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Análise no controle de qualidade do ensino aprendizagem

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ARTIGOS

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

crn

IlIlel\l DE REGISTRO

J;UIICI\Ç"O EM DEBATE está registrada no Instituto Nacional

dn Propriedade Industrial sob o n," 810946254.

ANALISE

INTERSUBJETIVA

NO CONTROLE

DE

QUALIDADE

DO ENSINO-APRENDIZAGEM

Leonel C. Pinto

rDUCAçÃO EM DEBATE está aberta para colaborações.

Re-rva-se, porém, o direito de publicar ou não o material

es-pontoneamente enviado

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à redação. Os artigos assinados são

de responsabilidade de seus autores.

Falar de "controle", hoje, neste País e nesta época em que

mal se começa a respirar uma liberdade "ampla, total e

lrres-trlta"; parece ousadia, ou desejo malsão de querer expor-se ao

ridículo. Em determinados círculos educacionais, o espírito

li-bertário é tão agudo que o simples fato de, nos exames, fazer

.IOS alunos perguntas do tipo "Quem descobriu o Brasil?"

trai para o docente o feio nome de "dominador". A questão

idequada (dizem) deveria começar com "O que vocês acham ...".

Num clima desses, pode ficar difícil pôr a questão sobre

con-trole de qualidade, sem ouvir a habitual rajada de

interroga-ções: quem controla quem? A quem serve esse controle? Que

qualidade é essa que se quer impor? E a auto-avaliação ou o

autocontrole onde ficam? Se "ninguém ensina nada a ninguém",

para que controlar? O único controle deve vir é do grupo, do

consenso etc. etc.

Todas estas questões, por certo, com sua razão de ser, não

devem ser postas no início, e, sim, no final da leitura, caso

necessário. A crítica, quando não é mera defesa psicológica,

sempre crítica de algo e, por isso, algo deve ser, primeiro,

"recebido", entendido em seu contexto e, só depois, criticado.

Ouern é forte em crítica costuma ser fraco em percepção e

quem é forte em percepção costuma ser fraco em julgamentos

apressados: no dizer das pesquisas psicológicas. (1) Usar a

rftlca, mal se aviste uma posição contrária à própria, equivale

. agressão do bandido que atira primeiro e só pergunta "Quem

1"

depois!

(1) C í. citação de JU N G , apud F rank B arron, in C ol. D oe. U niv. da U F C .

n," 2 0 , p . 7 9 .

(2)

o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

texto a seguir é colocado como um ponto de vista do

seu autor

HGFEDCBA

A . O leitor B pode aceitá-Io com, digamos, a

restri-ção r1. O leitor C o aceita com as restrições r2 e r3. O leitor D,

com r4. E um quinto leitor E , talvez rejeite o texto, sem

restri-ções específicas, mas por uma posiçao global ld O upo vnao

me agrada", "não é do que se precisa no atual momento

histó-rico", "não está com nada" etc.). t,

Significa isto que o texto é sem valor? Vejamos. O texto

está posto na intersubjetividade ABCDE - e é t a l in t e r s u b je

-t iv id a d e q u e t e m d e s e r o b je t o d e a n á lis e , para se formular um

conceito sobre o texto.

Repare-se logo à primeira vista que as posições de A

e E não são apenas contrárias: elas são inequacionáveis, por

serem de níveis diferentes. Enquanto E faz juízos globais de

fundo emotivo, encoberto, sem nada explicitar - o Sujeito A

escreve todo um texto, raciocinando, argumentando,

estruturan-do, desvelando o significado.

Além disto, as restrições (r1+r2+r3+r4) mal podem ser

tomadas quantitativamente. É preciso que cada um as

expli-cite, isto é, mostre sua intenção, o motivo "a fim de" ou o valor

que orienta seu pensamento restritivo, e qual ação melhor se

adequaria ao caso específico e os meios para realizá-Ia. (2)

Assim, a compreensão ligaria mais com a explicação!

Éque, tratando-se de sujeitos humanos, a subjetividade não

é somente uma opinião ("eu acho que ... ") a um nível verbal,

em conexão com alguns interesses imediatos. Nem a

intersubje-tividade equivalerá ao somatório dessas opiniões manipuladas

num consenso pretendido a apressado. Isto talvez coincida

com "certa intenção política". Porém, a Ciência da Educação

Compreensiva tem que passar pela análise rigorosa das

inten-cionalidades, na intersubjetividade e x p lic it a d a . Não há

compor-tamento (social ou privado) sem intenções, motivos, valores

ou interesses que tornam tal comportamento significativo para

os atores. E tudo isto precisa ser revolvido até o mais profundo

e implícito - que é onde a gente se "encontra" ou deixa de

encontrar, como pessoas humanas.

Voltando à análise intersubjetiva no grupo ABCDE, para

apreender compreensivamente a validade do texto, será preciso:

(2) P ara referência, C f. P aul D E B R U Y N E e O utros, in

DCBA

D i n â m i c a d a P e s -q u i s a n a s C i ê n c i a s S o c i a i s , p . 74-80 e 139-142.

2

-"1

E d u cação em D eb ate, F o rt. 1 3 (1 ): [an/Iun 1 9 8 7

I. que cada sujeito o estude completamente, variando

suas denotações, exeqüibilidade e conseqüências, e

for-mulando com exatidão as restrições que houver.

debater as restrições explicitadas, com referência aos

pressupostos (intenções, motivos/valores, intuições e

vislumbres), de cada um dos sujeitos.

:J, descrever, com possível rigor, a essência (ou

represen-tação ideal) apreendida no texto, invariantemente por

todos.

O que se depreende das restrições afeta o global ou

algo específico somente?

4. adscrever ou registrar o tipo de validade pretendida:

va-lidade para quê? Validade t e ó r ic a , exlicativa dentro do

sistema conceitual existente; validade o p e r a c io n a l,

fa-cilitadora da prática científica e/ou popular; validade

I m p o n d e r á v e l, capaz de fazer-se sentir sem ser possível avaliá-Ia etc ...

Concluir, em face dos registros anteriores, e somente

em face deles.

Além disso, é preciso e sempre, na análise intersubjetiva

com pretensões científicas, superar:

a) o risco da in g e n u id a d e de tomar por essencial, sem maior

análise, o primeiro sentido ou a visão genérica que os

sujeitos emitirem.

b) o nível da in t u it iv id a d e : a compreensão, podendo ser

in-tuitiva, pode satisfazer-se nesse nível de interioridade,

di-ficultando o encontro, ou o consenso, pela falta dos

por-menores objetivos específicos, indicadores garantidos da

ação prática.

c) o mecanismo psicológico da id e n t if ic a ç ã o . Este mecanismo

consiste em limitar a compreensão do outro ao conteúdo

introspectivo próprio, atribuindo, por empatia, as

vivên-cias de si mesmo, ao comportamento ou ao pensamento

do outro. Isto dilui a intersubjetividade na(s)

subjetivida-de(s) dominante(s). Isto vai contra a lei quantitativa de

expansão variegada da natureza.

A análise intersubjetiva chega mais perto do real (ou das

ossências) graças à variedade, às distinções, às diferenças, aos

matizes, ao múltiplo. A lei da quantidade (multiplicação) e da

qualidade (sentido/direção pra frente e para o alto)

encon-tram-se aqui. Quanto maior o número de unidades subjetivas

(3)

o

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texto a seguir é colocado como um ponto de vista do

seu autor

HGFEDCBA

A . O leitor B pode aceitá-Io com, digamos, a

restri-ção r1. O leitor C o aceita com as restrições r2 e r3. O leitor D,

com r4. E um quinto leitor E , talvez rejeite o texto, sem

restri-ções específicas, mas por uma posíçao global tuo npo vnao

me agrada", "não é do que se precisa no atual momento

histó-rico", "não está com nada" etc.). t,

Significa isto que o texto é sem valor? Vejamos. O texto

está posto na intersubjetividade ABCDE - e é t a l in t e r s u b je

-t iv id a d e q u e t e m d e s e r o b je t o d e a n á lis e , para se formular um

conceito sobre o texto.

Repare-se logo à primeira vista que as posições de A

e E não são apenas contrárias: elas são inequacionáveis, por

serem de níveis diferentes. Enquanto

DCBA

E faz juízos globais de

fundo emotivo, encoberto, sem nada explicitar - o Sujeito A

escreve todo um texto, raciocinando, argumentando,

estruturan-do, desvelando o significado.

Além disto, as restrições (r1+r2+r3+r4) mal podem ser

tomadas quantitativamente. É preciso que cada um as

expli-cite, isto é, mostre sua intenção, o motivo "a fim de" ou o valor

que orienta seu pensamento restritivo, e qual ação melhor se

adequaria ao caso específico e os meios para realizá-Ia. (2)

Assim, a compreensão ligaria mais com a explicação!

Éque, tratando-se de sujeitos humanos, a subjetividade não

é somente uma opinião ("eu acho que ... ") a um nível verbal,

em conexão com alguns interesses imediatos. Nem a

intersubje-tividade equívalerá ao somatório dessas opiniões manipuladas

num consenso pretendido a apressado. Isto talvez coincida

com "certa intenção política". Porém, a Ciência da Educação

Compreensiva tem que passar pela análise rigorosa das

inten-cionalidades, na intersubjetividade e x p lic it a d a . Não há

compor-tamento (social ou privado) sem intenções, motivos, valores

ou interesses que tornam tal comportamento significativo para

os atores. E tudo isto precisa ser revolvido até o mais profundo

e implícito - que é onde a gente se "encontra" ou deixa de

encontrar, como pessoas humanas.

Voltando à análise intersubjetiva no grupo ABCDE, para

apreender compreensivamente a validade do texto, será preciso:

(2) P ara referência, C f. P aul D E B R U Y N E e O utros, in D i n â m i c a d a P e s -q u i s a n a s C i ê n c i a s S o c i a i s , p . 74-80 e 139-142.

2

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E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): ía n /ju n 1 9 8 7

I. que cada sujeito o estude completamente, variando

1I0S denotações, exeqüibilidade e conseqüências, e

for-mulando com exatidão as restrições que houver.

debater as restrições explicltadas, com referência aos

pressupostos (intenções, motivos/valores, intuições e

viSlumbres), de cada um dos sujeitos.

:J.

descrever. com possível rigor, a essência (ou

represen-tação ideal) apreendida no texto, invariantemente por

todos.

O que se depreende das restrições afeta o global ou

algo especlfico somente?

'I. adscrever ou registrar o tipo de validade pretendida:

va-lidade para quê? Validade t e ó r ic a , exlicativa dentro do

sistema conceitual existente; validade o p e r a c io n a l,

fa-cilitadora da prática científica e/ou popular; validade

im p o n d e r á v e J , capaz de fazer-se sentir sem ser possível avaliá-Ia etc ...

5. Concluir, em face dos registros anteriores, e somente

em face deles.

Além disso, é preciso e sempre, na análise intersubjetiva

om pretensões científicas, superar:

a) o risco da in g e n u id a d e de tomar por essencial, sem maior

análise, o primeiro sentido ou a visão genérica que os

sujeitos emitirem.

b) o nível da in t u it iv id a d e : a compreensão, podendo ser

in-tuitiva, pode satisfazer-se nesse nível de interioridade,

di-ficultando o encontro, ou o consenso, pela falta dos

por-menores objetivos específicos, indicadores garantidos da

ação prática.

c) o mecanismo psicológico da id e n t if ic a ç ã o . Este mecanismo

consiste em limitar a compreensão do outro ao conteúdo

introspectivo próprio, atribuindo, por empatia, as

vivên-cias de si mesmo, ao comportamento ou ao pensamento

do outro. Isto dilui a intersubjetividade na(s)

subjetivida-de(s) dominante(s). Isto vai contra a lei quantitativa de

expansão variegada da natureza.

A análise intersubjetiva chega mais perto do real (ou das

essências) graças à variedade, às distinções, às diferenças, aos

matizes, ao múltiplo. A lei da quantidade (multiplicação) e da

qualidade (sentido/direção pra frente e para o alto)

encon-tram-se aqui. Quanto maior o número de unidades subjetivas

(4)

ou formas

vortadns

do

consciência pessoal, maior a probabili-dade do surgir

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

11 rcpruscntaçao ideal tessénciaj do objeto

visa-do. I ai como dlrlu rulthard de Chardin, (iS

J

o descobridor genial

dessa 101 ovolutlva.

"Drnmátlca e perpétua oposição entre o elemento

nusclco do murtlpro e o murtiplo a nascer

constan-temente do elemento, no decurso da Evolução."

11

o

controle de qualidade no ensino-aprendizagem tem que

fazor uso da análise intersubjetiva. Análise e compreensão,

Ioucmunoloqlcamente. se encontram no mesmo círculo, quando

$ 0 trntu do

HGFEDCBA

v e r os fatos na existência. A análise dos fatos

pres-uupoo o compreensão do ser da existência, ao mesmo tempo

que osta compreensão supõe aquela análise.

No ensino-aprendizagem, o controle de qualidade supõe a

"vontado do outro". !:, pois, uma relação sujeito-a-sujeito (S-S)

mio uma relação do tipo sujeito-objeto (S-O). A análise a

efe-tuar Ó Intersubjetiva e nada tem a ver com ações do tipo

"do-mlnudor-dorninado", ou do tipo "técnico-tarefa", ou menos do

Ilpo "sobldão-ignorante" (uma caricatura da relação

professor-nluno).

Ao dizer-se análise intersubjetiva, não se tem em mente,

tnmpouco, os habituais "procedimentos democráticos", como

ficou dito (eleições, votação secreta, barganhas etcl, aliás,

possfvols ou necessárias em outros contextos.

Intersubjetivl-dado

não

equivale à relação de "igual-para-igual" ou

"idêntico-Idêntico". Nem sequer se trata de uma relação. Como a

com-proonsão, a intersubjetividade é uma realidade ôntica, posta

.,r

no movimento diário entre os humanos, se bem que não

te-m atlzada.

O Que se visa na intersubjetividade é, precisamente, a

onállso

dos diferenças e, para isso, é indispensável preservar

com rigor absoluto a subjetividade de cada um; a

singulari-dado do sor e de sua perspectiva; a estrutura pessoal e o jeito

próprio. ~ também para isso que se terá de superar o

meca-nismo do Identificação atrás referido.

O que se procura não é um "compromisso de opiniões", ou

de observações a d h o c - mas a essência, o significado último,

(3 ) Picl"l"<l 'fE IL IT A R D D E C H A R D IN .

o DCBA

F e n ô m e n o H u m a n o , P orto-P or-tugnl. L lvrarln 'favores M artins, 1965, p. 104.

t1 E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

a mesmidade da coisa, ou a representação ideal do objeto

vi-sado. Supõe-se que a análise dos diversos modos de o objeto

se

dar a cada um dos sujeitos porá em relevo o m o d o e s s e n

-c ia l, a forma básica, as iaeias/imagens ou as "forças axrals",

em torno de que se constituiu o tenômeno, ou o problema

fo-calizado.

Fenômeno ou problema, deve neles haver um núcleo, coisas

centrais ou de sustentação e aspectos/acidentes de

superfí-cie. (4) De posse do essencial, a explicação, ou as soluções

práticas estarão à vista ou, pelo menos, encaminhadas.

Do que precede, facilmente se depreende que o controle

de qualidade deve ser feito em grupo. A esse grupo chamamos

aqui de CCO - Círculo de Controle de Oualidade. "Círculo"

não é um grupo qualquer. O CCO é um grupo constituído para

análise intersubjetiva visando ao controle de qualidade no

en-sino e na aprendizagem. Seu significado está próximo das e x

-pressões: círculo lógico, círculo hermenêutico, círculo da

com-preensão existencial.

Exemplificação de um "círculo lógico vicioso" é : A d e f

i-ne-se por B , o qual se define por A " . Um "círculo

fenomenoló-gico ambíguo" seria: a aplicação do método (da redução) surte

determinados resultados, e estes tornam possível a introdução

ao método". E o "círculo da compreensão-CSA" pode alongar-se

deste modo: o que eu sou, melhora o que eu conheço, o que

eu conheço melhora o que sinto, isto melhora o que eu faço,

e isto melhora o que eu conheço ... e isto melhora minha ação

social ... e isto melhora o que eu sou.

O círculo intersubjetivo funciona pela redução

fenomenoló-glca, pelo diálogo compreensivo, pela dinâmica CSA de seus

participantes. .. Não funciona pela polêmica verbalizada de

sujeitos que pretendam assegurar no qrupo suas opiniões!

Cada um dos circulistas, em análise intersubjetiva, sabe

que todos os outros estão atentos a o q u e e t e e s c o n d e (ou ao

Que se esconde nele), enquanto diz. E isto tem dois efeitos:

o primeiro é dar ao grupo sua circularidade, ou seja, a noção

de que o que se manifesta caracteriza-se pelo que se oculta,

o qual, por sua vez, se caracteriza pelo que se manifesta. O

segundo efeito é dar a cada sujeito um s t a t u s c r í t ic o (posição

de advertência), capaz de estabelecer uma ruptura nessa

clr-cularldade. à medida que vai fazendo progredir sua

manifes-tação - pois sabe que o que se oculta será procurado. Deste

(4)

cr.

os m ovim entos do M étodo C S A ditos "ir às coisas m esm as" e varia-ção sistem ática" constitutivos da redução fenom eno16gica, in C ol. D oe. U niv. da U F C , n," 15, 1984, p. 50-51.

F .d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): ja n /ju n 1 9 8 7

(5)

ou formas

varíudus

do consciência pessoal, maior a probabili-dade do surgir

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

11 roprcsentaçao ideal [esséncia] do objeto

visa-do. 101 corno dlrlu ieuhard de Chardin, (:1

J

o descobridor genial

dessa 101 ovoluUvu.

"Drumátlca

e perpétua oposição entre o elemento

uuscluo do rnumpro e o murtiplo a nascer

constan-temente do elemento, no decurso da Evolução."

11

ontrole de qualidade no ensino-aprendizagem tem que

Iuzor

uso da análise intersubjetiva. Análise e compreensão,

Ionomouuloqlcarnente, se encontram no mesmo círculo, quando

su trutu do

HGFEDCBA

v e r os fatos na existência. A análise dos fatos

pres-uupoo a compreensão do ser da existência, ao mesmo tempo

quo esta compreensão supõe aquela análise.

No ensino-aprendizagem, o controle de qualidade supõe a

"vontade do outro". ~, pois, uma relação sujeito-a-sujeito (S-S)

luío uma relação do tipo sujeito-objeto (S-O). A análise a

efe-tuar Ó Intersubjetiva e nada tem a ver com ações do tipo

"do-mlnndor-dorninado". ou do tipo "técnico-tarefa", ou menos do

tipo "sabldão-ignorante" (uma caricatura da relação

professor-nluno).

Ao dizer-se análise intersubjetiva, não se tem em mente,

tnmpouco, os habituais "procedimentos democráticos", como

ficou dito (eleições, votação secreta, barganhas etcl, aliás,

possfvels ou necessárias em outros contextos.

Intersubjetivi-dndo

não

equivale à relação de "igual-para-igual" ou

"idêntico-Idôntlco". Nem sequer se trata de uma relação. Como a

com-proonsõo, a intersubjetividade é uma realidade ôntica, posta

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no movimento diário entre os humanos, se bem que não

te-rnatlzada.

O que se visa na intersubjetividade é, precisamente, a

onáltso

das diferenças e, para isso, é indispensável preservar

com rigor absoluto a subjetividade de cada um; a

singulari-dado do ser e de sua perspectiva; a estrutura pessoal e o jeito

próprio. ~ também para isso que se terá de superar o

meca-nismo do Identificação atrás referido.

O que se procura não é um "compromisso de opiniões", ou

de observações a d h o c - mas a essência, o significado último,

(3) Ple!"l'o T E lL IT A R D D E C H A R D lN . O

DCBA

F e n ô m e n o H u m a n o , P orto-P or-tugul, L lvrarln T avares M artins, 1965, p. 104.

d E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

a mesmidade da coisa, ou a representação ideal do objeto

vi-sado. Supõe-se que a análise dos diversos modos de o objeto

se dar a cada um dos sujeitos porá em relevo o m o d o e s s e n

-c ia l, a forma básica, as iaeias/imagens ou as "forças axrats",

em torno de que se constituiu o tenômeno, ou o problema

fo-calizado.

Fenômeno ou problema, deve neles haver um núcleo, coisas

centrais ou de sustentação e aspectos/acidentes de

superfí-cie. (4) De posse do essencial, a explicação, ou as soluções

práticas estarão à vista ou, pelo menos, encaminhadas.

Do que precede, facilmente se depreende que o controle

de qualidade deve ser feito em grupo. A esse grupo chamamos

aqui de CCO - Círculo de Controle de Oualidade. "Círculo"

não é um grupo qualquer. O CCO é um grupo constituído para

análise intersubjetiva visando ao controle de qualidade no

en-sino e na aprendizagem. Seu significado está próximo das

ex-pressões: círculo lógico, círculo hermenêutico, círculo da

com-preensão existencial.

Exemplificação de um "círculo lógico vicioso" é: A d e f

i-ne-se por B , o qual se define por A " . Um "círculo

fenomenoló-gico ambíguo" seria: a aplicação do método (da redução) surte

determinados resultados, e estes tornam possível a introdução

ao método". E o "círculo da compreensão-CSA" pode alongar-se

deste modo: o que eu sou, melhora o que eu conheço, o que

eu conheço melhora o que sinto, isto melhora o que eu faço,

e isto melhora o que eu conheço ... e isto melhora minha ação

social ... e isto melhora o que eu sou.

O círculo intersubjetivo funciona pela redução

fenomenoló-gica, pelo diálogo compreensivo, pela dinâmica CSA de seus

participantes. .. Não funciona pela polêmica verbalizada de

sujeitos que pretendam assegurar no qrupo suas opiniões!

Cada um dos circulistas, em análise intersubjetiva, sabe

que todos os outros estão atentos a o q u e e t e e s c o n d e (ou ao

Que se esconde nele), enquanto diz. E isto tem dois efeitos:

o primeiro é dar ao grupo sua circularidade, ou seja, a noção

de que o que se manifesta caracteriza-se pelo que se oculta,

o qual, por sua vez, se caracteriza pelo que se manifesta. O

segundo efeito é dar a cada sujeito um s t a t u s c r í t ic o (posição

de advertência), capaz de estabelecer uma ruptura nessa

cir-cularldade. à medida que vai fazendo progredir sua

manifes-tação - pois sabe que o que se oculta será procurado. Deste

(4)

cr.

os m ovim entos do M étodo C S A ditos "ir às coisas m esm as" e varia-ção sistem ática" constitutivos da redução fenom eno16gica, in C oI. D oe. U niv. da U F C , n." 15, 1984, p. 50-51.

F .d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

(6)

modo, o que se oculta será surpreendido nas suas diversas

tentativas de doscaracterizar o real

rnanlfesto/sirnbolizado/ob-jetivadojpubllcamonte anunciado.

O grupo pode mover-se em círculos, durante muito tempo,

não Ir

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(.I lugar nenhum, ou não encontrar o que procura. A

condlçuo para progredir é ter a noção da circularidade e,

tam bém .

ostar numa posição de advertência tal que se tenda

(I vislumbrar uma saída. Esta saída terá, maior probabilidade de

ocorrer caso os circulistas ativem suas capacidades de

HGFEDCBA

a u t o

-d ls t u n c le m e n t o

e

t r a n s c e n d ê n c ia .

ilósofos e psicólogos, em sua maioria, dirão que estas

características são exclusivas ao "homem". Por

transcendên-cla entenda-se que o homem está voltado p a r a a lé m da situação

m que se encontra no presente e é capaz de "viajar" no tempo,

do passado ao futuro e entregar-se, aí, a tarefas que julga,

pessoal e/ou socialmente, significativas. O autodistanciamento

revela-se na capacidade que o homem exerce de sair de sua

própria situação espacial e entrar na situação do outro, ou, de

simplesmente, ver o mundo de frente, separado, na distância.

Até para tirar proveito de uma aula, o aluno precisa

exer-cer essas características. Precisa sair de si para rastrear o

pensamento do professor, para se ligar no que diz o colega,

ou para deduzir o sentido de uma leitura. O aluno precisa

ligar o que aprende ao seu passado, ao presente e ao futuro.

Basicamente se faz isto pela imaginação.

Dizer que o homem tem estas características é o mesmo

que dizer que o homem pode conhecer, sentir-se e prever o

curso de ação (CSA). O aperfeiçoamento de tais características

é melhor obtido pelo método da compreensão existencial,

co-meçando por "substituir a memória pela intuição, a

imagina-ção e os sonhos .(5 )

A imaginação foi abolida, praticamente, nas escolas

mo-dernas dentro de uma sociedade "televisionista". Os

educado-res, porém, terão que resgatar a "pessoa" nos alunos - o que

não sera possível, sem resgatar neles a capacidade de

auto-distanciamento e de transcendência. E este resgate se faz

pelo método-CSA, no qual a imaginação é preponderante.

Veja-se o que a este respeito já pensava o filósofo

Kler-Kegaard (1813-1855). (6)

(5) C f. P into, L .C ., in: R ev.

DCBA

E d u c a c õ o e m D e b a t e , v. 6/7, 1983/84, p. 83. (6 ) C f. [o el M A R T IN S e M aria B rC U D O , E s t u d o s s o b r e E x i s t e n c i a l i s m o , F e

-n o m e -n o l o g i a e E d u c a ç ã o , E d. M oraes, S . P ., 1983, p. 26-27.

fi E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

"A imaginação não se apresenta como uma

qua-lidade psíquica junto com as outras, mas é uma

qualidade que equivale a todas as outras."

Na perspectiva CSA de ensino-aprendizagem, que

incor-pora a variação sistemática como um movimento da

consciên-cia, categoricamente se afirma que tal variação deve ser feita,

"sempre pela imaginação". A imaginação serve a C, serve a

S, e serve a A. Ela dá idéias, emociona a vida e cria soluções

práticas.

Nessa perspectiva também se aconselha a fazer ênfase na

criatividade, que tem muito a ver com a imaginação, com o

saber crítico e com a libertação da pessoa. (7)

Ficou dito que por autodistanciamento e por

transcendên-cia se faz uma "pessoa"; e que estas características se

apu-ram no exercício da imaginação que está ligada à criatividade

e ligada, portanto, à essência dos fenômenos, ou à solução dos

problemas visados. E também foi dito que as soluções terão

maior probabilidade de ocorrer num CCQ, se os sujeitos

ativa-rem o poder de distanciamento e transcendência do seu Eu.

Como isso é possível pode ser visualizado * na Figura-1.

y

7

TEMPO

61

,

qualidade 5

intensidade 4

das 3

diferenças 2

TRANS-

1

CENOENCIA

ESPAÇO

quantidade número de participantes

AUTO-OISTANCIAMENTO

234

567

EU

x

FIG. 1 - Ilustração da quantidade e da qualidade combinadas

(7) C L P aulo F R E IR E , C o n s c i e n t i z a ç ã o , E d. M oraes, 1980, p 81: "A edu-cação problem atizadora está fundam entada sobre a criatividade e esti-m ula um a ação e um a reflexão verdadeiras sobre a realidade ... "

(* ) A F ig. 1 H ão representa qualquer pretensão de prova m atem ática. V isuaJizar é diferente de "provar". N ão obstante, toda sugestão ou crí-tica desses especialistas seria apreciada.

E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

(7)

modo, o que se oculta será surpreendido nas suas diversas

tentativas de doscaracterizar o real

rnanlfesto/sirnbolizado/ob-jetivadojpublicarnente anunciado.

O grupo pode mover-se em círculos, durante muito tempo,

c não

ir

HGFEDCBA

O lugar nenhum, ou não encontrar o que procura. A

condlçuo para progredir é ter a noção da circularidade e,

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

tam bém .

estar numa posição de advertência tal que se tenda

(I vislumbrar uma saída. Esta saída terá, maior probabilidade de

ocorrer caso os circulistas ativem suas capacidades de a u t o

-lls t e n c t e m e n t o

e

t r a n s c e n d ê n c ia .

Filósofos e psicólogos, em sua maioria, dirão que estas

características são exclusivas ao "homem". Por

transcendên-ela entenda-se que o homem está voltado p a r a a lé m da situação

em que se encontra no presente e é capaz de "viajar" no tempo,

do passado ao futuro e entregar-se, aí, a tarefas que julga,

pessoal e/ou socialmente, significativas. O autodistanciamento

revela-se na capacidade que o homem exerce de sair de sua

própria situação espacial e entrar na situação do outro, ou, de

simplesmente, ver o mundo de frente, separado, na distância.

Até para tirar proveito de uma aula, o aluno precisa

exer-cer essas características. Precisa sair de si para rastrear o

pensamento do professor, para se ligar no que diz o colega,

ou para deduzir o sentido de uma leitura. O aluno precisa

ligar o que aprende ao seu passado, ao presente e ao futuro.

Basicamente se faz isto pela imaginação.

Dizer que o homem tem estas características é o mesmo

que dizer que o homem pode conhecer, sentir-se e prever o

curso de ação (CSA). O aperfeiçoamento de tais características

é melhor obtido pelo método da compreensão existencial,

co-meçando por "substituir a memória pela intuição, a

imagina-ção e os sonhos .(5)

A imaginação foi abolida, praticamente, nas escolas

mo-dernas dentro de uma sociedade "televisionista". Os

educado-res, porém, terão que resgatar a "pessoa" nos alunos - o que

não sera possível, sem resgatar neles a capacidade de

auto-distanciamento e de transcendência. E este resgate se faz

pelo método-CSA, no qual a imaginação é preponderante.

Veja-se o que a este respeito já pensava o filósofo

Kier-Kegaard (1813-1855). (6)

(5) C f. P into, L .C ., in: R ev.

DCBA

E d u c a c ã o e m D e b a t e , v. 6/7, 1983/84, p. 83. (6 ) C f. [o el M A R T IN S e M aria B T C U D O , E s t u d o s s o b r e E x i s t e n c i a l i s m o , F e

-n o m e -n o l o g i a e E d u c a ç ã o , E d. M oraes, S . P ., 1983, p. 26-27.

6 E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

"A imaginação não se apresenta como uma

qua-lidade psíquica junto com as outras, mas é uma

qualidade que equivale a todas as outras."

Na perspectiva CSA de ensino-aprendizagem, que

incor-pora a variação sistemática como um movimento da

consciên-cia, categoricamente se afirma que tal variação deve ser feita,

"sempre pela imaginação". A imaginação serve a C, serve a

S, e serve a A. Ela dá idéias, emociona a vida e cria soluções

práticas.

Nessa perspectiva também se aconselha a fazer ênfase na

criatividade, que tem muito a ver com a imaginação, com o

saber crítico e com a libertação da pessoa. (7)

Ficou dito que por autodistanciamento e por

transcendên-cia se faz uma "pessoa"; e que estas características se

apu-ram no exercício da imaginação que está ligada à criatividade

e ligada, portanto, à essência dos fenômenos, ou à solução dos

problemas visados. E também foi dito que as soluções terão

maior probabilidade de ocorrer num CCO, se os sujeitos

ativa-rem o poder de distanciamento e transcendência do seu Eu.

Como isso é possível pode ser visualizado * na Figura-1.

y

7

TEMPO

61

,

qualidade

5

intensidade

4

das

3

diferenças

2

TRANS-

1

CENOENCIA

ESPAÇO quantidade número de participantes

AUTO-DISTANCIAMENTO

23456

7

EU

x

FIG. 1 - Ilustração da quantidade e da qualidade combinadas

(7) C L P aulo F R E IR E , C o n s c i e n t i z a ç ã o , E d. M oraes, 1980, p 81: "A edu-cação problem atizadora está fundam entada sobre a criatividade e esti-m ula um a ação e um a reflexão verdadeiras sobre a realidade ... "

(* ) A F ig. 1 H ão representa qualquer pretensão de prova m atem ática. V isuaJizar é diferente de "provar". N ão obstante, toda sugestão ou crí-tica desses especialistas seria apreciada.

E d u c a ç ã o e m D e b a te , F o rt. 1 3 (1 ): [a n /ju n 1 9 8 7

(8)

A Fig. 1 mostra o Eu no ponto de origem das coordenadas

espaço (X) e tempo (Y). Os correspondentes respectivos sao,

na olmensao espacial: quantidade/número de participantes,

au-todtstanclarnonto: e na dimensão temporal:

qualidade/intensi-dade das diferenças, transcendência.

A sela representa, em termos de consciência, a resultante

dessa combinação de forças. A resultante da combinação

quan-tidade-qualidade, ou distanciamento-transcendência - é sempre

maior do que qualquer das duas

DCBA

e m

separado; melhor dizendo,

um pouco maior do que a maior componente. Ouer isto dizer

que a consciência "vai sempre além" de qualquer arranjo

situa-clonal, de fronteiras ou limitações - se bem que sempre

seja-em-situação.

Alguém sempre atado ao passado (transcendência nula) e

com fraca habilidade de sair de si para se olhar e se ver

objetiva-mente (autodistanciamento baixo), sua consciência mal se

ma-nifestará; ou se limitará aos estímulos materiais das

imedia-ções da sobrevivência, ou das necessidades orgânicas. A

aná-lise intersubjetiva, neste caso, seria naturalmente de fraco

teor.

O que a Fig 1 sugere, entre outras coisas, é que a

com-posição do CCO tenha como critério: o número de participantes

combinado

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à qualidade deles. O CCO simples, ou mínimo,

com-põe-se do professor e seus alunos. Hoje a queixa é geral de que

essa combinação jamais funcionou "circularmente". Ela tem

funcionado linearmente: o professor com suas exigências

HGFEDCBA

v e r s u s

alunos torcendo para que ele não exija tanto. Ou pior ainda:

professor sem exigências conduzindo alunos sem

responsa-bilidade.

Na Universidade, por exemplo, o alunado quer participar

com os mestres, em geral e sempre, no campo político. No

campo acadêmico, porém, a coisa é mais tímida. Os alunos

mal concebem que tenham parte na responsabilidade de

con-trolar a qualidade de sua própria aprendizagem. Fala-se muito

em reflexão, e, na terra e no céu há mil coisas redondas.

Mas poucos de nós agüentamos ver alguém, do outro lado,

"irado para nós a dizer: você também pode ajudar a si mesmo

se permitir que a gente ajude!

A análise intersubjetiva supõe, nos circulistas, esta

co-ragem que o confronto não dispensa. O CCO deve ser

hete-rogêneo/especializado. A c0r:'posiçã? deve abrange.r:

profe~-sores, especialistas (supervisor. orientador educacl~nal.

P~I-cólogo escolar, assistente social etcl, alunos e pais. A

m-8 E d u cação em D eb ate, F o rt. 1 3 (1 ): [an /ju n 1 9 8 7

tensidade das diferenças é importante. Um círculo formado de

4 pessoas: 1 professor, 1 especialista, 1 aluno e 1

responsá-vel da Comunidade - funciona melhor, para o efeito de

con-trole de qualidade, do que um grupo homogêneo de 20 alunos.

Devido à heterogeneidade necessária, os alunos

partici-pantes do círculo não devem ser eleitos, mas selecionados:

misturando alunos com diferentes desempenhos escolares e

diferentes habilidades. O melhor é estabelecer o rodízio de

uma representação de alunos, no CCO, aleatoriamente. A

ex-periência dirá do comportamento desses alunos circulistas, na

sala de aula!

111

E o que faz o CCO? Tecnicamente, o que é controle de

qualidade no ensino-aprendizagem?

O controle de qualidade equivale a um conjunto de

fun-ções, destinadas a assegurar a qualidade adequada, num

pro-duto, que neste caso é o ensino e a aprendizagem, mediante:

a) estudo crítico dos planos de ensino e dos materiais de

apoio indispensáveis;

b) checagem do processo, durante a execução em sala de

aula e orientação periódica dos alunos (rapportl, para

motivar, prevenir e encaminhar; (8)

c) análise dos resultados com vistas a determinar falhas

e recuperá-Ias. (9)

Vê-se, pela definição de controle de aualidarle, aue as

funcões "destinadas a assenurar a Qualidade adeauada" na

escola, já existem. Nunca funcionaram assim, poraue nunca

foram tomadas por esse prisma. Suoervisores e Orlentadores

poderiam muito bem ter desenvolvido o controle de aualidade.

Esses esoecialistas estão, no atual momento político. oos+os

em "xeaue-mate". Isto justifica os Cursos de Especlalizacão.

a fim de aue os professores, sem deixar de ser professores,

possam oreenrher funções que ajudem na melhoria da

qua-lidade do ensino.

Oual a cualidade aue deve ser assequrada? Nesta

pers-pectlva é a "intearar.ão-CSA". Ensino de boa qualidade fi o

(llIe favorece, insistentemente, tal lnteoracão. O professor

não se esforça por "dar matéria". Ele seleciona, nos

proqra-(~ ) C f. M odelo T S IN e T este de C om petência P resum ida.

( q ) C f. E scala N atural e "C om o recuperar" in C ol. D oe. U niv. 20, p. 96.

(9)

A Fig. 1 mostra o Eu no ponto de origem das coordenadas

espaço (X) e tempo (V). Os correspondentes respectivos sao,

na dimensão espacial: quantidade/número de participantes,

au-todlstanclarnonto: e na dimensão temporal:

qualidade/intensi-dade das diferenças, transcendência.

A seta representa, em termos de consciência, a resultante

dessa combinação de forças. A resultante da combinação

quan-tidade-qualidade, ou distanciamento-transcendência - é sempre

maior do que qualquer das duas em separado; melhor dizendo,

um pouco maior do que a maior componente. Ouer isto dizer

que a consciência "vai sempre além" de qualquer arranjo

situa-cional, de fronteiras ou limitações - se bem que sempre

seja-em-situação.

Alguém sempre atado ao passado (transcendência nula) e

com fraca habilidade de sair de si para se olhar e se ver

objetiva-mente (autodistanciamento baixo), sua consciência mal se

ma-nifestará; ou se limitará aos estímulos materiais das

imedia-ções da sobrevivência, ou das necessidades orgânicas. A

aná-lise intersubjetiva, neste caso, seria naturalmente de fraco

teor.

O que a Fig 1 sugere, entre outras coisas, é que a

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C O I1'l'

posição do CCO tenha como critério: o número de participantes

combinado à qualidade deles. O CCO simples, ou mínimo,

com-põe-se do professor e seus alunos. Hoje a queixa é geral de que

essa combinação jamais funcionou "circularmente". Ela tem

funcionado linearmente: o professor com suas exigências

HGFEDCBA

v e r s u s

alunos torcendo para que ele não exija tanto. Ou pior ainda:

professor sem exigências conduzindo alunos sem

responsa-bilidade.

Na Universidade, por exemplo, o alunado quer participar

com os mestres, em geral e sempre, no campo político. No

campo acadêmico, porém, a coisa é mais tímida. Os alunos

mal concebem que tenham parte na responsabilidade de

con-trolar a qualidade de sua própria aprendizagem. Fala-se muito

em reflexão, e, na terra e no céu há mil coisas redondas.

Mas poucos de nós agüentamos ver alguém, do outro lado,

"irado para nós a dizer: você também pode ajudar a si mesmo

se permitir que a gente ajude!

A análise intersubjetiva supõe, nos circulistas, esta

co-ragem que o confronto não dispensa. O CCO deve ser

hete-rogêneo/especializado. A co,:,posiçã? deve abrange.r:

profe~-sares, especialistas (supervisar, orlentador educacl~nal,

P~I-cólogo escolar, assistente social etcl, alunos e pais. A

m-8 E d u cação em D eb ate, F art. 1 3 (1 ): [an /ju n 1 9 8 7

tensidade das diferenças é importante. Um círculo formado de

4 pessoas: 1 professor, 1 especialista, 1 aluno e 1

responsá-vel da Comunidade - funciona melhor, para o efeito de

con-trole de qualidade, do que um grupo homogêneo de 20 alunos.

Devido à heterogeneidade necessária, os alunos

partici-pantes do círculo não devem ser eleitos, mas selecionados:

misturando alunos com diferentes desempenhos escolares e

diferentes habilidades. O melhor é estabelecer o rodízio de

uma representação de alunos, no CCO, aleatoriamente. A

ex-periência dirá do comportamento desses alunos circulistas, na

sala de aula!

111

E o que faz o CCO? Tecnicamente, o que é controle de

qualidade no ensino-aprendizagem?

O controle de qualidade equivale a um conjunto de

fun-ções, destinadas a assegurar a qualidade adequada, num

pro-duto, que neste caso é o ensino e a aprendizagem, mediante:

a) estudo crítico dos planos de ensino e dos materiais de

apoio indispensáveis;

b) checagem do processo, durante a execução em sala de

aula e orientação periódica dos alunos (rapport). para

motivar, prevenir e encaminhar; (8 )

c) análise dos resultados com vistas a determinar falhas

e recuperá-Ias. (9)

Vê-se, pela definição de controle de aualidarle, aue as

funcões "destinadas a asseourar a qualidade adeauada" na

escola, já existem. Nunca funcionaram assim, poraue nunca

foram tomadas por esse prisma. Sunervisores e Orlentadores

poderiam muito bem ter desenvolvido o controle de aualidade.

Esses especialistas estão, no atual momento político. postos

em "xeaue-mate". Isto justifica os Cursos de Esoecíallzacão,

a fim de aue os professores, sem deixar de ser professores,

possam nreenr-her funções que ajudem na melhoria da

qua-lidade do ensino.

Oual a oualidade aue deve ser assequrada? Np.~ta

pers-pectlva é a "intenrar.ão-CSA". Ensino de boa qualidade P. o

(lIIe favorece. insistentemente, tal Inteoracão. O professor

não se esforça por "dar matéria". Ele seleciona, nos

progra-(~ ) C f. M o d elo T S IN e T este d e C o m p etên cia P resu m id a.

(I) C f. E scala N atu ral e "C o m o recu p erar" in C o l. D o c. U n iv . 2 0 , p . 9 6 .

(10)

mas, tópicos para os fins da integração

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à "realidade"

cotidia-na ~os alunos. Tópicos que respondam a necessidades, que

motivem os alunos, e que sirvam para melhorar suas vidas.

A aprendizagem de boa qualidade é também

aprendiza-!)em-CSA. O aluno capta informações, vê sua reação afetiva

a elas (se gosta ou detesta ou fica indiferente) e vislumbra,

HGFEDCBA

n a s u a im a g in a ç ã o , qual a utilidade do que aprendeu. Se o

pro-grama vai ser todo visto durante o tempo escolar, não é tão

importante quanto esta integração. A inteqração dá autonomia

ao aluno e faz tirar os atrasos.

Ouando o professor ensina, por exemplo, o tópico R, o

aluno aprende R à sua maneira; ou aprende R mais alguma

coisa. Este alguma coisa deve ser um "adicional crítico

pró-prio". "Próprio" é diferente da crítica que, hoje, alguns

mes-tres fazem e querem ver repetida por todos os alunos! Nas

provas convencionais, os professores costumam indagar pelo

que ensinaram-do-jeito-que-ensinaram (R). A tendência, neste

enfoque compreensivo, é perguntar uuals tópicos foram

acei-tos ou rejeitados. Isto envolve o adicional crítico do aluno

(R+c). Este adicional passa a ser tão valorizado (ou mais) que

os conteúdos visados pelo professor - mas. à condlcão de

que o aluno emita respostas onde esse adicional esteja

cla-ramente explicitado.

Para assegurar a qualidade, o CCO põe sua atencão nas

funções a), b), c), anteriormente descritas. O modo como vai

controlar essas funcões, dependerá da "realidade" rlp. cada

escola e da competência do CCO. ~ possível que o CCO

ob-jetive o controle numa só matéria, por exemolo, numa única

série e turma. Ou pode obletlvar um controle de qualidade,

numa disciplina, ao longo de todas as séries do 1.° e do 2.°

grau. Ou controlar apenas ali onde se faz sentir uma

ne-cessidade.

Uma vez determinado o aue e onde controlar, bem como

o tipo de qualidade a ser obtido, o círculo vai tratar de

"in-ventar" soluções, na certeza de que, fazer alqurna coisa com

esse fim, é melhor do aue não tentar coisa alguma.

A experiência dos diferentes CCOs é aue fornecerá os

dados para uma metodologia mais elaborada.

*

(~ ) P ara um exem plo de controle de qualidade (no caso, recuperação), sem envolver diretam ente o professor, C f. C ol. D oc . U niv. da U F C , n.· 20, p . 9 3 .

10 E d u cação em D eb ate, F o rt. 1 3 (1 ): ían /íu n 1 9 8 7

o

MITO DA REBELDIA DA JUVENTUDE

-

Uma

abordagem

sociológica.

Maria Juraci Maia Cavalcante

Entre a mitologia da rebeldia da "juventude" e a sua

efe-Ilvldade há que considerar desde as especificidades da sua

.onstrução

teórica e/ou ideológica até os seus desdobramentos

históricos que, no caso de uma sociedade de classes

orienta-do para a lógica de acumulação e de mercado, podem conduzir

, manipulação consumista do mito e, contraditoriamente, à sua

própria morte.

Mas o que vem a ser "jovem" propriamente? Afinal, não

'penas a demarcação de uma fase para a juventude, assim

como a indicação da relevância de uma preocupação

socioló-llca com o tema, são ambos esforços datados historicamente.

I m outras palavras, nem sempre se pensou o jovem como

ado-loscente ou atrlbul-se a ele um peso social como vemos no

prosente século.

Para Ariês, a classificação etária da vida é historicamente

tuada e, portanto, relacionada com aspectos mais amplos

() Intrincados da vida social, sendo que somente do século XIX

r-rn diante é que formou-se uma consciência e uma

preocupa-<,:/'10 específica com a juventude, enquanto parcela mais nova

do população.

"Tem-se a impressão, portanto, de que a cada

época corresponderiam uma idade privilegiada e uma

periodização particular da vida humana: a

"juventu-de" é a idade privilegiada do século XVII, a

"infân-cia", do século XIX e a "adolescência" do século

XX." (ARIi:S - 1981: 48).

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