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Economia e Gestão da Informação Tendo como Referência o Conceito de Computação em Nuvem

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Economia e Gestão da Informação

Tendo como Referência o Conceito de Computação em Nuvem

CAPSI’2011

Joaquim Alves Lavado1 1) Membro e Colaborador da APDSI

Joaquim.lavado@gmail.com

Resumo

Considerando o tema da Conferência “A Gestão da Informação na era do Cloud Computing” analisa-se o paradigma da computação em nuvem. Seguidamente, aborda-se a gestão da informação num contexto da computação em nuvem tendo em conta os conceitos de arquitetura da informação, de ciclo de vida dos sistemas de informação e de governação da informação. Posteriormente, analisam-se aspetos relevantes da economia da informação a ter em consideração num quadro de computação em nuvem. Finalmente, extrai-se a conclusão da análise efetuada.

Palavras chave: computação em nuvem, economia da informação, gestão da informação

1. Introdução

O progressivo desenvolvimento e aplicação do novo paradigma da computação em nuvem implicam alterações na economia e na gestão da informação das organizações.

Tendo por base este postulado e a experiência adquirida com a aplicação do enquadramento de Zachman, das metodologias de desenvolvimento e operação de sistemas de informação RUP (Rational Unified Process) e ITIL (Information Technology Infrastructure Library) e da governação de estruturas e processos informáticos, desenvolve-se neste artigo um conjunto de ideias e de reflexões que procuram contribuir para o conhecimento da relação entre o novo paradigma da computação em nuvem e a gestão e a economia da informação.

No âmbito da relação entre o novo paradigma e a gestão da informação das organizações analisam-se ligações da computação em nuvem com a arquitetura, o ciclo de vida dos sistemas e a governação da informação. Na relação com a economia da informação abordam-se possíveis efeitos do novo paradigma nos custos e nos benefícios das organizações fornecedoras e clientes da computação em nuvem bem como possíveis implicações na produtividade e no crescimento económico.

1

Licenciou-se em Economia no ISE/UTL onde desempenhou funções docentes entre 1972 e 1987. Foi formador do INA e de outras instituições nas áreas da economia e gestão das TIC. Escreveu a tese “Sistemas de Informação e Infraestruturas Informáticas”, coescreveu o livro “Métodos e Técnicas de Planeamento” e publicou artigos em revistas e jornais da especialidade. Na Comissão Europeia, entre 1988 a 2005, dirigiu serviços e equipas da Direção Informática e da Direção Geral das Tecnologias da Informação. Foi Diretor de Informática da DGCI (1987) e Diretor da DGOA (1982/6) responsável pelo Plano Diretor de Informática da Administração Pública (PDIAP). Representou Portugal na OCDE em projetos do Comité PIIC (1977/1982), foi Presidente da Assembleia-geral da API, Presidente da Comissão Técnica de Normalização Informática e membro da Comissão da Rede Informática da UTL e do Conselho Técnico da Revista Informática. Atualmente, colabora de forma graciosa com a APDSI no desenvolvimento de estudos sobre economia da informação e é membro do GAN.

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No artigo é analisado o paradigma da computação em nuvem através da relação cliente-fornecedor (ponto 2.) e são feitas reflexões sobre possíveis implicações deste novo paradigma na gestão da informação nas organizações (ponto 3.) e na economia da informação (ponto 4.). A conclusão final é extraída da análise efetuada no ponto 5.

2. Paradigma da Computação em Nuvem

As exigências dos processos de trabalho das organizações, nomeadamente as exigências de caráter legal, obrigam a armazenar grandes quantidades de dados e a utilizar algoritmos de gestão estratégica, financeira, de investigação e desenvolvimento, de produção, de marketing, de vendas e outros. Ora, a capacidade de armazenamento bem como o software ou as aplicações para o processamento da informação podem ser fornecidas por fornecedores de recursos e de serviços de computação em nuvem.

Mas, o que é a computação em nuvem? Tendo em conta as várias definições e interpretações que envolvem o conceito e os múltiplos aspetos que formam os sistemas em nuvem, podemos considerar que a computação em nuvem consiste na disponibilização de uma infraestrutura (hardware e software), escalável, agrupando imediata e dinamicamente diversos recursos localizados em qualquer ponto geográfico, podendo ser acedida simultaneamente por diversas organizações clientes, normalmente mediante o pagamento dos recursos e serviços consumidos. A computação em nuvem é um conceito em construção [Schubert, 2010] que permite às organizações, nomeadamente a empresas e administrações públicas, fornecerem e adquirirem recursos e serviços de computação numa rede (nuvem) privada, pública ou híbrida.

As organizações fornecedoras disponibilizam infraestrutura e aplicações, isto é, colocam recursos e serviços de computação à disposição das organizações clientes. As organizações clientes subscrevem os serviços e acedem a servidores, plataformas, aplicações ou outros recursos e serviços de computação, para criarem e utilizarem a informação exigida pelos seus processos de trabalho. Quer as organizações fornecedoras quer as organizações clientes devem proceder à gestão e assegurar a máxima fiabilidade, qualidade e segurança dos recursos e serviços fornecidos e adquiridos (figura 1).

Figura 1 – Relação cliente-fornecedor no paradigma da computação em nuvem Organização Cliente

Infraestrutura de acesso

Organização Fornecedora

Infraestrutura Serviços

Subscrição e Fornecimento de Serviços

G est ão G e st ão F iab il idad e , Q ual idad e de Se rv o, S e gur an ç a

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A arquitetura da informação, os sistemas de informação bem como os processos de trabalho de uma organização que recorre ao paradigma da computação em nuvem ficam dependentes das características da nuvem (modos de acesso aos recursos de computação, formas de disponibilização dos serviços, procedimentos de segurança…), do fornecimento dos recursos (tempo de servidor, espaço de armazenamento…) e do fornecimento dos serviços (serviço de infraestrutura, serviço de software, serviço resultante da disponibilização de uma plataforma de desenvolvimento específica, aplicações fornecidas como um serviço…).

A Internet permite o acesso aos recursos que se encontram disponíveis na rede ou nas redes que a formam, constituindo um elemento importante para a computação em nuvem.

A informação e os sistemas de informação de uma organização que adquire recursos e serviços de computação em nuvem têm que ser geridos tendo em conta todas as componentes da sua arquitetura da informação.

3. Gestão da Informação e Computação em Nuvem

Num quadro de computação em nuvem, seguidamente, analisamos aspetos da gestão da arquitetura da informação, do ciclo de vida dos sistemas de informação e da governação da informação.

Gestão da Arquitetura de Informação e Computação em Nuvem

Consideremos uma organização e os seus processos de trabalho. Para a implantação da computação em nuvem consideremos, também, a arquitetura da informação da organização, construída tendo em conta a “arquitetura de empresa” proposta por Zachman [Zachman 1987, 1992]. De acordo com o enquadramento de Zachman, tenhamos em conta as perspetivas do conceptor, do construtor e do instalador da arquitetura da informação da organização, bem como a perspetiva do utilizador. Não fazemos referência às perspetivas do planeador e do proprietário da organização, dado que não estão diretamente ligadas às tecnologias da informação.

A figura 2 mostra, de acordo com o enquadramento de Zachman e para cada perspetiva considerada, os resultados que devem ser produzidos relativamente aos dados, às funções, à rede, à variável tempo e à motivação que justifica a existência da organização.

Dados O quê? Funções Como? Rede Onde? Pessoal Quem? Tempo Quando? Motivação Porquê? Modelo do Sistema (Perspetiva do Conceptor) Modelo Lógico dos Dados Arquitetura das Aplicações Arquitetura Distribuída do Sistema Arquitetura dos Interfaces Humanos Estrutura e Datas dos Processamentos do Sistema Modelo das Regras da Organização Lógica do Sistema (Planos Lógicos) Modelo Tecnológico (Perspetiva do Construtor) Modelo Físico dos Dados Conceção (Desenho) do Sistema Arquitetura Tecnológica do Sistema Arquitetura da Apresentação (Ecrãs) do Sistema Estrutura de Controlo e Datas da Execução do Sistema Conceção das Regras do Sistema Tecnologia do Sistema (Planos Físicos) Representação Detalhada (Perspetiva do Instalador) Definição

dos Dados Programas

Arquitetura da Rede Arquitetura de Segurança Definição dos Tempos de Operação Especificação das Regras Componentes (Produtos) Funcionamento (Perspetiva do Utilizador)

Dados Funções Rede Atual Organização Cronogramas Estratégia

Como Funciona a Empresa (Configurações)

Figura 2 – Gestão da arquitetura da informação (adaptado da “Arquitetura de Empresa” de Zachman)

Consideremos, agora, que a organização decide adquirir no seu exterior os resultados necessários requeridos pelas perspetivas do conceptor, do construtor e do instalador, bem como

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recursos e serviços de computação em nuvem. Neste caso, a organização, isto é, os utilizadores ficam completamente dependentes dos serviços do fornecedor ou dos fornecedores dos serviços. Consideremos, em alternativa, que a organização produz internamente os resultados exigidos pelas perspetivas do conceptor e do construtor e adquire no mercado os restantes recursos e serviços, nomeadamente, os de computação em nuvem. A organização concebe e constrói os modelos lógicos e físicos dos dados, as arquiteturas das aplicações, da infraestrutura e das interfaces com os utilizadores bem como o ciclo temporal dos processamentos e as regras respeitantes aos sistemas. Por outro lado, adquire no mercado os restantes recursos e serviços incluindo os programas e as arquiteturas de rede e de segurança, tempo de servidores, capacidade de armazenamento... Neste caso, a organização deverá ter em conta os recursos e serviços disponibilizados no mercado pelos fornecedores de computação em nuvem.

Podemos ainda considerar a situação na qual a organização executa todas as funções, produz os serviços e dispõe de recursos de computação, mas recorre ao mercado para adquirir serviços em nuvem em casos específicos.

Em todos os casos, assume especial relevância a arquitetura de rede disponibilizada no mercado pelo fornecedor dos recursos de computação em nuvem, bem como a solidez da arquitetura de segurança subjacente, os ciclos temporais para a utilização dos seus recursos e serviços e as regras de operação para concretizar a computação e os serviços contratados pela organização cliente.

De um modo geral, a arquitetura proposta pelo fornecedor dos recursos de computação e dos serviços na nuvem baseia-se principalmente nas tecnologias que suportam a virtualização e a componente arquitetural orientada ao fornecimento de serviços [Zhang et al. 2009]. A tecnologia que suporta a virtualização permite disponibilizar a infraestrutura hardware e software necessária. A componente arquitetural que assegura os serviços permite fornecer serviços extensíveis, flexíveis e reutilizáveis (plataformas, software ou aplicações…). Por exemplo, a SmartCloud PT pode fornecer “Drive Virtual” para armazenamento de dados, “InvoiceXpress” para faturação, “PHC Business FX” software para gestão. Também a Google Apps for Business, a Amazon’s EC2, a Microsoft Azure Services e muitos outros fornecedores de recursos de computação em nuvem podem fornecer os seus serviços.

Podemos concluir que tem todo o sentido que as organizações partam dos estudos das suas arquiteturas de informação para determinar as necessidades de recursos e serviços de computação em nuvem e que não se limitem à aquisição de recursos e de serviços constantes de um catálogo. Esta situação conduziria à uniformidade das arquiteturas e sistemas de informação das organizações reduzindo a sua capacidade de inovação e criando o seu aprisionamento ou dependência dos fornecedores da computação em nuvem.

Gestão do Ciclo de Vida dos Sistemas de Informação e Computação em Nuvem

Consideremos, agora, o recurso à computação em nuvem tendo em conta o ciclo de vida de um sistema de informação.

Definimos o ciclo de vida de um sistema de informação como o conjunto de processos planeados e executados desde o seu lançamento até à sua retirada. Consideremos que o ciclo de vida de um sistema de informação é formado pelos processos de gestão, de desenvolvimento, de operação, de manutenção e de retirada do sistema de informação (figura 3).

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Figura 3 – Ciclo de vida de um sistema de informação

O processo de gestão planeia e controla as atividades dos processos de desenvolvimento, operação, manutenção e retirada dos sistemas de informação. Estes processos podem ser implantados de acordo com metodologias, normas e ferramentas específicas adotadas pela organização. Por exemplo, se no processo de desenvolvimento se utilizarem metodologias e produtos que implementam o modelo standard de “processo unificado”, o ciclo de desenvolvimento do software do sistema é executado em quatro fases sequenciais (iniciação, elaboração, construção e transição) cada uma terminando com a avaliação dos resultados e dos artefactos produzidos. Dependendo da dimensão do projeto, uma ou mais iterações podem ser necessárias para executar as atividades dos fluxos de trabalho de cada fase.

Consideremos agora, de forma simplificada, três alternativas de utilização de recursos computacionais em nuvem tendo em vista o desenvolvimento, a operação, a manutenção e a retirada de utilização dos sistemas de informação que suportam os processos de trabalho de uma organização.

Alternativa 1: a gestão e a execução das atividades de desenvolvimento, operação e manutenção dos sistemas de informação – incluindo a segurança e a qualidade – são da responsabilidade do fornecedor dos recursos e serviços de computação em nuvem.

Alternativa 2: a gestão e a execução das atividades de desenvolvimento e da retirada de utilização dos sistemas de informação são da responsabilidade da organização cliente. A gestão e a execução das atividades de operação são da responsabilidade do fornecedor dos recursos de computação em nuvem. A gestão e a execução das atividades de manutenção dos sistemas de informação estão repartidas pelo fornecedor e pelo cliente.

Alternativa 3: a organização cliente é responsável pela gestão e execução das atividades de desenvolvimento, operação, manutenção e retirada dos seus sistemas de informação, recorrendo eventualmente à aquisição de recursos de computação em nuvem.

Na alternativa 1, a organização cliente gere os seus requisitos e exigências, o acesso aos recursos e serviços, os resultados e a retirada de utilização dos sistemas de informação. Na alternativa 2 assume grande importância a gestão da conformidade das metodologias e plataformas de desenvolvimento da organização cliente com a infraestrutura disponibilizada pelo fornecedor dos recursos de computação em nuvem. Na alternativa 3, a organização cliente gere e executa todos os processos do ciclo de vida dos sistemas de informação, recorrendo pontualmente à aquisição de recursos e serviços de computação em nuvem.

Consideradas as três alternativas, podemos deduzir que em todas elas a gestão e a execução das atividades do ciclo de vida dos sistemas de informação são repartidas pelo fornecedor e pelo

Manter o Sistema de Informação (Corrigir, Evoluir e Integrar) Gerir o Sistema de Informação

Retirar o Sistema de Informação Operar o Sistema de Informação

para Produzir e Distribuir Informação Desenvolver o Sistema

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cliente da computação em nuvem. Esta conclusão é de grande importância dado que obriga os gestores da informação das organizações cliente e fornecedora a repartirem as atividades do ciclo de vida dos sistemas de informação de forma rigorosa e a estabelecerem as sinergias necessárias, nomeadamente, as que se ligam com os aspetos técnicos de integração e interoperabilidade dos sistemas de informação e dos processos da organização cliente.

Governação da Informação e Computação em Nuvem

Consideremos uma organização pequena, média ou grande. Ela deve ser capaz de assegurar a governação da sua informação. Para isso, a organização deve ter estruturas e processos eficazes, adequados à sua dimensão, para assegurar a produção e distribuição das informações que suportam as actividades dos seus processos de trabalho.

A governação da informação faz-se, portanto, com base em estruturas e processos que suportam as atividades necessárias à prossecução dos fins e objetivos da organização. A figura 4 procura ilustrar esta ideia.

Figura 4 – Governação da informação

As estruturas responsáveis pela governação da informação variam em função da dimensão da organização. São estruturas constituídas pelos órgãos conceptores, produtores e distribuidores da informação, por grupos de especialistas e gestores que fazem propostas para a gestão da informação e pelos órgãos utilizadores da informação.

Os processos de governação da informação são os processos de elaboração, aprovação e controlo da política de informação, os processos respeitantes à arquitetura da informação e aos métodos e standards da informação, os processos dos projetos de investimento e dos serviços da informação, os processos de gestão dos ativos da informação e os processos para a avaliação e controle das atividades de informação. Todos estes processos suportam as atividades de produção e distribuição de informação.

Os processos para a elaboração, aprovação e controlo da política de informação permitem estabelecer os princípios, os objetivos e a estratégia para a informação. Os princípios são as regras fixadas sobre como a arquitetura da informação e os sistemas de informação devem suportar os processos e atividades da organização (por exemplo, o princípio de que as bases de dados devem ser construídas tendo em conta modelos de dados claramente definidos e descritos, o princípio de que os standards adotados devem assegurar a interoperabilidade e o alinhamento dos sistemas de informação com os processos de trabalho da organização, etc.). Os objetivos são metas claras para a informação (por exemplo, o objetivo de implantar um sistema de informação para a análise de mercados, desenvolvido pelo departamento de informática da organização, até ao fim do ano…). A estratégia constitui o caminho escolhido para alcançar os objetivos. A

Governação da Informação Estruturas e Processos Produção e Distribuição da Informação Fins e Objetivos da Organização Processos de Trabalho Atividades da Organização

Política de Informação (Objetivos, Estratégia e Princípios para a Informação)

Avaliação e controle das atividades deinformação Arquitetura, métodos e standards da informação

Ativos da informação

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escolha da melhor estratégia para a informação pressupõe a avaliação de alternativas para produzir e comunicar a informação respeitante aos processos de planeamento, de gestão financeira, de gestão de recursos humanos, etc.

Os processos referentes à arquitetura, aos métodos e aos standards permitem criar os quadros de referência para toda a organização. A arquitetura assegura o alinhamento dos processos de informação com os processos de trabalho e os fins da organização. Os métodos e standards devem ser comuns a toda a organização de modo a assegurar a integração e interoperabilidade dos sistemas de informação e dos processos de trabalho.

Os projetos de investimento e os serviços de informação asseguram o desenvolvimento dos sistemas de informação e a satisfação das necessidades de informação dos utilizadores. Os projetos de investimento devem ser avaliados com rigor e os serviços de informação aos utilizadores devem garantir a qualidade da informação.

Os processos de gestão dos ativos da informação fornecem o inventário das aplicações, o inventário dos dados, o inventário dos produtos e serviços da infraestrutura da informação (equipamentos, capacidade, disponibilidade, contingências, problemas, níveis de serviço…) e o inventário dos projetos respeitantes à informação (projetos em avaliação, em execução, encerrados…).

Os processos para a avaliação e controle das atividades de informação permitem construir os indicadores e os relatórios para julgar e controlar os riscos, a segurança e a qualidade dos processos de produção e distribuição de informação.

Com base no estudo dos custos e dos benefícios das alternativas estratégicas poder-se-á concluir que a melhor alternativa consiste na utilização da computação em nuvem. Se a melhor alternativa estratégica contempla a computação em nuvem, então:

- A arquitetura da informação da organização deve assegurar que esta alternativa alinha os sistemas de informação com os processos de trabalho e que os métodos e normas garantem a sua interoperabilidade;

- Os projetos para implantar a computação em nuvem devem ser avaliados com todo o rigor e devem garantir a qualidade da informação;

- Os inventários dos ativos da informação devem detalhar os dados, recursos e serviços fornecidos pelos fornecedores da computação em nuvem de modo a assegurar a boa gestão dos sistemas de informação;

- Indicadores e relatórios sobre as atividades da computação em nuvem devem assegurar a sua avaliação e controle.

4. Economia da Informação e Computação em Nuvem

Definimos economia da informação como o ramo da economia que estuda os processos de produção, distribuição e consumo dos recursos e serviços de informação, isto é, que estuda o setor da informação. Este setor económico agrupa todas as “atividades da informação”, as quais incluem as “indústrias específicas e ocupações cuja função principal é produzir, processar ou transmitir informações de valor económico” [Porat 1977].

Empiricamente, Marc Porat demonstrou como se transformou a economia dos Estados Unidos numa economia da informação. Na tese que intitulou “The Information Economy” e que foi publicada em 1977 pelo Departamento do Comércio americano, Marc Porat, com o importante suporte de Michael Rubin, responde à questão: “qual é a parte da nossa riqueza nacional que é originada pela produção, processamento e distribuição dos produtos e serviços de informação?” [Porat 1977].

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“Marc Porat conclui que em 1967, o valor acrescentado pelo setores primário e secundário da informação tinha sido, respetivamente, 25,1% e 21,1%. Portanto, a contribuição total do setor da informação para o PNB americano foi de 46,2%. Concluiu também que os trabalhadores nas atividades da informação eram 40% do total de trabalhadores em 1970 e beneficiavam de 53% do total dos rendimentos do trabalho em 1967.” [APDSI 2008].

Em 1992 a percentagem do PNB americano criado pelo setor da informação era de 56% e em 1997 de 63%. A percentagem do total de trabalhadores que trabalhavam no setor da informação era de 44,9% em 1999 [Apte et al. 2007].

Seguidamente, analisamos aspetos dos processos de produção, distribuição e consumo dos recursos e serviços de informação num quadro de computação em nuvem. Procuraremos compreender possíveis efeitos do novo paradigma nos custos e nos benefícios das organizações fornecedoras e clientes da computação em nuvem bem como a relação do conceito de computação em nuvem com os conceitos de produtividade e de crescimento económico.

Organizações Fornecedoras de Serviços de Computação em Nuvem

As organizações fornecedoras de serviços de computação em nuvem podem atuar no mercado ou serem criadas no interior de outras organizações para lhes fornecerem os serviços de computação. Em todo o caso, devem decidir com racionalidade económica. Para concretizar este objetivo de racionalidade económica precisam de determinar os custos e os benefícios das alternativas de investimento e os custos dos processos operacionais e de suporte dos serviços disponibilizados. Se forem organizações fornecedoras de serviços de computação em nuvem no mercado devem estabelecer a sua tabela de preços e determinar as receitas que preveem obter. A figura 5 mostra o processo de gestão do investimento que permite identificar as alternativas de investimento, avaliá-las com base nos seus custos e benefícios e adotar a melhor alternativa.

Figura 5 – Processos de gestão do investimento

Primeiramente, as organizações fornecedoras de serviços de computação em nuvem precisam de identificar as alternativas de investimento. Seguidamente, devem analisar os custos e os benefícios de cada alternativa. Os benefícios do investimento incluem o retorno estimado do investimento. O custo do investimento inclui o custo da conceção, construção e instalação da infraestrutura da rede de computação em nuvem e deve englobar a componente do custo associada ao risco do investimento. A parte do custo do investimento associada ao risco de cada alternativa consiste no valor monetário associado à criticabilidade do risco (peso do potencial impacto da ocorrência do risco vezes a probabilidade da sua ocorrência) adicionado do custo estimado de mitigação do risco.

Os benefícios e os custos de investimento devem ser determinados no âmbito do estudo de viabilidade do empreendimento (“Business case”). Os custos devem ser confrontados com os benefícios, principalmente com o retorno previsto. O projeto de investimento selecionado para fornecer a computação em nuvem deve ser a alternativa com o maior rácio entre os benefícios e os custos do investimento.

Adotar a Melhor Alternativa de

Investimento Analisar de Alternativas de Investimento

Analisar os Custos e Benefícios de cada Alternativa Identificar as Alternativas de

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Os custos dos processos operacionais da computação em nuvem envolvem custos da operação da infraestrutura (custos de operação de hardware e software) e custos da disponibilização dos serviços reutilizáveis (serviços de subscrição e, por exemplo, serviços ERP (Enterprise Resource Planning), CRM (Customer Relashionship Management), de faturação ou outros serviços específicos). Os custos dos processos de suporte envolvem os custos de manutenção e gestão, incluindo os custos de segurança e de garantia da qualidade dos serviços de computação em nuvem.

Os preços praticados pelas organizações fornecedoras no mercado de bens e serviços de computação em nuvem devem ser fixados tendo em conta os custos fixos de investimento, os custos variáveis associados aos serviços prestados bem como os preços praticados pelos concorrentes, devendo os preços fixados proporcionar receitas para cobrir todos os custos e a margem definida.

Os preços dos serviços vendidos incluem os custos fixos da infraestrutura. Contudo, a incrementação do número de clientes da computação em nuvem ou do número de serviços prestados (por exemplo, incrementação dos fornecimentos de tempo de servidor, incrementação dos fornecimentos de software de faturação, etc.) permite reduzir o preço dos serviços, dado que permite distribuir os custos fixos por um maior número de serviços e dado que os custos de reutilização dos serviços se reduzem com o aumento do número de reutilizações. De facto, os preços dependem dos elevados custos fixos de implantação dos bens e serviços da computação em nuvem e dos baixos custos de reutilização dos serviços, significando que os preços podem diminuir com o aumento do número de reutilizações dos serviços. Como acontece com a generalidade dos produtos e serviços de informação, os custos de produção são elevados e os custos de reprodução são baixos, isto é, os custos de conceção, construção, instalação e manutenção dos serviços de computação em nuvem são elevados e o custo marginal, isto é, o custo de mais uma reutilização do serviço, tende a diminuir com o aumento do número de reutilizações. Para as organizações fornecedoras de computação em nuvem quanto maior for o número de serviços prestados menor é o custo médio por serviço.

A figura seguinte ilustra a hipótese de um modelo de custos (fixos, variáveis, totais e médios) de uma organização fornecedora de computação em nuvem à medida que aumenta o número de clientes. A hipótese deve ser verificada através de estudos empíricos, sendo no entanto certo que cada empresa terá a sua própria estrutura de custos.

Número de Clientes

C

u

st

os

Cust os Fixos da Infra-est rut ura de Comput ação em Nuvem

Cust os Variáveis de Operação e Disponibilização dos Serviços

Cust os T ot ais

Cust o Médio por Client e

Figura 6 – Modelo de custos do fornecimento da computação em nuvem em função do número de clientes

Os preços fixados devem também ter em conta os preços praticados pelos concorrentes nos mercados de computação em nuvem. Estes mercados de serviços de computação em nuvem

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começam por ser oligopólios passando posteriormente a mercados de concorrência monopolística, nos quais os concorrentes procuram diferenciar os seus serviços.

Organizações Clientes de Serviços de Computação em Nuvem

As organizações, potenciais clientes de serviços de computação em nuvem, devem, também, tomar decisões numa base de racionalidade económica, determinando com rigor os benefícios e os custos das alternativas de utilização de meios de computação.

A decisão de aquisição de serviços de computação em nuvem como suporte total ou parcial dos sistemas de informação e dos processos de uma organização é uma decisão complexa que envolve muitos fatores, nomeadamente, benefícios, custos e riscos da adoção deste tipo de serviços. De um modo geral, as microempresas e as empresas individuais ficam na maior parte dos casos dependentes das soluções propostas pelos operadores de telecomunicações e dos fornecedores de soluções de computação simples de burótica e gestão, cujos custos devem ser confrontados com os benefícios.

Os potenciais benefícios resultantes da adoção de soluções de computação em nuvem, nomeadamente, pelas pequenas e médias empresas, são a redução de custos e o aumento da competitividade.

O benefício da redução de custos pode resultar da possibilidade de as organizações clientes da computação em nuvem poderem evitar custos fixos de investimento na infraestrutura de computação (hardware e software de base) e custos de desenvolvimento, operação e manutenção de aplicações. Esta redução de custos é obtida se as organizações fornecedoras disponibilizarem os meios de computação em nuvem a preços baixos (resultantes da concorrência, do aumento das reutilizações dos serviços ou do aumento do número de clientes dos serviços fornecidos). Esta pode ser uma situação especialmente vantajosa para as pequenas e médias empresas, dependendo dos preços de aquisição e da frequência de utilização dos recursos e serviços de computação em nuvem. As grandes empresas e as organizações de administração pública, embora possam adquirir serviços de computação em nuvem no mercado, possivelmente, têm capacidade e vantagens na implantação de soluções de computação em nuvem privadas.

Outro benefício importante pode residir no aumento da competitividade resultante da utilização de recursos e serviços de computação em nuvem por parte das organizações que têm dificuldade em mobilizar recursos para o investimento nas TIC. Estas organizações podendo suportar os custos variáveis de aquisição de meios de computação em nuvem podem aumentar a competitividade através do aumento de conhecimentos e capacidade de inovação e através de novos modelos de negócio, do comércio eletrónico e do potencial aumento do número de clientes. São estas variáveis – novos conhecimentos, capacidade de inovação e procura de novas oportunidades de negócio à escala global – que permitem aumentar a competitividade e o número de clientes.

A figura 7 explica a hipótese de um modelo de benefícios resultantes da aquisição de serviços de computação em nuvem. Os benefícios resultam do aumento da competitividade (aumento do número de clientes vezes o ganho médio por cliente) e do não investimento em capital fixo de computação. Com o aumento do número de clientes o benefício do não investimento em capital fixo é constante e o do aumento da competitividade é crescente.

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Nú m e ro de C l i e n te s da O rgan i z ação qu e Adqu i re os S e rvi ços de C om pu tação e m Nu ve m

B en ef íc io s

Benefício do não Invest iment o em Capit al Fixo de

Comput ação

Benefício do Aument o de Compet it ividade (Aument o de nº de Client es x Ganho Médio por Client e)

T ot al dos Benefícios da Aquisição de Serviços de Comput ação em Nuvem

Figura 7 – Modelo de benefícios de aquisição de serviços de computação em nuvem

Os custos da adoção de soluções de computação em nuvem dependem dos serviços de computação que as organizações clientes decidem adquirir e da frequência de utilização desses serviços. Estudos mostram que a evolução dos centros de dados departamentais para centros de computação em nuvem nas administrações públicas podem diminuir os custos [Alford & Morton 2010].

No entanto, no cálculo dos custos da alternativa de aquisição de computação em nuvem devem ser considerados os custos associados aos riscos de segurança, nomeadamente de aplicações críticas, e os eventuais custos de aprisionamento da organização.

O aprisionamento resulta dos elevados custos de mudança, conferindo uma importante poder competitivo ao fornecedor, o qual pode obter vantagens da situação [Shapiro & Varian 1999]. Estes custos devem ser rigorosamente avaliados, podendo conduzir a um rácio benefícios-custos desfavorável à alternativa de aquisição da computação em nuvem.

Os custos associados aos riscos de segurança de aplicações críticas (por exemplo, aplicações que suportam o desenvolvimento de produtos de segurança aeronáutica ou serviços financeiros de grande valor económico ou aplicações que suportam processos de administração de justiça, de defesa, nucleares ou outros de grande sensibilidade) podem conduzir à construção de soluções de computação em nuvem privadas. Estas soluções, operadas unicamente para a organização com grandes necessidades de segurança, podem ter um melhor rácio benefícios-custos.

Computação em Nuvem, Produtividade e Crescimento Económico

A computação em nuvem é um conceito que pode ser utilizado por todos os agentes económicos, quer do lado da oferta quer do lado da procura de bens e serviços. Do lado da oferta, todos os setores económicos (empresas agrícolas, industriais e dos serviços, bem como as administrações públicas) podem fornecer ou recorrer a recursos e serviços de computação em nuvem privada, pública ou híbrida. Do lado da procura, também os agregados domésticos ou os consumidores individuais podem adquirir serviços de computação em nuvem. É o facto da computação em nuvem ser um conceito de utilização universal que o torna particularmente importante para o aumento da produtividade e para o crescimento económico, isto é, para o aumento da produção.

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Embora existam vários conceitos de produtividade, consideremos a produtividade do trabalho definida como a produção por hora de trabalho. O aumento da produtividade é o acréscimo de produção por hora de trabalho.

Do ponto de vista económico, como é que a computação em nuvem aumenta a produtividade? Tal é possível se o investimento em computação em nuvem generalizar o progresso técnico, o aumento de conhecimentos e a capacidade de inovação das organizações.

A computação em nuvem privada, pública ou híbrida fornece capacidade de processamento, software ou plataformas para o desenvolvimento de sistemas de informação em função das necessidades dos processos de trabalho das organizações. Por exemplo, um gabinete de estudos agrícolas pode recorrer a sistemas de tratamento avançado de dados de investigação agrícola utilizando recursos disponibilizados por fornecedores de computação em nuvem. Se o gabinete de estudos agrícolas puder sustentar racionalmente a decisão de aquisição dos recursos e serviços de computação em nuvem (rácio benefícios-custos favorável), ele beneficia do acesso ao progresso técnico disponibilizado pela computação em nuvem e deve aumentar os conhecimentos e a capacidade de inovação dos seus empregados. Graças ao progresso técnico e ao aumento de conhecimentos e de capacidade de inovação da organização, o resultado deverá ser o aumento da produção da organização por hora de trabalho. Generalizando esta situação às organizações agrícolas, industriais e dos serviços podem obter-se aumentos de produtividade generalizados, isto é, podem obter-se aumentos de produção por hora de trabalho.

Uma importante dificuldade verificada nos processos de informatização das organizações agrícolas, industriais e dos serviços, consiste na dificuldade de alinhamento dos seus sistemas de informação com as exigências dos processos de trabalho e na dificuldade de otimizar a interoperabilidade de modo a melhorar ou a aumentar a capacidade produtiva desses processos ou a produção por hora de trabalho, isto é, de modo a aumentar a produtividade. As características da computação em nuvem – disponibilidade dos recursos e serviços de computação, a facilidade de acesso, a flexibilidade e a possibilidade de adequação dos recursos às necessidades – podem contribuir para melhorar a interoperabilidade e o alinhamento dos sistemas de informação com os processos de trabalho, objetivos e fins das organizações, de modo a conduzir ao aumento da sua produtividade.

As principais razões, relacionáveis com a produtividade, invocadas por um conjunto de pequenas e médias empresas para adquirirem computação em nuvem são a remoção de barreiras económicas e de especialização, a flexibilidade e escalabilidade dos recursos, o aumento de capacidade de computação e da performance e a continuidade da atividade e capacidade de recuperação de desastres [ENISA 2009].

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0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Remover as barreiras económicas e de especialização… Flexibilidade e escalabilidade de recursos TI Aumentar capacidade de computação e performance… Continuidade da actividade e capacidade de recuperação de desastres

Figura 8 – Razões relacionáveis com a produtividade invocadas pelas PME para recorrerem à computação em nuvem

Consideremos o crescimento económico como o aumento da produção e do rendimento resultante do aumento da utilização de capital físico e humano, isto é, resultante dos acréscimos de utilização de equipamentos produtivos e de horas de escolaridade, formação e treino da população ativa.

Com base nesta definição, podemos afirmar que computação em nuvem contribui para o crescimento económico se implicar acréscimos de utilização de equipamentos produtivos e de horas de escolaridade, formação e treino.

Podemos considerar que a computação em nuvem acresce a utilização de equipamentos produtivos tendo um efeito positivo no crescimento económico: 1) quando a capacidade excedentária de processamento dos equipamentos existentes (hardware e software) passa a ser utilizada nos processos da computação em nuvem; 2) quando se fazem novos investimentos em hardware e software para assegurar os processos de computação em nuvem; e, 3) quando este acréscimo de recursos de computação em nuvem implica acréscimos da utilização de outros equipamentos produtivos agrícolas, industriais e de outros serviços económicos.

Por outro lado, a computação em nuvem contribui também para o crescimento económico quando implica mais horas de escolaridade, formação e treino dos trabalhadores do setor da informação e dos setores agrícola, industrial e dos serviços.

Poder-se-ia verificar um efeito negativo no crescimento económico se a aplicação do conceito de computação em nuvem conduzisse à diminuição do investimento em equipamentos produtivos ou à diminuição do emprego.

Sendo verdade que as organizações clientes da computação em nuvem procuram evitar despesas em hardware e software bem como despesas com a sua operação e suporte, ao fazê-lo podem libertar recursos para investir em equipamentos da cadeia de valor física. Por exemplo, consideremos uma empresa de produção de calçado que decide recorrer ao mercado de computação em nuvem para substituir a sua velha infraestrutura informática, ainda com resquícios da 3ª geração dos computadores, construir o seu sítio web de 2ª geração (web 2.0) e globalizar a procura de clientes. Tendo em conta o aumento do número de clientes, os recursos financeiros não aplicados em equipamentos próprios para reconstruir os seus sistemas de informação poderão ser investidos num projeto de alargamento da sua capacidade de produção de calçado para satisfazer as encomendas dos novos clientes. Por outro lado, as organizações fornecedoras de recursos e serviços de computação em nuvem terão que investir nas suas

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cadeias de valor para disponibilizarem os recursos e serviços de computação em nuvem, compensando em alguma medida a diminuição das despesas de investimento em hardware e software das organizações clientes.

Verificar-se-ia também um efeito económico negativo se os processos de computação em nuvem conduzissem à diminuição do emprego. Tal não acontece se o acréscimo de postos de trabalho das organizações fornecedoras da computação em nuvem (engenheiros de hardware e software, gestores das relações com os utilizadores da infraestrutura, gestores de produto, gestores/especialistas de redes e telecomunicações, administradores de sistemas, gestores de operações, especialistas de soluções TIC, especialistas de segurança, administradores de base de dados…) compensar os postos de trabalho eliminados nas organizações clientes, as quais devem, contudo manter os postos de conceção da arquitetura e dos sistemas de informação e outros postos de trabalho exigidos pelas suas cadeias de valor da informação. Por outro lado, a possível libertação de recursos financeiros das cadeias de valor da informação das organizações clientes se investidos no alargamento das cadeias de produção físicas podem conduzir ao aumento de postos de trabalho destas cadeias de valor.

Estudos feitos, nomeadamente na União Europeia, sobre os impactos no emprego e no crescimento económico [CEBR 2010] conduziram a uma estratégia (Digital Agenda for Europe) e a uma forte política de apoio ao desenvolvimento da computação em nuvem, considerada um fator vital para o crescimento económico da Europa2.

5. Conclusão

O paradigma da computação em nuvem assume crescente importância. A sua aplicação deve ter em conta os conhecimentos fornecidos pelos modelos de gestão da informação e da economia da informação.

As organizações fornecedoras de computação em nuvem devem gerir com competência os bens e serviços de computação que fornecem e devem ser responsabilizadas pelos recursos e serviços que prestam. As organizações clientes da computação em nuvem devem gerir adequadamente a sua arquitetura da informação e o ciclo de vida dos seus sistemas de informação integrando adequadamente as componentes de computação em nuvem que adquirem. Quer as organizações fornecedoras de recursos de computação em nuvem quer as organizações clientes devem dispor das estruturas e processos que garantam a governação da informação, isto é, assegurem a produção e distribuição das informações que suportam os seus processos de trabalho.

O estudo dos benefícios e dos custos é fundamental para assegurar que as decisões de investimento das organizações fornecedoras de serviços de computação em nuvem e as decisões de aquisição desses serviços por parte das organizações clientes se fazem nas melhores condições de racionalidade económica, isto é, se fazem em condições de maximização dos benefícios ou de minimização dos custos.

As decisões tomadas pelas organizações fornecedoras e pelas organizações clientes devem assegurar que os recursos e serviços de computação em nuvem contribuem para otimizar as cadeias de valor das organizações envolvidas.

O desenvolvimento e a aplicação do novo paradigma da computação em nuvem devem contribuir para o aumento da produtividade e do crescimento económico.

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Alguns exemplos de projetos financiados pela União europeia no domínio da computação em nuvem incluem: “RESERVOIR – technology for a European cloud (http://www.reservoir-fp7.eu/)”; “OPTIMIS –

helping SMEs to benefit from the cloud (http://www.optimis-project.eu/)”; “CONTRAIL – using the cloud to maximise use of computing infrastructure (http://www.contrail-project.eu)”.

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6. Referências

APDSI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação), Os

Desafios da Economia da Informação, Lisboa, 2008

Apte, U. Karmarkar U. Nath H.K, Information Services in the US Economy - Value, Jobs and

Management.Implications,

,http://www.ifm.eng.cam.ac.uk/ssme/references/Karmarkar_ref2_cambridgessme07.pdf

(16 de junho de 2011), 2007.

Alford, T. e Morton, G., The Economics of Cloud Computing – Addressing the Benefits of

Infrastructure in the Cloud,

http://www.boozallen.com/media/file/Economics-of-Cloud-Computing.pdf (27 de maio de 2011), 2010.

CEBR (Centre for Economics and Business Research), The Cloud Dividend - The economic

benefits of cloud computing to business and the wider EMEA economy,

http://uk.emc.com/microsites/2011/cloud-dividend/cloud-dividend-report.pdf (27 de maio

de 2011), 2011.

ENISA (European Network and Information Security Agency), An SME perspetive on Cloud

Computing Survey,

http://www.enisa.europa.eu/act/rm/files/deliverables/cloud-computing-sme-survey?searchterm=survey+sme (8 de junho de 2011), 2009.

Porat, M. U., The Information Economy: Definition and Measurement, U.S. Department of Commerce, Office of Telecommunications, Washington, D.C., 1977.

Shapiro, C. Varian, Hal R., Information Rules: A Strategic Guide to the Network Economy, Harvard Business School Press, Boston, Massachusetts, 1999

Schubert, L., The Future of Cloud Computing - Opportunities for European Cloud Computing

Beyond 2010, http://cordis.europa.eu/fp7/ict/ssai/docs/cloud-report-final.pdf (10 de Junho de 2011), 2010.

Zachman, J., “A Framework for Information Systems Architecture”, IBM Systems Journal, Vol.26, N°3, 1987, 276-292

Zhang, LJ. e Zhou, Q., CCOA: Cloud Computing Open Architecture,

http://www.cs.odu.edu/~mukka/cs775s10/Presentations/Arch.1.pdf (28 de abril de 2011),

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Figura 1 – Relação cliente-fornecedor no paradigma da computação em nuvem Organização Cliente
Figura 2 – Gestão da arquitetura da informação  (adaptado da “Arquitetura de Empresa” de Zachman)
Figura 3 – Ciclo de vida de um sistema de informação
Figura 4 – Governação da informação
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Referências

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