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SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROJETO DE ASSENTAMENTO NOVA PÂNTANO MARIANO EM ITUIUTABA/MG

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Academic year: 2022

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ISBN: 978-85-93416-00-2

SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROJETO DE ASSENTAMENTO NOVA PÂNTANO MARIANO EM ITUIUTABA/MG

Área temática: Tecnologia e Produção

Autores: Mirian Nomura1; Eduardo Coutinho de Freitas2; Henrique Pereira Franco3; Estevam Matheus Costa4; Ubiramar Ribeiro Cavalcanti5.

1 Professora do curso de Agronomia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), unidade de Ituiutaba, bolsista do Programa Institucional de Apoio à extensão (PAEX) em 2015.

2 a 4 Alunos do curso de Agronomia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), unidade de Ituiutaba, bolsistas do Programa Institucional de Apoio à extensão (PAEX) em 2015.

5 Professor do curso de Agronomia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), unidade de Ituiutaba.

Resumo

O Projeto de Assentamento Nova Pântano Mariano foi criado em 2004, e, atualmente, vivem 17 famílias que apresentam dificuldades no processo de geração de renda. A segurança alimentar da comunidade apresenta-se precária, tendo em vista que, muitos alimentos são comprados na cidade ou em algumas situações não são consumidos, o que provoca uma deficiência nutricional e alimentar na população. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar atividades capacitadoras que contribuíssem na melhoria da produção de alimentos destinados à segurança alimentar das famílias do assentamento Nova Pântano Mariano/Ituiutaba/MG. O projeto teve início no dia 1º de Junho e término em 15 de dezembro de 2015. A metodologia consistiu em três formas de atuação: visitas técnicas periódicas, realização de oficinas e distribuição de material didático. No total, foram realizadas oito oficinas: planejamento e implantação de horta orgânica; produção de mudas de hortaliças; controle de pragas e doenças em horticultura orgânica; adubação orgânica do solo; princípios de higiene e boas práticas de fabricação; aproveitamento alimentar do Baru; utilização do Nim no controle de parasitas em vacas leiteiras;

conservação de alimentos por branqueamento. A transmissão de conhecimento sobre cada tema foi reforçada por meio de cartilhas e das visitas. O presente trabalho alcançou os objetivos propostos, pois foram realizadas todas as ações previstas, e a participação da comunidade e sua avaliação em relação ao projeto foram positivas. Os resultados

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alcançados pelo projeto mostram que por meio da extensão universitária, é possível contribuir com melhorias na produção de famílias rurais que apresentam uma grande vulnerabilidade econômica/social, porém os resultados destas ações apenas terão grande visibilidade com a realização conjunta de ações em outras áreas, como por exemplo, melhoria em infra estrutura, financiamento, transporte, canais de escoamento da produção etc.

Palavras chave: assentamentos; segurança alimentar; agricultura orgânica.

1. Introdução

Existem atualmente no Brasil cerca de 9156 assentamentos de reforma agrária, ocupando uma área de 88.102.902 hectares (ha), sendo que, no estado de Minas Gerais são 335. O apoio técnico na forma de serviços de assistência técnica e extensão rural são fundamentais para o desenvolvimento destas unidades agrícolas produtivas.

O Projeto de Assentamento Nova Pântano Mariano foi criado em 2004, nele estão localizadas 17 famílias de agricultores familiares e cerca de 45 pessoas, a área total do assentamento é de 837 ha, os lotes possuem, em média, 18 ha. Além dos lotes das famílias assentadas, o assentamento possui 80,67 ha de preservação permanente e 428,28 ha de reserva legal. A principal atividade desenvolvida é a pecuária leiteria, e além disso, parte das mulheres do assentamento produzem doces, queijos e vassouras como forma de complementar a renda. A maioria dos lotes apresenta uma precária produção de autoconsumo, que fornece uma pequena parte dos alimentos consumidos pela família.

As famílias do assentamento Nova Pântano Mariano apresentam dificuldades no processo de geração de renda, a maioria não consegue tirar o sustento do próprio lote, e essa situação faz com que muitos assentados busquem complementação da renda vendendo sua força de trabalho para fazendas da região.

A segurança alimentar do assentamento apresenta-se precária tendo em vista que muitos alimentos são comprados na cidade ou em algumas situações não são consumidos, o que provoca uma deficiência nutricional e alimentar na população.

Produzir o autoconsumo é uma atividade que está presente em parte significativa

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dos lotes dos assentamentos, ao chegar para habitar em um lote agrícola, uma das primeiras coisas que as famílias fazem é plantar árvores frutíferas, hortaliças e grãos que servirão de alimento a elas. A produção de alimentos para abastecimento próprio em unidades familiares é um fator quase inerente à vida no campo (DUVAL, 2010).

Segundo Garcia Jr. et al. (2003) o autoconsumo somado aos rendimentos monetários ajuda as famílias a superarem a linha da pobreza. De acordo com Ferrante e Queda (2003) mesmo havendo diferentes níveis de capitalização entre as famílias assentadas, comprova-se que o autoconsumo está presente em todos os sistemas produtivos e pode representar importante estratégia para se ter segurança alimentar e nutricional, principalmente para as famílias menos capitalizadas.

Segundo Duval (2010) a produção para autoconsumo, além de representar um valor monetário para as famílias, aumenta a autonomia da comunidade, tornando-a menos dependente na compra de produtos, tendo a certeza da procedência destes alimentos.

Além de produtos in natura, a produção de autoconsumo no assentamento Nova Pântano Mariano conta com produtos processados, são queijos, farinhas, doces e conservas. Uma forma eficiente de minimizar a deficiência no processo de geração de renda tem sido a verticalização da produção agrícola. Esta pode ser entendida como a transformação do produto in natura em um produto agroindustrializado. A verticalização agrega valor ao produto quando o transforma, e tira-o da condição de perecível quando permite ao produtor aguardar a hora adequada para comercialização, sem a necessidade de venda imediata após a colheita. Essa proposta de trabalho tem transformado o espaço rural brasileiro ocupado pelos pequenos produtores, em uma nova possibilidade de aumento de sua renda (LACERDA et al., 2007).

Percebe-se que a agroindustrialização de alimentos no assentamento pode, não só representar uma grande melhoria na segurança alimentar, bem como, pode representar uma fonte de renda para as famílias, pois os excedentes podem ser comercializados.

Neste contexto, justifica-se a realização de um trabalho extensionista de cunho agronômico no assentamento visando estimular as famílias a melhorarem a produção de alimentos para o autoconsumo. A produção de alimentos em quantidade e de qualidade contribuirá na melhoria da alimentação e estado nutricional da população assentada.

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Desta forma, o objetivo do trabalho foi desenvolver ações extensionistas com vistas a contribuir na produção de alimentos para autoconsumo das famílias do assentamento Nova Pântano Mariano/Ituiutaba/MG.

2. Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido pela professora do curso de Agronomia da UEMG, unidade de Ituiutaba, e dois alunos, também do curso de agronomia. No início do ano de 2015 o projeto foi submetido ao edital do Programa Institucional de Extensão (PAEx) da UEMG, no qual foi aprovado com bolsas para os membros da equipe e auxílio para a realização das atividades.

O público alvo do projeto foram as 17 famílias do Projeto de Assentamento Nova Pântano Mariano, localizado no município de Ituiutaba/MG. O trabalho de extensão foi desenvolvido no período de 1º de junho a 15 de dezembro de 2015, sendo que a metodologia de trabalho envolveu três formas de atuação: visitas técnicas periódicas;

realização de oficinas; e distribuição de material didático.

As visitas técnicas periódicas ao assentamento tiveram o objetivo de acompanhar e orientar as atividades agrícolas desenvolvidas nos lotes e o processamento de alimentos.

A metodologia extensionista também envolveu a realização de oficinas sobre os temas:

 Planejamento e implantação de horta orgânica;

 Produção de mudas de hortaliças;

 Controle de pragas e doenças em horticultura orgânica;

 Adubação orgânica do solo;

 Princípios de higiene e boas práticas de fabricação;

 Aproveitamento alimentar do Baru;

 Utilização do Nim no controle de parasitas em vacas leiteiras

 Conservação dos alimentos – branqueamento.

Como forma de disseminar o conhecimento entre as famílias assentadas foi

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elaborado e distribuído material didático (cartilhas, panfletos etc.) com linguagem acessível ao público alvo sobre os temas abordados nas oficinas.

3. Desenvolvimento

Inicialmente foram realizadas visitas para a apresentação do projeto e da equipe técnica (Figura 1). Nestas visitas buscou-se uma melhor aproximação com as famílias assentadas, conhecendo sua realidade e trocando conhecimentos sobre seus saberes.

Figura 1 – Reunião com assentados para a apresentação do projeto de extensão.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, as visitas técnicas foram realizadas com o objetivo de acompanhar as atividades relaciona ao desenvolvimento das atividades produtivas no assentamento (Figura 2).

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Figura 2 – Preparo do solo no local para implantação de horta orgânica.

A vontade da comunidade em desenvolver uma horta orgânica comunitária veio de encontro com os objetivos propostos pelo projeto de extensão, ou seja, o incentivo à produção de alimentos para autoconsumo, como forma de contribuir na segurança alimentar do assentamento.

As oficinas foram realizadas em diferentes lotes e na área comunitária do assentamento. A primeira oficina realizada foi sobre planejamento e implantação da horta orgânica com o objetivo de passar conhecimento aos assentados sobre as condições necessárias para o melhor desenvolvimento da horticultura. Desta forma, abordou-se sobre a melhor posição dos canteiros, a necessidade de recursos hídricos em quantidade e de qualidade, ferramentas e materiais necessários, planejamento da área em talhões, escalonamento do plantio, características das hortaliças etc.

A oficina sobre produção de mudas de hortaliças (Figura 3) teve como objetivo ensinar aos assentados sobre as técnicas agronômicas relacionadas à melhor produção de mudas. Desta forma, abordou-se sobre as características do substrato, os recipientes, os cuidados com as bandejas, o momento certo para o transplantio de mudas, dentre outros.

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Figura 3 – Oficina de produção de mudas de hortaliças

Na oficina sobre controle alternativo de pragas e doenças realizou-se, juntamente com os assentados, extratos de plantas utilizados como defensivos naturais no controle de pragas e doenças em hortaliças (Figura 4).

Figura 4 – Alunos bolsistas do projeto e assentadas na oficina de controle alternativo de pragas e doenças

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Na oficina adubação orgânica de hortaliças abordou-se a respeito da importância de se realizar uma adubação balanceada utilizando-se materiais encontrados no próprio assentamento, desta forma, produziu-se um composto orgânico (Figura 5).

Figura 5 – Oficina sobre adubação orgânica

A oficina sobre higiene e boas práticas de fabricação foi ministrada pelo professor Ubiramar Cavalcanti e abordou-se a importância de práticas de higiene na fabricação de alimentos. Dentre outras atividades, o professor orientou os assentados sobre como lavar corretamente as mãos, o uso correto de máscaras e luvas e a forma correta de higiene e sanitização do local onde é fabricado os alimentos (Figura 6).

Figura 6 – Oficina de higiene e boas práticas de fabricação

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Os assentados apresentaram interesse em aproveitar os frutos do cerrado, abundantes no local, na alimentação, assim, realizou-se a oficina sobre o aproveitamento do Baru. Nesta oficina foi abordado sobre as diferentes formas de aproveitamento do Baru e realizou-se a fabricação de pé-de-moleque de Baru no local (Figura 7).

Figura 7 – Baru produzido no assentamento (esquerda) e preparo do pé de moleque do Baru (direita).

Os assentados também demonstraram interesse em utilizar o Nim no controle de parasitas em vacas leiteiras, desta forma, realizou-se atividade para explicar sobre a utilização da planta. A oficina sobre conservação dos alimentos tratou sobre a técnica de conservação dos alimentos chamada branqueamento. Por meio desta é possível realizar uma limpeza do alimento e também conservá-lo por mais tempo.

4. Considerações Finais

Os assentamentos de reforma agrária, além da sua importância social, ocupam um importante papel na segurança alimentar, tanto para as famílias beneficiadas pelo programa, quanto para a comunidade local. Porém, verifica-se uma realidade precária em muitos assentamentos, no Nova Pântano Mariano percebeu-se essa dificuldade na produção de alimentos, tanto para o autoconsumo quanto para a geração de renda.

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O presente trabalho alcançou os objetivos propostos, pois foram realizadas todas as ações previstas. Ao longo do desenvolvimento do projeto, cerca de, 12 famílias participaram das atividades. A avaliação do projeto pelos assentados foi positiva. Eles ressaltaram a importância do projeto em relação ao ganho de conhecimento relacionado aos temas propostos. Porém, os assentados acreditam que se o projeto tivesse uma duração maior seria melhor.

Foi possível perceber por meio do desenvolvimento do projeto de extensão que, apesar da produção de alimentos para o autoconsumo no assentamento ocorrer de maneira precária, o lote representa uma oportunidade de terem uma área para o plantio, o que antes de serem beneficiados pelo programa de reforma agrária não seria possível.

Os resultados alcançados pelo projeto mostram que por meio da extensão universitária, é possível contribuir com melhorias na produção de famílias rurais que apresentam uma grande vulnerabilidade econômica/social, porém os resultados destas ações apenas terão grande visibilidade com a realização conjunta de ações em outras áreas, melhoria em infra estrutura (por exemplo, a energia elétrica na sede do assentamento ainda não foi instalada), financiamento, transporte, canais de escoamento da produção etc.

Tendo em vista que um projeto extensionista apresenta atuação bilateral (equipe técnica e assentados são sujeitos do projeto) o ganho de conhecimento através da troca de saberes contribuiu em grande medida no amadurecimento acadêmico e profissional da equipe de alunos e professores da UEMG envolvidos no projeto.

5. Referências Bibliográficas

DUVAL, H. C. Da terra ao prato: um estudo das práticas de autoconsumo em um assentamento rural. Dissertação (Mestrado). São Carlos: FUSCar, 2010. 194f.

FERRANTE, V.L.S.B.; QUEDA, O. Prefácio. In: SANTOS, I. P. dos; FERRANTE, V.L.S.B. (Orgs.) DaTerra Nua ao Prato Cheio. Produção para autoconsumo familiar nos assentamentos rurais do Estado de São Paulo. Araraquara: Fundação Itesp/Uniara, 2003, p.15-20.

GARCIA Jr., A. R. MEDEIROS, L.S. de; GRYNSZPAN, M.; LEITE, S.P. (Coords.).

Assentamento rurais em perspectiva comparada: uma análise das dimensões

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econômica, social, histórica e ambiental. Relatório Final, convênio REDES/Fundação Ford. Rio de Janeiro: CPDA-UFRRJ, CPDOC-FGV, CRBC-EHESS, UFF, 2003.

LACERDA, L.; ALBUQUERQUE, L. B de; MILANO, S. M. Z.; BRAMBILLA, M.

Agroindustrialização de alimentos nos assentamentos rurais do entorno do Parque da Bodoquena e sua inserção no mercado turístico, Bonito/MS. Revista Internacional de Desenvolvimento Local. V.8, N.1, p. 55-64, Mar. 2007.

Referências

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