• Nenhum resultado encontrado

ENSINO MÉDIO INTEGRADO: DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO À PRAXIS PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO NA BAHIA BRASIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ENSINO MÉDIO INTEGRADO: DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO À PRAXIS PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO NA BAHIA BRASIL"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

ENSINO MÉDIO INTEGRADO: DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO À PRAXIS PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL

MÉDIO NA BAHIA – BRASIL

Rosemary Lopes Soares da Silva

1

Resumo: Este texto aborda de forma sintetizada o estudo realizado sobre a concepção de Educação Profissional Integrada- EPI, que foi adotada na Bahia a partir de 2007. A iniciativa do governo da Bahia na implementação dos cursos de EPI está alinhada as políticas do governo federal vigentes à época, desde a revogação do decreto 2.208/97, e a instituição do decreto 5.154/2004, que restabeleceu a possibilidade de integração curricular dos ensinos médio e técnico como propõe a LDB 9496/96. De acordo com os pesquisadores e intelectuais do campo trabalho e educação no Brasil, a possibilidade de integração entre ensino médio e educação profissional, constante no decreto 5.154/2004, representa uma possibilidade de avanço na direção de construir um ensino médio igualitário para todos, com a formação do estudante em todas as suas dimensões. Neste sentido, este texto que é parte da pesquisa realizada para o trabalho de conclusão (TCC)

2

que analisou a concepção de educação profissional expressa no Projeto Político-Pedagógico-PPP, adotada no Centro Territorial de Educação Profissional no Município de Ribeira do Pombal – Bahia, e apontou que, não há uma negação da proposta de integração enquanto formulação, entretanto, há críticas quanto à implementação e sobre as implicações da adoção da concepção de integração do ensino ofertado pela necessidade da formação dos docentes para a superação da reprodução histórica da dicotomia curricular baseada na separação entre formação propedêutica e a formação profissional. Nesta perspectiva, concordamos com Ramos (2013), na compreensão de que o ensino médio integrado é proposta que permite a articulação entre os conhecimento da formação geral, que foram legitimados socialmente e são respostas a problemas que a humanidade se colocou, com o trabalho, como princípio educativo, que é o que se aprende no ensino médio integrado, com a finalidade diretamente produtiva, articulada pela compreensão das mediações e dos problemas históricos do campo do trabalho.

Introdução

A educação profissional articulada à educação básica, é uma modalidade de educação ofertada pelo Centro Territorial de Educação Profissional do Nordeste II, no Município de Ribeira do Pombal – Bahia. Destacamos que a forma integrada da educação profissional ao ensino médio é uma forma de oferta

1

Pedagoga, coordenadora pedagógica da rede estadual da educação do estado da Bahia;

doutorado em Políticas Públicas e Formação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Contato:roselsoares@yahoo.com.br.

2

Relatório de Intervenção apresentado como trabalho de conclusão do Curso de Especialização

em Gestão Escolar, da Universidade Federal da Bahia para aquisição do título de Especialista

em Gestão Escolar em 2015.

(2)

de educação profissional, apresentada pela legislação da educação brasileira a partir da LDB de 1996, entretanto, desde lá, em momento algum na história da educação profissional havia sido implementada. Isto significa que o estudante brasileiro passa a ter o direito de cursar o ensino médio que integrado a formação básica ou geral, e a possibilidade de acesso ao currículo que envolva os conhecimentos da cultura, da ciência, do trabalho e da tecnologia. Isto é, os conhecimentos da formação geral e da formação profissional.

Neste sentido, acredita-se que o Projeto Político Pedagógico-PPP da escola pública é um referencial que pode contribuir para a disputa de projetos de formação humana que esteja mais próximo de um referencial de educação profissional integrado com a cultura, a ciência, o trabalho e a tecnologia e que explicite os fundamentos do mundo do trabalho e esteja a favor da classe trabalhadora e não contra a classe trabalhadora.

Isto é, não se constitui como um mero documento que reproduza o pensamento dominante capitalista, da classe que domina o sistema econômico vigente e que na ocasião da vigência da Lei 5692/71, necessitava de uma educação profissional que atendesse aos seus interesses na formação do técnico de nível médio.

Visualizamos o PPP como o documento referencial da escola, que expressa os fundamentos e a concepção de sociedade, de homem, de sujeito histórico e de educação que se pretende formar, e particularmente, a educação profissional que se pretende se reprodutora ou emancipadora. O intuito é o de pensar a escola pública como espaço de possibilidades reais para promover um ensino pautado na valorização do ser humano, em contraposição à centralidade das relações trabalho e educação, pautadas exclusivamente pela lógica do mercado de trabalho, que historicamente permeou o ensino profissionalizante no Brasil, especialmente, o ensino de nível médio e técnico.

Acredita-se que a escola pública é o lócus de interesses mais amplos e

diversificados, bem como, com possibilidade de disputar uma formação humana,

distante daqueles interesses meramente mercadológicos e do modelo

econômico capitalista para a formação humana (FRIGOTTO, 2005).

(3)

Esta preocupação emerge a partir do histórico da dualidade estrutural da educação profissionalizante no Brasil, de acordo com Acácia Kuenzer (2005)

3

. Acredita-se que o Projeto Político Pedagógico-PPP da escola, seja a oportunidade que toda a comunidade escolar tem para decidir sobre, em quais bases estão assentadas as práticas educativas que pautam a formação profissional dos jovens e adultos do ensino médio na escola.

Partimos do pressuposto que a política de educação profissional vigente no Brasil, a partir do Decreto 5154/04

4

, é resultado de disputas e tendências complexas ao longo da história do país, frente a uma correlação de forças entre as classes que disputam o poder e a direção econômica e política da sociedade.

Sabe-se que no mínimo dois grandes projetos estão em disputa pela educação profissional e a formação dos trabalhadores: um projeto que tem como referência a Teoria do Capital Humano (THC), cujo fundamento é o de que a educação é fator econômico que aumenta a produtividade e o lucro, juntamente com esta concepção está a disseminação de novos ideários de formação humana e curriculares como a Pedagogia das Competências

5

.

Ramos (2001), discute se essa pedagogia está a serviço da adaptação ou da autonomia dos sujeitos, bem como a capacidade de empregabilidade, voltado para a formação da massa de trabalhadores que realizarão o trabalho simples, essencial para a reprodução do sistema capitalista

O outro projeto em disputa está voltado para a formação do profissional sob as bases da formação integrada e integral, sob o conceito de politécnia

6

, ou seja, tendo como horizonte o de propiciar aos estudantes o conhecimento e o domínio dos fundamentos e das técnicas diversificadas utilizadas na produção,

“e não o mero adestramento em técnicas produtivas” , ( Ramos, 2014; p.38).

Os estudos dos pesquisadores apresentados neste texto, ao problematizarem a busca por soluções apenas didáticas no enfrentamento à

4

O Decreto 5154/04 em vigor a partir do governo de Luiz Inácio da Silva, revogou o decreto 2208/97 do governo de Fernando Henrique Cardoso. O atual decreto institui a educação profissionalizante articulada a educação básica, e especificamente quanto ao ensino médio, que ela aconteça nas três formas de articulação: integrada, subseqüente e concomitante.

5

Sobre a Pedagogia das Competências ver a tese de doutorado de Ramos (2201).

6

Pelo viés da politecnia, que diz respeito ao “domínio dos fundamentos científicos das diferentes

técnicas que caracterizam o processo de trabalho moderno” (Saviani, 2003, p. 140, Apud Ramos,

2014; p.38). Nessa perspectiva, o ensino médio deveria se concentrar nos fundamentos que dão

base à multiplicidade de processos e técnicas de produção existentes.

(4)

fragmentação, eles buscam analisar e criticar o currículo contextualizado, com atividades extracurriculares e com práticas que se dizem interdisciplinares, como sendo as únicas formas de ensino médio integrado.

Apresentam como possibilidade a Filosofia da Práxis

7

como referência teórica e, afirmam que, a contextualização, a interdisciplinaridade e o compromisso com as transformações sociais constituem-se como referências para a organização didática do ensino integrado. Sustentam que o que é decisivo para este projeto é o compromisso ético, político e pedagógico com a formação ampla dos trabalhadores. E afirmam ser a flexibilidade na busca por alternativas políticos pedagógicas, como uma das condições para realização de projetos educacionais integradores, ou seja, o ensino médio integrado não tem um único modelo a ser aplicado, mas ele depende das particularidades e singularidades de cada escola de educação profissional média.

Consideramos, sobretudo, que a educação profissional possibilita para além da formação de técnicos, a formação de pessoas que compreendam a realidade, e que possam também, atuar como profissionais. A presença da profissionalização no ensino médio deve ser compreendida tanto, como uma necessidade social e, como meio pelo qual a categoria trabalho encontre espaço na formação como princípio educativo, concepção fundamental para a educação politécnica, ou seja a educação que integra os conhecimentos da cultura, da ciência e da tecnologia. Consideramos que a gestão escolar pode colaborar no sentido de propor ações de formação continuada para os professores que atuam no Centro Territorial de Educação Profissional.

7

Segundo Carlos Nelson Coutinho(2011) no livro “O leitor de Gramsci” ( p. 189) a diferença

fundamental entre a filosofia da práxis e as outras filosofias, é que a filosofia da práxis não tenta

conciliar interesses opostos e contraditórios, não tende a resolver pacificamente as contradições

existentes na história e na sociedade, ou melhor, ela é própria teoria de tais contradições; não é

o instrumento de governo de grupos dominantes para obter o consentimento e exercer a

hegemonia sobre as classes subalternas; é a expressão destas classes subalternas, que querem

educar a si mesmas na arte de governo e que tem todo interesse de conhecer todas as verdades

inclusive as desagradáveis e evitar os enganos da classe superior e, ainda mais, de si mesmas.

(5)

OS SENTIDOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NIVEL MÉDIO: BREVE HISTORIOGRAFIA AOS DIAS ATUAIS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Segundo Cunha (2000), desde o início da colonização do Brasil, e no contexto das relações escravistas de produção havia a necessidade de diferenciação, no sentido de buscar afastar, a força de trabalho livre, isto é, os não escravos, da força de trabalho que se ocupava do artesanato e da manufatura, destinada aos escravos.

A educação dos jovens e adultos brasileiros, e em especial, da educação profissional, traz como mediações além de um passado pós escravatura, as diferentes relações entre trabalho manual e intelectual, e o tipo de educação que deveria ser destinada às diferentes classes sociais no Brasil, com o objetivo de realizarem diferentes tipos de trabalhos. (CUNHA, 2000).

No início dos Sec. XX foram criadas as Escolas de Aprendizes Artífices com o objetivo de atender a população liberta da escravidão e chamados de forma genérica como “desfavorecidos da fortuna”, conforme descrição dada a uma determinada classe social, na legislação vigente no início do Sec. XX. As Escolas de Aprendizes e Artífices foram criadas no Brasil em 1909, por meio de um decreto n. 7763 de 1909 do presidente Nilo Peçanha, uma escola em cada capital do país.

A partir de 1930, as Escolas de Aprendizes e Artífices passa a ser subordinas ao Ministério da Educação e Saúde. Primeira iniciativa nacional republicana, essa rede de escolas era assim justificada:

O aumento constante da população das cidades exige que se facilite às classes operárias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes da luta pela existência. Era necessário não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e profissional, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastará da ociosidade, escola do vício e do crime (DECRETO n.7.566, 23 set. 1909).

A abolição da escravatura também contribuiu para uma nova maneira de

encarar o trabalho que não fosse intelectual. No entanto, a velha concepção

destinando esse tipo de ensino aos deserdados da fortuna persistiu mesmo

depois da instauração da República. Quando Nilo Peçanha, em 1909, cria as

escolas de aprendizes artífices (Decreto n. 7.566/09), é segundo Ciavatta (1990,

p. 330), a expressão histórica, naquele momento, “da questão social manifesta

(6)

no desamparo dos trabalhadores e de seus filhos e na ausência de uma política efetiva de educação primária”.

O contexto da industrialização e da revolução de 1930 destaca a relação entre trabalho e educação como problema fundamental. A Constituição de 1937, entretanto, ainda explicita claramente o dualismo escolar e a destinação do ensino profissional aos menos favorecidos. (CUNHA, 1997).

O Manifesto dos Pioneiros da Educação na década de 1920 no Brasil, identificou a existência de dois sistemas paralelos e divorciados de educação, fechados em compartimentos estanques e incomunicáveis: o sistema de ensino primário e profissional e o sistema de ensino secundário e superior teriam diferentes objetivos culturais e sociais, constituindo-se, por isso mesmo, em instrumentos de estratificação social. A escola primária e a profissional serviriam à classe popular, enquanto que a escola secundária e a superior à burguesia (CUNHA, 1997, p. 13).

Fábrica e escola nascem juntas, em um movimento que implica também a

“passagem definitiva da instrução das Igrejas para os Estados”: “as leis que criam a escola de Estado vêm juntas com as leis que suprimem a aprendizagem corporativa realizada pela igreja” (Manacorda, 1994, p. 249). É nesse momento de mudança não só do modo de produção, mas também do modo de vida do homem, que nasce o ideal de escola elementar gratuita.

Os movimentos sociais em prol da educação do trabalhador, especificamente, a atuação dos Fóruns estaduais e as entidades representativas dos trabalhadores, sindicais e não sindicais, que discutem a educação profissional de nível técnico no Brasil, tem pautado a necessidade de aproximar a educação profissional das especificidades de formação dos sujeitos das diferentes modalidades da educação básica, ou seja, que a educação profissional se integre a educação básica, e que faça a ruptura histórica de uma modalidade de educação fracionada no seu currículo, propiciando somente conhecimentos técnicos, sem a devida formação geral da cultura, da ciência e do trabalho.

A revogação do Decreto 2.208/97

8

no ano de 2004 e a aprovação do Decreto 5.154/04, trouxeram à abertura e estímulo à formação integrada do

8

Decreto instituído no governo de FHC que revoga a obrigatoriedade de a Educação Profissional

de nível médio ser ofertada pelas redes públicas de ensino federais e estaduais. De acordo com

(7)

ensino médio propedêutica com o ensino técnico. Essa integração propõe que a relação entre conhecimentos gerais e específicos seja construída continuamente ao longo da formação sob os eixos do trabalho, da ciência e da cultura. (RAMOS, 2004 p.122).

Neste sentido, a construção do currículo integrado exige uma mudança de postura pedagógica; do modo de agir não só dos professores, como também dos gestores e alunos. Significa uma ruptura com um modelo cultural que hierarquiza os conhecimentos e confere menor valor e até conotação negativa àqueles de ordem técnica, associados de forma preconceituosa ao trabalho manual fato que remete os primórdios da educação profissional no Brasil

9

.

Segundo Gramsci, Apud Frigotto (2012; p. 84):

(...) significa que buscamos enfocar o trabalho como princípio educativo, no sentido de superar a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, de incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo, de formar trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos.

Recorremos a Ramos (2009) para concordar sobre a concepção da Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio, na qual os conhecimentos de formação geral e específicos se integram também na medida em que um conceito específico não é abordado de forma técnica e instrumental, mas é colocado como construção histórico-cultural no processo de desenvolvimento da ciência como finalidades produtivas. Em razão disto, a escola ao implantar o Ensino Médio Integrado reorienta a sua proposta pedagógica quando assume o direito do aluno de prosseguir os seus estudos, e de preparar-se para a sua inserção no mundo do trabalho, buscando formas de promoção de renda, com autonomia intelectual e pensamento crítico.

O estudo realizado por Alves (2015) observa que, com a implementação do decreto 5.154/2004, as escolas que ofertam a Educação Profissional integrada ao ensino médio passam por um processo de formulação e /ou revitalização da proposta pedagógica, quando essa forma de ensino, ao integrar a preparação

Frigotto, Ciavatta e Ramos(2014, p. 13) o Decreto 2.208/97 restabeleceu o dualismo na educação profissional no Brasil e assume o ideário pedagógico do capital ou do mercado, pedagogia das competências para a empregabilidade com base nas Diretrizes e Parâmetros Nacionais Curriculares.

9

Compartilhamos com o pensamento de Fonseca ao afirmar que a história da Educação

Profissional no Brasil ficou marcada com o estigma da servidão, por terem sido os índios e os

escravos os primeiros aprendizes do ofício. (1961, p.68).

(8)

para o mundo do trabalho, extrapola os muros da escola aproximando-a da comunidade, contribuindo par a dinamização do currículo escolar.

Há que se considerar também que a instituição escolar é um organismo complexo de interação social, onde existe essa multiplicidade de culturas, crenças, valores e conhecimentos, expectativas e interesses. Para Snyders (1981, p.105), a escola é um local de luta, o teatro em que se defrontam forças contraditórias – isto porque já faz parte da essência do capitalismo ser contraditório, agir contra ele próprio, criar os seus ‘próprios coveiros’.

Como é possível proporcionar aos estudantes do ensino médio compreensões globais, totalizantes da realidade a partir da seleção de componentes e conteúdos curriculares? Como orientar a seleção de conteúdos no currículo da formação integrada? A resposta a tais perguntas implica numa práxis pedagógica que busca relacionar, partes e totalidade.

A estruturação dos componentes curriculares, que na perspectiva de Machado (2008), tem como objetivo, permitir que os estudantes compreendam alguns dos fundamentos essenciais do mundo trabalho, onde eles atuarão como os futuros profissionais:

1) de forma reflexiva e crítica os mundos do trabalho, os objetos e dos sistemas tecnológicos dentro dos quais, estes mundos evoluem; 2) as motivações e interferências das organizações sociais pelas quais e para as quais estes objetos e sistemas foram criados e existem; 3) a evolução do mundo natural e social do ponto de vista das relações humanas com o progresso tecnológico; 4) como os produtos e processos tecnológicos são concebidos, fabricados e como podem ser utilizados; 5) métodos de trabalho dos ambientes tecnológicos e das organizações de trabalho (MACHADO, 2008).

Nessa perspectiva a Educação Profissional integrada ao Ensino Médio se configura como uma proposta alternativa para a universalização do ensino médio para os alunos que almejam a escola pública, Ou seja, um ensino com base nas ciências da natureza, nas ciências sociais e exatas, para integrar-se no processo produtivo, na cultura, arte e política.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada e que dá subsídios aos texto reafirma que a atual

política de Educação Profissional Integrada(EPI) na Bahia, tem um desafio

histórico a enfrentar, visto que a atual proposta de educação precisa enfrentar a

(9)

dicotomia histórica que marca o sistema educacional brasileiro, a educação propedêutica para a classe dirigente e o ensino profissionalizante para a classe trabalhadora, “como um violento mecanismo de reprodução social”.

O desafio de articular trabalho, ciência e cultura é um desafio que esbarra muitas vezes nas condições adequadas de trabalho, remuneração das horas de trabalho extraclasse e as garantias básicas do exercício da docência. Neste sentido, o outro desafio é a compreensão da Educação Profissional Integrada como desafio pedagógico, torna-se imprescindível para o reconhecimento das dimensões dos embates que deverão ser enfrentados para sua concretização.

Segundo Ciavatta (2012, p. 14) se faz necessário buscar enfocar o trabalho como “principio educativo, no sentido de superar a dicotomia trabalho manual/trabalho intelectual, de incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo, de formar trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos”. E segundo Ramos(2014, p. 18) uma condição necessária, ainda que não exclusiva, para que se efetive o ensino médio integrado, é entender como o professor produz sua existência de trabalhador e quais as condições desta produção.

REFERÊNCIAS

ALVES, João Batista Pereira. A interdisciplinaridade como mediação na educação profissional integrada ao ensino médio na rede estadual do Espírito Santo. Projeto de Tese apresentado ao Programa de Políticas Públicas e Formação Humana da Univeridade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ, 2015.

BEANNE, James A. Integração Curricular: a essência de uma escola democrática. Currículo sem fronteiras. V.3. n 2 pp 91-110 . jul/dez 2003.

Disponível em : www.currículosemfronteiras.org.

BAHIA. Decreto nº 11.355/2008, publicado no Diário Oficial do Estado da Bahia em 04 de dezembro de 2008, que trata da instituição dos Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional no âmbito do Sistema Público Estadual de Ensino do Estado da Bahia, dispõe sobre a criação do Conselho e dá outras providências, 2008.

BRASIL. Decreto n. 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o § 2º do art. 36

e os artigos 39 a 42 da Lei 394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18

abr. 1997. Disponível em:<

(10)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2208.htm>. Acesso em 18 de maio de 2015.

______. Decreto n. 5.154 de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e da outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2004/decreto/D5154.htm>. Acesso em: Acesso em 18 de maio de 2015.

CIAVATTA, Maria. O trabalho docente e os caminhos do conhecimento: a historicidade da educação profissional. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015.

CUNHA, Luiz. Antonio. O ensino industrial-manufatureiro no Brasil. Revista Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago, 2000. Nº 14.

FRIGOTTO, Gaudencio. Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. (Org.). Petrópolis: Vozes, 1998.

KUENZER, Acácia. Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho.

In: SAVIANI, D.;SANFELICE, J.L.; LOMBARDI, J.C.(Org.).Capitalismo, trabalho e educação. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. p. 77-96.

MACHADO, Lucília. Educação e Divisão Social do Trabalho. 2a. ed., São Paulo,Cortez, 1989.

MANACORDA, Mário. A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias.

4.ed. São Paulo: Cortez, 1994.

RAMOS, Marise. O projeto unitário do ensino médio sob os princípios do trabalho, da ciência e cultura. In: FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria (orgs) Ensino médio, ciência, cultura e trabalho. Brasília: MEC, SEMTEC, 2004.

RAMOS, Marise. Possibilidades e desafios na organização do currículo integrado. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M.(org) Ensino Médio Integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2012. 3ªEd.

RAMOS, Marise. Concepção do Ensino Médio Integrado.2007.(mimeo)

RAMOS, Marise. Currículo Integrado. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2009. http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/curint.html

SNYDERS, Georges. Escola, classe e luta de classes. Lisboa: Moraes

Editores.1981.

Referências

Documentos relacionados

A Diplomação na Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio efetivar-se-á somente após o cumprimento, com aprovação em todos os

No documento definem politecnia como “ o domínio dos conhecimentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo

O produto não é um produto perigoso, segundo as normas de transportes aplicáveis. Designação oficial de transporte

Um dos principais documentos que subsidiam e caracterizam o Ensino Médio Integrado aos Cursos técnicos é o Documento Base – Educação Profissional Técnica de Nível Médio

15.4- Não serão fornecidos, atestados, cópias de documentos, certificados ou certidões relativos à participação ou às notas obtidas pelos inscritos/selecionados. 15.5- Os

Na visão deste autor, o ideal de formação para a etapa do ensino médio seria a educação politécnica, entendida como uma educação voltada para a superação da

De acordo com as Diretrizes para a Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio (2018), a Educação Profissional Técnica integrada ao Ensino Médio do IFC é compreendida a partir

Jeferson Moriel Gomes júnior  Licenciatura em Matemática (Doutor)  João Bosco Pedroso de Barros  Licenciatura em Química (Especialista)  João Pereira da Silva Filho  Licenciatura