou-se uma total inadequação neste item, principalmente para micro e pequenas empresas (Figuras 9 e 10), nas quais os custos tornam o procedimento praticamente infactível.
96% 4%
não sim
Figura 9. Porcentagem de micro e pequenas
empresas que não oferecem (vermelho) e que oferecem (azul)
acompanhamento médico, odontológico e psicológico aos
funcionários.
67% 33%
não sim
Figura 10. Porcentagem das demais empresas
que não oferecem (vermelho) e que oferecem (azul) acompanhamento médico, odontológico e psicológico aos
Algumas propostas para trabalhos futuros são a busca por um modo mais eficiente de obtenção de respostas e o estudo do aumento da lucratividade da empresa com maior acompanhamento à saúde dos funcionários.
CONCLUSÃO
Conclui-se que as empresas brasileiras apresentam preocupação insuficiente com a saúde do funcionário. Este quadro é mais visível principalmente para micro e pequenas empresas. A falta de acompanhamento periódico da saúde do funcionário dentro da empresa foi o quesito que apresentou pior resultado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEVIDE, F. P. Atividade física na empresa: para onde vamos e o que queremos?
Motriz,.4(2), 1998. Disponível em:
<http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/04n 2/4n2_PON06.pdf>. Acesso em: 21 outubro 2006.
INFOMONEY. Investimento na Saúde do Funcionário Aumenta Produtividade.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/infopessoal/noticias
/_HOME_OUTRAS_607333.shtml>. Acesso em: 21 outubro 2006.
MARCHI, R. Saudável lucro. Disponível em: <http://vocesa.abril.uol.com.br/aberto/online/ 012002/364_1.shl>. Acesso em: 21 outubro 2006.
TERRA. Terra Responsabilidade Empresarial.
Disponível em: <http://cidadania.terra.com.br/interna/0,,OI42
7613-EI3453,00.html>. Acesso em: 21 outubro 2006.
WIKIPEDIA. Lesão por Esforço Repetitivo. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o_ por_esfor%C3%A7o_repetitivo>. Acesso em: 21 outubro 2006.